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1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2 2 VIGILÂNCIA SANITÁRIA NO BRASIL TENDÊNCIAS E DESAFIOS ......... 3 3 HIGIENE ALIMENTAR ................................................................................ 5 4 SEGURANÇA ALIMENTAR ........................................................................ 8 4.1 Doenças transmitidas por alimentos (DTA’s) ..................................... 11 5 VIGILÂNCIA SANITÁRIA APLICADA EM ALIMENTOS ........................... 14 5.1 Formas de garantir a segurança dos alimentos nos serviços alimentícios. ........................................................................................................... 15 5.2 Ferramenta 5S ................................................................................... 16 5.3 Boas práticas de fabricação (BPF) ..................................................... 17 5.4 ISO 22.000 ......................................................................................... 17 5.5 APPCC ............................................................................................... 19 6 SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE .............................................. 22 6.1 Sistema de gestão da qualidade e a ISO 22000:18 ........................... 23 6.2 HACCP ............................................................................................... 25 6.3 Boas Práticas de Fabricação (BPF) ................................................... 25 6.4 Implantação das Boas Práticas de Fabricação .................................. 26 6.5 Sistema de Gestão da Qualidade e Requisitos da norma ISO 22000:18......... ....................................................................................................... 29 6.6 Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) ........................................... 30 6.7 Requisitos gerais da ISO 22000:18 .................................................... 31 7 ROTULAGEM DOS ALIMENTOS ............................................................. 32 8 LEGISLAÇÃO SANITÁRIA DE ALIMENTOS ............................................ 39 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS ............................................................ 50 2 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 3 2 VIGILÂNCIA SANITÁRIA NO BRASIL TENDÊNCIAS E DESAFIOS Fonte: consultoradealimentos.com No estágio atual do capitalismo e do mercado globalizado, com grande predominância do poder financeiro, a tendência do setor produtivo é a concentração em cada área de atuação, como alimentos e medicamentos, entre outras reguladas pela vigilância sanitária. Aquisições de empresas menores, fusões entre empresas que já são grandes multinacionais e aquisições de marcas tradicionais dão origem a gigantescas corporações, que têm estratégias globais de planejamento e ação e poderosos instrumentos de propaganda que determinam hábitos de consumo, preferências, modas, necessidades e estilos de vida (BRASIL, 2021). Segundo o autor, a situação epidemiológica atual, que apresenta epidemias de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, obesidade, câncer e doenças cardiovasculares, sem deixar de mencionar os distúrbios mentais, recomenda uma revisão do conceito de promoção da saúde, que inclua determinantes de estilos de vida, que vá além da responsabilização individual. Essas grandes corporações das áreas de alimentos, medicamentos e agrotóxicos, entre outras, são responsáveis por produtos que apresentam vínculo comprovado com fatores de risco para essas epidemias. Identificar esses fatores, estudar seus vínculos com estilos de vida e com doenças e outros agravos à saúde, pode abrir um novo caminho para a ação regulatória e estratégica do Estado para o enfrentamento do atual quadro epidemiológico, que sobrecarrega os serviços do SUS e causa grande angústia e prejuízos aos indivíduos. 4 É uma grande empreitada, não apenas de natureza técnico-científica, mas política também, que carece do engajamento de outros órgãos públicos e da sociedade, para a formulação de políticas de grande alcance social e sanitário, bem como uma atuação na regulação internacional, que busque novas políticas globais compromissadas com a defesa da saúde e a preservação da vida no planeta (SILVA et al., 2018 apud BRASIL, 2021). Essa e outras linhas de ação poderiam ser formuladas em uma política nacional de vigilância sanitária, componente de um plano de promoção da saúde e prevenção de danos, que oriente a atuação da vigilância sanitária às demandas e necessidades do SUS, como a melhoria da qualidade dos serviços de saúde e o enfrentamento das doenças crônicas. Entretanto, ainda não houve uma estratégia política suficiente para consolidar o SNVS no âmbito do SUS. Embora o sistema esteja delineado, apresenta um desequilíbrio de capacidades entre seus três níveis de governo (BRASIL, 2021). O órgão federal ganhou uma agência reguladora, mas os estados e municípios ainda padecem de graves deficiências estruturais, em especial na quantidade e qualidade dos seus funcionários, que não são protegidos por carreiras de Estado, como se exige para todos que atuam fiscalizando o mercado em nome do Estado e do interesse coletivo (SILVA et al., 2018 apud BRASIL, 2021). Segundo a BRASIL (2021) outro desafio é construir um modelo de avaliação de risco adequado à singularidade dos objetos de ação, que ajude a repensar os instrumentos tradicionais de controle sanitário, em trabalho articulado com as vigilâncias epidemiológica, ambiental e de saúde do trabalhador. Um modelo que facilite a identificação dos principais riscos à saúde em cada região ou localidade e que dê elementos para rever a organização e gestão do SNVS e a descentralização como prioridade para fortalecer os demais entes. A imensa desigualdade econômica vigente em nosso país traz outro desafio: uma regulação que diferencie os riscos à saúde relacionados aos pequenos negócios daqueles das imensas corporações transnacionais; avançar na regulação com inclusão produtiva, em aproximação às entidades dos pequenos produtores; encontrar alternativas para viabilizar a produção artesanal de alimentos e as práticas e culinárias tradicionais, que preservam a cultura, a biodiversidade, a sustentabilidade e a autonomia das regiões do país (SILVA et al., 2018 apud BRASIL, 2021). A desigualdade social traz diferentes vulnerabilidades, que desafiam a ação da vigilância sanitária. Na era da comunicação digital e das mídias sociais, a vigilância sanitária precisa desenvolver estratégias de comunicação de riscos, que disseminem o conhecimento científico disponível, que aprofundem a consciência sanitária e fortaleçam a participação social na defesa da saúde, bem maior dos indivíduos e das 5 comunidades, perante os interesses (econômicos e políticos) das grandescorporações que, em muitos países, superam a força regulatória dos próprios poderes republicanos. A história da vigilância sanitária no Brasil e em outros países demonstra a imprescindibilidade do controle sanitário do Estado sobre as atividades e os interesses particulares. Os acontecimentos que foram conformando a legislação e o modelo de vigilância comprovam que a atividade privada, deixada ao seu alvedrio, representa sérios riscos à saúde dos indivíduos e da coletividade (BRASIL, 2021). 3 HIGIENE ALIMENTAR Fonte: alimentacaoemfoco.org A acepção do termo higiene aparece inicialmente no Brasil, em regulamentos de 1923 e 1931, como parte da higiene do trabalho à que todos os estabelecimentos industriais, inclusive a indústria farmacêutica, deviam obedecer. A sua origem se mantinha fiel às ações ligadas à limpeza (limpeza espiritual, que de certa forma era extensiva à física), pois o termo higiene era associado, predominantemente, aos locais de alimentos, meios de transporte, veículos destinados ao transporte de produtos sujeitos à vigilância sanitária e ainda, em menor grau, aos manipuladores de alimentos. E assumia muitas vezes o sentido de asseio/higiene (MARINS, 2014). Segundo o autor, a higiene é parte das condições sanitárias exigidas das embarcações e das áreas aeroportuárias, que a inspeção sanitária deve verificar. A higiene pessoal e ambiental é, ainda, finalidade de determinadas classes de produtos. 6 O termo higiene sempre aparece nas normas de alimentos, seja como requisito dos produtos, seja dos locais onde são produzidos, manipulados ou envasados; e a noção atual de higiene nesse campo contempla, além dos padrões microbiológicos, parâmetros em relação aos resíduos de pesticidas e outros contaminantes. A higiene da alimentação é preceito normativo que fundamenta o cancelamento, temporário ou definitivo, do registro de um dado alimento e a interdição ou apreensão de alimentos e bebidas. A higiene ou as condições higiênicas fundamentam também a permissão de funcionamento dos locais de preparo, consumo ou comércio dos alimentos, uma vez que a não obediência a esse preceito, quando citada nos autos de infração, pode acarretar legalmente a interdição parcial ou total, em caráter temporário, até que sejam cumpridas as exigências sanitárias de forma definitiva (MARINS, 2014). Ainda de acordo com o autor, a higiene e a fiscalização dos alimentos constituem um setor fundamental da saúde pública, complementar da nutrição, que estuda os processos de conservação dos produtos alimentícios e as alterações, adulterações e falsificações que eles podem sofrer, tanto in natura quanto depois de preparados, e estabelece normas práticas de apreciação e vigilância. Assim, a higiene alimentar corresponde ao conjunto de medidas adequadas para assegurar as características dos alimentos, desde a sua segurança no aspecto do acesso e da inocuidade, salubridade e conservação, no plantio, produção ou fabrico, até o consumo. De acordo com a Comissão do Código Sanitário da Junta da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, do inglês Food and Agriculture Organization of the United Nations) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), a higiene dos alimentos compreende as medidas preventivas necessárias na preparação, manipulação, armazenamento, transporte e venda de alimentos, para garantir produtos inócuos, saudáveis e adequados ao consumo humano (ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD, 1968 apud MARINS, 2014). A ideia de higiene está pautada na necessidade de garantir a inocuidade sanitária por meio da diminuição ou exclusão das influências que possam prejudicar a qualidade dos alimentos. Segundo autor, o conceito de higiene, embora tenha tido a sua origem na Grécia antiga, adquiriu maior importância nos finais do século XIX, após o reconhecimento de que os microrganismos poderiam ser a causa de inúmeras doenças. De acordo com o Codex Alimentarius (2006), para que sejam atingidos critérios hígidos relativos aos gêneros alimentícios, é necessária a implantação de 7 programas de qualidade como pré-requisitos do Sistema Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) nos serviços de alimentação (MARINS, 2014). As principais atividades no campo da higiene dos alimentos podem ser assim elencadas segundo Marins (2014): Assegurar a qualidade das matérias-primas e dos produtos alimentícios semiprontos e prontos, inclusive bebidas e águas de consumo, desde a obtenção das carnes, leite, pescados, produtos vegetais e outros por meio dos processos seletivos, na recepção, atuando no controle da boa qualidade e nas condições determinadas pelas normas sanitárias vigentes em todas as etapas, como armazenamento, processamento, fracionamento, transporte e outras até o consumo; Investigar ou pesquisar as circunstâncias e condições que possam prejudicar a qualidade nutricional e de higiene das matérias-primas e dos produtos alimentícios, ou influenciá-las; Desenvolver métodos que aperfeiçoem as características organolépticas dos alimentos, evitando alterações, reduções ou perdas por alterações; Estabelecer medidas de controle na obtenção, fabricação, tratamento, manipulação, armazenamento, envase, transporte e distribuição dos alimentos, visando à prevenção de doenças veiculadas ou transmitidas por alimentos. Indubitavelmente, os avanços tecnológicos de que hoje dispomos e que são capazes de atestar a qualidade higiênico-sanitária dos alimentos foram baseados na história construída entre o homem e a forma de obtenção dos alimentos. Corroborando a descrição do processo histórico e a organização das práticas higiênico-sanitária constituídas, as praças das cidades medievais gozavam de destaque comercial, pois nelas coabitavam e interagiam várias facetas da sociedade: comércio, política, religião, artes, reuniões sociais, cerimônias e mesmo conspirações, além de ser o local específico para vendas de produtos, dentre eles alimentos (MARINS, 2014). 8 4 SEGURANÇA ALIMENTAR Fonte: rjnoticias.com O conceito de “segurança alimentar” ainda está em construção e, portanto, é lacunar na formulação de políticas públicas. O conceito é foco de muitas polêmicas desde o seu surgimento ao fim da Primeira Guerra Mundial, em parte devido a esse conflito, quando se tornou claro que a segurança nacional de um país dependia da segurança alimentar, entre outras questões da produção e estoque de alimentos (Deves e Filippi, 2008, p. 2; Maluf, Menezes e Marques, 1996, p. 1; Nascimento e Andrade, 2010, p. 2 apud Marins, 2014). O processo de amadurecimento conceitual se deu pela incorporação de preocupações que emanavam de debates variados pós-Segunda Guerra Mundial, os quais delinearam como relevantes no que diz respeito à segurança alimentar os parâmetros disponibilidade e acesso, relacionados, respectivamente, à quantidade suficiente e ao baixo preço (MARINS, 2014). Segurança dos alimentos abrange conhecimentos e práticas referentes à saúde coletiva, com intuito de prevenir riscos associados à alimentação. Adjacente a isto está a/o gestão/controle de qualidade, que associa fundamentos básicos para que o processo de produção de alimentos seja realizado evitando o surgimento de doenças transmitidas por alimentos (DTA’s) por alimentos DTA’s (OLIVEIRA et al, 2021). Segundo o autor, a segurança dos alimentos abrange conhecimentos e práticas referentes à saúde coletiva, com intuito de prevenir riscos associados à alimentação. Adjacente à segurança alimentar está a/o gestão/controle de qualidade, que associa 9 fundamentos básicos para que o processo de produção de alimentos seja realizado evitando o surgimento de doenças transmitidas por alimentos (DTA’s). No setor alimentício, para a implantação de uma gestão da qualidade, é possível utilizar. O aumento de DTA’s apresenta-se deforma significativa pelo mundo inteiro, e, diversos fatores colaboram para a emergência destas doenças. DTA’s são originadas pela ingestão de alimentos ou água contaminados. Porém, estudos relatam que a maioria dos casos não são notificados às autoridades sanitárias, pois muitos dos patógenos presentes nos alimentos causam sintomas leves. Para garantir a higiene dos produtos e a segurança dos alimentos, deve-se ter como princípios a adoção de check list, a organização de planilhas de controle e o treinamento de manipuladores, principalmente. Pois tais procedimentos deixam claro quais os pontos falhos no processo e propiciam a produção de um alimento de qualidade (OLIVEIRA et al, 2021). Nesse contexto, segundo o autor, existe a implementação do programa de Boas Práticas de Fabricação (BPF) em indústrias de alimentos. Com isto, a vigilância sanitária apresenta como um dos papeis a fiscalização para liberação de licença sanitária, além de atendimento a denúncias, ações programadas, coleta de alimentos, investigação de surtos alimentares, análise de projetos arquitetônicos, análise de rotulagem de alimentos produzidos no município e atividades educativas. Para Oliveira (2021) BPF’s têm como objetivo primordial evitar a contaminação dos produtos, abrangendo desde a recepção das matérias-primas até́ o produto final. Sendo, na legislação brasileira, as BPF’s obrigatórias para todos os estabelecimentos produtores e indústrias de alimentos. Segurança dos alimentos é um tema atual e que deve ser sempre discutido e visado, uma vez que se refere à saúde da população, não apenas à qualidade dos produtos. Como foi visto através das possíveis doenças transmitidas por alimentos (DTA’s), que são originadas pela ingestão de alimentos ou água contaminados e podem ocorrer devido às falhas no processo de gestão e controle de qualidade. A segurança alimentar e nutricional ocupa um importante espaço na agenda governamental brasileira. Em 2006, a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN) foi legalmente instituída pela Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006, criando o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN) com vistas a garantir a segurança alimentar e nutricional, que consiste na: “realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, 10 tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis” (BRASIL, 2006, art. 3º) (MINISTERIO DA CIDADANIA, 2020). A segurança alimentar e nutricional abrange (BRASIL, 2006 apud MINISTERIO DA CIDADANIA, 2020): I. a ampliação das condições de acesso aos alimentos por meio da produção, em especial da agricultura tradicional e familiar, do processamento, da industrialização, da comercialização, incluindo-se os acordos internacionais, do abastecimento e da distribuição dos alimentos, incluindo-se a água, bem como da geração de emprego e da redistribuição da renda; II. a conservação da biodiversidade e a utilização sustentável dos recursos; III. a promoção da saúde, da nutrição e da alimentação da população, incluindo-se grupos populacionais específicos e populações em situação de vulnerabilidade social; IV. a garantia da qualidade biológica, sanitária, nutricional e tecnológica dos alimentos, bem como seu aproveitamento, estimulando práticas alimentares e estilos de vida saudáveis que respeitem a diversidade étnica e racial e cultural da população; V. a produção de conhecimento e o acesso à informação; e VI. a implementação de políticas públicas e estratégias sustentáveis e participativas de produção, comercialização e consumo de alimentos, respeitando-se as múltiplas características culturais do País. A Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN), instituída pelo Decreto nº 7.272, de 25 de agosto de 2010, é mais um avanço do compromisso do estado brasileiro com a universalização de políticas públicas de combate à pobreza, de garantia do acesso à alimentação e de promoção da segurança alimentar e nutricional da população ao definir diretrizes, dentre outras, para a promoção do acesso universal à alimentação adequada e saudável e para o abastecimento e estruturação de sistemas sustentáveis e descentralizados (BRASIL, 2010 apud MINISTERIO DA CIDADANIA, 2020). Na perspectiva dessa diretriz da PNSAN, os bancos de alimentos são um importante equipamento de complementação alimentar e de contribuição para a garantia da segurança alimentar e nutricional, constituindo uma rede nacional de experiências bem sucedidas em redução das perdas e desperdícios de alimentos e em promoção do direito humano à alimentação adequada. Como ação estratégica da 11 PNSAN e considerando a existência de diversas iniciativas de bancos de alimentos pelo país, tanto de entes federados como de iniciativa privada sem fins lucrativos, a Rede Brasileira de Bancos de Alimentos (RBBA) foi instituída em 2016 pela Portaria nº 17, de 14 de abril de 2016, do então Ministério do Desenvolvimento Social, e fortalecida pelo Decreto nº 10.490, de 17 de setembro de 2020 que estabelece o seguinte conceito segundo Ministério da Cidadania (2020): § 1º Bancos de alimentos são estruturas físicas ou logísticas que ofertam o serviço de captação ou de recepção e de distribuição gratuita de gêneros alimentícios oriundos de doações dos setores público ou privado a: I. instituições públicas ou privadas prestadoras de serviços de assistência social, de proteção e de defesa civil; II. instituições de ensino; III. III. unidades de acolhimento institucional de crianças e adolescentes; IV. penitenciárias, cadeias públicas e unidades de internação; V. estabelecimentos de saúde; e VI. outras unidades de alimentação e de nutrição (BRASIL, 2020, art. 1º). Ao estabelecer uma definição com a finalidade de reconhecer e integrar os bancos de alimentos no país, a Rede Brasileira de Bancos de Alimentos (RBBA) atua na perspectiva de nivelar conhecimentos e convergir a atuação coletiva para as prioridades definidas. Deste modo, identificou-se como essencial que a RBBA construísse e disponibilizasse aos bancos de alimentos do país documentos e materiais em que se estabeleçam conceitos, processos, conteúdos e habilidades mínimas referenciados no marco regulatório vigente, na Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional e na agenda de perdas e desperdícios de alimentos (MINISTÉRIO DA CIDADANIA, 2020). 4.1 Doenças transmitidas por alimentos (DTA’s) As DTA’s vêm aumentando mundialmente. Diversos fatores colaboram para a emergência destas doenças, entre eles: aumento da população, aumento de grupos vulneráveis, processo desordenado de urbanização e produção de alimentos em larga escala (OLIVEIRA et al, 2021). 12 Segundo o autor, as DTA’s, são doenças acometidas pela ingestão de alimentos e/ou água contaminados. Existem mais de 250 tipos de DTA’s, sendo a maior parte infecções por bactérias e suas toxinas, vírus e parasitas. Agentes biológicos também são bastante conhecidos pelos prejuízos à segurança alimentar, contudo deve-se também atentar-se aos riscos físicos e químicos durante o processo de fabricação, manipulação, estocagem e fornecimento dos alimentos (Sebrae, 2018). Um surto alimentar de DTA é definida quando duas ou um grupo de pessoas apresentam a mesma enfermidade após o consumo de um mesmo alimento (ou água), e com a confirmação a partir das análises epidemiológicas (Vigilância Sanitária de Santa Catarina, 2017 apud OLIVEIRA et al, 2021). A Vigilância Sanitária (2017) menciona alguns dos fatores que influenciam na contaminação dos alimentos por agentes patogênicos: vítimas infectadas, práticas inadequadas de manipulação, higieneinadequada, recipientes tóxicos, aditivos acidentais ou intencionais. Existem fatores que também influenciam na proliferação dos agentes patogênicos oriundas da manipulação e armazenamento. E, por fim, existem fatores que influenciam na sobrevivência dos agentes patogênicos: aquecimento ou cocção insuficiente e reaquecimento insuficiente. Devido ao consumo de alimentos fora do domicilio, a população preocupa-se com a qualidade dos alimentos consumidos, a qual deixou de ser um diferencial competitivo e tornou-se uma condição permanente, porém, grande parte deste público, não possui informações necessárias para avaliar e exigir melhorias relacionadas à qualidade dos alimentos (OLIVEIRA et al, 2021). De acordo com o autor, as definições de qualidade sofreram mudanças significativas com o passar do tempo; sendo um simples conjunto de ações operacionais, centradas e localizadas em pequenas melhorias do processo produtivo, a um elemento fundamental do gerenciamento das organizações. E atualmente sendo fator crítico para a “sobrevivência” de empresas, produtos, processos e principalmente pessoas. Portanto, garantir a qualidade e segurança dos alimentos torna-se responsabilidade básica dos locais que fornecem alimentação, sendo este um alvo de constante preocupação dos órgãos fiscalizadores de saúde pública (OLIVEIRA et al, 2021). Ainda segundo o autor, as empresas estão buscando implantar a gestão da qualidade visando uma melhoria contínua, exigência do mercado consumidor. Este sistema de gestão, controle de qualidade e treinamentos dos colaboradores são, 13 atualmente, um diferencial na indústria alimentícia. A qualidade e a segurança são as principais características dos produtos industrializados, pois esta postura é exigida pelos consumidores. E neste contexto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) regulamentou leis para controle sanitário de produção e comercialização de produtos na indústria alimentícia, dentre as quais estão segundo Oliveira et al, (2021): RDC n° 275, de 21 de Outubro de 2002: que dispõe sobre as BPF e os POP’s (Procedimentos Operacionais Padrões); Portaria SVS/MS n° 326, de 30 de julho de 1997: que determina as Boas Práticas de Higiene Sanitária e BPF, segundo o Codex Alimentarius; Portaria MS n° 1428, de 26 de Novembro de 1993: estabelece as diretrizes gerais de Boas Práticas de Produção e Prestação de Serviços na área de alimentos. As indústrias alimentícias contam ainda com a certificação ISO 22000, criada em setembro de 2005, reconhecida internacionalmente, fundamentada nos princípios de segurança dos alimentos em toda cadeia da indústria alimentícia. Ainda segundo o autor, pensando na garantia da segurança dos alimentos e na prevenção de DTA’s, devemos considerar que os manipuladores apresentam papel importante em serviços de alimentação e, faze-los entender que tal importância é vital para a fluidez da produção com segurança. E pensando desta maneira, até mesmo a gestão de pessoas nas empresas alimentícias é importante, uma vez que, a qualificação de funcionários na área da segurança dos alimentos é essencial para manter a qualidade do processo geral (Barbosa et al., 2018 apud OLIVEIRA et al, 2021). DTA’s são todas doenças causadas pela ingestão de perigos biológicos, químicos ou físicos presentes nos alimentos. O alto risco de doenças transmitidas por alimentos (DTA’s) na maioria dos consumidores possuem alto risco de doenças transmitidas por alimentos associadas a produtos alimentícios, porém há uma baixa probabilidade de infectar patógenos transmitidos por alimentos, entretanto, as agências regulatórias e de saúde pública podem desenvolver material de educação em segurança alimentar que contenha mais informações pessoais relevantes e enfatize a probabilidade relativamente alta de ocorrência de patógenos de origem alimentar (OLIVEIRA et al, 2021). 14 5 VIGILÂNCIA SANITÁRIA APLICADA EM ALIMENTOS Fonte: sanityconsultoria.com A regulamentação sanitária se realiza mediante a conjugação do conhecimento técnico multidisciplinar e do contexto político, implicando conciliação de interesses diversos e, com a expectativa de que o benefício à saúde coletiva seja o resultado principal. A regulação extrapola o mero ato fiscalizatório de caráter privativo do Estado, e o seu processo de formulação técnica e política tem como finalidade precípua a de ser, fundamentalmente, um dos veículos das políticas públicas dirigidas à prevenção de riscos e à promoção da saúde (OLIVEIRA et al, 2021). Segundo o autor, o Centro de Vigilância Sanitária (2017) é de responsabilidade das três esferas governamentais e são compartilhadas entre os níveis de gestão, estruturado na forma de sistemas. Sendo que cada esfera tem uma responsabilidade, As equipes regionais e municipais de vigilância sanitária têm como responsabilidade, a execução das ações de controle sanitário na fabricação, distribuição e comércio de produtos alimentícios, dando segurança aos consumidores a partir da qualidade sanitária dos produtos. Essas ações são compartilhadas com outros órgãos, como o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). De acordo com o Centro de Vigilância Sanitária (2017), possui missão de promover e proteger a saúde da população, com ações capazes de eliminar ou prevenir riscos à saúde decorrentes da alimentação, e para isso realiza, ações de monitoramento programado da qualidade sanitária de produtos e de estabelecimentos na área de alimentos. Como principais atividades da vigilância sanitária podem-se citar: fiscalização para liberação de licença sanitária, atendimento a denúncias, ações programadas, coleta de alimentos, 15 investigação de surtos alimentares, análise de projetos arquitetônicos, analise de rotulagem de alimentos produzidos no município e atividades educativas (BRASIL, 2017 apud OLIVEIRA et al, 2021). Muitas praticas inadequadas ocorrem durante o processamento do alimento podendo facilitar a contaminação, a sobrevivência e a multiplicação de microrganismos causadores de DTAs. O conhecimento dos principais pontos de contaminação durante o processamento dos alimentos é essencial para garantir qualidade microbiológica e segurança ao consumidor (OLIVEIRA et al, 2021). 5.1 Formas de garantir a segurança dos alimentos nos serviços alimentícios A preocupação com a segurança dos alimentos servidos em estabelecimentos destinados a venda de refeições compreende o alimento pronto, e todas as etapas do processo, incluindo o recebimento da matéria prima, onde os produtos embalados devem ser observados com cuidado em relação à condição da embalagem, a qual pode dar a noção do alimento em seu interior (BARBOSA et al., 2018 apud MESQUITA et al, 2021). É sempre recomendado que os estabelecimentos adotem o uso de produtos sanitizantes nos vegetais, com o objetivo de higienizar todos os alimentos servidos sem tratamento térmico. A qualidade das instalações e edificações dos estabelecimentos de serviços de alimentação tem alta relação com a precaução de contaminações do alimento, sendo que as instalações devem ser estruturadas de forma a evitar cruzamentos entre áreas limpas e contaminadas e devem ser mantidas em condições adequadas de higiene (MESQUITA et al, 2021). O autor considera que aqueles estabelecimentos que possuem estruturas planejadas e que mantem uma rotina de higienização, são capazes de garantir controle eficiente de pragas, protegendo assim os alimentos. De acordo com a Comissão do Código Sanitário da Junta da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, do inglês, Food and Agriculture Organization of the United Nations) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), a higiene dos alimentos abrange medidas preventivas necessárias para preparação, manipulação, armazenamento, transporte e venda de alimentos, com intuito degarantir produtos inócuos, saudáveis e adequados ao consumo humano. Nesse contexto, existe uma forma para a obtenção e garantia da qualidade e segurança nas industrias: a implementação do programa de Boas Práticas de Fabricação (BPF) qual têm como objetivo evitar a contaminação dos produtos, desde a recepção das matérias-primas 16 até o consumo do produto. Programa de Autocontrole (PAC) principal ferramenta da agroindústria no controle dos processos de fabricação. Procedimento operacional padronizado (POP) consiste em descrever todas as operações para realizar determinado procedimento. Sistema de análise de perigos e pontos críticos de controle (APPCC) baseia-se na aplicação de princípios técnicos e científicos de prevenção, com finalidade de garantir inocuidade dos processos de produção, manipulação, transporte, distribuição e consumo dos alimentos. E método 5S qual consiste em organizar o local de trabalho por meio de manutenção, limpeza, padronização e disciplina na realização do trabalho, com o mínimo de supervisão possível (MESQUITA et al, 2021). 5.2 Ferramenta 5S Entende-se que as BPF’s devem fazer parte do sistema de gestão da segurança de alimentos, podendo ser implantadas previamente ou em conjunto com a APPCC, dependendo da necessidade e realidade de cada organização (MESQUITA et al, 2021). Para iniciar este processo, temos o Método dos 5S, que surgiu no Japão em meados do século XX e consiste em organizar o local de trabalho por meio de manutenção apenas do necessário, da limpeza, da padronização e da disciplina na realização do trabalho, com o mínimo de supervisão possível. Os 5S são derivados de palavras japonesas que exprimem princípios fundamentais da organização (MESQUITA et al, 2021), sendo: 1. SEIRI – Senso de utilização, arrumação, organização, seleção; 2. SEITON – Senso de ordenação, sistematização, classificação; 3. SEISO – Senso de limpeza, zelo; 4. SEIKETSU – Senso de asseio, higiene, saúde, integridade; 5. SHITSUKE – Senso de autodisciplina, educação, compromisso. O 5S proporciona a mudança de comportamento das pessoas e do ambiente da empresa. Economia, organização, limpeza, higiene e disciplina tornam-se palavras comuns e praticadas por todos quando esta metodologia é aplicada. Estes fatores são fundamentais para elevar e garantir a produtividade. 17 5.3 Boas práticas de fabricação (BPF) Para Oliveira (2021), BPF’s são procedimentos que devem ser adotados pelas industrias com o objetivo de garantir a qualidade higiênico-sanitária de acordo com a legislação vigente. Já Buzinaro & Gasparotto (2019) apud Oliveira (2021) definem que BPF’s têm como objetivo primordial evitar a contaminação dos produtos, abrangendo desde a recepção das matérias-primas até o produto final. Sendo, na legislação brasileira, as BPF’s obrigatórias para todos os estabelecimentos produtores e indústrias. A Anvisa (2004) estabelece as BPF’s como um conjunto de medidas adotadas pelas indústrias alimentícias no intuito de garantir qualidade sanitária e conformidade dos produtos com os regulamentos técnicos. A legislação sanitária federal regulamenta essas medidas em caráter geral, as quais se aplicam a todo tipo de indústria de alimentos, e são voltadas as indústrias que processam determinadas categorias de alimentos (OLIVEIRA et al, 2021). A elaboração e implantação do Manual de Boas Práticas são descritas por Zurlini et al. (2018) apud Oliveira et al, (2021) como fundamentais para que os alimentos sejam produzidos com qualidade, do ponto de vista da segurança alimentar e também nutricional. Além disso, BPF’s consistem em um dos sistemas mais reconhecidos e com boa resposta para a obtenção de alimento seguro, mantendo estreita relação com o consumidor, pois asseguram sua saúde, segurança e bem- estar. Promovem também educação e qualificação nos aspectos de higiene, desinfecção e disciplina operacional. Assim, a segurança de alimentos é garantida com esforços combinados de todos os envolvidos na cadeia produtiva. 5.4 ISO 22.000 ISO (a Organização Internacional para Padronização, do inglês International Organisation for Standardization) é uma federação mundial de órgãos nacionais (órgãos membros da ISO). ISO 22000 é baseada na estrutura de um sistema de gestão estruturado e incorporado nas atividades gerais de gestão da organização para estabelecer, implementar, monitorar e atualizar o mais eficaz sistema de segurança alimentar (OLIVEIRA et al, 2021). 18 Este padrão integra o sistema APPCC e as etapas de aplicação desenvolvidas pela Codex Alimentarius Commission. Pela aplicação de requisitos auditáveis, combina o Plano APPCC com demais programas de segurança de alimentos. É denominado sistemas de gestão da segurança alimentar (ISO, 2018 apud (OLIVEIRA et al, 2021). Todos os perigos referidos a segurança de alimentos (biológicos, físicos, químicos, incluindo alérgenos) são esperados em relação ao tipo de produto, tipo de processo e instalações de processamento reais devem ser identificados e registrados (Codex Alimentarius Commission, 1996). A identificação deve ser baseada em (Codex Alimentarius Commission, 1999, WHO, 2008, Hoag, Porter, Uppala, & Dyjack, 2007).Segundo Oliveira (2021): As informações preliminares e os dados coletados de acordo com as características das matérias-primas, ingredientes, materiais de contato com o produto e produtos finais, uso pretendido, diagramas de fluxo, etapas do processo e medidas de controle Experiência (histórico de produto e produtor / processador) Informações externas, incluindo, na medida do possível, dados epidemiológicos e outros dados históricos (sistema de vigilância epidemiológica pelas autoridades de saúde / programa de monitoramento de contaminantes), e Informações da cadeia alimentar sobre os riscos à segurança alimentar que podem ser relevantes para a segurança dos produtos finais, produtos intermediários e alimentos no consumo (considerações ambientais). Ao identificar os perigos, é importante considerar as etapas anteriores e posteriores à operação especificada, o equipamento do processo, utilidades / serviços e arredores e os elos anteriores e posteriores na cadeia alimentar. A análise de perigo, conforme detalhado na ISO 22000, exige que a organização avalie todas as medidas de controle de segurança de alimentos de forma científica. Assim que a análise de risco for concluída, isso pode resultar na adição de alguns novos PRP’s ao sistema. Além disso, pode resultar na atualização de alguns PRP’s para a categoria de PRP operacional. Portanto, é responsabilidade da organização documentar essas mudanças, aprová-las e se preparar para implementá- las de maneira adequada para garantir a segurança alimentar (Soman, & Raman, 2016). (OLIVEIRA et al, 2021). 19 5.5 APPCC Os estudos mostram a maior eficiência quando há conciliação de várias ferramentas de gestão do controle de qualidade. Apesar de extensivos ensinamentos sobre higiene dos alimentos, para a prevenção de doenças de origem alimentar, a incidência de surtos e casos esporádicos continuam a acontecer no Brasil (OLIVEIRA et al, 2021). Segundo o autor, a utilização de determinados métodos sozinhos no controle da qualidade dos alimentos nos serviços de alimentação, como as Boas Práticas Fabricação (BPF), muitas vezes consegue atingir os padrões mínimos de qualidade sanitária, porém não são suficientes para a perfeita segurança dos alimentos. Sob o mesmo ponto de vista, outros autores concluem que as BPF sozinhas não conseguem combater as DTA. Outros concordam que as legislações como a RDC nº 216 e algumas portarias, além da criação de manual de BPF, facilitam o alcance de melhores resultados na qualidade e nos processos de gestão. O APPCC constitui um importante método preventivo empregado na linha de produção em serviço de alimentação.Verificamos que quando implantado em locais onde não há eficiência dos pré-requisitos ou ausência desses, os resultados não são satisfatórios. Isso mostra a importância da correta aplicação e verificação cíclica dos programas considerados mais básicos e assim obter as vantagens da aplicação da ferramenta (OLIVEIRA et al, 2021). Ainda segundo o autor, o sistema APPCC tem um resultado muito positivo, principalmente quando comparado com outras ferramentas de controle de qualidade. Com tudo fica evidente nos estudos, que a implantação do APPCC, além dos benefícios relativos a qualidades, está claramente relacionada a uma significativa redução dos custos de produção. Isso deve-se pela necessidade de ter juntamente com ele as boas práticas de fabricação e procedimentos operacionais padronizados (POP), que são pré-requisitos para o sistema, além de ser feito especificamente para cada produto e/ou procedimento. Outro ponto relevante para alcançar melhores resultados, diz respeito à união de todas estas ferramentas às equipes, mostrando o porquê e como cada um destes programas são importantes durante o processo para se garantir um produto seguro. A percepção desse equilíbrio varia em função da heterogeneidade dos agentes produtivos envolvidos na implementação e desenvolvimento do sistema APPCC. 20 Entre as principais motivações relatadas pelos representantes das organizações enfocadas, predominam a busca de desenvolvimento das funções de política e estratégia de qualidade, de maneira a alinhar os objetivos do sistema APPCC, com os objetivos e estratégias da empresa, e das funções de garantia de qualidade, de maneira a assegurar para clientes e consumidores, que as demandas de qualidade sejam atendidas. Para a exportação o APPCC se torna obrigatório, por ser um programa que é mandatário na questão de segurança alimentar, sendo esse o principal motivo de implantação. Um dos indicadores de desempenho do sistema APPCC mais citado é relacionado à diminuição do percentual de reclamações de clientes e consumidores vinculadas à qualidade do produto final (OLIVEIRA et al, 2021). Concomitantemente para que isto ocorra, a avaliação de não-conformidades e desvios nos padrões microbiológicos nos pontos críticos de controle (PCC), no processo e nos produtos acabados, são conclusivos para o sucesso dos indicadores de desempenho do sistema APPCC. As principais dificuldades relacionadas à manutenção do sistema APPCC residem no manejo da documentação, como o tempo demandado e capacitação dos responsáveis, comprometimento dos funcionários no correto preenchimento dos registros e na percepção dos dados que realmente necessitam ser monitorados e registrados (COSTA et al, 2019 apud OLIVEIRA et al, 2021). Para muitos dos pesquisadores, manter o programa funcionando é mais complicado do que implementar, normalmente porque as cozinhas industriais ou serviços de alimentação trabalham com número de colaboradores no limite, e uma vez instituído o APPCC, demandará em novas contratações. A cadeia produtiva de uma unidade de alimentação ou serviço de alimentação é complexa, sendo necessário um gestor compreender que muito além de se produzir e servir, é preciso garantir inocuidade em toda a cadeia produtiva (linha quente e fria da produção). Para isto os registros de controles de recebimento, estocagem, manipulação, higienização, sanitização, pré-preparo, cocção, temperaturas, amostras 72 horas, e a distribuição, são indispensáveis para garantir uma excelente gestão da qualidade do alimento produzido. Bem como os registros da saúde dos manipuladores, de acordo com as legislações vigentes (OLIVEIRA et al, 2021). De acordo com Oliveira (2021) o controle da qualidade dos alimentos deve ser praticado de forma contínua, e não apenas no produto final, com vias a oferecer maior garantia aos usuários do serviço, o que viabiliza aumento da confiabilidade por parte dos consumidores e minimização dos riscos à saúde. Sendo de responsabilidade do 21 prestador de serviço selecionar fornecedores, realizando visitas técnicas em seus estabelecimentos, garantindo que o alimento chegue em condições higiênicas seguras para ser manipulado e/ou produzido dentro do serviço de alimentação. Realizando também um processo seletivo capaz de selecionar os funcionários com base em critérios éticos e legais, bem como os qualificar nas legislações vigentes a alimentos, e posteriormente, garantir que seja estabelecido diariamente o aprimoramento das atividades executadas, de forma a ampliar a confiança e a responsabilidade na manipulação adequada dos alimentos, garantir a segurança higiênico-sanitária do alimento produzido, além de possibilitar a redução dos custos para a empresa. A falta de controle e acompanhamento dos processos de produção e manipulação de alimentos, são os principais fatores do baixo índice de conformidade nos serviços de alimentação (OLIVEIRA et al, 2021). Realmente a implantação de Boas Práticas de Fabricação (BPF), apesar de sozinha não serem totalmente eficiente, ainda assim trazem resultados positivos nos quesitos relacionados à segurança dos alimentos, uma vez que engloba o cuidado em ensinar aos manipuladores a importância da qualidade dos alimentos e do serviço que estão prestando como manipuladores de alimentos, conscientizando-os que precisam servir um alimento seguro. Boas Práticas vão além do cuidado com a fabricação, estão relacionadas diretamente com as boas práticas de higiene, de comportamento que são importantíssimas para manter satisfatórias as condições higiênico-sanitárias do estabelecimento (OLIVEIRA et al, 2021). O checklist é uma ferramenta importante, pois garante que todos os processos sejam monitorados e as evidências sejam estabelecidas. Outra ferramenta complementar que está crescente no mercado atual, é a utilização de consultorias em serviços de alimentação, pois apresentam resultados positivos para o crescimento da empresa, quando comparados com aqueles que não buscam esse serviço ou não têm profissionais devidamente capacitados e responsáveis técnicos. Quando aplicada, são notórios a melhoria e o crescimento da empresa em estar de acordo com os padrões legais de higiene e qualidade dos itens analisados (COSTA et al, 2019 apud OLIVEIRA et al, 2021). 22 6 SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE Fonte: alchimiaam.com A gestão na qualidade de alimentos é subsidiada por várias legislações com a finalidade de oferecer alimentos seguros, além de favorecer a manutenção das empresas no mercado consumidor. As Doenças Transmitidas por alimentos (DTA) encontram-se entre os riscos mais importantes em relação à saúde pública. De acordo com os dados epidemiológicos da Secretária de Vigilância em Saúde, desde 2009 até 2018 os surtos por DTA já chegaram a 6.809 notificações, com 120.584 doentes, gerando 16.632 hospitalizações e infelizmente 99 óbitos no Brasil. Não há dúvidas da importância das bactérias como agentes causadores de doenças de origem alimentar. Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN), ou serviços de alimentação (Restaurantes entre outros) são uma das maiores fontes de surtos de doenças veiculadas por alimentos (OLIVEIRA et al, 2021). A qualidade microbiológica dos alimentos está primeiramente relacionada, à quantidade e ao tipo de microrganismos presentes e à sua multiplicação (COSTA et al, 2019 apud OLIVEIRA et al, 2021). De igual modo a qualidade destas matérias primas, também dependem da higiene de ambientes, manipuladores e superfícies. No Brasil, existem Legislações Federais, Estaduais e Municipais que auxiliam profissionais na atuação no serviço de alimentação, ao propiciar regulamentação dos procedimentos e normas indispensáveis na manipulação adequada de alimentos, garantindo inocuidade do 23 alimento servido, uma vez que a utilização de manuais serve como ferramentas que retratama organização da empresa, não podendo ser considerados completos e terminados, necessitando de uma permanente atualização, de maneira a acompanhar as alterações da empresa, sendo necessária eficiente divulgação e controle das normas nele existentes (OLIVEIRA et al, 2021). Segundo o autor, de 1993 até 2013, foram publicadas legislações corroborando ao avanço da segurança dos alimentos em nível nacional. As indústrias alimentícias e serviços de alimentação cada vez mais estão implantando os sistemas de gestão da segurança de alimentos como as Boas Práticas de Fabricação (BPF), Procedimentos Operacionais Padrões (POP) e Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC). Apesar dos desafios para implantação destes sistemas, o sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), oferece diversos benefícios tanto para o consumidor como para a empresa, como a garantia de comercialização de alimentos seguros. Uma vez que os consumidores estão mais preocupados com os aspectos relacionados à inocuidade dos alimentos consumidos, visando evitar as Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) e as empresas em cumprirem as exigências pelos órgãos fiscalizadores (PADILHA et al., 2019 apud OLIVEIRA et al, 2021). De acordo com o autor, sem os programas de pré-requisitos como Boas Práticas Agrícolas, Pecuárias, de Fabricação, Manipulação e Distribuição trabalhando em conjunto, o plano do APPCC ficaria vazio. Para garantir a segurança dos alimentos, não há dúvida que é imprescindível a implantação de sistemas de gestão da qualidade dos alimentos, como as Boas Práticas de Fabricação, dentro das unidades fornecedoras de refeições, assegurando a qualidade do serviço (planejamento, monitoramento, controle e aperfeiçoamento). O conhecimento correto e aplicação das outras ferramentas de gestão que participam deste círculo virtuoso do planejamento da qualidade como (APPCC e POP) permitem garantir as condições higiênicos sanitários dos alimentos produzidos, bem como realizar as possíveis correções, em casos de não conformidades apontadas no monitoramento. Se há registro, há evidência e consequentemente, é possível avaliar a eficácia da execução dos sistemas de gestão estabelecidos. (COSTA et al, 2019 apud OLIVEIRA et al, 2021). 6.1 Sistema de gestão da qualidade e a ISO 22000:18 O conceito de Sistema de Gestão a Qualidade é definido por monitorar, verificar e melhorar financeiramente e operacionalmente a organização com a finalidade de 24 proporcionar melhores produtos ou serviços com menores custos, por meio de um conjunto de procedimentos de gestão. Por esta razão, gerenciar de maneira correta o custo dos produtos é uma forma de apresentar as necessidades e expectativas dos clientes através de um ponto de vista geral do produto (LIMA, et al, 2021). Para autor “Os sistemas de gestão da qualidade (SGQs) são um meio para a introdução e sistematização da filosofia e dos procedimentos da qualidade nas organizações. Seu enfoque é no desenvolvimento, implementação, padronização, manutenção e melhoria da qualidade de processos, produtos e serviços.” Através dessas análises é possível identificar os pontos fortes e fracos da organização que você está atuando, podendo assim, colaborar com a qualidade dos processos como um todo. A competitividade entre as diversas empresas de um mesmo ramo e mercado possui, como principal fundamento, a qualidade, onde pode ser significada como agilidade, inovação, melhoria contínua, serviços prestados e política de marketing para se conseguir manter no nível dos concorrentes com as mesmas condições, disputando clientes e sua posição no mercado. Com isso, as empresas que possuem um planejamento bem estruturado, devem estar focadas nos avanços que ocorrem ao longo do tempo, ou seja, sempre um passo à frente das outras organizações, a fim de que se destaquem em todos os quesitos relacionados a qualidade, gestão, melhoria e inovação. Conforme descrito na ABNT NBR ISO 22000:2019, o objetivo desta norma é especificar os requisitos para o sistema de gestão da segurança de alimentos, onde uma organização na cadeia produtiva de alimentos precisa demonstrar sua habilidade em controlar os perigos, a fim de garantir que o alimento está seguro no momento do consumo humano (LIMA et al, 2021). Segundo o autor “Após publicada esta norma, muitas indústrias de alimentos e bebidas, passaram a determinar como requisito de contratação de fornecedores de embalagens, a comprovação desta certificação, apoiados pela lógica de que uma embalagem segura e aceitável para acondicionar um produto alimentício deve apresentar todas as especificações técnicas acordadas entre o cliente e fornecedor, além de estar livre de potenciais perigos à saúde, sendo ele químico, físico ou biológico. Dentro deste contexto, o fabricante de embalagem tem uma grande responsabilidade” (Cantanhede, 2017) Ainda para Cantanhede (2017), “(...)a obrigatoriedade da implementação de um sistema de gestão de segurança de 25 alimentos (SGSA) tem sido vista por muitos, como uma das mais certas maneiras de garantir e demonstrar a inocuidade dos produtos. Isto significa, que um fornecedor certificado em uma norma internacional de segurança de alimentos demonstra maior confiança e, assim, reduz a burocracia comercial no momento da seleção, aprovação e qualificação do mesmo.” “Uma das formas para se atingir um alto padrão de qualidade e confiabilidade dos alimentos é a implementação de programas de segurança de alimentos, como as Boas Práticas de Fabricação (BPFs) e o plano de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) (LIMA et al, 2021). 6.2 HACCP HACCP em inglês – Hazard Analysis and Critical Control Point – traduzida para o português como APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle). De acordo com o SENAC/DN (2001), o Sistema APPCC é baseado numa série de etapas inerentes ao processo de produção de alimentos, a começar pela obtenção da matéria-prima até o consumo do alimento, fundamentando-se na identificação dos perigos potenciais à segurança do alimento, bem como nas medidas para o controle das condições que geram os perigos (LIMA et al, 2021). 6.3 Boas Práticas de Fabricação (BPF) Segundo a Hermann (2011) apud Lima (2021), “As Boas Práticas de Fabricação (BPF) abrangem um conjunto de medidas que devem ser adotadas pelas indústrias e serviços de alimentação a fim de garantir adequadas condições sanitárias e conformidade dos produtos alimentícios com os regulamentos técnicos, conforme também comentado por Silva et.al (2020). Sua implementação é um pré-requisito (LIMA et al, 2021). De acordo com o autor, BPF determina todas as características relacionadas com a integridade associada a higienização de todo o ambiente produtivo, considerando máquinas, colaboradores, localidade, limpeza e etc. com isso, são elaboradas regras de BPF que proporcionarão o devido desempenho dos envolvidos. Pré-requisitos envolvidos nas Boas práticas de fabricação Segundo a resolução técnica (RDC 275/05), as BPF’s devem incluir: adequada edificação e higiene das instalações, apropriado tratamento de resíduos e efluentes, direcionamento para 26 limpeza e manutenção, controle de qualidade da água, procedimento ideal para seleção e verificação de qualidade das matérias-primas e insumos, assim como certificação e manutenção de fornecedores, descrição das análises, níveis de contaminação e inspeções de matérias-primas e insumos e produtos acabados, corretas operações de recebimento, estocagem e transporte, treinamento para higiene pessoal, de equipamentos e de utensílios sanitários, aferição de instrumentos, formas de recolhimento de produtos (recall) e programa de manutenção preventiva, sendo estes inicialmente averiguados através de um checklist para verificação das não conformidades (LIMA et al, 2021). No Quadro,é apresentado alguns pontos que fazem parte da política de boas práticas de fabricação que devem ser adotados pelas empresas que participam da cadeia produtiva de alimentos, mantendo as devidas condições ambientais para o processo de produção. Fonte: Lima et al, 2021. 6.4 Implantação das Boas Práticas de Fabricação De acordo com o autor, a implantação das BPF’s nos serviços de alimentação, além de ser uma exigência legal, eleva a qualidade dos produtos, protege a saúde pública, diminui gastos com internações hospitalares, da maior segurança e satisfação ao comensal. Para a implantação dessas BP, é necessário que se conheça o processo produtivo envolvido, bem como as limitações impostas pelo uso feito pelo cliente ou consumidor final, de forma a se ter uma visão sobre os perigos potenciais e os riscos de contaminação envolvidos. Com esses dados, é possível determinar o rigor e a profundidade das BPF’s a serem implementadas. Para poder cobrar que as regras desse sistema sejam cumpridas pelos empregados, a empresa deve fornecer treinamento em manipulação de alimentos, incluindo programas de saúde e higiene 27 pessoal a todos os novos colaboradores cujas atribuições estejam relacionadas com áreas de produção e controle de qualidade, sempre antes do início de suas atividades. O treinamento deve incluir também os colaboradores da área de manutenção e de outras áreas cuja atividade possa afetar a qualidade do produto. Periodicamente, e não excedendo o intervalo de um ano, os treinamentos devem ser reciclados e devidamente registrados. As indústrias de alimentos precisam descrever as operações realizadas em um manual, que consiste em um documento que inclua requisitos de manutenção preventiva e de higienização (instalações, dos equipamentos e dos utensílios), controle da agua de abastecimento, controle integrado de vetores e pragas urbanas, controle da higiene e saúde dos manipuladores e o controle e garantia de qualidade do produto final (OLIVEIRA et al, 2021). Segundo o autor, para a implantação das BPF é necessário que se conheça o processo produtivo envolvido, bem como as limitações impostas pelo uso feito pelo cliente ou consumidor final, de forma a se ter uma visão sobre os perigos potenciais e os riscos de contaminação envolvidos. Com esses dados, será ́possível determinar o rigor e a profundidade das BPF’s a serem implementadas. E para avaliar o nível de implantação das BPF’s, é utilizada a lista de verificação (checklist) da RDC n° 275, de 21 de outubro de 2002 da ANVISA (2002). De forma geral, os itens que fazem parte do checklist das BPF’s são: limpeza e conservação de instalações, qualidade da água, recebimento, estocagem e qualidade de matérias-primas, higiene pessoal, controle integrado de pragas, calibração de instrumentos e treinamento periódico para funcionários. Nesse contexto, em busca da garantia de saúde da população e qualidade dos alimentos, a ANVISA regulamentou leis para controle sanitário de produção e comercialização de produtos na indústria alimentícia, dentre as quais estão, a já citada RDC n° 275, de 21 de outubro de 2002: que dispõe sobre as BPF e os POP’s (Procedimentos Operacionais Padrões); Portaria SVS/MS n° 326, de 30 de julho de 1997: que determina as Boas Práticas de Higiene Sanitária e BPF, segundo o Codex Alimentarius; Portaria MS n° 1428, de 26 de Novembro de 1993: estabelece as diretrizes gerais de Boas Práticas de Produção e Prestação de Serviços na área de alimentos (OLIVEIRA et al, 2021). As indústrias alimentícias contam ainda com a certificação ISO 22000, criada em setembro de 2005, reconhecida internacionalmente, fundamentada nos princípios de segurança alimentar em toda cadeia da indústria alimentícia. Outro ponto de 28 extrema importância para o bom funcionamento de toda a cadeia de produção é a elaboração dos POP’s, que consiste, segundo Sérvio, Souza e Pereira (2019), em descrever em detalhes todas as operações que são necessárias para realizar um determinado procedimento, ou seja, “um roteiro padronizado para realizar uma determinada atividade”, fundamental dentro de qualquer processo funcional para garantir, mediante uma uniformização, os resultados desejados por cada tarefa realizada. Para abranger todos estes requisitos, têm-se alguns passos que envolvem a elaboração de um Manual de BPF, sua implantação e a adequação das ferramentas que regem a qualidade, sendo os principais (Progeal, 2012 apud Oliveira, 2021): 1. Diagnóstico – Levantamento de todas as não conformidades encontradas no estabelecimento referente às Boas Práticas; 2. Plano de Ação – Orientações e sugestões para correção de todas as não conformidades identificadas nos diagnósticos; 3. Capacitação – Treinamento dos colaboradores em Boas Práticas no Manuseio correto dos Alimentos; 4. Manual de Boas Práticas (BP) – Elaboração do Manual de Boas Práticas na Manipulação dos Alimentos; 5. Manual de Procedimentos Operacionais Padronizados (POP) e Procedimentos Padronizados de Higiene Operacional (PPHO) – Elaboração do Manual dos Procedimentos; 6. Verificação Final (auditoria interna) – Levantamento geral da evolução da empresa com relação às Boas Práticas na Manipulação dos Alimentos. As BPF’s são obrigatórias pela legislação brasileira, no Brasil estas são estabelecidas por legislações federais, estaduais e municipais. No âmbito federal existem regulamentos gerais importantes publicados tanto pelo Ministério da Saúde quanto pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Lourenço, 2020 apud OLIVEIRA et al, 2021). De início, segundo Oliveira (2021) podemos citar: Portaria MS n° 1428/93: Precursora na regulamentação desse tema, dispõe, entre outras matérias, sobre as diretrizes gerais para o estabelecimento de Boas Práticas de Produção e Prestação de Serviços na área de alimentos. Portaria SVS/MS n° 326/97: Baseada no “Código Internacional Recomendado de Práticas: Princípios Gerais de Higiene dos Alimentos”, do Codex Alimentarius, estabelece requisitos gerais sobre as condições higiênico- 29 sanitária e de BPF’s para estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos. Portaria SVS/MS n° 368/97: Apresenta o Regulamento Técnico sobre as condições higiênico-sanitárias e BPF’s para Estabelecimentos Produtores de Alimentos. Resolução – RDC n° 275/05: Desenvolvida com o propósito de atualizar a legislação geral. Introduz o controle contínuo das BPF’s e dos POP’s, além de promover a harmonização das ações de inspeção sanitária por meio de instrumento genérico de verificação das Boas Práticas (BP). Para a escrita do manual de BPF’s da indústria é importante a utilização da RDC 275 e das portarias 326 e 368, as quais direcionam eficazmente está realização. O documento deve ser elaborado descrevendo as atividades realizadas na indústria de acordo com os requisitos exigidos pela legislação, contendo os POP’s e respectivos Programas de Autocontrole (PAC), para a produção de alimentos seguros e de boa qualidade. Sendo este, uma reprodução fiel da realidade da empresa e estando sempre atualizado (OLIVEIRA et al, 2021). 6.5 Sistema de Gestão da Qualidade e Requisitos da norma ISO 22000:18 A embalagem metálica em si é caracterizada por ter variados processos até que haja a conformação da lata, sendo o seu produto final. Pensando nisso, é observado a necessidade de ter o devido gerenciamento do processo, desenvolvendo iniciativas que façam o alinhamento da produção e do controle da qualidade, formando-se o âmbito de sistemas de gestão. No estudo em questão, aponta-se o SGQ e o SGSA, ambos se baseando em suas respectivas normas. Eles possuem suas características particulares. Porém, de forma geral, é visto o mesmo objetivo que é a condição da qualidade do produto e satisfação do cliente. Logo pode-se entender a possibilidade da integraçãodesses sistemas, ou seja, abordá-los de forma que exista a efetivação necessária promovendo a complementação entre eles (LIMA et al, 2021). 30 6.6 Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) O SGQ é composto por todos os elementos essenciais da empresa que são integrados de forma que atenda às suas políticas da qualidade e seus objetivos. Ele permite constituir o monitoramento, verificação e melhoria contínua do processo, produto e serviços. A organização estabelece a definição dos limites de aplicabilidade do SGQ (escopo), ou seja, os processos envolvidos bem como a interação entre eles. Para isso, alguns pontos são destacados pela norma ISO 9001 para esclarecer como o SGQ deve atuar em uma empresa de forma que determine as devidas padronizações e demonstre possíveis ineficiências do processo de acordo com LIMA et al, 2021: Desenvolvimento da política e objetivos da qualidade e sua exposição; Informação documentada (manter e reter); Determinar e aplicar critérios e métodos; Criação de indicadores e seu acompanhamento; Foco no cliente: especificações desejadas; Engajamento das pessoas; Monitoramento de não conformidades Auditorias internas e externas; A partir do momento que existe essa implementação, a responsabilidade da organização estará fundamentada quanto ao seu monitoramento, realizando, por meio de estratégias, a identificação se o controle está sendo eficaz. Desse modo, pode-se aplicar a melhoria contínua. Desta forma, aplicando esse modelo na gestão da organização, se obtém um discernimento de como deve atuar para alcançar o Sistema de Gestão da Qualidade. 31 Fonte: LIMA et al, 2021. 6.7 Requisitos gerais da ISO 22000:18 Baseando- se na norma ISO 22000:18 é necessário que a empresa conheça os requisitos essenciais para conseguir tal certificação, eles são apresentados pela norma de forma que todas as áreas da cadeia produtiva de alimentos consigam providenciar as aplicações em seu âmbito organizacional independente de seu tamanho ou complexidade (OLIVEIRA et al, 2021). Fonte: LIMA et al, 2021. 32 7 ROTULAGEM DOS ALIMENTOS Fonte: folhavitoria.com É considerada rótulo toda inscrição que estiver apresentada na embalagem de um alimento, seja ela legenda, imagem, matéria descritiva ou gráfica, que esteja escrita, impressa, estampada, gravada, gravada em relevo, litografada ou colada sobre a embalagem do alimento (EMBRAPA, 2015). Para que haja uma conformidade com a legislação essas inscrições devem contemplar na totalidade as informações obrigatórias regulamentadas pela legislação brasileira. Qualquer informação que estiver além da obrigatoriedade deve obedecer aos regulamentos para informações complementares. Do ponto de vista da defesa do consumidor, a rotulagem dos alimentos visa disponibilizar informações sobre o produto corretas, claras, precisas e ostensivas, escritas em língua portuguesa, apresentando suas características, quantidade, composição, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que possam apresentar à saúde e segurança dos consumidores (EMBRAPA, 2015). Todo invólucro do alimento é considerado embalagem, seja o próprio recipiente, ou pacote ou o envoltório destinado a garantir a conservação e facilitar o transporte e manuseio. A embalagem que está em contato direto com o alimento é denominada embalagem primária; o pacote ou caixa, que comporta uma ou um grupo de embalagens é denominada embalagem secundária; e as destinadas a conter uma ou várias embalagens secundárias são denominadas terciárias. 33 O objetivo indicado nos regulamentos de rotulagem nutricional é o aporte de informações para que o consumidor possa optar por uma dieta mais saudável. A efetividade das normas de rotulagem e a perspectiva de atingir o objetivo proposto podem ser avaliadas, inicialmente, por meio de três questões: a primeira, identificar se os consumidores estão lendo as informações nutricionais nos rótulos dos alimentos; a segunda, se essas informações influenciam na opção dos alimentos que eles adquirem e consomem; a terceira, se as informações nutricionais provocaram mudanças nos hábitos alimentares. Caso as três questões anteriores tenham uma avaliação positiva, surge a quarta pergunta: será que temos uma mudança de hábitos alimentares mais saudáveis em toda a população? A maioria das pesquisas é limitada às duas primeiras questões, e a revisão da literatura indica que os consumidores estão lendo a rotulagem nutricional e utilizam essa informação para escolher os alimentos que consomem (MARINS, 2014). A obrigatoriedade e a padronização dos critérios descritos pela rotulagem geral e nutricional ou por aquele referente aos alimentos com características específicas (irradiados, alimentos para fins especiais ou produtos derivados de biotecnologia) representa um avanço tanto para a prevenção de risco do consumidor quanto para a harmonização de mercados, e a consequente minimização de barreiras comerciais. O Codex Alimentarius é encarregado de executar o Programa Conjunto Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO, do inglês Food and Agriculture Organization of the United Nations) e Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre Normas Alimentares. Tem como objetivos proteger a saúde dos consumidores e assegurar práticas equitativas no comércio de alimentos. O Codex Alimentarius é um compêndio de normas sobre alimentos aceitas internacionalmente, apresentadas de maneira uniforme, tendo por finalidade orientar e fomentar a elaboração e o estabelecimento de definições e requisitos concernentes aos alimentos, contribuindo com a sua harmonização e, dessa forma, facilitando o comércio internacional (ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD E ORGANIZACIÓN DE LAS NACIONES UNIDAS PARA LA AGRICULTURA Y LA ALIMENTACIÓN, 2007 apud MARINS, 2014). A rotulagem dos alimentos é o principal meio de comunicação entre produtores e vendedores, em uma primeira instância, e, posteriormente, entre compradores e consumidores. As diretrizes sobre rotulagem nutricional do Codex Alimentarius recomendam que ela seja de caráter voluntário para todos os alimentos embalados, sendo obrigatória para aqueles que possuem alguma alegação nutricional. As diretrizes do Codex Alimentarius sobre rotulagem nutricional foram adotadas em 1985, 34 e os valores de referência de nutrientes para fins de rotulagem nutricional, recomendados em 1993 (MARINS, 2014). Todos os Estados-membros e os membros associados da FAO e da OMS foram informados dessas diretrizes como texto de caráter norteador, sendo competência de os governos decidirem sobre o seu uso. Na maioria dos países, a rotulagem nutricional ainda é de caráter voluntário, exceto para os alimentos com alegação nutricional (verificando-se, nesses casos, a aplicação de uma técnica de marketing na própria rotulagem desses alimentos) e os alimentos para fins especiais (destinados a pessoas que necessitam de dietas específicas, normalmente restritivas). Porém, a adoção da rotulagem nutricional em caráter obrigatório em todos os alimentos embalados é uma tendência mundial, e tem outra justificativa, baseada nas questões de saúde pública. Os países que possuem regulamentação de rotulagem nutricional obrigatória para todos os alimentos embalados são Israel (desde 1993), Estados Unidos (desde 1994), Brasil (desde 2000), Austrália e Nova Zelândia (desde 2002), Canadá e Malásia (desde 2003) e Argentina, Paraguai e Uruguai (desde 2006) (MARINS, 2014). Ainda de acordo com o autor, regulamentos de rotulagem de alimentos no Brasil A partir de 1998, várias regulamentações sobre rotulagem nutricional foram estabelecidas no país, e seu processo de atualização é permanente, com a incorporação de novas recomendações indicadas pela OMS e o Codex Alimentarius dentrodo contexto da saúde pública, no que concerne às doenças crônicas não transmissíveis (DCNT’s) e aos hábitos alimentares, ou para adequar a regulamentação brasileira às normas do bloco econômico do Mercado Comum do Sul (Mercosul). Em 1998, a portaria nº 27, de 13 de janeiro de 1998, aprovou o regulamento técnico referente à informação nutricional complementar. Com caráter opcional, afirmou que para cumprir atributos previstos no regulamento técnico seria permitida, a substituição de ingredientes e alteração de parâmetros estabelecidos nos padrões de identidade e qualidade (PIQ) existentes. A informação nutricional complementar foi definida como “qualquer representação que afirme, sugira ou implique que um alimento possui uma ou mais propriedades nutricionais particulares, relativas ao seu valor energético e o seu conteúdo de proteínas, gorduras, carboidratos, fibras alimentares, vitaminas e ou minerais” (Brasil, 1998a) e estabeleceu os critérios que 35 especificam as propriedades nutricionais que o alimento deve possuir para receber as designações light, free, very low, high, source, increased ou no. A informação nutricional complementar deve referir-se ao alimento pronto para o consumo, e não é permitido o seu uso de modo a levar o consumidor a interpretação errônea ou engano (Brasil, 1998a). De acordo com a legislação atual, o termo light é utilizado para designar alimentos com propriedades nutricionais muito diversificadas. Ele é aplicado quando o atributo é baixo ou reduzido para valor energético, açúcar, gordura total, gordura saturada, colesterol ou sódio. É possível que um alimento receba a denominação quando o atributo é baixo ou reduzido com relação a apenas um desses componentes (MARINS, 2014). Segundo o autor, embora o termo light seja frequentemente relacionado aos alimentos com teor reduzido de açúcar, lipídios ou energia, o que se observa é que pode haver alimento light com baixo teor de sódio, por exemplo, em alimentos específicos para dietas com restrição de sódio, para hipertensos, ou de outro nutriente que não esteja vinculado à redução energética. Rotulagem nutricional. Em 2000, o Brasil, tornou obrigatória a rotulagem nutricional para alimentos embalados através da RDC n° 94 de 2000, em atendimento às exigências da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) (Brasil, 1999). Ratificando a rotulagem nutricional como uma das estratégias para a redução dos índices de sobrepeso, obesidade e doenças crônicas não transmissíveis associadas ao hábito alimentar da população. A partir de 2003, encerrado o período de transição, alimentos e bebidas embalados passaram a ter mais um motivo para fiscalização por parte da Vigilância Sanitária. A vigência da RDC nº 94/2000 foi curta e logo substituída pelas resoluções RDC nº 39 – Tabelas de valores de referência para porções de alimentos e bebidas embalados para fins de rotulagem nutricional (Brasil, 2001a) e RDC nº 40 – Regulamento técnico para rotulagem nutricional obrigatória de alimentos e bebidas embalados (Brasil, 2001b), publicadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março de 2001. Cabe ressaltar que como o Codex Alimentarius exige a obrigatoriedade da rotulagem nutricional apenas para os alimentos com alegação nutricional, o Brasil avança no marco regulatório no contexto da rotulagem nutricional. No início da década de 1990 a globalização trouxe a instituição de blocos econômicos cujo principal objetivo é evitar barreiras comerciais, estimulando o livre trânsito de produtos, serviços, capitais e pessoas. Na América Latina, o Mercosul, inicialmente composto 36 por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, foi instituído em 1991 pelo Tratado de Assunção. Um dos documentos de base que regem o Mercosul são as resoluções aprovadas pelo Grupo Mercado Comum (GMC) visando à proteção à saúde dos consumidores e à facilitação do comércio entre os países (MARINS, 2014). Segundo o autor, o tema rotulagem nutricional no Mercosul foi discutido e harmonizado em 1994, e, por interesse do Brasil, de forma a atender as diretrizes da Política Nacional de Alimentação e Nutrição, foi solicitada revisão do mesmo, processo iniciado em 2001 no Mercosul, sendo os pontos básicos da negociação dessa revisão: obrigatoriedade da rotulagem nutricional, definição dos nutrientes a serem declarados no rótulo e declaração por porção do alimento. Em fins de 2003, foram aprovadas as resoluções do Grupo Mercado Comum GMC nº 46/2003 e GMC nº 47/2003, que estabeleceram a obrigatoriedade da rotulagem nutricional, o prazo e os requisitos para a sua implantação. Para atender a essas resoluções, a Anvisa publicou, em 26 de dezembro de 2003, as resoluções RDC nº 359 – Regulamento técnico de porções de alimentos embalados para fins de rotulagem nutricional e RDC nº 360 – Regulamento técnico sobre rotulagem nutricional de alimentos embalados, incorporando as normas aprovadas no Mercosul ao ordenamento jurídico nacional e revogando as resoluções RDC nº 39 e RDC nº 40 de 2001. Os setores envolvidos teriam prazo até 31 de julho de 2006 para adequarem seus produtos às novas regulamentações aprovadas pela Anvisa. A RDC nº 40/2001 preconizava a declaração dos seguintes nutrientes, além do valor energético: carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, colesterol, fibra alimentar, cálcio, ferro e sódio (quadro 1); já na RDC nº 360/2003, é observada alteração em relação à não exigência de declaração de colesterol, substituída pela obrigatoriedade de declaração de gordura trans; entre os minerais citados na RDC nº 40/2001, manteve-se apenas o sódio (MARINS, 2014). A rotulagem dos alimentos embalados é obrigatória e está regulamentada pela legislação brasileira através de órgãos como o Ministério da Saúde por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o Ministério da Agricultura e o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. A rotulagem se aplica a todo alimento embalado na ausência do cliente, pronto para ser oferecido aos consumidores, destinado ao comércio nacional ou internacional, qualquer que seja sua origem. Portanto, as normas de rotulagem do país de consumo devem ser observadas quando se intenciona exportar ou importar alimentos que estejam 37 contidos em uma embalagem pronta para ser oferecida a uma pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza alimentos (EMBRAPA, 2015). As rotulagens dos produtos seguem as regras para rotulagem obrigatória dos alimentos embalados na ausência do cliente. Como regra geral nas embalagens dos alimentos deve existir segundo EMBRAPA (2021): • Rotulagem Geral; • Rotulagem Nutricional; • Alegações (“Claims”): Informações nutricionais complementares. Em um trabalho de elaboração de alimento de um rótulo devemos considerar as recomendações contidas nos regulamentos específicos da rotulagem, cabendo ainda a observação dos padrões específicos para cada alimento das atribuições dos órgãos competentes, Lei Nº 8.918, de 14 de julho de 1994. Abaixo apresentamos uma relação de regulamentações importantes, constante na legislação brasileira, para a conformidade de um rótulo: Regulamento Técnico Para Rotulagem De Alimentos Embalados • RDC 259 20.09.02 ANVISA/MS; • Instrução Normativa 22, de 24 de outubro de 2005, PA Produto de Origem Animal Embalado Regulamento Técnico sobre Rotulagem Nutricional de Alimentos Embalados, tornando obrigatória a rotulagem nutricional. • Resolução RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003; • Resolução RDC Nº 269, de 22 de setembro de 2005 (IDR) de proteína, vitaminas e minerais Regulamento Técnico de Porções de Alimentos Embalados para Fins de Rotulagem Nutricional. • Resolução RDC nº 359, de 23 de dezembro de 2003; • Resolução RDC nº 163, de 16 de agosto de 2006 Regulamento Técnico Referente à Informação Nutricional Complementar
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