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Compilação resumo prof Marin Dir. Proc. Civil 1o grau

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I PARTE - Procedimento comum: Fase postulatória
1. Petição inicial. Requisitos.
2. Do pedido. Requisitos. Modalidades de pedido. Cumulação de pedidos.
Concurso de pretensões. Interpretação do pedido. Aditamento ou modificação do pedido.
3. Vícios da petição inicial. Indeferimento da petição inicial.
4. Citação. Modalidades. Efeitos da citação.
5. Resposta do réu. Modalidades de resposta.
6. Contestação. Conteúdo e forma da contestação. Defesas processuais e de mérito. Defesas direta e indireta.
7. Exceções procedimentais. (Arguição de impedimento ou suspeição)
8. Reconvenção.
9. Contumácia, revelia e seus efeitos.
Fase Postulatória
1. PETIÇÃO INICIAL
É “o veículo de manifestação formal da demanda”, sendo a demanda “o ato pelo qual alguém pede ao Estado a prestação jurisdicional” (Humberto, 561).
Características:
• Provoca a atividade jurisdicional (art. 2o)
CPC, art. 2o O processo civil começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo exceções previstas em lei.
• Fixa os limites da lide (arts. 141 e 492)
CPC, art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte.
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.
Requisitos da Petição (CPC, art. 319):
• o juízo a que é dirigida (art. 319, I);
• a qualificação das partes (art. 319, II: os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no CPF ou no CNPJ, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu);
• o fato e os fundamentos jurídicos do pedido (art. 319, III);
• o pedido com as suas especificações (art. 319, IV);
• o valor da causa (art. 319, V);
• as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados (art. 319, VI);
• a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação (art. 319, VII).
Requisitos documentais (CPC, art. 320):
• deverá ser instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação
STJ: “São documentos indispensáveis à propositura da demanda somente aqueles sem os quais o mérito da causa não possa ser julgado” (REsp 919.447, Min. Denise Arruda)
Atenção aos seguintes artigos
CPC, 341, II - Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se: II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do ato;
CPC, 345, III - A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se: III – a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere indispensável à prova do ato;
CPC, 406 - Quando a lei exigir instrumento público como da substância do ato, nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta.
Emenda da Inicial (CPC, art. 321):
• a petição inicial que não preenche os requisitos ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, deverá, no prazo de 15 dias, ser emendada ou a completada, conforme indicado pelo juiz.
• consequência – indeferimento. O juiz indeferirá a petição inicial na inércia do autor (parágrafo único)
2. PEDIDO
Conceito: É núcleo da petição inicial “que exprime aquilo que o autor pretende do Estado frente ao réu”(Humberto, 572).
Finalidade
O pedido tem dupla finalidade:
• obter a tutela jurisdicional do Estado (uma condenação, uma declaração etc.)
• fazer valer um direito subjetivo frente ao réu.
Doutrina: “a manifestação inaugural do autor é chamada de pedido imediato, no que se relaciona à pretensão a uma sentença, a uma execução ou a uma medida cautelar; e pedido mediato é o próprio bem jurídico que o autor procura proteger com a sentença (o valor do crédito cobrado, a entrega da coisa reivindicada, o fato a ser prestado etc.)” (Humberto, 572).
Em termos reduzidos
• pedido imediato direito processual
• pedido mediato direito material
Peculiaridades
O pedido tem dupla finalidade:
• deve ser certo [expresso, nunca implícito] (CPC, art. 322);
• deve ser determinado [delimitado na pretensão, em termos de qualidade, extensão e quantidade] (CPC, art. 324); 
• juros legais, correção monetária e verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios, compreendem-se no principal (CPC, art. 322, §1o);
• é interpretado considerando-se o conjunto da postulação e conforme o princípio da boa-fé (CPC, art. 322, §2o)
Súmula 254/STF - Incluem-se os juros moratórios na liquidação, embora omisso o pedido inicial ou a condenação (recepcionada pelo STJ REsp 253.671, DJU 9.10.00 e RSTJ 96/223)
Pedidos específicos
• em ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, essas serão consideradas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor, e serão incluídas na condenação, enquanto durar a obrigação (CPC, art. 323). 
Obrigações de trato sucessivo. Ex: cotas de condomínio, aluguéis etc
Legislação: CPC, art. 541 (consignação em pagamento), Lei 8.245/1991, arts. 62, II, “a” e 67, III (lei de locação)
• será alternativo quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a prestação de mais de um modo (CPC, art. 325) cabendo ao juiz assegurar o cumprimento da prestação de um ou de outro modo ao devedor (parágrafo único)
• será subsidiário o pedido formulado a fim de que o juiz conheça do posterior, quando não acolher o anterior (CPC, art. 326)
Pedidos genéricos
• nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados (CPC, art. 324, I).
O bem material demandado é uma universalidade de bens. Ex.: estabelecimento comercial; o quinhão de uma herança.
• quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato (CPC, art. 324, II). 
• quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu (CPC, art. 324, III)
Exemplo: “Ação de exigir de contas (CPC, arts. 550 a 553) – Art. 552. A sentença apurará o saldo e constituirá título executivo judicial”.
Pedidos cumulados
Conceito: a soma de várias pretensões a serem satisfeitas cumulativamente, num só processo. 
Espécies de cumulação de pedidos:
• cumulação simples: o acolhimento ou a rejeição de um não afeta o outro pedido. Ex: dano moral e dano material numa cobrança indevida;
• cumulação sucessiva: o acolhimento de um pedido pressupõe o do pedido anterior. Ex: rescisão do contrato e consequentes perdas e danos; ou decretação de separação de cônjuges e perda de direito da mulher de usar o apelido de família do marido;
• cumulação superveniente: quando, por exemplo, ocorre a denunciação da lide ou o chamamento ao processo, no curso da ação principal (arts. 125 e 130).
Requisitos
• os pedidos sejam compatíveis entre si (CPC, 327, I);
• seja competente para conhecer deles o mesmo juízo (CPC, 327, II);
• que seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento (CPC, 327, III): com a observação do §2o, quer permite eventualmente a adoção do procedimento comum para a adequação.
Importante: O requisito da compatibilidade não se aplica às cumulações de pedidos de que trata o art. 326 – pedido subsidiário. (Art. 326. É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça do posterior, quando não acolher o anterior. Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido, alternativamente, para que o juiz acolha um deles). 
Modificação do Pedidos
O autor poderá (CPC, 329):
• até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de consentimento do réu(CPC, 329, I);
• até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15 dias, facultado o requerimento de prova suplementar(CPC, 329, II).
Observação: admite-se consentimento tácito.3. VÍCIOS DA PETIÇÃO INICIAL
Indeferimento da Petição Inicial
A petição inicial será indeferida quando (CPC, 330):
• for inepta (CPC, 330,I);
• a parte for manifestamente ilegítima (CPC, 330,II);
• o autor carecer de interesse processual (CPC, 330, III);
• não atendidas as prescrições dos arts. 106 (dados do advogado) e 321 (correção da inicial).
“Art. 106. Quando postular em causa própria, incumbe ao advogado: I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço, seu número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e o nome da sociedade de advogados da qual participa, para o recebimento de intimações; II – comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço.”
“Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado.” 
Inépcia da Petição Inicial
A petição inicial será inepta quando (CPC, 330, § 1o):
• lhe faltar pedido ou causa de pedir (CPC, 330, § 1o, I);
Causa de pedir – fundamentos jurídicos do pedido – não os fundamentos legais. Aplicação da teoria substanciação.
• o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico(CPC, 330, § 1o, II);
• da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão(CPC, 330, § 1o, III);
• contiver pedidos incompatíveis entre si (CPC, 330, § 1o, IV).
Inépcia da Petição Inicial – Pedido discriminado (CPC, 330, § 2o)
Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de:
• Empréstimo
• Financiamento
• Alienação de bens
O autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito.
Ex.: o devedor, qualificando como ilícita a taxa de juros ou o índice de atualização monetária previstos no contrato, terá de elaborar um demonstrativo que explicite o valor do principal e os acessórios havidos como lícitos, definindo, assim, o “valor incontroverso”, não afetado pela demanda. Nesse caso, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo contratados (CPC, 330, § 3o).
4. CITAÇÃO
Noções Introdutórias
Como o processo se desenvolve sob os princípios da publicidade e do contraditório, existe um sistema de comunicação dos atos processuais, pelo qual o juízo põe os interessados a par do que ocorre no processo e os convoca a praticar os atos que lhes compete. São atos de comunicação:
• a citação - o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação processual (CPC, 238)
• a intimação - ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo (CPC, 269)
No tocante à forma de comunicação processual, pode ela se dar pelo escrivão (CPC, 274), pelo oficial de Justiça (CPC, 249 e 275), pelo Correio (CPC, 247) e pela imprensa (CPC, 272).
Conceito: “Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação processual” (CPC, 238).
Particularidades
• é indispensável para a validade do processo (CPC, 239)
A nulidade é insanável e impede a sentença de fazer coisa julgada (CPC, 525, § 1o, I, e 535, I).
• o comparecimento espontâneo supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à execução (CPC, 239, § 1o)
• é pessoal, podendo, no entanto, ser feita nas pessoas indicadas pela lei, representante legal, procurador, mandatário, administrador, preposto, gerente, órgão responsável por sua representação judicial etc (CPC, 242, §§ 1o a 3o)
• poderá ser feita em qualquer lugar em que se encontre o citando. (CPC, 243)
Efeitos da Citação
• Litispendência: define relação processual na lide, impedindo que o mesmo litígio seja discutido entre as partes, em outro processo, enquanto não se extinguir o feito pendente.
• Litigiosidade: o bem jurídico disputado pelas as partes se torna imutável, vinculado à causa.
• Constituição em Mora: para as situações que reclamam a constituição em mora pela comunicação, a citação funciona como ato de comunicação.
• Interrompe a prescrição e a decadência: inclusive retroativamente, presentes os requisitos legais (CPC, 240, §§)
Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Cód. Civil).
Interrupção da Prescrição
• opera-se pelo despacho que ordena a citação, ainda que proferido por juízo incompetente (CPC, 240, § 1o).
• retroage à data de propositura da ação (CPC, 240, § 1o), se o autor adotar, no prazo de 10 dias, as providências necessárias para viabilizar a citação (CPC, 240, § 2o).
• a parte não será prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário (CPC, 240, § 3o).
• o efeito retroativo se aplica à decadência e aos demais prazos extintivos previstos em lei (CPC, 240, § 4o).
Importante: Devemos fazer a interpretação em harmonia com o Código Civil, seu art. 202 e respectivos incisos. Afinal, “o Código Civil somente permite a interrupção da prescrição uma única vez” (Humberto, 405).
Impedimentos Factuais e Pessoais
(CPC, 244) Não se fará a citação, salvo para evitar o perecimento do direito, de:
• quem estiver participando de ato de culto religioso (CPC, 244, I);
• cônjuge, companheiro ou qualquer parente do morto (em segundo grau), no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes (CPC, 244, II);
• noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes ao casamento(CPC, 244, III);
• doente, enquanto grave o seu estado (CPC, 244, IV).
Não se fará a citação quando se verificar que o citando é mentalmente incapaz ou está impossibilitado de recebê-la (CPC, 245). Solução legal: O oficial de justiça devolverá o mandado com a certidão descrevendo minuciosamente o ocorrido (CPC, 245, § 1o) e eventual declaração médica (CPC, 245, § 3o), para que o juiz tome as providências. Poderá nomear curador ao citando, que será citado para a defesa. (CPC, 245, § 5o).
Modalidades
• pelo correio, para qualquer comarca do país;
• por oficial de justiça;
• pelo escrivão ou chefe de secretaria, diretamente em cartório;
• por edital;
• por meio eletrônico, conforme regulado em lei (Lei 11.419/2006, arts. 5o e 6o).
Citação pelo correio
Para qualquer comarca do país, exceto:
• nas ações de estado, observada a citação pessoal (CPC, 695, § 3o);
• se o citando for incapaz;
• se o citando for pessoa de direito público;
• se o citando residir em local não atendido pela entrega domiciliar (correio);
• quando o autor, justificadamente, a requerer de outra forma.
Atenção: Nos condomínios com controle de acesso, é válida a entrega do mandado a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência, que poderá recusar o recebimento pela ausência do destinatário. (CPC, 248, § 4o).
Citação por Oficial de Justiça
• nas hipóteses previstas neste Código ou em lei, ou quando frustrada a citação pelo correio. (CPC, 249).
Importante: O carteiro não dispõe de fé pública para certificar a entrega ou a recusa, assim, se o destinatário se negar a assinar o recibo, a citação postal restará inválida.
Surgirá a hipótese da lei, com a participação do oficial de justiça.
• nas comarcas contíguas de fácil comunicação e nas que se situem na mesma região metropolitana, o oficial de justiça poderá efetuar, em qualquer delas, citações, intimações, notificações, penhoras e quaisquer outros atos executivos. (CPC, 255).
Exceção: Afinal, o oficial de justiça exerce seu ofício dentro dos limites territoriais da comarca em que se acha lotado.
• poderá promover-se uma modalidade de citação ficta, denominada citação com hora certa. (CPC, 252)
Citação Real e Citação Ficta (ou presumida)
Citação real é aquela feita pessoalmente ao réu ou a quem o represente, e gera os efeitosda revelia, caso o réu não apresente a sua contestação dentro do prazo fixado. Citação ficta não se dá pessoalmente e portanto, presume-se que o réu tomou conhecimento dos termos da ação.
A citação real se dá:
• por correio;
• por oficial de justiça;
• ou pelo escrivão.
A citação ficta se dá:
• por edital ou
• por oficial de justiça com hora certa.
Citação por Oficial de Justiça com Hora Certa
Requisitos:
• o citando deve ser procurado em seu domicílio ou residência (a procura em outros lugares não autoriza essa forma excepcional de citação) (Humberto, 396), por duas vezes, sem localizá-lo (requisito objetivo); 
• deverá ocorrer suspeita de ocultação (requisito subjetivo). O oficial deve indicar “expressamente os fatos evidenciadores da ocultação maliciosa do citando”. (Humberto, 396)
Art. 252. Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar.
Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a intimação a que se refere o caput feita a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência.
Citação por Oficial de Justiça com Hora Certa
Peculiaridades – O oficial de justiça:
• comparecerá ao domicílio ou à residência do citando, no dia e na hora designados, a fim de realizar a diligência (CPC, 253);
• ausente o citando, procurará informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação (CPC, 253,§ 1o);
• certificará a ocorrência, deixando a contrafé com qualquer pessoa da família ou vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome (CPC, 253,§ 3o);
• fará constar do mandado a advertência de que será nomeado curador especial se houver revelia (CPC, 253,§ 4o).
Feita a citação, será enviada ao citando, no prazo de 10 dias, contado da data da juntada do mandado aos autos, carta, telegrama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de tudo ciência. (CPC, 254)
Importante: “A comunicação é obrigatória, mas não integra os atos de solenidade da citação - o prazo de contestação flui da juntada do mandado (CPC, 231, II e § 4o). 
Citação por Edital
Hipóteses:
• quando desconhecido ou incerto o citando (CPC, 256, I);
• quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar o citando (CPC, 256, II);
• nos casos expressos em lei (CPC, 256, III).
Exemplo: na recuperação judicial (Lei 11.101/2005, art. 52, § 1o), na falência (Lei 11.101/2005, art. 99, parágrafo único) e na insolvência (art. 1.052), entre outros.
Presunções legais:
• considera-se inacessível o país que recusar o cumprimento de carta rogatória (CPC, 256, § 1o);
• o réu será considerado em local ignorado ou incerto se infrutíferas as tentativas de sua localização, mediante requisição judicial (CPC, 256, § 3o).
Citação por Edital
Requisitos formais:
• a afirmação do autor ou a certidão do oficial informando a presença das circunstâncias autorizadoras (CPC, 257, I);
• a publicação do edital na rede mundial de computadores, no sítio do respectivo tribunal e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, que deve ser certificada nos autos (CPC, 257, II);
• a determinação, pelo juiz, do prazo(prazo de dilação), que variará entre 20 (vinte) e 60 (sessenta) dias, fluindo da data da publicação (CPC, 257, III);
• a advertência de que será nomeado curador especial em caso de revelia (CPC, 257, IV).
Atenção: O juiz poderá determinar que a publicação do edital seja feita também em jornal local de ampla circulação ou por outros meios, considerando as peculiaridades da comarca, da seção ou da subseção judiciárias (CPC, 257, par. ún.).
Citação por Meio Eletrônico
Quando os Órgãos do Poder Judiciário tiverem implantado sistema adequado para viabilizar os atos processuais por meios eletrônicos, as citações poderão realizar-se por seu intermédio, nos processos civis, inclusive perante a Fazenda Pública (Lei 11.419/2006, art. 6o).
A validade do ato citatório eletrônico, no entanto, dependerá de duas exigências legais:
• (a) ser feita sob as formas e cautelas traçadas pelo art. 5o para as intimações; 
• (b) a íntegra dos autos deve ficar acessível ao citando (art. 6o).
Não são quaisquer citandos que poderão receber a citação eletrônica, mas apenas aqueles que anteriormente já se achem cadastrados no Poder Judiciário para esse tipo de comunicação processual. O sistema ainda opera parcialmente.
5. RESPOSTA DO RÉU
Modalidades de Resposta
O atual CPC, em relação ao anterior, eliminou varias respostas do réu, porém ainda são possíveis ao réu as seguintes manifestações diante da citação:
• arguição de litisconsórcio facultativo prejudicial (CPC, 113, § 2o), se este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença.
• denunciação da lide (CPC, 125);
• chamamento ao processo (CPC, 130);
• reconvenção (CPC, 343);
• reconhecimento da procedência do pedido (CPC, 487, III, a).
A despeito de todas essas possibilidades, a resposta mais comum e de maior relevo é a contestação (CPC, 335).
6. CONTESTAÇÃO
Conceito: “é o instrumento processual utilizado pelo réu para opor-se, formal ou materialmente, à pretensão deduzida em juízo pelo autor”. [Humberto, 597].
Prazo
Por petição, no prazo de 15 dias, cujo termo inicial será a data:
• da audiência ou da última sessão de conciliação infrutífera (CPC, 335, I);
• do protocolo do pedido de cancelamento de conciliação/mediação apresentado pelo réu (em manifesto desinteresse das partes). (CPC, 335, II);
• prevista no art. 231:
• da juntada aos autos (AR, mandado cumprido) (I, II e IV);
• da citação certificada por ato do escrivão ou do chefe de secretaria (III);
• dia útil seguinte ao fim do prazo de dilação do edital (IV);
• dia útil seguinte à consulta ou ao término do prazo para consulta, na forma eletrônica (V).
Classificações Doutrinárias
Sabemos que “quando o réu responde ao autor, tanto pode defender-se no plano da relação processual (preliminares) como no do direito material (questão de mérito). Daí a classificação das defesas em defesa processual e defesa de mérito”. [Humberto, 592].
• Defesa processual aquela que “visa obstar a outorga da tutela jurisdicional pretendida pelo autor mediante inutilização do processo” – “sem apreciação do mérito pelo juiz”. [Humberto, 593].
Tais defesas podem ser subdivididas em:
• peremptórias (aquelas que levam o processo à extinção - art. 485) 
• dilatórias (aquelas que apenas causam ampliação ou dilatação do curso do procedimento -art. 335, I, II, VIII, IX e XII). Podendo, entretanto, adquirir força de peremptória.” [Humberto, 594].
Classificações Doutrinárias
Defesa direta de mérito aquela que “ataca o fato jurídico que constitui o mérito da causa (a sua causa petendi)”, objetivando destruir-lhe os fundamentos de fato ou de direito. [Humberto, 594].
• o ataque pode atingir o próprio fato arguido pelo autor(ex. negando o dano);
• o ataque pode atingir suas consequências jurídicas(ex. negando o efeito jurídico pretendido).
 Defesa indireta de mérito aquela que “embora reconheça a existência e eficácia do fato jurídico arrolado pelo autor, o réu invoca outro fato novo que seja impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor”. [Humberto, 594].
• defesa indireta de mérito por fato impeditivo (força maior);
• defesa indireta de mérito por fato modificativo (compensação);
• defesa indireta de mérito por fato extintivo (prescrição).
Resumindo, é possível classificar as respostas do réu da seguinte maneira:
(a) defesa processual (sempre indireta);
(b) defesa direta de mérito;
(c) defesa indireta de mérito;
(d) reconvenção.
Princípio da eventualidade (ou da concentração)
Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.
Importante: A defesa se dá num único momentopelo princípio da eventualidade ou da concentração, ocorrendo preclusão do direito de invocar ou matéria de defesa. Assim, “se alguma arguição defensiva for omitida nessa fase, impedido estará ele, portanto, de levantá-la em outros momentos ulteriores do procedimento”. [Humberto, 598].
Nota: o art. 342 apresenta exceções à essa regra.
Preliminares
Conceito: Preliminares são defesas indiretas de mérito. São alegações que objetivam “invalidar a relação processual ou revelar imperfeições formais capazes de prejudicar o julgamento do mérito”. [Humberto, 600].
Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar (CPC, 337):
• inexistência ou nulidade da citação (CPC, 337, I);
É uma defesa processual dilatória, “porque o comparecimento do réu supre a citação (art. 239, § 1o), fluindo a partir desta data os prazos”. [Humberto, 600]
• incompetência absoluta e relativa (CPC, 337, II);
É também uma defesa processual dilatória, “pois o acolhimento não leva à extinção do processo – ocorrerá a remessa ao juiz competente”. [Humberto, 600]
• incorreção do valor da causa (CPC, 337, III);
A defesa processual é dilatória, pois “a impugnação constará de preliminar de contestação, sob pena de preclusão (art. 293)”. [Humberto, 600]
• inépcia da petição inicial (CPC, 337, IV);
É defesa processual peremptória, “que dá lugar à extinção do processo, sem julgamento do mérito. Acolhível nos casos do art. 330, §1o”. [Humberto, 600]
• perempção (CPC, 337, V);
É defesa peremptória - ocorre a perempção “quando o autor dá ensejo a 3 extinções do processo (mesma lide), por abandono (art. 486, §3o)” [Idem, 600]
• litispendência (CPC, 337, VI);
É defesa processual peremptória, já que “a exceção de litispendência visa a impedir a duplicidade de causas sobre um só litígio”. [Humberto, 600]
• coisa julgada (CPC, 337, VII);
É defesa processual peremptória, pois “com o advento da coisa julgada, o dispositivo da sentença torna-se imutável e indiscutível (art. 502)”. [Idem, 600]
• conexão (CPC, 337, VIII);
É defesa processual dilatória, pois visa à reunião das causas conexas (CPC, 55 §1o) Compreende-se na expressão conexão, a continência (CPC, 56)”. [Humberto, 600]
• incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização (CPC, 337, IX)
É defesa formal dilatória “porque o juiz não extingue, desde logo, o processo, mas sim dá oportunidade à parte para sanar o vício”. [Humberto, 600]
• convenção de arbitragem (CPC, 337, X);
É defesa processual peremptória, posto que a Lei 9.307, de 23 de setembro de 1996 é apta excluir a jurisdição para solucionar o litígio;
• ausência de legitimidade ou de interesse processual (CPC, 337, XI);
Nos termos do art. 17, a ação reclama “interesse e legitimidade”. Quando não concorrem essas condições, ocorrerá carência da ação.
• falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar (CPC, 337, XII);
A preliminar é defesa processual dilatória. Nos termos do art. 76, o juiz, se acolhê-la, deve suspender o processo para o saneamento da falha.
•indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça (CPC, 337, XIII);
Nos termos do art. 100, a impugnação ao benefício da gratuidade de justiça pode ser alegada em preliminar de contestação, ou em outras oportunidades, observando sempre a eventual preclusão.
Importante: O juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste artigo, excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa (CPC, 337, § 5o). 
Preliminares – Regras Especiais
Ilegitimidade ou Irresponsabilidade
Alegando o réu, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado (CPC, 338):
• o juiz facultará ao autor, em 15 dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu (CPC, 338) com o reembolso das despesas e o pagamento dos honorários ao procurador do réu excluído (CPC, 338, parágrafo único);
• incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica quando alegar sua ilegitimidade, sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação (CPC, 339);
• o autor pode optar por alterar a petição inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu (CPC, 339);
Incompetência
Alegando o réu, incompetência relativa ou absoluta, a contestação poderá ser protocolada no foro de domicílio do réu, fato que será imediatamente comunicado ao juiz da causa (CPC, 340) e acarretará:
• a livre distribuição da contestação no domicílio do réu (CPC, 340, § 1o) com a prevenção dele, caso acolhida a competência do foro indicado pelo réu (CPC, 340, § 2o);
• a suspensão da realização da audiência de conciliação ou de mediação, se tiver sido designada (CPC, 340, § 3o) até que definida a competência, com designação de nova data (CPC, 340, § 4o);
Nota: É medida de economia processual para desonerar o demandado dos ônus de deslocamento até o foro da causa.
Presunção de Veracidade
Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se (CPC, 341):
• não for admissível, a seu respeito, a confissão (CPC, 341, I);
Doutrina: “é o caso dos direitos indisponíveis, como os relacionados com a personalidade e o estado das pessoas naturais”. [Humberto, 599]
• a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do ato (CPC, 341, II);
“quando a lei exigir instrumento público como da substância do ato, nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta” (CPC, 406).
• estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto. (CPC, 341, III)
Doutrina: “o réu impugna diretamente apenas alguns fatos, mas da impugnação destes decorre implicitamente a rejeição dos demais”. [Idem, 599]
Alegações Novas
Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações quando (CPC, 342):
• relativas a direito ou a fato superveniente (CPC, 342, I);
Importante: o direito aqui é o subjetivo, não o objetivo, observando quanto ao segundo vigorarem as normas de direito intertemporal (art. 5o, XXXVI, CF e art. 6o, LINDB – direito adquirido). Como exemplos: “o réu que adquire a propriedade da coisa litigiosa, no curso do processo, por herança” ou o réu “que obtém quitação do autor relativamente à obrigação disputada em juízo”. [Humberto, 598]
• competir ao juiz conhecer delas de ofício (CPC, 342, II);
Aquelas matérias constantes da lei (arts. 337, § 5o; 485, § 3o; 487, II)
• por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição. (CPC, 342, III);
Ex.: prescrição (CC, art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita).
7. ARGUIÇÃO DE IMPEDIMENTO OU SUSPEIÇÃO
Impedimento: É a impossibilidade do exercício da atividade jurisdicional pela presunção absoluta de parcialidade do juiz. Há impedimento do juiz no processo (CPC, 144):
• em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do MP ou prestou depoimento como testemunha (CPC, 144, I);
• de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão (CPC, 144, II);
• quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive (CPC, 144, III);
• quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive (CPC, 144, IV);
• quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo (CPC, 144, V).
Há impedimento do juiz no processo (CPC, 144):
• quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes(CPC, 144, VI);
• em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços (CPC, 144, VII);
• em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge,companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório (CPC, 144, VIII);
• quando promover ação contra a parte ou seu advogado (CPC, 144, IX).
Impedimento – Aplicações do art. 144, III
Há impedimento do juiz no processo quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive. Entretanto (CPC, 144):
• o impedimento só se verifica quando o defensor público, o advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da atividade judicante do juiz (CPC, 144, § 1o);
• a criação de fato superveniente não caracteriza o impedimento (CPC, 144, § 2o);
• o impedimento se verifica no caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no processo (CPC, 144, § 3o).
Suspeição: É a impossibilidade do exercício da atividade jurisdicional pela presunção relativa de parcialidade do juiz, atenta às características subjetivas da situação.
Há suspeição do juiz (CPC, 145):
• amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados (CPC, 145, I);
• que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio (CPC, 145, II);
• quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive (CPC, 145, III);
• interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes (CPC, 145, IV).
Da Arguição
No prazo de 15 dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas.
• reconhecendo o impedimento ou a suspeição ao receber a petição, o juiz ordenará imediatamente a remessa dos autos a seu substituto legal ou não reconhecendo, autuada em apartado da petição, apresentará suas razões em 15 dias, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa do incidente ao tribunal (CPC, 146, § 1o);
• o relator declarará os efeitos do incidente, com ou sem efeito suspensivo (CPC, 146, § 2o);
• acolhida a alegação, o tribunal condenará o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu substituto legal (CPC, 146, § 5o);
• o tribunal fixará o momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado (CPC, 146, § 5o) e decretará a nulidade dos atos do juiz então contaminados (CPC, 146, § 6o).
8. RECONVENÇÃO
Conceito: É uma forma do exercício do direito de ação, sob a forma de contra-ataque do réu contra o autor, ensejando processamento simultâneo, a fim de que o juiz resolva as duas lides na mesma sentença.
Doutrina: “Enquanto o contestante apenas procura evitar sua condenação, numa atitude passiva de resistência, o reconvinte busca, mais, obter uma condenação do autor-reconvindo”. [Humberto, 595]
Aplicação: Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria (CPC, 343) conexa com:
• a ação principal 
Conexão pelo Pedido: Marido ajuíza ação pedindo divórcio, fundado em adultério da esposa. Esposa ajuíza reconvenção pedindo divórcio, fundada débito conjugal.
Conexão pela Causa de Pedir: Autor ajuíza ação pedindo a rescisão do contrato pela falta de pagamento das mensalidades de um contrato de prestação de serviços (causa de pedir).
Réu ajuíza reconvenção pedindo a revisão do valor da mensalidade, com a continuação contrato de prestação de serviços (causa de pedir).
• o fundamento da defesa.
Autor ajuíza ação pedindo o pagamento de dívida, enquanto o réu contesta alegando o pagamento e ajuíza reconvenção para devolução em dobro (C.C., 940).
Pressupostos
A admissibilidade da reconvenção está subordinada aos pressupostos processuais e às condições da ação. Porém, “dada a sua natureza especial, a reconvenção exige alguns requisitos específicos, de par com aqueles que se observam em qualquer ação”. [Humberto, 608].
• O primeiro é a legitimidade;
• O segundo é a conexão, segundo a lei, “com a ação principal ou com o fundamento da defesa”;
• O terceiro é a competência, lembrando que o juiz da causa principal é também competente para a reconvenção, porém essa prorrogação não alcança as hipóteses de incompetência absoluta (art. 54);
• O quarto é o procedimento, posto que a ação principal deve ter o mesmo da ação reconvencional, diante do art. 327, § 1o, III.
Importante: não cabe a reconvenção nos juizados especiais (Lei 9.099/95, art. 31)
Características
• proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu advogado, para apresentar resposta no prazo de 15 dias (CPC, 343, § 1o);
• a desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção (CPC, 343, § 2o);
• o réu pode propor reconvenção independentemente de oferecer contestação (CPC, 343, § 6o);
• pode ser proposta contra o autor e terceiro (CPC, 343, § 3o) e pelo réu em litisconsórcio com terceiro.
Importante: “O novo Código afastou-se do entendimento doutrinário predominante no regime anterior de que, pela natureza especial de resposta do réu ao autor, não se poderia admitir que o reconvinte constituísse litisconsórcio com terceiro para reconvir ao autor”. [Humberto, 608]
Reconvenção e Compensação
Não se pode confundir os institutos:
• “a compensação é uma figura de direito material, como forma de extinção de obrigações recíprocas entre as mesmas partes (CC, 368).”
• “a reconvenção é um instrumento de direito processual, para permitir ao réu demandar o autor no mesmo processo”. [Humberto, 609]
Na compensação o réu deverá fazer uso das defesas indiretas de mérito (fatos modificativos do direito do autor), uma vez que ela “é causa legal de extinção das obrigações recíprocas, desde que líquidas, certas e fungíveis (CC, 368 e 369). Basta, que o réu a invoque em simples contestação”. [Idem, 609]
Se as obrigações são incertas ou ilíquidas não podem ser compensadas, “senão depois de acertamento por sentença, razão pela qual somente podem ser pleiteadas por via de reconvenção”. [Idem, 609]
Em suma: a liquidez e certeza da obrigação determina a via a ser utilizada, defesa indireta ou reconvenção, ambas no bojo da contestação.
9. CONTUMÁCIA, REVELIA E SEUS EFEITOS
Doutrina
Contumácia: “a inércia processual, quer do autor, quer do réu”. (Vicente, 30;2).
Revelia: “a inatividade do réu”. (Vicente, 30;3).
Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-se-ão verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor. (CPC, 344).
Não contestar — na verdade, não contestar validamente (fora de prazo ou sem representação).
Irregularidade do mandato também. (CPC, 76, §1o, II)
“Os fatos é que se reputam verdadeiros; a revelia tem seus efeitos restritos à matéria de fato, excluídas as questões de direito.” (RTFR 159/73).
Importante: nem sempre a revelia produz o efeito mencionado no art. 344 (veracidade das alegações de fato) (CPC, 345). Não confundir a revelia com o efeito da revelia (presunção de veracidade das alegações de fato).
Excludentes da Presunção de Veracidade
A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se:
• havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação (CPC, 345, I);
Naturalmente em fatos comuns aos réus (REsp. 44.545-0).
• o litígio versar sobre direitos indisponíveis(CPC, 345, II);
Estado, personalidade (art. 11, CC), direitos fundamentais (art. 5o, X, CF).
• a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere indispensável à prova do ato (CPC, 345, III);
Instrumento público (art.108 e 109, CC).
• as alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em contradição com prova constante dos autos (CPC, 345, IV)
Importante: “Não se aplica o efeito da revelia, disposto no art. 344 do CPC, ao revel que tenha sido citado por edital ou com hora certa” (V ENTA — concl. 12 a 6).
Aplicação
Os prazos contra o revel que não tenha patrono nos autos fluirão da data de publicação do ato decisório no órgão oficial (CPC, 346).
Atenção: “contra o revel correrão todos os prazos a partir da data de publicação do ato decisório no órgão oficial, vale dizer, independentemente de intimação específica do réu, inclusive os de recurso”. [Humberto, 613]
O revel poderá intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o no estado em que se encontrar (CPC, 346, parágrafo único).
Súmula 231 do STF “O revel, em processo civil, pode produzir provas, desde que compareça em momento oportuno”.
Nota: A interpretação da oportunidade do momento depende do seguimento do processo. “Assim, se o réu se apresenta como revel, por não ter contestado a ação, mas tem advogado nos autos, os efeitos de sua revelia só atuam no plano de presunção da veracidade dos fatos arrolados na inicial”. [Humberto, 613]
I PARTE - Procedimento comum:
Fase ordinatória
10. Fase ordinatória.
11. Providências preliminares.
12. Julgamento conforme o estado do processo. Extinção do processo. Julgamento antecipado da lide.
13. Audiência preliminar e Saneamento do processo.
Fase Ordinatória 
11. PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES
Findo o prazo para a contestação, o juiz tomará, conforme o caso, as providências preliminares (CPC, 347).
• ordenará que o autor especifique as provas que pretenda produzir;
Se o réu não contestar a ação e o juiz verificar a inocorrência da presunção da veracidade que pretenda produzir, se ainda não as tiver indicado (CPC, 348);
• ouvirá o autor em réplica no prazo de 15 dias;
• Se o réu alegar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, permitindo-lhe o juiz a produção de prova (CPC, 350);
• Se o réu alegar qualquer das matérias enumeradas no art. 337 (preliminares processuais) permitindo-lhe a produção de prova (CPC, 351).
Réplica
Conceito: Réplica é a resposta em desfavor de uma contestação seja para alegar algum fato, seja para alegar alguma defesa.
Doutrina: “Para manter a observância do princípio do contraditório, sempre que a contestação contiver defesa indireta de mérito, ou seja, quando o réu invocar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito alegado na inicial, o juiz mandará ouvir o autor sobre a resposta, em quinze dias. A mesma audiência do autor será observada, também, quando o contestante arguir qualquer das preliminares previstas para a contestação no art. 337.” [Humberto, 605]
• fatos impeditivos: exceção de contrato não cumprido; exceção de usucapião;
(Súm. 237 STF) e caso fortuito ou força maior.
• fatos modificativos: novação; compensação e extinção parcial da obrigação;
• fatos extintivos: pagamento; prescrição; decadência; a morte do titular de um direito personalíssimo e intransmissível.
Após a Réplica
• O juiz verificando a existência de irregularidades ou de vícios sanáveis, determinará sua correção em prazo nunca superior a 30 dias (CPC, 352);
• O juiz proferirá julgamento conforme o estado do processo cumpridas as providências preliminares ou não havendo necessidade delas (CPC, 353);
• O juiz proferirá decisão de saneamento e de organização do processo não ocorrendo nenhuma das hipóteses do julgamento conforme o estado do processo (CPC, 357).
12. JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO
Da Extinção do Processo
Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 485 e 487, incisos II e III, o juiz proferirá sentença (CPC, 354).
Importante: A decisão a que se refere o caput (sentença) pode dizer respeito a apenas parcela do processo, caso em que será impugnável por agravo de instrumento (CPC, 354, parágrafo único).
Da Extinção do Processo sem resolução do mérito
Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 485 e 487, incisos II e III, o juiz proferirá sentença (CPC, 354)
I - indeferir a petição inicial;
II - o processo ficar parado durante mais de 1 ano por negligência das partes;
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 dias;
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência;
VIII - homologar a desistência da ação;
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e
X - nos demais casos prescritos neste Código. (arts. 52; 313, § 3o; 542, par. ún.)
Da Extinção do Processo com resolução do mérito
Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 485 e 487, incisos II e III, o juiz proferirá sentença (CPC, 354). 
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:
(...)
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;
III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.
Do Julgamento Antecipado do Mérito
O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de mérito, quando:
• não houver necessidade de produção de outras provas (CPC, 355, I);
• o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 (presunção de veracidade) e não houver requerimento de prova, na forma do art. 349 (CPC, 355, II);
Art. 349. Ao réu revel será lícita a produção de provas, contrapostas às alegações do autor, desde que se faça representar nos autos a tempo de praticar os atos processuais indispensáveis a essa produção.
Notadamente nos casos em que “as alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em contradição com prova constante dos autos” (CPC, 345, IV).
Do Julgamento Antecipado Parcial do Mérito
O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou parcela deles:
• mostrar-se incontroverso (CPC, 356, I);
• estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355 (CPC, 356, II)
Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de mérito, quando:
I - não houver necessidade de produção de outras provas;
II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova, na forma do art. 349.
Do Julgamento Antecipado Parcial do Mérito
Peculiaridades
• a parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obrigação reconhecida na decisão que julgar parcialmente o mérito, independentemente de caução, ainda que haja recurso contra essa interposto (CPC, 356, § 2o);
• com o trânsito em julgado da decisão a execução será definitiva (CPC, 356, § 3o);
• a decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de instrumento (CPC, 356, § 5o).
Importante: “Embora configure decisão interlocutória, visto que não põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, o julgamento em causa é uma decisão de mérito, e, como tal, transita materialmente em julgado (arts. 502 e 503). Sendo, porém, decisão interlocutória (e não sentença), o recurso manejável é o agravo de instrumento (e não a apelação)”. [Humberto, 628]
13. AUDIÊNCIA PRELIMINAR E SANEAMENTO DO PROCESSO 
Do Saneamento do processo
O juiz proferirá decisão de saneamento e de organização do processo não ocorrendo o julgamento conforme o estado do processo (CPC, 357) e:
•resolverá as questões processuais pendentes, se houver (CPC, 357, I);
•delimitará as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, especificando os meios de prova admitidos (CPC, 357, II);
•definirá a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373 (CPC, 357, III);
•delimitará questõesde direito relevantes para a decisão do mérito (CPC, 357, IV);
•designará, se necessário, audiência de instrução e julgamento (CPC, 357, V).
Importante: “O saneamento do processo é feito, portanto, por decisão interlocutória do juiz (CPC, 357). Contudo, pode, eventualmente, haver audiência de saneamento em causas complexas, nos termos do art. 357, § 3o”. [Humberto 629]
Peculiaridades
•realizado o saneamento, as partes têm o direito de pedir esclarecimentos ou solicitar ajustes, no prazo de 5 dias, após a decisão se torna estável (CPC, 357, § 1o);
•as partes podem apresentar ao juiz delimitação consensual das questões de fato e de direito a que se referem os incisos II e IV, a qual, se homologada, vincula as partes e o juiz (CPC, 357, § 2o) (Negócio jurídico processual);
• o juiz fixará prazo comum não superior a 15 dias para que as partes apresentem rol de testemunhas (CPC, 357, § 4o);
•o número de testemunhas arroladas não pode ser superior a 10, sendo 3, no máximo, para a prova de cada fato (CPC, 357, § 6o), porém, o juiz poderá limitar o número de testemunhas levando em conta a complexidade da causa e dos fatos individualmente considerados (CPC, 357, § 7o);
•determinada a produção de prova pericial, o juiz deve nomear perito especializado e fixar o prazo para a entrega do laudo(CPC, 465) e, se possível, estabelecer, desde logo, calendário para sua realização (CPC, 357, § 8o);
•observar-se-á o intervalo mínimo de 1 hora entre as audiências (CPC, 357, § 9o).
II PARTE - Fase instrutória. Das provas.
14. Teoria geral da prova.
15. Depoimento pessoal.
16. Confissão.
17. Exibição de documento ou coisa.
18. Prova documental
19. Prova testemunhal.
20. Prova pericial.
21. Inspeção judicial.
22. Audiência de instrução e julgamento
Fase Instrutória 
14. TEORIA GERAL DA PROVA
Meios legais
As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz (CPC, 369).
Conceito: “a prova é todo meio destinado a convencer o juiz a respeito da verdade de uma situação de fato”. [Vicente, 196.1]
Doutrina: “Meios de prova são os instrumentos pessoais ou materiais trazidos ao processo para revelar ao juiz a verdade de um fato”. [Vicente, 196.1]
(Previstos nos arts. 381 a 484). “Esse rol, porém, não é taxativo”. [Vicente, 199.3]
Meios moralmente legítimos. 
“Não se admite a prova cuja obtenção tenha violado princípio ou norma de direito material, especialmente se a violada está inserida como garantia constitucional”. [Vicente, 200.3] Exemplos: “documento obtido por meio de furto”; “testemunha que exige e recebe da parte dinheiro para depor dizendo a verdade”; “gravação obtida com violação de sigilo”. [Idem, 200.1]
14. TEORIA GERAL DA PROVA
Requerimento e Admissão
A prova é destinada ao juiz, logo ele:
• determinará as provas necessárias ao julgamento do mérito, de ofício ou a requerimento da parte, (CPC, 370).
Nota: “O juiz, porém, deve cuidar para não comprometer sua imparcialidade na condução do processo”. [Humberto, 653]
• indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências inúteis ou meramente protelatórias. (CPC, 370, parágrafo único).
• apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento (CPC, 371);
• poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo- lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório (CPC, 372)
Ônus da prova
O ônus da prova incumbe:
• ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito (CPC, 373, I)
Atenção: a inversão do ônus da prova (art. 6o, VIII, do CDC) não é automática, devendo ser analisada pelo juiz no contexto da facilitação da defesa. [RT 783/332; 770/210]
Nota: A ocorrência do fato constitutivo é prova do autor, pois, “seria diabólico exigir do fornecedor (réu) a prova negativa do fato passado fora de sua área de conhecimento e controle. Estar-se-ia, na verdade, a impor prova impossível, a pretexto de inversão de ônus probandi, o que repugna à garantia do devido processo legal, com as características do contraditório e ampla defesa”. [Humberto, 669]
• ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor (CPC, 373, II).
Atenção “não existe, no processo civil, o princípio geral do in dubio pro reo” VGF, 205.3
Ônus da prova dinâmico
• Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído (CPC, 373, § 1o);
• Doutrina: “A redistribuição do onus probandi pode decorrer de requerimento da parte ou ser decretada de ofício pelo juiz”. [Humberto, 665]
• A decisão de inversão do ônus não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil;
• A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando recair sobre direito indisponível da parte (CPC, 373, § 3o, I) ou tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito (CPC, 373, § 3o, II), podendo ser celebrada antes ou durante o processo(CPC, 373, § 4o).
Fatos que não dependem de prova
A lei determina que alguns fatos não dependem de prova. São eles:
• notórios (CPC, 374, I);
Provado o fato, não há necessidade da prova do dano moral (STJ – Súmula 479). VGF, 197.3 “Basta a notoriedade relativa, local ou regional e do pessoal do foro”.
Porém, a divulgação na imprensa não é suficiente para tornar o fato notório.
• afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária (CPC, 374, II);
• admitidos no processo como incontroversos (CPC, 374, III);
• em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade (CPC, 374, IV).
Importante: a presunção é relativa, logo a parte em favor de quem milita a presunção não precisa prová-lo, incumbindo à parte contrária o ônus de produzir, se for o caso, a prova contrária.
Regras específicas
O juiz aplicará:
• as regras de experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente acontece (CPC, 375);
• as regras de experiência técnica, ressalvado, quanto a estas, o exame pericial (CPC, 375);
O juiz poderá determinar que se prove o teor e a vigência (CPC, 376) do:
• direito municipal ou estadual
• direito estrangeiro
• direito consuetudinário
PROVAS: a) estrangeiro: “compêndios de legislação atualizados, por certidão diplomática”; b) consuetudinário: “Juntas Comerciais - certidões sobre o costume consagrado, registrado em livros próprios” (Art. 8o, VI, da Lei no 8.934/94 e arts. 87 e 88 do Decreto no 1.800/96).
Dever de colaboração com o Poder Judiciário
Ninguém se exime do dever de colaborar com o Poder Judiciário para o descobrimento da verdade (CPC, 378). Porém, existem as exceções previstas em lei (RT 607/110).
A testemunha não é obrigada a depor de fatos:
• que lhe acarretem grave dano (CPC, 448, I), bem como:
• ao seu cônjuge ou companheiro (CPC, 448, I);
• aos seus parentes consanguíneos ou afins, em linha reta, ou colateral, até terceiro grau(CPC, 448, I);
• a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo (CPC, 448, II).
Dever de colaboração com o Poder Judiciário – a Parte
Embora ninguém se exima do dever de colaborar com o Poder Judiciário para o descobrimento da verdade (CPC, 378) à parte é preservado o direito de não produzir prova contra si própria (CPC, 379).
Entretanto, apesar da garantia, incumbe à parte:
• comparecer em juízo, respondendo ao que lhe for interrogado (CPC, 379, I). “O depoimento pessoal, assim, não é uma faculdade, mas um dever.”
• colaborar com o juízo na realização de inspeção judicial que for considerada necessária(CPC, 379, II);
Ninguém pode ser coagido ao exame ou inspeção corporal, para prova no cível (STF-Pleno HC 71.373-RS), mas aplica-se a presunção legal no caso de recusar-se a parte, sem motivo justificado, a exame na sua pessoa (RSTJ 135/315);
• praticar o ato que lhe for determinado (CPC, 379, III). Com a observação do disposto no art. 5o, II da CF.
Dever de colaboração com o Poder Judiciário – Terceiro
Incumbe ao terceiro, em relação a qualquer causa:
• informar ao juiz os fatos e as circunstâncias de que tenha conhecimento (CPC, 380, I). O Poder Judiciário não dispõe de força cogente para impor a revelação de sigilo profissional, salvo na hipótese de existir específica norma de lei formal autorizando a possibilidade de sua quebra (RT 762/194). Porém, a requisição judicial de prontuário do paciente é possível (RT 760/295). 
Na forma de depoimento testemunhal ou por correspondência, como no caso de empresa que informa o salário do alimentante.
• exibir coisa ou documento, que esteja em seu poder (CPC, 380, II).
Nota: Diante do descumprimento poderá o juiz determinar, além da imposição de multa, outras medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias(CPC, 380, Parágrafo único).
15. DEPOIMENTO PESSOAL
Requerimento
Cabe à parte requerer o depoimento pessoal da outra parte, a fim de que esta seja interrogada na audiência de instrução e julgamento, sem prejuízo do poder do juiz de ordená-lo de ofício (CPC, 385).
Doutrina: “Depoimento pessoal (...) aplica-se tanto ao autor como ao réu, pois ambos se submetem ao ônus de comparecer em juízo e responder ao que lhe for interrogado pelo juiz”. (Humberto 968)
Litisconsorte pode requerer o depoimento do seu co-litigante (STF RT 581/235).
Jurisprudência: Pessoa jurídica pode ser representada por preposto (STJ RE 191.078-MA)
Pena de Confesso
O juiz aplicará a pena de confesso à parte se:
• pessoalmente intimada para prestar depoimento pessoal e advertida da pena de confesso:
• não comparecer (CPC, 385, § 1o);
• comparecendo, se recusar a depor (CPC, 385, § 1o).
O juiz declarará, na sentença, se houve recusa de depor se a parte:
• sem motivo justificado, deixar de responder ao que lhe for perguntado (CPC, 386)
• empregar evasivas (CPC, 386).
Mas, “Se a falta de resposta sobre o fato é acompanhada de motivação de falta de ciência do mesmo, diz-se que a falta foi seguida de justificação.”
Peculiaridades do Depoimento
A lei determina sobre o depoimento pessoal que:
• poderá ser colhido por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real se a parte que residir em comarca, seção ou subseção judiciária diversa daquela onde tramita o processo (CPC, 386, § 3o);
• é vedado a quem ainda não depôs assistir ao interrogatório da outra parte (CPC, 386, § 2o);
• a parte responderá pessoalmente sobre os fatos articulados, não podendo servir-se de escritos anteriormente preparados, permitindo-lhe o juiz, todavia, a consulta a notas breves, desde que objetivem completar esclarecimentos (CPC, 387).
Objetivo: Garantir a sinceridade e espontaneidade do depoimento.
Garantias do Depoimento
A parte não é obrigada a depor sobre fatos, excetuadas as ações de estado e de família (CPC, 388, parágrafo único) :
• criminosos ou torpes que lhe forem imputados (CPC, 388, I);
• a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo (CPC, 388, II);
• acerca dos quais não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge, de seu companheiro ou de parente em grau sucessível (CPC, 388, III);
• que coloquem em perigo a vida do depoente ou das pessoas referidas no inciso III (CPC, 388, IV).
CP, art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Atenção: “a testemunha, se a situação for de sigilo profissional, está ela proibida de depor, ao passo que a parte pode depor porque a causa é sua, encontrando-se em verdadeiro estado de necessidade.” VGF [220:3].
16. CONFISSÃO
Conceito: “Confissão é a declaração, judicial ou extrajudicial, provocada ou espontânea, em que um dos litigantes, capaz e com ânimo de se obrigar, faz da verdade, integral ou parcial, dos fatos alegados pela parte contrária, como fundamentais da ação ou da defesa.” [Humberto, 703]
Há confissão, judicial ou extrajudicial, quando a parte admite a verdade de fato contrário ao seu interesse e favorável ao do adversário (CPC, 389).
A confissão judicial pode ser:
• espontânea, feita pela própria parte ou por representante com poder especial (CPC, 390, § 1o);
• provocada, que constará do termo de depoimento pessoal (CPC, 390, § 2o).
Limites
A confissão apresenta os seguintes limites:
• faz prova contra o confitente, não prejudicando, todavia, os litisconsortes (CPC, 391);
• nas ações que versarem sobre bens imóveis ou direitos reais sobre imóveis alheios, a confissão de um cônjuge ou companheiro;
• não valerá sem a do outro (CPC, 391, parágrafo único);
• valerá sem a do outro, se o regime de casamento for o de separação absoluta de bens (CPC, 391, parágrafo único);
• admissão, em juízo, de fatos relativos a direitos indisponíveis não vale (CPC, 392);
• feita por quem não for capaz de dispor do direito a que se referem os fatos confessados, será ineficaz (CPC, 392, § 1o);
• feita por um representante somente é eficaz nos limites em que este pode vincular o representado (CPC, 392, § 2o)
Peculiaridades
A confissão é irrevogável, mas pode ser anulada se:
• decorreu de erro de fato (CPC, 393);
• decorreu de coação (CPC, 393);
Nota: A legitimidade para a ação anulatória da confissão é exclusiva do confidente e pode ser transferida a seus herdeiros se ele falecer após a propositura (CPC, 393, parágrafo único).
Art. 394. A confissão extrajudicial, quando feita oralmente, só terá eficácia nos casos em que a lei não exija prova literal (CPC, 394).
Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País (CC, 108).
Indivisibilidade
A confissão é, em regra, indivisível, não podendo a parte que a quiser invocar como prova aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no que lhe for desfavorável, porém cindir-se-á quando o confidente a ela aduzir fatos novos, capazes de constituir fundamento de defesa de direito material ou de reconvenção (CPC, 395). 
Exemplo: Moacyr [479:6] “reconhece o fato alegado pelo adversário”, mas (i) acrescenta que esse fato se reveste de natureza jurídica diversa “recebeu o dinheiro, mas não por empréstimo, por doação”. No caso a parte da confissão que reconhece que “recebeu o dinheiro” é válida. A parte acrescenta fato novo “não por empréstimo, por doação” depende de prova do réu, que possui tal ônus.
17. EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU COISA
Pressupostos
O juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa, que se encontre em seu poder (CPC, 396).
• “desde que útil ou necessário para a instrução do processo”. Humberto [451:1]
• “o ônus de provar a existência do documento ou da coisa é do requerente”. Humberto [452:12]
Importante:
Lei 8.159/91 - Do Acesso e do Sigilo dos Documentos Públicos
Art. 24. Poderá o Poder Judiciário, em qualquer instância, determinar a exibição reservada de qualquer documento sigiloso, sempre que indispensável à defesa de direito próprio ou esclarecimento de situação pessoal da parte.
Parágrafo único. Nenhuma norma de organização administrativa será interpretada de modo a, por qualquer forma, restringir o disposto neste artigo.
A Lei 12.527/2011 regulamenta as hipóteses de exibição.
Procedimento
O pedido formulado pela parte conterá:
• a individuação, tão completa quanto possível, do documento ou da coisa (CPC, 397, I);
• a finalidade da prova, indicando os fatos que se relacionam com o documento ou com a coisa (CPC, 397, II);
• as circunstânciasem que se funda o requerente para afirmar que o documento ou a coisa existe e se acha em poder da parte contrária (CPC, 397, III).
O requerido dará sua resposta nos 5 dias subsequentes à sua intimação (CPC, 398) e se afirmar que não possui o documento ou a coisa, o juiz permitirá que o requerente prove, por qualquer meio, que a declaração não corresponde à verdade (CPC, 398, parágrafo único).
Procedimento em relação à terceiro
O pedido formulado pela parte conterá:
• a individuação, tão completa quanto possível, do documento ou da coisa (CPC, 397, I);
• a finalidade da prova, indicando os fatos que se relacionam com o documento ou com a coisa (CPC, 397, II);
• as circunstâncias em que se funda o requerente para afirmar que o documento ou a coisa existe e se acha em poder da parte contrária (CPC, 397, III);
Quando o documento ou a coisa estiver em poder de terceiro, o juiz ordenará sua citação para responder no prazo de 15 dias (CPC, 401) e se o terceiro negar a obrigação de exibir ou a posse do documento ou da coisa, o juiz designará audiência especial, tomando-lhe o depoimento, bem como o das partes e, se necessário, o de testemunhas, e em seguida proferirá decisão (CPC, 402). 
Doutrina: A decisão que julgar a “ actio ad exhibendum” poderá ser declaratória negativa
(reconhece a improcedência do pedido e acolhe a defesa do terceiro) ou condenatória (rejeita a escusa do terceiro) e determina a entrega do documento ou da coisa. [Humberto, 717]
Escusas legais
A parte e o terceiro se escusam de exibir o documento ou a coisa se:
• concernente a negócios da própria vida da família (CPC, 404, I);
• sua apresentação puder violar dever de honra (CPC, 404, II);
• sua publicidade redundar em desonra à parte ou ao terceiro, bem como a seus parentes consanguíneos ou afins até o terceiro grau, ou lhes representar perigo de ação penal (CPC, 404, III);
• sua exibição acarretar a divulgação de fatos a cujo respeito, por estado ou profissão, devam guardar segredo (CPC, 404, IV);
• subsistirem outros motivos graves que, segundo o prudente arbítrio do juiz, justifiquem a recusa da exibição (CPC, 404, V);
• houver disposição legal que justifique a recusa da exibição (CPC, 404, VI).
Se os motivos da escusa disserem respeito a apenas uma parcela do documento, exibir-se-á a outra em cartório, extraindo-se cópia reprográfica, e lavrando-se auto circunstanciado de tudo (CPC, 404, parágrafo único).
Escusas inadmissíveis
O juiz não admitirá a recusa se:
• o requerido tiver obrigação legal de exibir (CPC, 399, I);
Existência de texto expresso de lei instituindo o dever de exibir (Lei de Falências: livros de escrituração comercial).
• o requerido tiver aludido ao documento ou à coisa, no processo, com o intuito de constituir prova (CPC, 399, II);
• o documento, por seu conteúdo, for comum às partes(CPC, 399, III);
O recibo ou a cópia do contrato com conteúdo comum a ambos os participantes do negócio jurídico documentado.
Consequências da Recusa
• Para a parte:
• o juiz admitirá como verdadeiros os fatos que, por meio do documento ou da coisa, a parte pretendia provar se;
• o requerido não efetuar a exibição nem fizer nenhuma declaração no prazo do art. 398 (CPC, 400, I);
• a recusa for havida por ilegítima (CPC, 400, I).
• Para o terceiro
• se recusar a efetuar a exibição sem justo motivo, o juiz ordenar-lhe-á que proceda ao respectivo depósito em cartório ou em outro lugar designado, no prazo de 5 dias, impondo ao requerente que o ressarça pelas despesas que tiver (CPC, 403).
Nota: o juiz expedirá mandado de apreensão (com força policial) sem prejuízo da responsabilidade por crime de desobediência, pagamento de multa e outras medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias para assegurar a efetivação da decisão (CPC, 403, parágrafo único) aplicando-se à parte (CPC, 400, parágrafo único).
Fase Instrutória I24 PAREI AQUI
18. PROVA DOCUMENTAL 
Conceito: Toda e qualquer coisa que transmita diretamente um registro físico a respeito de algum fato, como os desenhos, as fotografias, as gravações sonoras, filmes cinematográficos etc. [HTJ, 458]
Documento público
Aquele escrito elaborado por autoridade ou oficial público no exercício de suas funções
• faz prova não só da sua formação, mas também dos fatos que o escrivão, o chefe de secretaria, o tabelião ou o servidor declarar que ocorreram em sua presença(CPC, 405)
• nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta quando
a lei exigir instrumento público como da substância do ato. (CPC, 406)
Boletim de ocorrência. “Não resulta desse registro presunção de veracidade dos fatos ali consignados [RSTJ, 133/251]”.
Documento particular
Aquele escrito ou assinado por qualquer pessoa, sem intervenção de funcionário público
• as declarações constantes do documento particular escrito e assinado ou somente assinado presumem-se verdadeiras em relação ao signatário (CPC, 408);
• quando contiver declaração de ciência de determinado fato, o documento prova a ciência, mas não o fato em si, incumbindo o ônus de prová-lo ao interessado em sua veracidade (CPC, 408, parágrafo único);
• a data do documento particular provar-se-á por todos os meios de direito (CPC, 409), quando a seu respeito surgir dúvida ou impugnação.
Outras provas documentais
Toda e qualquer coisa que transmita diretamente um registro físico a respeito de algum fato
• qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica, a cinematográfica, a fonográfica ou de outra espécie, tem aptidão para fazer prova dos fatos ou das coisas representadas;
• se a sua conformidade com o documento original não for impugnada por aquele contra quem foi produzida (CPC, 422).
Importante: “A simples impugnação de uma das partes não obriga necessariamente a autenticação de documento oferecido pela outra” [STJ – Corte Especial Resp 278.766].
• as reproduções dos documentos valem como certidões sempre que o escrivão ou o chefe de secretaria certificar sua conformidade com o original (CPC, 423) e a cópia de documento particular tem o mesmo valor probante que o original, mediante conferência e certificação do escrivão da conformidade entre a cópia e o original (CPC, 424).
Valor probante
Fazem a mesma prova que os originais:
• as certidões textuais de qualquer peça dos autos, do protocolo das audiências ou de outro livro a cargo do escrivão/chefe de secretaria, ... por ele subscritas (CPC, 425, I);
• os traslados e as certidões extraídas por oficial público de instrumentos ou documentos lançados em suas notas (CPC, 425, II);
• as reproduções dos documentos públicos, desde que autenticadas por oficial público ou conferidas em cartório com os respectivos originais(CPC, 425, III);
• as cópias reprográficas de peças do próprio processo judicial declaradas autênticas pelo advogado, sob sua responsabilidade pessoal, se não lhes for impugnada a autenticidade (CPC, 425, IV);
• os extratos digitais de bancos de dados públicos e privados, desde que atestado pelo seu emitente, sob as penas da lei, que as informações conferem com o que consta na origem (CPC, 425, V);
• as reproduções digitalizadas de qualquer documento público ou particular, quando juntadas aos autos pelos órgãos da justiça e seus auxiliares, pelo Ministério Público e seus auxiliares, pela Defensoria Pública e seus auxiliares, pelas procuradorias, pelas repartições públicas em geral e por advogados, ressalvada a alegação motivada e fundamentada de adulteração (CPC, 425, VI);
• os originais desses documentos digitalizados deverão ser preservados pelo seu detentor até o final do prazo para propositura de ação rescisória (CPC, 425, § 1o);
• tratando-se de cópia digital de título executivo extrajudicial ou de documento relevante à instrução do processo, o juiz poderá determinar seu depósito em cartório ou secretaria (CPC, 425, § 2o).
Da Fé dos Documentos
No tocante à fé dos documentos, o juiz apreciará fundamentadamente a fé que deva merecer o documento, quando em ponto substancial e sem ressalva contiver entrelinha, emenda, borrão ou cancelamento (CPC, 426).
Cessa a fé dodocumento:
• público sendo-lhe declarada judicialmente a falsidade (CPC, 427);
• particular;
• sendo-lhe declarada judicialmente a falsidade (CPC, 427);
• quando for impugnada sua autenticidade e enquanto não se comprovar sua veracidade (CPC, 428, I);
• quando assinado em branco, for impugnado seu conteúdo, por preenchimento abusivo (CPC, 428, II), [quando aquele que o recebeu, no todo ou em parte formá-lo ou completá-lo por si ou por meio de outrem, violando o pacto feito com o signatário] (CPC, 428, parágrafo único)
Da Falsidade
A falsidade consiste em:
• em formar documento não verdadeiro (CPC, 427, parágrafo único, I);
• em alterar documento verdadeiro (CPC, 427, parágrafo único, II);
• Falsidade ideológica: Declaração, consciente ou inconscientemente, que revela um fato inverídico;
• Falsidade material: Documento viciado na elaboração física, e não na vontade declarada.
Importante: A falsidade ideológica enseja anulação do ato jurídico, mas isto só pode ser pretendido em ação própria em que se busque uma sentença constitutiva. Não servindo a simples impugnação em contestação, ou incidente de falsidade. [HTJ, 468].
Do Ônus da Prova
Incumbe o ônus da prova quando:
• se tratar de falsidade de documento ou de preenchimento abusivo, à parte que a arguir (CPC, 429, I)
• se tratar de impugnação da autenticidade, à parte que produziu o documento (CPC, 429, II) (que o apresentou) “no caso de contestação à assinatura, o ônus de provar a autenticidade incumbe à parte que produziu o documento (CPC, art. 389, II), ou seja, ao credor e embargado” [RJ 177/87].
Da Produção da Prova
“Produzir prova documental é fazer com que o documento penetre nos autos do
processo e passe a integrá-lo como peça de instrução” Humberto [732]
Oportunidade de Produção
• incumbe à parte instruir a petição inicial(art. 320) ou a contestação(art. 335)
com os
documentos destinados a provar suas alegações (CPC, 434)
• em qualquer tempo, juntar aos autos documentos novos, quando:
• destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados(CPC, 435) ou
• para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos(CPC, 435)
• documentos formados ou que se tornaram conhecidos, acessíveis ou disponíveis
(após a petição inicial ou a contestação), cabendo à parte comprovar o motivo que
a impediu de juntá-los anteriormente e incumbindo ao juiz avaliar a conduta da
parte de acordo com o art. 5o.
(observância do princípio da boa-fé ) (CPC, 435, parágrafo único)
Fase Instrutória I33
18. Prova documental
Oportunidade de Manifestação
Doutrina: A manifestação acontece para assegurar a observância do
princípio do contraditório.
Como regra dar-se-á a manifestação:
• do réu na contestação sobre os documentos anexados à inicial (CPC, 437)
• do autor na réplica sobre os documentos anexados à contestação (CPC, 437)
• da parte contrária, sempre que a outra requerer a juntada de documento aos
autos, que disporá do prazo de 15 dias para adotar qualquer das posturas
indicadas no art. 436 (impugnação dos documentos)(CPC, 437, § 1o)
Nota: Poderá o juiz, a requerimento da parte, dilatar o prazo para manifestação
sobre a prova documental produzida, levando em consideração a quantidade e a
complexidade da documentação(CPC, 437, § 2o)
Fase Instrutória I34
18. Prova documental
Impugnação dos documentos
A parte, intimada a falar sobre documento constante dos autos, poderá:
• impugnar a admissibilidade da prova documental (CPC, 436, I)
• impugnar sua autenticidade (CPC, 436, II) com argumentação específica (Parágrafo único)
autenticidade: Art. 411. Considera-se autêntico o documento quando: I - o tabelião
reconhecer a firma do signatário; II - a autoria estiver identificada por qualquer outro
meio legal de certificação, inclusive eletrônico, nos termos da lei; III - não houver
impugnação da parte contra quem foi produzido o documento;
• suscitar sua falsidade, com ou sem deflagração do incidente de arguição de
falsidade (CPC, 436, III) e com argumentação específica (Parágrafo único)
falsidade: Art. 427. Parágrafo único. A falsidade consiste em: I - em formar documento
não verdadeiro; II - em alterar documento verdadeiro.
• manifestar-se sobre seu conteúdo(CPC, 436, IV)
Fase Instrutória I35
19. Prova testemunhal
Conceito
Prova testemunhal “é a que se obtém por meio do relato prestado, em juízo,
por pessoas que conhecem o fato litigioso”
[HTJ, 476]
Inadmissibilidade da prova testemunhal
A prova testemunhal é sempre admissível (CPC, 442)
, porém a lei determina que:
• o juiz indeferirá a inquirição de testemunhas sobre fatos:
• já provados por documento (CPC, 443, I)
• já provados por confissão da parte(CPC, 443, I)
• que só por documento ou por exame pericial puderem ser provados (CPC, 443, II)
Importante: Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só se
admite nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior
salário mínimo vigente no País ao tempo em que foram celebrados (CC, 227)
.
Fase Instrutória I36
19. Prova testemunhal
Da admissibilidade da prova testemunhal
• nos casos em que a lei exigir prova escrita da obrigação, quando houver
começo de prova por escrito, emanado da parte contra a qual se
pretende produzir a prova (CPC, 444)
• quando o credor não pode ou não podia, moral ou materialmente,
obter a prova escrita da obrigação, em casos como o de parentesco, de
depósito necessário ou de hospedagem em hotel ou em razão das
práticas comerciais do local onde contraída a obrigação (CPC, 444)
• nos contratos simulados(CC, 167)
, a divergência entre a vontade real e a
vontade declarada (CPC, 446, I)
• nos contratos em geral(CC, 138 a 155)
, os vícios de consentimento(CPC, 446, II)
Fase Instrutória I37
19. Prova testemunhal
Pessoas incapazes de depor
São incapazes de depor:
• o interdito por enfermidade ou deficiência mental (CPC, 447, § 1o, I)
• o que, acometido por enfermidade ou retardamento mental:
• ao tempo em que ocorreram os fatos, não podia discerni-los(CPC, 447, § 1o, II)
• ao tempo em que deve depor, não está habilitado a transmitir as
percepções(CPC, 447, § 1o, II)
• o menor de 16 (dezesseis) anos(CPC, 447, § 1o, III)
• o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que
lhes faltam (CPC, 447, § 1o, IV)
Fase Instrutória I38
19. Prova testemunhal
Pessoas impedidas de depor
São impedidos de depor:
• o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o descendente em qualquer
grau e o colateral, até o terceiro grau, de alguma das partes, por
consanguinidade ou afinidade (CPC, 447, § 2o, I)
Exceção: salvo se o exigir o interesse público ou, tratando-se de causa relativa
ao estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a prova que o juiz
repute necessária ao julgamento do mérito (CPC, 447, § 2o, I)
• o que é parte na causa (CPC, 447, § 2o, II)
• o que intervém em nome de uma parte, como o tutor, o representante
legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e outros que assistam ou
tenham assistido as partes (CPC, 447, § 2o, III)
Fase Instrutória I39
19. Prova testemunhal
Pessoas suspeitas de depor
São suspeitos de depor:
• o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo (CPC, 447, § 3o, I)
• o que tiver interesse no litígio (CPC, 447, § 3o, II)
Atenção: Polêmica
• Empregados não são suspeitos (doutrina)
• Porém, o STF (RTJ, 51/778) considerou suspeitos os depoimentos prestados
em execução de dívida fiscal ativa, por funcionários que tenham
participação na arrecadação do imposto em litígio.
Fase Instrutória I40
19. Prova testemunhal
Depoimentos sem compromisso
Se necessário, pode o juiz admitir o depoimento das testemunhas(CPC, 447, § 4o)
• menores
• impedidas
• suspeitas(CPC, 447, § 4o)
Nessas hipóteses, os depoimentos serão prestados independentemente de
compromisso, e o juiz lhes atribuirá o valor que possam merecer(CPC, 447, § 5o)
Fase Instrutória I41
19. Prova testemunhal
Local do depoimento
Salvo disposição especial em contrário, as testemunhas devem ser ouvidas
na sede do juízo (CPC, 449)
Segundo o CPC, serão ouvidas fora da sede do juízo:
• quem, por enfermidade ou por outro motivo

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