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Brasília-DF. Biomoléculas e Bioquímica de alimentos Elaboração Francisca Imilena Pereira de Oliveira Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 5 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 6 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8 UNIDADE I COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS ................................................................................... 9 CAPÍTULO 1 ÁGUA ..................................................................................................................................... 9 CAPÍTULO 2 CARBOIDRATOS .................................................................................................................... 17 CAPÍTULO 3 LIPÍDEOS ............................................................................................................................... 25 CAPÍTULO 4 AMINOÁCIDOS, PEPTÍDEOS E PROTEÍNA ................................................................................. 31 CAPÍTULO 5 ENZIMAS ................................................................................................................................ 39 UNIDADE II COMPONENTES MINORITÁRIOS DOS ALIMENTOS ................................................................................. 41 CAPÍTULO 1 VITAMINAS ............................................................................................................................ 41 CAPÍTULO 2 MINERAIS ............................................................................................................................... 45 CAPÍTULO 3 CORANTES ............................................................................................................................ 50 CAPÍTULO 4 SABOR .................................................................................................................................. 55 CAPÍTULO 5 ADITIVOS ALIMENTARES E SUBSTÂNCIAS BIOATIVAS .................................................................. 59 UNIDADE III BIOQUÍMICA DE ALIMENTOS ................................................................................................................ 66 CAPÍTULO 1 IDENTIFICAÇÃO DAS ENZIMAS ................................................................................................ 66 CAPÍTULO 2 CARBOIDRASES ...................................................................................................................... 74 CAPÍTULO 3 PROTEASES ............................................................................................................................ 81 CAPÍTULO 4 LIPASES .................................................................................................................................. 85 UNIDADE IV TÉCNICAS PARA PRESERVAR A QUALIDADE DOS ALIMENTOS ................................................................. 90 CAPÍTULO 1 CONSERVAÇÃO DOS ALIMENTOS ........................................................................................... 90 UNIDADE V ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO DOS ALIMENTOS .................................................................................... 101 CAPÍTULO 1 ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO DOS ALIMENTOS ........................................................................ 101 PARA (NÃO) FINALIZAR ................................................................................................................... 108 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 109 5 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 6 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. 7 Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Exercício de fixação Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/ conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não há registro de menção). Avaliação Final Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber se pode ou não receber a certificação. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 8 Introdução A compreensão da natureza química de alimentos é um belo proposito, não acham? Esse conhecimento é essencial para incremento de padrões nutricionais e para elevação da saúde e de prosperidade. A bioquímica de alimentos está relacionada com a identificação dos determinantes moleculares, das propriedades materiais e da reatividade química de matrizes alimentares. Isso gera uma aplicação efetiva às melhorias nas formulações, processos e estabilidade dos alimentos. Os componentes alimentares presentes em maior quantidade, os carboidratos,proteínas e gorduras, foram descritos e pesquisados primeiramente. Os componentes que se apresentam em menor quantidade nos alimentos, os pigmentos, as vitaminas e os minerais, demandaram técnicas de laboratório para seu isolamento e caracterização. A Unidade I deste material irá tratar dos componentes majoritários. Na Unidade II vamos abordar os componentes encontrados em menor quantidade. Na Unidade III vamos mergulhar na bioquímica dos alimentos. Já as unidades IV e V estudaremos as técnicas para preservar a qualidade dos alimentos, bem como, análise da composição dos alimentos. Pretendemos transmitir de modo mais conciso informações que julgamos essenciais na área de biomoléculas e bioquímicas de alimentos. Bons estudos! Objetivos » Promover a determinação das propriedades que são características importantes de um alimento. » Analisar de forma qualitativa os alimentos. » Compreender os alimentos e suas características bioquímicas. 9 UNIDADE I COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS CAPÍTULO 1 Água Nesta unidade, vamos fornecer uma compreensão dos componentes encontrados em maior quantidade nos alimentos. No capitulo 1 estudaremos sobre a água, como ela é encontrada nos alimentos. No capitulo 2 estudaremos carboidratos e conheceremos um pouco mais sobre os mono, oligo e polissacarídeos. Já no capitulo 3 veremos as características do lipídeos e descreveremos as principais alterações que afetam os alimentos. Nos capítulos 4 e 5 abordaremos as propriedades das proteínas e das enzimas, respectivamente, bem como seus afeitos nos alimentos. Quando se examina a composição da maioria dos alimentos, a água é encontrada como um componente essencial. Outro ponto importante é que a água é o principal solvente no qual ocorrem os processos metabólicos do organismo humano. A água pode ocorrer como componente intracelular ou extracelular, em vegetais e animais, e apresenta-se com o teor variável nos diferentes alimentos. Você sabe para que serve a água? Água A água está presente na composição da maioria dos alimentos, ela é encontrada como um componente essencial. Por exemplo, em carnes o teor de água (g/100 g) é entre 50 a 70 (FRANCO, 1992). A água na quantidade, localização e estrutura adequada é essencial para o processo vital, influenciando textura, na aparência, no sabor e na deterioração química e microbiológica dos alimentos. Diversas funções importantes são exercidas pela água nos alimentos, influenciando suas características físicas e químicas. 10 UNIDADE I │ COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS Propriedades físicas da água No Quadro 1, são apresentadas as principais propriedades físicas da água. Olhando este quadro podemos observar que a água apresenta temperatura de fusão e ebulição altos, quando comparados com outras substâncias e capacidade calorífica. Quadro 1. Algumas propriedades físicas da água. Propriedades Valores Ponto de fusão a 1 atm. 0,00ºC Ponto de ebulição a 1 atm. 100,0ºC Densidade no estado sólido a 0ºC 0,917g/cm3 Densidade no estado líquido a 100ºC 0,958g/cm3 Capacidade calorífica (de 14,5 a 15,5ºC) 1,00 cal/g xºC Calor de fusão a 0ºC 1,44Kcal/mol Calor de vaporização a 100ºC 9,71Kcal/mol Constante dielétrica a 25ºC 78,5 Condutividade térmica a 0º 0,561 W/m/K Fonte: (QUAGLIANO; VALLARINO, 1979). Moléculas de água As propriedades da água são atribuídas à estrutura de sua molécula e sua habilidade de formar pontes de hidrogênio com outras moléculas de água. A molécula de água é descrita como dois átomos de hidrogênio que interagem com uma molécula de oxigênio, formando duas ligações covalentes sigma (δ). Um modelo esquemático é mostrado na figura 1, onde mostra o ângulo isolado de água isolada é de 104,5º, próximo ao ângulo de um tetraédrico perfeito que é 109,5º. Esse menor ângulo de ligação é devido à existência de um efeito repulsivo entre os dois pares de elétrons não ligantes do oxigênio, que reduz o ângulo de ligação entre os dois átomos de hidrogênio e oxigênio. Os elétrons do orbital ligantes, ou seja, entre H e O, estão deslocados para o lado do oxigênio devido ao alto valor de eletronegatividade do oxigênio (atrai os elétrons para si), produzindo uma carga positiva em cada um dos hidrogênios e duas cargas negativas no oxigênio (posição dos elétrons). 11 COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS │ UNIDADE I Figura 1. Modelo esquemático de uma molécula individual de HOH (água). Fonte: Figura adaptada e disponível em: <http://www.brasilescola.com/quimica/relacao-entre-polaridade-solubilidade-das- substancias.htm>. Acessado em: 10 dez. 2014. Associações das moléculas de água Cada molécula de água pode se ligar a quatro outras moléculas de água (figura 2) e suas forças intermoleculares são muito fortes e esse comportamento pode ser atribuído à capacidade que a molécula de água tem para estabelecer pontes de hidrogênio (DAMODARAN, 2010). Figura 2. Representação das linhas de força na molécula da água e de suas ligações intermoleculares. Fonte: Figura adaptada e disponível em: <http://pt.wikibooks.org/wiki/Bioqu%C3%ADmica/Imprimir>. Acessado em: 10 dez. 2014. Pontes de hidrogênio: é uma ligação eletrostática dipolo-dipolo com baixo nível energético. Essa ligação ocorre entre o hidrogênio e átomos eletronegativos, como flúor, nitrogênio e oxigênio. Essa ligação é considereda mais forte quanto mais eletronegativo forem os átomos (F˃O˃N). Acesse o site e saiba mais! <http://teca.cecierj.edu.br/popUpVisualizar.php?id=47050> 12 UNIDADE I │ COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS Interações da água com sólidos Em todos os sistemas alimentares, tanto a água como os solutos são substâncias presentes. Logo, é necessário que se discorra sobre os efeitos dos solutos na natureza e o comportamento das moléculas de água. As características da água fazem com que, a mesma interaja fortemente com substâncias hidrofílicas, por meio de ligações iônicas, dipolo-dipolo ou covalentes. A presença da água causa impacto significativo sobre as propriedades dos alimentos, sendo que as propriedades mudam com as alterações do conteúdo de água. A água presente nos alimentos encontra-se em duas formas, água livre e água ligada. Água ligada e água livre Agua ligada é definida como a água em contato com solutos e outros constituintes não aquosos, que exibe mobilidade reduzida e que não congela a -40ºC (RIBEIRO, 2007). Entretanto, dois autores dão varias definições para água ligada, citar algumas segundo Berendse (1971) e Kuntz e kauxmann (1974): » Água ligada é o conteúdo de água de equilíbrio de uma amostra, a uma temperatura apropriada e baixa umidade. » Água ligada é aquela que não contribui significativamente à permitividade a altas frequências e, portanto, possui sua mobilidade rotacional restrita pela substância à qual se encontra associada. » Água ligada é aquela que se movimenta com a macromolécula em experimentos que envolvem taxas de sedimentação, viscosidade ou difusão. » Água ligada é aquela que se encontra na proximidade de solutos e outras substâncias não aquosas e que possui propriedades aparentes que diferem significativamente das águas “livres”, no mesmo sistema. A água livre presente no alimento é a água que apresenta as mesmas propriedades da água pura, que está disponível para o crescimento de microrganismos e para reações enzimáticas, mas que não flui livremente do alimento quando o mesmo é cortado. O teor de água livre varia com a espécie de alimento. 13 COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS │ UNIDADE I Atividades de água e umidade Atividade de água é definida como a relação existente entre a pressão de vapor de uma solução ou de um alimento (P) com relação à pressão de vapor da água pura (Po) à mesma temperatura (GAVA; SILVA; FRIAS, 2009). AW = P soluto (alimento) Po solvente (água) A atividade de água de um alimento e a umidade relativa do ambiente no qual se encontram tendem sempre a equilibra-se, epor isso, é comum expressar a umidade como umidade relativa do equilíbrio (%) (URE). Por exemplo, se atividade de água de um alimento for menor que a umidade relativa da atmosfera que o rodeia, o alimento tenderá a absorver água do ambiente, se for maior, cederá água para o ambiente, ate que se atinja o equilíbrio (MELO FILHO; VASCONCELOS, 2011). Aw ou aa = URE 100 Aw ou aa= atividade de água do produto; P = pressão de vapor da água do alimento; Po = pressão de vapor da água pura; URE = umidade relativa de equilíbrio do produto (%). A atividade de água é um dos parâmetros mais importantes na conservação de alimentos, tanto no aspecto biológico como nas transformações físicas. Dessa forma, podem ser previstas reações de oxidação lipídica, escurecimentos não enzimático, atividade enzimática, desenvolvimento de microrganismos, assim como o comportamento de misturas de alimentos com diferentes valores de atividade de água e sistemas de embalagens. A determinação da atividade de água do alimento pode ser realizada pelos seguintes métodos: » Ponto de congelamento: medida da depressão do ponto de congelamento, através de crioscópio eletrônico, e de teor de umidade da amostra. » Sensores de umidade relativa: a amostra com teor de umidade conhecido é colocada em um local fechado e pequeno a uma temperatura constante, até ocorrer o equilíbrio. Em seguida, efetua-se a medida da umidade relativa do ar por uma das técnicas eletrônicas ou psicrométricas. 14 UNIDADE I │ COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS » Equilíbrio em uma umidade relativa constante: a amostra é colocada em um local fechado, pequeno, normalmente dessecadores, a uma temperatura constante e é mantida nessa atmosfera com umidade relativa constante, obtida por meio de soluções salinas saturadas adequadas, até atingir o equilíbrio, quando, então, determina-se à migração de água da amostra. Atividades de água e crescimento de microrganismos A água é o solvente fundamental para todos os seres vivos. Não pode haver crescimento microbiano sem a presença de água, mas eles podem viver em estado latente, por tempo indeterminado, na forma desidratada. Com o restabelecimento da atividade de água adequada, inicia-se o seu crescimento e multiplicação. Os valores de atividade de água variam entre 0 a 1. Na maioria dos alimentos frescos a Aw é superior a 0,95. Na Tabela 1 é apresentando uma lista de alimentos e suas respectivas atividades de água. Quadro 2. Algumas propriedades físicas da água. Valores de Aw de alguns alimentos Alimentos Aw Frutas frescas e vegetais ˃0,97 Aves e pescados frescos ˃0,98 Carnes frescas ˃0,95 Ovos 0,97 Pão 0,95-0,96 Queijos (maioria) 0,91-1,0 Bolo assado 0,90-0,94 Nozes 0,66-0,84 Arroz 0,80-0,87 Farinha de trigo 0,67-0,87 Frutas secas 0,51-0,89 Cereais 0,10-0,20 Fonte: Banwart, 1989. A velocidade de crescimento dos microrganismos diminui com a atividade de água, podendo até sofrer paralisação completa em atividade de água menos que 0,6, variando o valor mínimo, com o tipo de microrganismo. Na tabela 2, há alguns exemplos de 15 COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS │ UNIDADE I microrganismo e atividade de água mínima para seu crescimento. Um alimento com Aw inferior a 0,85 está protegido contra o desenvolvimento de bactérias patogênicas. Existem espécies que apresentam elevada resistência às baixas atividades de água, logo esses microrganismos podem causar deterioração lenta de alimentos (MELO FILHO; VASCONCELOS, 2011). Quadro 3. Tipos de microrganismos e limites de atividade de água. Tipos de microrganismos e limites de atividade de água para o crescimento Microrganismos Aw mínimo Bactérias 0,91 Leveduras 0,88 Fungos 0,80 Bactérias halófilas 0,75 Leveduras osmóticas 0,60 Fonte: (QUAGLIANO; VALLARINO, 1979). A diminuição da Aw nos alimentos é utilizada nas indústrias, para a manutenção da qualidade do produto, promovendo o melhor aproveitamento das matérias primas e como parâmetro de controle microbiano (TROLLER, 1987). Realiza-se esta diminuição ao baixar a temperatura, ao adicionar solutos e utilizar os métodos de vaporização, cristalização, extração com solventes e sublimação. Segundo Welti e Vergara (1997), a indústria de alimentos está utilizando a atividade de água para predizer a estabilidade de alimentos que contenham uma quantidade apreciável de água, visando o controle microbiológico dos alimentos concentrados e semiúmidos. Atividades de água e estabilidade dos alimentos A Figura 3 ilustra as velocidades relativas das principais reações e do crescimento de microrganismos, em função da atividade de água. Os alimentos estão classificados em três grupos em relação à atividade de água: 1. alimentos com baixa umidade (< 0,60); 2. alimentos com umidade intermediária (0,60-0,90); 3. alimentos com alta umidade (> 0,90). 16 UNIDADE I │ COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS Figura 3. Velocidade de reações e de crescimento de microrganismos em função da atividade de água. Fonte: Melo Filho e Vasconcelos, 2011. Analisando a figura 3 podemos observar que as reações de escurecimento não enzimático são desfavorecidas aproximadamente nas faixas de atividade de água menos que 0,25 e maior que 0,80. Já a oxidação lipídica começa a aumentar na faixa entre 0,25 e 0,80. Você estudou neste capítulo as várias funções da água e como ela se encontra nos alimentos, observou que existe diferença entre atividade de água e umidade, e que a velocidade relativa das reações químicas e enzimáticas e de crescimento de microrganismo está diretamente relacionada com a atividade de água. 17 CAPÍTULO 2 Carboidratos Que tal estudarmos carboidratos pensando em um maravilhoso piquenique? Figura 4. Fonte: Figura adaptada e disponível em: <http://fazendoanossafesta.com.br/2011/11/imagens-de- pic-nic.html/>. Acessado em: 11 dez. 2014. Conceito e classificação Os carboidratos, um dos principais componentes sólidos dos alimentos, estão amplamente distribuídos pela natureza. Pertencem a esse grupo a glicose, frutose, sacarose e a celulose. Os carboidratos constituem-se na fonte de energia mais abundante e econômica para o homem. » Os carboidratos constituem mais de 90% da matéria seca dos vegetais. » São abundantes, amplamente disponíveis e de baixo custo. » São componentes frequentes nos alimentos, podendo tanto ser componentes naturais como adicionados como ingredientes. » Eles são encontrados em diversos produtos, sendo consumidos em grande quantidade. Quimicamente falando, os carboidratos são compostos constituídos por carbono, oxigênio e hidrogênio associados como monossacarídeos ou múltiplos de monossacarídeos. Os carboidratos são classificados como monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos. 18 UNIDADE I │ COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS Monossacarídeo Segundo Coultate (2004), os monossacarídeos constituem o grupo mais simples de carboidratos (unidade estrutural) e, como veremos a seguir, a maior parte deles pode ser referida como açúcares. Os monossacarídeos possuem entre três e oito átomos de carbono, mas somente aqueles com cinco ou seis átomos de carbono são comuns. Os sufixos “-ose” é incluído nos nomes dos monossacarídeos que possuem um grupo de carbonila e, na ausência de qualquer outra identificação, o número de átomos de carbono é indicado por termos, tais como, triose, tetrose e pentose. Os prefixos “aldo-” e “ceto-“ são usados para designar se o grupo carbonila está no primeiro (aldeído) ou em um subsequente átomo de carbono (cetona), dessa forma podemos nos referir, por exemplo, a aldohexose ou cetopentoses. » Aldohexose: Carboidrato com função orgânica de aldeído e com 6 átomos de carbono. » Cetopentose: Carboidrato com função de cetona com 5 átomos de carbono. Na figura 5 observamos as duas estruturas da glicose (aldose) e frutose (cetose) (monossacarídeo). Figura 5. Representação das estruturas da D-glicose e D-frutose. Fonte: Figura adaptadae disponível em: <http://qnint.sbq.org.br/qni/visualizarConceitophp?idConceito=17>. Acessado em: 11 dez. 2014. Na figura a seguir, está as formar que podem ser representadas dos carboidratos: forma linear e cíclica. 19 COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS │ UNIDADE I Figura 6. Formas representativas das estruturas dos carboidratos. Fonte: Figura adaptada e disponível em: <http://bioquimica.xpg.uol.com.br/Carboidratos_estrutura.html>. Acessado em: 14 dez. 2014. Funções dos carboidratos Segundo Pinheiro (2005), os carboidratos apresentam algumas funções, tais, como: » Fonte de energia: os carboidratos servem como combustível energético para o corpo, sendo utilizado para acionar a contração muscular. São armazenados nos organismos humano sob a forma de glicogênio e nos vegetais como amido. » Preservação das proteínas: quando as reservas de glicogênio estão reduzidas, a produção de glicose começa a ser realizada a partir da proteína. Isto acontece muito em exercícios prolongados e de resistência. » Proteção contra corpos cetônicos: se a quantidade de carboidratos é insuficiente devido a uma dieta inadequada ou pelo excesso de exercícios, o corpo mobiliza mais gorduras, que também atuam na produção de energia, para o consumo. Isto pode resultar no acumulo de substâncias ácidas (corpos cetônicos), prejudicando ao organismo. » Combustível para o sistema nervoso central: carboidratos são combustíveis do sistema nervoso central, sendo essencial para o funcionamento do cérebro, cuja única fonte energética é a glicose. No Quadro 4 é apresentado alguns monossacarídeos e sua importância fisiológica. 20 UNIDADE I │ COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS Quadro 4. Pentoses e hexoses de importância fisiológica. Açúcar Fontes e importância bioquímica Ribose Elementos estruturais dos ácidos nucleicos e coenzimas. Xilose Gomas de madeiras, proteoglicanas e glicosaminoiglicanas. Glicose Sucos de frutas. Hidrólise do amido, açúcar da cana, da maltose e da lactose. Frutose Sucos de frutas, mel e hidrólise do açúcar da cana. Galactose Hidrólise da lactose. Pode ser transformada em glicose no fígado. É sintetizada na glândula mamária para formar a lactose do leite. Manose Hidrólise de gomas vegetais. Fonte: Ribeiro e Seravalli, 2007. Oligossacarídeos Os oligossacarídeos contêm de 2 a 20 unidades (alguns autores definem de 2 a 10 unidades) de açúcar unidas por ligações glicosídicas. » Ligação glicosídica: ligação entre dois monossacarideos entre si (figura 7). Um grupo hidroxila (OH) de um monossacarídeo e um átomo de hidrogênio (H) de outro, combinam-se para citar uma molécula de água (H2O). Os dois monossacarideos, inicialmente separados, ligam-se a um oxigênio (O). Figura 7. Esquema da ligação glicosídica. Fonte: Figura adaptada e disponível em: < http://www.simbiotica.org/composicaoquimicacelula.htm>. Acessado em: 24 dez. 2014. Sacarose = glicose + frutose; Maltose = glicose + glicose numa ligação glicosídica α(1 → 4); Celobiose = glicose + glicose numa ligação glicosídica β(1 → 4); Lactose = galactose + glicose; rafinose = galactose + glicose + frutose; etc. 21 COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS │ UNIDADE I A Figura 8 mostra a estrutura de monossacarídeos alfa (α) e beta (β). Figura 8. Mostra a estrutura de monossacarídeos alfa (α) e beta (β). Fonte: Figura adaptada e disponível em: <http://pt.slideshare.net/tiaghordinho/aula-01-qumica-dos-processos>. Acessado em: 24 dez. 2014. Os carboidratos capazes de reduzir sais de cobre e prata em soluções alcalinas são conhecidos como açúcar redutor, pois apresentam um grupo carbonila livre. Assim, todos os monossacarídeos são redutores. Já os açúcares não redutores não são capazes de reduzir sais de cobre e prata em solução alcalinas, já que os grupos carbonilas estão envolvidos na ligação glicosídica. Algumas propriedades dos açúcares Melo Filho e Vasconcelos (2011) mostram algumas propriedades interessantes dos açúcares, como: » Solubilidade: constitui-se em propriedade importante pelos seus efeitos textuais e preservativos, devido à capacidade da molécula de açúcar de ligar moléculas de água, o seu teor pode ser elevado alterando-se a textura, sem um aumento considerável de atividade de água. » Higroscopicidade: é a capacidade de o açúcar (na forma cristalina) absorver umidade da atmosfera e formar torrões. Essa propriedade não é desejável a alimentos que estão armazenados. » Cristalização: umas das principais características dos açúcares é sua capacidade de formar cristais. É desejável obter açúcar industrial ou refinado na forma cristalina. O processo de cristalização da sacarose na indústria é exatamente o de purificação dela. Caramelização Segundo Belitz et al., (2004), caramelização é o aquecimento de carboidratos, em particular da sacarose, em ausência de compostos nitrogenados, promove um complexo 22 UNIDADE I │ COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS grupo de reações envolvidas na caramelização. A reação é facilitada por pequenas quantidades de ácidos e alguns sais. Agora acesse esse link e perceba a maravilha que é a estrutura dos carboidratos <http://www.moodle.ufba.br/file.php/10727/Bioquimica_I/Aulas/Aula_32/ BBQ1_32_classificacao_estrutura.swf> Pensa que acabou? Veja por meio dessa animação a importância dos carboidratos <http://www.moodle.ufba.br/file.php/10727/Bioquimica_I/Aulas/Aula_32/ BBQ1_32_importancia_dos_glicidios.swf> Análise dos carboidratos – visão tecnológica Há dois objetivos principais na análise de açúcares em alimentos. Um deles é a necessidade de se identificar quais os açúcares presentes em dado alimento. O outro objetivo é o de obter uma indicação da quantidade de açúcares presentes nos alimentos, por razões nutricionais ou legais. Em geral, técnicas cromatográficas são aplicadas. Na literatura cientifica é bastante relatado o uso de cromatografia em camada delgada (TLC, do inglês Thin-layer chromatography) em virtude de sua rapidez. Embora esse tipo de cromatografia seja bastante utilizado, atualmente com o advento de técnicas avançadas, é utilizado a cromatografia de alta eficiência (HPLC, do inglês high-performance liquid chromatography) por ter um alto poder de resolução e sensibilidade. Intolerância à lactose Normalmente, as células intestinais produzem o suficiente de enzima lactase (enzima que quebra a lactose em galactose e glicose) para garantir que o dissacarídeo lactose, encontrado no leite, seja digerido e também absorvido eficientemente. A atividade da lactose é alta logo após o nascimento, pois é apropriada para o bebê, para o qual o primeiro e único alimento durante algum tempo será o leite materno ou uma fórmula láctea. Sintomas: se a lactose consumida ultrapassa a capacidade de digestão e absorção da lactase disponível, as moléculas de lactose permanecerão não digeridas no intestino, retendo água e causando desconforto abdominal e diarreia (sintomas da intolerância). A lactose não digerida torna-se alimento para as bactérias intestinais. Causas: como mencionado, a atividade da lactose declina normalmente com a idade. A deficiência de lactose pode ser desenvolvida quando a vilosidade intestinal está 23 COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS │ UNIDADE I prejudicada por alguma doença, alguns medicamentos, diarreia prolongada etc. Mudanças dietéticas: para administrar a intolerância à lactose exigem-se algumas mudanças dietéticas, apesar de não ser necessária a eliminação total dos produtos lácteos. A exclusão total dos produtos lácteos de uma dieta pode levar à deficiência de nutrientes, pois esses alimentos são a fonte mais importante de vários deles, principalmente de cálcio, vitamina B e D. É aconselhado um tratamento e exige o consumo limitado de leite, deve-se incluir na dieta outras fontes de riboflavina, vitamina D e cálcio (Fonte: WHITNEY; ROLFES, 2008) Polissacarídeo São polímeros de monossacarídeos, dispostosde forma linear ou ramificada. Se todas as unidades glicosídicas estão constituídas pelo mesmo açúcar, são homogêneas, e se chamam homoglicanos (celulose, amilose e amilopectina). Quando é formado por duas ou mais unidades diferentes de monossacarídeos, são chamados de heteroglicanos (alginatos) (MELO FILHO; VASCONCELOS, 2011). Na figura 9, podemos observar as estruturas de alguns polissacarídeos: a. amilose; b. amilopectina; c. celulose. Figura 9. Estrutura de alguns polissacarídeos: a) Amilose; B) Amilopectina; c) Celulose Fonte: Figura adaptada e disponível em: Pinheiro, 2005. 24 UNIDADE I │ COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS O número de unidades de monossacarídeos de um polissacarídeo, denominado como grau de polimerização (DP, do inglês degree of polymerization) é variável. A maioria dos polissacarídeos apresentam DP de cerca de 200 - 3.000. A celulose, por exemplo, possuem DP de 7.000 - 15.000. No amido e amilopectina é de DP ˃ 60.000. Estima-se que mais de 90% da massa de carboidratos da natureza seja encontrada na forma de polissacarídeos. O termo científico é geralmente glicanos. Função dos polissacarídeos nos alimentos Os polissacarídeos apresentam a propriedade de reter moléculas de água, formando soluções coloidais e controlando desse modo, a atividade de água de um sistema, ou seja, formam com a água géis ou soluções viscosas (agentes espessantes ou gelificantes). Neste capítulo, Carboidratos, você aprendeu que os monossacarídeos são moléculas de polihidroxialdeídos ou de polihidroxicetonas. Todos os monossacarídeos estudados até este ponto puderam também ser definidos como carboidratos. Você viu que as hexoses mais abundantes na natureza eram glicose, galactose, manose e frutose. As três primeiras são aldoses. A frutose é uma cetose. Os monossacarídeos são solúveis em água e serão usados para a formação dos di, oligo e polissacarídeos. 25 CAPÍTULO 3 Lipídeos O que a manteiga e o azeite têm em comum já que eles estão no nosso dia a dia? Ambos fazem parte de uma molécula chamada de lipídeos! Definição e funções dos lipídeos São substâncias que são solúveis em solventes orgânicos (éter, clorofórmio, benzeno e outros) e insolúveis ou ligeiramente solúveis em água. São constituídos por carbono, hidrogênio e oxigênio. Contêm estruturas complexas e um grande número de diferentes tipos de substâncias, incluindo acilglicerois (óleos ou gorduras), ácidos graxos e fosfolipídios. São os componentes principais do tecido adiposo e juntamente com proteínas e carboidratos, constituem os principais componentes da estrutura das células vivas. As gorduras exercem funções nutricionais importantes, suprindo calorias (9 Kcal/g) e ácidos graxos essenciais, além do transporte das vitaminas lipossolúveis para parede celular. São responsáveis pelo isolamento térmico e permeabilidade das paredes celulares, contribuem para o sabor e palatabilidade dos alimentos (tabela 3) e também para sensação de saciedade dos alimentos. A diferença entre óleo e gordura, está na sua forma física. As gorduras se apresentam na forma sólida e os óleos na forma líquida à temperatura ambiente. Óleo Gordura Líquido à temperatura ambiente Sólido à temperatura ambiente Quadro 5. Conteúdo total de gordura de uma série de alimentos. Porcentagem de gordura de alguns alimentos Alimento Gordura total (%) Farinha de trigo 2,2 Bolacha integral 16,6 Leite de vaca (desnatado) 0,1 Leite de vaca (integral) 3,9 Leite humano 4,1 Leite de soja 1,9 26 UNIDADE I │ COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS Gema de ovo 30,5 Clara de ovo Traços Toucinho frito em tiras 42,2 Bacalhau cru 0,7 Castanha do Pará 68,2 Chocolate puro 29,2 Chocolate ao leite 30,3 Fonte: (COULTATE, 2004, p. 64). Classificação O componente principal dos lipídeos são os ácidos graxos, compostos que contem uma cadeia alifática e um grupo ácido carboxílico. A maioria dos ácidos graxos de ocorrência natural possui número par (aproximadamente 14-24) de carbonos em uma cadeia linear, devido ao processo de alongamento da cadeia. Exceções de ácidos graxos com número ímpar de carbonos e cadeia ramificada podem ser encontrados nos microrganismos e na gordura do leite (DAMODARAN, 2010). Lipídeos simples São compostos formados a partir de esterificação de ácidos graxos e álcoois, e podem ser divididos em: » Gorduras: são ésteres formados a partir de ácidos graxos e glicerol, conhecidos como glicerídeos. Figura 10. Representação da reação de esterificação e hidrolise do glicerídeo (triglicerídeo). Fonte: Figura adaptada e disponível em: < http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgUCsAL/silandio-calunda-extraccao-oleos- sementes-palma?part=2>. Acessado em: 24 dez. 2014. » Ceras: são misturas complexas de álcoois, ácidos e alguns alcanos de cadeia longa, mas os principais componentes são ésteres formados a partir de ácidos graxos e álcoois. 27 COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS │ UNIDADE I Lipídeos compostos » Fosfolipídeos: compostos que possuem ésteres formados a partir do glicerol, ácidos graxos e ácido fosfórico e outros grupos. » Cerebrosídeos: compostos formados por ácidos graxos, um grupo nitrogenado e um carboidrato. Composição e estrutura dos lipídeos Ácidos graxos saturados São encontrados na maior parte em óleos e gorduras (Láurico C12, Mirístico C14, Palmítico C16 e esteárico C18). Ácidos graxos insaturados São encontrados livres ou ligados ao glicerol e apresentam uma ou mais ligações duplas entre os carbonos nas moléculas (Oleico C18). Alterações nos alimentos Os lipídeos podem sofrer transformações químicas durante o armazenamento, no processamento ao ainda no uso como meio de calor. Podemos citar como exemplos: Lipólise (Rancidez hidrolítica) ou oxidação (reações oxidativas). Lipólise (Rancidez hidrolítica) Segundo Melo Filho e Vasconcelos (2011, p. 43), lipólise é uma reação que ocorre com a hidrólise das ligações éster dos lipídeos, em detrimento da ação enzimática ou por aquecimento da gordura na presença de água. Há liberação de ácidos graxos livres que podem ser desejáveis ou indesejáveis à qualidade do alimento. Esses são responsáveis pelo sabor de ranço (caso sejam oxidados), aumento da acidez, alterações das propriedades funcionais, abaixamento do ponto de fumaça e favorecimento da oxidação de lipídeos. Entretanto, não há somente efeitos maléficos, há também efeitos benéficos da lipólise, maturação de queijos, iogurtes, pães e chocolates. Essa reação ocorre durante a fritura dos produtos alimentícios, devido à água presente nos alimentos e a temperatura relativamente alta a que é submetida à gordura (Figura 11). 28 UNIDADE I │ COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS Figura 11. Reação de hidrólise enzimática. Fonte: Figura disponível em: Melo Filho e Vasconcelos, 2011. Oxidação “Oxidação lipídica” é o termo geral utilizado para descrever uma sequencia complexa de alterações químicas resultantes da interação de lipídeos com oxigênio. A peça central das reações de oxidação lipídica são as espécies moleculares conhecidas como radicais livres. Os radicais livres são moléculas ou átomos que apresentam elétrons não pareados, altamente energéticos e instáveis. E como isso ocorre? Ocorre quando um átomo de hidrogênio é retirado do grupo metileno (carbono vizinho ao carbono da dupla ligação) de um ácido graxo insaturado, por ação da luz, calor ou metais, levando à formação de um radical livre: RH → R• + H O oxigênio adiciona-se ao radical livre e forma um radical peróxido: R• + O2→ RO•. Cada radical peróxido pode retirar um H de uma molécula de ácido graxo não oxidado. Esses peróxidos formados podem participar de reações de decomposição e de formação de novos radicais livres. Os radicais peróxidos são extremamente reativos e podem retirar átomos de hidrogênio de outros lipídeos insaturados e, dessa maneira propagar a reação de oxidação. Essa etapa caracteriza-se pela reação em cadeia de radicais livres,pelo alto consumo de oxigênio, pelo alto teor de peróxidos e pelo início de alterações de aroma e sabor. Funcionalidade dos triacilgliceróis em alimentos Segundo Damodaran (2010), a capacidade dos cientistas de alimentos de melhorar a qualidade dos produtos alimentícios depende de seu entendimento profundo dos muitos papeis exercidos por óleos e gorduras na determinação de suas propriedades. 29 COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS │ UNIDADE I Textura A influência dos lipídeos na textura dos alimentos é fortemente determinada pelo estado físico do lipídeo e pela natureza da matriz alimentar. Para os óleos puros, como os de cozinha ou para salada, a textura é determinada pela viscosidade do óleo no intervalo de temperatura de utilização. Para gorduras parcialmente cristalinas, como em chocolates, produtos assados, manteiga e margarina, a textura é determinada, em especial, por concentração, morfologia e interações dos cristais de gordura. Aparência A aparência é bastante influenciada pela presença de lipídeos. A cor dos óleos puros, como os de cozinha ou salada, é determinada principalmente pela presença de pigmentos que absorvem luz, como clorofilas e carotenoides. As gorduras sólidas costumam ser opticamente opacas em virtudes do espalhamento da luz pelos cristais de gordura presente, enquanto os óleos líquidos costumam ser translúcidos. Sabor Os triacilgliceróis são moléculas grandes que apresentam baixa volatilidade e, portanto, pouco sabor inerente. Já os óleos e gorduras comestíveis de diferentes fontes naturais têm perfis de sabor diferenciados pela presença de compostos voláteis característicos, como produtos da oxidação de lipídeos e impurezas naturais. Antioxidantes?!?!? O estresse oxidativo ocorre em todos os organismos expostos a ambientes oxigenados. Logo, os sistemas biológicos desenvolveram diversas defesas antioxidantes a fim de se proteger da oxidação. Não existe uma definição uniforme para antioxidante, pois existem diversos mecanismos químicos pelos quais a oxidação pode ser inibida. Em geral, os tecidos biológicos a partir dos quais os alimentos são obtidos contêm muitos sistemas antioxidantes endógenos. Infelizmente, as operações de processamento de alimentos podem remover antioxidantes ou causar estresse oxidativo, superando os sistemas oxidantes endógenos do alimento. Portanto, é comum que se incorpore proteção antioxidante adicional a alimentos processados. O grande problema é que muitos desses antioxidantes são comprovados cientificamente como cancerígenos. Logo, a indústria busca antioxidantes de origem natural para substituir esses sintéticos. 30 UNIDADE I │ COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS No contexto científico, busca-se antioxidantes potentes para substituí-los , como mostra o artigo da revista, Pharmaceutical Biology. Neste capítulo de Lipídeos, você aprendeu o seu conceito, as propriedades de gorduras e óleos, bem como suas diferenças. Aprendeu também as alterações que ocorrem nos alimentos em detrimento ao processamento devido à presença dos lipídeos. Espero que esteja aumentando seu o estudo dos alimentos. Respire para a próxima etapa. Será sensacional! 31 CAPÍTULO 4 Aminoácidos, peptídeos e proteína Introdução As proteínas desempenham um papel importante nos sistemas biológicos. Embora a informação da evolução e da organização biológica das células esteja contida no DNA, as enzimas realizam, de forma exclusiva, os processos químicos e biológicos que sustentam a vida da (o) célula/organismos. As proteínas são complexos, formados por moléculas orgânicas, e estão presentes em toda matéria viva. São compostos por 21 aminoácidos diferentes (aminoácido novo selenocisteína). Os componentes são ligados por meio de ligações amida substituída (ligação peptídica) (DAMODARAN, 2010). No quadro 6 encontramos o conteúdo total de proteínas de cada alimento. Quadro 6. Conteúdo total de proteína de uma série de alimentos. Porcentagem de proteína de alguns alimentos Alimento Proteína total (%) Pão branco 8,4 Pão integral 9,2 Arroz 2,6 Leite de vaca (integral) 3,2 Leite humano 1,3 Leite de soja 2,6 Batata frita 5,6 Chocolate puro 4,7 Chocolate ao leite 8,4 Fonte: (COULTATE, 2004, p. 102). Aminoácidos Estruturas e classificação Os aminoácidos são as estruturas básicas das proteínas. As características das proteínas são fortemente influenciadas pelas dos seus aminoácidos. Esses constituem de um átomo de carbono ligado covalentemente a um átomo de hidrogênio, um grupo amino (-NH2), um grupo carboxílico (-COOH) e um grupo R de cadeia lateral (Figura 12). 32 UNIDADE I │ COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS Figura 12. Representação da formula geral dos aminoácidos. Fonte: Figura adaptada e disponível em: <http://www.explicatorium.com/quimica/Tipos_de_aminoacidos.php>. Acessado em: 24 dez. 2014. As propriedades físico-químicas dos aminoácidos, como carga líquida, solubilidade, reatividade química e potencial de ligação com o hidrogênio, são dependentes da natureza química do grupo R. Essa estrutura favorece algumas funções: solubilidade em água, pouca solubilidade em solventes orgânicos, apresentam altos valores de momento dipolo e são decompostos em temperaturas superiores a 200ºC. Os aminoácidos diferem entre si pelos radicais R. Os aminoácidos, em função da polaridade de seus radicais, podem ser subdivididos em quatro grupos: aminoácidos com grupo R polar sem carga (neutros), com um grupo R não polar ou hidrofóbico, com um grupo R carregado positivamente e aminoácidos com um grupo R carregado negativamente. Na figura 13 encontram-se os principais aminoácidos que encontramos nas proteínas. Figura 13. Aminoácidos primários das proteínas. 33 COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS │ UNIDADE I Fonte: Figura adaptada de Damodaran, 2010. Várias proteínas também contêm outros tipos de aminoácidos, os quais são derivados dos aminoácidos primários. » Aminoácidos polares sem carga. » Aminoácidos com radicais (R) apolares ou hidrofóbicos. » Aminoácidos com radicais (R) carregados positivamente. » Aminoácidos com radicais (R) carregados negativamente. Estereoquímica dos aminoácidos O átomo de carbono α (carbono seguinte ao da carboxila) de todos os aminoácidos é assimétrico (exceção da glicina), o que significa que quatro diferentes grupos são ligados a ele. Essa característica gera uma atividade óptica, ou seja, eles giram o plano de luz polarizado para direita ou esquerda. Todas as proteínas encontradas na natureza contêm apenas L-aminoácidos. Na figura 14, vê-se os enantiômeros L e D. Figura 14. Enantiômeros L e D dos aminoácidos. Fonte: Figura adaptada e disponível em: < http://astroseti.org/?/archivo/la-exobiologia-del-origen-de-la-vida-a-la-vida-en-el- universo-iii>. Acessado em: 24 dez. 2014. 34 UNIDADE I │ COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS Peptídeos Peptídeos são formados a partir de aminoácidos (2 ou mais) no carbono α, com a eliminação de uma molécula de água para cada condensação (figura 15) e a formação de uma amida. O mecanismo dessa reação é mais complexo do que as simples setas. Figura 15. Ligação peptídica. Fonte: Figura adaptada de: Melo Filho e Vasconcelos, 2011. Proteínas e suas estruturas Existem quatro níveis de estruturas das proteínas: primário, secundário, terciário e quaternário. Estrutura primária A estrutura primária é a sequência linear na qual os aminoácidos constituintes são covalentemente ligados meio de ligações amida (ligações peptídicas). Além do conhecimento de quais são os aminoácidos que compõem uma determinada proteína é também necessário conhecer sua exata sequência, para se conhecer sua conformação e suas propriedades físico-químicas. Estrutura secundária A estrutura secundária é o arranjo regular, repetitivo no espaço ao longo de uma dimensão e pode ser definida como a primeira ordenação espacial da cadeia polipeptídica. Asestruturas secundárias mais periódicas comuns das proteínas é a forma helicoidais e tipo folha estendida. A estabilidade dessa estrutura está na quantidade de pontes de hidrogênio formada ao longo da hélice. Estrutura terciária Essa estrutura refere-se ao arranjo espacial de cadeia linear de proteína com segmentos da estrutura secundária dobram-se ainda mais em uma forma compacta tridimensional. 35 COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS │ UNIDADE I Sua estabilidade deve-se a uma série de ligações e interações: pontes dissulfeto, pontes de hidrogênio, interação dipolo-dipolo, interações de Van Der Waals e interações eletrostáticas. Estrutura quaternária A estrutura quaternária trata-se dos resíduos, tanto polares quanto apolares, que ficam orientados em direção à superfície da estrutura secundária, tem a possibilidade de estabelecer posteriores interações de caráter permanente ou passageiro com outras cadeias polipeptídicas. A seguir, as quatro estruturas das proteínas. Figura 16. Estruturas das proteínas. Fonte: Figura adaptada e disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Prote%C3%ADna>. Acessado em: 24 dez. 2014. Desnaturações proteicas Segundo Ribeiro e Seravalli (2007), a conformação das proteínas é frágil e por isso tratamento com ácidos alquila soluções salinas concentradas, solventes, calor e radiações podem alterar essa conformação. Mudanças sutis na estrutura, as quais não alterem drasticamente arquitetura molecular da proteína, costumam ser consideradas como “adaptabilidade conformacional” enquanto mudança importante na estrutura 36 UNIDADE I │ COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS secundária, terciária e quaternária, sem clivagem das ligações peptídicas da cadeia principal, são consideradas “desnaturação”. Os efeitos da desnaturação são diversos: 1. Redução da solubilidade devido ao aumento da exposição de resíduos hidrofóbicos. 2. Mudança na capacidade de ligar água. 3. Perda da atividade biológica. 4. Aumento da suscetibilidade ao ataque por proteases devido à exposição das ligações peptídicas. 5. Aumento da viscosidade intrínseca. 6. Dificuldade de cristalização. 7. Aumento da reatividade química Propriedades funcionais das proteínas As preferências alimentares dos seres humanos estão baseadas principalmente nos atributos sensoriais, tais como textura, sabor, cor e aparência. As proteínas no geral tem uma grande influência sobre os atributos sensoriais dos alimentos. O somatório das propriedades funcionais de um alimento ou ingrediente alimentício é referido como funcionalidade. O valor funcional é uma característica de funcionalidade de um produto ou ingrediente que aumente sua aceitação e utilização. As diversas propriedades funcionais das proteínas podem ser observadas como manifestações de três aspectos moleculares: 1) propriedades de hidratação; 2) propriedades relacionadas a interações proteína-proteína (hidrodinâmicas ou reológicas); 3) propriedades surfactantes (ou de superfície) (DAMODARAN, 2010). Análise das proteínas Na atualidade há vários métodos de analisar as proteínas, os mais conhecidos são a eletroforese em gel de poliacrilamida Laemmli (1970) e o Bradford (1976). » A eletroforese em gel de poliacrilamida é uma técnica amplamente usada para a separação de biomoléculas, tais como os ácidos nucleicos e as proteínas. Os géis de poliacrilamida são constituídos pela polimerização da acrilamida e da N, N’ – metilenobisacrilamida, 37 COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS │ UNIDADE I que é induzida por radicais livres, e apresentam poros de dimensões moleculares, sendo que a separação nessas malhas é baseada tanto nos princípios da filtração em gel como na mobilidade eletroforética das moléculas. Nesse sentido, nesse tipo de eletroforese, as grandes moléculas têm sua migração retardada com relação às moléculas de menor tamanho. Fonte: Portal Educação. Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/biologia/ artigos/23316/eletroforese-em-gel-de-poliacrilamida#ixzz3Lo3ri2mc (acessado em 15 de dezembro de 2014> Figura 17. Eletroforese em gel de poliacrilamida. Fonte: Figura adaptada e disponível em: <https://www.google.com.br/search>. Acessado em: 15 dez. 2014. » O método de Bradford é uma técnica para a determinação de proteínas totais que utiliza o corante de “Coomassie brilliant blue” BG-250. Este método é baseado na interação entre o corante BG- 250 e macromoléculas de proteínas que contêm aminoácidos de cadeias laterais básicas ou aromáticas. No pH de reação, a interação entre a proteína de alto peso molecular e o corante BG-250 provoca o deslocamento do equilíbrio do corante para a forma aniônica, que absorve fortemente em 595 nm (Zaia et al., 1998). 38 UNIDADE I │ COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS Neste capítulo, Aminoácidos, peptídeos e proteína, você aprendeu seus conceitos, viu suas estruturas e propriedades. Aprendeu também sobre a desnaturação das proteínas. O importante também foi aprender de uma forma científica como se analisa as proteínas. E agora, pronto (a) para o próximo capítulo? Desejo que sim! Bons estudos! 39 CAPÍTULO 5 Enzimas Introdução As enzimas são proteínas especializadas em catalisar reações biológicas, ou seja aumentam a velocidade de uma reação química sem interferir no processo. Elas estão associadas a biomoléculas, devido as suas extraordinárias especificidade e poder catalítico. Em 1897, Eduard Buchner, descreveu que extratos de levedura podiam fermentar açúcar em álcool, provando que a fermentação era feita por moléculas que continuam ativas mesmo após serem removidas das células. Os experimentos de Buchner, ao mesmo tempo, marcaram o final da visão vitalista e o alvorecer da ciência bioquímica. Posteriormente, Frederick W. Kuhne deu o nome de enzimas para as moléculas detectadas por Buchner. Segundo Damodaran (2010), as enzimas de alimentos geralmente podem ser classificadas de dois modos: as que são adicionadas aos alimentos (fontes exógenas) para causar uma mudança desejável e as que existem em alimentos (fontes endógenas) e que podem ou não ser responsáveis por reações que afetam a qualidade do alimento. Chama-se substrato a um composto químico que sofre uma reação catalisada por enzimas. Eles se encaixam nas enzimas seguindo um modelo chave-fechadura. Após esse encaixe que ocorre a catalisação das reações. As enzimas interagem com os substratos, formando com eles, temporariamente, o chamado complexo enzima-substrato. Na formação das estruturas secundária e terciária de uma enzima, acabam surgindo certos locais na molécula que servirão de encaixe para o alojamento de um ou mais substratos, do mesmo modo que uma chave se aloja na fechadura (figura 18). Figura 18. Modelo enzima – substrato. Fonte: Figura adaptada e disponível em: <http://www.brasilescola.com/biologia/enzimas.htm>. Acessado em: 16 dez. 2014. 40 UNIDADE I │ COMPONENTES MAJORITÁRIOS DOS ALIMENTOS As enzimas são catalizadores. Obs.: catalisador é uma substância que acelera a velocidade de ocorrência de certa reação química. Natureza das enzimas Enzimas como biocatalizador Suas funções são: são catalizadores, são proteínas e tem seletividade sobre seus substratos. Elas são a forma mais comum e ubíqua de catálise biológica, sendo responsável por processos vitais e mediando funções de síntese, rotatividade, sinalização e metabolismo (DAMODARAN, 2010). Especificidade e seletividade da ação enzimática Uma enzima pode ser específica se reagir apenas com substratos que tenham certo tipo de ligação química ou grupo, ou pode exibir especificidade quase absoluta. Logo, especificidade é um tipo de reação enzimática catalisada. Já seletividade refere-se à preferência relativa ou à reatividade de uma enzima frente aos substratos. Estamos terminando a unidade I desse estudo. Espero que você tenha aprendido bastante sobre os macronutrientes dos alimentos. Vimos uma visão geral dos mesmos. Neste capítulo deenzimas vimos algumas definições que vão ser base do estudo da unidade 3 que se aprofundará em enzimas específicas de alimentos. E agora, está curioso (a) para próximas etapas do curso? Acredito que sim. Bons estudos! 41 UNIDADE II COMPONENTES MINORITÁRIOS DOS ALIMENTOS Nesta unidade, vamos estudar um pouco sobre os componentes minoritários dos alimentos. Aqueles que são encontrados em pequenas quantidades (miligramas a microgramas). » São nutrientes necessários para a manutenção do organismo, embora sejam requeridos em pequenas quantidades. » São nutrientes essenciais e devem estar presentes na alimentação diariamente. O déficit pode provocar doenças ou disfunções e o excesso, intoxicações. No capitulo 1 estudaremos sobre a vitaminas. No capitulo 2 abordaremos os minerais e como eles se apresentam nos alimentos. Já no capitulo 3 veremos os corantes ou pigmentos e sua influência. Nos capítulos 4 e 5 abordaremos os sabores e aditivos alimentares e substâncias bioativas. CAPÍTULO 1 Vitaminas A quantidade de vitaminas presente nos alimentos não são constantes. Varia de acordo com a estação do ano em que a planta foi cultivada, o tipo de solo ou a forma de cozimento do alimento! Introdução No início de 1900, os pesquisadores reconheceram pela primeira vez que havia substâncias nos alimentos que eram “essenciais à vida” (WHITNEY, 2008). 42 UNIDADE II │ COMPONENTES MINORITÁRIOS DOS ALIMENTOS O termo vitaminas veio para descrever um grupo de micronutrientes essenciais que geralmente apresentam os seguintes critérios: » componentes orgânicos; » componentes naturais dos alimentos, usualmente encontrados em quantidade mínima; » não sintetizados pelo corpo em quantidades adequadas para atingir as necessidades fisiológicas normais; » essenciais, mas também em quantidade mínimas, para função fisiológica normal; As funções das vitaminas, in vivo, sob diversos aspectos, são: atuação como coenzima ou seus precursores, atuação como componentes de defesa antioxidante, atuação como fatores envolvidos na regulação genética e atuação em função específica no organismo. A partir do momento da colheita, todos alimentos, inevitavelmente, já sofrerão alguma perda de vitaminas. Segue alguns fatores que são responsáveis pela alteração das vitaminas: Variação inerente à diversidade dos alimentos, alterações pós-colheita, tratamentos preliminares (limpeza, lavagem e moagem), efeitos do branqueamento e do processo térmico, efeito do pós-processamento e influência do processamento químico (DAMODARAM, 2010). A primeira tarefa dos químicos foi isolar as vitaminas sob sua forma pura e determinar a sua estrutura química. Uma vez conhecidas, os químicos foram chamados para criar métodos sensíveis e exatos para determinação dos teores de vitaminas disponíveis nos alimentos (COULTRATE, 2004). Classificação As vitaminas são classificadas em dois grupos com base na solubilidade: lipossolúveis e hidrossolúveis. Quadro 7. Classificação das vitaminas. Lipossolúveis (São solúveis em lipídeos ou solventes apolares) Hidrossolúveis (São solúveis em água) Vitamina A (retinol) Vitamina B1 (tiamina) Vitamina B2 (rodoflavina) Vitamina D Vitamina B3 (Nacina) Vitamina B5 (Ácido pantotênico) Vitamina E Vitamina B6 (Piridoxina) Vitamina B9 (Ácido fólico) Vitamina K Vitamina B12 (cianocobalamina) Vitamina C (ácido ascórbico) Fonte: Pinheiro et al. 2005 43 COMPONENTES MINORITÁRIOS DOS ALIMENTOS │ UNIDADE II Toxicidade das vitaminas As vitaminas têm um importante papel nutricional, entretanto vale a pena abordamos um pouco sobre sua toxicidade. O consumo de suplementos nutricionais, quase sempre, estão associados à toxicidade por vitaminas. O conhecimento sobre algumas das surpreendentes funções das vitaminas tem induzido muitas pessoas a tomar suplementos, presumindo que quanto mais, melhor. Porém, como a ingestão inadequada pode fazer mal, a ingestão excessiva também pode. Adição de nutrientes aos alimentos Segundo Damodaran (2010), nos Estados Unidos no início do século XX deu-se um problema de deficiências de nutrientes, logo todo mundo se deteve nessa questão. Hoje alguns alimentos precisam sofrer a adição de nutrientes. A definição de termos associados à adição de nutrientes aos alimentos inclui termos como: » Restauração: adição para o restabelecimento da concentração original de nutrientes essenciais. » Fortificação: adição de nutrientes em quantidades significativas suficientes a ponto de tornar o alimento uma fonte superior de nutrientes. » Enriquecimento: adição de quantidades específicas de nutrientes selecionados. » Nutrificação: trata-se de um termo genérico destinado a abranger toda a adição de nutrientes aos alimentos. Causas gerais de variação/perdas de vitaminas em alimentos A partir do momento da colheita, todos alimentos, inevitavelmente, sofrerão alguma perda de vitaminas. Podemos citar alguns fatores responsáveis pela variação do teor de vitaminas nos alimentos. » Variação inerente ao conteúdo de vitaminas: a concentração de vitaminas em frutas e vegetais costuma ser várias com características genéticas do cultivo, fase de maturação, época de colheita e clima. » Alterações pós-colheita no teor de vitaminas dos alimentos: a liberação de enzimas oxidativas e hidrolíticas, como resultado da deterioração da 44 UNIDADE II │ COMPONENTES MINORITÁRIOS DOS ALIMENTOS integridade celular, pode causar alteração na distribuição das formas químicas e na atividade das vitaminas. » Tratamentos preliminares, como limpeza, lavagem e moagem. » Efeitos do branqueamento: o branqueamento é um tratamento térmico suave. Seus efeitos são a inativação de enzimas potencialmente deletérias, redução da carga microbiana e diminuição intersticial de gases antes de tratamento porteiro. » Perdas de vitaminas pós-processamento: tem efeitos menores de redução de vitaminas. Como foi discutido nesse capítulo, as vitaminas são substâncias químicas orgânicas que apresentam diversas propriedades. Foi emocionante não foi? Conhecer um pouco mais sobre esses micronutrientes tão importantes para nós! Bons estudos! 45 CAPÍTULO 2 Minerais Minerais? Para que servem? Onde eles se encontram? Introdução Os minerais não podem se sintetizados pelo organismo e, por isso, devem ser obtidos pela alimentação. Eles não fornecem calorias, mas se encontram no organismo desempenhando diversas funções, como regulação do metabolismo enzimático, manutenção do metabolismo acidobásico, irritabilidade muscular e pressão osmótica, além de facilitar a transferência de compostos pelas membranas celulares e composição de tecidos orgânicos. Atuam como a forma iônica e na composição de diferentes substâncias (enzimas, hormônios, secreções e proteínas teciduais). Os minerais normalmente são classificados por: macronutrientes, micronutrientes e elementos ultratraços. Quadro 8. Classificação dos minerais. Porcentagem de gordura de alguns alimentos Macronutrientes Sódio; Potássio; Cloro; Cálcio; Magnésio; Fosforo; Enxofre. Micronutrientes Ferro; Cromo; Zinco; Iodo; Manganês. Ultratraços Selênio; Flúor; Molibdênio. Fonte: Pinheiro et al., 2005. Os elementos minerais estão presentes nos alimentos em muitas formas químicas diferentes. Essas formas costumam ser chamadas de espécies, sendo denominadas como compostos e íons livres. Segundo Melo Filho e Vasconcelos (2011, p. 60), a presença de minerais nos alimentos é muito variável, pois depende de diversos fatores, sendo os mais importantes à composição do solo (no caso de plantas) e da dieta (no caso de alimentos de origem animal). 46 UNIDADE II │ COMPONENTES MINORITÁRIOS DOS ALIMENTOS Macronutrientes Sódio O sódio é classificado como metal alcalino (1A). Ele tem uma função bem estabelecida na fisiologia animal e é abundante tanto nos tecidos como na dieta humana. O sódio é o principal cátion do fluido extracelular e importante regulador de seu volume.Ele também ajuda a manter o equilíbrio ácido-base, sendo essencial para transmissão de impulsos nervosos e para a contração muscular. Os alimentos normalmente fornecem mais sódio que o necessário para o corpo. O sódio é prontamente absorvido pelo trato intestinal e percorre livremente o sangue até chegar aos rins que filtram todo o sódio do sangue, então com grande precisão, eles devolvem para a corrente sanguínea a quantidade exata que o corpo necessita. São raras doenças causadas pela carência, por apresentar grande quantidade nos produtos industrializados. Potássio Assim como o sódio é um metal alcalino. O potássio é o principal cátion dentro das células. Tem a função na manutenção, do equilíbrio hidroeletrolítico e na integridade das células e no metabolismo de carboidratos. As fontes ricas de potássio estão em alimentos frescos. As doenças causadas pela carência de potássio são: fraqueza, sede, problemas cardíacos e fadiga muscular. Cloro Atua com o sódio e o potássio no equilíbrio hídrico e na pressão osmótica. Sua carência ocasiona fraqueza muscular, perda de apetite e letargia. Podemos encontrá-lo em vários alimentos: sal de cozinha, peixe, ostra, camarão, ovos, leite etc. Cálcio Os organismos de homens e mulheres adultos contêm cerca de 1200 e 1000g de cálcio, respectivamente, o que torna o mineral mais abundante no organismo. Além da sua função estrutural (ossos e dentes), o cálcio desempenha importantes funções reguladoras em numerosos processos bioquímicos e fisiológicos de plantas e animais. Muitos fatores afetam a absorção de cálcio, mas em geral, os adultos absorvem cerca de 25% do cálcio que ingerem. A acidez do estômago ajuda a manter o cálcio solúvel, e 47 COMPONENTES MINORITÁRIOS DOS ALIMENTOS │ UNIDADE II a vitamina D, a criar a proteína ligante de cálcio necessária para a absorção. A carência de cálcio causa osteoporose, tetania e raquitismo. Magnésio Grande quantidade de magnésio encontra-se nos ossos e é amplamente distribuído em alimentos, especialmente em derivados de sementes de plantas como farinha de trigo integral, nozes e legumes. Sua função é: ativar o sistema enzimático que controlam o metabolismo de carboidratos, gorduras, proteínas e eletrólitos, bem como, mediador das contrações musculares e transmissões de impulsos nervosos. Sua deficiência causa fraqueza muscular letargia, depressão, irritação e em casos extremos, ataques cardíacos e anorexia. Fósforo O fósforo é encontrado em todos os sistemas vivos, devido ao seu papel vital na estrutura das membranas celulares e em quase todos os processos metabólicos. Ele existe em tecidos moles na forma de fósforo inorgânico. Esse elemento é importante para mineralização e estrutura do cálcio, síntese de colágeno e homeostase do cálcio. Influencia na regulação metabólica de hormônios e na utilização de vitaminas. Sua deficiência causa problemas sanguíneos e manifestações renais. Enxofre O enxofre é encontrado no organismo como um constituinte de três aminoácidos, cistina, cisteína e metionina e de muitas outras moléculas orgânicas. A falta de enxofre pode ocasionar em cálculo renal e cistinúria. As fontes alimentares de enxofre englobam carne, aves, peixe, ovos, feijões secos, brócolis e couve-flor. Micronutrientes Uma série de elementos presentes em quantidades mínimas nos tecidos corporais são essenciais para ótimo crescimento, saúde e desenvolvimento. Ferro De todos os metais, o ferro é provavelmente um dos que o leigo mais conhece como nutriente e também um dos que é potencialmente reduzido na dieta. Essencial para a formação das células vermelhas (hemoglobina e mioglobina) e tem importância na 48 UNIDADE II │ COMPONENTES MINORITÁRIOS DOS ALIMENTOS transferência de CO2. Sua deficiência afeta o desempenho intelectual, baixa resistência às doenças, controle de temperatura do corpo também fica afetado e sua falta severa causa anemia grave. Cromo Um papel biológico para o cromo foi proposto pela primeira vez em 1954. O cromo está associado com o metabolismo da glicose e melhoramento da absorção deficiente da glicose pelos tecidos (insulina). Sua deficiência causa tolerância à glicose como aumento da taxa de colesterol. Zinco Este é um componente essencial do sítio ativo de muitas enzimas e, portanto, não surpreende o fato de encontrá-lo em altas concentrações em tecidos animais, como carne magra e no fígado. O zinco está abundantemente distribuído em todo o corpo humano e está em segundo lugar apenas em relação ao ferro entre os microelementos. Atua no crescimento e replicação celular, função fagocitária, imunitária celular e humoral, maturação sexual, fertilidade e reprodução. Atua também na estabilidade de lisossomas nos processos de síntese proteica e de membrana para circulação de elementos celulares. Sua carência no organismo causa: diminuição no crescimento, perda de cabelo e diminuição da imunidade. Iodo Há alguns anos, a organização mundial de saúde estimou que pelo menos 200 milhões de pessoas eram afetadas pela deficiência de iodo. O iodo é absorvido facilmente na forma de iodeto. Na circulação, é encontrado livre e ligado à proteína, porém o iodo ligado predomina. O iodo participa da síntese de tiroxina que regula o metabolismo celular e controle da taxa metabólica basal. Sua carência gera o bócio, diminuição da taxa metabólica, ganho de peso, pescoço gordo e cabelos secos. Manganês O corpo humano contém uma quantidade minúscula de 20 mg de manganês. A maior parte dela pode ser encontrada nos ossos e, metabolicamente, ativa os órgãos, como fígado, os rins e pâncreas. O manganês age como um cofator de muitas enzimas que facilitam o metabolismo do carboidrato, dos lipídios e dos aminoácidos. Sua deficiência pode gerar anomalias ósseas. 49 COMPONENTES MINORITÁRIOS DOS ALIMENTOS │ UNIDADE II Ultratraços Alguns elementos traços são encontrados nos organismos em pequenas quantidades (microgramas). Cada um desses possui papéis importantes nos tecidos humanos. Selênio Existe uma variação bastante estreita de ingestão dietética para o selênio, abaixo da qual a deficiência ocorre e acima da qual a toxicidade se desenvolve. Muitas, mas não todas, as alterações patológicas causadas pela deficiência de selênio podem ser explicadas como base nos níveis inadequados de glutationa peroxidase (GSH-Px trata- se de uma enzima antioxidante). A concentração de selênio nos alimentos depende do teor de selênio no solo e água onde foram cultivados. A deficiência de selênio leva anos para se desenvolver quando a ingestão alimentar é adequada. Flúor O flúor é um elemento natural encontrado em quase toda água potável e solos, apesar do teor de flúor variar muito em todo mundo. Sua função é prevenir contra cáries dentárias (esmalte do dente) e auxilia o cálcio na saúde dos ossos. Sua deficiência gera um aumento da incidência das cáries dentárias. Molibdênio O molibdênio foi estabelecido como um micronutriente essencial, particularmente por sua necessidade na enzima xantina oxidase. Esse elemento é encontrado em quantidades muito pequenas no corpo e é absorvido no estômago e intestino delgado. Sua função está envolvida nas funções das enzimas que catalisam reações de oxidação-redução, como xantina oxidase, aldeído oxidase e sulfito oxidase. Neste capítulo, vimos a classificação dos nutrientes, suas importâncias e o que acarreta suas faltas. As funções dos macronutrientes, micronutrientes e traços variam muito, porém todos precisam ser consumidos em quantidades razoáveis (níveis recomendados) diariamente para exercerem suas funções. Agora se prepare para o próximo capítulo que falará dos corantes! Bons estudos! 50 CAPÍTULO 3 Corantes Você sabe a função dos corantes (pigmentos) nos alimentos? Introdução A cor é um dos atributos mais importantes de um alimento. Ela determina sua aparência e é utilizada como critério para identificação e julgamento da qualidade do produto. Umcorante é qualquer produto químico, natural ou sintético, que confere cor. Os alimentos têm cor em virtude de sua capacidade de reflexão ou emissão de diferentes quantidades de energia em comprimentos de onda capazes de estimular as retinas dos olhos. Pigmentos são substâncias naturais de células e tecidos de plantas e animais que conferem cor. Pigmentos em tecido animal Mioglobina e hemoglobina A mioglobina (Mb) e hemoglobina (Hb) são conhecidas como pigmentos heme, pois apresentam em suas estruturas o heme (ferro). Ambas são proteínas globulares e fazem complexo com o oxigênio. A Mb é a principal substância na determinação da cor da carne. O teor de hemoglobina, que prevalece no sangue, só influenciará na cor se o processo de sangria for mal executado (DAMODARAN, 2010). Figura 19. Estrutura da mioglobina (A) e hemoglobina (B). Fonte: Figura adaptada e disponível em: <https://www.google.com.br/search>. Acessado em: 16 dez. 2014. 51 COMPONENTES MINORITÁRIOS DOS ALIMENTOS │ UNIDADE II Pigmentos em tecido vegetal Clorofilas Segundo Coultate (2004), clorofilas são os principais pigmentos verdes dos vegetais. Elas também dão a cor verde à casca da maçã e a outras frutas, sobretudo quando não estão maduras. A clorofila é o pigmento funcional da fotossíntese em todas as plantas verdes. As clorofilas são alteradas por diversos fatores, como: pH, presença de metais bivalentes, aquecimento e enzimas. Figura 20. Uma das estruturas da clorofila. Fonte: Figura adaptada e disponível em: <https://www.google.com.br/search>. Acessado em: 16 dez. 2014. Carotenoides Os pigmentos denominados carotenoides são amplamente distribuídos na natureza. Sabe-se que os carotenoides desempenham as funções importantes na fotossíntese e na fotoproteção dos tecidos vegetais. A oxidação é a principal causa de degradação de carotenoides em alimentos. Eles são facilmente oxidados devido ao grande número de duplas conjugadas. Os carotenoides apresentam propriedades antioxidantes. O principal papel dos carotenoides na dieta dos seres humanos e de outros animais é sua capacidade de atuarem como precursores da vitamina A. As frutas vermelhas, amarelas e laranjas, as raízes e os vegetais são ricos em carotenoides. 52 UNIDADE II │ COMPONENTES MINORITÁRIOS DOS ALIMENTOS Figura 21. Estruturas do beta caroteno. Fonte: Figura adaptada e disponível em: <https://www.google.com.br/search>. Acessado em: 16 dez. 2014. Os carotenoides são divididos em dois grupos principais: os carotenos (são hidrocarbonetos) e xantofilas (contém oxigênio) (COULTATE, 2004). Flavonoides Os compostos fenólicos compreendem um grande grupo de substâncias orgânicas, sendo os flavonoides um importante subgrupo. Flavonoides são compostos heterocíclicos com oxigênio na molécula. Os flavonoides são pigmentos naturais nos vegetais. As antocianinas são os flavonoides mais abundantes da natureza e são responsáveis por uma variedade de cores atrativas e brilhantes de frutas, flores e folhas (azul, púrpura, violeta, vermelho e laranja). Figura 22. Estruturas de antocianina. Fonte: Figura adaptada e disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Antocianina>. Acessado em: 16 dez. 2014. Outros flavonoides também são conhecidos: antoxantinas (amarelo das flores), flavonas, flavonóis etc. Betalaínas São pigmentos encontrados em algumas flores vermelhas (betacianinas) e frutos de cactos, são conhecidas pela sua abundância, entre eles podemos citar os pigmentos da beterraba. A presença de betalaínas em plantas exclui a ocorrência de antocianinas e vice-versa. Esses pigmentos absorvem fortemente a luz. Assim como outros pigmentos naturais, as betalaínas são afetadas por diversos fatores ambientais: Calor e/ou luz, oxigênio e luz. 53 COMPONENTES MINORITÁRIOS DOS ALIMENTOS │ UNIDADE II Figura 23. Estruturas da betalaína. Fonte: Figura adaptada e disponível em: < http://www.lookfordiagnosis.com>. Acessado em: 16 dez. 2014. Corantes de alimentos Corantes são aditivos alimentares definidos como toda substância que confere, intensifica ou restaura a cor de um alimento. Os corantes são adicionados aos alimentos em muitos países, mas os tipos de corantes permitidos para utilização variam consideravelmente entre os países. “Considera-se corante a substância ou a mistura de substâncias que possuem a propriedade de conferir ou intensificar a coloração de alimento (e bebida)” (RESOLUÇÃO – CNNPA no 44, DE 1977). No Brasil, a indústria deve seguir a legislação do ministério da saúde. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estabelece as condições gerais e fatores essenciais de qualidade dos corantes empregados na produção de alimentos e bebidas. No que tange aos corantes sintéticos, há algumas vantagens, como elevado poder corante, baixo custo e elevada estabilidade às condições de processamento e de armazenamento. Segundo a resolução – CNNPA no 44, de 1977, corante orgânico sintético é aquele obtido por síntese orgânica mediante o emprego de processo tecnológico adequado. Análise de pigmentos A linha de pesquisa científica tem avançado muito nessa área de corantes. Podemos observar isso com a grande quantidade de artigos científicos publicados anualmente. Para se aprofundar mais nesse assunto, leia o artigo de Volp, et al., (2009), publicado na revista alimentos e nutrição da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp de Araraquara disponível em: <http://serv-bib. 54 UNIDADE II │ COMPONENTES MINORITÁRIOS DOS ALIMENTOS fcfar.unesp.br/seer/index.php/alimentos/article/view/959/786>. Acesso em: 18 mai. 2015. Bons estudos! Nesse capítulo, pudemos estudar a importância dos corantes para os alimentos. Vimos também alguns deles e suas funções, bem como suas estruturas. Agora se prepare para cenas dos próximos capítulos! Bons estudos! 55 CAPÍTULO 4 Sabor Após a escolha dos alimentos pela aparência, passamos a avaliá-lo quanto ao sabor e aroma! “Se come com os olhos e nariz”! Introdução Quando se vai escolher um alimento, muitas vezes se escolhe-o pela aparência e sabor e não pela carga nutricional. » Gosto: sensação relacionada com o paladar. » Aroma: conjunto de sensações olfativas pelos componentes voláteis dos alimentos. » Sabor: propriedades de líquidos, sólidos e gases em solução que são detectados na boca, não apenas por células receptoras da língua, mas também pela cavidade oral. » Flavor: conceito de análise sensorial que engloba pelo menos dois fenômenos, o gosto e o aroma. O importante é a identificação de substâncias responsáveis por elementos particulares dos aromas e sabores dos alimentos. A cromatografia gasosa combinada à espectrometria de massa tem sido apresentada como uma ferramenta valiosa para química dos aromas (COULTATE, 2004). Segundo Munoz et al., (1992), os testes sensoriais são capazes de identificar e quantificar a presença ou ausência de diferenças perceptíveis e de definir características sensoriais importantes de um alimento. Estes testes vêm sendo aplicados no desenvolvimento e melhoramento de alimentos, controle de qualidade, estudos sobre armazenamento e desenvolvimento de processos. Na pesquisa do sabor, a avaliação sensorial dos compostos voláteis após a separação cromatográfica é feita utilizando a técnica olfatométrica. A cromatografia gasosa-olfatometria (CG-O) é o termo usado para descrever as técnicas que utilizam julgadores para avaliar os compostos voláteis separados pela coluna cromatográfica. Essas técnicas possibilitam determinar quais compostos voláteis são 56 UNIDADE II │ COMPONENTES MINORITÁRIOS DOS ALIMENTOS odoríferos e importantes para a formação do aroma, e que contribuem para a qualidade dos alimentos. O ser humano tem a capacidade de detectar os compostos odoríferos que elúem do efluente cromatográfico, além de mensurar a duração (início ao fim) de cada odor, quantificar sua intensidade e descrever sua qualidade, pois o nariz humano é muito mais sensível aos compostos
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