Uso do espaço na sinalização Libras I

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NIVELAMENTO DE
LIBRAS BÁSICO I
ETAPA 3
USO DO ESPAÇO NA SINALIZAÇÃO
CENTRO UNIVERSITÁRIO
LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito
89130-000 - INDAIAL/SC
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Curso sobre Nivelamento de Libras Básico I
Centro Universitário Leonardo da Vinci
Organização
Ana Clarisse Alencar Barbosa
(Coord. de Pedagogia, Educação Especial e Letras-Libras)
Autora
Fabiana Schmitt Corrêa 
Reitor da UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Pró-Reitoria de Ensino de Graduação a Distância
Prof.ª Francieli Stano Torres
Pró-Reitor Operacional de Ensino de Graduação a Distância
Prof. Hermínio Kloch
Diagramação e Capa
Renan Willian Pacheco
Revisão
Harry Wiese
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A Libras é uma língua de modalidade visuoespacial, logo há um espaço a ser 
respeitado, já destacado no Capítulo 1, agora com maior explicação. Destacaremos aqui, 
partes do material elaborado por Quadros; Pizzio e Rezende (2009):
“As sentenças ocorrem dentro de um espaço definido na frente do corpo, 
consistindo de uma área limitada pelo topo da cabeça e estendendo-se até os 
quadris. O final de uma sentença na língua de sinais brasileira é indicado por 
uma pausa”.
A Figura 1 ilustra o espaço de realização dos sinais na língua de sinais brasileira:
FONTE: Ferreira-Brito e Langevin (1988 apud QUADROS 1997, p. 1)
As autoras nos indicam que todas as línguas de sinais são realizadas e organizadas 
espacialmente, considerada a sua modalidade e que ocorre de forma bem aprofundada. 
Segundo elas, o uso do espaço é uma característica fundamental nas línguas visual-
espaciais e está presente em todos os níveis de análise (QUADROS; PIZZIO; REZENDE, 
2009).
Sobre o nível fonológico, um sinal pode ser realizado no espaço neutro, em frente 
ao corpo de quem sinaliza, bem como outros espaços ancorados ao corpo, o que irá 
delimitar o referente a ser produzido. Então, no momento da sinalização, objetos, lugares 
e personagens precisam estar no espaço, claramente estabelecidos, para que o discurso 
fique compreensível, coerente, com concordâncias verbais e nominais, um texto coeso. 
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FIGURA 1 – EXEMPLOS DE SINAIS NO ESPAÇO NEUTRO COM REFERENTES
FONTE: A autora
Pelos exemplos é fácil perceber que a mudança no local em que se realiza o sinal 
interfere no seu significado, podemos dar ênfase, indicar com maior especificidade 
o que desejamos. Nesse contexto, podemos dizer que estamos na área semântica da 
língua, pois falamos de significado. Ainda, segundo Quadros; Pizzio e Rezende (2009), 
se o mesmo sinal for reproduzido em diferentes pontos do espaço, estaremos entrando 
no campo morfológico, pois poderemos estar incorporando movimentos que indicam 
marcação de plural e flexão verbal. Questões a serem discutidas adiante. 
Uma curiosidade bem interessante é o fato desse espaço ser de uso universal, 
todas as línguas de sinais pelo mundo fazem uso desse componente linguístico visual-
espacial.
CLASSIFICADORES
Inicialmente, trazemos a citação de Quadros e Karnopp (2004, p. 93) para explicar 
o que são esses classificadores na Libras, são "formas complexas em que a configuração 
de mão, o movimento e a locação da mão podem especificar qualidades de um objeto", 
os quais se caracterizam por admitir violação de restrições formacionais, como por 
exemplo, restrições de simetria e dominância em sinais articulados com duas mãos. 
As autoras destacam ainda que os classificadores são usualmente utilizados no 
intuito de especificar melhor formas e tamanhos de coisas. Exemplificando, no momento 
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em que o sinalizador for explicar para alguém como conseguiu passar por algum lugar 
muito estreito com seu carro, ou descrever as características pessoais e a roupa de alguém, 
explicar como é o chapéu que tal pessoa está usando, para isso fará inevitavelmente o 
uso dos classificadores. Para elucidar, trazemos um exemplo utilizado por Quadros e 
Karnopp (2004, p. 93): “[...] uma pessoa caminhando em um labirinto, o sinalizador deve 
usar um classificador em que a configuração de mão (se referindo à pessoa) move-se em 
ziguezague; para descrever um carro andando, o sinalizador produz uma configuração 
de mão em “B”, que se refere ao veículo”. 
É muito interessante observar os classificadores no cotidiano da língua, no 
contexto em que são aplicados. Por exemplo, se falamos CAIR, a sinalização vai depender 
do que caiu; CORTAR, PENTEAR, COMER, da mesma forma vamos sinalizar diferente, 
de acordo com o que estamos cortando. Abaixo seguem alguns exemplos em Libras.
FIGURA 2 – EXEMPLOS DE LIBRAS
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FONTE: A autora
Segundo Salles: 
Embora a construção dos classificadores seja crucialmente influenciada pela 
modalidade visual, as autoras ressaltam o caráter universal das propriedades 
que determinam sua utilização no sistema linguístico, em particular no que 
se refere aos padrões de lexicalização que envolvem perda de composiciona-
lidade e ajuste a propriedades formacionais definidas no sistema gramaticaI 
(SALLES, 2006, p. 209).
Os classificadores subdividem-se em categorias, quando falamos da língua de 
sinais, sendo que sete dessas categorias são encontradas na libras, de acordo com as 
autoras: material, formato, consistência, tamanho, localização, arranjo e quantia. Para 
melhor compreensão: 
QUADRO 1 – CATEGORIAS DE CLASSIFICADORES
Material Animado (animais e pessoas, também reclassificada como mulher, 
homem e criança) e inanimado (árvores, objeto de madeira etc.).
Formato
Subdividida em objetos longos, planos e arredondados (que 
podem ser em uma, duas ou três dimensões) e se associa com 
outras categorias, como consistência, textura etc. Existem três 
subcategorizações, como proeminência de curva exterior, objetos 
com o interior vazio, e também tem relação com a quantia.
Consistência Tem três subdivisões: flexível, rígido e não definido. Está 
associado com material e forma.
Tamanho É subdividida em grande e pequena/o e está associada à forma. 
Localização Relaciona um lugar e está associado com o tipo de objeto.
Arranjo Relaciona objetos colocados de uma maneira específica.
Quantia Relaciona uma quantidade e é subdividida em coleção, volume, 
peso e tempo.
FONTE: Adaptado de Quadros; Pizzio e Rezende (2009, p. 8)
Outra questão muito interessante a ser observada nos classificadores é que eles 
também representam propriedades físicas, tamanho e forma, baseado em Supalla (1982). 
Para facilitar a visualização, ao invés de colocar o número da configuração, iremos 
colocar a imagem:
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QUADRO 2 – EXEMPLOS DAS CATEGORIAS
Categoria Configuração de Mão – CM Exemplo de Classificador
Fino Barra – ferro – construção
Plano
ou 
Mesa – plana
Telhado – reto
Porta – armário – reta
Plano com ângulo Prateleira
Estante
Espessura fina
 
Lâmina – ferro
Livro – fino
Aliança – fina
Espessura média Livro – médio
Aliança – média
Espessura grossa Livro – grosso
Aliança – grossa
Espessura grossa e 
densa
Espessura – mesa
Espessura – sapato
Arredondado Cabo de vassoura
Cano
Arredondado 
médio e grosso
Luminária – arredondada
Caneca – copo
Retângulo Régua
Faixa – testa
Faixa – cabelo
Quadrado Porta-retrato
Caixa – CD
Quadro
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Largura
 
Medida de alguma coisa 
pequena
Medida de alguma coisa grande
Altura Homem – alto
Homem – baixinho
Objeto – no – alto
Objeto – embaixo
FONTE: Adaptado de Supalla(1982)
Exemplos:
FIGURA 3 – EXEMPLOS DE SINAIS
FONTE: A autora
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As autoras citam ainda, descrevendo classificadores para entidades:
Categoria Configuração de Mão – CM Exemplo de Classificador
Humano – 1 pessoa Pessoa/Robô/ET – 
passando uma pela outra
Pessoa/Robô/ET – 
passando
Pessoa/Robô/ET – 
andando
Pessoa – caindo
Pessoa – parada
Pessoa – deitada
Humano – 2 pessoas 2 Pessoas/Robô/ET – 
passando
Humano – 3 pessoas 3 Pessoas/Robô/ET – 
passando
Humano – 4 pessoas 4 Pessoas/Robô/ET – 
passando
Humano – 5 ou mais 
pessoas
Plateia – em auditório
Muitas - pessoas 
caminhando
Muitas - pessoas vindo
QUADRO 3 – EXEMPLO DE CLASSIFICADORES PARA ENTIDADES
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Animal andando Grandes animais
ou 
(animais em geral, 
especialmente de pequeno 
porte)
Cachorro - andando
Gato - andando
 (aves em geral)
Aves - andando
Animal nadando Peixe – nadando
Golfinho – nadando
Animal rastejando Jacaré – rastejando
Cobra – rastejando
Lesma – rastejando
Animal pulando Coelho – pulando
Sapo – pulando
Veículos de locomoção em 
geral 
Moto – locomovendo-se
Bicicleta – locomovendo-
se
FONTE: Adaptado de Supalla (1982 apud QUADROS; PIZZIO; REZENDE, 2009, p. 17)
As autoras esclarecem ainda, que nessa categoria está incluído o que se apresenta 
com a configuração física humana. 
Os classificadores, quando são verbos, podem alterar:
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•	 Movimento – andar.
•	 Configuração de Mão – escrever.
•	 Locação – cortar.
Vamos treinar um pouco. Iremos descrever uma imagem detalhando expressões, 
ações e a cena em geral. Observemos para a descrição visual a forma, tamanho, textura, 
paladar, cheiro, sentimentos, ‘olhar’, ou desenhos de forma assimétrica ou simétrica 
que é utilizado, dependendo da situação, uma mão ou duas. 
Vamos praticar!
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AUTOATIVIDADE
1. Assista ao vídeo sobre classificadores, acessando o link abaixo, e responda as 
alternativas CORRETAS:
Link do vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=iRoJGyfpxo8>. 
Exercício 1: ( ) a ( ) b ( ) c ( ) d
Exercício 2: ( ) a ( ) b ( ) c ( ) d
Exercício 3: ( ) a ( ) b ( ) c ( ) d
Exercício 4: ( ) a ( ) b ( ) c ( ) d
Exercício 5: ( ) a ( ) b ( ) c ( ) d
2. Assista ao vídeo, acessando o link abaixo, e diga o que você entendeu sobre ele. Preste 
atenção ao uso do espaço na sinalização, pois isso vai lhe ajudar a compreender 
melhor! São três perguntas separadas. 
Link do vídeo: <https://youtu.be/ut276m87j3U>. 
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VESTUÁRIOS
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CALÇADOS
FONTE: Adaptado de Capovilla e Raphael (2001)
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REFERÊNCIAS
CAPOVILLA, Fernando César; RAPHAEL, Walquíria Duarte. Dicionário 
Enciclopédico Ilustrado Trilíngue LIBRAS. Vol. I e II. São Paulo: USP, 2001.
FERREIRA-BRITTO, L.; LANGEVIN, R. Sistema Ferreira Britto-Langevin de 
Transcrição de sinais. In: FERREIRA BRITTO, L. Por uma gramática de língua de 
sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1995.
QUADROS, Ronice Muller de; PIZZIO, Aline Lemos; REZENDE, Patricia Luiza 
Ferreira. Língua Brasileira de Sinais I. Florianópolis: UFSC, 2009. Disponível 
em: < http://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoEspecifica/
linguaBrasileiraDeSinaisI/assets/459/Texto_base.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2017.
QUADROS, Ronice Müller; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de Sinais Brasileira. 
Estudos Linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.
QUADROS, R. M. Educação de surdos: a aquisição da linguagem. Artes Médicas. 
Porto Alegre. 1997. 
SALLES, Heloisa et aI. Ensino de língua portuguesa para surdos: caminhos para a 
prática pedagógica. Brasília: SEESP/MEC, 2002.
SUPALLA, T. Structure and Acquisition of Verbs of Motion and Location in 
American Sign Language. Ph.D. Dissertation, University of California, San Diego, 
1982.
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