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CADERNO DE DIREITO CIVIL RESUMIDO
PARTE GERAL 
· DAS PESSOAS (LIVRO I)
· PESSOAS NATURAIS (TÍTULO I)
Conceito: Ser humano que tem direitos e obrigações (deveres)
1. Personalidade jurídica
Todo aquele que nasce com vida torna-se uma pessoa, ou seja, adquire personalidade. É a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações ou deveres na ordem civil. 
2. Capacidade jurídica (Art. 1◦)
OBS: Enquanto a personalidade é um valor, a capacidade é a projeção desse valor que se traduz em um quantum. Pode ser mais ou menos capaz, mas não pode ser mais ou menos pessoa.
É a maior ou menor extensão dos direitos de uma pessoa. É, portanto, a medida da personalidade.
*Espécies:
a. de direito ou de gozo, que é a aptidão que todos possuem. 
b. de fato ou de exercício, que é a aptidão para exercer, por si só, atos da vida civil.
OBS: Quem só tem a de direito, tem capacidade limitada. Quem possui também a de fato, tem capacidade plena.
3. Começo da personalidade natural (Art. 2◦)
Três grandes teorias procuram definir a situação jurídica do nascituro: a natalista, a da personalidade condicional e a concepcionista. 
De acordo com o sistema adotado, tem-se, pois, o nascimento com vida como marco inicial da personalidade. Respeitam-se, porém os direitos do nascituro, desde a concepção, pois desde esse momento já começa a formação do novo ser.
4. Incapacidade (Arts. 3◦, 4◦ e 5◦)
É a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil.
*Espécies:
a. A absoluta acarreta a proibição total do exercício dos atos da vida civil. O ato somente poderá ser praticado pelo representante legal do incapaz, sob pena de nulidade (Ex: caso dos menos de 16 anos)
b. A relativa permite que o incapaz pratique atos da vida civil, desde que assistido, sob pena de anulabilidade. (Ex: maiores de 16 e menores de 18 anos)
*Cessação da incapacidade:
Cessa a incapacidade quando desaparece a sua causa. Se esta for a menoridade, cessará em dois casos:
a. Pela maioridade, aos 18 anos completos.
b. Pela emancipação, que pode ser voluntária, judicial e legal 
5. Emancipação
Ato jurídico que antecipa os efeitos da aquisição da maioridade e da capacidade civil plena. 
6. Extinção de personalidade natural (Art. 6◦, 7◦ e 8◦)
a. Morte real – extingue a capacidade
b. Morte simultânea – ocorre quando dois ou mais indivíduos falacem na mesma ocasião, não sabendo qual morreu primeiro. Não havendo transferência de bens e direitos sucessórios entre os comorientes (Art. 8)
c. Morte presumida – pode ser com ou sem declaração de ausência
7. Dos direitos da personalidade (Art. 11 ao 21)
São direitos subjetivos da pessoa de defender o que lhe é próprio, ou seja, sua integridade física (vida, corpo), intelecto e moral.
*Características:
Os direitos da personalidade são inalienáveis, irrenunciáveis, imprescritíveis, absolutos, impenhoráveis e vitalícios. 
O Código Civil disciplina:
a. Os atos de disposição do próprio corpo (Art. 13 e 14)
b. O direito à não submissão a tratamento médico de risco (Art. 15)
c. O direito ao nome e ao pseudônimo (Art. 16 ao 19)
d. A proteção à palavra e à imagem (Art. 20)
e. A proteção à intimidade (Art. 21)
8. Individualização da pessoa natural
8.1. Nome (Art. 16 ao 19)
É a designação pela qual a pessoa se identifica no selo da família e da sociedade.
>Pseudônimo- nome fictício usado, em geral, por escritores e artistas. Quando adotado para atividades lícitas, goza da proteção que se dá ao nome (Art. 19)
*Elementos:
a. Agnome, sinal que distingue pessoas de uma mesma família (Junior, Neto)
b. Prenome, pode ser livremente escolhido pelos pais, desde que não exponha o filho ao ridículo.
c. Sobrenome indica a origem familiar da pessoa. 
8.2. Estado
*Aspectos:
a. Individual ou físico, que é o modo de ser da pessoa quanto à idade, sexo, cor, altura, saúde, etc.
b. Familiar, que indica a situação da pessoa na família em relação ao matrimônio e ao parentesco.
c. Política, qualidade que advém da posição do indivíduo na sociedade política. (nato, naturalizado ou estrangeiro)
8.3. Domicílio (Arts. 70 ao 74)
É a sede jurídica da pessoa, ou seja, o local onde responde por suas obrigações.
*Espécies:
a. Quanto ao número: único e plúrimo
b. Quanto a existência: real ou presumida
c. Quanto a liberdade de escolha: necessário ou legal e voluntário, que pode ser geral ou especial
>Mudança: muda-se de domicílio transferindo a residência com a intenção manifesta de o mudar. 
· DAS PESSOAS JURÍDICAS (TÍTULO II)
Conceito: Conjunto de pessoas ou de bens arrecadados, que adquirem personalidade jurídica própria por uma ficção legal
1. Classificações
*Quanto à nacionalidade:
a. Pessoa jurídica nacional – é a organizada conforme a lei brasileira e que tem no Brasil sua sede principal e os seus órgãos de administração
b. Pessoa jurídica estrangeira – é aquele formada em outro país, e que não poderá funcionar no Brasil sem autorização
*Quanto à estrutura interna:
a. Corporação – é o conjunto de pessoas que atua com fins e objetivos próprios. (sociedades, associações, partidos políticos e entidades religiosas)
b. Fundação – é o conjunto de bens arrecadados com finalidade e interesse social.
*Quanto às funções e capacidade: 
a. Pessoa jurídica de direito público – é o conjunto de pessoas ou bens que visa atender a interesses públicos, sejam internos ou externos.
b. Pessoa jurídica de direito privado – é a pessoa jurídica instituída pela vontade de particulares, visando a atender os seus interesses.
OBS: A pessoa jurídica deve ser representada por uma pessoa natural de forma ativa ou passiva, manifestando a sua vontade, nos atos judiciais ou extrajudiciais.
2. Modalidades de pessoa jurídica de direito privado
2.1. Das associações:
‘’Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos’’ (Art. 53)
>São conjunto de pessoas, com fins determinados, que não sejam lucrativos.
>A associação deve sempre ser registrada, passando com o registro a ter aptidões para ser sujeito de direitos e deveres na ordem civil.
>Caso seja dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais transferidas a terceiros, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto.
2.2. Das fundações particulares:
São bens arrecadados e personificados, em atenção a um determinado fim, que por uma ficção legal lhe dá unidade parcial.
>São para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência.
>Não pode ter finalidade econômica (nem indireta)
>Não existem sócios propriamente ditos, pois o conjunto é de bens e não de pessoas. São sempre supervisionados pelo Ministério Público.
> Caso ocorra a dissolução administrativa os bens devem ser destinados para outra fundação que desempenhe atividade semelhante.
2.3. Das sociedades:
Conjunto de pessoas que se organizam com finalidade lucrativa.
*Tipos de sociedades:
a. Sociedades empresárias – são as que visam a uma finalidade lucrativa, mediante exercício de atividade empresária
b. Sociedades simples – também visam a uma finalidade lucrativa, mediante exercício de atividade não empresária (Ex: escritório de advocacia, cooperativa)
2.4. Das corporações especiais:
(Partidos políticos e organizações religiosas)
Se tornou corporações autônomas com o art. 44, ele prevê que são livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas. Quanto aos partidos políticos, serão organizados e funcionarão conforme o art. 44 §3◦
OBS: A autonomia das organizações religiosas não é absoluta.
3. Domicílio (Arts. 75 ao 78) 
O domicílio da pessoa jurídica é a sua sede jurídica, local em que responderá pelos direitos e deveres assumidos (Art. 75, CC)
>Admite-se a pluralidade de domicílio, isso ocorre no caso de uma empresa ter diversos estabelecimentos.
4. Extinção
a. Pela dissolução deliberada de seus membros, por unanimidade e mediante distrato, ressalvados os direitos de terceiros e da minoria.
b. Quando for determinado por lei
c. Em decorrência de ato governamental
d. No caso de termo extintivoo decurso de prazo
e. Por dissolução parcial, havendo falta de pluralidade de sócios
f. Por dissolução judicial
OBS: A extinção não se opera de modo instantâneo.
5. Desconsideração da personalidade jurídica
É uma prática de desconsiderar a separação existente entre o patrimônio de uma empresa e o patrimônio de seus sócios para os efeitos de determinadas obrigações, com a finalidade de evitar sua utilização de forma indevida, ou quando este for obstáculo ao ressarcimento de dano causado a terceiros.
a. Teoria maior - a desconsideração, para ser deferida, exige a presença de dois requisitos: o abuso da personalidade jurídica mais o prejuízo ao credor.
b. Teoria menor – a desconsideração exige um único elemento, qual seja o prejuízo ao credor.
OBS: Não se retirou a personalidade jurídica, mas apenas a desconsidera em determinadas situações, penetrando-se no patrimônio do sócio ou administrador.
6. Despersonificação da pessoa jurídica
A pessoa jurídica é extinta (dissolvida), com a apuração do ativo e do passivo, conforme a lei, nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua.
· DOS BENS (LIVRO II)
Conceito: Coisas com interesse econômico e/ou jurídico.
1. Classificações (Arts. 79 ao 103)
1.1. Quanto à tangibilidade:
a. Bens materiais – são aqueles que possuem existência corpórea, podendo ser tocados. (Ex: uma casa)
b. Bens imateriais – são aqueles com existência abstrata e que não podem ser tocados pela pessoa humana (Ex: o fundo empresarial, a hipoteca)
1.2. Quanto à mobilidade:
a. Bens imóveis – são aqueles que não podem ser removidos ou transportados sem a sua deterioração ou destruição.
b. Bens móveis – são aqueles que podem ser transportados, por força própria ou de terceiros, sem a deterioração, destruição e alteração da substância ou da destinação econômica-social.
1.3. Quanto à fungibilidade:
a. Bens infungíveis – são aqueles que não podem ser substituídos por outros da mesma espécie, quantidade e qualidade.
b. Bens fungíveis – são aqueles que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.
1.4. Quanto à consuntibilidade:
a. Bens consumíveis – são bens móveis, cujo uso importa na destruição imediata da própria coisa, bem como aqueles destinados à alienação.
b. Bens inconsumíveis – são aqueles que proporcionam reiteradas utilizações, permitindo que se retire a sua utilidade, sem deterioração ou destruição imediata, bem como aqueles que são inalienáveis.
1.5. Quanto à divisibilidade:
a. Bens divisíveis – são os que podem se partir em porções reais e distintas, formando cada qual um todo perfeito.
b. Bens indivisíveis – são os que não podem ser partilhados, pois deixariam de formar um todo perfeito, acarretando a sua divisão uma desvalorização ou perda das qualidades essenciais desse todo.
1.6. Quanto à individualidade: 
a. Bens singulares – são aqueles que, embora reunidos, possam ser considerados de per si, independentemente dos demais.
b. Bens coletivos – são os que se encontram agregados em um todo.
1.7. Quanto à dependência em relação a outro bem:
a. Bens principais – são os que existem de maneira autônoma e independente, de forma concreta ou abstrata. Exercem função ou finalidade não dependente de qualquer outro objeto.
b. Bens acessórios – são os bens cuja existência e finalidade dependem de um outro bem, denominado bem principal.
1.8. Em relação ao titular:
a. Bens particulares – são os que pertencem às pessoas físicas ou jurídicas de Direito Privado.
b. Bens públicos – são os que pertencem a uma entidade de direito público interno (União, Estados, Distrito Federal, Municípios...). São classificados em:
b.1. Bens de uso geral: São destinados à utilização do público em geral (praças, ruas, estradas, mares...)
b.2. Bens de uso especial: São os edifícios e terrenos utilizados pelo Estado para a execução de serviço público (prédios e repartições públicas)
b.3. Bens dominicais: São os que constituem o patrimônio disponível e alienável da pessoa jurídica (terrenos de marinha, estradas de ferro, mar territorial)
· DOS FATOS JURÍDICOS (LIVRO III)
>Fato jurídico – é uma ocorrência que tem relevância jurídica. 
>Ato jurídico – é um fato jurídico com elemento volitivo e conteúdo lícito. 
>Negócio jurídico – é um ato jurídico que tem a uma composição de interesses das partes com uma finalidade específica. 
· DO NEGÓCIO JURÍDICO (TÍTULO I)
1. Classificações:
*Quanto às manifestações de vontade dos envolvidos:
a. Negócios jurídicos unilaterais – atos e negócios em que a declaração de vontade emana de apenas uma pessoa, com um único objetivo. (Ex: testamento)
b. Negócios jurídicos bilaterais – quando há duas manifestações de vontade coincidente sobre o objeto ou bem jurídico tutelado (Ex: casamento)
c. Negócios jurídicos plurilaterais – envolve mais de duas partes, com interesses coincidentes no plano jurídico. (Ex: contrato de consórcio)
*Quanto às vantagens patrimoniais para os envolvidos:
a. Negócios jurídicos gratuitos – atos de liberdade, que outorgam vantagens sem impor ao beneficiado a obrigação de uma contraprestação. (Ex: doação pura)
b. Negócios jurídicos onerosos – envolve sacrifícios e vantagens patrimoniais para todas as partes do negócio (Ex: compra e venda e locação)
*Quanto aos efeitos, no aspecto temporal:
a. Negócios jurídicos inter vivos – destinados a produzir efeitos desde logo (Ex: contratos em geral)
b. Negócios jurídicos mortis causa – aqueles em que os efeitos só ocorrem após a morte de determinada pessoa (Ex: testamento e legado)
*Quanto à necessidade ou não de solenidades e formalidades:
a. Negócios jurídicos formais e solenes – obedecem a uma forma ou solenidade prevista em lei para a sua validade e aperfeiçoamento (Ex: casamento)
b. Negócios jurídicos informais ou não solenes – admitem forma livre (Ex: locação e prestação de serviços)
*Quanto à independência ou autonomia:
a. Negócios jurídicos principais ou independentes – são negócios que tem vida própria e não dependem de qualquer outro negócio (Ex: locação)
b. Negócios jurídicos acessórios ou dependentes – aquele que a existência está subordinada a um outro negócio jurídico (Ex: fiança em relação à locação)
*Quanto às condições pessoais especiais dos negociantes:
a. Negócios jurídicos impessoais – não dependem de qualquer condição especial dos envolvidos (Ex: compra e venda)
b. Negócios jurídicos personalíssimo – dependentes de uma condição especial de um dos negociantes (Ex: contratação de um pintor com arte única para fazer um quadro)
*Quanto à sua causa determinante:
a. Negócios jurídicos causais ou materiais – o motivo consta expressamente do seu conteúdo como ocorre (Ex: termo de divórcio)
b. Negócios jurídicos abstratos ou formais – aqueles cuja razão não se encontra inserida no conteúdo (Ex: termo de transmissão de propriedade)
*Quanto ao momento de aperfeiçoamento:
a. Negócios jurídicos consensuais – geram efeitos a partir do momento em que há o acordo de vontades entre as partes (Ex: compra e venda pura, art. 482)
b. Negócios jurídicos reais – geram efeitos a partir da entrega do objeto (Ex: contratos de empréstimo)
*Quanto à extensão dos efeitos:
a. Negócios jurídicos constitutivos – geram efeitos a partir de sua conclusão (Ex: compra e venda)
b. Negócios jurídicos declarativos – geram efeitos a partir do momento do fato que constitui o seu objeto (Ex: partilha de bens no inventário)
2. Elementos estruturais:
Escada Ponteana é dividida em três partes, são elas:
a. Plano de existência – nessa fase estão os pressupostos para um negócio jurídico, ou seja, seus elementos mínimos. Nesse plano surgem apenas substantivos, sem qualquer qualificação. Esses substantivos são: partes (ou agentes), vontade, objeto e forma. Não havendo algum desses elementos, o negócio jurídico é inexistente.
b. Plano da validade – são os substantivos quando recebem adjetivos. Que são: partes ou agentes capazes, vontade livre (sem vícios), objeto lícito, possível, determinado ou determinável e formaprescrita ou não defesa em lei.
c. Plano da eficácia – são os elementos relacionados com a suspensão e resolução de direitos e deveres das partes envolvidas. Estão os efeitos gerados pelo negócio em relação a terceiros, ou seja, as suas consequências. São os elementos dela: condição (evento futuro e incerto), termo (evento futuro e certo), encargo ou modo (ônus introduzido em ato de liberdade), regras relativas ao inadimplemento do negócio jurídico (resolução), juros, cláusula penal (multa) e perdas e danos, direito à extinção do negócio jurídico, regime de bens do negócio jurídico casamento e registro imobiliário.
3. Elementos acidentais:
3.1. Condição 
É o elemento que deriva exclusivamente da vontade das partes, faz o mesmo depender de um evento futuro e incerto. Se classificam em:
*Quanto à sua licitude:
a. Condições lícitas – aqueles que não contrariam a lei, a ordem pública ou os bons costumes.
b. Condições ilícitas – aquelas que contrariam a lei, a ordem pública ou os bons costumes gerando a nulidade do negócio.
*Quanto à possibilidade:
a. Condições possíveis – aquelas que podem ser cumpridas, físicas e juridicamente.
b. Condições impossíveis – são aquelas que não podem ser cumpridas, por uma razão natural ou jurídica gerando sua nulidade absoluta.
*Quanto à origem da condição:
a. Condições causais ou casuais – tem origem em evento natural.
b. Condições potestativas – dependem do elemento volitivo, da vontade humana. 
c. Condições mistas – aquelas que dependem, ao mesmo tempo, de um ato volitivo, somada a um evento natural.
*Quanto aos efeitos da condição:
a. Condições suspensivas – são aquelas que, enquanto não se verificarem, impedem que o negócio jurídico gere efeitos.
b. Condições resolutivas – são aquelas que, enquanto não se verificarem, não trazem qualquer consequência para o negócio jurídico, vigorando o mesmo.
3.2. Termo 
É o elemento acidental que faz com que a eficácia desse negócio fique subordinada à ocorrência de evento futuro e certo.
Na primeira classificação, há o termo inicial (início dos efeitos negociais) e o termo final (com eficácia resolutiva e que põe fim às consequências derivadas do negócio jurídico).
OBS: O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito. Subordina a eficácia do negócio a evento futuro e certo.
a. Termo certo ou determinado – sabe-se que o evento ocorrerá e quando ocorrerá.
b. Termo incerto e indeterminado – sabe-se que o evento ocorrerá, mas não se sabe quando. 
3.3. Encargo ou modo
É o elemento acidental do negócio jurídico que traz um ônus relacionado com uma liberalidade. É identificado pelas conjunções ‘’para que’’ ou ‘’com o fim de’’. Não suspende nem resolve a eficácia do negócio, não cumprindo o encargo, cabe a revogação de liberalidade. 
Exemplo: Ocorre quando uma pessoa doa um terreno a outrem para que o donatário construa em parte dele um asilo. 
4. Vícios ou defeitos do negócio jurídico
São vícios ou defeitos que atingem a sua vontade ou geram uma repercussão social, tornando o negócio passível de ação anulatória ou declaratória de nulidade pelo prejudicado ou interessado.
O prazo para anular o negócio jurídico eivado do vício é decadencial de quatro anos, contados da celebração do negócio jurídico.
a. Do erro e da ignorância 
O erro é um engano fático, uma falsa noção, em relação a uma pessoa, ao objeto do negócio ou a um direito, que acomete a vontade de uma das partes que celebrou o negócio jurídico.
Ignorância é o total desconhecimento da realidade.
Em síntese, mesmo percebendo a pessoa que está agindo sob o vício do erro, do engano, a anulabilidade do negócio continua sendo perfeitamente possível. 
Tipos de erro:
a.1. Erro de fato: é o engano a respeito de uma circunstância material, e pode ser acidental ou essencial. E é dividido em:
*Erro essencial ou substancial - Aquele erro de tal importância, que se fosse conhecida a verdade, não haveria o consentimento para tal negócio. 
*Erro acidental – é o erro que recai sobre motivos ou qualidades secundárias do objeto ou da pessoa, não alterando a validade do negócio, ou seja, este se apresenta como um erro de menor importância. Não é suficiente para anular o negócio.
b. Do dolo
>O dolo pode ser conceituado como sendo o artifício ardiloso empregado para enganar alguém, com intuito de benefício próprio. 
>O negócio praticado com dolo é anulável. 
>Não só o dolo do próprio negociante gera a anulabilidade do negócio, mas também o dolo de terceiros.
No dolo de terceiros se a parte a quem aproveita dele:
b.1. tem ciência então o negócio é anulável
b.2. não tem ciência então o negócio não é anulável, mas o lesado pode pedir perdas e danos ao autor do dolo.
>Tendo conhecimento o contratante ou negociante beneficiado, haverá dolo essencial.
c. Da coação
>A coação pode ser conceituada como sendo uma pressão física ou moral exercida sobre o negociante, visando obriga-lo a assumir uma obrigação que não lhe interessa.
>A coação exercida por terceiros gera anulabilidade do negócio, se o negociante beneficiado dela tiver ou devesse ter conhecimento, respondendo ambos solidariamente perante o prejudicado pelas perdas e danos.
>O negócio jurídico permanecerá válido se o negociante beneficiado pela coação dela não tiver ou não devesse ter conhecimento.
EX: Alguém celebra um casamento sob pressão de ameaça do irmão da noiva. Se a última tiver conhecimento dessa coação o negócio é anulável e ambos respondem. Por outro lado, diante da boa-fé da noiva que não sabia da coação, o casamento é conservado, respondendo o cunhado por eventuais perdas e danos decorrentes do seu ato.
d. Do estado de perigo
>Haverá estado de perigo toda vez que o próprio negociante, pessoa de sua família ou pessoa próxima estiver em perigo, conhecido da outra parte, sendo este a única causa para a celebração do negócio.
>A sanção a ser aplicada ao ato eivado de estado de perigo é a sua anulação.
EX: Alguém que tem pessoa da família sequestrada, o resgate é de 10 mil. O terceiro oferece 10 mil em uma joia que vale 50 mil. A venda é celebrada, movida pelo desespero da pessoa que quer salvar o filho, o negócio celebrado é, portanto, anulável.
e. Da lesão 
>Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
>Eventualmente, em vez do caminho da anulabilidade do negócio jurídico, o art. 157 § 2 determina que a invalidade negocial poderá ser afastada ‘’se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.’’
>Para a caracterização da lesão é necessária a presença de um elemento objetivo, formado pela desproporção das prestações, a gerar uma onerosidade excessiva, um prejuízo a uma das partes.
f. Da simulação
>Continua sendo um vício social do negócio jurídico, mas que causa a sua nulidade.
>Na simulação há um desacordo entre a vontade declarada e a vontade interna.
>Pode ser alegada por terceiros que não fazem parte do negócio, mas também por uma parte contra a outra.
>Simulação absoluta – situação em que na aparência se tem determinado negócio, mas na essência a parte não deseja negócio algum. EX: Pai doa imóvel para o filho, com o devido registro no cartório, mas continua usufruindo dele, exercendo os poderes do domínio sobre ele.
>Simulação relativa – situação em que o negociante celebra um negócio na aparência, mas na essência almeja um outro ato jurídico. E divide em:
Simulação relativa subjetiva – a parte celebra o negócio com uma parte na aparência, mas com outra na essência.
Simulação relativa objetiva – celebra-se um negócio jurídico, mas na realidade há uma outra figura obrigacional, sendo mascarados os seus elementos verdadeiros.
g. Da fraude contra credores
>Constitui fraude contra credores a atuação maliciosa do devedor, em estado e insolvência ou na iminência de assim tornar-se, que dispõe de maneira gratuita ou onerosa o seu patrimônio, para afastar a possibilidade de responderem os seus bens por obrigações assumidas em momento anterior à transmissão.>Em regra, há um elemento objetivo, formado pela atuação prejudicial do devedor e de terceiro, bem como um elemento subjetivo, volitivo, a intenção de prejudicar os credores do primeiro. 
EX: ‘A’ tem consciência do vencimento de dívidas em data próxima e vende a ‘B’ imóvel de seu patrimônio, havendo conhecimento deste do estado de insolvência, estará configurado ao vício social. Mesma conclusão serve para caso de doação (disposição gratuita).
5. Teoria das nulidades
A invalidade e a correspondente ineficácia do negócio jurídico abrangem:
5.1. Da inexistência do negócio jurídico
É aquele que não gera efeitos no âmbito jurídico, pois não preencheu seus requisitos mínimos, constantes do seu plano de existência. São inexistentes os que não apresentam os elementos que formam o suporte fático: partes, vontade, objeto e forma.
5.2. Da nulidade absoluta (negócio jurídico nulo)
É a sanção imposta pela lei que determina a privação de efeitos jurídicos do ato negocial, praticado em desobediência ao que a norma jurídica prescreve. 
5.3. Da nulidade relativa ou anulabilidade (negócio jurídico anulável)
Envolve preceitos de ordem privada, de interesse das partes, o que altera totalmente o seu tratamento legal, se confrontada com a nulidade absoluta.
· DA PRESCRIÇÃO E DA DECADENCIA (TÍTILO IV)
1. Regras quando a prescrição 
>A prescrição extintiva, constitui, uma sensação ao titular do direito violado, que extingue tanto a pretensão positiva quanto a negativa. 
>Trata-se de um fato jurídico stricto sensu justamente pela ausência de vontade humana, prevendo a lei efeitos naturais, relacionados com a extinção da pretensão. 
>Prazos estabelecidos pela lei.
>Deve ser conhecida de ofício pelo juiz.
>A parte não pode alegá-la. Pode ser renunciada pelo devedor após a consumação.
>Não corre contra determinadas pessoas.
>Previsão de casos de impedimento, suspensão ou interrupção.
>Relacionada com direitos subjetivos, atinge ações condenatórias (principalmente cobrança e reparação de danos)
>Prazo geral de 10 anos (art. 205)
>Prazos especiais de 1, 2, 3, 4, e 5 anos, previstos no art. 206.
2. Regras da decadência 
>Perda de um direito, em decorrência da ausência do seu exercício.
>Extingue o direito.
>Prazos estabelecidos pela lei (decadência legal) ou por convenção das partes (decadência convencional).
>A decadência legal deve ser reconhecida de oficio pelo magistrado, o que não ocorre com a decadência convencional.
>A decadência legal não pode ser renunciada, em qualquer hipótese. A decadência convencional pode ser renunciada após a consumação, também pelo devedor (mesmo tratamento da prescrição).
>Corre contra todas, com exceção dos absolutamente incapazes.
>Não pode ser impedida, suspensa ou interrompida, regra geral, com exceção de regras específicas.
>Relacionada com direitos potestativos, atinge ações constitutivas positivas e negativas (principalmente ações anulatórias).
>Não há, para a maioria da doutrina, prazo geral para a decadência. Há um prazo geral para anular negócio jurídico, de dois anos contados da sua celebração, conforme o art. 179.
>Prazos especiais em dias, meses, ano e dia e anos (1 a 5 anos), todos previstos em outros dispositivos, fora dos art. 205 e 206.

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