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HIPOADRENOCORTICISMO • Etiologia • Aspectos clínicos • Diagnóstico e exames complementares • Terapia emergencial e manutenção • Prognóstico - Para atender hipoadrenocorticismo tem que ter mensuração de eletrólitos rápido, se possível ter uma gasometria e fundamental para tratamento a hidrocortisona, tem que ter na clínica. Sinonímia: Síndrome de Addisson Definição: - Deficiência de glico e/ou mineralocorticóide. Porque tem alteração no córtex da adrenal – doença que se caracteriza com a falta dos hormônios adrenocorticais. - Esta doença por muito tempo foi dita como rara. Sabemos que ela é incomum, infreqüente, porém, devemos estar em alerta porque muitas vezes ela pode passar despercebida porque os sinais clínicos do hipoadrenocorticismo são muitos semelhantes a outras várias doenças. ETIOLOGIA - Pode ter hipoadrenocorticismo primário ou secundário, além do iatrogênico. Sendo o primário e o iatrogênico as formas mais freqüentes. - O hipoadreno pode estar associado ao diabetes e ao hipotireoidismo. Varias pacientes podem ter deficiência hormonal poliglândular. HIPOADRENO PRIMÁRIO Causas: - Destruição imunomediada do córtex da adrenal, que levará a deficiência de: ➢ Deficiência de mineralocorticóide ➢ Deficiência de glicocorticoide HIPOADRENO SECUNDÁRIO Causas: - Deficiência de ACTH e consequêntemente: ➢ Deficiência de glicocorticóide - Portanto o hipoadreno PRIMÁRIO é mais GRAVE porque a deficiência de mineralocorticóide vai leva-lo a desidratação. - O glicocorticóide é o hormônio do estresse, é um hormônio importante para a gliconeogênese, para a formação de energia. - Então as crises de hipoadreno geralmente estão relacionadas aos eventos estressantes. - E veremos que no hipoadreno secundário, muitas vezes os dois sinais clínicos mais comuns é anemia e hipoglicemia. Enquanto no primário tem também hipercalemia e alteração da relação sódio e potássio (NA/K). IATROGÊNICO • Terapia com mitotano • Terapia com trilostano • Após interrupção do tratamento com corticosteróides - Normalmente o iatrogênico é semelhante ao primário. - A terapia com mitotano (adrenocorticolitico) vai causar uma destruição do cortex da adrenal, assim vai ter diminuição de glico e mineralocorticóide. Mesma coisa acontece com o trilostano. - E o hipoadrenocorticismo após interrupção do tratamento com corticóide, ocorre porque o uso crônico de glicocorticóide pode causar atrofia, bloqueio do eixo hipotálamo, hipófise e adrenal. Então se o animal usou por muito tempo corticóide e não fez o desmame de forma correta pode ter atrofia da adrenal, quando para de dar corticóide ele entra em uma crise addisoniana/ um quadro de hipoadrenocorticismo iatrogênico. ASPECTOS CLINICOS - O hipoadreno primário ou secundário acomete mais: • Fêmeas • Idade média 4 anos • Raças predispostas: cão D’ Português, poodle, labrador, rottweiler • Sinais clínicos insidiosos e recidivantes – são sinais lentamente progressivos e que vão aparecer em situações de estresse – pós banho, viagens, vacinação, uma caminhada. • Pouca tolerância ao estresse • Fraqueza, prostração • Anorexia • Emagrecimento • Êmese, diarréia • Tremores • Poliúria e polisipsia – pela deficiência de aldosterona - Onde gastroenterites inespecificas vão apresentar sinais clínicos semelhantes aos sinais citados acima. Assim, para tirar as duvidas é importante dosar eletrolitros, cloro, sódio e potássio, além de glicose. • Desidratação/choque – nos casos graves é percebido durante o exame físico. • Hipotermia • Bradicardia • ↓ TRC – diminuição do tempo de reperfusão capilar • Pulso fraco • Dor abdominal – por causa do vômito e diarréia. - Normalmente em um animal em choque e desidratação temos taquicardia com pulso fraco. - E no hipoadrenocorticismo a grande característica é a bradicardia, e isto é explicado por causa da hipercalemia (aumento do potássio). - E percebemos uma recuperação extremamente rápida com o tratamento. Após iniciado o tratamento, com a utilização da fluido, da glicose e do corticóide, este paciente responde prontamente ao tratamento. EXAMES COMPLEMENTARES Sinais mais frequentes: Hiponatremia Hipercalemia Relação Na/K < 27:1 – normalmente a relação sódio e potássio é maior que 32:1 • < 25:1 (em 30% dos casos) • < 20:1 (em 65% dos casos) Azotemia – pela desidratação Hipoglicemia – por diminuição da gliconeogênese. Anemia (cães) – porque os glicocorticóides estimulam a eritropoiese. - Lembrar que as 4 primeiras alterações vão acontecer no hipoadrenocorticismo primário, no secundário isto não ocorre. - Para diagnóstico da doença é imprescindível dosar eletrólitos, sempre que tem vômito e diarréia. Sinais menos frequentes: • Linfocitose • Eosinofilia (cães) • Isostenúria a hiperestenúria • Hipocloremia • Acidose metabólica Eletrocardiografia: • Hipercalemia (potássio > 8 mEq/L) • Bradicardia • Onda T em tenda (altas e prolongadas) Radiografia torácica – microcardia. - Quando tem alterações eletrolíticas geralmente observamos alterações em onda T. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Doença renal aguda (DRA) • Causas de desidratação • Causas de choque • Obstrução urinária • Insuficiência cardíaca congestiva (ICC) • Causas de hipercalemia e hiponatremia DIAGNÓSTICO O diagnóstico se baseia na: - Concentração basal de ACTH - Ou no Teste de estimulação pelo ACTH ➢ 5 μg/kg de ACTH sintético IV (Synacthen) ➢ Mensurar cortisol: ▪ Cortisol basal: < 0,8 μg/dl ▪ Cortisol pós ACTH: < 0,8 Μg/dl - O exame mais utilizado para diagnóstico do hipoadrenocorticismo é o teste de estimulação pelo ACTH. - Se já foi aplicado corticóide no animal o recomendado é fazer o teste em até 24 horas. - O que vamos fazer? Mensurar o cortisol, onde coletamos uma amostra, aplica o ACTH sintético na dose de 5 μg/kg IV, espera 1 hora e coleta uma segunda amostra. E nestas amostras de sangue coletadas vai ser dosado o cortisol basal e o cortisol pós ACTH, se estiver menor que 0,8 é indicativo de hipoadrenocorticismo. TERAPIA EMERGENCIAL ➢ Corrigir a volemia – ou solução fisiológica ou ringer com lactato. Normalmente usa- se solução fisiológica porque ela é livre de potássio. ➢ Glicose 50%: 50ml/ 500ml de fluido IV – nesta solução fisiológica coloca-se em cada 500 ml coloca 50 ml de glicose a 50% - porque normalmente esses pacientes com hipoadreno estão hipoglicêmicos. E quando a glicose entra para dentro da célula ela leva junto o potássio. Então a reposição de glicose ajuda na diminuição da hipercalemia. Fluido e glicose geralmente consegue normalizar este potássio. Hemissucinato de hidrocortisona: ➢ 1-2mg/kg/ IV depois Fosfato sódico de dexametasona: ➢ 0,5-2,0 mg/kg/ IV ➢ Depois 0,05-0,1 mg/kg IV BID. - Faz uma aplicação de hidrocortisona seguida de uma aplicação de dexametasona. Geralmente utilizados uma dose primeiramente próximo a 2 mg IV e depois utilizar uma dose de 0,1 mg IV de 12/12 horas até a alta do paciente. Corrigir a hipercalemia: ➢ Glicose IV ➢ Fluidoterapia IV ➢ Bicarbonato IV – normalmente o bicarbonato não é necessário. - Quando a hipercalemia é muito grave nos fazemos glicose em bolus seguido de insulina regular IV. TERAPIA DE MANUTENÇÃO Acetato de fludrocortisona (Florinef): 0,01 mg/kg BID – não pode ser manipulada e deve ser armazenada na geladeira. Prednisona: 0,22 mg/kg BID – 12/12hrs, com redução gradual (dar por 1 mês e depois retirando a dose de 50%, e se voltar apresentar sinal clinico, aumenta a dose novamente) – sempre tentar utilizar a menor dose possível porque o uso crônico da predinisona pode causar pancreatite e sinais de hiperadrenocorticismo. - O melhor prognóstico é quando o paciente consegue ser mantido apenas com o Florinef.PROGNÓSTICO A curto prazo é reservado porque o paciente pode vir a óbito por desidratação e choque, principalmente no hipoadrenocorticismo iatrogênico causado pelo mitotano. E o prognóstico a longo prazo se bem tratado é bom. REVISANDO: Qual é a importância do hormônio glicocorticóide? Quais são os aspectos clínicos do hipoadrenocorticismo? Como deve ser feita a terapia emergencial nos pacientes?
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