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BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO (BPF) De acordo com a Organização para as Nações Unidas (ONU) para a Saúde, a globalização do comércio de alimentos, urbanização, mudanças no estilo de vida, degradação ambiental, contaminação deliberada e desastres naturais estão incrementando os riscos do consumo. A produção de alimentos está cada vez mais complexa oportunizando contaminações dos produtos e aumento das doenças (MARINS; RINALDINI; GEMAL, 2014). Diante deste cenário destaca-se o compromisso com a QUALIDADE em um processo de produção industrial, farmacêutica, cosmética, hospitalar, alimentícia, veterinária e de produtos para a saúde e afins, com a finalidade de garantir o cumprimento de todas as normas de segurança e legislações vigentes e a plena satisfação dos consumidores. Este compromisso visa atender a saúde dos consumidores, para que os mais variados produtos não sofram qualquer tipo de contaminação que possa prejudicar a saúde e o bem-estar da sociedade (PEREIRA; PINHEIRO; SILVA, 2014; TÂMARA, 2016). Assim sendo, todas as indústrias, independentemente do seu segmento de mercado, visam garantir com seus produtos a qualidade e aplicação de boas práticas, regras essenciais nas suas organizações para assegurar uma produção eficiente e em conformidade com todas as normas de qualidade e segurança, que devem ser mantidas ao longo dos processos de recebimento, armazenagem, preparação, manipulação, embalagem e transporte do produto (MACHADO; DUTRA; PINTO, 2015). Uma das formas para se atingir um alto padrão de qualidade da produção é a implantação das Boas Práticas de Fabricação (BPF) um conjunto de princípios, regras e normas de procedimentos para o correto manuseio de alimentos (cadeia produtiva, produtores primários, processadores ou distribuidores (TREDICE; 2000). Com isto, as BPF apontam o grupo de atividades predefinidas para se atingir um determinado padrão de qualidade de um produto e/ou serviços na área de alimentos, cuja eficácia e efetividade serão (re) avaliadas através de inspeção e investigação. Portanto, para se alcançar o padrão de qualidade esperado, preconiza-se também a aplicação de medidas corretivas e o envolvimento da equipe responsável para seu êxito (MARINS; RINALDINI; GEMAL, 2014). As BPF abrangem todas as estruturas da indústria ou serviços de alimentação, desde o layout, cada etapa do processo, estocagem de produtos, recursos utilizados na fabricação, utensílios e equipamentos, potabilidade da água utilizada, controle de pragas, manejo de resíduos e higienização de tudo, principalmente a dos manipuladores de alimentos (AKUTSU, 2005; MARINS; RINALDINI; GEMAL, 2014). Como parte da Gestão da Qualidade tanto na produção como no controle de qualidade, as BPF têm por objetivos: proteger a saúde da população; aperfeiçoar as ações de controle sanitário; proporcionar a melhoria das condições higiênico-sanitárias dos alimentos preparados. Principal objetivo se resume em garantir a integridade do alimento e a saúde do consumidor, reduzindo o risco de qualquer tipo de contaminação e misturas inadequadas nos produtos (MACHADO; DUTRA; PINTO, 2015). Ainda neste cenário pode ser observado as doenças transmitidas por alimentos (DTA) em função do grande número de microrganismos em produtos de origem animal e/ou vegetal. As BPF visam a qualidade higiênico-sanitária como fator de segurança alimentar, pois as enfermidades veiculadas por alimentos são fatores que contribuem para os índices de morbidade de doenças oriundas de alimentos contaminados, na maioria das vezes, resultantes do reaquecimento e refrigeração inadequados e da preparação com muita antecedência, aumentando o tempo de espera para consumo dos alimentos (PEREIRA; PINHEIRO; SILVA, 2014). No Brasil, as BPF são estabelecidas por legislações federais, estaduais e municipais. Existem regulamentos gerais relacionados às BPF do Ministério da Saúde (MS), do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), responsável no caso de indústrias veterinárias e da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), responsável no caso dos medicamentos, cosméticos, alimentos e produtos da área da saúde, uma ferramenta obrigatória nos estabelecimentos produtores e manipuladores de alimentos, sujeitos às advertências e multas em caso do não cumprimento legal (MOYANO, s.d; DAMIAN, 2017). Portarias e Resoluções foram criadas ao longo dos anos (de 1993 a 2018), sendo que uma destas exige Manual de BPF para estabelecimentos produtores/indutrializadores de alimentos, além de outras direcionadas a setores produtivos específicos: frutas e hortaliças (2002); amendoim, leite e derivados, produtos gelados comestíveis (2003) (RIBEIRO-FURTINI; ABREU, 2006; DAMIAN, 2017). Serafim e Silva (2008) acrescentam que as organizações que adotam as BPF podem aumentar seu lucro, ter imagem de respeito no mercado, um ambiente de trabalho melhor, agradável, limpo e seguro, com funcionários mais motivados e produtividade. REFERÊNCIAS AKUTSU, Rita de Cássia. Adequação das Boas Práticas de Fabricação em serviços de Alimentação. Revista de Nutrição, v. 18, n. 3, p. 419-427, maio./jun. 2005. Disponível em: https://repositorio.unb.br/handle/10482/2113. Acesso em: 10 abr. 2020 DAMIAN, Andrea C. Curso para alimentos seguros. Florianópolis. Livro III. 2017. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/0B2Rq3Iv47OcfZTZQc01ZVVZnX3c/view. Acesso em: 11 abr. 2020. MACHADO, Roberto Luiz P.; DUTRA, André de S.; PINTO, Mauro Sergio V. Boas práticas de fabricação (BPF). Rio de Janeiro: Embrapa Agroindústria de Alimentos, 2015. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/132846/1/DOC-120.pdf. Acesso em: 10 abr. 2020. MARINS, Bianca R.; RINALDINI, C P. T.; GEMAL, André Luís. (Orgs.) Segurança alimentar no contexto da vigilância sanitária: reflexões e práticas. Rio de Janeiro: EPSJV, 2014. Disponível em: http://www.epsjv.fiocruz.br/sites/default/files/seguranca_alimentar_vigilancia_0.pdf. Acesso em: 09 abr. 2020. MOYANO, Patrícia. Boas Práticas de Fabricação e a Legislação Brasileira. s.d. Disponível em: https://certificacaoiso.com.br/boas-praticas-de-fabricacao-e-legislacao-brasileira/. Acesso em: 10 abr. 2020. PEREIRA. Luciane; PINHEIRO, Andréa N.; SILVA, Gleucia C. Boas Práticas na manipulação de alimentos. Rio de JANEIRO: Senac Nacional, 2014. RIBEIRO-FURTINI, Larissa L.; ABREU, Luiz Ronaldo de. Utilização de APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle) na Indústria de Alimentos. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 30, n. 2, p.358-363, mar./abri. 2006. Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S141370542006000200025&script=sci_arttext. Acesso em: 09 abr. 2020. SERAFIM, Luciana C.; SILVA, Luis Otávio N. da. Implementação da Ferramenta "Boas Práticas de Fabricação" na Produção de Polpas de Frutas. Revista de Ciências Exatas. v. 27, n. 1-2, p. 00-00. Seropédica: 2012. Disponível em: <http://www.editora.ufrrj.br/revistas/exatas/rce/v%2027%201-2/09E02.pdf>. Acesso em: 12 abr. 2020. TÂMARA, Alda. Manual de Boas Práticas de Fabricação. Conselho Regional de Nutricionistas 2ª Região. Porto Alegre, 26 fev. 2016. Disponível em: http://www.crn2.org.br/crn2/conteudo/Alda.pdf. Acesso em: 11 abr. 2020. TREDICE, Stella. As Boas Práticas de Fabricação garantem a integridade dos alimentos. Indústria de Laticínios, São Paulo, v. 5, n. 29, p. 26-32, set/out. 2000. Acesso em: 11 abr. 2020.