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106 Unidade III Unidade III 7 TUBO DE PITOT E MEDIDORES DE VAZÃO DE RESTRIÇÃO 7.1 Tubo de Pitot – princípio de funcionamento O tubo de Pitot é um dispositivo empregado para medir a velocidade de fluidos em escoamento permanente e recebe esse nome em homenagem ao engenheiro francês Henri de Pitot, que projetou esse instrumento em 1732. Na figura a seguir, é mostrado um tipo de tubo de Pitot empregado para medida de velocidade de água em uma tubulação. Tubo de Pitot Figura 56 – Tubo de Pitot empregado em medidas de velocidade de água em tubulação Para compreender o princípio de funcionamento do tubo de Pitot, é necessário relembrar os conceitos de pressões: estática, dinâmica e estagnação: • Pressão estática é a pressão à qual a partícula do fluido está submetida. Como não há variação de pressão em uma direção perpendicular às linhas de correntes, é possível medir a pressão estática utilizando uma tomada de pressão instalada na parede de um conduto em uma região em que as linhas de corrente são retilíneas. pestática = p • Pressão dinâmica representa o aumento de pressão quando o fluido em movimento é parado. p v din micaâ = ⋅ρ ² 2 sendo r a massa específica do fluido e v a velocidade. 107 FENÔMENOS DE TRANSPORTE • Pressão de estagnação é obtida quando um fluido em escoamento é desacelerado até a velocidade zero por meio de um processo sem atrito. A pressão de estagnação (pestagnação) é definida como a soma da pressão estática com a pressão dinâmica, ou seja: pestagnação = pestática + pdinâmica p p v estagna oçã = + ρ 2 2 Com base na forma de tomada de pressão, existem dois principais tipos de tubo de Pitot: • com as tomadas de pressão estática e pressão de estagnação separadas; e • com as tomadas de pressão estática e de estagnação no próprio tubo. Esse tipo de tubo é mais empregado em medições de velocidade de gases. Nas figuras a seguir, são mostrados esquemas desses dois tipos de tubo de Pitot, com detalhes sobre os pontos de tomada de pressão. Vale destacar que nessas configurações o tubo de Pitot é posicionado no sentido do escoamento de modo a perturbar o mínimo possível o escoamento local. Escoamento A p1 p2 (pressão estática) (pressão de estagnação) Figura 57 – Tubo de Pitot com as tomadas de pressão estática e pressão de estagnação separadas. O ponto A corresponde ao ponto de estagnação, para o qual a velocidade do fluido é nula 108 Unidade III Escoamento Orifícios de tomada de pressão estática (pressão estática) (pressão de estagnação) p1 p2 A Figura 58 – Tubo de Pitot com as tomadas de pressão estática e de estagnação no próprio tubo. O ponto A corresponde ao ponto de estagnação, para o qual a velocidade do fluido é nula Considerando o tubo de Pitot da figura a seguir, com tomada de pressão na parede da tubulação e conectado a um manômetro de tubo em U, ao aplicar a equação de Bernoulli aos pontos 1 e 2 (ao longo de uma linha de corrente), é possível relacionar a variação de velocidade com a variação de pressão. Dessa forma, tem‑se: z v g p z v g p 1 1 2 1 2 2 2 2 2 2 + + = + + γ γ em que: • z1 e z2 são as posições em relação ao plano horizontal de referência; • p1 e p2 correspondem, respectivamente, à pressão estática e à pressão de estagnação; • v1 e v2 são, respectivamente, as velocidades no ponto 1 e no ponto de estagnação; • g é a aceleração da gravidade; e • g é o peso específico do fluido. 109 FENÔMENOS DE TRANSPORTE 1 2Escoamento Figura 59 – Tubo de Pitot com a tomada de pressão estática na parede da tubulação e conectado a um manômetro de tubo em U Como z1 = z2 e v2 = 0 (ponto de estagnação), isolando a velocidade v1 na equação anterior tem‑se: v g p p p p 1 2 1 2 12 2= ⋅ − = ⋅ −( ) ( ) γ ρ Ou seja: v p pestagna o est tica 1 2= ⋅ −( )çã á ρ Portanto, medindo‑se a pressão de estagnação e a pressão estática, é possível determinar a velocidade local do escoamento com um tubo de Pitot. Observação O resultado para velocidade do fluido obtido por meio da equação de Bernoulli é análogo ao determinado por meio da expressão da pressão de estagnação. A determinação precisa da velocidade requer que o tubo de Pitot esteja alinhado com a direção do escoamento. Além disso, para a medição da pressão estática, nenhuma energia cinética do fluido deve ser convertida em um aumento de pressão no ponto de medida. 110 Unidade III Por exemplo, imperfeições nas perfurações dos pontos de tomada de pressão podem ocasionar leituras maiores ou menores do que o valor real da pressão estática (figura a seguir). Para que isso não ocorra, os furos de tomada de pressão estática deverão ser bem usinados para não apresentarem imperfeições. (1) p v p1 > p p1 = p p1 < p (1) (1) Figura 60 – Perfurações de tomada de pressão estática inadequadas que podem provocar leituras incorretas É importante destacar que a análise apresentada nesta seção aplica‑se somente a escoamentos incompressíveis (número de Mach Ma < 0,3). Para elevados valores de velocidade, os efeitos de compressibilidade se tornam relevantes e outros fenômenos devem ser considerados. 7.2 Aplicações do tubo de Pitot Utilizados tanto em laboratórios quanto pela indústria, as principais vantagens de tubos de Pitot são: • medições com boa precisão; • não possuem partes móveis; • simples de usar e instalar; e • não apresentam perdas de carga considerável. Os tubos de Pitot são empregados em carros de corrida e no exterior de aviões para determinar a velocidade do avião em relação ao ar. Além disso, para evitar imprecisões nessas medições, os tubos de Pitot de aviões possuem elementos de aquecimento, para evitar que o gelo obstrua os pontos de tomada de pressão. 111 FENÔMENOS DE TRANSPORTE Figura 61 – Tubo de Pitot para medição da velocidade em aviões Tubos de Pitot também são empregados para medição de fluxo de ar em tubulações e em dutos. Para líquidos, os tubos de Pitot são utilizados em medições de perfil de velocidade em tubulações e em canais abertos. Na figura a seguir, é mostrado o perfil da velocidade da água em uma tubulação de 40 mm de diâmetro, determinado com um tubo de Pitot. 20 15 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 10 5 0 –5 –10 –15 –20 Velocidade (m/s) Po siç ão (m m ) Figura 62 – Perfil da velocidade da água em uma tubulação de 40 mm de diâmetro, determinado com um tubo de Pitot Exemplo 1 O tubo de Pitot é um dispositivo empregado para determinar a velocidade de fluidos a partir da medição da diferença entre a pressão de estagnação e estática. Um tubo de Pitot é posicionado no centro de uma tubulação por onde escoa água. Sabe‑se que a pressão de estagnação produz uma 112 Unidade III coluna de 5,67 m de altura, enquanto a pressão estática apenas 4,72 m. Nessas condições, determine a velocidade do escoamento. Dados g = 10 m/s² e gágua = 10000 N/m³. h1 h2 B A Figura 63 Resolução Dados: h1 = 4,72 m h2 = 5,67 m gágua = 10000 N/m 3 Para determinação da velocidade do fluido, emprega‑se a equação: v p pestagana o est tica= − 2 çã á ρ Multiplicando pela aceleração da gravidade, g, o numerado e o denominador, tem‑se: v p p g g g p g g pestagna o est tica estagna o est t= −( )⋅ ⋅ = ⋅ ⋅ − ⋅2 2çã á çã á ρ ρ iica estagna o est tica g g p g p ρ γ γ⋅ = ⋅ − ⋅ 2 çã á v g p pestagna o est tica= − 2 çã á γ γ 113 FENÔMENOS DE TRANSPORTE Sabe‑se que: p h h p= ⋅ ⇒ =γ γ Assim: p h h p est tica est tica á á= ⋅ ⇒ =γ γ1 1 e p h h p estagna o estagna o çã çã= ⋅ ⇒ =γ γ2 2 Dessa forma, a velocidade será obtida por meio da relação: v g h h= −( )2 2 1 v m s m= ⋅ −( ) = ⋅2 10 5 67 4 72 20 0 952 2 m/s m m, , , v m s = 19 2 2 v = 4,36 m/s Exemplo 2 Em uma indústria, um tubo de Pitot é inserido em uma tubulação com o objetivo de determinar a velocidade de escoamento do fluido. Nesse sistema, está instalado um tubo em U preenchido com mercúrio como fluido manométrico. Para o instante observado, a altura da coluna de mercúrioé de 50 mm. Determine a velocidade de escoamento do fluido no interior da tubulação. Dados: g = 10 m/s², gHg = 136000 N/m³ e gfluido = 10000 N/m³. (2) (1) a h Figura 64 114 Unidade III Resolução Dados: h = 50 mm = 0,05 m gHg = 136000 N/m³ gfluido = 10000 N/m³ Em um tubo de Pitot, a velocidade do fluido pode ser determinada por meio da relação: v p pestagna o est tica= − 2 çã á ρ Multiplicando pela aceleração da gravidade g, o numerador e o denominador, tem‑se: v p p g g g p g pestagna o est tica estagna o est tica= −( )⋅ ⋅ = ⋅ − ⋅ 2 2 çã á çã á ρ ρρ γ⋅ = ⋅ − ⋅ g g p g pestagna o est tica gua 2 çã á á v g p pestagna o est tica gua = − 2 çã á áγ Observação Em um tubo em U, a diferença de pressão pode ser obtida por meio da equação manométrica, considerando o princípio de Pascal e a Lei de Stevin, em ambos os ramos do tubo. Nessa configuração, considerando a equação manométrica para o tubo em U, tem‑se: p p h hestagna o est tica Hg guaçã á á−( ) = ⋅ − ⋅( )γ γ p p hestagna o est tica Hg guaçã á á−( ) = −( )⋅γ γ 115 FENÔMENOS DE TRANSPORTE Assim: v g p p ghestagna o est tica gua Hg gua gua = − = − 2 2çã á á á áγ γ γ γ v = ⋅ ⋅ − 2 10 0 05 136000 10000 10000 2 3 3 3 m/s m N/m N/m N/m , v m s m N m m N = ⋅ =1 126000 10000 12 62 3 3 , m /s2 2 v = 3,55 m/s Exemplo 3 Em uma dada tubulação por onde escoa ar, foi inserido um tubo de Pitot. Sabendo que no sistema está instalado um tubo em U com mercúrio como fluido manométrico, determine a velocidade de escoamento do ar no interior da tubulação. Dados: g = 10 m/s², gHg = 136000 N/m³, gar = 13 N/m³ e h = 0,05 m. (2) (1) a h Figura 65 Resolução Dados: h = 0,05 m g = 10 m/s² gHg = 136000 N/m³ gar = 13 N/m³ 116 Unidade III Em um tubo de Pitot, a velocidade pode ser determinada por: v g p pestagna o est tica ar = − 2 çã á γ Considerando a equação manométrica do tubo em U, tem‑se: v gh Hg ar ar = − 2 γ γ γ Como o peso específico do mercúrio é bem maior do que o peso específico do ar (gHg >> gar), obtém‑se: v gh Hg ar = 2 γ γ Assim: v m s m N m m N = ⋅ ⋅ = ⋅2 10 0 05 136000 13 1 10461542 3 3 2 3 3 m/s m N/m N/m , , v m s = 1046154 2 2, v = 102,28 m/s Além de dispositivos medidores de velocidade de fluidos, a equação de Bernoulli permite estudar o princípio de funcionamento de medidores de vazão que apresentam algum tipo de restrição no tubo. Nesses medidores, a diminuição do diâmetro causa uma variação de velocidade que pode ser quantificada por meio da variação de pressão utilizando‑se um manômetro. Nas seções a seguir, serão detalhados os principais medidores de vazão para escoamentos internos: tubo de Venturi e placa de orifício. 7.3 Tubo de Venturi O tubo de Venturi (ou medidor de Venturi), assim chamado em homenagem ao físico italiano Giovanni Battista Venturi, é um instrumento empregado para medir a vazão volumétrica em condutos fechados. Na figura a seguir, é representado um tubo de Venturi clássico com a localização dos pontos de tomada de pressão. Esse medidor causa uma obstrução ao escoamento do fluido devido à existência de uma garganta, na qual a área de escoamento é mínima, o que permite determinar a vazão do escoamento. 117 FENÔMENOS DE TRANSPORTE Garganta Baixa pressãoAlta pressão (1) (2) Figura 66 – Esquema de um tubo de Venturi clássico e localização dos pontos de tomada de pressão O tubo de Venturi é classificado como um medidor de obstrução de Bernoulli devido ao fato de a vazão ser relacionada com o diferencial de pressão entre as seções 1 e 2 por meio da utilização da equação da continuidade e da equação de Bernoulli. Para esse instrumento as considerações de escoamento permanente e a ausência de perdas são válidas. Dessa forma, a equação de Bernoulli é: z p g v z p g v1 1 1 2 2 2 2 21 2 1 2 + + ⋅ = + + ⋅ γ γ em que: z1 e z2 → alturas do fluido nos pontos 1 e 2; p1 e p2 → pressões do fluido nos pontos 1 e 2; v1 e v2 → velocidades do fluido nos pontos 1 e 2; g → aceleração da gravidade; e g → peso específico do fluido. Como z1 = z2, rearranjando a equação anterior, tem‑se: ( ) ( )v v g p p2 2 1 2 1 2 2 − = − γ Empregando a equação da continuidade para os pontos 1 e 2, obtém‑se: v A v A v A A1 1 2 2 1 1 2 ⋅ = ⋅ ⇒ = ⋅ v2 sendo que A1 e A2 são as áreas das regiões 1 e 2. 118 Unidade III Substituindo o resultado da velocidade na equação de Bernoulli e isolando a velocidade v1, tem‑se: v g p p A A 1 1 2 1 2 2 2 1 = ⋅ − − ( ) γ Desse modo, a vazão volumétrica (Q) do fluido pode ser determinada por: Q = A1 . v1 Q A g p p A A = ⋅ ⋅ − − 1 1 2 1 2 2 2 1 ( ) γ Como o peso específico corresponde ao produto entre a massa específica e a aceleração da gravidade (g = r.g), então a vazão fica: Q A p p A A = ⋅ ⋅ − − 1 1 2 1 2 2 2 1 ( ) ρ Tubos de Venturi apresentam baixa perda de carga para o escoamento do fluido. Em contrapartida, o custo inicial desse dispositivo é alto em comparação com os demais medidores. Em geral, a construção de tubos de Venturi segue normas internacionais, com tolerâncias muito pequenas, para que as perdas sejam baixas. Na figura a seguir, é mostrado um tubo de Venturi utilizado em laboratório. Figura 67 – Tubo de Venturi empregado em laboratório 119 FENÔMENOS DE TRANSPORTE 7.4 Placa de orifício A placa de orifício é uma placa fina, com um orifício concêntrico, que é inserida entre flanges de tubulações (figura a seguir). Sua geometria é simples, o que lhe confere um baixo custo inicial e perda de carga elevada, em comparação com os demais medidores de vazão. Figura 68 – Placa de orifício utilizada para medições de vazão Uma tomada de pressão é colocada antes da placa e outra após a placa, como indicado nos pontos (1) e (2) da figura a seguir. Analogamente ao tubo de Venturi, pode‑se aplicar a equação de Bernoulli e a equação da continuidade para se obter a vazão (Q) do fluido, o que resulta em: Q A p p A A = ⋅ ⋅ − − 1 1 2 1 2 2 2 1 ( ) ρ Contudo, a vazão real do fluido será menor do que o valor obtido teoricamente com a expressão anterior, e, portanto, fatores de correção devem ser considerados. Entre esses fatores, vale destacar o coeficiente de contração (Cc), que corresponde à correção do diâmetro no ponto (2) de tomada de pressão. 120 Unidade III (1) (2) Figura 69 – Desenho esquemático de uma placa de orifício com os pontos de tomada de pressão Considerando que D1 é o diâmetro no ponto (1) e D2 é o diâmetro no ponto (2), para a placa de orifícios este último diâmetro corresponde ao diâmetro da vena contracta e é menor do que o diâmetro do orifício D0. Para o tubo de Venturi D2 = D0; já para a placa de orifício, deve‑se considerar o coeficiente de contração. Observação A vena contracta ocorre após a redução súbita do diâmetro na região do escoamento, o que ocasiona um estreitamento das linhas de corrente e um aumento de velocidade. Esse fenômeno foi descrito por Evangelista Torricelli em 1643. De forma geral, a vazão pode ser determinada em uma placa de orifício por meio da seguinte expressão: Q k A g p p= ⋅ ⋅ ⋅ −0 1 22 ( ) γ em que: A0 corresponde à área do orifício; p1 e p2 são as pressões nos pontos 1 e 2; e 121 FENÔMENOS DE TRANSPORTE k é um coeficiente adimensional definido como: k C C D D D C = − 1 0 1 4 sendo: CD o coeficiente de vazão; CC o coeficiente de contração; D0 o diâmetro do orifício; e D1 o diâmetro da tubulação. O coeficiente k depende da razão entre (D0/D1) e do número de Reynolds de aproximação, ou seja, calculado com a velocidade de aproximação (v1). Experimentalmente, as placas de orifício seguem normas de construção, e o coeficiente k pode ser obtido por meio de diagramas semelhantes ao mostrado na figura a seguir. 0,78 0,74 0,70 0,66 0,62 1042 4 6 8 105 2 4 6 8 106 0,58 D0/D1 = 0,75 D1 D00,70 0,65 0,60 0,50 0,40 0,30 k Re1 1 1= v D υ < 0,03D1 < 0,02D1 30º Figura 70 – Coeficiente k em função do número de Reynolds para diferentes razões entre D0/D1 No quadro a seguir, são destacadas as principais características do tubo de Venturi e da placa de orifício. 122 Unidade III Quadro 9 – Perda de carga e custo inicial dos principais medidores de vazão Tipo de medidor de vazão Perda de carga Custo inicial Tubo de Venturi Baixa Alto Placa de orifício Alta Baixo Exemplo 1 O tubo de Venturi é um medidor de restrição utilizado para determinar a vazão dos fluidos em condutos a partir da diferença de pressão causada pela existência de uma região de área mínima, chamada de garganta. Supondo o escoamento de água por uma seção reta de 64 cm² no cano e 32 cm² na garganta, e que a pressão é 55 kPa no cano e 41 kPa na garganta, qual é a vazão de água em m³/s? Considere: g = 10 m/s² e g água = 10000 N/m³. Garganta (1) (2) Figura 71 Resolução Dados: A1 = 60 × 10 –4 m2 A2 = 32 × 10 –4 m2 ∆P = 55 × 10–3 – 41 × 103 = 14 × 103 Pa Com o tubo de Venturi, a vazão volumétrica (Q) do fluido pode ser determinada pela expressão: Q A g p p A A = ⋅ ⋅ − − 1 1 2 1 2 2 2 1 ( ) γ 123 FENÔMENOS DE TRANSPORTE Q Q= × ⋅ ⋅ × × × − ⇒ =− − − 64 10 2 10 14 10 10000 64 10 32 10 1 64 4 4 2 ³ 44 10 2 14 4 1 4× ⋅ − − Portanto, a vazão é: Q = 20 × 10–3 m3 / s Exemplo 2 Considere a configuração da figura a seguir. Nesse sistema, escoa água (g = 10000 N/m³; υ = 10‑6 m²/s), e foram instalados uma placa de orifício e um manômetro diferencial de pressão, cujo fluido manométrico possui peso específico de 30000 N/m³. Sabendo que o manômetro indica um desnível de 5 cm, o diâmetro da tubulação é de 10 cm e o diâmetro do orifício é de 5 cm, determinar a vazão da água. D1 (1) (2) h D0 Figura 72 Resolução Dados: gágua = 10000 N/m³ υágua= 10 ‑6 m²/s gm = 30000 N/m³ h = 5 cm D1 = 10 cm D0 = 5 cm 124 Unidade III O valor de k pode ser obtido por meio da figura 70. Contudo, como a velocidade v1 não é conhecida, a princípio, não é possível determinar exatamente o valor do número de Reynolds (Re). Porém, como a partir de certo valor de Re o valor de k torna‑se constante, então se deve adotar um valor inicial, verificar sua consistência e, posteriormente, determinar seu valor exato. Dessa forma, a razão entre os diâmetros é: D D 0 1 2 2 5 10 10 10 0 5= × × = − − , 1º passo: considerando que o número de Reynolds seja Re = 7 x 104, para esse valor de razão, tem‑se k ≈ 0 624, . Dessa forma, a vazão pode ser obtida por: Q k A g p p= ⋅ ⋅ ⋅ −0 1 22 ( ) γ A área do orifício (A0) é: A D A m0 0 2 2 2 0 3 2 4 5 10 4 196 10= ⋅ = ⋅ ×( ) ⇒ = × − −π π , A diferença de pressão (p1 – p2) pode ser obtida por meio da equação manométrica aplicada ao tubo em U: ( ) ( ) ( ) ( )p p h p pm gua1 2 4 4 2 1 2 33 10 10 5 10 10− = − ⋅ = × − ⋅ × ⇒ − =−γ γá Pa Assim: Q Q= ⋅ × ⋅ ⋅ ⋅ ⇒ = ×− −0 624 196 10 2 10 10 10 173 103 3 4 3, , , m /s3 2º passo: o valor obtido deve ser verificado. Para isso, a velocidade de aproximação deve ser calculada por meio da expressão: v Q D v m s1 1 2 3 2 2 1 4 4 173 10 10 10 0 220= = ⋅ × ×( ) ⇒ = − −π π , , / 125 FENÔMENOS DE TRANSPORTE Então, o número de Reynolds de aproximação é: Re , Re ,= ⋅ = ⋅ × ⇒ = × − − v D1 1 2 6 40 220 10 10 10 2 20 10 υ Esse valor é menor do que aquele adotado (Re = 7 x 104). Portanto, deve ser feita uma correção no valor. Para Re = 2,20 x 104 e (D0/D1) = 0,5, a constante k é 0,63. Dessa forma: Q Q= ⋅ × ⋅ ⋅ ⋅ ⇒ = ×− −0 63 196 10 2 10 10 10 175 103 3 4 3, , , m /s3 Novamente, o valor encontrado deve ser verificado: Velocidade de aproximação: v Q D v1 1 2 3 2 2 1 4 4 175 10 10 10 0 223= = ⋅ × ×( ) ⇒ = − −π π , , m/s Número de Reynolds de aproximação: Re , Re ,= ⋅ = ⋅ × ⇒ = × − − v D1 1 2 6 40 22 10 10 10 2 23 10 υ Como a variação do número de Reynolds foi pequena nesse último caso, a vazão calculada pode ser adotada como verdadeira. Dessa forma, a vazão é: Q = 1,75 × 103 m3/s Exemplo 3 O tubo de Venturi é um dispositivo empregado para medição da vazão de fluidos em tubulações. Considere que o fluido estudado é água e que a área seção transversal da tubulação vale 64 cm² e na garganta a área cai pela metade. Por meio de um medidor pressão, sabe‑se que a pressão na tubulação é de 55 kPa e na garganta a pressão é 41 kPa. Determine a vazão de água doce em m³/s. Dados: g = 10 m/s² e gágua = 10000 N/m³. Resolução Dados: A1 = 64 cm 2 = 64 × 10‑4 m2 126 Unidade III A A 2 1 2 = P1 = 55 kPa = 55 × 10 3 Pa P2 = 41 kPa = 41 × 10 3 Pa g = 10 m/s² g = 10000 N/m³ Para determinar a vazão de fluidos em um tubo de Venturi, utiliza‑se a equação: Q A p p A A = − − 1 1 2 1 2 2 2 1 ρ Escrevendo a vazão em termos do peso específico do fluido: Q A p p g g A A A g p p A A = −( )⋅ ⋅ − = − − 1 1 2 1 2 2 1 1 2 1 2 2 2 1 2 1 ρ γ Substituindo os valores fornecidos pelo problema: Q A = × ⋅ × − × −64 10 2 10 55 10 41 10 100004 2 2 3 3 3 m m/s Pa Pa N/m 11 1 2 0 5 1 , ⋅ − A Q N m m N= × − =−64 10 20 14000 10000 1 0 5 1 644 2 2 2 m m/s ² ³ , ×× ⋅ − −10 20 14 4 1 4 2 2 m m/s m, 127 FENÔMENOS DE TRANSPORTE Q = × = × ⋅− −64 10 9 33 64 10 3 064 2 4 2 m m /s m m/s2 2, , Q = 19,58 × 10‑3 m3/s Q = 0,020 m3/s Exemplo 4 Em um determinado sistema, equipou‑se um tubo de Venturi com um medidor de pressão diferencial para determinação da vazão de água a 15 ºC (rágua = 999,1 kg/m³) através de uma tubulação horizontal com diâmetro de 5 cm. O diâmetro da garganta do tubo de Venturi é de 3 cm e há uma queda de pressão de 5 kPa. Nessas condições, determine a vazão volumétrica, em litros por segundo (l/s), e a velocidade média da água que atravessa a tubulação em metros por segundo (m/s). 5 cm Medidor de pressão diferencial 3 cm ∆P Figura 73 Resolução Dados: rágua = 999,1 kg/m³ D1 = 5 cm = 5 × 10 –2 m D2 = 3 cm = 3 × 10 –2 m ∆P = 5 kPa 128 Unidade III Q = ? v = ? Para determinação da vazão, emprega‑se a equação para o tubo de Venturi: Q A p p A A = − − 1 1 2 1 2 2 2 1 ρ Q D P D D = ⋅ − = ⋅π ρ π π π1 2 1 2 2 2 22 2 2 2 1 ∆ DD P D D 1 2 1 2 42 2 1 − ∆ ρ Q = ⋅ × × × × − − − π 5 10 2 2 5 10 999 1 5 10 3 10 2 2 3 3 2 2 m Pa kg/m m m , − = × −4 3 2 2 3 1 196 10 10 6 72 , , m N m m kg Q kg m s m m kg m s= × ⋅ ⋅ = ×− −196 10 10 6 72 196 10 10 6 3 2 2 2 3 4 3 2 2 2 , , , , m m m 775 196 10 1483 2= × −, , m m /s2 2 Q = 2,38 × 10–3 m3/s Lembrando que 1 m³ = 1000 litros, tem‑se: Q = 2,38 l/s 129 FENÔMENOS DE TRANSPORTE Para obtenção da velocidade, tem‑se: Q v A v Q A = ⋅ ⇒ =1 1 v m s m = × × = × ⋅ × − − − − 2 38 10 5 10 2 2 38 10 625 10 13 2 2 3 6 3, , m /s m 3 π π 22 v = 1,21 m/s Exemplo 5 A vazão mássica de ar a 20 ºC (rar = 1,204 kg/m³) através de um duto de 18 cm de diâmetro é medida com um tubo de Venturi equipado com um manômetro de água. A garganta no tubo de Venturi tem 5 cm de diâmetro, e o fluido manométrico no tubo em U apresenta uma diferença de altura de 40 cm. Nessas condições, determine a vazão mássica de ar que atravessa a tubulação. 18 cm Manômetro de água 5 cm 40 cm Figura 74 Resolução Dados: rar = 1,204 kg/m³ D1 = 18 cm = 18 × 10 –2 m 130 Unidade III D2 = 5 cm = 5 × 10 –2 m h = 40 cm = 40 × 10–2 m rágua = 1000 kg/m³ Como se emprega um manômetro de água para medir a diferença de pressão, tem‑se: ∆P g hgua ar= −( )⋅ ⋅ρ ρá Em virtude do rágua >> rar,tem‑se: ∆P g hgua= ⋅ ⋅ = ⋅ ⋅ × −ρá 1000 40 10 3 2 2 kg/m 10 m/s m ∆P kg m m s m kg m m s kg m s m N m = = ⋅ ⋅ = ⋅ =4000 4000 4000 1 40003 2 2 2 2 2 2 ∆P = 4000 P Para o cálculo da vazão volumétrica, utiliza‑se a equação para o tubo de Venturi: Q A p p A A = − − 1 1 2 1 2 2 2 1 ρ Q D D D = ⋅ ⋅ ⋅ π π π 1 2 3 1 2 2 2 2 2 4000 1204 2 2 Pa kg/m, − = ⋅ × ⋅ − 2 2 2 2 3 1 21 18 10 2 2 3322 26 π m , N m m kg D D − 4 1 Q kg m m s m kg= × ⋅ ⋅ × × − − − 25 45 10 6644 52 18 10 5 10 3 2 2 2 3 2 2 , , m m m 44 3 2 1 25 45 10 6644 52 166 96 − = × −, , , m m /s2 2 131 FENÔMENOS DE TRANSPORTE Q = × = × ⋅− −25 45 10 39 80 25 45 10 6 313 2 3 2, , , , m m /s m m/s2 2 Q = 0,16 m3/s Como o problema pede a vazão mássica, QM: Q QM = ⋅ = ⋅ρ 1204 0 16 3, , kg/m m /s3 QM = 0,19 kg/s Exemplo 6 Em uma tubulação horizontal de 6 cm de diâmetro existe um tubo de Venturi com uma garganta de 4 cm de diâmetro. Sabendo que por essa tubulação escoa água, e que a diferença de pressão é de 70 kPa, determine a vazão volumétrica. Dados: g = 10 m/s² e gágua = 10000 N/m³. Resolução Dados: D1 = 6 cm = 6 × 10 –2 m D2 = 4 cm = 4 × 10 –2 m ∆P = 70 kPa g = 10 m/s² gágua = 10000 N/m³ Empregando a equação do tubo de Venturi para a determinação da vazão volumétrica, tem‑se: Q A p p A A = − − 1 1 2 1 2 2 2 1 ρ 132 Unidade III Como demonstrado nos exemplos anteriores, esta equação pode ser reescrita como: Q D P D D = ⋅ − π ρ1 2 1 2 42 2 1 ∆ Ou, em termos do peso específico: Q D g P D D = ⋅ − π γ1 2 1 2 42 2 1 ∆ Assim: Q D g P D D = ⋅ − = ⋅ × ⋅− π γ π1 2 1 2 4 2 2 2 2 1 6 10 2 2 10 ∆ m m/ss Pa N/m m m 2 3 3 2 2 4 70 10 10000 6 10 4 10 1 × × × − − − Q m s N m m N= × = ×− −2 83 10 140 4 06 2 83 10 34 483 2 2 2 3 3 2, , , , m m m /s2 2 Q = 2,83 × 10–3 m2 . 5,87 m/s Q = 0,017 m3/s 8 EQUAÇÃO DA ENERGIA – FLUIDO REAL E CASOS ESPECIAIS 8.1 Perda de carga Por meio da aplicação da equação de Bernoulli para um fluido ideal, na ausência de máquinas, verifica‑se que a carga (H) em dois pontos ao longo de uma linha de corrente é constante. Fluido ideal na ausência de máquina: H1 = H2 133 FENÔMENOS DE TRANSPORTE Porém, para fluidos reais (apresenta viscosidade não nula) as perdas por atrito não são desprezíveis e podem ser determinadas por meio do cálculo da perda total de carga (Hp). Essas perdas podem ser: • distribuídas: quando causadas pelo atrito entre o fluido e a tubulação; ou • singulares: quando produzidas por entradas ou acessórios como válvulas, cotovelos e reduções. A perda total de carga corresponde à soma das perdas distribuídas e das singulares. Considerando um fluido real, incompressível e em regime permanente de escoamento, a carga no ponto 1 (H1) é maior do que a carga no ponto 2 (H2) devido à perda total de carga no trecho (HP1,2), como ilustrado na figura a seguir. (1) H1 HP1,2 H2 (2) Figura 75 – Escoamento de um fluido real na ausência de máquinas Dessa forma, na equação da energia do sistema, deve‑se adicionar uma parcela correspondente às perdas: H1 = H2 + HP1,2 Logo, para um fluido real, a perda de carga (HP1,2) entre os pontos 1 e 2 é dada por: HP1,2 = H1 – H2 H z z p p g v vP 1,2 = − + − + ⋅ −( ) ( ) ( )1 2 1 2 1 2 2 21 2γ em que: z1 e z2 → alturas do fluido nos pontos 1 e 2; p1 e p2 → pressões do fluido nos pontos 1 e 2; v1 e v2 → velocidades do fluido nos pontos 1 e 2; g → aceleração da gravidade; e g → peso específico do fluido. 134 Unidade III Assim, para um escoamento sem atrito em um tubo horizontal a pressão somente pode variar se a velocidade variar (por meio de uma variação do diâmetro do tubo). Já quando existem perdas por atrito, a equação anterior indica que variações da pressão ocorrem mesmo para um tubo horizontal e de área constante. Saiba mais A perda de carga total depende da geometria, do projeto, da fabricação dos componentes, da rugosidade dos tubos e do regime de escoamento. Para saber mais sobre perda de carga e suas aplicações industriais, consulte: MUNHOZ, P. M. Fenômenos de transporte: aplicações industriais. São Paulo: Senai, 2015. 8.2 Equação da energia para fluido real na presença de uma máquina Se um fluido real estiver escoando em um sistema com uma máquina (figura a seguir), a equação da energia deve ser reescrita de modo a considerar a carga da máquina (HM): H1 + HM = H2 + HP1,2 em que: H1 e H2 são as cargas nos pontos 1 e 2; HM é a carga da máquina (bomba ou turbina); e Hp1,2 é a perda de carga total entre 1 e 2. (1) H1 HM HP1,2 H2 (2) M Figura 76 – Escoamento de um fluido real na presença de uma máquina 135 FENÔMENOS DE TRANSPORTE Analogamente ao caso da potência recebida (ou cedida) pelo fluido, é possível definir a potência dissipada pelo atrito (NDISS) por meio da seguinte relação: N Q HDISS P= ⋅ ⋅γ 1,2 sendo que: g é o peso específico do fluido; e Q é a vazão volumétrica do sistema. Na figura a seguir, é apresentado um resumo das equações da energia para fluido ideal e real, na ausência e na presença de máquina. Sem máquina: H1 = H2 Com máquina: H1 + HM = H2 Sem máquina: H1 = H2 + HP1,2 Com máquina: H1 + HM = H2 + HP1,2 Ideal Real Fluido Figura 77 – Equações da energia para fluido real e para fluido ideal na presença e na ausência de máquina no sistema Saiba mais O elemento químico He4 se comporta como um gás à temperatura ambiente. Contudo, para temperaturas inferiores a 4 kelvins, ele se torna líquido e, abaixo de 2 kelvins, o He4 apresenta uma fase chamada superfluida, na qual o líquido flui sem viscosidade. Para saber mais sobre estudos realizados com esse elemento, acesse: SOCIEDADE BRASILEIRA DE FÍSICA. Plasticidade gigante. São Paulo, [s.d.]. Disponível em: <http://www.sbfisica.org.br/v1/index.php?option=com_ content&view=article&id=787>. Acesso em: 14 dez. 2016. 136 Unidade III Exemplo 1 Em um sistema, a vazão da água é de 25 litros/s, e as perdas entre os pontos (1) e (2), H P 1,2, equivalem a 3 m. No sistema, há uma bomba que fornece uma potência de 746 W. Considerando que o rendimento da bomba é de 90%, que o reservatório (1) possui grandes dimensões e que no ponto (2) a água é liberada para a atmosfera, determine a pressão no ponto (1). Dados: A2 = 50 cm², g = 10 m/s² e gágua = 10000 N/m³. B 3 m 7 m (1) (2) Figura 78 Resolução Dados: Hp 1,2 = 3 m Q = 25 l/s = 25 × 10–3 m3/s A2 = 50 cm 2 = 50 × 10–4 m2 NB = 746 W ηB = 0,90 Empregando a equação da energia para um fluido real na presença de uma máquina: H1 + HM = H2 + Hp1,2 z p g v H z p g v HB P1 1 1 2 2 2 2 21 2 1 2 + + + = + + + γ γ 1,2 137 FENÔMENOS DE TRANSPORTE Para o problema apresentado, tem‑se: a) v1 = 0 m/s, reservatório é de grandes dimensões; b) z2 = 0 m; c) p2 = 0, pressão atmosférica. Assim: z p H g v HB P1 1 2 21 2 + + = + γ 1,2 p g v H z HP B1 2 2 1 1 2 = + − − ⋅1,2 γ Lembrando que: N Q H H N QB B B B B B= ⋅ ⋅ ⇒ = ⋅ ⋅ γ η η γ HB = ⋅ ⋅ × = ⋅ ⋅ ×− − 746 0 90 10000 25 10 746 0 90 10000 25 103 3 3 W N/m m /s3 , , NN m s m N s m ⋅ 3 3 HB = 2,69 m A velocidade v2 é obtida pela relação: v Q A2 2 3 4 2 25 10 50 10 5= = × × = − − m /s m m/s 3 Então: p m m 1 2 2 3 1 2 10 5 3 10 2 69 10000= ⋅ ( ) + − − ⋅ m/s m/s m m N , p m s s m N m 1 2 2 2 3125 9 69 10000= − ⋅, , m 138 Unidade III p m N m N m 1 3 3 3125 9 69 10000 84 4 10= −( )⋅ = − ×, , , m m P1 = –84,4 × 10 3 N/m2 p1 = –84,4 kPa Exemplo 2 Determine a posição y1, sabendo que a água escoa do reservatório (1) para o reservatório (2) através de uma tubulação com área da seção transversal 20 cm²,como ilustrado na figura a seguir. Sabe‑se que, para a vazão volumétrica de 6 l/s, a perda entre os reservatórios (1) e (2) é de 27,9 m. Considere que os dois reservatórios são de grandes dimensões. Dados: y2 = 4 m; g = 10 m/s² e gágua = 10000 N/m³. y1 y2 = 4 m Figura 79 Resolução Dados: y1 = ? A = 20 cm2 = 20 × 10–4 m2 Q = 6l/s = 6 × 10–3 m3/s HP 1,2 = 27,9 m y2 = 4 m g = 10000 N/m³ 139 FENÔMENOS DE TRANSPORTE Empregando a equação da energia para um fluido real: H1 = H2 + HP1,2 y p g v y p g v HP1 1 1 2 2 2 2 21 2 1 2 + + = + + + γ γ 1,2 Para as condições apresentadas pelo problema, tem‑se: a) p1 = p2 = 0, pois os reservatórios estão abertos; b) v1 = v2 = 0, uma vez que os reservatórios são de grandes dimensões. Assim: y1 = y2 + HP1,2 y1 = 4 m + 27,9 m y1 = 31,9 m Exemplo 3 Água deve ser bombeada por uma bomba com potência de 5 kW e eficiência de 70% para uma piscina cuja superfície livre está a 30 m acima do nível da água, como ilustrado a seguir. Determine a vazão máxima da água se a perda do sistema de tubulação for de 4 m. Dados: g = 10000 N/m³. 30 m Piscina Bomba Figura 80 140 Unidade III Resolução Dados: NB = 5kW ηB = 0,70 z2 – z1 = 30 m HP1,2 = 4 m Q = ? Empregando a equação da energia para fluido real na presença de uma máquina: H1 + HB = H2 + Hp1,2 z p g v H z p g v HB P1 1 1 2 2 2 2 21 2 1 2 + + + = + + + γ γ 1,2 Para as condições apresentadas pelo problema, tem‑se: a) p1 = p2 = 0, os reservatórios estão abertos; b) v1 = v2 = 0, pois os reservatórios são de grandes dimensões. Assim: z1 + HB = z2 + HP1,2 HB = z2 – z1 + HP1,2 HB = 30 m + 4 m HB = 34 m Para determinação da vazão, emprega‑se a equação da bomba: N Q H Q N HB B B B B B = ⋅ ⋅ ⇒ = ⋅ ⋅ γ η η γ 141 FENÔMENOS DE TRANSPORTE Q N m s m N m = × ⋅ ⋅ = ⋅5 10 10000 34 3500 340000 13 3 3 W 0,70 N/m m Q = 10,29 × 10–3 m3/s Exemplo 4 Considere o reservatório, de grandes dimensões, mostrado a seguir, no qual se instalou uma bomba com 5 kW de potência e rendimento de 75%. Sabe‑se que a velocidade da água no ponto 2 é de 5 m/s. Nessas condições, determine a carga da bomba e a perda de carga total do sistema. Dados: g = 10000 N/m³, A2 = 10 cm² e g = 10 m/s². 8 m (1) (2) B Figura 81 Resolução Dados: NB = 5 kW ηB = 0,75 v2 = 5 m/s z1 = 8 m A2 = 10 cm 2 = 10 × 10–4 m2 g = 1000 N/m3 142 Unidade III Empregando a equação da energia para fluido real na presença de uma máquina: H1 + HB = H2 + Hp1,2 z p g v H z p g v HB P1 1 1 2 2 2 2 21 2 1 2 + + + = + + + γ γ 1,2 Para as condições apresentadas pelo problema, tem‑se: a) p1 = p2 = 0, os reservatórios estão abertos; b) v1 = 0, pois o reservatório é de grandes dimensões; c) z2 = 0 m. Assim: z H g v HB P1 2 21 2 + = + 1,2 z H g v H H z H g vB P P B1 2 2 1 2 21 2 1 2 + = + ⇒ = + −1,2 1,2 Para obter a perda de carga entre os pontos 1 e 2, é necessário determinar primeiro a altura manométrica (carga) da bomba (HB): N Q H H N Q N v AB B B B B B B B= ⋅ ⋅ ⇒ = ⋅ ⋅ = ⋅ ⋅ ⋅ γ η η γ η γ H N m s m N s m m B = ⋅ × ⋅ ⋅ × = ⋅− 0 75 5 10 10000 5 75 13 3 4 2 3 2 , W N/m m/s 10 10 m HB = 75 m Assim, a perda total de carga do sistema é dada por: H z H g vP B1,2 m m m/s m/s= + − = + − ⋅ ( )1 22 2 21 2 8 75 1 2 10 5 143 FENÔMENOS DE TRANSPORTE HP 1,2 m m /s m/s m m= − = −83 25 20 83 125 2 2 2 , HP1,2 = 81,75 m Lembrete Em reservatórios de grandes dimensões em que houver descarga de fluido, esta não seria suficiente para alterar o nível do reservatório, que permanecerá aproximadamente constante com o tempo, e, assim, pode‑se considerar que a velocidade do fluido será aproximadamente nula nesse ponto. 8.3 Escoamento não uniforme Até o momento tratamos apenas dos escoamentos uniformes. No entanto, discutiremos também sobre os escoamentos em tubulações, devido ao princípio da aderência. Nesses pontos de contato, o fluido apresenta velocidade nula, e o perfil de velocidades não é uniforme ao longo da seção transversal. Considerando o perfil de velocidades mostrado na figura a seguir, verifica‑se que o valor do vetor velocidade (v) altera‑se ponto a ponto ao longo da seção de área A. Dessa forma, o termo da carga cinética (v²/2g) da equação da energia não possui significado, já que existem distintos valores em uma seção. A dA v Figura 82 – Perfil da velocidade de um escoamento completamente desenvolvido em uma tubulação Para utilizar o valor médio da velocidade (vm) ao longo da seção transversal de área A (figura a seguir), é necessário empregar um fator de correção na equação da energia. Esse fator de correção é conhecido como coeficiente de energia cinética (a) e pode ser determinado por: α = ∫ 1 3 A v v dA M 144 Unidade III Dessa forma a equação da energia para um fluido real deve ser escrita como a seguir. z p v g z p v g HM M p1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 122 2 + + ⋅ = + + ⋅ + γ α γ α , em que: z1 e z2 são as alturas do fluido nos pontos 1 e 2; p1 e p2 são as pressões do fluido nos pontos 1 e 2; a1 e a2 são os coeficientes de energia cinética nos pontos 1 e 2; vM1 e vM2 são as velocidades médias nos pontos 1 e 2; g é a aceleração da gravidade; e g é o peso específico do fluido. A vm v Figura 83 – Velocidade média para um perfil de velocidade de um escoamento completamente desenvolvido em uma tubulação O valor do coeficiente de energia cinética depende do perfil de velocidade e será maior quanto mais esse perfil se afastar de um perfil uniforme. Nesse contexto, é importante estudar os valores desse coeficiente para os regimes de escoamento laminar e turbulento em tubos de seções circulares. a) Escoamento laminar (Re < 2000): Para escoamento laminar a = 2, o diagrama (ou perfil) de velocidade pode ser descrito pela expressão: v v r R = − max 1 2 145 FENÔMENOS DE TRANSPORTE em que: r é a distância do centro do tubo até o ponto de interesse; R é o raio do tubo; e vmax é o valor máximo da velocidade que, para um escoamento laminar completamente desenvolvido em uma tubulação, corresponde ao dobro da velocidade média. Assim, a equação da energia fica: z p v g z p v g HM M p1 1 1 2 2 2 2 2 12+ + = + + +γ γ , Lembrete O escoamente laminar é caracterizado pelo fato de a velocidade do fluido em um ponto fixo qualquer não variar com o tempo, nem em módulo nem em orientação. b) Escoamento turbulento (Re > 2400 ): Para escoamento turbulento a ≅ 1, o diagrama de velocidade é frequentemente descrito pela expressão: v v r R = − max / 1 1 7 Para esse tipo de escoamento, a razão entre a velocidade média e máxima é dada por: v v v vM M max max= ⇒ = 49 60 60 49 Assim, a equação da energia fica: z p v g z p v g HM M p1 1 1 2 2 2 2 2 122 2 + + = + + + γ γ , Como a ≅ 1 para valores elevados do número de Reynolds e como, em geral, a variação da carga cinética é pequena quando comparada com os outros termos da equação da energia, é razoável utilizar a = 1 para a maioria dos casos práticos de escoamento em tubulações. 146 Unidade III Lembrete O regime de escoamento turbulento é caracterizado pelo fato de o campo de velocidades das partículas do fluido mudar com o tempo de forma aparentemente aleatória. 8.4 Entradas e saídas não únicas É possível generalizar a equação da energia para casos de escoamentos por sistemas com entradas e saídas não únicas, em movimento permanente, para fluidos incompressíveis e sem trocas de calor envolvidas (figura a seguir). Para esses casos, e considerando um fluido ideal, a energia mecânica total (E) de entrada deve ser igual à energia mecânica total da saída para um mesmo intervalo de tempo (t), ou seja: E E e s∑ ∑= em que: • (e) refere‑se à entrada; e • (s) refere‑se à saída. E1e E2e E1s E2s Ens 1e 1s 2s2e ne ns Ene Figura 84 – Esquema de um sistema com n entradas e saídas 147 FENÔMENOS DE TRANSPORTE Ainda, para que a equaçãoanterior seja utilizada, as condições para a equação de Bernoulli devem ser satisfeitas, ou seja: • movimento permanente; • escoamento incompressível; • sem trocas de calor; • forças de atrito são desprezíveis; • escoamento ao longo de uma linha de corrente; e • ausência de máquinas no trecho. Dividindo a equação anterior pelo intervalo de tempo (t): E t E t e s / /∑ ∑= Como a razão energia por tempo define a grandeza potência (N), então: N N e s∑ ∑= Ou seja: γ γ⋅ ⋅ = ⋅ ⋅∑ ∑Q H Q He s E a carga em cada seção é dada por: H z p v g M= + + ⋅ γ α 2 2 Considerando um fluido real escoando por um sistema com entradas e saídas não únicas na presença de uma máquina (figura a seguir), a potência do sistema é dada por: γ γ⋅ ⋅ + = ⋅ ⋅ +∑ ∑Q H N Q H Ne DISSs em que a potência N pode ser positiva ou negativa, dependendo se a máquina for bomba ou turbina, e NDISS corresponde à potência dissipada por atrito do fluido em todos os trechos do escoamento. 148 Unidade III N H QDISS P= ⋅ ⋅∑ γ E1e NDISS E2e E1s E2s Ens 1e 1s 2s2e ne ns Ene M Figura 85 – Esquema de escoamento de um fluido real em um sistema com n entradas e saídas na presença de máquina Exemplo 1 Um líquido escoa por uma tubulação de seção circular de raio R. Sabendo que o escoamento é laminar, em que a velocidade média corresponde à metade da velocidade máxima, e o diagrama de velocidade é dado por: v v r R = − max 1 2 sendo vmax a velocidade máxima, r a distância do centro da tubulação até um ponto de interesse e R o raio da tubulação, determine o coeficiente de energia cinética a para esse escoamento. Resolução O coeficiente de energia cinética (a) pode ser determinado por: α = ∫ 1 3 A v v dA M em que: A é a área da seção transversal do tubo. Como a tubulação é circular, então: A = π . R2 dA = 2πrdr 149 FENÔMENOS DE TRANSPORTE v é a velocidade; e vM é a velocidade média, que é dada por: v v M MAX= 2 Dessa forma, o coeficiente de energia cinética é: α π π= ⋅ − ∫1 1 2 2 2 3 0 R v r R v rdr R ² max max α = −( )∫168 3 0R R r rdr R ² ² α = ⋅ − ⋅ + ⋅ −( )∫16 3 38 6 4 2 5 7 0R R r R r R r r dr R ³ α α= − + − ⇒ = − + − 16 2 3 4 3 6 8 16 12 18 12 3 248 8 8 8 8 R R R R R == ⋅16 3 24 a = 2 Como esperado teoricamente, a = 2, para esse tipo de escoamento e geometria. Exemplo 2 Um líquido escoa por uma tubulação de seção circular de raio R. Sabendo que o escoamento é turbulento, em que a velocidade média corresponde a 49 60 ⋅ vMAX , e o diagrama de velocidade é dado por: v v r R = − max / 1 1 7 150 Unidade III sendo vmax a velocidade máxima, r a distância do centro da tubulação até um ponto de interesse e R o raio da tubulação, determine o coeficiente de energia cinética (a) para esse escoamento. Resolução O coeficiente de energia cinética (a) pode ser determinado por: α = ∫ 1 3 A v v dA M em que: A é a área da seção transversal do tubo. Como a tubulação é circular, então: A = π . R2 dA = 2πrdr v é a velocidade; e vM é a velocidade média, que é dada por: v v M MAX= ⋅49 60 Dessa forma, o coeficiente de energia cinética é: α π π= ⋅ − ⋅ ⇒∫1 1 49 60 2 1 7 3 0 R v r R v rdr R ² max / max α = −( ) ⋅ ∫ 1 60 49 2 1 7 1 7 3 0 R R r R rdr R ² / / α = ⋅ ⋅ −( )∫1 2 604917 7 3 3 3 7 0R R r rdr R / / Com: R r a r R a dr da− = ⇒ = − ⇒ = − • Para: r = 0 ⇒ a = R 151 FENÔMENOS DE TRANSPORTE • Para: r = R ⇒ a = 0 Então: R r rdr a R a da a R a da a R da R R R R −( ) = − −( ) = − = ⋅∫ ∫ ∫3 7 0 3 7 0 3 7 0 3 7 0 / / / /( ) ( ) ∫∫ ∫− ⋅a da R 10 7 0 / a R da a da R R R R R R 3 7 0 10 7 0 10 7 17 7 17 10 7 17 119 70 170 / / / /⋅ − ⋅ = ⋅ ⋅ − = −( )∫ ∫ 77 7 17 749170 / /= R Portanto, o coeficiente de energia cinética será: α = ⋅ ⋅1 2 60 49 49 17017 7 3 3 17 7 R R/ / a = 1,058 Dessa forma, para escoamento de fluido incompressível em regime permanente e turbulento por uma tubulação de seção transversal circular, a carga cinética será: α ⋅ =v g v g M M 2 2 2 1 058 2 , Na prática, para esse tipo de escoamento, é comum considerar que a = 1, já que isso acarretará um pequeno erro de arredondamento. Dessa forma, a carga total do fluido (H) pode ser escrita como: H z p v g z p v g M M= + + ≅ + + γ γ 1 058 2 2 2 2 , Exemplo 3 Considere que o escoamento de um fluido seja laminar e completamente desenvolvido em uma tubulação de seção transversal circular de raio R. Determine a distância radial (r) a partir do eixo do tubo no qual a velocidade é igual à velocidade média (vM). 152 Unidade III Resolução Para escoamento laminar, o perfil de velocidade é dado por: v v r R = − max 1 2 A velocidade média relaciona‑se com a velocidade máxima por: v v v vM MAX MAX M= ⇒ = ⋅2 2 Assim, o perfil de velocidade pode ser escrito como: v v r RM = ⋅ − 2 1 2 Como v = vM, então: 1 2 1 0 5 0 5 2 2 = − ⇒ = ⇒ = ⋅r R r R r R , , Portanto, a distância radial a partir do eixo do tubo em que essa condição ocorre é: r = 0,707 . R Resumo O tubo de Pitot é um dispositivo empregado para medir a velocidade de fluidos. Para um tubo horizontal, a velocidade do fluido pode ser determinada por: v p pestagna o est tica 1 2= ⋅ −( )çã á ρ O tubo de Venturi é instrumento empregado para medir a vazão volumétrica em condutos fechados. Esse medidor causa uma obstrução ao escoamento do fluido devido à existência de uma garganta, na qual a área 153 FENÔMENOS DE TRANSPORTE de escoamento é mínima, o que permite determinar a vazão do escoamento medindo a diferença de pressão e utilizando a expressão: Q A p p A A = ⋅ ⋅ − − 1 1 2 1 2 2 2 1 ( ) ρ A placa de orifício é uma placa fina, com um orifício concêntrico, que é inserida entre flanges de tubulações. Sua geometria é simples, o que lhe confere um baixo custo inicial e perda de carga elevada, em comparação com os demais medidores de vazão. A vazão pode ser determinada em uma placa de orifício por meio da seguinte expressão: Q k A g p p= ⋅ ⋅ ⋅ −0 1 22 ( ) γ em que: k C C D D D C = − 1 0 1 4 A equação da energia para fluido real é: H H H H z z p p g v vP P1 2 1 2 1 2 1 2 2 21 2 = + ⇒ = − + − + ⋅ −1,2 1,2 ( ) ( ) ( ) γ A equação da energia para fluido real na presença de uma máquina é: H1 + HM = H2 + HP1,2 A potência dissipada pelo atrito (NDISS) é: NDISS = g . Q . HP1,2 O coeficiente de energia cinética (a) é: α = ∫ 1 3 A v v dA M 154 Unidade III Para escoamento laminar (Re < 2000): a = 2 Para escoamento turbulento (Re > 2400): a = 1 A equação da energia para um fluido real em escoamento não uniforme é: z p v g z p v g HM M p1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 122 2 + + ⋅ = + + ⋅ + γ α γ α , O perfil da velocidade para escoamento laminar é: v v r R = − max 1 2 O perfil da velocidade para escoamento turbulento é: v v r R = − max / 1 1 7 As entradas e saídas não únicas – fluido ideal – são: E E e s∑ ∑= N N e s∑ ∑= γ γ⋅ ⋅ = ⋅ ⋅∑ ∑Q H Q He s As entradas e saídas não únicas – fluido real e na presença de máquina – estão definidas a seguir: γ γ⋅ ⋅ + = ⋅ ⋅ +∑∑ Q H N Q H Ns DISSe N H QDISS P= ⋅ ⋅∑ γ 155 FENÔMENOS DE TRANSPORTE Exercícios Questão 1. O tubo de Pitot foi criado em 1732 pelo físico francês Henri Pitot (1665‑1743). O objetivo era o de medir a velocidade do fluxo da água no Rio Sena, que atravessa Paris. O uso desse tipo de equipamento atravessou o tempo, sendo usado até hoje, por exemplo, na medição de velocidades de aeronaves. Isso pode ser observado na figura a seguir, que mostra a asa de um avião de pequeno porte sustentando um Tubode Pitot. Tubo de Pitot Figura 86 O tubo de Pitot funciona basicamente como um medidor de pressão diferencial, necessitando, para isso, possuir duas pressões bem definidas e comparadas. Veja, por exemplo, a figura a seguir: P2 P1 Sentido do escoamento Fluido manométrico gm = 135 kN/m3 h = 10 mm g = 10 kN/m3 Figura 87 156 Unidade III A primeira fonte de pressão do sistema (P1) é a pressão estática do fluido, tomada na direção perpendicular à trajetória do fluido. A segunda medida (P2) feita na extremidade do tubo de Pitot, através de sua entrada frontal principal, é a pressão dinâmica, ou pressão total ou pressão de estagnação. Por essa consideração, é possível concluir que P2 seja maior que P1, e o fluido manométrico sofrerá um desnível (h) como o mostrado na figura. Por meio do tubo de Pitot, indicando por g a aceleração da gravidade, por g o peso específico do fluido em escoamento e por gm o peso específico do fluido manométrico, a velocidade do fluido no ponto de medição é dada por: v g hm= − 2 1 γ γ Dessa forma, sabendo que g = 10 m/s2, quando se dobrar a velocidade do fluido em escoamento mostrado na figura, o desnível (h) ficará: A) Maior que o mostrado e igual a 20 mm. B) Menor que o mostrado e igual a 5 mm. C) Maior que o mostrado e igual a 40 mm. D) Menor que o mostrado e igual a 10 mm. E) Igual ao mostrado. Resposta correta: alternativa C. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: a alternativa mostra uma relação linear entre a velocidade e o desnível h, enquanto a expressão v g hm= − 2 1 γ γ mostra que o desnível é proporcional ao quadrado da velocidade. Assim, dobrando a velocidade, o desnível aumenta com o seu quadrado, ou seja, ele fica igual a quatro vezes o apresentado na questão. B) Alternativa incorreta. 157 FENÔMENOS DE TRANSPORTE Justificativa: para que essa alternativa fosse correta, seria necessário que a velocidade diminuísse e ficasse igual à existente dividida por 2 . C) Alternativa correta. Justificativa: a solução da questão é: v g hm1 12 1= − γ γ v v g hm2 1 22 2 1= ⋅ = − γ γ 2 2 1 2 1 1 1 2 1 ⋅ = − − v v g h g h m m γ γ γ γ 2 2 1 2 1 2 1 = − − g h g h m m γ γ γ γ 2 2 1 2 1 2 2 1 = − − g h g h m m γ γ γ γ 4 42 1 2 1= = ⋅ h h h h h mm h mm2 24 10 40= ⋅ = D) Alternativa incorreta. Justificativa: se o desnível ficar igual a 10 mm, não existirá mudança na velocidade. E) Alternativa incorreta. Justificativa: se o desnível ficar igual, não existirá mudança na velocidade. Questão 2 (Cesgranrio 2011, adaptada). A figura a seguir ilustra um escoamento em regime permanente em um Venturi. Considere que o fluido manométrico é o mercúrio e que os pesos específicos envolvidos no problema valem gHg = 140000 N/m 3 e gÁgua = 10000 N/m 3. 158 Unidade III A1 = 40 m 2 A2 = 20 m 2 água h = 20 cm (1) (2) Figura 88 Supondo as perdas por atrito desprezíveis, propriedades uniformes nas seções e g = 10 m/s2, para essa situação, a velocidade da água na seção 2 é: A) v m s2 8 3= , B) v m s2 6 5= , C) v m s2 4 2= , D) v m s2 9 7= , E) v m s2 28 3= , Resolução desta questão na plataforma. 159 FIGURAS E ILUSTRAÇÕES Figura 3 800PX‑REYNOLDS_FLUID_TURBULENCE_EXPERIMENT_1883. Disponível em: <https://en.wikipedia. org/wiki/Reynolds_number#/media/File:Reynolds_fluid_turbulence_experiment_1883.jpg>. Acesso em: 20 dez. 2016. Figura 4 ÇENGEL, Y. A.; CINBALA, J. M. Mecânica dos fluidos: fundamentos e aplicações. Porto Alegre: Mcgraw‑Hill, 2015. p. 7. Figura 18 FOG_VISUALIZATION. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Fog_visualization. jpg>. Acesso em: 20 dez. 2016. Figura 61 800PX‑B777‑381_JA8752_NOSE_PITOT_TUBE_JA. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/ Tubo_de_Pitot#/media/File:B777‑381_JA8752_nose_Pitot_tube_ja.jpg>. Acesso em: 20 dez. 2016. Figura 70 BRUNETTI, F. Mecânica dos fluidos. São Paulo: Prentice Hall, 2009. p. 215. REFERÊNCIAS Textuais AERODYNAMICS FOR STUDENTS. Classification of flows, laminar and turbulent flows. 2005. Disponível em: <http://www‑mdp.eng.cam.ac.uk/web/library/enginfo/aerothermal_dvd_only/aero/fprops/ pipeflow/node8.html>. Acesso em: 7 dez. 2016. ANDERSON, D.; EBERHARDT, S. Como os aviões voam: uma descrição física do voo. Física na escola, v. 7, n. 2, 2006. Disponível em: <http://www.sbfisica.org.br/fne/Vol7/Num2/v13a08.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2016. BIRD, B.; STEWART, W. E.; LIGHTFOOT, E. N. Fenômenos de transporte. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2004. BISTAFA, S. R. Mecânica dos fluidos e aplicações. São Paulo: Edgard Blucher, 2010. BRAGA FILHO, W. Fenômenos de transporte para engenharia. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. 160 BRUNETTI, F. Mecânica dos fluidos. São Paulo: Prentice Hall, 2009. ___. Equação da energia para regime permanente. In: ___. Mecânica dos fluidos. São Paulo: Prentice Hall, 2009. CANEDO, E. L. Fenômenos de transporte. São Paulo: LTC, 2010. ÇENGEL, Y. A.; CINBALA, J. M. Mecânica dos fluidos: fundamentos e aplicações. Porto Alegre: Mcgraw‑Hill, 2015. CHAVES, A. Física básica: gravitação, fluidos, ondas, termodinâmica. Rio de Janeiro: LTC, 2007. EASTLAKE, C. N. A visão de um engenheiro aeronáutico acerca da sustentação, Bernoulli e Newton. Física na Escola, v. 7, n. 2, 2006. Disponível em: <http://www.sbfisica.org.br/fne/Vol7/Num2/v13a09. pdf>. Acesso em: 16 dez. 2016. FOX, R. W.; PRITCHARD, P. J.; MACDONALD, A. T. Introdução à mecânica dos fluidos. Rio de Janeiro: LTC – Guanabara, 2010. HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física. Rio de Janeiro: LTC – Guanabara, 2012. v. 2. JORGE, A. V. A. Mecânica dos fluidos: curso básico. 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Unidade III – Questão 2: FUNDAÇÃO CESGRANRIO. Petróleo Brasileiro (Petrobras) 2011: Engenheiro(a) de Equipamentos Júnior Mecânica: Questão 29. Disponível em: <http://www.cesgranrio.org.br/pdf/ petrobras0210/provas/PROVA%209%20‑%20ENGENHEIRO%20DE%20EQUIPAMENTOS%20 J%C3%9ANIOR%20‑%20MEC%C3%82NICA.pdf>. Acesso em: 29 dez. 2016. 163 164 165 166 167 168 Informações: www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000