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Química Orgânica II 2019.2 1 ALDEÍDOS e CETONAS: PARTE II Compostos Carbonílicos Acidez de Hidrogênios α-Carbonila 2 α−hidrogênios (usualmente ácidos) β−hidrogênios (não são ácidos) Compostos Carbonílicos: Tautomerismo: condições neutras FORMA CETO FORMA ENÓLICA H3C CH3 O H3C H O O OH H2C C OH CH3 H2C C OH H (~100%) (extremamente pequena) (> 99%) (1,5 x 10-4 %) (98,8 %) (1,2%) H3C CH3 O O H3C CH3 OOH H3C C CH3 OO H H H3C C CH3 O O H H 2,4-pentanodiona (24%) forma enólica (76%) COMPOSTOS DICARBONÍLICOS 3 Compostos Carbonílicos Tautomerismo: catálise básica 4 “H” se adiciona aquiou ânion enolato forma enol forma ceto ânion estabilizado por ressonância “H” se adiciona aqui Compostos Carbonílicos Tautomerismo: catálise ácida 5 forma enol do aldeídoforma ceto do aldeído Compostos Carbonílicos Halogenação de Aldeídos e Cetonas: Meio ácido reação é simples e limpa! Mecanismo: Exemplo: 6 Compostos Carbonílicos Halogenação de Aldeídos e Cetonas: Meio básico Reação do halofórmio: clivagem oxidativa de metil cetonas e acetaldeído trihalometano Exemplo: 7iodofórmio Usos: Teste qualitativo para metilcetonas (I2) Síntese de ácidos carboxílicos (Cl2 e Br2) Compostos Carbonílicos Halogenação de Aldeídos e Cetonas: Meio básico 8 Mecanismo: halogenação em meio básico Reação Aldol: Formação de ligação C-C • Na reação aldol, 2 moléculas de um aldeído ou cetona reagem entre sí na presença de uma base (catalisador) para formar um composto β-hidroxi carbonílico. 9 3-hidroxibutanal nova ligação C-C composto β-hidroxi carbonílico Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação • Lembre-se: a característica da reação de aldeídos e cetonas é a adição nucleofílica. Reação Aldol Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação 10 O enolato é o nucleófilo nucleófilo • Uma reação aldol é uma adição nucleofílica na qual um enolato é o nucleófilo. Reação Aldol • O mecanismo da reação aldol ocorre em três etapas. 11 Etapa 1: Formação do enolato (nucleófilo) Etapas 2-3: Adição nucleofílica [2] e protonação [3] Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação • É uma reação reversível, assim a posição do equilíbrio depende da base e do composto carbonílico. • HO¯ é uma base tipicamente usada nas reações aldol. Embora com ¯ OH apenas uma pequena quantidade de enolato seja formada, isto é apropriado porque o aldeído de partida precisa reagir com o enolato numa segunda etapa da reação. • A reação aldol pode ser feita com aldeídos ou cetonas: � Com aldeídos: o equilíbrio normalmente favorece o produto, mas... � Com cetonas: o equilíbrio favorece os reagentes. � No entanto, existem maneiras de direcionar o equilíbrio para a direita (formação de produtos). Reação Aldol Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação 12 • Exemplo: Reação aldol com propanal. Reação Aldol Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação 13 propanal propanal nucleófilo Nova ligação C-C • Característica geral: O carbono αC=O de um se liga ao “C” da C=O do outro componente. Reação Aldol Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação 14 Junte os 2 “C” Nova ligação C-C • Sob condições básicas, o produto aldol inicial frequentemente não é isolado. Em vez disso, perde H2O para formar um composto carbonílico α,β- insaturado. Condensação Aldólica Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação 15 aldol composto α,β-insaturadoβ-hidroxi aldeído produto conjugado β-hidroxi cetona (não isolado) mistura E/Z podem se formar acetofenona • O mecanismo da desidratação consiste de 2 etapas: desprotonação seguida de perda de ¯ OH. Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação 16 Mecanismo E1cB enolato estabilizado por ressonância Condensação Aldólica • A eliminação que resulta na desidratação ocorre via um mecanismo E1cB. • E1cB significa Eliminação, unimolecular, base conjugada. • O mecanismo E1cB difere dos mecanismos E1 e E2. • Como em E1, E1cB requer 2 etapas. Ao contrário da E1, o intermediário em E1cB é um carbânion, e não um carbocátion. • Alcoóis comuns desidratam apenas na presença de ácido, e não base, pois o hidróxido é um grupo de saída ruim. No entanto, quando o grupo hidroxila está β a uma carbonila, a perda de “H” e “OH” dos carbonos α e β forma uma ligação dupla conjugada e a estabilidade do sistema conjugado supera um grupo de saída ruim. • Desidratação do composto β-hidroxi carbonílico inicial desloca o equilíbrio de uma reação aldol para a direita, favorecendo a formação do produto. Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação 17 Condensação Aldólica • Retrossíntese — trabalhar com raciocínio inverso ao sentido da reação. • Síntese utilizando a reação aldol — devemos saber qual aldeído ou cetona é necessário para preparar um composto β-hidroxicarbonílico particular. Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação 18 Exercício: Quais os reagentes (materiais de partida) necessários para preparar cada um dos compostos abaixo através de reação aldol? Condensação Aldólica Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação 19 Estratégia — Retrossíntese: 1- localize os carbonos α e β do grupo carbonila; 2- Quebre a molécula em 2 componentes entre os carbonos α e β; quebre a molécula em duas metades a. b. ciclo-hexanonamesmo aldeído! Condensação Aldólica • As vezes é possível fazer uma aldol entre 2 diferentes compostos carbonílicos. Tais reações são chamadas de reações aldólicas cruzadas ou mistas. Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação Reação Aldol cruzada 20 Exemplo: acetaldeído + propanal 4 produtos diferentes! propanal acetaldeído São úteis sinteticamente em 2 diferentes situações: [1] Quando apenas um dos compostos carbonílicos tem α-hidrogênios — Tais casos frequentemente levam a formação de apenas um único produto. Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação Reação Aldol cruzada 21 cinamaldeído (canela) acetocinamona (benzalacetona) [2] Quando um composto carbonílico tem “H” especialmente ácidos. Estes “H” são mais rapidamente removidos que outros átomos “α-H”. Como resultado, o composto β-dicarbonílico sempre torna-se o componente enolato da reação aldol. Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação Reação Aldol cruzada 22 R’=H ou alquil novas ligações C-C e π dicarbonílicos e relacionados 1,3-dinitrilaα-cianocarbonilaβ-cetoésterβ-diéster Compostos β-dicarbonílicos são às vezes chamados de compostos metileno ativos devido serem mais reativos frente base que outros compostos carbonílicos. 1,3- dinitrilas e compostos carbonílicos α-ciano são também compostos metileno ativos. 23 Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação Acidez de compostos β-dicarbonílicos exemplo pKa exemplo pKa Reação Aldol: transformações úteis do produto aldol Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação 24 aldol composto β-hidroxicarbonílico + (com RMgX) (com R2CuLi)composto carbonílico α,β-insaturadoálcool alílico ciclo-hexanona 1,3-diol cetona Uma reação aldol dirigida é aquela que claramente define qual composto carbonílico torna-se o enolato e qual reage como eletrófilo: [1] O enolato de um composto carbonílico é preparado com LDA. [2] O segundo composto carbonílico (o eletrófilo) é adicionado a este enolato. � Ambos componentes carbonílicos podem ter “α-H” porque apenas um enolato é preparado com LDA. � Quando uma cetona não simétrica é usada, LDA seletivamente forma o enolato cinético (menos substituído). Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação Reação Aldol Dirigida 25 Exercício: desenhe o produto da reação abaixo. ? 2-metilciclo-hexanona Enolatos de compostos carbonílicos não simétricos: Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação Reação Aldol Dirigida 26 2-metilciclo-hexanona remoção “H” 3ário remoção “H” 2ário enolato termodinâmico enolato cinético caminho [1] caminho [2] mais substituído Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação Reação Aldol Dirigida 27 Enolatosde compostos carbonílicos não simétricos: Enolatos cinéticos: base forte não-nucleofílica, solvente polar aprótico e baixas temperaturas “C” menos substituído produto majoritário enolato cinético Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação Reação Aldol Dirigida 28 Enolatos de compostos carbonílicos não-simétricos: Enolatos termodinâmicos: base forte (alcóxidos), solvente polar prótico e temperatura ambiente (25oC) “C” mais substituído produto majoritário enolato termodinâmico 29 Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação Enolatos: ácido mais fraco (pKa = 19) base mais fraca base mais forte ácido mais forte (pKa = 16) � A posição de equilíbrio pela qual um enolato se forma depende da força da base usada. � Se a base empregada é mais fraca do que o enolato, o equilíbrio se localiza à esquerda. 30 Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação Enolatos de Lítio Se uma base muito forte for usada, o equilíbrio se encontra à direita. Uma base muito forte útil para converter compostos carbonílicos em enolatos é diisopropilamideto de lítio (LDA) ou LiN(i-Pr)2 cetona (ácido mais fraco) pKa = 19 LDA (base mais forte) enolato (base mais fraca) diisopropilamina (ácido mais fraco) pKa = 38 • O LDA é facilmente preparado pela adição de butil lítio à diisopropilamina em THF – 78o C. butil lítio (base mais forte) diisopropilamina ácido mais forte (pKa = 35) LDA base mais fraca Butano ácido mais fraco (pKa ∼ 50) Compostos dicarbonílicos podem ser usados para fazer ciclos de 5- e 6- membros — O enolato formado a partir de um C=O é o nucleófilo e o “C” carbonílico do outro é o eletrófilo. Exemplo: hexano-2,5-diona reage com base formando um produto cíclico de 5-membros. - Compostos 1,4-dicarbonílico são assim denominados para enfatizar a posição relativa de seus grupos carbonila. - São materiais de partida para síntese compostos cíclicos de 5-membros. Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação Reação Aldol intramolecular 31 novas ligações π e C-C hexano-2,5-diona redesenho nucleófilo (duas etapas) As etapas neste processo não são diferentes do mecanismo geral da reação aldol seguida por desidratação. Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação Reação Aldol intramolecular 32 Etapa 1: formação do enolato [1] Etapa 2-4: ciclização [2] e desidratação [3] hexano-2,5-diona nova C-C nova πC-Celetrófilo redesenho • Quando hexano-2,5-diona é tratada com base na etapa [1], dois diferentes enolatos são possíveis — enolatos A e B, formados pela remoção de Ha e Hb, respectivamente. • Enquanto o enolato A constrói um anel de 5-membros, ciclização intramolecular usando o enolato B leva ao anel de 3-membros tensionado. Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação Reação Aldol intramolecular 33 formado • O ciclo de 3 átomos não se forma devido ser maior em energia que o enolato de partida. Assim, o equilíbrio favorece fortemente o material de partida. • Sob as condições de reação, o enolato B é reprotonado para formar a hexano-2,5-diona, pois todas as etapas estão em equilíbrio exceto a desidratação. Este equilíbrio favorece a formação do ciclo de 5-membros mais estável. • De forma similar, ciclos de 6-membros podem ser formados pela reação aldol intramolecular de compostos 1,5-dicarbonílicos. Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação Reação Aldol intramolecular 34 heptano-2,6-diona 1,5-diacarbonílico A Reação de Michael Envolve 2 compostos carbonílicos — o enolato de um composto carbonílico e um composto carbonílico α,β-insaturado. Lembre-se: compostos carbonílicos α,β-insaturados são estabilizados por ressonância e têm 2 sítios eletrofílicos — o “C” carbonílico e o “C-β”. Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação 35 composto carbonílico α,β-insaturadoenolato O composto α,β-insaturado é frequentemente chamado um aceptor de Michael. A Reação de Michael Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação 36 A reação envolve a adição conjugada (adição-1,4) do enolato estável por ressonância ao carbono de um composto carbonílico α,β-insaturado. Nucleófilo ataca o β−Carbono nova C-C 37 Adição 1,4 A Reação de Michael: Mecanismo Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação Etapas 1-2: formação do enolato e ataque nucleofílico ao C-β (adição-1,4) Etapa 3: protonação Composto 1,5-dicarbonílico A Reação de Michael: Mecanismo Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação 38 Etapa 1: formação do enolato Etapas 2-3: ataque nucleofílico ao C-β e protonação estável por ressonância Quando o produto da reação de Michael é também um β-ceto éster, ele pode ser hidrolizado e descarboxilado em ácido aquoso à quente. Isto forma um composto 1,5-dicarbonílico. Lembre-se: compostos 1,5-dicarbonílicos são materiais de partida para reações aldol intramolecular! A Reação de Michael Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação 39 Composto 1,5-dicarbonílicoProduto da reação de Michael Exemplo: Reação de Michael como etapa chave na síntese da estrona, um hormônio sexual feminino. A Reação de Michael Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação 40 várias etapas estrona composto carbonílico α,β-insaturado composto carbonílico (forma enolato termodinâmico) nova C-C Anelação de Robinson • É uma reação que forma um ciclo combinando uma reação de Michael com uma reação aldol intramolecular. • Os materiais de partida para a anelação de Robinson são um composto carbonílico α,β-insaturado e um enolato. Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação 41 Sir Robert Robinson – Prêmio Nobel em Química (1947) nova σC-C novas σC-C e π composto carbonílico α,β-insaturado composto carbonílico (forma enolato) • A reação forma uma ciclo de 6-membros e 3 novas ligações C—C : 2 ligações σ e 1 ligação π. • O produto contém uma cetona α,β-insaturada num anel ciclo-hexano — ou seja, uma ciclo-hexen-2-ona. • O enolato pode ser gerado na anelação de Robinson com ¯ OH em H2O e ¯ OEt em EtOH. Anelação de Robinson Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação 42 E xe m p lo s: metilvinilcetona 2-metilciclo-hexano-1,3-diona • O mecanismo da anelação de Robinson consiste de 2 partes: uma adição de Michael ao composto α,β-insaturado, seguido pela condensação aldólica intramolecular. Anelação de Robinson Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação 43 Etapa 1: formação do enolato [1] Etapas 2-3: ataque nucleofílico ao C-β [2] (Adição de Michael) e protonação[3] nova σC-C (enolato termodinâmico) • Na parte 2 do mecanismo, uma reação aldol intramolecular é seguida por desidratação para formar um anel de 6-membros. Anelação de Robinson Compostos Carbonílicos: Reações de Condensação 44 Etapas 4-6: aldol intramolecular para formar um β-hidroxi cetona Etapas 7-8: desidratação para formar uma cetona α,β-insaturada nova σC-C nova πC-C