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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Conceitos Básicos 1. Direito Administrativo - conceito É o conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes, as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado. 2. Administração Pública - conceito Designa o conjunto de serviços e entidades incumbidos de concretizar as atividades administrativas, ou seja, da execução das decisões políticas e legislativas. Administração Pública, portanto, é a gestão de bens e interesses qualificados da comunidade no âmbito dos três níveis de governo (federal, estadual ou municipal), segundo preceitos de Direito e da Moral, visando o bem comum. A clássica concepção de Hely Lopes Meirelles, onde administração pública: “Em sentido formal, é o conjunto de órgãos instituídos para a consecução dos objetivos do Governo; em sentido material é o conjunto das funções necessárias aos serviços públicos em geral(...).” O art. 37 da Constituição Federal estabeleceu que a administração pública deve estar fundada sob dois alicerces, o organizacional (formal) e o funcional (material), revestidos, sempre, daqueles princípios (razoabilidade, impessoalidade, moralidade, entre outros) tão inerentes e necessários ao seu devido funcionamento. Para Petrônio Braz, “entende-se por Administração Pública as atividades do Estado, objetivando a realização de seus fins, sendo que o vocábulo administração induz ao entendimento de ato de exercitamento de gerência ou governo”. Segundo Ruy Cirne Lima “a Administração Pública é a atividade do Estado exercida pelos seus órgãos encarregados do desempenho das funções públicas, dentro de uma relação jurídica que se estrutura ao influxo de uma finalidade cogente”. José Afonso da Silva considera a Administração Pública “Como conjunto orgânico, ao falar em Administração Pública direta, indireta e fundacional dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Como atividade administrativa, quando determina sua submissão aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, da licitação e os de organização do pessoal administrativo”. Com isto, baseado nos conceitos desses juristas, podemos também concluir que a Administração Pública é formada por um conjunto de entes (órgãos e entidades) formados por recursos humanos, materiais e tecnológico passíveis de ordenamentos e gestão, constituídos pelo Poder Público (Estado) para a consecução do bem comum. 3. Administração Pública - natureza A natureza da Administração Pública é a de um múnus público para quem a exerce, isto é, a de um encargo de defesa, conservação e aprimoramento dos bens, serviços e interesses da coletividade, impondo ao administrador público a obrigação de cumprir fielmente os preceitos do Direito e da moral administrativa que regem sua conduta, pois tais preceitos é que expressam a vontade do titular dos interesses administrativos - o povo - e condicionam os atos a serem praticados no desempenho do múnus público que lhe é confiado. Para Diógenes Gasparini “É encargo de guarda, conservação e aprimoramento dos bens, interesses e serviços da coletividade, que se desenvolve segundo a lei e a moralidade administrativa”. 4. Administração Pública - finalidade A finalidade da administração pública é a prestação de serviços aos cidadãos. Podemos ainda dizer que o fim da administração pública é o interesse público ou o bem da coletividade. Podemos ainda dizer que os fins da Administração Pública resumem-se num único objetivo: o bem comum da coletividade administrativa; toda atividade deve ser orientada para esse objetivo; sendo que todo ato administrativo que não for praticado no interesse da coletividade será ilícito e imoral. Os fins da Administração consubstanciam-se em defesa do interesse público, assim entendidas aquelas aspirações ou vantagens licitamente almejadas por todo a organização administrativa, ou por parte expressiva de seus membros; por isso que o ato ou contrato administrativo realizado sem interesse público configura desvio de finalidade. 5. Estado e Governo - diferença O Estado é uma comunidade de homens fixada sobre um território com poder de mando, ação e coerção constituída de Povo, Território e Governo. Sendo uma Entidade política com capacidade de elaborar suas próprias leis. Podemos também definir que o Estado é constituído de três elementos originários e indissociáveis: Povo que é o componente humano do Estado; Território que representa a sua base física; Governo Soberano que compreende o elemento condutor do Estado, que detém e exerce o poder absoluto de autodeterminação e auto-organização emanado do povo. Dito em sentido formal o Governo é o conjunto de Poderes e Órgãos constitucionais; em sentido material, é o complexo de funções estatais básicas; já em sentido operacional, é a condução política dos negócios públicos. A constante do Governo é a sua expressão política de comando, de iniciativa, de fixação de objetivos do Estado e de manutenção da ordem jurídica vigente. 6. Poderes do Estado São o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, independentes e harmônicos entre si e com suas funções reciprocamente indelegáveis (art. 2º da CF,). Esses poderes são imanentes e estruturais do Estado, a cada um deles correspondendo uma função que lhe é atribuída com especificidade. Assim a função do Legislativo é a elaboração da lei (dita função normativa); a função do Executivo é a conversão da lei em ato individual e concreto (dita função administrativa); a função do Judiciário é a aplicação coativa da lei aos litigantes (dita função judicial). 7. Poderes Administrativos Hely Lopes Meirelles ensina que “os poderes administrativos nascem com a Administração e se apresentam diversificados segundo as exigências do serviço público, o interesse da coletividade e os objetivos a que se dirigem”. � Poder Vinculado – No conceito de Diógenes Gasparini, “vinculados são os atos administrativos praticados conforme o único comportamento que a lei prescreve à Administração Pública”. O administrador público age no estrito limite legal; � Poder Discricionário – Na lição do professor Hely Lopes Meirelles o poder discricionário “é aquele concedido à Administração de modo explícito ou implícito, para a prática de atos administrativos com liberdade na escolha de sua conveniência, oportunidade e conteúdo”. A Administração Pública oferece ao administrador a possibilidade de optar determinada situação, dentro dos limites legais; � Poder Hierárquico – É no conceito de Hely Lopes Meirelles, “o de que dispõe o Executivo para distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do seu quadro de pessoal”. São os graus ou escalões internos da administração, numa relação de ascendência e subordinação entre órgãos e agentes; � Poder Disciplinar – É o poder de punir o servidor infrator, cujas penalidades são : Advertência, Repreensão, Suspensão, Multa, Demissão, Cassação da Aposentadoria, Disponibilidade, Destituição do Cargo ou Função Pública; � Poder Regulamentar – É exercido pelos Chefes do Executivo para regulamentar as leis por meio de decretos; � Poder de Polícia – Consoante lição de Petrônio Braz é o “poder diferido ao Estado, necessário ao estabelecimento das medidas que a ordem, a saúde e a moralidade públicas exigem”. É o controle exercido pelo Estado, das atividades praticadas pelo indivíduo, podendo ser discricionário ou vinculado. 8. Administração Pública, como é organizada? Conforme os ensinamentos de Diógenes Gasparini “A organização do Estado é matéria constitucional, cabendo ao Direito Constitucional discipliná-la, enquanto a criação, estruturação, alteração e atribuições das competências dos órgãos da Administração Públicasão temas de natureza administrativa, cuja normatização é da alçada do Direito Administrativo”. Sendo assim, a organização da Administração Pública compreende suas entidades, os órgãos e agentes. 9. Entidade Pública Em sentido geral, Entidade é pessoa jurídica, pública ou privada. A organização política e administrativa brasileira classifica no setor público, as entidades em: Estatais, Autárquicas, Fundacionais e Paraestatais. 10. Entidades Estatais São pessoas jurídicas de Direito Público que integram a estrutura constitucional do Estado e têm poderes políticos a administrativos, tais como a União, os Estados-membros, os Municípios e o Distrito Federal. 11. Entidades Autárquicas Fazem parte da administração indireta, são pessoas jurídicas de Direito Público, de natureza meramente administrativa, criadas por lei específica, para a realização de atividades, obras ou serviços descentralizado da estatal que as criou; funcionam e operam na forma estabelecida na lei instituidora e nos termos de seu regulamento; são autônomos administrativa e financeira, possui patrimônio próprio: INSS, BACEN, CVM, DNER, INCRA. 12. Entidades Fundacionais Fazem parte da administração indireta. Conforme a Constituição Federal são pessoas jurídicas de Direito Público; são assemelhadas às autarquias, criadas por lei específica com as atribuições que lhes forem conferidas no ato de sua instituição, são autônomos administrativa e financeira, sem fins lucrativos, com patrimônio próprio, desenvolve atividades não típicas do estado, como exemplo temos: IBGE, FUNAI, EMBRATUR, IPEA. 13. Entidades Paraestatais São pessoas jurídicas de Direito Privado cuja criação é autorizada por lei específica para a realização de obras, serviços ou atividades de interesse coletivo (SESI, SESC, SENAI, etc.); são autônomas, administrativa e financeiramente, tem patrimônio próprio e operam em regime da iniciativa particular, na forma de seus estatutos, ficando vinculadas (não subordinadas) a determinado órgão da entidade estatal a que pertencem, que não interfere diretamente na sua administração. 14. Administração Direta É o conjunto dos órgãos integrados na estrutura administrativa das Estatais, tais como: Presidência da República, Ministérios e Secretários. 15. Administração Indireta É o conjunto de entes (personalizados) que, vinculados a um Ministério e/ou Secretaria, prestam serviços públicos ou de interesse público, tais como Autarquias, Fundações Públicas, Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista. Possuem personalidade jurídica própria e executa atividades do governo que são desenvolvidas de forma descentralizada. 16. Empresa Pública Possui personalidade jurídica de direito privado, patrimônio próprio, capital exclusivo de ou das entidades estatais (União, Estado e/ou Município), criadas por Lei, pode ter mais de um sócio: ECT, EMBRAPA, CEF, SERPRO, RADIOBRAS, CASA DA MOEDA. 17. Sociedade de Economia Mista Tem personalidade jurídica de direito privado, criada por Lei, cujo capital social em ações com direito a voto pertencem à entidade estatal (União, Estado- membro, Distrito Federal ou Município) ou entidade da administração indireta: Banco do Brasil, PETROBRÁS, TELEBRÁS, ELETROBRÁS. 18. Órgãos Públicos - conceito São centros de competências instituídos para o desempenho de funções estatais, através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem. Não tem personalidade jurídica e nem vontade própria. Cada órgão, como centro de competência governamental ou administrativa, tem necessariamente funções, cargos e agentes, mas é distinto desses elementos, que podem ser modificados, substituídos ou retirados sem supressão da unidade orgânica. Ex.: Tribunais, Ministérios, Secretarias, Corporações Legislativas. Petrônio Braz, em sua obra “Direito Administrativo Municipal”, define: “por órgão público entende-se a instituição a que se atribuem funções determinadas com competência para o desempenho de funções estatais”. Não possui personalidade jurídica e nem vontade própria: 19. Órgãos Públicos – classificação doutrinária Os doutrinadores da literatura nacional estabelecem uma classificação ampla que possibilita um estudo mais detalhado desse tema, vejamos. a) Quanto à posição estatal i) Independentes - Originários da Constituição, com autonomia financeira e administrativa, representam: � Poderes do Estado: Executivo, Legislativo e Judiciário; � Congresso Nacional (Senado e Câmara de Deputados); � Assembléia Legislativa, Câmara de Vereadores; � Chefias do Executivo (Presidência, Governadores, Prefeituras); � Tribunais Judiciários e Juízes Singulares, Ministério Público. ii) Autônomos - Ampla autonomia Administrativa, Financeira e Técnica: Ministérios, Secretarias de Estado, Consultoria - Geral da República e Chefes de Poderes. iii) Superiores – Detêm o poder de direção, controle, decisão e comando dos assuntos de sua competência específica. Não gozam de autonomia financeira e administrativa, são órgãos de planejamento: Gabinetes, Secretarias – Gerais, Inspetorias, Procuradorias Administrativas e Judiciais. iv) Subalternos – Reduzido poder de decisão, são executores que realizam serviços de rotina, tarefas e formalização de atos administrativos. Unidades administrativas e de execução. b) Quanto a Estrutura i) Órgãos Simples - Constituído de um só órgão; ii) Órgão Composto – Constituído por mais de um órgão c) Quanto a Atuação Funcional i) Órgão Singular ou Unipessoal – Atuam e decidem através de um só agente : Presidente da República, Governador de Estado, Prefeitos; ii) Órgão Colegiado ou Pluripessoal – Decidem pela manifestação majoritária dos seus membros: Câmara dos Deputados, Câmara dos Senadores. 20. Agentes Públicos - classificação Pessoas físicas que exercem alguma função estatal, são todas as pessoas físicas incumbidas, definitiva ou transitoriamente, do exercício de alguma função estatal; normalmente desempenham funções do órgão, distribuídas entre cargos de que são titulares, mas excepcionalmente podem exercer funções sem cargo. O professor Diógenes Gasparini em seu livro Direito Administrativo, (ano, 124), define agentes públicos “como todas as pessoas físicas que sob qualquer liame jurídico e algumas vezes sem ele prestam serviços à Administração Pública ou realizam atividades que estão sob sua responsabilidade”. Com base neste conceito podemos citar: a) Agentes Políticos – São os componentes do governo no primeiro escalão: Presidente da República, Governadores, Deputados, Senadores, Vereadores, Ministros e Conselheiros dos Tribunais, Diplomáticos e Secretários de Estado; b) Agentes Administrativos – Todos aqueles que se vinculam ao Estado ou Entidades Autárquicas e Fundacionais: Servidores Concursados, Cargos de Comissão, Temporários, Dirigentes de Entidades Paraestatais (não os seus empregados) e Representantes da Administração Indireta do Estado; a) Agentes Honoríficos – Cidadãos convocados para prestar serviços temporários, transitórios, normalmente sem remuneração e não são funcionários públicos: Mesário Eleitoral, Jurado, Comissário de Menor; b) Agentes Delegados – Particulares que através de concessão ou permissão executam obras e serviços públicos, sob fiscalização do delegante (Estado): Concessionários, Permissionários de obras e serviços públicos, serventuários de ofício, Cartórios não legalizados, Leiloeiros Tradutores e Intérprete Público; c) Agentes Credenciados – São os que recebem a incumbência da Administração para representa-lo em certo ato, ou praticar atividade específica, mediante remuneração do Poder Público. 21. Servidor Público É a pessoa legalmente investida em cargo público. Os que ocupam os cargos de provimento permanente da administração pública ingressam essencialmente por concursopúblico. Já os ocupantes dos cargos de provimento temporário são os de livre nomeação e exoneração por ato administrativo de autoridade competente legalmente, ou seja, podem ser exonerados ou demitidos por essa mesma autoridade. 22. Cargo Público É o conjunto de atribuições e responsabilidades cometidas a um servidor, com as características essenciais de criação por lei, denominação própria, número certo e pagamento pelos cofres públicos, para provimento em caráter permanente ou temporário. 23. Cargo Público como é organizado? Os cargos de provimento permanente da administração pública, das autarquias e das fundações públicas serão organizados em grupos ocupacionais, integrados por categorias funcionais identificadas em razão do nível de escolaridade e habilidade exigidas para o exercício das atribuições previstas em lei. 24. Função Pública São encargos atribuídos aos órgãos, cargos e agentes públicos. Entende-se ainda como função pública o conjunto de trabalhadores ligados de forma profissional e estável à Administração Pública, através de estatuto específico e definidor dos seus direitos e deveres. 25. Quadro Funcional É o conjunto de cargos de provimento permanente e de provimento temporário, integrantes dos órgãos dos Poderes do Estado, das autarquias e das fundações públicas. 26. Carreira Pública É a linha estabelecida para evolução em cargo de igual nomenclatura e na mesma categoria funcional, de acordo com o merecimento e antigüidade do servidor. 27. Estrutura de Cargos É o conjunto de cargos ordenados segundo os diversos grupos ocupacionais e categorias funcionais correspondentes. 28. Lotação de função ou cargo público É o número de cargos de categoria funcional atribuído a cada unidade da administração pública direta, das autarquias e das fundações. 29. Princípios Fundamentais da Administração Pública, quais são? São os fundamentos da ação administrativa pública, ou seja, os alicerces fundamentais da atividade pública; desprezá-los é desvirtuar a gestão dos negócios públicos e olvidar o que há de mais elementar para a boa guarda e zelo dos interesses sociais. Constitucionalmente compreende: Princípio da Legalidade, da Moralidade, da Impessoalidade e/ou Finalidade e o da Publicidade. a) Princípio da Legalidade – o primeiro dos princípios administração, consoante o caput do art. 37 da CF, significa que o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso; a eficácia de toda a atividade administrativa está condicionada ao atendimento da lei. Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal, só é permitido fazer o que a lei autorizar. Diógenes Gasparini, em seu livro Direito Administrativo, diz que “a Administração Pública, em toda a sua atividade, presa aos mandamentos da lei, deles não podendo afastar, sob pena de invalidade do ato e responsabilidade de seu autor”. b) Princípio da Moralidade - a moralidade administrativa constitui pressuposto de validade de todo ato da Administração Pública, sendo que o ato administrativo não terá que obedecer somente à lei jurídica, mas também à lei ética da própria instituição, pois nem tudo que é legal é honesto; a moral administrativa é imposta ao agente público para sua conduta interna, segundo as exigências da instituição a que serve e a finalidade de sua ação: o bem comum. Para Hely Lopes Meirelles “a moralidade administrativa está intimamente ligada ao conceito do bom administrador, aquele que, usando de sua competência, determina-se não só pelos preceitos legais vigentes, como também pela moral comum, propugnando pelo que for melhor e mais úteis para o interesse público”. c) Princípio da Impessoalidade e Finalidade – este princípio impõe ao administrador público que só pratique o ato visando o seu fim legal, e o fim legal é unicamente aquele que a norma de Direito indica expressa ou virtualmente como objetivo do ato, de forma impessoal. Desde que o princípio da finalidade exige que o ato seja praticado sempre com finalidade pública, o administrador fica impedido de buscar outro objetivo ou de praticá-lo no interesse próprio ou de terceiros; pode, entretanto, o interesse público coincidir com o de particulares, como ocorre normalmente nos atos administrativos negociais e nos contratos públicos, casos em que é lícito conjugar a pretensão do particular com o interesse coletivo; vedando a prática de ato administrativo sem interesse público ou conveniência para a Administração, visando unicamente a satisfazer interesses privados, por favoritismo ou perseguição dos agentes governamentais, sob forma de desvio de finalidade. Segundo Wolgran Junqueira Ferreira (Comentários à Constituição de 1988, 452), “a impessoalidade, isto é, o ato administrativo, não deve ser elaborado tendo como objetivo a pessoa de alguém”. d) Princípio da Publicidade - é a divulgação oficial do ato para o conhecimento público e início de seus efeitos externos. A publicidade não é elemento formativo do ato, é requisito de eficácia e moralidade, por isso mesmo, os atos irregulares não se convalidam com a publicação, nem os regulares a dispensam para sua exeqüibilidade, quando a lei ou regulamento exige. Segundo Diogenes Gasparini “esse princípio torna obrigatória a divulgação de atos, contratos e outros instrumentos celebrados pela Administração Pública direta e indireta, para conhecimento, controle e início de seus feitos”. O princípio da publicidade dos atos e contratos administrativos, como exemplo, além de assegurar seus efeitos externos, visa a propiciar seu conhecimento e controle pelos interessados diretos e pelo povo em geral; abrange toda a atuação estatal, não só sob o aspecto de divulgação oficial de seus atos como, também, de apropriação de conhecimento da conduta interna de seus agentes. e) Eficiência – introduzida pela Emenda Constitucional n. 19, este princípio impõe à Administração Pública a obrigação de realizar suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento, além, por certo, de observar outras regras, a exemplo do princípio da legalidade. f) A legislação federal embasada na doutrina acadêmica considera ainda os seguintes princípios para a administração pública: � Planejamento – compreende o estabelecimento de diretrizes e metas que deverão orientar a ação governamental, ou seja o Plano Geral do Governo; � Coordenação – visa harmonizar e direcionar sistematicamente todas as atividades da administração, submetendo-se ao que for planejado; � Descentralização – atribuir a outros mediante lei, poderes da Administração (Desconcentração); � Delegação – transferência de atribuições, mediante ato administrativo, identificando a autoridade delegante, a delegada e o objeto da delegação; � Controle – é verificar e acompanhar os efeitos do que foi planejado e executado. 30. Ato Administrativo – conceito de Segundo Petrônio Braz (Direito Municipal na Constituição, p.236), ato administrativo é toda exteriorização, autorizada em lei, unilateral e formal, da vontade do Estado, através dos seus agentes, no exercício concreto da função administrativa, dirigida à realização de seus fins; Para Diógenes Gasparini (Direito Administrativo, p 55) o ato administrativo produz um efeito de direito: declarar, certificar, criar, alterar, transferir e extinguir direitos e obrigações. Desta forma, o ato administrativo é toda a manifestação unilateral da Administração Pública, que tenha por fim: Adquirir, Resguardar, Transferir, Modificar, Extinguir e Declarar Direitos ou Impor Obrigações aos administrados ou a si próprio. 31. Atos Administrativos – atributos a) Presunção de Legitimidade– Hely Lopes Meirelles informa que essa presunção decorre do princípio da legalidade da Administração, que no Estado de Direito, informa toda a atuação governamental. O professor Petrônio Braz em seu livro Direito Administrativo Municipal, p.245, diz que “o Estado, estribado no princípio da presunção da legitimidade, não precisa provar a reularidade de seus atos, cabendo o ônus da prova de invalidade a quem invocar”. Com isto, a presunção de legitimidade autoriza a imediata execução do ato; b) Imperatividade – Para Diógenes Gasparini, (Direito Administrativo, p.68), “é a qualidade que certos atos administrativos têm para constituir situações de observância obrigatória em relação aos seus destinatários, independentemente da respectiva concordância ou aquiescência”. Impõe a coercibilidade para o seu cumprimento; c) Auto-executoriedade – É a qualidade do ato administrativo que dá ensejo à Administração Pública de, direta e imediatamente, executa-lo, independentemente de qualquer recurso ao Judiciário (Diógenes Gasparini, Direito Administrativo, p.69). 32. Ato Administrativo - requisitos a) Competência – Hely Lopes Meireles (Direito administrativo, p.134) informa que “nenhum ato – discricionário ou vinculado – pode ser realizado, validamente, sem que o agente disponha de poder para praticá-lo”. Deste modo, é nulo o ato praticado por agente incompetente. Segundo Diógenes Gasparini (Direito Administrativo, p56) “a competência é intransferível e improrrogável por interesse das partes. Contudo, pode ser delegada e avocada, desde que tais modificações competenciais estejam estribadas em lei”; b) Finalidade – “É o requisito que impõe seja o ato administrativo praticado unicamente para um fim de interesse público, isto é, no interesse da coletividade. Não há ato administrativo sem um fim público” (Diógenes Gasparini, Direito Administrativo,p.57); c) Forma Legal ou Forma Própria – Conforme Diogenes Gasparini 1995, 57), “é o modo pelo qual o ato aparece, revela a sua existência. A inexistência da forma leva à inexistência do ato, enquanto a sua inobservância leva à nulidade”. São exemplos de formas do ato administrativo os Concursos Públicos, Licitações, Processos Disciplinares; d) Motivo ou Causa – É a situação fática ou jurídica, cuja ocorrência autoriza ou determina a prática do ato: Exoneração ad nutum, sob alegação de falta de verba. Segundo Hely Lopes Meirelles, “o motivo pode vir expresso em lei como pode ser deixado ao critério do administrador. No primeiro caso será elemento vinculado; no segundo, discricionário, quanto à sua existência e valorização”.; e) Objeto ou Conteúdo – Para Petrônio Braz “representa o resultado visado pelo ato ou o fim colimado pelo agente” (Direito Administrativo Municipal, p.242). Sendo considerado o efeito imediato que o ato administrativo produz, enuncia, prescreve ou dispõe. 33. Serviço Público - classificação Segundo o professor Celso Bandeira de Mello, “o serviço público é toda atividade de oferecimento de utilidade ou comodidade fruível preponderantemente pelos administradores, prestados pela Administração Pública ou por quem lhe faça as vezes, sob regime de Direito Público, instituído em favor de interesses definidos como próprios pelo ordenamento jurídico”. Tendo a seguinte classificação: a) Quanto a Essencialidade � Serviços Públicos (Próprios) – São serviços prestados diretamente à comunidade pela Administração: Defesa Nacional, Polícia, Saúde Pública; � Utilidade Pública – São serviços úteis ou convenientes para a comunidade, e prestados pela administração ou por terceiros. Quando o serviço é executado por outras pessoas (físicas ou jurídicas), cabe a administração pública a fiscalização do serviço, mas por conta e risco dos prestadores de serviços : Energia Elétrica, Serviço de Gás de Cozinha, Telefonia, Transporte Coletivo. b) Quanto a Adequação � Serviços próprios do Estado - São os que se relacionam intimamente com as atribuições do Poder Público e não podem ser delegados: Segurança Pública, Saúde Pública. � Serviços Impróprios do Estado - São serviços que podem ser prestados diretamente pelo estado ou por meio de entidades descentralizadas, concessionárias, permissionárias ou autorizadas; c) Quanto aos Destinatários � Serviço Uti Universal (Geral) – A Administração presta para atender a coletividade no seu todo: Iluminação Pública, Calçamento; � Serviço Uti Singuli (ou individual) - São serviços determinados a certas pessoas, devendo ser remunerados por taxa ou tarifa e não por imposto: Telefone, Água. 34. Serviços Públicos – competência de regulamentação e controle Segundo o professor Diogenes Gasparini (1995, 250) a instituição, regulamentação, execução e controle dos serviços públicos, qualquer que seja sua espécie ou modalidade de oferecimento aos usuários, são, em tese, sempre da alçada da Administração Pública”. Já Petrônio Braz em seu livro Direito Municipal na Constituição,(2001, 224), diz que “os serviços públicos quando essenciais, são prestados pela Administração em razão da necessidade coletiva. No âmbito municipal são serviços públicos o atendimento à saúde da população, os programas de educação, o ordenamento do solo urbano, entre outros, que visam o atendimento às necessidades gerais da comunidade”. Desta forma, incumbe ao Poder Público a regulamentação e o controle dos serviços públicos. 35. Serviços Públicos - requisitos a) Permanência – Para Gasparini, “é a continuidade do Serviço Público, não podendo o mesmo sofrer solução de continuidade. Quando instituído o serviço, este deve ser prestado normalmente”. Não considera descontinuidade da prestação do serviço público quando interrompido em situação de emergência, falta de pagamento dos usuários, conforme o art. 6º da Lei Federal das Concessões e Permissões; b) Generalidade – “O serviço público oferecido deve ser igual para todos. Deve ser prestado sem qualquer discriminação a quem o solicita”; c) Eficiência – Segundo Gasparini “a eficiência exige que o responsável pelo serviço público se preocupe sobremaneira com o bom resultado prático da prestação que cabe oferecer aos usuários”; d) Modicidade – “A modicidade impõe sejam os serviços públicos prestados mediante taxas ou tarifas, pagas pelos usuários para remunerar os benefícios recebidos e permitir o seu melhoramento e expansão”; e) Cortesia – Pelo princípio da cortesia, obriga-se a Administração Pública a oferecer aos usuários de seus serviços um bom tratamento, (1995, 257/258). 36. Serviços Públicos - remuneração O professor Gaspárini informa que “os serviços públicos são remunerados por taxa ou tarifa” (1995, 258). A remuneração será efetuada por meio da taxa quando os serviços forem postos a disposição do cidadão, a exemplo dos serviços de coleta de esgoto sanitário e os de distribuição de água domiciliar. Os serviços facultativos, que não são impostos pela Administração Pública, são remunerados por tarifa ou preço público. Através de tarifa são custeados os serviços de telefonia, energia elétrica e outros. 37. Responsabilidade do serviço prestado pelo Poder Público O Serviço Público terá a responsabilidade objetiva. Responde a entidade prestadora pelos prejuízos comprovados, independente de culpa de seus agentes, ficando assegurada a Ação Regressiva contra os agentes causadores do dano, quando tiverem agido culposamente. 38. Serviço Delegado a Terceiros pelo Poder Público - responsabilidade Responde objetivamente a entidade empresa ou pessoa física que recebeu a delegação sem alcançar o Poder Público, que transfere a execução dos serviços. O estado responde Subsidiariamente (não solidária) pelos danos causados pelo serviço. Se um serviço, por exemplo, Travessia Marítima for delegado pelo Poder Público a terceiros,caso a embarcação venha a naufragar em decorrência de falha do serviço, a responsabilidade do Poder Público pelos danos aos usuários será subsidiária, mas se a embarcação abalroar outra, os prejuízos serão suportados pelo delegado. 39. Prestação de Serviço Público – formas de a) Serviço Centralizado - é o serviço prestado pelo próprio Poder Público; b) Serviço Descentralizado - o Poder Público transfere a sua execução a terceiros, através de: i) Outorga – Na outorga, a Administração cria por lei, uma entidade (Autarquia, Fundação Pública, Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista) e transfere a titularidade de determinado Serviço Público ou de Utilidade Pública. A entidade passa a ser independente (administrativa e financeira) sem interferência do Estado conforme o limite legal; ii) Delegação – a Administração transfere a execução de determinado serviço por contrato (Concessão) ou por Ato Unilateral (Permissão ou Autorização), para que o delegado preste serviço público: � em seu nome, por sua conta e risco; � nas condições fixadas pela administração; � sob o controle da Administração. 40. Concessão de Serviço Público - conceito Para Gasparini a “concessão de serviço público é o contrato administrativo pelo qual a Administração Pública transfere, sob condições, a execução e exploração de certo serviço, que lhe é privativo, a terceiro que para isso manifeste interesse e que será remunerado adequadamente mediante a cobrança, dos usuários, de tarifa previamente por ela aprovada”, (1995, 281). É o ajuste tipicamente de Direito Administrativo, bilateral - entre a Administração e o Contratado -, oneroso (envolvendo pagamento em contrapartida) e realizado intuito personae, com vantagens e encargos recíprocos, levando-se em conta o Poder Público. 41. Concessão de Serviço - Formalização É formalizado através do Contrato onde fica definido o preço do serviço; objeto, área e prazo da concessão; critérios para ajuste e revisão de tarifas; direitos e deveres dos usuários; penalidades contratuais e administrativas; equilíbrio econômico e financeiro: margem de lucro com amortização de capital; o equipamento implantado, sua permanente atualização e a reversão dele por qualquer razão à concessão. 42. Serviço Concedido deve ser remunerado por tarifa ou taxa? O serviço concedido deve ser remunerado por Tarifa que é cobrada aos usuários, podendo ser reajustado para o melhoramento do serviço. 43. Concessão Serviço - as situações de Extinção a) Reversão – Em virtude do retorno do serviço à concedente ao fim do contrato. Os bens não utilizados constituem patrimônio do concessionário, não estando obrigado a dar. A Reversão Atinge: � O Serviço concedido; � Os bens que asseguram a adequada prestação do serviço. b) Encampação ou Resgate – Ocorre quando por motivo de conveniência ou interesse da administração, a qual retoma o serviço concedido. Tal situação depende de lei autorizativa e somente se efetivará após o pagamento de prévia indenização; c) Rescisão – É o desfazimento do contrato por Acordo ou Decisão Judicial; d) Caducidade (Decadência) – É o encerramento da concessão, antes do prazo, em virtude de inadimplência do concessionário. Devendo ser feito um Processo Administrativo que assegure a ampla defesa do concessionário; e) Anulação – Ocorre a Anulação quando o contrato for ilegal, não impondo indenização, produzindo efeito extunc, retroagindo às origens da concessão; f) Falência ou extinção da empresa; g) Falecimento ou Incapacidade do Titular. 44. Subcontratação de Serviço Público - legalidade Para uma empresa que não participou de um processo licitatório, a subcontratação é ilegal, principalmente sem o conhecimento da Administração Pública. 45. Subconcessão de Serviço Público - legalidade A lei prevê a subconcessão nos termos do contrato de concessão, sempre que autorizada pela concedente. Deverá ser precedida de Concorrência, com o edital de licitação. 46. Autorização do Serviço Público Para Hely Lopes Meirelles a autorização “é o ato administrativo discricionário e precário pelo qual o Poder Público torna possível ao pretendente a realização de certa atividade, serviço, ou a utilização de determinados bens particulares ou públicos, de seu exclusivo ou predominante interesse, que a lei condiciona à aquiescência prévia da Administração”. É o ato administrativo unilateral, discricionário e precário, pelo qual a Administração faculta ao interessado para a execução de um serviço público para atender a interesses coletivos instáveis: serviços de táxi, despachantes, pavimentação de ruas, guarda de residências, etc. 47. Permissão de Serviço Público É o ato administrativo unilateral, discricionário e precário através do qual o Poder Público faculta ao particular a gestão de serviço público que poderá ser revogado ou alterado pela Administração. Segundo Petrônio Braz, “a permissão é o ato administrativo unilateral, discricionário, negocial e precário pelo qual a Administração admite a utilização, pelos particulares, de bens públicos ou o exercício de atividades relacionadas com serviços de interesse coletivo”.
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