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Luciana Ribeiro Marques - As homosexualidades na psicanálise

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http://www.uva.br/trivium/edicao1-dez-2010/artigos/3-as-homosexualidades-na-psicanalise.pdf 
  
467  
ARTIGOS 
AS H O M OSSE X U A L ID A D ES N A PSI C A N Á L ISE 
Luciana Ribeiro Marques
 
 
 
 
 
 
R ESU M O 
O tema da homossexualidade vem ocupando diversos campos da ciência na tentativa de desvendar 
as raízes da escolha homossexual. Situada entre o normal e o patológico pela medicina psiquiatra 
oitocentista, que compartilhava seu usufruto com o sistema eclesiástico e político, a 
homossexualidade perdurou no campo da perversão sexual durante décadas. Freud, que para além da 
visão de sua época preocupava-se com o sujeito e seu sofrimento, traçou um percurso durante toda 
sua obra a respeito da diversidade sexual do ser humano; contudo, a escolha homossexual, ainda 
hoje, se apresenta como questão. Logo, será a partir da ruptura freudiana e dos benefícios dessa 
herança, trazidos a nós por Lacan, que pretendemos analisar o tema da homossexualidade, abrindo 
espaço para novas reflexões a respeito da prática clínica, desvinculada da abordagem sinonímica 
entre homossexualidade e perversão. 
 
Palavras-chave: Homossexualidade, perversão, Psicanálise. 
 
A BST R A C T 
The issue of homosexuality has been occupying many fields of science in an attempt to uncover the 
roots of the homosexual choice. Located between the normal and pathological medicine by the 
eighteenth psychiatrist who shared their enjoyment with the cleric and politician, homosexuality 
continued in the field of sexual perversion for decades. Freud, who, in beyond to the vision of his 
epoch, worried about the subjects and their suffering, set a course through his work about the human 
sexual diversity; but, the homosexual choice, even today, is presented as a matter. So, it is from the 
rupture freudian and the benefits of this inheritance, brought to us by Lacan, which we want to 
examine the issue of homosexuality, opening space for new reflections about the clinical practice, 
detached approach synonymy between homosexuality and perversion. 
 
K eywords: Homosexuality, perversion, psychoanalysis. 
 
 
                                                                                                                      
  Pós-graduada em Psicologia Médica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Mestre em Psicanálise, Saúde e 
Sociedade pela Universidade Veiga de Almeida, Doutoranda em Psicanálise pela Universidade do Estado do Rio de 
Janeiro. lu_rmarques@yahoo.com.br ± tel: 9965-7729 
 
  
  
http://www.uva.br/trivium/edicao1-dez-2010/artigos/3-as-homosexualidades-na-psicanalise.pdf 
  
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O tema da sexualidade, tão fundamental para a Psicanálise, ainda gera, apesar de Freud, uma 
abordagem da homossexualidade inegavelmente preconceituosa. Desconsiderando os aportes 
freudianos e muitas vezes, calcados em posições pessoais que revelam atitudes homofóbicas em 
relação aos sujeitos e suas escolhas, verificamos, ainda hoje, desvios teóricos e técnicos que 
distorcem a doutrina freudiana. No presente artigo, proponho revisarmos o tema da 
homossexualidade na Psicanálise a partir de um rápido levantamento dos movimentos ocorridos na 
época de Freud, a fim de marcarmos sua posição em relação à sua época e, assim, contrapor a 
essência de sua teoria da sexualidade com posições completamente diversas que alguns pós-
freudianos assumem em relação a esse tema. O intuito maior é reafirmarmos o lugar da Psicanálise 
enquanto teoria calcada sob a ética do desejo.   
 
A Época de F reud 
Dando início ao nosso percurso, salientamos que, de maneira geral, os cientistas do fim do 
século XIX passaram a se preocupar com a questão da sexualidade como uma determinação 
fundamental do comportamento humano. Antes do termo ³homossexualidade´ ser criado, em 1860, 
pelo médico austro-húngaro Karoly Maria Benkert (1824-1882), o uso de nomenclaturas 
diferenciadas variava de acordo com as épocas, culturas e discursos vigentes: sodomitas, invertidos, 
doentes mentais ou perversos, dentre outros. 
Benkert definia a expressão criada, explicando�� ³Além do impulso sexual normal dos 
homens e das mulheres, a Natureza, do seu modo 
soberano, dotou à nascença certos indivíduos 
masculinos e femininos do impulso homossexual. [...] 
Esse impulso criaria, de antemão, uma aversão direta ao 
sexo oposto.´� �%(1.(57�� ������ FLWDGR� SRU NAPHY, 
2006, p. 220). A partir de então, entre 1870 e 1910, o 
termo impôs-se progressivamente nesta acepção em 
todos os países ocidentais, substituindo as antigas 
denominações que caracterizavam essa forma de 
relacionamento. Neste mesmo período, surge então a 
³VH[RORJLD´�RX�³FLrQFLD�GR�VH[XDO´�D�SDUWLU�GRV�WUDEDOKRV�
dos três pais fundadores da doutrina: Krafft-Ebing 
(psiquiatra austríaco: 1840-1902), Albert Moll (médico 
alemão: 1862-1939) e Havelock Ellis (médico e escritor 
inglês: 1859-1939). (ROUDINESCO & PLON, 1998). 
Embora a base em comum de seus estudos fosse 
a sexualidade, as ideias e as abordagens utilizadas para 
tratar o tema apresentavam-se bastante divergentes. 
De forma geral, a maioria dos sexólogos desta 
época abordava o comportamento sexual misturando 
estreitamente a bissexualidade, a homossexualidade, o 
hermafroditismo e os fenômenos do travestismo. Na 
realidade, o discurso da ciência, atrelado com a religião 
e a política, inventava seu vocabulário, a fim de adotar 
XPD� GHILQLomR� ³FLHQWtILFD´� SDUD� FHUWDV� SUiWLFDV� VH[XDLV�
ditas patológicas. 
Parada  Orgulho  GLBT  -­‐  São  Paulo    
  
  
http://www.uva.br/trivium/edicao1-dez-2010/artigos/3-as-homosexualidades-na-psicanalise.pdf 
  
469  
Assim, enquanto Hirschfeld (psiquiatra alemão: 1868-1935) defendia sua ideLD�VREUH�R�³VH[R�
LQWHUPHGLiULR´�� (OOLV� UHWUDWDYD� R� ³LQDWLVPR� QDWXUDO� GD� KRPRVVH[XDOLGDGH´�� &DUO� +HLQULFK� 8OULFKV 
(advogado e teólogo alemão: 1826-1895) popularizava o teUPR� ³XUDQLVPR´, para sustentar que a 
KRPRVVH[XDOLGDGH�HUD�XPD�DQRPDOLD�KHUHGLWiULD�TXH�SURGX]LD�XPD�³DOPD�GH�PXOKHU�QXP�FRUSR�GH�
KRPHP´, e Carl Westphal (neurologista alemão: 1833-1890) dava seu apoio à teoria congênita da 
homossexualidade, afirmando a existência de uP�³WHUFHLUR�VH[R´���528',1(6&2�	�PLON, 1998) 
Foi neste cenário, em que a terminologia passava por múltiplas variações e a nosologia 
apresentava-se um tanto quanto flexível, que, paralelamente, Freud subverteu a concepção de 
sexualidade humana, marcando o lugar da Psicanálise e apontando para um lugar distinto da moral 
social. 
 
Com F reud 
Freud, com seu espírito curioso, prematuramente teve sua atenção despertada para a 
importância da sexualidade na constituição das neuroses. As fases de investigação ± a transição da 
hipnose para a catarse e da catarse para a associação livre ± ocorreram gradativamente em sua 
construção e compreensão da histeria. Com o passar dos anos, Freud se via ainda mais compelido 
pelos resultados de suas investigações a dar importância aos fatores sexuais na etiologia, e os anos 
seguintes apenas confirmaram e ampliaram suas conclusões. 
A idéia de sexualidade, que alicerça toda a construção da doutrina psicanalítica, foi abordada 
por Freud de maneira cuidadosa e inovadora. Fazendo dela uma disposição psíquica universal e 
inerente à atividade humana, Freud encarregou-se de romper com o discurso biologizante sustentado 
pela sexologia, que, a partir da noção de instinto, reduzia o sujeito a um padrão fixo de 
comportamento e classificava de perversa toda e qualquer conduta sexual que não conduzisse à 
preservação da espécie. 
Foi com o discurso da pulsão, enquanto primeiro eixo diferenciador do pensamento até então 
vigente, que Freud perverteu o saber da época ao nos apresentar sua pXEOLFDomR�GH� ³7UrV� HQVDLRV�
VREUH�D� WHRULD� GD� VH[XDOLGDGH´� �FREUD, 1905/1996). Afirmando que a Psicanálise se recusa a 
considerar os homossexuais possuidores de características especiais, Freud revela o caráter 
revolucionário da sexualidade humana com o conceito de pulsão e sua inerente plasticidade: 
 
 
A psicanálise considera, antes, que a independência da escolha objetal em 
relação ao sexo do objeto, a liberdade de dispor igualmente de objetos 
masculinos e femininos, tal como observada na infância, nas condições 
primitivas e nas épocas pré-históricas, é a base originária da qual, mediante a 
restrição num sentido ou no outro, desenvolvem-se tanto o tipo normal como 
o invertido. No sentido psicanalítico, portanto, o interesse sexual exclusivo do 
homem pela mulher é também um problema que exige esclarecimento, e não 
uma evidência indiscutível que se possa atribuir a uma atração de base 
química. (FREUD, 1905/1996, p.137-138) 
 
Neste texto, ao estender sua reflexão ao campo da 
sexualidade infantil, Freud demonstra que a pulsão tem um 
caráter parcial que, por si só, não permite restringirmos a 
sexualidade humana à genitalidade; já que sua parcialidade não 
abrange a totalidade da tendência sexual: a função biológica da 
reprodução. Apresentando a sexualidade fragmentada em 
  
  
http://www.uva.br/trivium/edicao1-dez-2010/artigos/3-as-homosexualidades-na-psicanalise.pdf 
  
470  
pulsões parciaiV�� UHYHOD� D� ³GLVSRVLomR� SHUYHUVR-SROLPRUID´� HQTXDQWR� FRPSRQHQWH� FHQWUDO� GD�
organização sexual infantil e concebe a criança como um ser capaz de todas as transgressões 
possíveis para se satisfazer. 
A partir de então, ao nos apresentar a sexualidade atrelada a uma essência polimorfa e 
aberrante, Freud coloca todos os sujeitos em igualdade ± da criança ao adulto ± e estabelece uma 
nova ponte entre o normal e o patológico. 
&RQWXGR�� H� HPERUD� )UHXG� MDPDLV� WHQKD� HPSUHJDGR� D� SDODYUD� ³LQVWLQWR´� SDUD� VH� UHIHULU� jV�
pulsões, estas ainda aparecem marcadas por alguma obscuridade que constantemente gera a 
aproximação sinonímica entre pulsão e instinto e, consequentemente produz equívocos entre os 
psicanalistas que corroboram para a difusão dos desvios teóricos. 
A pulsão, apontada por Lacan como um dos quatro conceitos fundamentais da Psicanálise, e 
resgatada juntamente com a essência da teoria freudiana, ao ser abordada de forma reducionista, 
promove o alicerce para toda uma série de versões biologizantes da sexualidade humana. 
Este alicerce, que destacamos como o primeiro grande desvio da pulsão, pode ser constatado 
na tradução pela qual James Strachey optou ao transcrever a Trieb freudiana como instinct, na 
tradução inglesa das obras completas de Freud. Sua desastrosa escolha do termo não só favoreceu a 
biologização do conceito, como também revelou a própria tradução como um desvio. A 
aproximação entre pulsão e instinto, (re)promovido a partir de então, reforçou os desvios teóricos e 
recobriu a amplitude da teorização freudiana advinda da riqueza do termo em alemão. 
Trieb, um termo antigo dotado de uma ampla gama de sentidos, sempre estará correlacionada 
FRP� XP� Q~FOHR� EiVLFR�� ³SURSXOVmR´�� ³FRORFDU� HP�PRYLPHQWR´��8WLOL]DGR� SRU� )UHXG�� WDO� TXDO� VXD�
característica em alemão, o termo evoca a ideLD� GH� ³IRUoD� SRGHURVD� H� LUUHVLVWtYHO� TXH� LPSHOH´�
(HANS, 1996, p.338). Com a criação do conceito e a escolha do termo para tratar especificamente 
da sexualidade humana, Freud marca a pulsão enquanto conceito único e sem correlatos. 
A pulsão é uma Konstant Kraft, uma força constante cujo impulso parte de uma excitação 
interna que tende à satisfação, através de um objeto inespecífico escolhido, tão somente, por prestar-
se com mais eficiência na contingência de uma dada situação. 
É essa constância de Drang (pressão/força pulsional) que nos indica que este quantum de 
Reiz, de excitação concernente à pulsão, não pode ser extinto, e que, por sua vez, sua relação com 
Ziel (alvo da pulsão) acarreta a restrição de uma satisfação sempre parcial, devido à impossibilidade 
de eliminação do estímulo vindo da fonte. 
Este paradoxo da satisfação parcial, que nos remete à categoria do impossível, é retomado 
por Lacan: 
 
A idéia de que a função do princípio do prazer é de se satisfazer pela alucinação está aí para 
ilustrar isto ± é apenas uma ilustração. A pulsão apreendendo seu objeto, aprende de algum 
modo que não é justamente por aí que ela se satisfaz. Pois se se distingue, no começo da 
dialética da pulsão, o Not e o Bedürfnis, a necessidade e a exigência pulsional ± é justamente 
porque nenhum objeto de nenhum Not, necessidade, pode satisfazer a pulsão. (LACAN, 
1964/1998, p.159) 
 
Esta satisfação, obtida primeiramente através do seio materno, marca, na realidade, a busca 
por um objeto perdido que nunca foi tido. A busca da pulsão, que tem como objeto um vazio, ou 
como trazido por Lacan, o seio em sua função de objeto, a causa do desejo, indica que a pulsão o 
FRQWRUQD�� ³7UDWD-se então, para nós, no Drang da pulsão, de algo que é, e que só é, conotável na 
  
  
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relação à Quelle, na medida em que a Quelle (fonte) inscreve na economia da pulsão essa estrutura 
de borda.´��/$&$1������/1998, p.162). 
Portanto, este contorno da pulsão ao objeto eternamente faltante, com sua saída e seu retorno 
através da borda erógena que satisfaz essencialmente pela alucinação, estrutura o caráter circular do 
percurso pulsional e marca o sujeito de que trata a Psicanálise: o sujeito do desejo. 
Logo, a cada objeto que vem ocupar o vazio, revela-se o fato de não ser nele que a pulsão 
encontrará a satisfação plena, marcando o impossível do reencontro e justificando a afirmativa 
freudiana, fundamental para todo nosso posterior desenvolvimento a respeito da escolha 
homossexual, de que o Objekt (objeto) é o que há de mais variável na pulsão. 
 
A C riação da IPA e seus Impasses 
Após uma época em que o próprio Freud denominou de ³esplêndido isolamento´�± por sofrer 
as consequências de suas descobertas numa espécie de solidão intelectual ±, suas teorias se 
difundiram gradualmente e acarretaram no consequente interesse de jovens médicos pela prática 
psicanalítica (JONES, 1989). 
Com o passar dos anos, as teorias de Freud ganhavam espaço no mundo e revelavam uma 
crescente legião de seguidores que o levaram, juntamente com Ferenczi, a criar, em 1910, uma 
associação internacional, com o intuito de unir os grupos psicanalíticos dos diversos países, a fim de 
expandir o movimento e as inovadoras ideias a respeito da sexualidade humana. Contudo, Freud, 
embora tivesse criado a International Psychoanalytical Association (IPA) a partir do desejo de 
ampliação de sua teoria, retirando-a da limitação do espaço vienense, não deixava de dividir com 
Ferenczi a preocupação contra os perigos que qualquer organização encerra: ³Conheço bem a 
patologia das instituições e sei com que frequência, nos grupos políticos, sociais e científicos 
imperam a megalomania pueril, a vaidade, o respeito por fórmulas vazias, a obediência cega e o 
interesse pessoal, em lugar de um trabalho consciencioso, dedicado ao bem comum�´�
(ROUDINESCO & PLON, 1998, p.385). 
Assim, a previsão se fez. A expansão do movimento se traduziu por dissidências, tendo como 
motivo, simultaneamente, querelas pessoais e questões teóricas e técnicas. 
Nesta época, Ernest Jones, com o intuito de preservar qualquer forma de desvio ou má 
interpretação da teoria psicanalítica, cria então, em 1912, o chamado ³Comitê Secreto´, composto 
pelos discípulos mais fiéis de Freud. 
Entretanto, este ideal de pureza doutrinal também foi perpassado pelos conflitos que 
pretendia evitar. Desconsiderando os aportes freudianos, o próprio Jones ± também presidente da 
IPA na época ± escreve a Freud,relatando sua posição contra a admissão de um analista 
homossexual à sociedade. Marco a posição de Freud citando a resposta dada por ele e Otto Rank: 
 
Sua pergunta, estimado Ernest, sobre a possibilidade de filiação dos homossexuais à 
Sociedade, foi avaliada por nós e não concordamos com você. Com efeito, não podemos 
excluir estas pessoas sem outras razões suficientes [...] em tais casos, a decisão dependerá de 
uma minuciosa análise de outras qualidades do candidato. (LEWIS, 1988 citado por 
CECCARELLI, 2008, p.4) 
 
 Contudo, a posição freudiana em relação à questão não obteve consenso entre os analistas e, 
em 1921, a Associação Psicanalítica Internacional, através de uma decisão tomada no seio de seu 
³Comitê Secreto´, passou a proibir, definitivamente, que a profissão de psicanalista fosse exercida 
por homossexuais. 
  
  
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472  
 A partir daí, juntamente com as rivalidades narcísicas, acrescentaram-se questões críticas 
sobre a duração do tratamento, a definição da noção de inconsciente e o polêmico lugar da 
sexualidade para a Psicanálise. Como consequência, a associação acabou transformando-se numa 
organização centralizada e dotada de regras que, cada vez mais, se afastava do conjunto de 
conhecimentos fundamentais de Sigmund Freud (ROUDINESCO & PLON, 1998). 
 Na sequência, e por volta de 1930, o fenômeno da dissidência deu lugar às cisões e, a partir 
daí, eram os grupos que se enfrentavam. 
 Freud, por sua vez, isolado em Viena, mas célebre no mundo inteiro, prosseguiu com sua 
obra sem conseguir controlar a política de seu movimento. E a questão que ainda se apresenta, é 
que, apesar de todo o esforço de Freud para separar suas teorias das difundidas ideias classificatórias 
dos sexólogos da época, opondo-se a toda e qualquer forma de estigmatização desses sujeitos, o 
tema da homossexualidade ainda aparece, em muitos momentos, atrelado a um discurso 
contaminado pela moral sexual conservadora e pelo discurso médico curativo que julga o sujeito a 
partir de critérios comportamentais que excluem qualquer referência à subjetividade. 
 O fato é que, tanto hoje quanto na época de Freud, muitos psicanalistas abordam a 
homossexualidade a partir de critérios e crenças pessoais, revelando, de forma biologizante, uma 
interpretação do sujeito e da sexualidade pela via do normal X patológico. 
 
Desvios Teóricos e Técnicos 
Após todo o movimento a que, ao longo dos anos, assistimos contra a patologização da 
homossexualidade e contra a homofobia, e apesar de todo o esforço de Freud ao tratar a 
homossexualidade pelo viés do sujeito do inconsciente, valorizando a pulsão e admitindo todas as 
variações possíveis à sexualidade humana, encontramos, ainda hoje, uma retórica de argumentos 
psicanalíticos homofóbicos, calcados no ideal da heterossexualidade enquanto norma, que 
colaboram com a difusão do imaginário social da complementaridade dos sexos. 
Desconsiderando os aportes freudianos, psicanalistas contemporâneos, contaminados pela 
moral sexual conservadora e pelo discurso médico curativo ± com uma visão muito mais próxima à 
dos pré-freudianos do que do retorno a Freud promovido por Lacan ± (re)interpretam a 
KRPRVVH[XDOLGDGH� D� SDUWLU� GH� XPD� ³PDWXUDomR´� SXOVLRQDO� FDSD]� GH� UHFRQKHFHU� D� anatomia 
diferencial dos corpos e marcam o cenário atual com versões imaginárias, teóricas e técnicas, para 
abordar o tema. 
Foi a partir do século XX, logo após o motim de Stonewall, em 1969, que se iniciaram os 
protestos públicos contra a discriminação de homossexuais. Nesta época, a organização de ativistas 
gays, convencida de que as atitudes patologizantes da psiquiatria a respeito da homossexualidade 
tinham grande contribuição no estigma social, resolveu invadir, em 1970, e depois, novamente em 
1971, as reuniões anuais da Associação Psiquiátrica Americana (APA), a fim de protestar contra os 
danos causados pelos diagnósticos que conferiam à homossexualidade um caráter de distúrbio 
psiquiátrico (DRESCHER, 2008). 
  
  
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Em resposta ao protesto, e após uma revisão sobre a questão da homossexualidade que durou 
mais de 1 ano, a Associação Psiquiátrica Americana, em 1973, removeu a homossexualidade do 
DSM, influenciando outras grandes organizações de saúde mental. 
Na sequência da decisão da APA, as atitudes começaram a deslocar-se ao longo do mundo. 
Nos EUA, a partir da aprovação da Comunidade Internacional de Saúde Mental, a 
homossexualidade foi retirada do Manual de Classificação Internacional de Doença (CID). Em 
1981, o Conselho da Europa emitiu uma resolução proibindo aos países membros da Comunidade 
Europeia a criminalização da homossexualidade e instituindo direitos iguais. E, por fim, em 1991, a 
Organização Mundial de Saúde também deixa de considerar a homossexualidade como doença. 
Contudo, e por mais incrível que possa parecer, não poderia deixar de mencionar que, antes 
da remoção ser formalmente implantada pela Associação Psiquiátrica Americana, os analistas da 
Associação Psicanalítica Internacional (IPA) que haviam argumentado contra a mudança, fizeram 
um manifesto e apresentaram uma petição à APA, contestando a decisão do Conselho. O pedido, 
proveniente de uma reunião ocorrida na Associação Psicanalítica Americana (APsaA), incluía a 
assinatura de 200 membros que se 
posicionavam contra a retirada da 
homossexualidade da lista de doenças. 
Felizmente, a decisão final do Conselho 
para remover a homossexualidade foi 
(re)confirmada por uma maioria de 58% 
dos membros votantes da APA. 
(DRESCHER, 2008) 
De fato, a comunidade 
psicanalítica demorou mais tempo do que 
os outros para adotar esta perspectiva. 
Foi só em 1989, que a Academia 
Americana de Psicanálise adotou a 
política de não discriminação da 
orientação sexual, abrindo caminho para 
que, em 1991, em resposta a um processo por ameaça de discriminação, a Associação Psicanalítica 
Americana também aprovasse a política de não discriminação relativa à seleção de candidatos que, 
em 1992 ± ao ser revista ±, passou a incluir a seleção de professores, bem como a formação de 
analistas1 (DRESCHER, 2008). 
1R� HQWDQWR�� HVWD� ³UHJUD VLOHQFLRVD´� DLQGD� UHYHOD-se em distorções técnicas e teóricas, 
promovidas pela homofobia, muitas vezes escamoteada, mas ainda presente no discurso de analistas 
e na prática de instituições. 
Um claro exemplo em relação à distorção técnica é o da NARTH (The National Association 
for Research and Therapy of Homosexuality). A Associação Nacional de Pesquisa e Terapia da 
Homossexualidade afirma ser capaz de modificar a orientação sexual das pessoas com base na teoria 
psicanalítica. Esta organização, fundada em 1992 e inicialmente presidida por Charles Socarides, 
embora não tenha nenhuma ligação direta com a IPA, é composta por vários psicanalistas que são 
membros da Associação Psicanalítica Americana. 
A posição oficial da NARTH é que a homossexualidade é um transtorno tratável e, segundo 
6RFDULGHV��³RV�KRPRVVH[XDLV��QmR�LPSRUWD�R�VHX�QtYHO�GH�DGDSWDomR�H�GH�IXQFLRQDPHQWR�HP�RXWUDV�
iUHDV� GD� YLGD�� VmR� VHYHUDPHQWH� GHILFLHQWHV� QD� iUHD� PDLV� YLWDO�� DV� UHODo}HV� LQWHUSHVVRDLV´�� R� TXH�
  
  
http://www.uva.br/trivium/edicao1-dez-2010/artigos/3-as-homosexualidades-na-psicanalise.pdf 
  
474  
justifica seu entendimento de que a orientação homossexual, não só precisa como deve ser 
modificada, já que, segundo ele, o movimento gay é um destruidor dos direitos da sociedade 
(BERGGREN). 
Não é de se espantar que este procedimento homofóbico e contaminado por crenças 
importadas de uma moral sexual social, receba apoio, inclusive financeiro, de membros da direita 
radical religiosa, demonstrando a dificuldade,ainda existente, de se desvincular a teoria psicanalítica 
da crença pessoal que é formulada por esses discursos. 
Em geral, parece-nos que o cerne da questão dos desvios promovidos não repousa 
exclusivamente no mal-entendido da homossexualidade, mas antes e principalmente, na noção 
psicanalítica da sexualidade humana. 
Este panorama desviante, que apontamos com o caso da NARTH, é também encontrado, ou 
até embasado, no contexto de produções teóricas. Ao interpretarem as bases conceituais da 
Psicanálise de forma, senão homofóbica, no mínimo reducionista, alguns pós-freudianos ajudam a 
propagar o quadro de distorções encontradas na literatura analítica atual e promovem inúmeras 
versões para a noção psicanalítica de homossexualidade que acabam alicerçando a difusão de novas 
distorções técnicas. 
Com a proposta não só de denunciarmos, mas 
principalmente desfazermos tais equívocos, selecionamos duas 
versões da homossexualidade capazes de nos servir como 
exemplos de afirmativas teóricas incompatíveis com a 
Psicanálise. Lançarei mão, primeiramente, da versão 
reducionista da homossexualidade enquanto perversão proposta 
por Patrick Valas2 ± membro da Escola de Psicanálise Sigmund 
Freud em Paris ± para em seguida, apresentar a versão 
biologizante da sexualidade, tal como compreendida por 
Waldemar Zusman3 ± membro da Associação Psicanalítica Rio 
3. 
Tomado como primeiro exemplo, Patrick Valas, em seu 
livro Freud e a Perversão, nos relata ter seguido, passo a passo, 
a ordem cronológica dos textos freudianos com o intuito de contribuir para o conhecimento da 
gênese da perversão. No entanto, o autor parece-nos não ter percebido a essência estrutural do 
conceito e, após esse extenso trabalho, confunde escolha de objeto com escolha de estrutura, 
identificando a homossexualidade atrelada à perversão. 
Valas, ao promover um recorte de dois textos freudianos ± As teorias sexuais infantis 
(FREUD, 1908/1996) e Leonardo Da Vinci e uma lembrança de sua infância (FREUD, 1910/1996) 
± conclui seu livro constituindo a base da perversão a partir da feminilização do sujeito por 
identificação à mãe fálica e sua consequente escolha de objeto homossexual: 
 
 
O objeto é escolhido em função da relação do sujeito com a castração, cuja sorte é decidida 
na dialética edipiana. Quando a castração é desmentida, o objeto é marcado pelo traço deste 
desmentido: mãe fálica, à qual se substitui a mulher falicizada pelo fetiche, ou então o 
próprio objeto é portador do pênis falicizado, ele é um duplo narcísico do sujeito 
homossexual. (VALAS, 1990, p.112) 
 
Ao atribuir o horror proveniente da ausência do pênis na mulher enquanto razão 
determinante da escolha de objeto do homossexual masculino, o autor nega a ameaça de castração 
  
  
http://www.uva.br/trivium/edicao1-dez-2010/artigos/3-as-homosexualidades-na-psicanalise.pdf 
  
475  
enquanto geradora de angústia em todos os sujeitos ± sejam eles homens ou mulheres ± e recorre à 
anatomia para entender a perversão. Na mão contrária à de Freud, o que Valas propõe é uma 
substituição do desmentido da castração ± próprio da estrutura clínica da perversão ± por um 
discurso que, utilizando o imaginário do corpo, identifica o pênis do objeto escolhido pelo sujeito 
como aparato fálico capaz de desmentir a castração e sustentar toda homossexualidade masculina 
enquanto perversa. 
Certamente, o autor, assim como ocorre nas sociedades patriarcais, transforma o falo ± 
enquanto significante da falta ± em símbolo de poder e completude. Contudo, foi justamente para 
sanar este corrente intrincamento que Lacan alertou para a definição do falo como significante que 
marca a distância existente entre o símbolo e sua encarnação imaginária; ou seja, a anatomia ± 
suporte imaginário presente na fantasia ± não deve ser confundida com o estatuto simbólico das 
funções e das posições de desejo em relação ao significante fálico: 
 
O falo é aqui esclarecido por sua função. Na doutrina freudiana, o falo não é uma fantasia, 
caso se deva entender por isso um efeito imaginário. Tampouco é, como tal, um objeto 
(parcial, interno, bom, mau etc.), na medida em que esse termo tende a prezar a realidade 
implicada numa relação. E é menos ainda o órgão, pênis ou clitóris, que ele simboliza. [...] 
Pois o falo é um significante [...] ele é o significante destinado a designar, em seu conjunto, 
os efeitos de significado, na medida em que o significante os condiciona por sua presença de 
significante. (LACAN, 1966/1998, p.696-697) 
 
Eis o que Lacan articula da função do 
falo, falo em sua função de significante que 
captura o sujeito humano e produz a hiância 
inerente ao ser falante que se apresenta com o 
desejo errático, desviante da necessidade 
biológica. Trata-se, com efeito, da 
incompletude fundamental do ser humano 
enquanto ser de linguagem, do falo enquanto 
significante privilegiado na ordem simbólica, 
que não é representável e, portanto, jamais 
reduzido ao órgão sexual masculino. Logo, 
ninguém é possuidor do falo.   
O falo, enquanto significante da falta, ao ser retomado por Lacan, não só afasta qualquer 
sustentação anatômica atribuída a ele, como permite desfazermos equívocos decorrentes do 
imaginário ideal ou de uma leitura demasiado simplista de determinado momento do trabalho de 
Freud. 
 
Não nego o fato de que, ao recortarrmos a obra freudiana, possamos correr um grande risco 
de entendermos certos conceitos de forma incompleta e equivocada; no entanto, o que na presente 
versão chama maior atenção, e por isso questionamos, é o porquê de o autor, que se propôs a fazer 
um levantamento da obra freudiana sobre a perversão, sequer ter citado o texto sobre o Fetichismo 
(FREUD, 1927/1996), em que Freud não só conclui seu entendimento da estrutura, como afirma 
FDWHJRULFDPHQWH�TXH�R�IHWLFKH�p�XPD�GHIHVD�FRQWUD�D�KRPRVVH[XDOLGDGH��2�IHWLFKH�³WDPEpP�VDOYD�R�
fetichista de se tornar homossexual, dotando as mulheres de características que as tornam toleráveis 
FRPR�REMHWRV�VH[XDLV´��)5(8'������/1996, p.157). 
Jacques  Lacan    
  
  
http://www.uva.br/trivium/edicao1-dez-2010/artigos/3-as-homosexualidades-na-psicanalise.pdf 
  
476  
Ao observar que o protótipo do fetiche é o mesmo em todos os casos e que se refere a um 
substituto do pênis da mulher (mãe) que deveria ter sido abandonado e que, no entanto, é preservado 
da extinção, Freud nos apresenta o conceito de Verleugnung e marca o desmentido enquanto 
mecanismo de defesa capaz de manter um tipo de negação específica, em que se nega algo já 
afirmado anteriormente. 
A complexidade deste conceito ± muitas vezes (re)significado pelas diferentes traduções4 ± 
suscita a necessidade de um estudo aprofundado do tema. Como alertado por André Bourguignon, 
em O conceito de renegação em Freud (BOURGUIGNON, 1991) ± seu importantíssimo estudo 
sobre a genealogia conceitual da Verleugnung na obra freudiana ± D�WHRULD�SVLFDQDOtWLFD��HPERUD�³Má 
com meio século de idade, tem algumas dificuldades para evoluir e se transformar, como deveria 
ID]HU��GHVGH� D�PRUWH�GH� VHX� IXQGDGRU´��(� DFUHVFHQWD�� ³(VVD� VLWXDomR� DFDUUHWRX�QXPHURVRV�GHVYLRV�
teóricos nas mais diversas direções, sem que nenhum deles tenha produzido um consenso no seio da 
comunidade psicanalítica, consideradas todas as tendências.´��%285*8,*121��������S���. 
De fato, o cenário múltiplo deste conceito ainda permanece. No entanto, selecionamos dentre 
as várias traduções a que nos pareceu mais fidedigna à ideia atribuída a essas duas atitudes, o sim e 
o não, que persistem lado a lado e representam um novo mecanismo de cisão do ego: Desmentido5. 
Com o conceito de desmentido, Freud estabeleceu uma diferença estrutural no que tange a 
formapela qual o sujeito desvia-se das exigências aflitivas expressando simultaneamente duas 
premissas contrárias: 
 
Seja o que for que o ego faça em seus esforços de defesa, procure ele negar uma parte do 
mundo externo real ou busque rejeitar uma exigência pulsional oriunda do mundo interno, o 
seu sucesso nunca é completo e irrestrito. (FREUD, 1940[1938]/1996, p.217) 
 
Freud identifica na perversão um funcionamento psíquico particular que lhe possibilita 
concluir que, enquanto na psicose a foraclusão faz com que o sujeito perca a realidade de forma 
completa e eficaz, no caso do recalque na neurose e do desmentido da perversão, este desligamento 
nunca alcança êxito completo. Seguramente, ficou também evidenciado que a escolha de estrutura ± 
neurose, psicose, perversão ± não tem relação alguma com a escolha de objeto; mas sim, com a 
maneira pela qual se nega a castração simbólica que ameaça e angustia o sujeito, seja ele homem ou 
mulher. 
Logo, focados na proposta de desconstrução dos desvios teóricos, afirmamos a 
homossexualidade enquanto modalidade do sexual e asseguramos que, para a Psicanálise, o sujeito ± 
seja ele heterossexual, bissexual ou homossexual ± pode fazer uma escolha de estrutura neurótica, 
psicótica ou perversa. Fato que desfaz de forma completa e inequívoca a versão proposta por Patrick 
Valas ao identificar todo homossexual com a perversão. 
Tomando agora nosso segundo exemplo, cito Waldemar Zusman e seu entendimento da 
sexualidade a partir do padrão normativo heterossexual. Segundo o autor, ³D� DWLYLGDGH� Vexual se 
impõe aos seres humanos, bem como aos animais, sem se importar com o fato de que a chamemos 
LQVWLQWR�RX�SXOVmR´��=860$1��������S��-8). 
Esta visão biologizante, além de reduzir a Trieb freudiana ao instinto sexual, sustenta a 
versão de Zusman sobre a identificação do homossexual com a mãe enquanto fator responsável pela 
fixação anal e sua respectiva passividade. Apoiado na noção biológica das fases da libido em 
detrimento das fases da linguagem, o autor faz existir o Objeto capaz de completar o sujeito e, 
  
  
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477  
assim, sustenta sua crença de que a homossexualidade seria um desvio da norma por não ter se 
subordinado à primazia genital (ZUSMAN, 1997). 
Freud, ao nos apresentar a concepção psicanalítica de sexualidade, lançou mão da pulsão e 
do inconsciente para caracterizar a especificidade do ser humano. Lacan, em seu retorno a Freud, 
estruturou o inconsciente como linguagem e marcou a pulsão como efeito da demanda do Outro 
sobre o sujeito. A partir de então, qualquer redução da pulsão ao instinto desloca a questão da 
sexualidade para um campo que não é o campo da Psicanálise. 
Esta é a proposta de Zusman ao igualar o ser humano aos animais, articular a Psicanálise a 
um campo biológico que submete o sujeito às fases de maturação do organismo necessárias para a 
condução do órgão genital ao objeto do sexo oposto para a procriação. 
Desfaçamos os equívocos: a libido, tal como apresentada por Freud, é uma energia sexual 
que impulsiona (a pulsão) a partir do desejo. As fases de desenvolvimento pelas quais ela passa 
(oral, anal etc.) referem-se à ação da linguagem sob determinada região corporal descrita por Freud 
como zona erógena. As zonas erógenas, por sua vez, só se tornam erógenas pela ação da linguagem 
em determinado orifício corporal, TXH�� ORQJH�GH�VH�³IL[DU�SDWRORJLFDPHQWH´��HVSDOKD-se por todo o 
corpo e o transforma num corpo pulsional. 
Ao ser humano, enquanto sujeito dividido pelo efeito da linguagem, o que importa é a 
dimensão do Outro: ³Não há nenhuma relação de engendramento de uma das pulsões parciais à 
seguinte. A passagem da pulsão oral à pulsão anal não se produz por um processo de maturação, 
mas pela intervenção de algo que não é do campo da pulsão ± pela intervenção, o reviramento, da 
demanda do Outro�´ (LACAN, 1964/1998, p.171). 
Não havendo nenhuma metamorfose natural de uma pulsão à outra, Lacan enfatiza que é na 
circularidade, no vaivém do movimento pulsional ± que sai através da borda e a ela retorna como 
sendo seu alvo depois de ter contornado o objeto a ± que se situa a dimensão do Outro. Será nesta 
dialética pulsional, marcada pela falta de objeto, que o sujeito fará sua entrada na linguagem através 
da apreensão dos significantes da mãe que nomeiam e permitem sua inserção no mundo simbólico 
dos seres falantes. O sujeito nasce no que, no campo do Outro, surge o significante. 
Sob esse prisma, também se esclarece que a atividade-passividade atribuída por Freud à 
pulsão é justamente a constância desse movimento pulsional, e não uma passividade respectiva a 
uma fixação da pulsão anal, como propõe o autor. 
 
 
Desfazendo Equívocos 
Se retornarmos a Freud, que de certa forma também se respaldou na biologia para tentar 
esclarecer a distinção anatômica entre os sexos, baseando-se no complexo de Édipo e no complexo 
de castração para referir-se à presença ou ausência do pênis como marco referencial de uma 
posterior posição subjetiva, verificaremos que, de forma análoga, o autor não desconhece na 
VH[XDOLGDGH�DOJR�TXH� LQGHSHQGH�GD�ELRORJLD��2�SUySULR�FRQFHLWR�GH�SXOVmR��DWUHODGR�DR�³FRPSOH[R�
GR�SUy[LPR´��SRGH�QRV�Gemonstrar que desde os primórdios da infância, o bebê, ao condicionar sua 
sobrevivência à mãe, está, na realidade, restringindo sua existência à presença do desejo do Outro 
primordial e, assim, conferindo plasticidade à constituição de seu corpo na relação com esse desejo. 
Esta questão nos leva a refletir que: se o desejo do sujeito e o corpo biológico do sujeito não 
estão intimamente relacionados, isso se dá pela plasticidade pulsional, a qual tem como único 
objetivo a satisfação. Desta forma, podemos afirmar que a pulsão não reconhece a anatomia do 
corpo e que o desejo se dá independentemente desta. 
  
  
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Logo, verificamos que a escolha de objeto não tem nenhuma relação com a anatomia do 
sujeito e muito menos com a escolha de posição sexuada na partilha dos sexos. Ou seja, um homem 
biológico (posse do pênis) que se situa ou se reconhece como homem enquanto sua posição sexuada, 
tem como possibilidade de escolha um homem biológico ou uma mulher biológica para ocupar o 
lugar de seu desejo de satisfação enquanto objeto de amor. Então, não temos nenhuma relação que 
resulte de uma posição feminina ou masculina definida a partir do sexo biológico de seu objeto de 
escolha. 
 Portanto, a partir do reconhecimento do desejo inconsciente, da plasticidade pulsional, da 
bissexualidade originária, da fantasia e da falta constitutiva do sujeito, não podemos nos satisfazer 
com o apoio anatômico enquanto suporte do pênis/falo como o único responsável pela subjetividade 
e pela posição do sujeito enquanto ser de escolhas. 
Façamos um retrocesso: por que o falo ± com seu valor simbólico ± é equivalente ao pênis ± 
com sua característica anatômica? Este é o ponto que nos parece causar um dos principais equívocos 
trazidos por alguns pós-freudianos quando confundem o suporte da diferença fálico/castrado na 
relação parental ± claramente descrita por Freud ± e a função dos genitores na procriação ± derivada 
do modelo fálico/posse do genital. 
Certamente, nas sociedades patriarcais, o falo enquanto marca da falta foi transformado em 
símbolo de poder e completude: o homem, enquanto possuidor de um pênis, é também possuidor do 
falo. No entanto, temos que ter em mente que a anatomia é o suporte imaginário presente na fantasia 
e que esta não deve ser confundida com o estatuto simbólico das funções e das posições de desejo 
em relação ao significante fálico. 
Portanto, ninguém é possuidor do falo, já que este é da ordem do simbólico, da incompletudefundamental do ser humano e jamais poderá ser reduzido ao órgão sexual masculino. 
Peguemos, então, o gancho e voltemos nossa atenção para o fundamento que nos permite 
distinguir as posições masculina e feminina. 
Deixemos claro: Freud, ao falar de atividade, refere-se a uma maior quantidade de libido 
investida no objeto. Em contraposição, ao falar de passividade, aponta para uma maior quantidade 
de libido investida no eu. Assim, podemos começar a concluir que a libido masculina, no homem ou 
na mulher, representa um movimento de maior investimento no objeto, independentemente de este 
ser homem ou mulher. 
Desta forma, se a libido, em si, é ativa, o feminino e o masculino, enquanto pulsionais, estão 
sempre presentes em diferentes medidas no homem e na mulher. Ou seja, ao tratarmos de uma 
concepção dinâmica, ora nos mobilizamos em direção ao objeto, ora nos fazemos objeto para o 
outro. 
Sob esse prisma, a busca pela satisfação pulsional em uma ou outra posição será sempre um 
movimento de caráter ativo, pois, mesmo se tratando de um gozo da posição passiva, é de uma 
passividade ativamente produzida que se trata. 
Nesse sentido, deixa de existir a anatomia que privilegiava a mulher feminina e passiva em 
oposição ao homem masculino e ativo, passando a operar uma dinâmica pulsional circulante entre as 
posições, sem nenhuma restrição quanto ao sexo biológico que ocupará tal lugar em determinado 
momento. 
$OpP� GR�PDLV�� DR� UHH[DPLQDUPRV� D� TXHVWmR�� SHQVDQGR� FRP�/DFDQ� D� SDUWLU� GDV� ³)yUPXODV�
TXkQWLFDV�GD�VH[XDomR´, apresentadas no Seminário 20 - Mais, ainda -, observaremos que o destaque 
dado pelo autor ratifica que, na escolha do sexo, não devemos confundir a escolha da posição 
sexuada, dentro da partilha dos sexos, com a escolha do objeto enquanto possibilidade de desejar um 
  
  
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homem ou uma mulher. Esta teorização da diferença sexual separa-se radicalmente da diferença 
anatômica, há uma reversão indispensável para nosso entendimento da teoria, pois Lacan faz cair o 
PDFKR� H� D� IrPHD� H� QRV� SURS}H� IRUPDV� GLVWLQWDV� GH� JR]R�� R� ³JR]R� IiOLFR´�� TXDOLILFDGR� GH�
³PDVFXOLQR´�� TXH� p� R� JR]R� VH[XDO� SURSULDPHQWH� GLWR�� SDUFLDO� H� OLPLWDGR� SHOR� VLJQLILFDQWe, para 
KRPHQV�H�PXOKHUHV��H�R�³JR]R�IHPLQLQR´, que está para além do falo. 
Portanto, o que precisa ser entendido em termos de definição para que não se possa justificar 
GHVYLRV� WHyULFRV� FRPR�RV� DSUHVHQWDGRV� SHORV� DXWRUHV� DTXL� FLWDGRV�� p� TXH� RV� WHUPRV� ³$WLYLGDGH´� H�
³3DVVLYLGDGH´� GHVLJQDP� respectivamente a maior quantidade de libido investida no objeto ou a 
PDLRU� TXDQWLGDGH� GH� OLELGR� LQYHVWLGD� QR� HX�� (� RV� WHUPRV� ³0DVFXOLQR´� H� ³)HPLQLQR´� HVWmR�
relacionados à dinâmica pulsional, pela qual o sujeito se posiciona perante o desejo e os objetos, 
escolhendo ora o movimento de amar, ora o de ser amado. 
Logo, podemos concluir que um indivíduo, homem ou mulher biológico (pênis/vagina), 
independentemente de sua escolha de posição sexuada ± enquanto interpretação do desejo do Outro 
± como homem ou mulher, sempre terá uma libido 
ativa como força motriz de sua vida sexual, 
independentemente de sua finalidade pulsional ± 
enquanto dinâmica ± ter um maior objetivo 
masculino/amar ou feminino/ser amado por um objeto 
biologicamente definido como homem ou mulher. 
Assim, a homossexualidade é apenas mais uma 
possibilidade de encontro, a partir das múltiplas 
escolhas do sujeito, e o que por fim consideramos 
necessário ser destacado é o dever da Psicanálise de 
mostrar que esse dito saber sexual unificado pelo 
sistema de valores morais não corresponde à realidade, já que a pretensa naturalidade desejante 
correspondente à anatomia diferencial dos corpos não condiz com o subjetivo inerente a qualquer 
escolha do sujeito, já que a relação sexual, enquanto pré-determinada entre pulsão e objeto, não 
existe. 
 
Conclusão 
 Como vimos, no início do século XX, Freud subverteu o saber da época ao apresentar a 
publicação do livro Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905). O autor revolucionou a 
concepção de sexualidade humana ao indicar a falta de objeto, apontando para o fato de que não há 
uma naturalidade desejante correspondente à anatomia diferencial dos corpos e afirmando não haver 
nenhuma articulação entre o biológico e o subjetivo nas escolhas do sujeito. 
Entretanto, verificamos que o saber psicanalítico apresenta-se, muitas vezes, atravessado por 
outros discursos, que, calcados em aspectos ideológicos, acarretam transmissões teóricas que 
substituem a ética do desejo pelo imaginário social de uma moral sexual encarnada no casamento 
heterossexual, visando à procriação. 
(VWD� SROrPLFD� IRL� HYLGHQFLDGD� GHVGH� D� GHFLVmR� GR� ³&RPLWr� 6HFUHWR´� GD� $VVRFLDomR�
Psicanalítica Internacional (IPA), liderado por Ernest Jones, em 1921, ao proibir definitivamente que 
a profissão de psicanalista fosse exercida por homossexuais. Desde então, nos deparamos com 
movimentos que normatizam a análise, o analista e o desejo do sujeito, vindos de diversas escolas de 
Psicanálise, que contribuem enormemente para a discriminação da homossexualidade e apontam 
para a falta de consenso entre os pós-freudianos a respeito do tema. 
  
  
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Freud, de fato, nunca separou os homossexuais dos outros seres humanos ou os classificou 
como perversos, nem vislumbrou qualquer possibilidade ou necesVLGDGH�GH�³FXUD´��DGPLWLQGR��SRU�
consequência da bissexualidade constitucional humana, a existência da homossexualidade em estado 
latente em todos os heterossexuais. Lacan, por sua vez, também se posicionava contra a homofobia 
e, em sua prática clínica, revelou-se um emancipador, ao ser o primeiro psicanalista a permitir que 
os homossexuais também se tornassem psicanalistas. 
No entanto, nem mesmo a posição de seu fundador foi capaz de repreender a homofobia 
promovida pela IPA, inicialmente liderada por Jones e atualmente manifesta em discursos 
escamoteados, distorcidos, ou, como sugerido por Elisabeth Roudinesco, denegados, em versões 
desviantes promovidas por psicanalistas que ± após a manifestação de 1997, no Congresso de 
Barcelona6 ± não mais ousaram confessar sua homofobia: ³O desagradável é que os psicanalistas 
homofóbicos pretendem falar em nome da psicanálise, em nome de Freud ou de Lacan, ao passo que 
não fazem senão exprimir sua opinião de cidadão. Daí as críticas que lhes são dirigidas 
>���@´��528',NESCO, 2009, p.67). 
Assim, fica claro perceber que o cenário atual revela, cada vez mais, um afastamento do 
conjunto de ensinamentos fundamentais de Sigmund Freud que se desencadeiam em consequências 
clínicas. É uma roda viva que precisa ser freada, pois estes analistas que difundem discursos 
calcados no imaginário pessoal também promovem uma clínica guiada pela moral; e com isso, quem 
sofre essa violência homofóbica é o sujeito. É preciso sanar esse movimento no campo da 
Psicanálise. 
Sem dúvida, esse tema, que suscita uma grande quantidade de questões na prática clínica, 
nos exige repensar a responsabilidade do analista frente ao sujeito, que é sempre sujeito de desejo, 
mesmo que atravessado pela angústia promovida pela moral sexual difundida no social. Daí se 
reforça a necessidade da compreensão psicanalítica da sexualidade humana e de uma clínica 
centrada na ética do desejo. Importância também vigorada por Roudinesco: ³[..] é preciso tomar 
partido em prol dos homossexuais contra todas as discriminações das quais são vítimas. Se a 
psicanálise quer permanecer freudiana, deve prosseguir a missão civilizadora e emancipadora de que 
estava imbuída em sua origem.´ (ROUDINESCO, 2009, p.69). 
É por acreditarmos que a promoção de versõesteóricas desviantes no entendimento da 
homossexualidade tem efeitos clínicos na condução do tratamento analítico ± suprimindo a fala do 
VXMHLWR��SURPRYHQGR�D�³FXUD´�GD�KRPRVVH[XDOLGDGH�H�DXPHQWDQGR�R�SUHFRQFHLWR�HP�UHODomR�D�HOD�± 
que nosso objetivo vem se justificar pela desconstrução dos equívocos e desvios que têm como 
resultado uma aplicação da PVLFDQiOLVH� FRPR� IRUPD� GH� ³DGDSWDomR´� H� ³QRUPDWL]DomR´� GR� VXMHLWR; 
assim contribuindo para a ruptura da clínica da moral e sustentando a clínica do desejo, baseada na 
ética da Psicanálise. 
De fato, a resistência à Psicanálise permanece tão viva quanto a necessidade de 
denunciarmos e desfazermos os desvios teóricos dela advindos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
  
  
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NOTAS 
 
1. Considerações sobre a particularidade norte-americana relativa à formação analítica e ao consórcio psicanalítico 
encontram-se amplamente descritas em Lacan e a formação do analista (JORGE, 2006). 
2. Na época do lançamento do livro aqui referido, Patrick Valas era membro da Escola da Causa Freudiana em Paris. 
3. Na época da publicação do artigo aqui referido, Waldemar Zusman era membro da Sociedade Brasileira de 
Psicanálise do Rio de janeiro. 
4. As traduções de Verleugnung comumente encontradas são: renegação, recusa da realidade da castração e desmentido. 
5. O psicanalista francês Guy Rosolato propôs traduzir ³Verleugnung´�SRU�GHVPHQWLGR��désaveu) e, assim, melhor 
caracterizar, no campo psicanalítico, a dupla operação ± reconhecimento e recusa ±, típica da estrutura perversa, e que, 
até então, havia sido comumente confundida com o conceito de denegação. (ROUDINESCO & PLON, 1998) 
6. Congresso onde ocorreu a primeira manifestação de psicanalistas membros da IPA, ao se declararem abertamente 
homossexuais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS: 
 
 
 
ALBERTI, S. (2008). A sexualidade na aurora do século XXI. Rio de Janeiro: Cia de Freud: 
CAPES. 
BERGGREN, N. How does psychoanalysis view homosexuality? 
http://hem.passagen.se/nicb/psychoanalysis.htm. Acesso em 13 de junho de 2009. 
 
BOURGUIGNON, A. (c1991). O conceito de renegação em Freud e outros ensaios. Rio de janeiro: 
J. Zahar. 
 
CECCARELLI, P. R. (2008). A invenção da homossexualidade. Revista Bagoas, n. 2. p.71-93. 
 
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DRESCHER, J. (2008). A History of Homosexuality and Organized 
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443-460. 
 
FREUD, S. (1996). Edição standard brasileira de obras completas de Sigmund Freud. Rio de 
Janeiro: Imago. (1925) ³Algumas conseqüências psíquicas da distinção anat{PLFD�HQWUH�RV�VH[RV´� 
  
  
http://www.uva.br/trivium/edicao1-dez-2010/artigos/3-as-homosexualidades-na-psicanalise.pdf 
  
482  
�������³µ8PD�FULDQoD�p�HVSDQFDGD¶��XPD�FRQWULEXLomR�DR�HVWXGR�GD�RULJHP�GDV�SHUYHUV}HV�VH[XDLV´. 
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(1906[19��@�� ³Minhas teses sobre o papel da sexualidade na etiologia das neuroses´�� ������� ³A 
psicogênese de um caso de homossexualismo numa mulher´� (1923��³$ organização genital infantil: 
uma interpolação na teoria da sexualidade´. (1931) ³Sexualidade feminina´. ������� ³Sobre as 
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Recebido em: 15 de outubrode 2010 
Aprovado em: 17 de novembro de 2010

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