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Apostila ENGENHARIA COSMÉTICA

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COSMETOLOGIA 
Ensino, Desenvolvimento e Produção 
Universidade de Sorocaba – UNISO 
Profa. Dra. Valquíria Miwa Hanai Yoshida 
2020 
 
SUMÁRIO 
 
CAPÍTULO I .......................................................................................................................................................... 4 
 OS COSMÉTICOS E A QUÍMICA ............................................................................................................ 5 
 A COSMÉTICA E OS BIOATIVOS ........................................................................................................... 7 
 LEGISLAÇÃO COSMÉTICA .................................................................................................................. 10 
 CLASSIFICAÇÃO DE PHPCP ................................................................................................................. 10 
 LEGISLAÇÃO PARA A ÁREA DE COSMÉTICOS ............................................................................. 10 
3.2.1 NOTIFICAÇÃO ............................................................................................................................................................................. 11 
3.2.2 REGISTRO ...................................................................................................................................................................................... 11 
3.2.3 LEGISLAÇÕES AFINS .............................................................................................................................................................. 12 
 O QUE É O INCI? ...................................................................................................................................... 14 
CAPÍTULO II ...................................................................................................................................................... 17 
 ÁGUA ......................................................................................................................................................... 18 
 CONTAMINANTES DA ÁGUA ............................................................................................................... 18 
 DUREZA DA ÁGUA .................................................................................................................................. 19 
 TIPOS DE ÁGUA QUANTO A FINALIDADE DE USO ....................................................................... 20 
 TENSOATIVO ............................................................................................................................................ 20 
 TENSOATIVOS ANIÔNICOS .................................................................................................................. 20 
 TENSOATIVOS CATIÔNICOS ............................................................................................................... 21 
 TENSOATIVOS NÃO-IÔNICOS ............................................................................................................. 22 
 TENSOATIVOS ANFÓTEROS ................................................................................................................ 24 
 ESPESSANTE ............................................................................................................................................. 25 
 AGENTES ESPESSANTES ORGÂNICOS ............................................................................................. 26 
3.1.1 ESPESSANTES ORGÂNICOS DE FASE OLEOSA ...................................................................................................... 26 
3.1.2 ESPESSANTES ORGÂNICOS DE FASE AQUOSA ..................................................................................................... 27 
 AGENTES ESPESSANTES INORGÂNICOS ......................................................................................... 29 
 CONSERVANTE ANTIMICROBIANO .................................................................................................. 30 
 CONSERVANTE ANTIOXIDANTE ........................................................................................................ 34 
 ÁLCOOL ETÍLICO ................................................................................................................................... 35 
 UMECTANTE............................................................................................................................................. 36 
 MATERIAL GRAXO ................................................................................................................................. 37 
 CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS GRAXOS .................................................................................. 38 
8.1.1 HIDROCARBONETOS .............................................................................................................................................................. 38 
8.1.2 TRIGLICERÍDEOS: ÓLEOS, GORDURAS E MANTEIGAS .................................................................................... 39 
8.1.3 ÁCIDOS GRAXOS ...................................................................................................................................................................... 40 
8.1.4 ÁLCOOIS GRAXOS ................................................................................................................................................................... 41 
8.1.5 ÉSTERES GRAXOS .................................................................................................................................................................... 42 
8.1.6 CERAS .............................................................................................................................................................................................. 43 
8.1.7 SILICONES ..................................................................................................................................................................................... 44 
 AGENTE NEUTRALIZANTE COSMÉTICO ........................................................................................ 48 
 AGENTE ANTIPERSPIRANTE ............................................................................................................... 49 
 
 AGENTE DESODORANTE ...................................................................................................................... 49 
 PARFUM ..................................................................................................................................................... 50 
 CORANTES E PIGMENTOS ................................................................................................................... 51 
 CLASSIFICAÇÃO DOS CORANTES ..................................................................................................... 52 
 EXCIPIENTES PARA CORANTES ........................................................................................................ 53 
 CORANTES E PIGMENTOS COMO FINALIZADORES DA FORMULAÇÃO .............................. 54 
CAPÍTULO III .................................................................................................................................................... 56 
 TEORIA SOBRE XAMPU ........................................................................................................................ 57 
 PRODUÇÃO DE XAMPU ......................................................................................................................... 58 
 PRÁTICA 1: XAMPU TRANSPARENTE .............................................................................................. 59 
 TEORIA SOBRE CONDICIONADOR .................................................................................................... 61 
 PRÁTICA 2: CONDICIONADOR ...........................................................................................................62 
 TEORIA SOBRE SABONETE GLICERINADO EM BARRA ............................................................. 63 
 PRÁTICA 3: SABONETE GLICERINADO EM BARRA ..................................................................... 63 
 TEORIA SOBRE DESODORANTE E ANTITRANSPIRANTE .......................................................... 65 
 PRÁTICA 4: DESODORANTE E ANTIPERSPIRANTE ..................................................................... 68 
 TEORIA SOBRE EMULSÃO ................................................................................................................... 69 
 PRÁTICA 5: EMULSÃO O/A DESODORANTE ................................................................................... 74 
 PRÁTICA 6: EMULSÃO O/A HIDRATANTE ....................................................................................... 75 
 PRÁTICA 7: EMULSÃO A/O................................................................................................................... 76 
 TEORIA SOBRE GEL ............................................................................................................................... 78 
 TEORIA SOBRE FORMAÇÃO DE GEL POR REAÇÃO QUÍMICA ................................................ 78 
 PRÁTICA 8: FORMAÇÃO DE GEL POR REAÇÃO QUÍMICA ........................................................ 79 
 TEORIA SOBRE FORMAÇÃO DE GEL POR INTUMESCIMENTO ............................................... 80 
 PRÁTICA 9: FORMAÇÃO DE GEL POR INTUMESCIMENTO ....................................................... 80 
 TEORIA SOBRE BLOQUEADOR E FOTOPROTETOR SOLAR ..................................................... 82 
 PRÁTICA 10: BLOQUEADOR E FOTOPROTETOR SOLAR ........................................................... 88 
 PRÁTICA 11: BATOM .............................................................................................................................. 91 
CAPÍTULO IV .................................................................................................................................................... 93 
 DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO COSMÉTICO ........................................................................ 94 
CAPÍTULO V ...................................................................................................................................................... 98 
 FLUXO DE TRABALHO .......................................................................................................................... 99 
 PROCESSO DE MANUFATURA .......................................................................................................... 102 
 AVALIAÇÕES NA INDÚSTRIA COSMÉTICA .................................................................................. 108 
 BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO .................................................................................................. 109 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO I 
O UNIVERSO DA COSMETOLOGIA 
 
 
5 
 OS COSMÉTICOS E A QUÍMICA 
A utilização de cosméticos, ou seja, compostos químicos utilizados para melhorar a 
nossa aparência, não é uma prática recente. Os cosméticos, tais como, óleos, essências de rosa 
e de jasmim e tinturas para os cabelos, surgiram no oriente na antiguidade e se espalharam 
pelo resto do mundo. Os primeiros registros da utilização de cosméticos datam do Egito 
antigo (3000 a.C.). A rainha egípcia, Cleópatra, tomava banho em leite para manter a pele 
bonita e macia. Muito provavelmente Cleópatra atingia seus objetivos estéticos, pois hoje 
sabemos que o ácido lático atua nas camadas mais profundas da epiderme promovendo a 
remoção das células mortas e atuando na renovação da pele. Na antiga Grécia, as mulheres 
usavam carbonato de chumbo para empalidecer o rosto, infelizmente, hoje sabemos que o 
carbonato de chumbo é tóxico, assim a busca da beleza pode ter custado à vida destas 
mulheres. 
Em uma leitura cuidadosa da composição de um cosmético qualquer pode 
transformar-se em uma aula de química. A composição de um cosmético traz água, 
tensoativo, espessante, ajustadores de acidez ou alcalinidade, fragrâncias, conservantes e 
estabilizantes, entre outros, combinados em diferentes proporções para diferentes objetivos. A 
seleção da composição deve considerar a compatibilidade, estabilidade, força de ligação 
químicas ou qualquer outra propriedade ou parâmetro químico que exerça efeito na produção 
do cosmético. 
Para ilustrar a relação da composição dos cosméticos com a química podemos citar os 
ingredientes de alguns perfumes (nome INCI: PARFUM), tais como, o geraniol (aroma de 
rosa; fórmula linear: (CH3)2C=CHCH2CH2C(CH3)=CHCH2OH); sinônimos: trans-3,7-
dimetil-2,6-octadien-1-ol e GERANIOL) e a jasmona (aroma de jasmim; fórmula empírica: 
C11H16O; sinônimos: cis-3-methyl-2-(2-pentenyl)-2-cyclopenten-1-one, 
METHYLDIHYDROJASMONATE e DIHYDROJASMONATE) que dão aos perfumes os 
aromas específicos (Fig. 1) devido as suas estruturas químicas apresentarem propriedade de 
volatilidade e serem moléculas de odor que se espalham pelo ar, penetram nas narinas e 
atingem um grupo especial de células na porção mais interna do nariz, próximo à base do 
crânio, disparando mensagens químicas que podem permitir ao cérebro decifrar o odor. 
Figura 1 - Estruturas moleculares do (a) geraniol e da (b) jasmona 
 
 
(a) (b) 
6 
As emulsões para a pele são compostas por óleo de amêndoas, vaselina, lecitina e 
lanolina entre outros, que são nada mais de estruturas químicas orgânicas que podem 
constituir com um produto cosmético devido as suas propriedades particulares. Os pós faciais, 
geralmente, têm em sua composição carbonato de cálcio (CaCO3) e óxido de zinco (ZnO). Os 
batons podem ser manufaturados com álcool cetílico (C16H33OH), óleo de gergelim, cera de 
abelha, cera de carnaúba e outros compostos derivados dos hidrocarbonetos. Os xampus são 
produtos que podem conter, além de tensoativos, álcool comum, álcool oleico (age como 
condicionador) e alginato de sódio (age como espessador) para proporcionar a limpeza dos 
cabelos. Nos desodorantes o ingrediente cloreto de alumínio pentahidratado (AlCl3.6H2O) é 
fundamental para uma reação química in loco, além de álcool e perfume. 
Em muitos casos, os diferentes cosméticos têm um forte componente de inovação 
científica em função da utilização das propriedades físico-químicas das matérias-primas. A 
inovação científica é gerada através de produtos desenvolvidos nos mais modernos 
laboratórios de investigação. Basta dizer que a indústria dos cosméticos foi uma das primeiras 
a adaptar os recursos da nanotecnologia, através do uso das nanopartículas para melhorar a 
qualidade dos seus produtos e satisfazer os anseios dos seus clientes. 
As nanopartículas são partículas de dimensão intermediária entre a escala dos átomos 
e a do material macroscópicos. Qualquer coisa como mil vezes maior que o diâmetro de um 
átomo e mil vezes menor que a espessura de um cabelo. Esta característica confere-lhes 
propriedades únicas, e que podem ser moduladas pela alteração do tamanho. 
Os ativos nanotecnológicos podem ser incorporados em cremes, séruns, loções, géis e 
muitas outras formas cosméticas e apresentam desempenho superior quando comparados com 
ativos convencionais. Isso acontece porque quanto menor o ativo maior a permeação dele nas 
camadas do cabelo da pele, consequentemente, maior poder e área de ação. Também, esses 
ativos - por terem uma estrutura “encapsulada” - tem uma liberação no cabelo e na pele 
controlada e prolongada. Dosagens altas de ingredientes de eficácia alta, por exemplo, podem 
ser distribuídas ao longo e 8 a 12 horas, e assim maximizar a quantidade entregue, evitando 
picos de concentração que causem reações. 
Exemplos típicos da aplicação de nanotecnologia em cosméticos são as nanopartículas 
de dióxido de titânio nos protetores solares (que conferem uma proteção otimizada sem o 
efeito de camadabranca sobre a pele), a utilização de nano partículas de lipídios sólidos para 
libertação lenta de fragrâncias em perfumes, ou a criação de nano vesículas como 
transportadores para garantir uma melhor penetração dos ingredientes ativos na pele. 
 
7 
 A COSMÉTICA E OS BIOATIVOS 
Segundo Corrêa (2012) os reinos materiais – o mineral, o vegetal e o animal – há 
manifestações dos ciclos que envolvem concepção, crescimento, maturidade, envelhecimento 
e colapso. A diferença entre os três reinos está relacionada ao grau de complexidade e 
vitalidade de suas estruturas, existindo entre eles estreita interdependência. Atualmente, o 
homem entendeu que deve atuar em harmonia com os processos vitais e buscar nos três reinos 
naturais os recursos necessários para manutenção e aprimoramento da estética do seu corpo. 
A cosmética e os bioativos têm como proposta atuar nas estruturas do corpo humano 
(pele e cabelos), de forma idêntica aos processos vitais, auxiliando o metabolismo para que se 
possa prolongar a juventude e retardar o envelhecimento. A pele e os cabelos são formados 
principalmente por proteínas (colágeno, elastina, queratina etc.), mucopolissacarídeos (sulfato 
de condroitina, ácido hialurônico etc.), lipídeos, sais minerais, vitaminas e água. 
A aplicação tópica de itens que tenham identidade com a pele e cabelos baseia-se 
principalmente nos seguintes mecanismos: fornecimento de precursores biológicos; catalise 
de reações vitais; sequestro de radicais livres; manutenção do teor de água; formação de 
filmes seletivos e protetores; restauração de estruturas danificadas; lubrificação adequada aos 
tecidos; condicionamento e brilho (cabelos). 
O uso dos conhecimentos de bioquímica tem surgido como uma excelente alternativa 
para inovação, desenvolvimento de produtos mais eficientes e criação de “tecnologias 
verdes”. A utilização de técnicas biotecnológicas para o aperfeiçoamento de processos já 
existentes e/ou para a criação de novos conceitos e produtos tem emergido como uma 
alternativa à manufatura tradicional de cosméticos. Enzimas ativas, tecnologias de DNA 
recombinante, biopolímeros funcionais e produtos de origem fermentativa cada vez mais são 
utilizados como insumos ativos neste mercado. A demanda por esse tipo de tecnologia deve 
aumentar para suprir as novas tendências e o consumidor mais exigente. 
Um exemplo clássico é a obtenção do ácido hialurônico. Este glicosoaminoglicano 
aniônico não sulfatado é um biopolímero linear de massa molar alta, muito utilizado como 
ingrediente ativo em produtos anti-aging. O ácido hialurônico é um componente encontrado 
em nossa pele, e é um dos principais responsáveis pela característica lisa e elástica desta 
quando jovem. Com o passar do tempo, a concentração desta substância na pele diminui, 
contribuindo para a desidratação e para o aparecimento das indesejadas rugas. 
Tradicionalmente, esta substância tem sido extraída de tecidos animais, tais como, o fluido 
sinovial e as cartilagens. Entretanto, processos fermentativos envolvendo bactérias dos 
gêneros Streptococcus e Bacillus têm surgido como excelentes alternativas para a obtenção do 
8 
ácido hialurônico, pois em geral estes processos apresentam rendimentos maiores, custos 
reduzidos e eliminam a necessidade de uma fonte de insumos de origem animal 
(comercialmente interessante para desenvolver produtos cosméticos naturais, orgânicas, 
cruelty-free e vegan). 
Biologia molecular, técnicas de cultura celular, triagem de células e extração de 
proteínas proporcionam recursos para estudos com fatores de crescimento humano (HGFs) 
para uso em cosméticos. Na pele, as células envelhecidas ou lesionadas sob estímulo dos 
HGFs absorvem nutrientes, sofrem angiogênese, produzem colágeno e outros mecanismos 
relacionados com a regeneração e reparação. 
Em 2001, dois estudos duplo-cegos independentes foram apresentados à Sociedade de 
Dermatologia Investigativa para que fossem testados cremes tópicos contendo HGFs naturais 
ou obtidos por bioengenharia. Resultados visualmente melhores na superfície facial quando 
comparados com a toxina botulínica (Botox) foram constatados. Além disso, cada estudo 
mostrou aumento significativo na produção de colágeno, ácido hialurônico, elastina, 
fibroblastos e espessamento da epiderme. Os resultados não poderiam ser mais satisfatórios 
no âmbito da biotecnologia de cosméticos. 
A maioria dos produtos para limpeza de pele e cuidados para os cabelos, sabonetes 
líquidos, xampus e condicionadores, contém ingredientes de tratamento que permanecem em 
pouca quantidade no cabelo e na pele após o enxague. Dessa forma a nanotecnologia, mais 
uma vertente da biotecnologia, torna-se estratégia para desenvolvimento de cosméticos. 
Assim, quando pensamos em “cosméticos verdes” ou “cosméticos científicos”, 
nanotecnologia, biocatalisadores, biomoléculas e demais inovações, não é difícil imaginar que 
esses termos fornecem subsídios irrefutáveis para a tendência do uso de técnicas 
biotecnológicas por parte da indústria cosmética. Contudo, nem sempre isso é possível e, em 
muitos casos, os processos sintéticos convencionais ainda se apresentam como a melhor 
alternativa. 
Evidente que todas as vantagens apresentadas pelo uso da biotecnologia na obtenção 
de cosméticos possuem um preço: alto know-how tecnológico. Investimentos em P&D de 
produtos e processos constituem aspectos cruciais neste mercado, além da necessidade da 
formação de recursos humanos para trabalhar nestes processos. E isso pode e deve ser 
explorado pela indústria de cosméticos brasileira. 
A ideia de que “ciência vende” começa a ser percebida pela indústria nacional, o 
conceito do uso racional dos recursos naturais e produtos de maior qualidade agregada já faz 
parte do perfil dos consumidores de cosméticos no Brasil. A perspectiva é que esse mercado 
continue crescendo mesmo com as incertezas do país para esse ano. A inovação continuará 
9 
sendo uma grande força para manter o negócio aquecido, seja por meio de produtos e 
tecnologias (como a nanotecnologia e novidades em ingredientes ou expansão de portfólios de 
produtos), como pelos produtos com múltiplos benefícios (como por exemplo, gel pós-barba 
com protetor solar). 
Cabe a indústria o contínuo aperfeiçoamento de seus processos e produtos no sentido 
de conquistar cada vez mais uma clientela consciente e exigente. E, um dos principais 
caminhos para isso passa necessariamente pelo investimento em Pesquisa e Desenvolvimento, 
que pode ser alcançado pela parceria empresa/universidade, em centros de pesquisa de 
empresas ou agências do estado. 
 
10 
 LEGISLAÇÃO COSMÉTICA 
Os Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes (PHPCP) são preparações 
constituídas por substâncias naturais ou sintéticas, de uso externo nas diversas partes do corpo 
humano, pele, sistema capilar, unhas, lábios, órgãos genitais externos, dentes e membranas 
mucosas da cavidade oral, com o objetivo exclusivo ou principal de limpa-los, perfuma-los, 
alterar sua aparência e ou corrigir odores corporais e ou protege-los ou mantê-los em bom 
estado (BRASIL, 2015). Segundo a FDA a definição de cosmético é “A cosmetic is a product, 
except soap, intended to be applied to the human body for cleansing, beautifying, promoting 
attractiveness, or altering the appearance”. 
Para garantir ao consumidor a aquisição de produtos seguros e de qualidade, a Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é responsável pela autorização de comercialização 
de artigos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes, mediante a concessão de registro ou 
notificação. A Anvisa também fiscaliza e estabelece normas para as empresas fabricantes, 
verificando o processo de produção, as técnicas e os métodos empregados até o consumo 
final. 
 CLASSIFICAÇÃO DE PHPCP 
Classificação segundo a Câmara Técnica de Cosméticos da Anvisa 
(CATEC/ANVISA): 
• Cosméticos no Brasil são controladospela CATEC/ANVISA e pela Resolução RDC 7/15. 
(BRASIL, 2015) 
• Os produtos do setor são divididos em dois grupos de risco (definidos em função da 
probabilidade de ocorrência de efeitos não desejados), de acordo a RDC 7/15. O grau de 
risco traduz o nível de efeitos adversos que os produtos podem causar. 
Sugestão: Ler a RDC nº 7, de 10 de fevereiro de 2015 (BRASIL, 2015). 
 LEGISLAÇÃO PARA A ÁREA DE COSMÉTICOS 
Qual a diferença entre notificação, cadastro e registro de produto na Anvisa? 
Notificação, cadastro e registro são modalidades de regularização de produtos de saúde. A 
diferença entre elas é simples e direta, mas muito bem explicativa, tendo em relação ao risco 
que representam à saúde do paciente em contato com este produto. 
• Produtos de classe I, por possuírem um risco menor, são classificados somente para 
NOTIFICAÇÃO. 
• Produtos de classe II, os quais apresentam um risco intermediário, são classificados 
somente para CADASTRO. 
11 
• E, produtos de classe III e IV são classificados para REGISTRO, já que são os 
produtos que apresentam maior risco à saúde humana. 
Consultar o portal da Anvisa sobre a regulamentação da área de cosméticos 
(http://portal.anvisa.gov.br/cosmeticos), desde as definições para os termos utilizados, boas 
práticas de fabricação, peticionamento de produto desenvolvido, até os atos normativos 
(acesse o banco de dados dos atos normativos publicados pela Agência desde a sua criação em 
http://portal.anvisa.gov.br/registros-e-autorizacoes/cosmeticos). 
Na sequência seguem alguns exemplos de normas para notificação ou registro de 
produto, além de outras normas afim. 
3.2.1 NOTIFICAÇÃO 
• RDC nº 15, de 26 de março de 2013. Aprova o Regulamento Técnico "Lista de 
substâncias de uso cosmético: acetato de chumbo, pirogalol, formaldeído e 
paraformaldeído" e dá outras providências. 
• RDC nº 44, de 9 de agosto de 2012. Aprova o Regulamento Técnico Mercosul sobre 
“Lista de substâncias corantes permitidas para PHPCP” e dá outras providências. 
• RDC nº 29, de 10 de junho de 2012. Aprova o Regulamento Técnico Mercosul sobre 
“Lista de Substâncias de Ação Conservante permitidas para PHPCP” e dá outras 
providências. 
• RDC nº 03, de 18 de janeiro de 2012. Regulamento Técnico MERCOSUL sobre "Lista de 
substâncias que os PHPCP não devem conter exceto nas condições e com as restrições 
estabelecidas". 
• RDC nº 48, de 16 de março de 2006. Regulamento Técnico “Lista de substâncias que não 
podem ser utilizadas em PHPCP”. 
• RDC nº 47, de 16 de março de 2006. Regulamento Técnico “Lista de filtros ultravioletas 
permitidos para PHPCP”. 
• Resolução nº 481, de 23 de setembro de 1999. Estabelece parâmetros para controle 
microbiológico de PHPCP. 
3.2.2 REGISTRO 
• RDC nº 15, de 24 de abril de 2015. Dispõe sobre os requisitos técnicos para a concessão 
de registro de PHPCP infantis e dá outras providências. 
• RDC nº 7, de 10 de fevereiro de 2015. Dispõe sobre os requisitos técnicos para a 
regularização de PHPCP e dá outras providências. 
12 
• RDC nº 19, de 10 de abril de 2013. Dispõe sobre os requisitos técnicos para a concessão 
de registro de produtos cosméticos repelentes de insetos e dá outras providências. 
• RDC nº 15, de 26 de março de 2013. Aprova o Regulamento Técnico "Lista de 
substâncias de uso cosmético: acetato de chumbo, pirogalol, formaldeído e 
paraformaldeído" e dá outras providências. 
• RDC nº 44, de 9 de agosto de 2012. Aprova o Regulamento Técnico Mercosul sobre 
“Lista de substâncias corantes permitidas para PHPCP” e dá outras providências. 
• RDC nº 30 de 1º de junho de 2012. Aprova o Regulamento Técnico Mercosul sobre 
Protetores Solares em Cosméticos e dá outras providências. 
• RDC nº 29, de 10 de junho de 2012. Aprova o Regulamento Técnico Mercosul sobre 
“Lista de Substâncias de Ação Conservante permitidas para PHPCP” e dá outras 
providências. 
• RDC nº 03, de 18 de janeiro de 2012. Regulamento Técnico Mercosul sobre "Lista de 
substâncias que os PHPCP não devem conter exceto nas condições e com as restrições 
estabelecidas". 
• RDC nº 48, de 16 de março de 2006. Regulamento Técnico “Lista de substâncias que não 
podem ser utilizadas em PHPCP”. 
• RDC nº 13, de 17 de janeiro de 2003. Determina a obrigatoriedade de inclusão dos 
dizeres de rotulagem de produtos de higiene oral indicados para hipersensibilidade 
dentinária. 
• RDC nº 38, de 21 de março de 2001. Estabelece critérios e procedimentos necessários 
para o registro de novas categorias de produtos cosméticos, destinados ao uso infantil. 
• Resolução nº 481, de 23 de setembro de 1999. Estabelece parâmetros para controle 
microbiológico de PHPCP. 
3.2.3 LEGISLAÇÕES AFINS 
• RDC nº 23, de 5 de junho de 2015. Altera a Resolução RDC nº 204, de 6 de julho de 2005, 
que dispõe sobre o procedimento de petições submetidas à análise pelos setores técnicos 
da Anvisa e revoga a Resolução RDC nº 206, de 14 de julho de 2005, que dispõe sobre 
normas que regulamentam a petição de arquivamento temporário e a guarda temporária 
e dá outras providências. 
• RDC nº 36, de 17 de junho de 2009. Dispõe sobre a proibição da exposição, venda e 
entrega ao consumo de formol ou de formaldeído (solução a 37%) em drogaria, farmácia, 
supermercado, armazém e empório, loja de conveniência e drugstore. 
13 
• RDC nº 176, de 21 de setembro de 2006. Aprova o Regulamento Técnico “Contratação de 
Terceirização para PHPCP”. 
• RDC nº 332, de 1 de dezembro de 2005. Estabelece que as empresas fabricantes e/ou 
importadoras de PHPCP, instaladas no território nacional deverão implementar um 
Sistema de Cosmetovigilância, a partir de 31 de dezembro de 2005. 
• RDC nº 209, de 14 de julho de 2005. O resultado das análises feitas sobre quaisquer 
pedidos de alteração em registros de produtos submetidos ao regime de vigilância 
sanitária, e que não implique em modificação no número de registro, será averbado no 
respectivo ato de registro e divulgado no endereço eletrônico da Agência Nacional de 
Vigilância Sanitária (www.anvisa.gov.br). 
• RDC nº 204, de 6 de julho de 2005. Regulamenta o procedimento de petições submetidas 
à análise pelos setores técnicos da Anvisa. 
• RDC nº 250, de 20 de outubro de 2004. A revalidação do registro deverá ser requerida no 
1.º (primeiro) semestre do último ano do quinquênio de validade, considerando-se 
automaticamente revalidado nos termos da Lei n.º 6.360, de 23 de setembro de 1976, 
independentemente de decisão, se não houver sido proferida até a data do término 
daquele. 
• Resolução nº 92, de 9 de dezembro de 2008. Estabelece regras gerais para os PHPCP de 
grau 1 e de grau 2, quando fabricados no Brasil e destinados exclusivamente à 
exportação. 
• RDC n°48, de 25 de outubro de 2013. Aprova o Regulamento Técnico de Boas Práticas 
de Fabricação para PHPCP, e dá outras providências. 
• RDC n°16, de 1° de abril de 2014. Dispõe sobre os Critérios para Peticionamento de 
Autorização de Funcionamento (AFE) e Autorização Especial (AE) de Empresas 
• RDC n°16, de 1° de abril de 2014 – Retificação. Dispõe sobre os Critérios para 
Peticionamento de Autorização de Funcionamento (AFE) e Autorização Especial (AE) de 
Empresas 
• Portaria nº 86, de 20 de setembro de 1995. Dispõe sobre requerimento de Certidão de 
Registro/Notificação de Produto. 
• Portaria nº 295, de 16 de abril de 1998. Estabelece Critérios para Inclusão, Exclusão e 
Alteração de Concentração de Substâncias utilizadas em PHPCP. 
• Portaria nº 296, de 16 de abril de 1998. Estabelece que, para efeito de Registro ou de 
Alteração de Registro de PHPCP, no âmbito do Mercosul, deve ser adotada, em caráter 
complementar à nomenclatura original das substâncias da formulação, outras 
nomenclaturas. 
14 
 O QUE É O INCI? 
INCI é a sigla para: “Internacional Nomenclature of Cosmetic Ingredients” (CE, 
2006). Em português seria: Nomenclatura Internacional de Ingredientes Cosméticos. INCI é 
um sistema internacionalde codificação da nomenclatura de ingredientes cosméticos, 
reconhecido e adotado mundialmente, criado com a finalidade de padronizar os ingredientes 
na rotulagem dos produtos cosméticos. 
A legislação sanitária da Anvisa que regulamentou a adoção do INCI no Brasil foi a 
RDC Nº 211/05 (revogada pela RDC 7/15) Anexo III item 1 (Anvisa) e Anexo IV-B-14 e C-
13 (rótulo). 
O INCI foi adotado pela Comunidade Europeia (Portugal, Espanha, França, Itália, 
Inglaterra etc.), Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Venezuela), Comunidade 
Andina (Peru, Bolívia, Colômbia, Equador), África do Sul, Austrália, Estados Unidos, Japão e 
México. (Fonte: http://www.anvisa.gov.br/cosmeticos/index.htm) 
Outras descrições de Ingredientes Cosméticos são: 
• Nomes químicos (IUPAC) (International Union of Pure and Applied Chemistry); 
• Denominação comum internacional (INN – International Non-proprietary Name); 
• Denominações de farmacopeias (americana, brasileira, europeia); 
• Nomes comerciais (um para cada fornecedor); 
• Outras codificações: CAS – Chemical Abstracts Service (codificação mundial); NCM – 
Nomenclatura Comum do Mercosul (codificação regional); EINECS – European Inven-
tory of Existing Commercial Chemical Substances (inventário europeu das substâncias 
químicas existentes no mercado). 
As funções referidas na lista INCI são definidas do seguinte modo: 
Abrasivo: Remove materiais de diversas superfícies corporais, ou facilita a limpeza mecânica dos 
dentes ou melhora o brilho. 
Absorvedor de UV: Protege o produto cosmético dos efeitos dos raios UV. 
Absorvente: Captam substâncias solúveis em água e/ou óleo, quer dissolvida, quer finamente 
dispersas. 
Adstringente: Contrai a pele. 
Agente de espuma: Aprisiona grande número de minúsculas bolhas de ar ou de outro gás num reduzido 
volume de líquido, através da modificação da tensão superficial desse líquido. 
Agente filmogênico: Produz, quando aplicado, uma película contínua sobre a pele, o cabelo ou as 
unhas. 
Agente fixante para o cabelo: Permite o controlo físico do penteado. 
http://www.anvisa.gov.br/cosmeticos/index.htm
15 
Agente para ondular ou alisar o cabelo: Modifica a estrutura química do cabelo, permitindo penteá-lo 
no estilo pretendido. 
Agente tampão: Estabiliza o valor de pH de cosméticos. 
Amaciador de pele: Mantém a pele em boas condições. 
Amaciador: Reduz ou elimina o emaranhamento do cabelo, tornando-o belo, fácil de pentear, flexível, 
suave e brilhante, e/ou confere volume, leveza, brilho etc. 
Anticaspa: Ajuda a controlar a caspa. 
Anticorrosivo: Previne a corrosão da embalagem. 
Antiespuma: Evita a formação da espuma durante a preparação, ou reduz a tendência de formação de 
espuma nos produtos acabados. 
Antiestático: Reduz a eletricidade estática, neutralizando a carga elétrica numa determinada superfície. 
Antifloculante: Permite o livre fluxo de partículas sólidas, evitando assim a aglomeração de 
cosméticos em pó na forma de grumos ou massas duras. 
Antimicrobiano: Ajuda a controlar o crescimento de microrganismos na pele. 
Antioxidante: Inibe reações promovidas pelo oxigênio, evitando a oxidação e o ranço. 
Antiplaca: Facilita a proteção contra a placa bacteriana. 
Antisseborreico: Ajuda a controlar a produção de sebo. 
Antitranspirante: Reduz a transpiração. 
Bronzeador: Escurece a pele com ou sem exposição aos raios UV. 
Calmante: Produz uma sensação de bem-estar na pele ou no couro cabeludo. 
Condicionador de unhas: Melhora as características cosméticas das unhas. 
Conservante: Inibe primariamente o desenvolvimento de microrganismos em cosméticos. 
Controlador de viscosidade: Aumenta ou diminui a viscosidade dos cosméticos. 
Corante capilar: Colora o cabelo. 
Corante: Confere cor aos cosméticos e/ou à pele e/ou aos seus apêndices. 
Corretor de odor/gosto: Reduz ou elimina o odor ou paladar básico do produto. 
Cuidado bucal: Confere efeitos cosméticos aos produtos destinados aos cuidados bucais, por exemplo, 
limpando, purificando, protegendo. 
Depilatório: Remove pilosidades corporais indesejáveis. 
Descolorante: Aclara o tom do cabelo ou pele. 
Desembaraçador: Reduz ou elimina o entrecruzamento do cabelo devido à alteração ou danificação da 
superfície capilar e, portanto, facilita o penteado. 
Desnaturante: Torna os produtos cosméticos impróprios para beber. De um modo geral adicionado a 
produtos cosméticos contendo álcool etílico. 
Desodorizante: Reduz ou oculta odores corporais desagradáveis. 
Emoliente: Suaviza e amacia a pele. 
Emulsionante: Promove a formação de misturas entre líquidos não miscíveis, alterando a tensão 
interfacial. 
16 
Estabilizador de emulsões: Facilita o processo de emulsionar, melhora a estabilidade da emulsão e 
validade das emulsões. 
Estabilizador de espumai: Melhora a qualidade da espuma produzida por um sistema, aumentando 
uma ou mais das seguintes propriedades: volume, textura e/ou equilíbrio. 
Estabilizante: Melhora a estabilidade dos ingredientes ou das formulações e o seu tempo de vida útil. 
Filtros UV: Filtra certos raios UV de forma a proteger a pele ou o cabelo de efeitos nefastos destes 
raios. 
Gelificante: Confere a uma preparação líquida a consistência de um gel (preparação semissólida com 
alguma elasticidade). 
Hidratante: Aumenta o conteúdo de água da pele e mantém-na suave e macia. 
Hidrótropo: Aumenta a solubilidade de uma substância que seja apenas levemente solúvel em água. 
Ligante: Confere coesão nos cosméticos. 
Opacificante: Reduz a transparência ou translucidez dos cosméticos. 
Oxidante: Altera a natureza química de outra substância adicionando oxigênio ou removendo 
hidrogênio. 
Perolizante: Dá uma aparência nacarada aos cosméticos. 
Plastificante: Suaviza e flexibiliza outra substância que de outro modo não poderia ser facilmente 
deformada, esticada ou trabalhada. 
Propulsor: Gera pressão numa embalagem de aerossol, expelindo conteúdos quando a válvula é 
aberta. Alguns propulsores liquefeitos podem atuar como solventes. 
Protetor de pele: Ajuda a evitar efeitos nefastos para a pele provocados por fatores externos. 
Purificante: Ajuda a manter a superfície do corpo limpa. 
Quelante: Reage e forma complexos com íons de metal que podem afetar a estabilidade e/ou aparência 
dos cosméticos. 
Queratolítico: Facilita a eliminação das células mortas da superfície cutânea. 
Redutor: Muda a natureza química de outra substância através da adição de hidrogênio ou remoção de 
oxigênio. 
Refrescante: Dá um agradável frescor à pele. 
Relipidante: Repõe os lipídeos do cabelo ou das camadas superficiais da pele. 
Solvente: Dissolve outras substâncias. 
Suavizante: Alisa a superfície de pele, diminuindo as suas irregularidades e imperfeições. 
Surfactante: Diminui a tensão superficial de cosméticos, assim como ajuda à distribuição homogénea 
do produto quando usado. 
Tônico: Produz um sentimento de bem-estar na pele e no cabelo. 
Umectante: Retém e mantém a umidade. 
 
17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO II 
MATÉRIAS-PRIMAS DE APLICAÇÃO COSMÉTICA 
 
 
18 
 ÁGUA 
A água (INCI – AQUA) é componente da maioria das formulações farmacêuticas 
como, por exemplo, emulsões (cremes e loções), xampus, condicionadores, géis, leites, entre 
outros. Assim, a contaminação microbiana assume sua importância, apesar de não ser 
necessária a esterilidade em cosméticos, deve haver uma contagem de colônias baixa. 
Portanto, o uso de GPM ou BPF (Boas Práticas de Fabricação) se faz necessário e, 
geralmente, a utilização de água destilada é mais recomendada, porém a água deionizada é 
mais utilizada devido ao seu custo. Nos produtos cosméticos pode haver desprendimento de 
gás, alteração de aroma e cor se houver contaminação de qualquer espécie ou impurezas do 
ponto de vista físico, tais como, sólidos e metais. 
O papel da água como insumo nos produtos cosméticos pode estar relacionado as suas 
propriedades de solvente (dependendo do tipo de substâncias)ou como veículoi da 
formulação ou como em associação com substâncias hidratante ou a água pode ajudar a 
hidratar com uma substância carreadora que ajude a penetrar na pele (que é uma barreira) ou, 
até mesmo, provocar uma ação refrescante e ação hidratante subjetiva ou ilusória. 
Todas as características e propriedades físicas peculiares da água resultam de sua 
estrutura molecular. A diferença de eletronegatividade entre átomos de hidrogênio e de 
oxigênio gera uma separação de cargas. Assim, os átomos ligeiramente positivos de 
hidrogênio de uma molécula interagem com os átomos parcialmente negativos de oxigênio de 
outra molécula adjacente, criando assim a chamada ponte de hidrogênio. Estas ligações fracas 
de hidrogênio de uma criam uma cadeia que pode se rearranjar muitas vezes, permitindo que a 
água líquida flua em toda parte. Essas ligações fracas são tão numerosas que definem o ponto 
de ebulição alto da água, sua tensão superficial alta e viscosidade. Os átomos de hidrogênio e 
oxigênio podem interagir com tantos tipos de moléculas diferentes que a água é o solvente 
mais poderoso conhecido, também chamado de solvente universal. 
 CONTAMINANTES DA ÁGUA 
A água pode apresentar os seguintes e possíveis grupos de contaminantes: os materiais 
dissolvidos, os materiais em suspensão e os microrganismos. 
Materiais dissolvidos – A água da chuva, ao entrar em contato com a atmosfera, 
dissolve os gases nela existentes. Ao chegar ao solo, uma parte forma água de superfície e 
 
i Veículo: Meio que promove o transporte da matéria ativa durante a formulação do produto químico. Em 
produtos químicos normalmente o veículo é a água purificada. 
19 
outra parte percolaii pelo solo. Em contato com o solo dissolve as substâncias inorgânicas que 
encontra. Este trabalho é favorecido pelos gases nela dissolvidos, que podem atuar por ação 
direta, ou seja, a água dissolve cloretos, sulfatos e carbonatos de metais alcalinosiii e, em 
menor quantidade, de cálcio, magnésio, ferro e manganês. Carbonatos de metais alcalinos 
existem em pequenas quantidades, pois reagem com o cálcio, formando CaCO3 insolúvel. Os 
sólidos dissolvidos conferem à água cor, dureza temporária ou permanente; já os gases 
dissolvidos como O2, N2, CO2, H2S podem originar: águas turvas, águas carbonatadas, águas 
poluídas etc. 
Materiais em suspensão – Os materiais ou partículas em suspensão normalmente pre-
sentes nas águas possuem origem muito diversa, podendo consistir em microrganismos, algas, 
protozoários, areia, argilas, espumes, óleo e gorduras, resíduos industriais etc. 
Microrganismos – Constituem a maior parte do problema de contaminação das águas, 
principalmente se eles forem patogênicos. As bactérias do grupo coliforme constituem um 
grande indicador de qualidade de uma água, pois a presença delas indica contaminação de 
origem fecal. De modo geral, os problemas causados por estes possíveis contaminantes 
presentes na água podem ser de ordem econômica, causando principalmente corrosão e 
incrustação nos equipamentos industriais, ou de ordem de saúde pública, transmitindo uma 
série de doenças aos homens. 
 DUREZA DA ÁGUA 
A dureza da água é devida principalmente a presença de sais de cálcio, magnésio, ferro 
e manganês. Encontrados na forma de bicarbonatos, cloretos, sulfatos e nitratos. A presença 
destes cátions na água diminui a eficiência dos sabões, que por produzirem sais de sabão 
insolúveis em água acabam por precipitar-se. Somente os sabões de metais alcalinos são 
solúveis em água. 
A dureza da água pode ser temporária ou permanente. Quando a dureza é relativa à 
presença de carbonatos, como por exemplo, o bicarbonato de cálcio, magnésio, ferro, 
manganês entre outros, a fervura da água pode eliminá-la. Já a dureza permanente é devida à 
 
ii Percolar: Fazer com que um líquido passe por um filtro para purificá-lo ou para que lhe sejam retiradas (certas) 
substâncias. (Etm. do latim: percolare) 
iii Os metais alcalinos lítio, sódio, rubídio, césio e frâncio (assim chamados por serem facilmente encontrados sob 
a forma de bases de Arrhenius – álcalis) constituem o grupo 1A da tabela periódica. Portanto, sua configuração 
eletrônica sempre termina em ns¹, com n variando de 1 a 7. Apenas o hidrogênio não é metálico, e apenas está 
nesse grupo por também satisfazer a regra s¹, entretanto não possui praticamente nenhuma outra característica 
físico-química semelhante com os outros elementos. 
http://www.infoescola.com/quimica/metais-alcalinos/
http://www.infoescola.com/quimica/bases-de-arrhenius/
http://www.infoescola.com/quimica/tabela-periodica/
http://www.infoescola.com/elementos-quimicos/hidrogenio/
http://www.infoescola.com/quimica/metais-alcalinos/
20 
presença de sais de cálcio, magnésio, ferro, manganês entre outros, na forma de sulfatos, 
nitratos e cloretos que não podem ser eliminados por fervura, pois são solúveis em água e não 
se decompõem por aquecimento. Este tipo de dureza pode ser eliminado somente por 
tratamento químico ou por resinas trocadoras de íons. A dureza de uma água é expressa 
normalmente por mg de CaCO3 por litro de água ou em partes por milhão (ppm), pois o litro 
da água é igual a um milhão de miligramas. 
 TIPOS DE ÁGUA QUANTO A FINALIDADE DE USO 
A água potável é destinada ao consumo humana, suas especificações são reguladas ou 
controladas por órgãos públicos e deve ter sua qualidade controlada e garantida desde a 
geração até a distribuição no ponto de consumo. A água denominada água industrial ou de 
processo é a água potável ou similar, submetida a tratamento para se adequar às 
especificações requeridas para uso em processo industrial. A indústria cosmética utiliza a 
água purificada como insumo. Os sistemas de tratamento de água serão abordados no 
Capítulo III. 
 TENSOATIVO 
Uma maneira de classificar os tensoativos em categorias baseia-se em sua estrutura 
química, mais especificamente na natureza do grupo polar. Neste sentido, os tensoativos 
podem ser classificados como iônicos – tensoativos aniônicos e catiônicos-, não-iônicos e 
anfóteros. 
 TENSOATIVOS ANIÔNICOS 
Os tensoativos são classificados como aniônicos (Tab.1) quando em solução aquosa 
possuem carga negativa em sua porção hidrofílica. Os principais representantes desta classe 
são os sabões de ácidos graxos, os alquil sulfatos, os alquil éter sulfatos e os alquil 
sulfossuccinatos, embora muitos outros não deixem de ter sua importância para uma ou outra 
aplicação específica. São, em geral, de alto poder espumante, alta detergência e alta 
umectância, quando comparados às demais classes de tensoativos.(BAREL et al., 2009) 
Os sabões alcalinos de ácidos graxos são amplamente utilizados na fabricação de 
sabonetes em barra, pois seu desempenho é satisfatório e seu custo é baixo. Normalmente, os 
aniônicos são mais pobres em espuma e suscetíveis à dureza de água. A adição de agentes 
quelantes e sequestrantes pode melhorar o desempenho destes produtos. 
Os alquil sulfatos, indubitavelmente, juntamente com os alquil éter sulfatos são os 
produtos mais utilizados como agentes tensoativos espumógenos em cosméticos capilares, 
21 
sabonetes líquidos, produtos de higiene oral, entre outras aplicações. Dentre os alquil sulfatos, 
os mais importantes são os lauril sulfatos que possuem ampla aplicação na indústria 
cosmética. As principais características dos alquil sulfatos são seu alto poder espumógeno, 
alta reserva de viscosidade, boa solubilidade em água, odor agradável e completa 
biodegradabilidade. 
Na classe de alquil éter sulfatos, os mais importantes são os lauril éter sulfatos por 
suas propriedades diferenciadas: são mais hidrofílicos (50 %) que seus correspondentes não 
etoxilados, possuem baixa irritabilidade aos olhos e à pele, baixo ponto de turvação, fácil 
controle de viscosidade a partir de adição de eletrólitos e maior resistência à dureza de água. 
O processo de obtenção consiste na etoxilaçãodo álcool laurílico, seguida da sulfonação do 
álcool laurílico etoxilado, gerando um ácido que é neutralizado por uma base tal como soda, 
trietanolamina, amônia ou monoetanolamina, produzindo diferentes sais de lauril éter sulfato, 
portanto, diferentes tensoativos. 
Ainda como tensoativos aniônicos tem-se os alquil sulfossuccinatos, de excelente 
poder umectante, embora produzam pouca espuma e possuam baixo poder detergente. Os 
monoalquil sulfo-succinatos foram desenvolvidos recentemente, são pouco irritantes aos 
olhos e apresentam baixíssima toxicidade, e possuem baixa solubilidade em água, mas esta 
característica pode ser melhorada através da etoxilação de sua cadeia graxa com dois a três 
mols de óxido de eteno. 
Os sulfossuccinatos são utilizados, preferencialmente, em xampus infantis, em geral, 
associados a um lauril éter sulfato para melhorar suas propriedades de espuma e detergência. 
Os sulfonatos de alfa-olefinas, os tauratos e os sarcosinatos são também tensoativos aniônicos 
de baixa irritabilidade, mas ao contrário dos sulfossuccinatos possuem rica espuma. Sua 
utilização, no entanto, não é muito frequente no mercado brasileiro.(LANIGAN, 2001) 
 TENSOATIVOS CATIÔNICOS 
Os tensoativos catiônicos (Tab.1) são caracterizados por possuírem um grupo 
hidrofílico carregado positivamente ligado à cadeia graxa hidrofóbica. Possuem menor 
aplicação em cosméticos, comparativamente aos tensoativos aniônicos, devido a algumas 
características indesejáveis, como incompatibilidade com tensoativos aniônicos, irritabilidade 
à pele e aos olhos e baixo poder detergente. 
Algumas propriedades importantes destes tensoativos fazem com que sejam utilizados 
em preparações cosméticas como bactericidas e agentes antiestáticos em condicionadores 
capilares. Como os condicionadores são produtos utilizados após a lavagem, não necessitam 
conter tensoativos aniônicos altamente detergentes, responsáveis, portanto, pela limpeza dos 
22 
fios de cabelo. Isso torna possível, utilizar formulações baseadas em tensoativos catiônicos, os 
maiores agentes promotores de substantividade, efeitos antiestático e de condicionamento às 
fibras dos cabelos. 
A mudança da natureza lipofílica da superfície do cabelo devido à adsorção do agente 
catiônico permite que outros ingredientes da formulação tenham maior compatibilidade com o 
cabelo. Assim, na presença de agentes catiônicos ocorre maior deposição de materiais graxos 
e emolientes (componentes oleosos) em sua superfície, substâncias que contribuem 
sinergicamente para os efeitos dos agentes catiônicos. 
Os tensoativos catiônicos de maior utilização em preparações cosméticas são os sais 
de amônio quaternário e, dentre os quais, o mais usado no Brasil é o cloreto de 
cetiltrimetilamônio, sendo que os cloretos de dialquildimetilamônio são também muito 
utilizados. 
Os sais de amônio quaternário ou compostos quaternários de amônio são sais de 
cátions quaternários de amônio com um ânion. São usados como desinfetantes e amaciadores 
de tecido, agentes antiestáticos (por exemplo, em xampus) e catalisadores de transferência de 
fase. Nos amaciadores de roupa líquidos, são geralmente usados os sais de cloreto (por 
exemplo, cloreto de etildimetilamônio) ou os de sulfato de metilo. 
Tabela 1 - Principais tensoativos iônicos de uso cosmético. 
CLASSE DE TENSOATIVOS INCI APLICAÇÃO 
Aniônicos: 
Sabões de ácidos graxos: 
• Lauril sulfato de sódio 
• Lauril sulfato de TEA 
• Lauril sulfato de amônia 
• Lauril éter sulfato de sódio 
• Lauril éter sulfato de TEA 
• Lauril éter sulfato de amônia 
• Lauril éter sulfossuccinato de sódio 
 
• SODIUM LAURYL SULFATE 
• TEA LAURYL SULFATE 
• AMONIUM LAURYL SULFATE 
• SODIUM ETHER LAURETH SULFATE 
• TEA ETHER LAURETH SULFATE 
• AMONIUM ETHER LAURETH SULFATE 
• SODIUM LAURETH SULFATE and DIS-
SODIUM LAURETH SUFOSUCCIONATE 
Xampus, sabonetes, loções de 
limpeza, sabonetes cremosos, 
sendo utilizados também para 
o amolecimento de 
comedões. 
Catiônicos: 
Quaternários de amônio: 
• Cloreto de cetil-trimetil amônio 
• Brometo de cetil-trimetil amônio 
 
• CETRIMONIUM CHLORIDE 
• CETRIMONIUM BROMIDE 
Antimicrobianos, utilizados 
em desodorantes e em alguns 
xampus anticaspas e em 
condicionadores capilares. 
 TENSOATIVOS NÃO-IÔNICOS 
Os tensoativos não-iônicos (Tab.2) são caracterizados por possuírem grupos 
hidrofílicos sem cargas ligados à cadeia graxa. Possuem como características a 
compatibilidade com a maioria das matérias-primas utilizadas em cosméticos, baixa 
irritabilidade à pele e aos olhos, um alto poder de redução da tensão superficial e interfacial e 
baixos poderes de detergência e espuma. Estas características permitem que estes tensoativos 
sejam utilizados principalmente como agentes emulsionantes. 
23 
As alcanolamidas de ácidos graxos pertencem à classe de tensoativos não-iônicos. No 
mercado brasileiro a dietanolamida de ácido graxo de coco é mais utilizada devido ao baixo 
custo e disponibilidade local das matérias-primas e por dispensar aquecimento para seu uso. 
São obtidas pela reação da dietanolamina ou monoetanolamina com ácidos graxos de coco. 
São utilizadas como agentes sobrengordurantes, espessantes e solubilizantes de fragrâncias e 
materiais oleosos. 
Dentre os tensoativos não-iônicos as alcanolamidas graxas são as que possuem maior 
utilização em preparações espumógenas, principalmente em xampus, por apresentarem poder 
espessante pelo aumento da reserva de viscosidade, ou seja, por permitirem maior absorção de 
água e maior resistência a eletrólitos, estabilização de espuma, pela solubilização dos ésteres 
graxos, glicóis, álcoois, óleos essenciais, lanolina, etc., efeito sobrengordurante 
(recondicionamento), devido à estrutura graxa e ao baixo poder de detergência, reduz o efeito 
de ressecamento causado pelos tensoativos aniônicos. 
Outros componentes da classe de tensoativos não-iônicos são os derivados de polióis, 
como os ésteres de glicerol. Destes, o monoestearato de glicerila é o mais utilizado em loções, 
cremes e batons, este é obtido pela reação direta do ácido esteárico com glicerol. Com a 
adição de um emulsionante aniônico, obtém-se o monoestearato de glicerila auto-
emulsionável. 
Entre os polióis tem-se ainda a classe dos derivados de glicóis, da qual os ésteres de 
glicóis são os componentes mais simples. São agentes emulsionantes com grupamento 
hidrofílico proveniente do glicol e lipofílico oriundo do ácido graxo, sendo utilizados 
normalmente como emulsionantes auxiliares, dispersantes, agentes de consistência, 
opacificantes e perolizantes. Podem ser disponíveis na forma de concentrados, onde ocorrem 
em misturas com outros tensoativos. 
Muitos tensoativos não-iônicos são utilizados, também como emolientes, atuando na 
prevenção e alívio do ressecamento da pele, bem como na sua proteção. São substâncias que 
conferem maciez e flexibilidade à pele. Agem através da retenção de água no estrato córneo 
por meio da formação de uma emulsão de água em óleo. 
Os emolientes apresentam também como propriedades um fácil espalhamento, 
facilidade de penetração na pele, auxiliam na dispersão de pigmentos, atuam como 
emulsionantes e cossolventes. Um exemplo de produto desta categoria é o álcool estearílico 
propoxilado, muito utilizado nesta função por não possuir poder comedogênico (causador de 
acnes). 
Alguns tensoativos não-iônicos são utilizados como solubilizantes de fragrâncias 
citando-se como exemplos, os álcoois laurílicos etoxilados. Com graus de etoxilação entre 6 e 
24 
9 os álcoois laurílicos possuem também boa detergência e reduzido volume de espuma, o que 
os torna úteis em produtos para limpeza facial. São bastante suaves e biodegradáveis, 
apresentando também boa tolerância à dureza de água. 
Tensoativos não-iônicos também podem ser utilizados como agentes de consistência, 
destacando-se o álcool cetoestearílico etoxilado com 20 moles deóxido de eteno, 
normalmente utilizado em conjunto com o material de partida de sua síntese (álcool 
cetoestearílico não etoxilado) em condicionadores capilares e cremes diversos. 
Os alquilpoliglicosídeos são uma família relativamente nova de tensoativos. São 
sintetizados reagindo glicose de amido de milho com um álcool graxo. A molécula resultante 
é um tensoativo não-iônico de boa solubilidade em água devido aos grupos hidroxila. São 
bons detergentes e têm grau muito elevado de biodegradabilidade. Os principais tensoativos 
desta classe são o decil e o laurilpoliglicosídeo com grau de polimerização (número médio de 
unidades de glicose por unidade de álcool). 
 TENSOATIVOS ANFÓTEROS 
Os tensoativos anfóteros (Tab.2) são caracterizados por apresentarem, na mesma 
molécula, grupamentos positivo e negativo. O grupamento positivo é, normalmente, 
representado por um grupo de nitrogênio quaternário e o negativo por um grupo carboxilato 
ou sulfonato. 
Propriedades como solubilidade, detergência, poder espumanteiv e poder umectante 
dos tensoativos desta classe estão condicionados, principalmente, ao valor do pH do meio e ao 
comprimento da cadeia que os constitui. O grupo polar positivo é mais pronunciado em valor 
de pH menor que 7 ao passo que o grupo polar negativo é mais pronunciado em valor de pH 
maior que 7. Os tensoativos anfóteros mais utilizados na indústria cosmética são os derivados 
de imidazolina e as betaínas. 
Os derivados de imidazolina são obtidos pela condensação de ácido graxo de coco 
com monoetiletanolamina, resultando na imidazolina graxa, que reagindo com o 
monocloroacetato de sódio (um ou dois mols) produz a imidazolina anfoterizada. Estes 
compostos são referidos comumente como cocoanfocarboxiacetatos, ou ainda, propionatos, 
no caso de reação com monocloropropionato de sódio ou acrilato de etila. 
As betaínas são obtidas pela reação da cocodimetilamina com o monocloroacetato de 
sódio para obter a cocobetaína ou pela condensação do ácido graxo de coco com 
 
iv Espumante: substância capaz de produzir espuma. A espuma é o conjunto de interações intermolecular entre os 
componentes do ar, a água e tensoativos. Para que a exista espuma é necessária à presença de tensoativos para 
que haja retenção dos gases do ar. 
25 
dimetilaminopropilamina e posterior reação com monocloroacetato de sódio para obter a 
cocoamidopropil betaína. 
Tabela 2 - Alguns tensoativos não-iônicos e anfóteros de uso cosmético. 
CLASSE DE TENSOATIVOS INCI APLICAÇÃO 
Não-iônicos: 
• Monoetanolamida de ácido graxo de coco 
• Dietanolamida de ácido graxo de coco 
•COCAMIDE MEA 
•COCAMIDE DEA 
Agentes de consistência, estabilizantes de 
espuma, sobrengordurantes e solubilizantes 
de fragrâncias. 
Óleo de mamona etoxilado ou óleo de rícino 
etoxilado 
Os membros de cada faixa têm diferentes graus 
de etoxilação (moles)/unidades de PEG, tal 
como indicado pelo seu sufixo numérico (n). 
PEG-(N) CASTOR OIL 
Solubilizantes de fragrâncias, hidrótoposv 
em preparações líquidas e límpidas. 
Álcoois graxos etoxilados: 
• Álcool laurílico etoxilado 2 moles EO 
• Álcool Laurílico etoxilado 10 moles EO 
• Álcool Cetoestearílico 20 moles EO 
 
• LAURETH-2 
• LAURETH-10 
• CETEARETH-20 
Solubilizantes de fragrâncias, detergentes, 
emolientes, agentes de consistência, 
solubilizantes de fragrâncias em preparações 
líquidas. 
Mono e diésteres de cadeia longa de 
polietilenoglicol 
 
Agentes espessantes, emulsionantes, 
dispersantes, opacificantes e perolizantes. 
Anfóteros: 
• Betaína de coco 
• Cocoamidopropil betaína 
• Cococarboxianfoglicinato de sódio 
 
•COCOAMIDOPROPYL 
BETAINE 
Cremes, loções cremosas, sabonetes 
líquidos, géis para banho, xampus mais 
suaves (infantis) e géis e higienizantes. 
 ESPESSANTE 
A viscosidade do produto cosmético é um dos principais apelos de marketing 
utilizados neste segmento de mercado, visto que o consumidor entende que, quanto mais 
viscoso for o produto, maior sua “concentração” e consequentemente maior o seu rendimento, 
proporcionando uma maior economia do produto. 
Os espessantes possuem a capacidade de aumentar a viscosidade das formas 
cosméticas (soluções, emulsões e suspensões), impactando em sua estabilidade, sensorial, 
aparência e funcionalidade. Grande parte dos espessantes possuem, além do espessamento, 
características desejáveis de modificar a reologia do meio em que se encontram. 
Os espessantes são classificados, grosseiramente, em dois grandes grupos - os 
orgânicos e os inorgânicos. Os espessantes orgânicos dividem-se por sua vez em duas classes: 
(1) os espessantes de fase oleosa ou agentes de consistência e (2) os espessantes de fase 
aquosa, que são normalmente insolúveis na fase oleosa. 
 
v Hidrótopos: Compostos químicos que têm a propriedade de aumentar a solubilidade em água de várias 
substâncias orgânicas pouco solúveis neste meio, ou seja, aumenta a capacidade da água de dissolver outras 
substâncias. São utilizados como estabilizadores de formulações de detergentes líquidos ou outros sistemas com 
altas concentrações de sais inorgânicos e tensoativos. A utilização de hidrótopos nestes casos elimina problemas 
de separação de fases, potencializa a ação do sistema tensioativo nas formulações, aumenta a solubilização dos 
mesmos em água, diminui o ponto de turvação. Entre os hidrótopos mais usados temos: ureia, cumeno sulfonato 
de sódio, tolueno sulfonato de sódio e xileno sulfonato de sódio. 
26 
 AGENTES ESPESSANTES ORGÂNICOS 
3.1.1 ESPESSANTES ORGÂNICOS DE FASE OLEOSA 
Os espessantes de fase oleosa ou espessantes lipofílicos são insolúveis em água e 
solúveis em óleo. São empregados em cremes, loções e condicionadores. Exemplos: álcoois 
graxos; ésteres de álcoois; ácidos graxos; ceras naturais e minerais, óleos e gorduras. 
Os álcoois graxos com cadeia carbônica C16-22 são os espessantes graxos mais 
efetivos, dentre estes, os álcoois cetílico (C16), cetoestearílico (C16 e C18), estearílico (C18), e 
berrênico (C22), são muito tolerantes em ampla faixa de pH e agem também como emolientes 
e estabilizantes. A parte de suas excelentes propriedades espessantes e estabilizantes, quando 
utilizados como único agente co-emulsionante ou agente de consistência, apresentam algumas 
desvantagens: (i) a viscosidade aumenta excessivamente com o envelhecimento da emulsão; 
(ii) emulsões são mais transparentes; (iii) usados em altas concentrações apresentam aspecto 
ceroso e falta de brilho; e (iv) podem causar irritações a pessoas muito sensíveis. 
Os ésteres de álcoois graxos, de glicóis, polióis e de poliglicóis, depois dos álcoois 
graxos são os compostos com maior capacidade de espessamento e estabilização da emulsão, 
pois remanesce um comportamento de afinidade do álcool graxo utilizado na sua síntese. Mas 
é o tipo de éster que determina o poder espessante deste. Os principais ésteres são: miristato 
de miristila; palmitato de cetoestearila; estearato de cetoestearila; palmitato de cetila; e 
estearato de cetila. Estes ésteres sintéticos substituíram o antigo espermacete de baleia, 
largamente utilizado em emulsões cosméticas há algumas décadas com a finalidade de 
proporcionar corpo e opacidade à emulsão. O produto que mais se aproxima das 
características do espermacete natural é o palmitato de cetila. Os ésteres geralmente conferem 
mais opacidade para a emulsão que os álcoois graxos. No entanto, não toleram valores de pH 
muito baixo (< 4), pois sofrem hidrolise. 
O ácido graxo mais utilizado é o esteárico por seu maior poder espessante. O tipo do 
glicol utilizado e o teor de mono e diéster também influenciam o comportamento espessante 
do ácido graxo. Os principais são monoestearato de glicerila; monoestearato de etilenoglicol; 
diestearato de etilenoglicol; monoestearato de dietilenoglicol; monoestearato de 
propilenoglicol; monoestearato de sorbitan; sesquiestearato de metilglicose; monoestearato de 
sacarose;e diestearato de sacarose. Dos ésteres obtidos da reação de ácidos graxos com 
glicóis, o mono e o diestearato de etilenoglicol ou de dietilenoglicol são responsáveis por 
maior opacidade nas emulsões de cremes e loções e por brilho pérola em xampus. 
Os óleos, gorduras e ceras naturais, modificadas ou não, são triglicérides, ou seja, 
ésteres graxos de glicerol. São utilizados os compostos que apresentam, naturalmente ou por 
27 
modificação por hidrogenação catalítica, ponto de fusão de pelo menos 20 °C acima da 
temperatura média ambiente. Entre os membros desta classe podemos citar o óleo de soja 
hidrogenado; óleo de rícino hidrogenado; frações de triglicerídeos originais; manteigas 
naturais (manteiga de cacau, murumuru, tucumã); e ceras animais e vegetais (abelha, candelita 
e carnaúba). Para serem emulsionados, estes agentes de consistência necessitam de 
emulsionantes com altos valores de EHL (assunto tratado no tópico emulsões), normalmente, 
entre 16 e 20. Os triglicerídeos que podem auxiliar no espessamento são em sua maioria óleos 
vegetais insaturados, devendo ser utilizado antioxidante para impedir o escurecimento da 
emulsão. 
3.1.2 ESPESSANTES ORGÂNICOS DE FASE AQUOSA 
Os espessantes de fase aquosa são agentes poliméricos naturais e sintéticos, hidratos 
de carbono e os ésteres de polióis e poliglicóis de ácidos graxos. Confere viscosidade a fase 
aquosa ou espessantes hidrofílicos. São normalmente insolúveis na fase oleosa. 
Um polímero orgânico é uma molécula muito grande, que pode ser considerada como 
sendo construída de muitas moléculas pequenas e idênticas (monômeros), ligadas entre si por 
meio de ligações covalentes. Os espessantes poliméricos auxiliam a estabilização das 
emulsões óleo em água, aumentando a viscosidade da fase contínua, principalmente na faixa 
de temperatura entre 40-55 °C, onde o sistema de estabilização por cristais líquidos sofre 
colapso. Quantidades pequenas como 0,05 - 0,15 % muitas vezes são suficientes para 
estabilizar a emulsão. Podem ser naturais ou sintéticos. Diversos polímeros sintéticos são 
utilizados como espessantes e até como auxiliares de emulsificação em emulsões cosméticas. 
Diferem entre si pelo comportamento espessante, sensação sobre a pele e manutenção da 
viscosidade frente a outras matérias-primas cosméticas, principalmente os eletrólitos. 
Os agentes poliméricos podem ser classificados em diferentes grupos químicos: os 
sintéticos, tais como, polímero carboxivinílico ou carbômero (por exemplo, Carbopol® (INCI 
– CARBOMER), Polivinilpirrolidona (INCI – PVP), Álcool polivinilico (INCI - 
POLYVINYL ALCOHOL)), poliacrilato de sódio ou carbômero sódico, metacrilato de 
poliglicerila;, poliacrilamida com isoparafina C13-14 com álcool laurílico etoxilado 7, 
copolímero de acrilamida com parafina com isoparafina com polisorbato 85, entre outros; e os 
naturais, tais como, CMC – Carboximetilcelulose (INCI - CELLULOSE GUM), HEC – 
Hidroxietilcelulose – Natrosol® (INCI – HYDROXYETHYLCELLULOSE), Polissacarídeos: 
amido (INCI - CORN STARCH MODIFIED), Agar-agar (INCI – AGAR), gomas e alginatos. 
Estes são alguns espessantes poliméricos no mercado que. assim como seus sais, 
28 
proporcionam aumento de viscosidade nas formulações, no entanto, apresentam um custo 
mais elevado. 
Os agentes poliméricos em concentrações adequadas proporcionam uma agradável 
sensação de lubricidade e deslizamento na pele, características muito relacionadas à reologia 
do produto. Para aplicação como espessantes de fase aquosa, os polímeros derivados do ácido 
acrílico podem fornecer soluções aquosas muito transparentes. 
Os carbômeros são polímeros carboxivinílicos derivados do ácido acrílico que 
apresentam a forma de pó e são de natureza aniônica, pois apresentam grupos carboxílicos 
ligados na cadeia carbônica. Estes polímeros devem ser dispersos, hidratados e posteriormente 
neutralizados com bases orgânicas (trietanolamina, aminometilpropanol – AMP®95) e 
inorgânicas (hidróxido de sódio), para conferir espessamento. A vantagem desses polímeros é 
que se neutralizados com bases orgânicas de grande comprimento de cadeia carbônica podem 
fornecer polímeros emulsionantes com capacidade espessante. 
Goma guar e goma xantana são polímeros orgânicos naturais, com capacidade 
espessante e dispersante, utilizados em cremes e loções, xampus e condicionadores. 
Apresentam-se na forma de pó que devem ser dispersos em água antes do uso. Goma xantana 
é um polímero aniônico e mantém sua viscosidade em ampla faixa de valor de pH e meio 
eletrolítico, mesmo em maior temperatura. 
Os hidratos de carbono (HC) já foram discutidos como umectantes. Sua aplicação 
como espessantes está relacionada aos polissacarídeos. A ligação de vários açúcares produz 
polissacarídeos. O amido é um polissacarídeo que serve como forma de reserva de energia. 
Sua estrutura é similar à da celulose, composta de unidades de D-(+)-glicose ligadas entre si. 
O hidrato de carbono mais abundante, aliás, o composto orgânico mais abundante na Terra, é 
a celulose. Trata-se de um polissacarídeo com estrutura semelhante à do amido, 
diferenciando-se apenas pela ligação entre as unidades de glicose. Os polissacarídeos usados 
como espessantes geralmente são derivados da celulose. 
Carboximetilcelulose de sódio (CMC-Na), hidroxietilcelulose (HEC), 
hidroxipropilcelulose (HPC) e hidroxipropilmetilcelulose (HPMC) são alguns exemplos de 
HC e são utilizados para espessar soluções aquosas de xampus, sabonetes líquidos, cremes, 
loções, géis, entre outras bases cosméticas. 
A CMC-Na é obtida da reação dos grupos −OH da celulose com monocloroacetato de 
sódio, sendo de natureza aniônica e, portanto, incompatível com substâncias catiônicas. A 
CMC-Na não necessita ser neutralizada para dar espessamento, pois já está na forma sódica e 
confere soluções translúcidas a turvas e é muito utilizado em creme dental, mas pouco 
utilizada em géis e cremes. 
29 
A HEC, HPC e HPMC são derivados não iônicos que apresentam o grupo hidroxila, 
como já foi dito, assim são compatíveis com tensoativos catiônicos, de aparência sólida, 
devendo ser dispersos e hidratados em água para conferir espessamento. Estes polímeros são 
dispersíveis em água fria ou álcool, insolúvel em água quente acima de 70 °C e em solventes 
orgânicos. Conferem géis transparentes em meios fortemente alcalinos e a presença de 
eletrólitos no meio reduz a capacidade de espessamento. 
Alguns HCs podem ser modificados também por sua reação com ácidos graxos, 
resultados em ésteres graxos solúveis em água, tais como o sesquiestearato de metilglicose, 
mono e o diestearato de sacarose. Tais polímeros naturais podem sofrer hidrólise enzimática 
com o envelhecimento, perdendo suas propriedades espessantes. Para prevenir a hidrólise, 
suas soluções devem ser adequadamente preservadas. 
Ésteres de polióis e de poliglicóis. Quando os poliglicóis usados na síntese do éster 
são de elevada massa molar, o composto resultante passa a possuir elevada solubilidade em 
água, atuando como um espessante da fase aquosa, como é o caso do diestearato de PEG 
6000, que se mostra como um efetivo agente espessante de produtos que contenham misturas 
de detergentes aniônicos (principalmente alquilétersulfatos) e anfóteros, inclusive com 
sulfossuccinatos. Sua baixa irritabilidade resulta em xampus adequados ao uso infantil. Para o 
preparo de xampus contendo este tipo de material, se faz necessário um aquecimento a 70-75 
°C, pois são materiais sólidos à temperatura ambiente. Apesar da presença de tal material 
produzir sistemas viscosos sem a necessidade de cloreto de sódio, a inclusão de pequenas 
quantidades de eletrólitos pode resultar em produtos com altíssimos níveis de viscosidade. 
 AGENTES ESPESSANTES INORGÂNICOS 
Os espessantes inorgânicos são geralmente os eletrólitos, tais como cloreto de sódio, 
citrato de sódio, fosfato de sódio ou amônio, Sulfatos de sódioou de magnésio e os alumino 
silicatos e são destinados ao espessamento da fase aquosa do cosmético. O mais utilizado é o 
Cloreto de sódio, devido ao seu baixo custo.(BECHER, 1977) 
Eletrólitos são usados para espessamento de soluções aquosas de tensoativos 
aniônicos, mas não para não iônicos. São utilizados em xampus e sabonetes 
líquidos.(BECHER et al., 1976) 
Cloreto de sódio (INCI – SODIUM CHLORIDE) 
Cloreto de amônio (INCI – AMMONIUN CHLORIDE) 
Citrato de sódio (INCI – SODIUM CITRATE) 
Fosfato de sódio (INCI – SODIUM PHOSPHATE) ou Fosfato de amônio (INCI – AMMONIUN PHOSPHATE) 
Montmorilonitas modificadas (Veegan) que são argilas naturais de silicatos de 
alumínio e magnésio, fornecendo soluções opacas e por isso são utilizadas em cremes e loções 
30 
cremosas e xampus opacos ou perolados. Devem ser fortemente dispersadas e hidratadas em 
solução aquosa e não devem ser aquecidas acima de 50 °C. São utilizadas em concentrações 
de 1 a 2 % nas formulações. 
Os espessantes inorgânicos modificados ou que não compreendem um grupo de 
substâncias de origem natural obtido de diferentes minerais e submetido a processos especiais 
de purificação e organicamente modificado, como os silicatos naturais complexos hidratados, 
originários basicamente dos minerais bentonitas, montmorilonitas e atapulgitas, que são 
silicatos complexos de alumínio e magnésio hidratados, dotados de grande capacidade de 
absorção de água. Sendo que o grau de absorção de água determina o poder espessante e 
estabilizante dos diferentes produtos. Alguns destes minerais podem ser modificados 
organicamente com sais quaternários de amônio e têm a propriedade de absorverem tanto óleo 
quanto solventes inorgânicos, formando géis consistentes. Estes géis são responsáveis pela 
doação de propriedades suspensivas e pelo caráter tixotrópico (assunto da reologia) aos 
produtos que os contém. Como exemplos são citados a estearalcônio hectorita; quatêrnio 18 
bentonita; e quatêrnio 18 hectorita. 
As sílicas pirogênicas são obtidas pela combustão do tetracloreto de silício. 
Apresentam um grande volume aparente e, consequentemente, alto poder de absorção de água 
ou óleo, formando géis transparentes ou translúcidos em função do índice de refração do 
veículo utilizado. Devido a este poder absorvente, ressecam a pele quando usados em altas 
concentrações. Também proporcionam propriedades tixotrópicas às formulações. O dióxido 
de silício (ácido silício) é um bom exemplo desta classe de produtos.(PEDRO, 2000; 
SANCTIS, 2003) 
 CONSERVANTE ANTIMICROBIANO 
Devido à contaminação dos produtos em geral, a conservação tem sido estudada de 
maneira científica ao longo dos últimos 80 anos. Atualmente, grande importância é dada ao 
assunto, não apenas devido ao aspecto microbiológico, mas em relação aos problemas de 
irritação e toxicidade para o consumidor, porque na maioria das formulações são utilizadas 
bases aquosas atrativas para microrganismo. Por isso é necessário um sistema de conservação 
ideal para suprir as necessidades da formulação dos produtos. 
Os conservantes são usados para impedir a ação de bactérias e fungos 
(microrganismos) nos produtos (preparações líquidas e semissólidas), por isso são 
considerados antimicrobianos e tem uma grande importância para a indústria. 
31 
Os conservantes antimicrobianos são substâncias que quando adicionadas aos produtos 
tem como finalidade preservá-los de danos causados por microrganismos durante a estocagem 
ou mesmo de contaminações acidentais produzidas pelos consumidores durante o uso. 
Os conservantes antimicrobianos possuem propriedades que inibem o 
desenvolvimento dos microrganismos e protegem contra efeitos físicos (alteração das 
características do produto) e químicos (alteração da composição da matéria), fatores que 
influenciam na deterioração biológica do produto. Ao controlar esse desenvolvimento e 
prevenir esses efeitos, prolonga-se a vida útil do produto final, e garante-se seu bom aspecto, 
além de evitar doenças causadas por bactérias e fungos. 
Os produtos em geral podem causar riscos de contaminação. Essas contaminações 
podem ocasionar infecções que são provocadas por produtos quando contaminados, sendo 
relativa às deteriorações físicas e químicas. Essas alterações são consideradas de acordo com 
a potencialidade metabólica variada dos microrganismos, juntamente com sua proliferação, 
podendo resultar na formação de toxinas que causam infecções através das bactérias e fungos. 
Alguns exemplos de antifúngicos são: ácido benzóico, benzoato de sódio, 
butilparabeno, metilparabeno (Nipagin®), propilparabeno (Nipasol®), etilparabeno, propionato 
de sódio. E como antibacterianos podemos citar: cloreto de benzalcônio, cloreto de 
benzetônio, álcool benzílico, cloreto de cetilpiridíneo, clorobutanol, fenol. Todos podem ser 
utilizados sozinhos ou em um sistema de conservação (isto é, uma combinação de substâncias 
conservantes como, por exemplo, IMIDAZOLIDINYL UREA 0,3 % + METHYLPARABEN 
0,2 % + PROPYLPARABEN 0,1 %, que tem mostrado bom desempenho em cosméticos. 
Quimicamente os parabenos (Tab.3) são classificados como ésteres pertencentes à 
série homóloga do ácido benzóico, esterificado no carbono 4 (C-4), formando os derivados 
metil, etil, propil, butil, heptil e benzil-parabeno ésteres. Estes conservantes têm atividade 
antimicrobiana boa, custo baixo e toxidade relativamente baixa, e com isso passaram a ter um 
uso mais generalizado. Não apresentam aderência suficiente para que possam se concentrar no 
corpo e apresentam ausência de potencial cancerígeno. Parabenos são antimicrobianos ativos 
em valores de pH superiores a 4 e são inativos em pH superiores a 8. 
Tabela 3 - Os derivados dos parabenos ésteres e a nomenclatura INCI correspondente. 
Parabeno Nome INCI 
Benzilparabeno BENZYLPARABEN 
Butilparabeno BUTYLPARABEN 
Etilparabeno ETHYLPARABEN 
Isobutilparabeno ISOBUTYLPARABEN 
Isopropilparabeno ISOPROPYLPARABEN 
Metilparabeno METHYLPARABEN 
Propilparabeno PROPYLPARABEN 
32 
Para cada tipo de agente conservante, e dependendo da formulação, existe uma 
concentração máxima permitida (Resolução Anvisa- RDC nº 29, de 1° de junho de 2012, que 
notifica a “Lista de Substâncias de Ação Conservante Permitidas para Produtos de Higiene 
Pessoal, Cosméticos e Perfumes” e dá outras providências (BRASIL, 2012b)) que deva ser 
seguida rigorosamente. Os contaminantes se dividem entre bactérias e fungos e algumas 
características destes estão descritas a seguir. 
Características das Bactérias: As bactérias encontram-se bastantes difundidas (ar, 
água e terra). A temperatura na qual uma espécie de microrganismo cresce mais rapidamente 
é denominada de temperatura ótima de crescimento, sendo para as bactérias entre 35 a 40 °C. 
Bactérias crescem melhor em pH neutro (6,5 – 7,5). Bactérias acidófilas crescem em pH 
ácido. Utilizam como substrato: proteínas, vitaminas, sais, dentre outros. Principais: 
Pseudomonas, Enterobacter, Klebsiella, Staphylococcus 
Características dos Fungos (bolores e leveduras): Os fungos são eucariontes, uni ou 
pluricelulares, todos heterótrofos. Eles obtêm os nutrientes de que necessitam por meio da 
absorção direta (quando essas moléculas - tais como, sais minerais, celulose, ácidos 
orgânicos, amido e açúcares - estão disponíveis no meio em que vivem) ou secretando 
enzimas digestivas (como lipases, invertases, lactases, proteinases, amilases etc.) ao seu redor 
para quebrar as macromoléculas da matéria orgânica que lhes serve de alimento; 
posteriormente, os nutrientes resultantes são absorvidos. A temperatura de crescimento 
abrange uma larga faixa, havendo espécies psicrófilas, mesófilas e termófilas. Os fungos de 
importância médica (patogênicos), em geral, são mesófilos, apresentando temperatura ótima, 
entre 20 a 30 °C. Ainda que o pH mais favorável ao desenvolvimento dos fungos esteja entre 
5 e 7, a maioria dos fungos tolera amplas variações

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