Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PROCESSUAL CIVIL OAB AD VERUMAD VERUMAD VERUM PDF Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Olá, alunos! Sabemos que vocês estão em um momento desafiador: a preparação para o Exame de Ordem, prova pela qual os bacharéis em Direito precisam passar ao concluir a graduação. O estudo para OAB por vezes traz alguns obstáculos específicos: encontrar tempo entre estágio, trabalho e afazeres de casa, conciliar com as provas finais da faculdade, com a elaboração do TCC, com os preparativos para formatura. É muita coisa! Então é necessário estudar de forma otimizada e escolher o material com sabedoria. Pensando nisso, a Ad Verum, empresa do Grupo CERS ONLINE, trouxe para você o PDF Ad Verum – OAB, que tem por premissa “atacar” os pontos nucleares de cada disciplina. Vamos te deixar preparado, de forma objetiva, para os assuntos com maior probabilidade de cair em sua prova. Racionalizar o estudo dos nossos alunos é mais que um objetivo para Ad Verum, trata-se de uma obsessão. Faça bom uso do seu PDF Ad Verum! Bons estudos Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Vamos iniciar os estudos de Direito Processual Civil para o certame ao qual você irá se submeter: A PRIMEIRA FASE DA OAB! Para essa disciplina, que conta 7 questões na prova, vamos abordar o edital da seguinte forma: CAPÍTULOS Capítulo 1 – 1. Teoria Geral do Processo. 2. Política de tratamento adequado de conflitos jurídicos. 3. Teoria dos fatos jurídicos processuais. 4. Função jurisdicional. 5. Cooperação internacional e nacional. Capítulo 2 - 6. Teoria e direito da ação. 7. Pressupostos processuais. 8. Competência. Capítulo 3 – 9. Sujeitos do Processo. 10. Deveres e responsabilidade por dano processual. 11. Partes. 12. Juiz. 13. Funções Essenciais à Justiça. Capítulo 4 – 14. Atos processuais. 15. Nulidades. 16. Preclusão. 17. Cognição. 18. Tutela Provisória. Capítulo 5 - 19. Formação, suspensão do processo e extinção do processo. 20. Alienação da coisa ou do direito litigioso. 21. Modelos de organização processual (Processo de conhecimento). 22. Providências preliminares. Capítulo 6 – 23. Julgamento conforme o estado do processo. 24. Provas. 25. Decisão Judicial. Capítulo 7 - 26. Precedentes Judiciais. 27. Coisa Julgada. 28. Ordem do processo nos tribunais. Capítulo 8 – 29. Processo de Execução em geral. Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Capítulo 9 - 30. Procedimentos especiais no CPC. 31. Procedimentos especiais em legislação extravagante. Capítulo 10 – 32. Processo coletivo. Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Sumário DIREITO PROCESSUAL CIVIL, Capítulo 1........................................................................................5 1. Teoria Geral do Processo ........................................................................................................... 5 1.1 Normas processuais civis .................................................................................................... 5 1.2 Direitos processuais fundamentais ................................................................................. 5 1.3 Disposições finais e transitórias do CPC/2015 .......................................................... 7 2. Política de tratamento adequado de conflitos jurídicos .............................................. 9 2.1 Negociação, mediação, conciliação. ............................................................................... 9 2.1.1 Princípios que regem a conciliação e a mediação (art. 166): .................. 11 2.2 Equivalentes jurisdicionais ............................................................................................... 12 2.2.1 Autotutela ....................................................................................................................... 12 2.2.2 Autocomposição .......................................................................................................... 13 2.3 Arbitragem.............................................................................................................................. 14 3. Teoria dos fatos jurídicos processuais ............................................................................... 15 3.1 Ato-fato jurídico ................................................................................................................... 15 3.2 Ato unilateral ......................................................................................................................... 15 3.3 Negócio Jurídico .................................................................................................................. 15 3.4 Fatos Naturais (Fatos Jurídicos Strictu Sensu) ........................................................ 15 3.4.1 Fatos Naturais Ordinários ........................................................................................ 15 3.4.2 Fatos Naturais Extraordinários ............................................................................... 16 3.5 Ato jurídico em sentido estrito ..................................................................................... 16 4. Função jurisdicional.................................................................................................................... 17 4.1 Noções de Jurisdição ......................................................................................................... 17 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 4.1.1 Conceito .......................................................................................................................... 17 4.1.2 Características ............................................................................................................... 19 4.1.3 Classificação ................................................................................................................... 20 4.1.4 Princípios ......................................................................................................................... 22 5. Cooperação internacional e nacional ................................................................................. 23 5.1 Cooperação internacional ................................................................................................ 23 QUESTÕES ............................................................................................................................................... 24 GABARITO COMENTADO ................................................................................................................. 27 JURISPRUDÊNCIA .................................................................................................................................... 30 LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................... 31 5 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br DIREITO PROCESSUAL CIVIL Capítulo 1 1. Teoria Geral do Processo 1.1 Normas processuais civis De acordo com o Art. 14 do CPC, a norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada. Assim, quanto à aplicação da norma processual aos processos ainda em trâmite, isto é, àqueles não acobertados pelo fenômeno processual da coisa julgada, nesse caso, aplica-se a regra do tempus regit actum, não tendo a lei nova o condão de atingir atos processuais já consumados. 1.2 Direitos processuais fundamentais Tendo em vista a ideia empregada pelo movimento do neoprocessualismo, isto é, o reconhecimento da estreita e necessária relação entre a Constituição Federal e o Processo Civil,fica claro percebermos que o CPC de 2015 dispõe, em seus artigos iniciais, as denominadas normas fundamentais (regras e princípios) do processo civil brasileiro, o que se vislumbra da análise dos artigos 1º ao 12 do CPC. Assim sendo, vejamos a seguir os principais dispositivos que tratam a respeito da matéria. O art. 1º da Lei 13.105/15, ao determinar que “O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas 6 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil”, denuncia a preocupação dada às ideias decorrentes do movimento do neoprocessualismo/neoconstitucionalismo. No Art. 2º, encontramos o chamado Princípio da Inércia, o qual preceitua que a parte deve provocar o Estado-juiz para que este exerça o seu pode/dever de jurisdição (dizer o direito), alguns doutrinadores lecionam está-se diante do “princípio da demanda” A partir disso, vislumbramos outro princípio bastante importante – o princípio do Impulso Oficial, o qual determina que, uma vez provocada a função jurisdicional do Estado, este tem o dever de impulsionar a marcha processual, no sentido de ver sanada a lide (conflito de interesse qualificado por uma pretensão resistida). O Art. 3º, caput, elenca o Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição, oriundo do art. 5º, XXXV, da Constituição Federal: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Não se pode deixar de mencionar a valorização dada pelo NCPC aos métodos de solução consensual de conflitos, como é o caso da conciliação e da mediação. Uma das novidades que o aluno deve tomar bastante atenção, reside no Art. 4º, o qual traz à baila o Princípio da Primazia da Decisão de Mérito, afirmando que “As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa”. O Art. 5º, por sua vez, trata do Princípio da Boa-fé Objetiva, a qual deve nortear todas as fases processuais, incluindo aqui, as negociações processuais, tem como fundamento o art. 422 do Código Civil. Já o Art. 6º consagra o Princípio da Cooperação, no sentido de garantir a lealdade e a boa-fé no desenrolar do processo, dele decorrem alguns deveres para http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 7 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br os sujeitos processuais, quais sejam: o de esclarecimento, o de lealdade e o de proteção. Por fim, o candidato não pode deixar de se atentar ao que estabelece o Art. 10, nele há a previsão do denominado Princípio do Contraditório Substanciado (em que as partes têm a oportunidade de influenciar na decisão final proferida), tudo com o fito de IMPEDIR a prolação da chamada “decisão surpresa”. 1.3 Disposições finais e transitórias do CPC/2015 O CPC/2015 têm vigência em 16/03/2016, havendo previsão de 1 ano de vacatio legis. Assim, de acordo com o Princípio da aplicação imediata (art. 1046, CPC), o novo código atinge os processos pendentes, isolamento dos atos processuais – preservando os já realizados –, e não retroage para prejudicar os direitos processuais adquiridos. Assim, é possível que seja cobrado em sua prova alguma questão que envolva Direito Intertemporal, de modo que é muito importante saber qual lei será aplicável em cada caso. De acordo com o CPC/2015, aplica-se o CPC/73 nos procedimentos sumários e especiais se a ação foi proposta e não sentenciada até o início da vigência do NCPC. A doutrina também aduz que os prazos processuais iniciados antes do NCPC serão integralmente regulados pelo CPC/73 (Enunciado 267, FPPC), e que a regra de contagem dos prazos em dias úteis só se aplica àqueles iniciados após a vigência do NCPC (Enunciado 268, FPPC). Nas ações declaratórias incidentais deduzidas em processos e iniciadas antes do NCPC, aplica-se, também o CPC/73. 8 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br PARA FIXAR! QUADRO DE VIGÊNCIA Decisão publicada na égide do CPC/73 Recursos e prazos do CPC/73 Decisão publicada na égide do CPC/2015 Recursos e prazos do CPC/2015 Recursos Lei da publicação da sentença Condições da ação Lei da propositura da ação Contestação Lei da citação Provas Lei do requerimento, ou do momento da determinação de ofício. 9 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 2. Política de tratamento adequado de conflitos jurídicos O Estado não detém o monopólio da solução dos conflitos por meio da jurisdição, sendo admitidas outras maneiras de as partes chegarem à solução do conflito, conhecidas como equivalentes jurisdicionais ou formas alternativas de solução dos conflitos. 2.1 Negociação, mediação, conciliação. Tratam-se de institutos distintos, porém possem inúmeras características e normas procedimentais comuns. Uma das normas fundamentais do CPC/2015 é o princípio da promoção pelo Estado da solução consensual dos conflitos (art. 3º, par. 2º, NCPC). O CNJ, diante da inércia do Poder Legislativo, editou a Resolução n. 125/2010 disciplinando as funções do mediador e do conciliador, na tentativa de instituir no Judiciário brasileiro uma política pública de solução consensual dos conflitos. Os Centros Judiciários de Solução Consensual de Conflitos, previstos no art. 165, dispõe que os Tribunais têm o dever de criarem centros judiciários de solução consensual de conflitos. São órgãos do Tribunal, do Poder Judiciário. Cabe a cada Tribunal definir a composição e a organização desses centros, com base em diretrizes estabelecidas pelo CNJ. Esses centros terão duas competências: realização das audiências de mediação e conciliação e desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição (vertente de política pública). 10 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br A condução das audiências de mediação e conciliação não será feita pelo juiz, mas sim por meio de profissionais que se submeterão a uma capacitação para tanto, os mediadores e conciliadores. Eles serão cadastrados, podendo ocorrer de duas formas: cadastro nacional (gerido pelo CNJ), e cadastro no respectivo Tribunal (TJ ou TRF). Nesse cadastro, é preciso que se especifique qual a área de especialização do mediador ou conciliador, constar dados relevantes (número de causas, sucesso ou insucesso), como se fosse um histórico do mediador e do conciliador. Ainda, a mediação e a conciliação podem se dar em câmaras privadas, fora dos centros judiciários, se as partes as escolherem ou se essas câmaras forem conveniadas com o Tribunal (art. 168). O mediador e o conciliador, ainda, pode ser concursado ou não, pois os Tribunais podem criar cargos públicos de mediadores e conciliadores (a serem providos por meio de concurso público – art. 167, par. 6º); ou cadastrar profissionais que queiram ser mediadores ou conciliadores. De acordo com o artigo art. 165, par. 2º e 3º do CPC, há uma diferencia legal entre mediadores e conciliadores: MEDIADORES (PAR. 3º) CONCILIADORES (PAR. 2º) São terceiros estranhos ao conflito que auxiliam os conflitantes na busca da solução consensual. Distinguem-se pelas técnicas que utilizam (o modo de auxílio dos conflitantes). A mediação é uma técnica mais sutil. Não pode fazer propostas de acordo. A conciliação é uma técnica mais incisiva, invasiva. 11 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Tem que ser apenas um facilitador do diálogo, para que os próprios conflitantes construam a solução. Técnica recomendada para os casos em que os conflitantes já tinham anteriormente uma relação jurídica entre eles, um histórico de relação. Ex.: conflitos de família, sociedades, vizinhança. O conciliador pode fazer propostas de soluçãodo conflito. Técnica recomendada para conflitos episódicos ou ocasionais, entre pessoas que não tinham relação anterior. Ex.: conflitos decorrentes de acidentes, entre fornecedor e consumidor 2.1.1 Princípios que regem a conciliação e a mediação (art. 166): Independência (do mediador e do conciliador): está relacionada à atuação dos mediadores e conciliadores, que não podem sofrer pressões de quem quer que seja no exercício de suas funções; Imparcialidade (do mediador e do conciliador): é possível a arguição da suspeição ou do impedimento do mediador e do conciliador (são auxiliares da justiça); Autonomia da vontade: a celebração do acordo deve respeitar a autonomia da vontade das partes. A mediação e a conciliação sempre devem fazer prevalecer a vontade das partes, inclusive quanto à definição das regras procedimentais. As partes podem criar um procedimento de mediação (par. 4º do art. 166). Confidencialidade: o mediador e o conciliador não podem expor o que foi presenciado. Todas as informações que recebeu, tudo a que tiveram acesso nessa condição fica sob a cláusula de sigilo. Oralidade Informalidade Decisão informada: é preciso que o procedimento de mediação e conciliação produza uma decisão final (um acordo) porque as partes 12 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br chegaram à conclusão de que aquilo é o melhor para elas. É preciso criar um ambiente em que as pessoas sejam bem informadas sobre os termos e as consequências do acordo. O consentimento para a solução consensual deve ser informado. 2.2 Equivalentes jurisdicionais São formas alternativas de solução dos conflitos. Pode-se afirmar que os principais são: autotutela, autocomposição e arbitragem. 2.2.1 Autotutela Ocorre quando uma das partes, no intento de ver satisfeita sua vontade, utiliza-se da própria força para solucionar o conflito de maneira parcial e egoísta. Ademais, o ordenamento jurídico, em regra, veda o exercício da autotutela, tratando-a, inclusive, como crime: exercício arbitrário das próprias razões, art. 345 do Código Penal (se for um particular) e exercício arbitrário ou abuso de poder (se for o Estado). Entretanto, o próprio ordenamento jurídico brasileiro traz exceções em que é permitido se utilizar do instituto em estudo, é o caso da Legítima Defesa (art. 188, I, do CC), do desforço imediato no esbulho (art. 1.210, §1º do CC), do direito de greve, do direito de retenção, doestado de necessidade, do privilégio do poder público de executar os seus próprios atos, da guerra, dentre outras. ATENÇÃO! Em respeito ao princípio da inafastabilidade (art. 5º, XXXV, da Constituição Federal de 1988 e art. 3º, caput, do CPC/2015), todo e qualquer exercício da autotutela está submetido ao controle posterior judicial. 13 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 2.2.2 Autocomposição É o legítimo meio de solução pacífica dos conflitos, pois, ocorre quando a própria parte, espontaneamente, sacrifica, total ou parcial, seu interesse com o fito de ver solucionado o litígio, podendo ocorrer dentro do processo jurisdicional ou fora dele. A doutrina mais atual vem considerando como um verdadeiro princípio o “estímulo da solução por autocomposição”. Além disso, são consideradas espécies de autocomposição: Transação: quando os conflitantes solucionam o conflito por meio de concessões mútuas; Submissão: quando um dos conflitantes abre mão de seus interesses em prol da pretensão do outro e, consequentemente, da solução do conflito. Vale a menção de que, em sede judicial, quando a submissão é feita pelo autor, está-se diante da renúncia (art. 487, III, "c", do CPC/2015), quando é feita pelo réu, está-se diante do reconhecimento da procedência do pedido (art. 487, III, "a", CPC/2015). Ainda no que tange ao incentivo à autocomposição, o Novo Código de Processo Civil: Traz a necessidade de tentativa de conciliação como ato anterior ao oferecimento da defesa pelo réu (arts. 334 e 695); Permite a homologação judicial de acordo extrajudicial de qualquer natureza (art. 515, III; art. 725, VIII); Permite que, no acordo judicial, seja incluída matéria estranha ao objeto litigioso do processo (art. 515, §2º); Permite acordos processuais atípicos, desde que sobre o processo (art. 190). 14 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 2.3 Arbitragem A respeito da arbitragem, existe uma celeuma relativa à discussão se ela representa um equivalente jurisdicional ou o próprio exercício de jurisdição por autoridade não-estatal. A título de exemplo, Fredie Didier considera ser ela um verdadeiro exercício de jurisdição, por isso, aduz que: “A arbitragem, no Brasil, não é equivalente jurisdicional: é propriamente jurisdição, exercida por particulares, com autorização do Estado e como consequência do exercício do direito fundamental de autorregramento (autonomia privada)” Em sentido contrário, Luiz Guilherme Marinoni defende que a jurisdição somente é exercida por pessoa investida do poder jurisdicional nos moldes da Constituição Federal. Ponto de vista esse defendido, também, por Cassio Scarpinella Bueno, vejamos: “De outra parte, não consigo concordar, com o devido respeito de variados especialistas e estudiosos do tema, que a arbitragem tenha caráter jurisdicional. Principalmente porque ela que não possui e nem tem aptidão de possuir a imperatividade inerente àquela outra classe, o que não significa dizer que não seja possível à lei equipará-la a um ato jurisdicional, como, inequivocamente, faz o inciso VII do art. 515 do CPC de 2015, seguindo, no particular, o caminho já traçado pela sua lei de regência, a Lei n. 9.307/1996”. Porém, a posição majoritária é que se trata de uma jurisdição não estatal, consistindo no julgamento do litígio por terceiro imparcial, escolhido pelas partes. A arbitragem somente pode ser convencionada por pessoas maiores e capazes e com relação a direitos disponíveis. Ainda, é instituída mediante negócio jurídico denominado convenção de arbitragem, que compreende a cláusula compromissória e o compromisso arbitral. 15 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 3. Teoria dos fatos jurídicos processuais 3.1 Ato-fato jurídico É todo aquele que considera o ato produzido em si e não pela vontade humana, ou seja, o ato terá maior relevância para a área jurídica do que o agente que pode ser um incapaz. Ex.: um menor de idade achar um tesouro. O agente não é importante no primeiro momento, mas sim o ato, apesar de ser menor, este terá uma parte daquilo que foi achado. 3.2 Ato unilateral Do jurídico, ato unilateral é aquele que gera efeitos jurídicos apenas pela manifestação da vontade de uma pessoa só. O ato unilateral é quando eu dou uma recompensa a quem achou meu cachorro. 3.3 Negócio Jurídico É aquele proveniente da relação entre duas ou mais pessoas que ao se reunirem podem ocasionar em efeitos jurídicos. Ex.: um contrato de aluguel. 3.4 Fatos Naturais (Fatos Jurídicos Strictu Sensu) Os fatos naturais são acontecimentos provenientes da natureza e não precisam da vontade humana para que sejam manifestados ou mesmo quando o homem colabora indiretamente para a sua ocorrência. Eles podem ser divididos em: 3.4.1 Fatos Naturais Ordinários Quando são esperados, como por exemplo, a morte, o nascimento, etc.; 16 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 3.4.2 Fatos Naturais Extraordinários São aqueles que são imprevisíveis, como terremotos, enchentes, raios, etc., que serão considerados apenas se gerarem consequências jurídicas. Ex.: Avião é atingido por um raio e todos os passageiros morrem. 3.5 Ato jurídico em sentido estrito Podem ser chamados de atos meramente lícitos e são cometidos pelo homem sem o interessede influenciar na esfera jurídica, pois estão em conformidade com a lei. Ex.: teste de DNA para reconhecer a paternidade. 17 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 4. Função jurisdicional 4.1 Noções de Jurisdição Inicialmente, vale frisarmos que a Jurisdição surgiu da necessidade de o Estado tomar para si o poder/dever de solucionar os conflitos oriundos do meio social. É a partir de então que se tem a noção de Função Jurisdicional, a qual representa uma das funções essenciais do Estado, que tem por dever solucionar a chamada LIDE, isto é, o conflito de interesse qualificado por uma pretensão resistida, através da aplicação das leis aos casos concretos. Isso significa dizer que, após o Estado chamar para si a responsabilidade de estabelecer a pacificação social, é vedada, em regra, a denominada autotutela, isto é, quando a própria parte, utilizando-se de suas próprias forças, soluciona os conflitos que se vê envolvida. Todavia, a essa regra cabe exceções, previstas, saliente-se, no próprio ordenamento jurídico pátrio, é o caso da Legítima Defesa (art. 188, I, do CC), do desforço imediato no esbulho (art. 1.210, §1º do CC) dentre outras. Mas, afinal, o que é Jurisdição? 4.1.1 Conceito Inicialmente, cumpre destacar que o conceito neutralizante e arcaico de que a Jurisdição é apenas o poder de o Estado “dizer o direto” diante do caso concreto, segundo a doutrina, não está de acordo com a nova sistemática da ciência processual, principalmente, após a vigência do Novo Código de Processo Civil (Lei 13.105/2015). Ao tratar do tema, Cassio Scarpinella Bueno, em seu Manual de Direito Processual Civil, sublinha “ser incorreto associar a função jurisdicional com o papel 18 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br de o Poder Judiciário ‘dizer o direito’, como se o magistrado se limitasse, sempre e invariavelmente, a revelar o direito preexistente ao caso concreto”, isso significa dizer que não se deve tratar o juiz como verdadeiro “boca da lei”, mas sim, deve o Estado-juiz realizar concretamente o direito, como se depreende da redação do Art. 4º, do CPC/2015. Para Marcus Vinícius R. Gonçalves, é possível conceituar a Jurisdição como a “Função do Estado, pela qual ele, no intuito de solucionar os conflitos de interesse em caráter coativo, aplica a lei geral e abstrata aos casos concretos que lhe são submetidos”. Por outra faceta e no intuito de adequar o conceito de Jurisdição às diversas transformações pelas quais o Estado passou, Fredie Didier, em seu Curso de Direito Processual Civil I, considera que: A jurisdição é a função atribuída a terceiro imparcial (a) de realizar o Direito de modo imperativo (b) e criativo (reconstrutivo) (c) reconhecendo/efetivando/protegendo situações jurídicas (d) concretamente deduzidas (e), em decisão insuscetível de controle externo (f) e com aptidão para tornar-se indiscutível (g). Nesse particular, há de se frisar a ideia de que tal conceito reflete os vários fatores responsáveis pelo atual modelo de Estado, tais como: a força normativa da Constituição, propulsora do denominado Neoprocessualismo/Formalismo Valorativo que, por seu turno, visa adequar o processo civil aos preceitos constitucionais fundamentais; a valorização, por parte do Legislador, da técnica das cláusulas gerais processuais, a qual abre espaço para o papel criativo do juiz frente ao caso concreto; a criação de agências reguladoras, dotadas de função executiva, legislativa e judicante, dentre outros. 19 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Por fim, saliente-se que a Jurisdição se distingue das demais funções essenciais ao Estado (Legislativa e Administrativa) devido a certas características, as quais passaremos a analisar adiante. 4.1.2 Características No intuito de particularizar a Jurisdição, a doutrina elenca as principais características do ato jurisdicional que, unidas, distinguem-no dos outros atos estatais, bem como dos atos praticados por particulares, vejamos: Substitutividade: compreende a noção de que a vontade do Estado-juiz, o Poder Judiciário, substitui a vontade das partes na resolução dos litígios, motivo pelo qual, aquele deve, no exercício de sua função jurisdicional, ser imparcial, garantindo-se, dessa forma, a pacificação do conflito que as envolve. Como afirma Fredie Didier é a chamada técnica de solução de conflitos por heterocomposição. Imperatividade: a decisão do Estado-juiz tem caráter coativo, isto é, é imposta aos litigantes, de modo que estes devem cumpri-la, a fim de se ver satisfeita a decisão proferida. Definitividade: é a determinação de que as decisões judiciais, quando preenchidos certos requisitos, adquirem o caráter de imutabilidade, não podendo ser mais discutidas, uma vez que se está diante da chamada coisa julgada. ATENÇÃO! É incorreto afirmar que só haverá jurisdição se houver coisa julgada, pois o legislador ordinário pode, por exemplo, em certas hipóteses, não submeter certas decisões à coisa julgada, tendo em mente que esta representa uma opção política do Estado. 20 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Inafastabilidade: característica intimamente ligada ao acesso à justiça, visto que o controle jurisdicional não pode ser evitado ou sofrer mitigações, conforme preceito disposto no art. 5º, XXXV, da Constituição Federal de 1988 “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” e reproduzido no Art. 3º, caput, do CPC/2015 “Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito”. Indelegabilidade: o exercício da função jurisdicional somente pode ser exercido pelo Poder Judiciário, não podendo ser delegado, sob pena de violação ao princípio do juiz natural (o qual será estudado mais à frente). Inércia: pode-se afirmar que é uma característica garantidora da imparcialidade do julgador, posto que os envolvidos no conflito têm a incumbência de provocar a função jurisdicional do Estado, a fim de ver solucionado o conflito no qual estão envolvidos. Conforme lição de Marcus Vinícius R. Gonçalves “A função jurisdicional não se movimenta de ofício, mas apenas por provocação dos interessados”. Ressalte-se, por fim, que, uma vez iniciado o processo, o Estado se torna o maior interessado em ver o litígio solucionado, visto que ele é o responsável pela manutenção da paz social, dessa forma, deve conduzir a marcha processual de maneira justa e efetiva, através do denominado Impulso Oficial. Investidura: é a determinação de que somente exerce a jurisdição aquele ocupante de cargo de juiz, regularmente investido nessa função. 4.1.3 Classificação Preliminarmente, insta dizer que a Jurisdição é UNA e abrange todo e qualquer litígio referente ao direito, todavia, por razões didáticas, ela apresenta algumas classificações, vejamos: 21 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Jurisdição Contenciosa: é aquela em que há uma lide, isto é, um conflito de interesse qualificado por uma pretensão resistida, a qual deve ser solucionada pelo Poder Judiciário. Destarte, uma das partes busca obter uma determinação judicial no intuito de obrigar a parte contrária. Além disso, tendo em vista que a sentença decide uma situação conflituosa, ela sempre favorece uma das partes. Jurisdição Voluntária: é aquela em que NÃO há uma lide ou, em caso de existência de uma situação conflituosa, esta não é objeto imediato da apreciação judicial. Assim, a parte busca uma determinação judicial que valha para ela mesma. Ademais, é possível que a sentença favoreça ambas as partes. Por fim, é mister acentuar a lição da doutrina no sentido de que “A jurisdição voluntária não serve para que o juiz diga quem tem razão, mas para que tome determinadas providências que são necessáriaspara a proteção de um ou ambos os sujeitos da relação processual”. Jurisdição Penal: está ligada a toda causa penal e a pretensões punitivas submetidas ao Estado. Jurisdição Civil: está ligada a toda jurisdição não penal. Como ensina Humberto Theodoro Júnior “Aquilo que não couber na jurisdição penal e nas jurisdições especiais será alcançado pela jurisdição civil, pouco importando que a lide verse sobre direito material público (constitucional, administrativo etc.) ou privado (civil ou comercial)”. Jurisdição Especial: abarca a solução de litígios trabalhistas, militares e eleitorais. Jurisdição Comum: representa a chamada competência supletiva, pois é competente para solucionar todo e qualquer conflito que não for de competência especial. Jurisdição Superior: é aquela competente para reexaminar as decisões proferidas por órgãos jurisdicionais de hierarquia inferior. 22 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Jurisdição Inferior: é aquela em que as decisões proferidas estão submetidas à análise por outro órgão jurisdicional de hierarquia superior. 4.1.4 Princípios A função jurisdicional deve ser exercida através do respeito aos seguintes princípios fundamentais: Princípio do Juiz Natural: determina que a função jurisdicional deve ser exercida apenas pelo órgão a que a Constituição reservou o parcela do poder jurisdicional. Nesse ponto, insta salientar a regra da VEDAÇÃO ao denominado Tribunal de Exceção, isto é, a criação de juízes ou tribunais para o julgamento de certas causas. Princípio da improrrogabilidade: determina que os limites da jurisdição estão previstos na constituição Federal, razão pela qual, não se permite ao legislador ordinário reduzi-los ou ampliá-los. Princípio da Indeclinabilidade: determina que o Órgão Jurisdicional tem o dever de, uma vez provocado, prestar a tutela jurisdicional. É a famosa vedação ao Non Liquet, prevista no caput do art. 140, do CPC/2015. Princípio da Aderência Territorial: determina que todo juiz ou órgão judicial está adstrito a certa circunscrição territorial, na qual deve exercer a sua parcela do poder jurisdicional, conforme estabelecido na Constituição ou nas leis de organização judiciária. 23 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 5. Cooperação internacional e nacional 5.1 Cooperação internacional A necessidade de cooperação internacional decorre do fenômeno da globalização dos interesses econômicos, assim como do alargamento das comunicações sociais, devido ao avanço tecnológico, razão pela qual, o Estado precisa da cooperação do outro para melhor aplicação da justiça e satisfação de suas decisões. A Lei 13.105/2015 (NCPC) elenca as normas gerais a respeito do tema. Nesse sentido, o art. 26 estabelece que o tratado de que o Brasil for parte regerá a cooperação internacional, além de trazer os requisitos genéricos para tal cooperação, vejamos: Mas, a pergunta que se faz é: como se dará essa cooperação internacional? Três são as maneiras fundamentais para o exercício dessa cooperação: por auxílio direto, por carta rogatória ou pela homologação de sentença estrangeira. Auxílio direto: cabe quando a medida não decorrer diretamente de decisão de autoridade jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no Brasil (art. 28, do CPC/2015); Carta rogatória: é procedimento de jurisdição contenciosa, perante o Superior Tribunal de Justiça, e deve assegurar às partes as garantias do devido processo legal (art. 36, do CPC/2015). Homologação de sentença estrangeira: requerida por ação de homologação de decisão estrangeira, salvo disposição especial em sentido contrário prevista em tratado (art. 960, do CPC/2015). 24 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br QUESTÕES Questão 1 OAB – XXIII EOU | 2017: A multinacional estrangeira Computer Inc., com sede nos Estados Unidos, celebra contrato de prestação de serviços de informática com a sociedade empresarial Telecomunicações S/A, constituída de acordo com as leis brasileiras e com sede no Estado de Goiás. Os serviços a serem prestados envolvem a instalação e a manutenção dos servidores localizados na sede da sociedade empresarial Telecomunicações S/A. Ainda consta, no contrato celebrado entre as referidas pessoas jurídicas que eventuais litígios serão dirimidos, com exclusividade, perante a Corte Arbitral Alfa, situada no Brasil. Após discordâncias sobre o cumprimento de uma das cláusulas referentes à realização dos serviços, a multinacional Computer Inc. ingressa com demanda no foro arbitral contratualmente avençado. Com base no caso concreto, assinale a afirmativa correta. A) A cláusula compromissória prevista no contrato é nula de pleno direito, uma vez que o princípio da inafastabilidade da jurisdição, previsto constitucionalmente, impede que ações que envolvam obrigações a serem cumpridas no Brasil sejam dirimidas por órgão que não integre o Poder Judiciário nacional. B) Caso a empresa Telecomunicações S/A ingresse com demanda perante a Vara Cível situada no Estado de Goiás, o juiz deverá resolver o mérito, ainda que a 25 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br sociedade Computer Inc. alegue, em contestação, a existência de convenção de arbitragem prevista no instrumento contratual. C) Visando efetivar tutela provisória deferida em favor da multinacional Computer Inc., poderá ser expedida carta arbitral pela Corte Arbitral Alfa para que órgão do Poder Judiciário, com competência perante o Estado de Goiás, pratique atos de cooperação que importem na constrição provisória de bens na sede da sociedade empresarial Telecomunicações S/A, a fim de garantir a efetividade do provimento final. D) A sentença arbitral proferida pela Corte Arbitral Alfa configura título executivo extrajudicial, cuja execução poderá ser proposta no foro do lugar onde deva ser cumprida a obrigação. Questão 2 OAB –XXVII EOU | 2018: Diego e Thaís, maiores e capazes, ambos sem filhos, são formalmente casados pelo regime legal da comunhão parcial de bens. Ocorre que, devido a problemas conjugais e divergências quanto à divisão do patrimônio comum do casal, o matrimônio teve fim de forma conturbada, o que motivou Thaís a ajuizar ação de divórcio litigioso cumulada com partilha de bens em face do ex- cônjuge. Na petição inicial, a autora informa que tem interesse na realização de audiência de conciliação ou de mediação. Diego, regularmente citado, busca orientação jurídica sobre os possíveis desdobramentos da demanda ajuizada por sua ex- cônjuge. Na qualidade de advogado(a) de Diego, assinale a opção que apresenta os esclarecimentos corretos que foram prestados. 26 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br A) Diego, ainda que de forma injustificada, possui a faculdade de deixar de comparecer à audiência regularmente designada para fins de solução consensual do conflito, não sofrendo qualquer sanção processual em virtude da ausência. B) Descabe, no processo contencioso de divórcio ajuizado por Thaís, a solução consensual da controvérsia, uma vez que o direito em questão possui feição extrapatrimonial e, portanto, indisponível. C) Ante a existência de vínculo prévio entre as partes, a audiência a ser realizada para fins de autocomposição entre Diego e Thaís deverá ser conduzida por um conciliador, que poderá sugerir soluções para o litígio, vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação. D) A partir de requerimento que venha a ser formulado por Diego e Thaís, o juiz pode determinar a suspensão do processo enquanto os litigantes se submetem à mediação extrajudicial. 27 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br GABARITO COMENTADO Gabarito comentado - Questão1 Resposta correta: alternativa “C”. Alternativa A: INCORRETA A cláusula compromissória, que determina que os litígios surgidos na relação jurídica contratual devem ser resolvidos no juízo arbitral, não é nula, haja vista ser ela admitida pela lei brasileira: "Art. 3º, §1º, CPC/15. É permitida a arbitragem, na forma da lei". A arbitragem consiste em um método alternativo de solução de conflitos jurídicos, pelo qual um terceiro, denominado de árbitro, estranho aos interesses das partes, tenta, inicialmente, conciliar as partes e, não sendo possível chegar a um acordo, passa a decidir a controvérsia relativa a direitos patrimoniais disponíveis com base no direito ou na equidade (art. 1º, art. 2º e art. 21, §4º, Lei nº 9.307/96). Alternativa B: INCORRETA É certo que a existência de convenção de arbitragem deve ser alegada pelo réu, em sua contestação, em sede preliminar (art. 337, X, CPC/15). Sendo esta alegada, o juiz não deve proceder à apreciação do mérito da demanda, mas deve, outrossim, extinguir o processo sem resolução de mérito (art. 485, VII, CPC/15). Alternativa C: CORRETA. 28 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br A afirmativa está de acordo com o que dispõe o art. 237, IV, do CPC/15, senão vejamos: "Será expedida carta: (...) IV - arbitral, para que órgão do Poder Judiciário pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato objeto de pedido de cooperação judiciária formulado por juízo arbitral, inclusive os que importem efetivação de tutela provisória". Alternativa D: INCORRETA. A sentença arbitral constitui um título executivo judicial e não extrajudicial (art. 515, VII, CPC/15). Gabarito comentado - Questão 2 Resposta correta: alternativa “D”. Alternativa A: INCORRETA O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência de conciliação é considerado ato atentatório à dignidade da justiça e será SANCIONADO com multa (...) vide art. 334, § 8º, CPC; Alternativa B: INCORRETA Porque a ação de divórcio litigioso é caracterizada como "ação de família", portanto, aplicáveis as normas prevista no art. 694 (solução consensual da controvérsia), nos termos do art. 693, CPC. Ademais, não confunda direito indisponível com direito que não admite autocomposição, pois, há direitos indisponíveis que admitem autocomposição, por exemplo, os alimentos. Assim, no divórcio as partes podem promover autocomposição conforme as cláusulas previstas no art. 731 do CPC. Alternativa C: INCORRETA. 29 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Quando houver VÍNCULO ANTERIOR entre as partes, quem atuará será o MEDIADOR (preferencialmente). Quando NÃO HOUVER vínculo anterior, será o CONCILIADOR quem atuará (preferencialmente). Art. 165, § 2º e § 3º, CPC. Alternativa D: CORRETA. É o que dispõe, expressamente, o art. 694, parágrafo único, do CPC/15: "A requerimento das partes, o juiz pode determinar a suspensão do processo enquanto os litigantes se submetem a mediação extrajudicial ou a atendimento multidisciplinar". 30 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br JURISPRUDÊNCIA Arbitragem Informativo 622 do STJ: Se a parte quiser arguir a nulidade da cláusula arbitral, deverá formular esse pedido, em primeiro lugar, ao próprio árbitro, não sendo possível que proponha diretamente ação judicial, em razão da aplicação do princípio Kompetenz-Kompetenz. Informativo 637 do STJ: Se a parte já tem um título executivo, não precisa ir para a arbitragem mesmo que o contrato contenha cláusula compromissória. A existência de cláusula compromissória não afeta a executividade do título de crédito inadimplido e não impede a deflagração do procedimento falimentar, fundamentado no art. 94, I, da Lei nº 11.101/2005 31 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br LEGISLAÇÃO COMPILADA Neste capítulo, faz-se de extrema importância a leitura de: Teoria geral do processo CPC: art. 3º, 9º e 10º; Enunciados do FPPC: 373, 375, 376, 377; Política de tratamento adequado de conflitos jurídicos Lei 13.140/15: art. 2º e 35; Lei 9.307/90: art. 1º, 2º, 3°, 4º e 9º; Súmulas: 485, STJ; Função jurisdicional CPC: art. 17, 18, 19 e 20; Cooperação internacional e nacional CPC: art. 26; 32 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br BIBLIOGRAFIA BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil: inteiramente estruturado à luz do novo CPC, de acordo com a Lei n. 13.256, de 4-2-2016. 2. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo: Saraiva, 2016. CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Vade Mecum de Jurisprudência Dizer o Direito. 4ª Edição. – Salvador: Ed. Podivm, 2018. CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmulas do STF e STJ. 3ª Edição. – Salvador: Ed. Podivm, 2018. DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento. 18. ed. - Salvador: Ed. Jus Podivm, 2016. GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado/ Marcus Vinicius Rios Gonçalves; coordenador Pedro Lenza. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil – Volume único. 9. ed. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2017. THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Teoria geral do direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum – vol. I/Humberto Theodoro Júnior. 58. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2017. RODADAS DE ESTUDO DIRIGIDO RODADAS DE SIMULADOS PLANOS DE ESTUDOS COACHING PROVA ORAL RECURSOSLIVRO DIGITAL iPDF CONHEÇA NOSSOS SERVIÇOS PROCESSUAL CIVIL OAB AD VERUMAD VERUMAD VERUM PDF Sumário DIREITO PROCESSUAL CIVIL, Capítulo 2..............................................................................2 6. Teoria e direito da ação ....................................................................................................... 2 6.1 Conceito........................................................................................................................... 2 6.2 Requisitos para a apreciação do mérito ........................................................... 3 6.3 Ação Meramente Declaratória ............................................................................... 4 6.4 Elementos da Ação ..................................................................................................... 5 7. Pressupostos Processuais ................................................................................................ 7 7.1 Conceito........................................................................................................................... 7 7.2 Divisão do Pressupostos Processuais: ................................................................ 7 7.2.1 Pressupostos de Existência: ............................................................................ 7 7.2.2 Requisitos de Validade: .................................................................................... 7 8. Competência ......................................................................................................................... 8 8.1 Conceito........................................................................................................................... 8 8.1.1 Competência Absoluta ...................................................................................... 8 8.1.2 Competência Relativa ........................................................................................ 9 8.2 Critérios para a fixação de competência......................................................... 10 8.3 Principais regras de competência de foro......................................................11 QUESTÕES ..................................................................................................................................... 15 GABARITO COMENTADO ....................................................................................................... 16 JURISPRUDÊNCIA .......................................................................................................................... 17 LEGISLAÇÃO COMPILADA .......................................................................................................... 19 2 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br DIREITO PROCESSUAL CIVIL Capítulo 2 Nesse capítulo, vamos abordar os seguintes temas: 6. Teoria e direito da ação. 7. Pressupostos processuais. 8. Competência. 6. Teoria e direito da ação 6.1 Conceito É o direito público, subjetivo e abstrato pelo qual a parte provoca o Estado- juiz (que é inerte, lembre-se) para que este exerça o seu poder/dever jurisdicional, dando uma resposta denominada de provimento ou tutela jurisdicional. ATENÇÃO! O direito de ação surge como direito a uma resposta de mérito. Mas, o que é MÉRITO? Seguindo os passos da Teoria Abstratista Eclética, que possui como grande defensor o jurista italiano Eurico Túlio Liebman, o mérito é sinônimo de pretensão inicial, isto é, aquilo que o autor pede/postula em juízo. Assim sendo, pode-se dizer que para essa teoria “o direito de ação, em sentido estrito, é o direito a obter uma resposta de mérito, isto é, uma decisão, positiva ou negativa, a respeito da pretensão formulada”. 3 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Já em sentido amplo, o direito ação traduz verdadeiro acesso à justiça. A esse respeito, estabelece o art. 17, do CPC/2015 “Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade”. 6.2 Requisitos para a apreciação do mérito Conforme se depreende do art. 17, do CPC/2015, acima já referido, os requisitos para a apreciação do mérito são: Interesse de agir: para se ver configurado, há de se preencher o binômio: necessidade (o Judiciário é o meio necessário para a solução do conflito) e adequação (a ação proposta está de acordo com a necessidade posta em juízo). Alguns autores defendem a presença de um terceiro requisito: a utilidade (o meio a ser utilizado deve trazer alguma para o autor da ação). Legitimidade ad causam: é matéria de ordem pública e determina que, em regra, as pessoas só podem postular em juízo em nome próprio e não alheios (é a chamada Legitimidade Ordinária). Salvo, quando expressamente autorizado por lei (vide Art. 18, do CPC). Todavia, quando se postula em nome próprio, direito alheio, está-se diante da denominada Legitimidade Extraordinária/Substituição Processual. A esse respeito, diz o parágrafo único do art. 18, do CPC/2015 “Havendo substituição processual, o substituído poderá intervir como assistente litisconsorcial”. Ex.: recentemente, o STJ sumulou o entendimento segundo o qual “o Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de criança ou adolescente independentemente do exercício do poder familiar dos pais, ou do fato de o menor se encontrar nas situações de risco descritas no artigo 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente, ou de quaisquer 4 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br outros questionamentos acerca da existência ou eficiência da Defensoria Pública na comarca” (Súm. 594 do STJ), hipótese em que atuará como substituto processual, propondo a ação em nome próprio, porém em defesa de direito alheiro (criança ou adolescente). ATENÇÃO! Não se deve confundir legitimidade extraordinária com a chamada REPRESENTAÇÃO, pois nesta o autor está em nome próprio, defendendo direito próprio (é o caso do incapaz representado, em juízo, pela mãe, conforme disciplina o art. 71, do CPC). O art. 17, do CPC, portanto, demonstra que a manutenção da adoção da teoria eclética, acolhida no CPC anterior, uma vez que permanece a exigir o preenchimento de certas condições para que a resposta de mérito possa ser proferida. Percebemos, além disso, que foi excluída a condição da ação denominada de “possibilidade jurídica do pedido”, conforme pensamento desenvolvido por Liebman, a partir da terceira edição de seu Manual. 6.3 Ação Meramente Declaratória Está prevista no art. 19, do CPC, o qual dispõe: Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração: I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica; II - da autenticidade ou da falsidade de documento. Ademais, sobre o tema em análise, a Súmula 181/STJ informa que: 5 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br “É admissível ação declaratória, visando a obter certeza quanto à exata interpretação de cláusula contratual. ” Vale salientar, por oportuno, que é possível mesmo diante de violação de direito. 6.4 Elementos da Ação Três são os elementos da ação: Partes: é aquele que postula em juízo (autor), bem como aquele em face de quem o pedido da tutela jurisdicional é dirigido (réu). Causa de Pedir: é composta pelos fatos (os casos concretos de natureza pessoal, específica e particular) e pelos fundamentos jurídicos do pedido (é o direito que o autor quer que seja aplicado ao caso, é a norma geral e abstrata, não se confunde com o mero fundamento legal, isto é, a aplicação de um artigo de lei ao caso concreto), como disciplina o art. 319, III, do CPC. ATENÇÃO! Não há que se falar em litispendência ou coisa julgada diante dos casos em que, mesmo havendo duas ações com as mesmas partes e com os mesmos pedidos, apresentam fundamentos em fatos distintos. A respeito da causa de pedir, há uma celeuma doutrinária referente à nomenclatura, de modo que Nelson Nery Junior defende que os fatos são a causa de pedir próxima e os fundamentos jurídicos de causa de pedir remota; ao passo que Vicente Greco Filho defende justamente o contrário, sendo os fatos a causa de pedir remota e os fundamentos jurídicos a causa de pedir próxima. Pedido (art. 322 e ss): pode ser de dividido em dois: 6 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Mediato: é o bem da vida que se busca alcançar. Representa, portanto, os requerimentos feitos na petição inicial, por exemplo. Imediato: é o provimento jurisdicional que se postula em juízo. Nesse caso, espera-se que o juiz defira a respeito do provimento, seja condenando, declarando ou constituindo alguma relação jurídica. Além disso, os arts. 322 e 324 estabelecem que o pedido deve ser certo (aquele em que o objeto é claramente individualizado) e determinado (aquele em que é líquido, ou seja, há a indicação da quantidade que se pretende receber). Pode, porém, requerer-se pedidos líquidos genéricos diante das hipóteses excepcionais previstas no §1º, do art. 324 do CPC. 7 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 7. Pressupostos Processuais 7.1 Conceito Constituem exigências que possibilitam o surgimento de uma relação jurídica válida e seu desenvolvimento imune a vício que possa nulificá-la, no todo, ou em parte. Os pressupostos processuais não se confundem com as condições da ação. 7.2 Divisão do Pressupostos Processuais: 7.2.1 Pressupostos de Existência: Subjetivos: Capacidade de ser Parte; Existência de Órgão Investido de Jurisdição (investidura); Objetivos: Existência de uma Demanda. 7.2.2 Requisitos de Validade: Subjetivos: Competência do órgão jurisdicional; Imparcialidade do Juízo; Capacidade processual; Capacidade postulatória; Objetivos: Intrínsecos: Respeito ao formalismo processual; Extrínsecos (negativos): Litispendência; coisa julgada, perempção, convenção de arbitragem, transação e citação válida.8 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 8. Competência 8.1 Conceito A doutrina processual conceitua a competência como sendo a medida da jurisdição, ou seja, o critério de distribuição das atribuições da função jurisdicional entre os vários órgãos judiciários. Para que possa ficar clara a noção de quais os órgãos competentes para o exercício jurisdicional, abaixo está representada a estrutura do Poder Judiciário: Além disso, para indicar o foro competente, classicamente, a competência é dividida em absoluta e relativa, como veremos a seguir. 8.1.1 Competência Absoluta Diz respeito às matérias de ordem pública, as quais NÃO podem ser modificadas pelas partes e podem ser reconhecidas de ofício. Vale mencionar que o art. 337, II, do CPC/2015 determina que ela deve ser alegada nas preliminares da contestação, todavia, não há impedimento de que as partes, em qualquer momento, a aleguem, visto que NÃO está sujeita à preclusão. STF STJ TJ JUIZ DE DIREITO TRF JUIZ FEDERAL TST TRT JUIZ DO TRABALHO TSE TRE JUIZ ELEITORAL STM JUIZ MILITAR CNJ 9 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Como exceção à regra disposta no art. 337, II, do CPC/2015, o art. 63, §3º, do CPC/2015, determina que as partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações. Nesse caso, se abusiva, antes da citação, a cláusula de eleição de foro pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu. ATENÇÃO! O reconhecimento da incompetência absoluta acarreta a nulidade dos atos decisórios praticados até então, de modo que o juízo incompetente deve remeter os autos ao juízo competente. Nesse sentido, mesmo diante de uma sentença transitada em julgado, deve-se ajuizar a Ação Rescisória para ver sanado o vício de incompetência absoluta. Por último, diga-se que está ligada aos critérios material e funcional. 8.1.2 Competência Relativa Diz respeito às matérias de interesse das partes, portanto, podem ser modificadas por estas, podendo, assim, acarretar: Prorrogação: ocorre quando, não arguida a incompetência relativa no momento oportuno (por exemplo, quando o réu, na preliminar de contestação, não a alega), esta torna-se competente. Derrogação pela eleição de foro: ocorre quando as próprias partes, voluntariamente (através de um contrato), escolhem o foro competente para processar e julgar as demandas oriundas do contrato celebrado, nos moldes do art. 63, do CPC/2015. 10 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Continência: é tratada no art. 56, do CPC/2015, que ocorre quando 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais. Conexão: ocorre quando há a união de duas ou mais ações em andamento que possuam o mesmo pedido ou causa de pedir, com o fito de evitar decisões conflitantes e de se garantir a economia processual. Vide o disposto no art. 55, do CPC/2015. Ressalte-se, ainda, que não podem ser reconhecidas de ofício, nos moldes da Súmula 33, do Superior Tribunal de Justiça, a qual dispõe “A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício”. Assim como ocorre na incompetência absoluta, a incompetência relativa também deve ser arguida em preliminar de contestação (art. 337, II, do CPC/2015), entretanto, está sujeita à preclusão. ATENÇÃO! Em nenhuma ocasião a incompetência relativa acarretará a nulidade da sentença, pois quando não invocada no momento oportuno, gerará o fenômeno da prorrogação de competência, já explicitado acima. Por fim, insta frisar que está ligada aos critérios do valor da causa e territorial. 8.2 Critérios para a fixação de competência Nesse ponto do estudo, há de se fazer menção às valiosas lições de Giuseppe Chiovenda, citado por Marcus Vinicius R. Gonçalves, no sentido de estabelecer os critérios, voltados ao legislador, para a apuração de competência: 11 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br "1° Critério objetivo; 2° Critério funcional; 3° Critério territorial. Extrai-se o critério objetivo ou do valor da causa (competência por valor) ou da natureza da causa (competência por matéria) [...]. O critério funcional extrai-se da natureza especial e das exigências especiais das funções que se chama o magistrado a exercer num processo... O critério territorial relaciona-se com a circunscrição territorial designada à atividade de cada órgão jurisdicional." 8.3 Principais regras de competência de foro Muita atenção ao subtópico em análise, pois, dele decorre a grande maioria das questões relativas à competência de foro. Aqui, há uma enorme contribuição para a sistematização do estudo refletida no quadro-resumo desenvolvido por GONÇALVES, em seu Livro Direito Processual Civil Esquematizado, conforme se segue: Tipo de Ação Foro Competente Caráter da Regra Ações pessoais e reais sobre bens móveis. Foro do domicílio do réu (art. 46, CPC/15). Relativo. Ações reais imobiliárias (incluindo possessórias e adjudicações compulsórias). Foro de situação do imóvel (art. 47, CPC/15). Absoluto, exceto se a ação não versar sobre propriedade, posse, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de 12 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br terras e nunciação de obra nova. Ação de inventário, partilha e arrecadação, bem como as que envolvam o cumprimento de disposições de última vontade, impugnação ou anulação de partilha extrajudicial, ou em que o espólio for réu. Foro do domicílio do autor da herança no Brasil; se ele não possuía domicílio certo, o da situação dos bens imóveis; se havia bens imóveis em lugares diversos, em qualquer deles; se não havia imóveis, o foro do local de qualquer bem do espólio (art. 48, do CPC/15). Relativo. Ações de separação, divórcio, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável. Foro do domicílio do guardião do filho incapaz; do último domicílio do casal; ou do domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no último domicílio do casal (art. 53, I, do CPC/15). Relativo. Ações de alimentos, ainda que cumuladas com investigação de paternidade. Foro do domicílio do alimentando (art. 53, II, do CPC/15) Relativo. Ação de reparação de danos em geral. Foro do lugar do ato ou fato, salvo quando se tratar Relativo. 13 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br de relação de consumo, quando a competência será a do domicílio do consumidor (art. 53, IV, “a”, do CPC/15 e art. 101, I, do CDC) Ação de reparação de danos em acidentes de veículo. Foro do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, a critério da vítima (art. 53, V, do CPC/15) Relativo. - Ações em que a União é parte. Se autora, no domicílio do réu; se ré, o autor poderá propô-la no seu domicílio ou no lugar do ato ou do fato, salvo se a ação for real imobiliária, quando a competência é sempre do foro de situação (art.109, §§ 1º e 2º). O autor pode ainda propor no Distrito Federal. Relativo, salvo se a ação for real imobiliária, quando a competência do foro de situação será absoluta. Ações em que a Fazenda Pública Estadual é parte. A fazenda Pública Estadual não tem foro privilegiado. Assim, quando autora, as ações serão propostas no domicílio do réu, e quando ré, no domicílio do autor, no Relativo, salvo se a ação for real imobiliária. 14 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br de ocorrência do ato ou fato, no de situação do imóvel ou no Capital do Estado, semprena vara privativa onde houver. Se a ação for real imobiliária, a competência é sempre do foro de situação do imóvel. Ações que guardam vínculo com outras anteriormente propostas. A competência será do foro e do juízo em que correr a ação anteriormente aforada. Absoluto, por tratar-se de competência funcional. 15 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br QUESTÕES Questão 1 OAB – XXVIII EOU | 2019: João Paulo faleceu em Atibaia (SP), vítima de um ataque cardíaco fulminante. Empresário de sucesso, domiciliado na cidade de São Paulo (SP), João Paulo possuía inúmeros bens, dentre os quais se incluem uma casa de praia em Búzios (RJ), uma fazenda em Lucas do Rio Verde (GO) e alguns veículos de luxo, atualmente estacionados em uma garagem em Salvador (BA). Neste cenário, assinale a opção que indica o foro competente para o inventário e a partilha dos bens deixados por João Paulo. A) Os foros de Búzios (RJ) e de Lucas do Rio Verde (GO), concorrentemente. B) O foro de São Paulo (SP). C) O foro de Salvador (BA). D) O foro de Atibaia (SP). 16 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br GABARITO COMENTADO Gabarito comentado - Questão 1 Resposta correta: alternativa “B”. Alternativa A: INCORRETA Vide comentário da alternativa B. Alternativa B: CORRETA De acordo com o Art. 1.785 do CPC, a sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido. O enunciado em questão nos informa que o último domicilio do falecido foi em São Paulo/SP, tonando-se o foro competente para a abertura do inventário e da partilha. Art. 48. NCPC: O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. Alternativa C: INCORRETA. Vide comentário da alternativa B. Alternativa D: INCORRETA. Vide comentário da alternativa B. 17 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br JURISPRUDÊNCIA Pressupostos processuais Informativo 635 do STJ: Não há motivo para ser citada a sociedade empresária se todos os sócios fazem parte do processo como parte. Competência Informativo 620 do STJ: Compete à Justiça Comum Estadual o exame e o julgamento de feito que discute direitos de ex-empregado aposentado ou demitido sem justa causa de permanecer em plano de saúde coletivo oferecido pela própria empresa empregadora aos trabalhadores ativos, na modalidade de autogestão. Informativo 627 do STJ: Compete à Justiça Comum Estadual o julgamento de demanda com natureza predominantemente civil entre ex-empregado aposentado ou demitido sem justa causa e operadoras de plano de saúde na modalidade autogestão vinculadas ao empregador. Informativo 586 do STJ: Se o juízo reconhece a sua incompetência absoluta para conhecer da causa, ele deverá determinar a remessa dos autos ao juízo competente e não extinguir o processo sem exame do mérito. O argumento de impossibilidade técnica do Poder Judiciário em remeter os autos para o juízo competente, ante as dificuldades inerentes ao processamento eletrônico, não pode ser 18 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br utilizado para prejudicar o jurisdicionado, sob pena de configurar-se indevido obstáculo ao acesso à tutela jurisdicional. Assim, implica indevido obstáculo ao acesso à tutela jurisdicional a decisão que, após o reconhecimento da incompetência absoluta do juízo, em vez de determinar a remessa dos autos ao juízo competente, extingue o feito sem exame do mérito, sob o argumento de impossibilidade técnica do Judiciário em remeter os autos para o órgão julgador competente, ante as dificuldades inerentes ao processamento eletrônico. 19 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br LEGISLAÇÃO COMPILADA Neste capítulo, faz-se de extrema importância a leitura de: Teoria e direito da ação CPC: arts. 17, 18, 19 e 20; Súmulas: 181, 242 e 258, STJ; Competência CPC: art. 21, 22, 23, 26, 43, 47, 53, 54, 57, 59 e 64; Súmulas: 1, 3, 11, 33, 34, 42, 59, 66, 82, 150, 224, 235, 250, 254, 206, 236, 324, 376, 428, 506, 553, 570 do STJ e 336, 501, 503, 508, 517, 556 do STF Súmula vinculante: 27 do STF 20 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br BIBLIOGRAFIA BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil: inteiramente estruturado à luz do novo CPC, de acordo com a Lei n. 13.256, de 4-2-2016. 2. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo: Saraiva, 2016. CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Vade Mecum de Jurisprudência Dizer o Direito. 4ª Edição. – Salvador: Ed. Podivm, 2018. CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmulas do STF e STJ. 3ª Edição. – Salvador: Ed. Podivm, 2018. DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento. 18. ed. - Salvador: Ed. Jus Podivm, 2016. GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado/ Marcus Vinicius Rios Gonçalves; coordenador Pedro Lenza. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil – Volume único. 9. ed. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2017. THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Teoria geral do direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum – vol. I/Humberto Theodoro Júnior. 58. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2017. RODADAS DE ESTUDO DIRIGIDO RODADAS DE SIMULADOS PLANOS DE ESTUDOS COACHING PROVA ORAL RECURSOSLIVRO DIGITAL iPDF CONHEÇA NOSSOS SERVIÇOS PROCESSUAL CIVIL OAB AD VERUMAD VERUMAD VERUM PDF Sumário DIREITO PROCESSUAL CIVIL, Capítulo 3.............................................................................3 9. Sujeitos do Processo ............................................................................................................. 3 9.1 Capacidade de ser parte .......................................................................................... 3 9.2 Capacidade de estar em juízo ............................................................................... 4 9.3 Capacidade Postulatória ........................................................................................... 5 9.4 Dos Procuradores ........................................................................................................ 5 9.4.1 Direitos dos advogados art. 107 do CPC: ................................................ 6 10. Deveres e responsabilidade por dano processual ................................................. 7 10.1 Deveres das partes ................................................................................................. 7 10.2 Responsabilidade das partes por dano processual .................................. 8 10.3 Despesas processuais e honorários advocatícios ...................................... 9 10.3.1 Despesas processuais .................................................................................... 9 10.3.2 Dos Honorários Advocatícios .................................................................... 9 10.4 Gratuidade de justiça........................................................................................... 10 11. Partes ....................................................................................................................................... 11 11.1 Litisconsórcio ........................................................................................................... 11 11.1.1 Classificação ....................................................................................................11 11.2 Intervenção de Terceiros .................................................................................... 13 11.2.1 A Assistência ................................................................................................... 14 11.2.2 A Denunciação da Lide .............................................................................. 14 11.2.3 O Chamamento ao Processo ................................................................... 15 11.3 Intervenção anômala ........................................................................................... 15 11.4 Do Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica ........... 16 11.5 Amicus Curiae ......................................................................................................... 17 12. Juiz ............................................................................................................................................ 18 12.1 Poderes, deveres e responsabilidade do juiz ............................................ 18 12.1.1 Vedação ao Non Liquet: ............................................................................ 18 12.1.2 Responsabilidade do Juiz .......................................................................... 19 12.2 Impedimentos e suspeição ............................................................................... 19 12.2.1 Suspeição do Juiz ......................................................................................... 20 12.3 Auxiliares da justiça .............................................................................................. 20 13. Funções Essenciais à Justiça. ......................................................................................... 23 13.1 Ministério Público ................................................................................................. 23 13.1.1 O Ministério Público como Parte ........................................................... 23 13.1.2 O Ministério Público como Fiscal da Ordem Jurídica ................... 23 13.1.3 Aspectos processuais da intervenção do ministério público .... 24 QUESTÕES ..................................................................................................................................... 25 GABARITO COMENTADO ....................................................................................................... 28 JURISPRUDÊNCIA .......................................................................................................................... 33 LEGISLAÇÃO COMPILADA ...................................................................................................... 35 3 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br DIREITO PROCESSUAL CIVIL Capítulo 3 Nesse capítulo, iremos trata dos seguintes pontos, que vão de incidência média à alta em sua prova: 9. Sujeitos do Processo. 10. Deveres e responsabilidade por dano processual. 11. Partes. 12. Juiz. 13. Funções Essenciais à Justiça. 9. Sujeitos do Processo O tema em estudo está disciplinado no Livro III (da Parte Geral), Título I, do CPC e inicia tratando da chamada “capacidade de ser parte” e, posteriormente, com “a capacidade de estar em juízo”, conhecida também como “legitimação processual”. Antes de tudo, insta salientar que a relação jurídico-processual é formada, pelo menos, por três sujeitos, quais sejam: autor, réu e juiz. ATENÇÃO! A Capacidade Processual é um pressuposto de validade do processo. 9.1 Capacidade de ser parte Traduz a possibilidade de todo e qualquer indivíduo, capaz de ter direitos e obrigações na ordem civil, nos moldes do art. 1º do Código Civil, figurar como parte na via judicial, seja como autor (legitimidade ativa), seja como réu (legitimidade passiva). 4 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Nesse sentido, trata o art. 75, do CPC das pessoas jurídicas e dos entes despersonalizados, que possuem a capacidade de ser parte. Artigo este que merece atenciosa e exaustiva leitura. 9.2 Capacidade de estar em juízo Conforme dispõe o art. 70, do CPC “Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar em juízo”, portanto, nem todo aquele que possui a capacidade de ser parte, possui a capacidade de estar em juízo. ATENÇÃO! O art. 72, do CPC trata do Curador Especial, ou seja, o representante legal daquelas pessoas maiores e incapazes devido a um processo de interdição ou do deficiente, nos termos do art. 84, §1º, da Lei n. 13.146/2015. Mas, qual a consequência jurídica da falta de nomeação de curador especial? Se a ausência se referir à parte ou ao interveniente, como no caso do incapaz, estar-se-á diante da ausência de um dos pressupostos de validade do processo, a capacidade processual. O que acarretará a nulidade do processo, sendo, nesse caso, admitida a Ação Rescisória. Já quando se refere ao réu preso ou citado fictamente, haverá a nulidade do processo apenas se houver prejuízo ao réu. ATENÇÃO! Ressalte-se a importante matéria tratada no art. 73, do CPC, o qual diz respeito à integração da capacidade processual das pessoas casadas, pois há uma restrição na referida capacidade, sendo necessário o consentimento do outro (outorga 5 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br uxória – quando decorrente da mulher; ou marital – quando decorrente do homem) diante das demandas que versam sobre direitos reais imobiliários. 9.3 Capacidade Postulatória No sistema processual civil brasileiro, os atos processuais devem ser praticados por aqueles que possuem a capacidade de postulação: advogados (públicos e privados), defensores públicos e membros do Ministério Público. Sobre o tema o art. 103, do CPC determina que a parte será representada em juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, sendo lícito à parte postular em causa própria quando tiver habilitação legal. ATENÇÃO! Conforme disciplina a Lei 9.099/95, nos juizados especiais cíveis, dispensa-se a presença de advogado nas causas em que o valor não ultrapasse 20 (vinte) salários mínimos. Entretanto, na via recursal, exige-se a presença de advogado. 9.4 Dos Procuradores Em linhas preliminares, insta salientar que a parte será representada em juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil. Ademais, o advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente. No que tange à procuração, o art. 105 do CPC/2015 prevê que em regra, a procuração é geral para o foro, que habilita o advogado a praticar todos os atos do processo. Porém, para receber citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, receber, 6 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br dar quitação, firmar compromisso e assinar declaração de hipossuficiência econômica, que devem constar de cláusula específica. 9.4.1 Direitos dos advogados art. 107 do CPC: Examinar autos de qualquer processo em cartório de fórum e secretaria de tribunal, mesmo sem procuração, independentemente da fase de tramitação, assegurados a obtenção de cópias e o registro de anotações, salvo na hipótese de segredo de justiça, nas quais apenas o advogado constituído terá acesso aos autos; Requerer vista dos autos de qualquer processo, pelo prazo de 5 (cinco) dias; Retirar os autos do cartório ou da secretaria, pelo prazo legal, sempre que neles lhe couber falar por determinação do juiz, nos casos previstos em lei. 7 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 10. Deveres e responsabilidade por dano processual 10.1 Deveres das partes São deveres das partes, de seus procuradores
Compartilhar