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O PERFIL DA CRIMINALIDADE NO SEC 21

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA 
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS 
CURSO DE PSICOLOGIA 
MARLUCIA SILVA ALVES 
PRISCILA IOZELINA SILVEIRA DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE 
PSICOLOGIA DIANTE DA CRIMINALIDADE DO SÉCULO XXI: O 
Criminoso, Prisão e Sistema Carcerário 
Belo Horizonte 
2018 
 
MARLUCIA SILVA ALVES 
PRISCILA IOZELINA SILVEIRA DE OLIVEIRA 
A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE PSICOLOGIA DIANTE 
DA CRIMINALIDADE DO SÉCULO XXI: O Criminoso, Prisão e Sistema 
Carcerário 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de 
Psicologia do Centro Universitário UNA, como requisito 
para obtenção do título de bacharel em Psicologia. 
Orientadora: Cristina Maria Ribeiro de Oliveira 
 
Belo Horizonte 
2018 
 
 
DEDICATÓRIA 
Em primeiro lugar dedicamos esse trabalho a Deus. Aos nossos familiares por mais 
essa conquista. Pelo grande incentivo, carinho e apoio dedicamos aos nossos pais; 
Luzia Silveira de Faria Campos, Alexandre Cabral Campos, Amado Silvio Alves 
Santana “In Memorian”, Maria de Jesus da Silva Alves. 
Aos nossos filhos Lorenzo Silveira e Emily da Silva Ribeiro. 
Vocês são tudo para nós obrigado por fazerem parte das nossas vidas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Agradecemos primeiramente a Deus, por nos capacitar para a realização deste 
trabalho em nossa formação; sem ele nada seríamos. 
Agradecemos aos nossos pais e familiares, que nos apoiaram durante essa longa 
jornada, nos incentivando a jamais desistir. 
Agradecemos aos colegas de turma, que hoje se tornaram nossos grandes amigos e 
companheiros de luta nessa caminhada. 
Agradecemos pelos conflitos que existiram durante todo esse tempo, pois eles se 
fizeram necessários para nosso crescimento pessoal, profissional e para o 
desenvolvimento de nossa futura profissão e trabalho em equipe. 
Enfim, agradecemos a todas as pessoas que representam uma grande importância 
em nossa trajetória, que de alguma forma contribuíram para a realização deste 
objetivo. 
 
“Os poderosos podem matar uma, duas 
ou três rosas, mas jamais conseguirão 
deter a primavera”. 
Che Guevara 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 RESUMO 
O presente trabalho aborda a atuação do profissional de psicologia que, utilizando- se 
de vários conceitos inerentes ao seu campo laboral, pode contribuir significativamente 
na assistência a pessoas encarceradas que enfrentaram problemas no sistema 
prisional, desde a sua entrada e permanência até sua reinserção social após 
cumprimento da pena, em diferentes aspectos. A inserção do psicólogo no sistema 
prisional surge a partir do momento em que se iniciam as discussões sobre a 
importância das contribuições desse profissional para o resgate e ressocialização do 
preso, frente às consequências do período carcerário. É notória a importância de que o 
profissional de psicologia saiba gerir tais conflitos e entenda como eles exercem 
influência no comportamento individual, coletivo e no âmbito social. No acolhimento de 
um ambiente de escuta, o psicólogo busca proporcionar que tais indivíduos exponham 
suas dúvidas, angústias e temores relativos ao período prisional, sendo comum se 
depararem com situações de preconceito e afastamento social. Muitos foram os 
escritores a abordarem este tema. São relatados alguns conceitos de autores 
diferenciados, a partir de estudos investigativos de obras literárias e artigos científicos 
sobre o tema. Enfim, a abordagem do tema, resultante da coleta e análise dos dados, 
vem reforçar, por meio deste estudo, a necessidade de direcionamento a uma nova 
conscientização, com sugestões, recomendações e indicação de alternativas concretas. 
Destaca-se, por fim, a questão de como o profissional de psicologia pode auxiliar na 
superação de situações difíceis, provendo todo o apoio emocional, moral e psicológico 
que uma pessoa possa receber, atrelada à subjetividade num nível histórico-cultural, no 
qual as funções psíquicas são processos permanentes de sentimentos. 
Palavras chaves: Psicologia, Penitenciária, Ressocialização, Subjetividade. 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
The present work seeks to study how the psychology professional obtains important 
contributions of how to implement several concepts, aiming to help incarcerated people 
who have faced problems in the prison system, from their entrance, permanence and 
their social insertion after punishment fulfilled, in different aspects. The insertion of the 
psychologist in the prison system arises from the moment of discussing the importance 
of the role of the psychology professional for contributions in the rescue of 
resocialization, in view of the consequences of the prison period. It is well known that it 
is important for the psychology professional to know how to best manage such conflicts 
and to understand how they influence individual, collective and social behavior. In the 
reception of a listening environment, it seeks to provide that such individuals can expose 
their doubts, anxieties and fears regarding the prison period, as a consequence of the 
results of these facts, that some cases occur prejudices and social withdrawal. Many 
writers have addressed this issue. Some concepts of different authors are reported, from 
research studies on literary works, scientific articles on the subject. Finally, the approach 
to the theme, resulting from the collection and analysis of data, adds to this study the 
need for a new awareness, with suggestions, recommendations and indication of 
concrete alternatives. In the pretension of highlighting the question of how the 
psychology professional can overcome difficult situations and consider helping, 
emotional with all moral and psychological support that a person can receive, tied to 
subjectivity on a historical- cultural level, in which psychic functions are permanent 
processes of feelings. 
 
Keywords: Psychology, Penitentiary, Resocialization, Subjectivity. 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9 
1.2 Objetivo Geral .................................................................................................... 12 
1.3 Objetivo específico ........................................................................................... 12 
1.4. Justificativa ....................................................................................................... 12 
2 METODOLOGIA .................................................................................................... 14 
3 SISTEMA PRISIONAL E CONTROLE SOCIAL .................................................... 15 
3.1 Aspectos Gerais: Suplício, castigo e punição ................................................ 15 
3.2 A Prisão e o isolamento social ......................................................................... 17 
3.3 O Sistema carcerário atual e suas formas de controle disciplinar ............... 19 
4 O IMPACTO DO ENCARCERAMENTO NA SUBJETIVIDADE DO SUJEITO ..... 23 
4.1. Subjetividade em transformação na prisão ........................................................ 23 
5 PRATICAS DA PSICOLOGIA NO SISTEMA PENITENCIÁRIO ........................... 32 
5.1. Contextualizando a Psicologia: breve história .............................................. 32 
5.2 Papel fundamental da Psicologia no comportamento humano .................... 33 
6 OS DESAFIOS E AS PRÁTICAS DA PSICOLOGIA NO SISTEMA PRISIONAL . 35 
7 CONSIDERAÇOES FINAIS .................................................................................. 46 
REFERENCIAS ......................................................................................................... 49 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
1 INTRODUÇÃO 
A realidadecarcerária atual tem se mostrado uma preocupação coletiva, tanto por parte 
da sociedade como de diversos profissionais da área da psicologia. Incompatível com o 
conceito de ressocialização, o atual sistema prisional passa por questionamentos 
profundos, em virtude das condições a que são submetidos os prisioneiros. Tais 
questionamentos ocorrem, sobretudo, pelo fato de que em diversos sistemas 
carcerários os direitos dos detentos não são preservados, influenciando diretamente na 
subjetividade e no seu comportamento. 
Em uma breve análise histórica sobre o surgimento da prisão, e como cada época 
instituiu suas próprias leis penais e suas punições até o surgimento dos princípios 
humanitários, percebe-se que houve, e ainda permanece, uma aposta na reintegração 
dos prisioneiros na sociedade. Trazer a responsabilidade do profissional de Psicologia, 
juntamente com a sociedade, na reintegração social do encarcerado, é um desafio para 
ambos (FOUCAULT, 1997). 
Verifica-se que em cada situação há uma questão comportamental, cultural e emocional 
diferenciada. Nesse sentido, cabe mencionar uma retrospectiva das penas que 
antecedem o encerramento do suplício, castigo e punições. Apresentaremos como 
exemplo o suplício de Damiens, esquartejado diante da porta principal da igreja de 
Paris (FOUCAULT, 1997). 
A psicologia compreende que cada pessoa é um ser singular e que tem necessidades 
particulares; nesse sentido, a humanização passa para além do conceito teórico, e nos 
 
10 
convoca a refletir nas práticas que valorizam sua aplicação no sistema penitenciário. 
Presume-se, desse modo, considerar a essência do ser, o respeito à subjetividade e a 
necessidade de se construir um espaço nas instituições penitenciárias que visem ao 
componente humano das pessoas envolvidas. 
Assim, faz-se necessária uma revisão e leitura, desde a evolução da pena do suplício dos 
condenados do século XVIII até o encarceramento atual, levando em consideração que o 
objetivo da prisão é a ressocialização do prisioneiro na sociedade. Entretanto, vale refletir 
se poderá, então, se tornar contraditório privar uma pessoa de liberdade do convívio 
social, para que a mesma aprenda a viver em sociedade. Assim, na medida em que tal 
análise se mostra fundamental, a preocupação em torno dos direitos dos prisioneiros e de 
um olhar humanizado no cumprimento da pena se faz cada vez mais necessária (DOTTI, 
1998). 
Segundo CAXITO (2006), o que podemos observar nos presídios é a existência de um 
sistema que subjuga a uma posição de inferioridade o sujeito, onde o mesmo fica 
submetido a desmandos e atrocidades, perdendo a sua própria essência de pessoa 
humana. Consequentemente, estando ali encarcerado, sua subjetividade é afetada, e 
suas crenças e valores pessoais transformados por tais experiências e histórias de vida. 
Essa subjetividade somente sobreviverá enquanto o indivíduo se mantiver ligado a uma 
sobrevivência social, vivenciando valores, ideias, emoções, dentre outros, a partir de 
relações sociais e manifestações afetivas. 
Dando sequência à proposta levantada pelo estudo, o tem sobre o papel do psicólogo 
11 
em situações adversas é discutido há muito tempo. A não ressocialização dos prisioneiros 
no sistema penitenciário, e sua influência na subjetividade, afeta diretamente o 
comportamento do preso. Registros históricos sobre o comportamento e a conduta 
humana fascinam até os dias atuais (CAXITO, 2006). 
A falta de humanização do sistema penitenciário, por assumir um papel de sistema de 
punição, fere a dignidade do sujeito encarcerado, que não tem garantidos os seus direitos 
mais básicos. Isso faz, sobretudo, com que o prisioneiro comece a experimentar um 
sentimento de injustiça, sendo uma das possíveis causas que podem contribuir para um 
caráter indomável, quando este se vê exposto ao sofrimento que a Lei não ordenou e nem 
mesmo previu. Resultante da sensação de injustiça, o encarcerado passa a um estado 
habitual de cólera contra tudo o que o cerca, com uma visão negativa em relação aos 
agentes e autoridades da lei, não se julgando mais culpado, provocando assim a própria 
justiça. 
É sabido que o sujeito, ao entrar no sistema prisional, perde sua identidade, sendo 
identificado somente por um número de matrícula. Diante disso, queremos acentuar 
elementos de um atendimento humanizado que se perdeu no contato com o outro 
dentro da penitenciária (BARRETO, 2006). Nesse ambiente, torna-se evidente a 
necessidade de assistência ao detento e sua ressocialização, dando apoio aos 
familiares ao longo do processo carcerário, a fim de torná-lo o menos traumático 
possível. Nesse contexto, percebe-se claramente a relevância da atuação do 
profissional de psicologia. 
Essa pesquisa encontra-se organizada em três capítulos. No primeiro ocorre uma 
12 
análise do sistema prisional e sua atuação visando a ressocialização do preso; no 
segundo investiga-se os impactos da prisão na subjetividade dos detentos e no terceiro há 
uma investigação sobre as práticas da psicologia e seus desafios à humanização e 
dignidade do encarcerado. O presente trabalho foi desenvolvido através de pesquisa 
qualitativa descritiva. Para alcançar nosso objetivo, realizaremos consultas bibliográficas, 
analisando as discussões relacionadas ao tema, os principais autores foram: Foucault, 
Machado e Medeiros. 
1.1 Objetivo Geral 
Analisar a prisão e sua influência no processo de Reintegração do prisioneiro e 
quais as influências em sua subjetividade. 
1.2 Objetivos Específicos 
A) verificar como o sistema prisional atua para que os encarcerados possam 
retornar à sociedade. 
B) investigar os impactos da instituição penitenciária na subjetividade dos detentos, 
diante das experiências vivenciadas no ambiente carcerário. 
C) averiguar a atuação da psicologia, como também seus desafios e suas 
Contribuições para a dignidade humana. 
 
 
 
13 
1.3 justificativa 
O presente trabalho justifica-se pela importância do tema abordado, ligado diretamente 
à dignidade da pessoa humana, dentro do sistema penitenciário. Convida à reflexão 
sobre as possibilidades de geração de conhecimentos, e sobre Como a Psicologia 
utiliza as práticas dirigidas à consolidação no processo de ressocialização do 
presidiário. 
O tema é de grande relevância, pois direciona alguns parâmetros baseados no 
entendimento de como o ambiente carcerário afeta o comportamento do prisioneiro e 
sua subjetividade, e quais observações determinam pontos de fator negativo ou 
positivo no processo de ressocialização. Entende-se que é necessário o cumprimento 
da pena, porém com um olhar mais humanizado para com o sujeito. Tal reflexão é 
necessária para que se possa relevar a importância do respeito à vida, à integridade 
física e psicológica, buscando garantir os direitos do ser humano (BERTONCINI; 
MARCONDES, 2013). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
2 METODOLOGIA 
O presente trabalho caracteriza-se, em relação aos seus objetivos, pela sua aplicação 
prática, tendo como base a classificação, que qualifica a pesquisa com relação a dois 
aspectos: quanto aos fins e quanto aos meios. 
Esta pesquisa é descritiva, relatando os problemas apresentados em relação ao tema 
por meio de características, percepções e expectativas no que tange ao sistema 
penitenciário, estabelecendo assim a identificação de situações onde se encontram a 
necessidade da intervenção do psicólogo para minimização de conflitos, e seus efeitos 
na subjetividade e comportamento do sujeito privado de sua liberdade. 
ANDRADE,GIL(2008). 
Objetiva-se buscar e desenvolver opiniões e informações, ancoradas na pesquisa 
bibliográfica e análise de conteúdo, confrontando-as com a análise do psicólogo, com 
ações da área e conhecimentosde diversas situações e relações que ocorrem na vida 
social. 
Com relação à metodologia apresentada, vale ressaltar que foi utilizada a coleta de 
informações de várias fontes: livros, monografias, bases de dados Scielo, Bvs, Pepsic, 
revistas e artigos. Todo o processo de construção deste trabalho baseou-se na tentativa 
de esclarecer a pergunta de partida. 
 
 
15 
3 O SISTEMA PRISIONAL E CONTROLE SOCIAL 
 A convivência em sociedade trouxe ao homem grandes problemas devido às 
diferenças de cada um, levando o indivíduo procurar formas para resolver os conflitos, 
com a finalidade de viverem no meio social. Posteriormente, ao longo dos anos, 
começaram a se organizar e pensar de qual forma poderiam minimizar conflitos e 
condutas consideradas agressivas e perigosas para a sociedade, pois “nesta sociedade 
desprovida de normas, o indivíduo não tem disciplina e não encontra uma direção ou 
um significado para a vida”. GAUER (2002, p. 23). 
3.1 Aspectos Gerais: Suplício, castigo e punição 
Conforme relato de Foucault (2011), o privilégio de punir seria um aspecto do direito 
soberano de guerrear contra os inimigos. O suplício funciona também como um ato 
político, na medida em que é uma cerimônia em que o poder se manifesta, tornando se 
um espetáculo, sendo os corpos expostos vivos ou mortos. Contudo, o castigo também 
é uma forma de vingança pessoal ou pública. Tal afirmativa abre a possibilidade de 
diversos questionamentos pois “isso se deixa mostrar até mesmo numa sentença 
judicial, em que o juiz avança para além do mero sentimento de justiça, para encontrá-
la na fundamentação racional e objetiva do direito. ” (SALGADO, 2007, p.18). 
A execução pública, como pena, trata-se de um cerimonial para estabelecer o equilíbrio 
entre o indivíduo que violou a lei e a outra parte que faz valer sua força: “Uma relação 
de poder é uma relação em que um ou alguns homens são capazes de determinar a 
conduta de outros. Esse governo das condutas pode assumir formas distintas em 
determinadas épocas ou situações específicas de composição de formas” (FOUCAULT, 
2011, p.17) 
 16 
 
Em meados do século XVIII e começo do século XIX, foram se extinguindo as grandes 
festas de punições, que deixou de ser um espetáculo passando a ter um cunho negativo. 
As punições passam a ser menos diretamente físicas. Logo, o castigo que antes atingia o 
corpo não é mais a principal forma de punição, agora o castigo como restrição de 
liberdade passa a ocupar lugar de destaque. Uma pena, para ser um suplício, deve 
produzir certa quantidade de sofrimento que se possa apreciar, comparar e hierarquizar. 
Os suplícios, aplicados em menor escala, não se confundiam com as penas físicas. O 
corpo como objeto imediato de castigo, através da dor e intensidade do sofrimento, 
caracteriza-se também como 
suplício: 
``Os suplícios contra os detidos nunca restabeleceram a justiça, sim, 
renovam o poder punitivo. O teatro do terror, a crueldade, a violência 
corporal e moral, o jogo das forças, o cerimonial degradante, tudo faz 
parte do aparato político da penalidade, até os dias atuais``. 
(GOMES, 2014, p.07). 
O castigo imposto ao condenado tratava-se de um procedimento adotado pela etapa de 
ritual como procedimento, onde o poder soberano do Estado atenuava a forma de 
expressão dos direitos fundamentais inerentes à própria existência. Contudo, o poder 
sobre o corpo tampouco deixou de existir totalmente até meados do século XIX, pois 
agora, sem dúvida, o castigo não mais se resumia no suplício como uma técnica de 
sofrimento, mas tomou como objeto de punição a perda do bem ou do direito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
3.2 A Prisão e o isolamento social 
 
Na passagem do século XVIII para o XIX, criou-se a penalidade da detenção nesse 
momento, as práticas punitivas se modificaram. Não sendo mais permitido tocar no 
corpo, surge a prisão, que se utiliza da privação da liberdade como forma de punição. 
Nesse momento, os mecanismos disciplinares ocuparam a instituição judiciária; assim a 
legislação definiu o poder de punir como função geral Segundo Bernardes (2007:pg:49) 
“o estudo de Michael Foucault (1983) sobre o sistema de punição e controle que se 
desenvolveu nessa época ajuda a compreender esse processo”. 
Nesse momento, define-se a prisão como uma instituição criada para ser um aparelho 
disciplinar exaustivo, devendo tomar todos os pensamentos do indivíduo, treinando 
seus corpos, sua atitude moral, seu comportamento cotidiano, mostrando ser uma 
maquinaria potente, impondo uma nova forma das ações dos indivíduos, sendo seu 
modo de ação a coação atrelada à educação da instituição prisional. Além disso, a 
prisão tem o seu processo determinado sobre os sujeitos que ali estão inseridos, não se 
interrompendo a não ser depois de terminada totalmente sua tarefa, sua ação sobre o 
indivíduo, que deve ser ininterrupta, uma disciplina incessante, tendo um poder absoluto 
sobre o sujeito, podendo determinar a quantidade das refeições, tempo de repouso, 
tempo das visitas, dentre outros fatores, se apoderando por inteiro de todas as suas 
faculdades físicas e mentais (FOUCALT, 1997). 
O sujeito chega à instituição prisional com uma concepção de si, formulada através das 
suas experiências e vivências, mas ao adentrar a prisão o indivíduo começa a viver a 
perda de suas referências como sujeito e começa a ser exposto a uma série de 
rebaixamentos, degradações e humilhações. Começa, então, a passar por algumas 
mudanças radicais em sua vida moral, colocando em dúvida todos os seus 
pensamentos e se questionando sobre a sua trajetória vivida e o que estará por vir 
Goffman (1974). 
 
18 
A prisão surge como reparação; retirar tempo do condenado à prisão significa que sua 
infração lesou, além da vida, toda a sociedade. Pode ser compreendida como um 
sistema social que produz um modo cultural particular, pois este sistema social se 
organiza por meio de um conjunto de regras constituídas a partir das relações entre os 
internos: 
“Assim, a prisão pode ser compreendida como um sistema social que produz 
um modo cultural particular entre o encarcerado, pois este sistema social se 
organiza por meio de um conjunto de regras constituídas a partir das 
relações entre Estado, detentos, sistema prisional e sociedade”. 
THOMPSON (1980: pg 12). 
Goffman (1974), em seus estudos sobre as instituições totais, elucida a instituição 
prisional como um local de residência e trabalho - pois existe um grande número de 
indivíduos em situação semelhante, separados da sociedade por um grande período de 
tempo, levando uma vida fechada e fortemente administrada, trazendo em sua teoria da 
mortificação do EU uma reflexão sobre o processo da perda das estruturas sociais e 
psicológicas que passam a ocorrer logo no primeiro momento em que o indivíduo é 
inserido no ambiente prisional. 
Para o autor o “EU” do sujeito é anulado dia após dia dentro da prisão, devido às 
modificações dos papéis, perda da convivência com seus laços sociais e a não 
valorização do sujeito enquanto pessoa única e singular. Frente a tais modificações, o 
sujeito passa a não se reconhecer dono de uma trajetória vivida. 
A importância da reforma prisional se define em práticas sociais que ajudem a prevenir 
 19 
 
os crimes dentro da própria prisão, como também em programas que irão auxiliar no 
processo de ressocialização do detento. Entretanto, o não cumprimento do papel 
fundamentalda ressocialização aumenta agressivamente as taxas de reincidências. 
A instituição prisional, atrelada ao conjunto de normas e medidas disciplinares, cumpre 
seu papel principal em zelo totalitário, ofertando possibilidades de trabalho aos 
detentos. Fazem-se impor, em momentos de necessidade, mecanismos internos de 
repressão e castigo. Em casos extremos, utiliza-se a solitária, pois “a solitária é a prisão 
da prisão. Ela tem que ser a maquinaria mais potente para impor uma nova forma ao 
indivíduo pervertido, e seu modo de ação é a é a coação de uma educação integral 
FOUCAULT (1999: pg 199). 
3.3 O Sistema carcerário e suas formas de controle disciplinar 
Após quase três décadas de um conturbado processo de construção da primeira prisão 
brasileira, em 31 de outubro de 1861 é inaugurada estado da Bahia inaugura a sua 
primeira penitenciária, que recebeu o nome de Casa de Prisão, cuja construção se deu 
em uma área pantanosa que fora concedida à Câmara Municipal pertencente à 
Freguesia da Nossa Senhora da Penha de França de Itapagipe, localizada na periferia 
da cidade de Salvador sendo “a casa de prisão com trabalho, enquanto instituição 
partícipe e constituinte do aparato controlador e disciplinador das classes populares 
baianas” (COSTA, 2014: pg 13). 
A Casa de Prisão, mesmo com parte de suas obras inacabadas, durante um período de 
tempo foi um marco na história brasileira, e principalmente no Estado da Bahia. Nesse 
período, o Brasil acompanhava as grandes modernizações do sistema penitenciário, 
que teve seu início na Inglaterra e também nos Estados Unidos. Assim esperava-se 
transformar criando um novo homem, que seria reinserido na sociedade com todas as 
modificações necessárias para uma convivência social, sendo essas as expectativas 
 20 
 
 
 
dos reformadores baianos que implantaram a Casa de Prisão com Trabalho (TRINDADE, 
2009). Porém, a Casa de Prisão atendia somente aos sentenciados à pena de prisão com 
trabalho, pois de acordo com o código criminal do império do Brasil, somente seria 
aplicada a homens livres e libertos. Assim, a constituição de 1894 abolia as penas de 
tortura e de marca a ferro e todas as punições severas, mas estas proibições não se 
aplicavam a todos, por exemplo, aos escravos. Portanto, com a substituição do livro V das 
condenações Filipinas pelo código criminal do Império do Brasil sancionado em 1830, os 
castigos corporais continuariam a vigorar para os escravos (TRINDADE,2009). 
O sistema penitenciário brasileiro é marcado por descasos e circunstâncias que revelam e 
apontam para as indiferenças em relação ao indivíduo no sistema penitenciário, pois de 
acordo com o artigo 5.o, XLIX, da Constituição Federal, “é assegurado aos presos o 
respeito à integridade física e moral”, mas o que percebe- se nos presídios é a 
superlotação, mostrando assim a negligência por parte do sistema prisional no que se 
refere aos direitos fundamentais desses indivíduos, pois não existe respeito à sua 
integridade física e moral. 
Segundo Bitencourt (1993), as prisões apresentam grandes deficiências, como maus 
tratos verbais, castigos sádicos, crueldades injustificadas e superlotação, facilitando 
abusos sexuais e de condutas errôneas, falta de higiene, grande quantidade de insetos, 
sujeiras nas celas e corredores, deficiência nos serviços médicos ou completa 
inexistência, assistência psiquiátrica deficiente ou abusiva, utilização de drogas, 
traumatizando assim os jovens reclusos recém-ingressos. 
Desse modo, a prisão revela-se geradora de um ambiente de violência em que sempre vai 
imperar a lei do mais forte ou daquele que tem mais, fugindo assim do seu propósito 
inicialmente colocado, qual seja, o da promoção da ressocialização do sujeito recluso 
socialmente. Diante de tal situação podemos observar que, por muitas vezes, o indivíduo 
 21 
que entra como réu primário e por pequenos delitos, pode se inserir em uma organização 
criminosa para cometer grandes crimes, visto que não há, dentro do presídio, qualquer 
incentivo para que o recluso possa ter uma visão de mundo diferente da realidade vivida 
no encarceramento. 
Vale ressaltar que o sistema prisional atual sequer cumpre a determinação que se 
encontra na lei de execução penal, no artigo 88, parágrafo único, que é a de garantir que 
o detento seja isolado em uma cela individual e com garantias de salubridade, evitando a 
superlotação, para que sejam garantidos os direitos básicos do ser humano. 
 
Dentre os vários problemas que podem ser encontrados no sistema prisional, além do que 
já foram citados, pode-se mencionar a falta de atividade recreativa e de um sistema 
educacional direcionado aos reclusos, fatores estes que podem levar à reincidência do 
preso. Quando se aborda esses problemas, vale dizer também dos profissionais que 
atuam dentro do sistema, que por vezes chegam sem nenhum preparo psicológico e com 
isso acabam por não saber lidar com a situação e com cada preso que chega dia após 
dia. 
Quem julga quem deve ser preso ou não? Percebe-se, nos dias atuais, a grande 
influência dos meios de comunicação na formação de pré-julgamentos do indivíduo que 
tenha cometido algum ato considerado crime. Por vezes, essa influência vem 
sobrecarregada de informações que não possuem nenhuma validade e que sempre 
trazem em seu contexto a ideia de que a exclusão desses indivíduos é a melhor opção, ao 
invés de promoverem a ideia de que é possível uma ressocialização. Essa opção se torna 
algo de livre acesso para os grandes proprietários, pois geralmente se atribuem os 
problemas econômicos à questão da criminalidade, surgindo assim uma imagem 
distorcida dos pobres excedentes do sistema econômico, fazendo com que eles sejam os 
excluídos. 
Quem controla esse poder sobre a classe excedente e sobre a população alienada? 
Frente a informações repassadas diariamente nos canais de comunicação, aceita-se sem 
 22 
nenhum questionamento sobre o que é crime ou quem é certo ou errado, condenado ou 
não. Prevalece a visão de que a punição sem garantir os direitos dos detentos será vista 
como a melhor saída, tendo em vista que é essa a ideia que se consome diariamente 
(MAGALHAES, 2015). 
Portanto, a vida do encarcerado é marcada pela submissão e experiências da 
penitenciária, que repercutem nessa assimilação da cultura prisional por meio de um 
processo descrito pelo aprisionamento ou institucionalização. Desta maneira os reclusos 
são moldados por esse ambiente institucionalizado mesmo após a sua libertação, sendo 
os valores, atitudes e costumes impostos pela população do cárcere uma forma natural de 
adaptação e sobrevivência ao enrijecido sistema prisional. Estas modificações variam e 
atingem o indivíduo em diferentes níveis, como os hábitos de comer, agir e em suas 
estruturas de linguagem, podendo essas influências ocorrerem em grandes dimensões,variando do aumento da agressividade a uma extrema passividade, sendo esse fato uma 
consequência do alto índice de indivíduos que reincidem no ato (BARRETO; MARIANA, 
2006). 
A obrigatoriedade que é imposta aos encarcerados em cumprir os regulamentos 
existentes na prisão limita a liberdade do indivíduo para a realização de suas escolhas do 
cotidiano, passando o encarcerado muitas vezes a só responder aos estímulos do 
ambiente. Esse controle meticuloso é organizado para exercer a disciplina, e torna o 
sujeito dependente da instituição, sendo a falta de autonomia refletida após a sua 
libertação. Sendo retirados os estímulos que controlavam a sua vida na prisão, o sujeito 
se sente sem paradigmas para assumir decisões, sendo a autoestima comprometida pelo 
tipo de tratamento sofrido no interior da instituição, pois a construção da identidade a partir 
da imagem de ex- presidiário torna o sujeito inseguro, contribuindo para um sentimento de 
incapacidade para realizar atitudes simples (BITENCOURT; HANEY, 2001). 
Desta maneira, os reclusos são moldados por esse ambiente institucionalizado mesmo 
após a sua libertação, sendo os valores, atitudes e costumes impostos pela população do 
cárcere, uma forma natural de adaptação e sobrevivência ao enrijecido sistema prisional. 
 23 
Tais modificações atingem o indivíduo em diferentes níveis: psicológico, físico ou mental, 
alterando assim estruturas de linguagem, comportamento e valor ético. Podem essas 
influências ocorrer em grandes dimensões, acarretando o aumento da agressividade, o 
que pode ter como consequência a reincidência no ato criminal. 
Após a saída do sistema prisional, marginalizado pela sociedade, o egresso carrega em si 
uma figura que está pautada na construção de sua identidade e imagem como sendo um 
ex-detento sendo uma das consequências para o egresso a falta de oportunidade e o 
desemprego, trazendo um sentimento de desamparo e baixa autoestima (BARRETO; 
MARIANA, 2006). 
3 O IMPACTO DO ENCARCERAMENTO NA SUBJETIVIDADE DO SUJEITO 
4.1. Subjetividade em transformação na prisão 
Conforme é sabido, o sistema prisional surgiu com um intuito apenas: causar punições 
a quem cometia algum tipo de ato infracional. Entretanto, o impacto do encarceramento 
no comportamento humano mostrou-se de grande crueldade aos encarcerados e 
familiares, transformando a sua subjetividade. A subjetividade é a síntese individual e 
singular que cada indivíduo constrói através de suas experiências vividas social e 
culturalmente. Portanto não é inata, não faz parte do indivíduo desde o nascimento. É 
construída continuamente, de acordo com o ambiente em que vive e todos os 
elementos envolvidos. A subjetividade se constrói a partir das relações sociais, em um 
mundo de significados e emoções: 
``No Brasil, a assunção do conceito de subjetividade como objeto de estudo 
da psicologia foi simultânea às mudanças no mundo do trabalho introduzidas 
 24 
 
e/ou aceleradas a partir dos anos 1980. Isso, por si só, já sinalizaria que, como 
resultantes de um mesmo solo socioeconômico, político e cultural, esses 
fenômenos podem ser lidos como partes de um processo de transformação``. 
(BERNARDES, 2007, p.54). 
A subjetividade traz em sua estrutura questões complexas, tanto culturais e sociais como 
naturais, envolvendo todas as particularidades do ser humano. Haja vista que o sujeito é 
um ser que possui funções biológicas, como também funções psicológicas, o que se 
evidencia na teoria: 
 
 
 
``Um novo panorama se descortina quando tomamos como base a Psicologia 
Histórico-Cultural, segundo a qual o fator biológico determina a base das 
reações inatas dos indivíduos, chamadas de funções psicológicas elementares 
ou involuntárias, de caráter imediato, mas não as voluntárias ou culturais``. 
(MEIRA; FACCI; 2007 p.17) 
Sendo assim, possibilita e permite observar, analisar, modificar e ser modificado pelo 
meio no qual se faz inserido, surgindo então às relações que farão parte de sua 
subjetividade “referindo-se à singularidade, à diferença, ao sujeito que se constitui na 
sua inserção na realidade de relações sociais, de trabalho e de produção de cultura e 
de vida”. (BERNARDES, 2007, p.16). 
Entretanto, o sujeito não deverá ser considerado apenas um animal racional, mas sim 
como uma unidade complexa com desejos e vontades a serem alimentados, bem como 
a subjetividade não poderá ser vista apenas como um fator, uma consciência, pois ela é 
moldada e trabalhada ao longo do caminho que o indivíduo percorrerá em sua vida, 
conforme relata Mameluque (2006). 
 25 
A Teoria Centrada na Pessoa mostra que cada organismo humano deve ser passível de 
confiança, no que se refere aos desejos de realização que possuímos, de acordo com as 
oportunidades que temos, gerando assim um desejo interno de realizações. Não é 
possível, contudo, observar dentro do sistema carcerário um favorecimento ou 
oportunidades que mostrem aos reclusos que existe alguma possibilidade de realizar o 
processo de ressocialização. Ao contrário, o que pode ser observado é uma grande 
mortificação do modo de agir ou pensar do sujeito, transformação do indivíduo, deixando 
para trás toda a subjetividade que o mesmo construiu antes de ser inserido no sistema 
prisional, pois “estas transformações ampliam, para além da dimensão do conhecimento 
formalizado cientificamente na perspectiva positivista, a problematização dos 
fundamentos da criação cultural e da produção da subjetividade no mundo 
contemporâneo”. (SOUZA, 2005, p. 24). 
As relações sociais são de grande importância para o desenvolvimento e manutenção da 
saúde mental do ser humano em geral, manutenção esta que só se torna possível 
mediante o fortalecimento das relações, da valorização do sujeito como pessoa, 
permitindo-lhe o empoderamento dos seus desejos e vontades e acolhendo-o de forma 
humanizada. Daí surge a importância das interpretações e reações internas, frente ao 
contexto em que se encontra o encarcerado: 
``Uma vez que a construção da identidade é uma construção social e 
histórica, mediada pelos mais diferentes tipos de linguagem, ela está sujeita 
a uma imensa gama de interpretações e reações. E é isto o que impede de 
tratar a questão do autoconhecimento e da autoestima de forma linear`` 
(MOISES, 2012, p. 20). 
 
 
 
26 
Na eventualidade de o indivíduo ser incorporado em uma instituição de reclusão, há 
regras pré-determinadas internas do sistema prisional, ocorrendo em alguns da seguinte 
forma: despido de sua aparência visual, tendo suas roupas e pertences pessoais retirados 
ou negados, para dormir devem ter somente um colchão, um cobertor e um travesseiro, 
sendo essas camas frequentemente examinadas para prevenir o uso de objetos não 
autorizados; caso o sujeito seja descoberto com algo, será severamente castigado, pois “a 
humilhação e o desespero, provocados pela prisão, doem na alma, e a dor psíquica, às 
vezes, é mais forte do que a dor física” (SOARES, 2013, p.15). 
A partir do momento, em que o sujeito passa a fazer parte do sistema carcerário, o 
mesmo se vê diante de um mundo novo, onde deverá adaptar-se de uma maneira rápida 
para que consiga sobreviver dentro desse desconhecido mundo, sabendo que não serãopermitidos objeções ou questionamentos. O ambiente prisional é marcado por fortes 
indícios de violência, tanto física como psicológica; tais métodos podem levar, assim, o 
sujeito ao processo de desequilíbrio emocional “por essa razão, os métodos e sujeitos da 
interpretação e os instrumentos existentes para a concretização de uns e outros são 
distintos” (JAYME, 2005, p.03). 
O processo de submissão, que o sujeito sofre logo após o primeiro contato com a 
reclusão, traz algumas consequências, dentre as quais comportamentos agressivos, 
momentos depressivos e revolta. O sistema prisional é reconhecido como o local onde 
não são levados em consideração às vontades e opiniões do sujeito, mas sim as ordens, 
normas e vontades organizacionais do presídio. Sabe-se que a subjetividade é a mais 
social de todas as características humanas, podendo ser individual e singular, mas que só 
poderá existir enquanto esse sujeito estiver inserido a um grupo social e compartilhando 
dos mesmos objetivos e ideais, tendo em vista que é por meio desses fatores que serão 
estabelecidas formas de relacionamentos referindo-se a subjetividade “à singularidade, à 
diferença; ao sujeito que se constitui na sua inserção, o na realidade de relações sociais, 
27 
de trabalho e de produção de cultura e da vida” (BERNARDES, 2007, p.16). 
Entretanto, tais práticas de submissão ao Estado passam a interferir no processo das 
relações humanas, e em consequência disso a subjetividade do sujeito passa a ser 
modificada pelas instituições carcerárias: 
``Na contramão da violência do Estado, os direitos humanos valorizam cada 
indivíduo como portador de direitos naturais e como cidadão, isto é, enquanto 
membro respeitável de uma comunidade humana, o que implica considerá-lo 
igual em dignidade a todos os demais, independentemente de sua classe social, 
cor, gênero, religião ou nacionalidade``. (SOARES, 2013, p.21). 
Sendo assim, todos os sujeitos serão moldados, e suas vontades serão completamente 
excluídas, ou seja, aos poucos os indivíduos perdem a sua referência de sujeito, sua 
identidade vai sendo apagada e no lugar aparece a identidade que diz mais do sistema 
prisional do que do próprio sujeito. Em diversas prisões, as visitas realizadas por 
familiares, por um período inicial no cumprimento da pena, são proibidas, gerando 
assim uma ruptura dos papéis sociais que pertenciam aos sujeitos. Com a proibição do 
contato familiar ou com qualquer pessoa externa, fora do sistema prisional, 
bruscamente há uma ruptura e uma perda significativa desses papéis no seu convívio 
social. Sendo a subjetividade concebida como algo que constitui a relação humana no 
mundo social, está se anula na mesma proporção. Para tanto a psicologia se coloca 
como um campo que realiza intervenções, se comprometendo com os direitos 
humanos: 
``A Psicologia não quer mais ser uma ciência ingênua. Não quer mais ser 
uma profissão alienante e elitista. Quer marcar sua intervenção na sociedade 
 28 
com saberes e fazeres que estejam comprometidos com os direitos 
humanos e com a construção de políticas públicas adequadas para a 
transformação de nossa sociedade``. (LEILA, 2001, p.07). 
Ao iniciar o cumprimento de seu tempo no sistema prisional, o indivíduo passa a viver sem 
o convívio diário, que antes existia entre os membros do seu círculo social e afetivo. Sua 
individualidade passa a ser deixada de lado, perdendo assim sua identidade. Por diversas 
ocasiões, os reclusos são atingidos por um sistema que não oferece aos encarcerados a 
valorização e os direitos básicos do ser humano, encontrando-se, por vezes, 
completamente isolados, até mesmo dentro das solitárias, ou segregados dos demais 
detentos. Tal separação pode ocorrer por circunstâncias diversas e, não raro, o indivíduo 
passa a ser reconhecido pelos crimes cometidos, e não mais como o sujeito portador de 
um nome e de uma história, construídos ao longo de sua trajetória vivida. 
Frente a tal situação, os indivíduos passam a sofrer com impactos na sua autoestima, 
sentindo-se excluídos por completo, desmoralizados e apreensivos com o novo modelo a 
ser seguido, bem como com os perigos que poderão surgir dentro do sistema 
penitenciário, que por vezes poderá ser omisso para com os reclusos. Relatos 
demonstram que os sujeitos encarcerados buscam, de alguma forma, estratégias que 
possam promover uma visibilidade dentro do sistema prisional, como também esboçar 
resistência ao duro sistema e à hierarquia reinante entre os presos. 
Segundo Resende (2013), a partir da análise de narrativas de homens presos, foi 
observado que uma nova forma de linguagem surgiu dentro da prisão, onde palavras com 
29 
significado original passam por uma reformulação, para que possa ocorrer a comunicação 
que define a dinâmica do ambiente prisional. Isso mostra como se constitui a subjetividade 
do preso a partir do universo carcerário (LEILA, 2001). 
Segundo Thompson (1980), o encarceramento corresponderia à adoção de modos de 
pensar, costumes, hábitos e da cultura de uma forma geral da penitenciária, sendo, desta 
forma, um processo lento e gradual, mais ou menos inconsciente, de assimilação da 
cultura do meio social em que o indivíduo se encontra inserido. 
Goffman (2008) propõe que acontece uma busca pela recomposição da identidade, sendo 
essa reorganização pessoal possível por meios das relações estabelecidas na instituição, 
e aconteceria em dois sistemas: o de privilégios e o de ajustamento secundário. Portanto, 
em contraste com um conjunto de normas, proibições e prescrições que regulamentam as 
condutas dos encarcerados, estão os prêmios e privilégios que podem ser obtidos por 
meio de obediência aos agentes responsáveis pela prisão, sendo o mundo construído em 
torno desses privilégios fundamental na cultura dos encarcerados, pois os castigos 
também estão ligados a esse mundo de privilégios e podem acontecer em virtude da 
desobediência às regras. 
De certa forma, com tantas regras e ordens, a prisão pode ser entendida como um 
sistema social, em que as relações se constituem de uma maneira peculiar, mediadas por 
formas de um regime de controle. Contudo, compreende-se que tal peculiaridade não 
esgota a possibilidade de constituir outros modos de vida dentro da prisão, e até de 
procurar resolver diversos problemas, pois cada indivíduo vivencia de modo diferente suas 
30 
experiências dentro do sistema prisional: 
``Associar conhecimentos e solução de problemas é um processo de compreensão 
que serve para apoiar a experiência a fim de transformar conceitos, e 
consequentemente, comportamentos. Existe um ciclo de aprendizagem que ajuda na 
transformação do comportamento`` (BOOG, 2006, p. 47). 
Vale lembrar, quando se aborda a subjetividade do encarcerado, que nenhum 
indivíduo, seja o que goza de sua liberdade, seja o que é privado dela, jamais poderá 
perder o direito à sua dignidade humana: 
``Todo indivíduo deve ser tratado com respeito e se beneficiar de direitos, 
aos quais correspondem deveres. Ainda que traia seus deveres, não perde 
sua dignidade enquanto ser humano, porque não tem como negar sua 
humanidade. Se não trata os demais como seres humanos, transgride seus 
deveres e terá de assumir a responsabilidade. Mas isso não autoriza a 
sociedade ou o Estado a imitá-lo e desrespeitar a dignidade humana``. 
(SOARES, 2013, p. 26). 
Entretanto, o que se vê logo nos primeiros momentos de encarceramento é a violação 
de tal direito, cuja garantia deveria ser assegurada até para aqueles considerados mais 
perigosos segundo o julgamento, não se admitindo que seja negado, em qualquer 
hipótese, o respeito à sua dignidade. Afinal, ainda que esteja cumprindo pena, o 
encarcerado continua a ser sujeito de direitos. Vale ressaltar que a prisão é vista, de ummodo geral, como sendo um instrumento de vingança, onde o indivíduo seria mantido 
para pagar pelo ato cometido, não lhe sendo permitidas garantias ou o acesso aos 
direitos básicos da dignidade humana, visão esta oposta ao propósito inicial, que é o de 
 31 
ressocializar o sujeito para que possa voltar a ter seus laços sociais ativos: 
``Além da indivisibilidade, caracterizam-se os direitos humanos pela 
universalidade, decorrência da condição invariável da pessoa humana, pois 
basta o indivíduo ser humano para tornar-se a titular desses direitos, 
independentemente de qualquer condição econômica, social, étnica, sexual, 
religiosa ou de situação geográfica. Esse indivíduo, em qualquer lugar, 
usufrui de proteção incondicional dos direitos humanos``. (JAYME, 2005, 
p.02). 
Tal processo deveria ter início dentro mesmo do sistema prisional, permitindo ao indivíduo 
ter oportunidades de reintegração social, assegurando-lhe os direitos universais. 
O sujeito, após ser encarcerado, passa a ser visto não mais como um indivíduo singular, 
mas marcado no mundo do crime, pelo ato cometido, alguém que deverá ser excluído do 
mundo social, sem chance alguma de uma nova oportunidade de fazer parte da 
sociedade. Cabe, pois, ao Estado garantir-lhe o respeito perante a sociedade: 
``Em uma sociedade complexa como a nossa, dotada do conjunto de 
instituições que chamamos Estado, caberia ao direito contribuir por meio das 
leis – restrições e obrigações normativas, formuladas e aceitas pela própria 
sociedade, diretamente ou por intermédio de seus representantes – para que 
se faça justiça, ou seja, para que o princípio da equidade seja respeitado e 
cumprido, na prática``. (SOARES, 2013, p.37). 
Por vezes, é possível notar o desvio do propósito inicial da prisão, que seria o de punir 
para ressocializar. 
Segundo a Lei de Execução Penal - LEP (1984), o estado tem por responsabilidade 
 32 
prestar as seguintes assistências ao recluso: assistência material, saúde, jurídica, 
educacional, religiosa e social, sendo esta última de suma importância para que o 
encarcerado possa estar preparado para o seu retorno ao convívio social: 
``Com o advento da Constituição de 1988, que em seu art.134 entende ser a 
Defensoria Pública “instituição essencial à função jurisdicional do Estado, 
incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos 
necessitados”, tornou-se patentemente inconstitucional a prestação da 
assistência jurídica aos necessitados, tal como preconizada na LEP, por 
órgão ou instituição que não a Defensoria Pública``. (ESTRADA, 2018, p.22). 
A assistência social, que deverá ser prestada pela instituição estatal, consiste em 
 
promover algumas ações, dentre as quais podemos citar: prover ao indivíduo 
orientações quanto ao término da sua pena, relatar à direção da instituição as 
dificuldades enfrentadas por este dentro da cadeia, acompanhar os resultados das 
saídas permitidas e saídas temporárias, comunicar e acompanhar a família do recluso 
em caso de doença do mesmo. 
Entretanto, a realidade vivenciada nos presídios é exatamente o oposto do que o 
Estado deveria proporcionar ao sujeito recluso. Tendo em vista que a realidade é outra, 
é possível notar o quanto esse sujeito passa a perceber a necessidade de se 
reorganizar enquanto indivíduo dentro do sistema prisional. 
 
 
33 
5. PRATICAS DA PSICOLOGIA NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 
5.1. Contextualizando a Psicologia: breve história 
Há anos ocorre o estudo da psicologia, cujo significado etimológico provém de: psiquê, 
que significa “alma”, e “logia”, que significa “estudo de”. Logo, trata-se da ciência que 
estuda os processos mentais - sentimentos, pensamentos, razão - e o comportamento 
humano. Desde a antiguidade, a surpresa e o espanto perante o mundo levam o homem a 
formular questões sobre a origem, pensamentos e a razão do universo e a buscar o 
sentido da própria existência. Desde então, sabe-se que o processo comportamental é a 
condição necessária para a sobrevivência humana. No ocidente, deste os tempos de 
Platão e Aristóteles, as pessoas se questionavam sobre o comportamento humano e os 
processos mentais. 
Mas foi somente no século XIX que começou a ser aplicado o método científico às 
questões que intrigaram os filósofos durante os séculos. 
 
Só então a psicologia se tornou uma disciplina formal e científica, separada da filosofia. A 
história da psicologia pode ser dividida em três fases principais: seu surgimento como 
uma ciência da mente, as décadas do behaviorismo e a “revolução cognitiva”. (MORRIS, 
2004, p.09). 
Sendo assim, pode-se considerar que psicologia é o estudo científico do comportamento e 
dos processos mentais. O campo da psicologia deve abranger o estudo de temas tão 
diversos quanto a saúde mental, processo de raciocínios, lembranças, atividades 
biológicas, percepções, sonhos e motivações. A partir deste achado, por volta de meados 
34 
do século XIX, métodos da ciência estavam sendo aplicados aos fenômenos mentais. 
“Fechner foi o primeiro a introduzir métodos exatos, princípios de medição e de 
observação experimental. Sendo estes para a investigação de fenômenos psíquicos, 
abrindo por intermédio deles a perspectiva de uma ciência psicológica, no sentido escrito 
da palavra”. (WILBER, 2007). 
Os profissionais de psicologia tentam prever, explicar, descrever o comportamento e 
processos mentais humanos, além de ajudar e melhorar a vida das pessoas. A análise 
psicológica é voltada não somente às doenças de causas psíquicas, mas a 
toda e qualquer doença que acomete um ser humano: 
“É neste sentido que, para definirmos quais são as condições necessárias 
para que uma análise se dê, partimos do princípio de que não pode haver 
análise sem analista, e que um analista, para fazer Psicanálise, tem de levar 
em conta a transparência, porque sem isto ele não tem instrumento possível 
do trabalho”. (MORETTO, 2016). 
 
5.2 Papel fundamental da Psicologia no comportamento humano 
Todo ser humano detém uma consciência moral, que o faz distinguir entre o certo e o 
errado, o justo e o injusto, o bom e o ruim, o bem e o mal. Afetos positivos ou negativos 
e satisfação da vida influenciam mudanças. A marca distintiva do objeto de estudo do 
psicólogo são os sentimentos; os mesmos costumam ser compreendidos como a causa 
35 
 do comportamento porque ambos são temporalmente muito próximos. 
Segundo Nietzsche: 
 
``Esses dois princípios que o homem vislumbrou desde os primórdios da 
humanidade sempre incomodaram o ser humano e sempre o deixaram 
perplexo, quando não desnorteado; essas duas forças antagônicas que, na 
realidade, não são forças, mas inclinação, pendor, tendência de existência, 
de atitude, de comportamento, de projeção de si frente ao outro sempre 
interferiram, contudo, na vida do homem`` (NIETZSCHE, 2007, p.09) 
Neste contexto, para o autor, a questão bem e mal está além da própria moral, 
estabelecendo valores que não representam a essência da sublimidade do ser humano 
pois “os aspectos relacional e comportamental da consciência referem-se à sua 
interação mútua com o mundo objetivo, exterior, e com o mundo sociocultural dos 
valores e das percepções compartilhadas” (WILBER, 2009, pg. 24).36 
6 Os desafios e as práticas da psicologia no sistema prisional 
A atuação da Psicologia nas instituições penitenciárias vem sendo construída ao longo 
de várias décadas. Entretanto, a Psicologia só foi de fato classificada nessa vertente de 
atuação no sistema penitenciário após a criação da Lei de Execução Penal – LEP. 
Durante um grande período de tempo, essa prática dos profissionais de Psicologia no 
sistema penitenciário ocorreu sem nenhuma formação detalhada nessa área de 
intervenção, por não existir muito interesse dos acadêmicos na discussão desse tema 
antes da criação da LEP. Contudo, antes de ser promulgada a lei, os psicólogos já 
estavam desenvolvendo o seu trabalho nos manicômios judiciários, sendo este trabalho 
voltado para internos considerados loucos infratores e para os seus familiares. 
Assim, em meados de 1984, a lei n.o 7.210 (Lei de Execução Penal – LEP) definiu a 
atuação dos psicólogos nas penitenciárias, sendo essa atuação dividida em dois 
momentos: o primeiro, na atuação de comissão técnica de classificação - CTC e o 
segundo, no centro de observação criminológica - COC, sendo cada vertente definida 
de modo singular. Na definição da LEP, o primeiro exame diagnóstico será com o intuito 
da criação de um projeto de individualização da pena, e o segundo será responsável 
pelo exame prognóstico relacionado com as informações sobre fatos pertencentes ao 
processo da execução penal (Medeiros e Silva, 2013). 
Assim, de acordo com a definição da LEP, a comissão técnica de classificação 
existente em cada estabelecimento será presidida pelo diretor e composta no mínimo por 
37 
 
dois chefes de serviço, sendo um psiquiatra, um psicólogo e um assistente social, quando 
se tratar de condenado a pena privativa de liberdade. Nos outros casos, a comissão 
atuará junto com o juiz da execução e será também integrada por fiscais do serviço social. 
Os condenados ao cumprimento de pena privativa de liberdade em regime fechado 
serão também submetidos ao exame criminológico, a fim de obter os elementos 
necessários a uma adequada classificação, visando à sua individualização, 
estendendo-se este exame ao cumprimento da pena privativa de liberdade e em regime 
semiaberto. 
No exame para obter os dados reveladores da personalidade, a comissão técnica 
poderá, sem deixar de observar a ética profissional e tendo sempre informações e 
peças do processo, entrevistar pessoas, requisitar das repartições ou estabelecimentos 
privados informações e dados a respeito do sujeito, como também realizar diligências e 
exames necessários. 
Os condenados por crimes hediondos, com violência de natureza grave contra a 
pessoa, serão submetidos, obrigatoriamente, a identificação de perfil genético, 
mediante extração de DNA – ácido desoxirribonucléico, por técnica adequada e indolor. 
A identificação do perfil genético será armazenada em um banco de dados sigiloso, de 
acordo com o regulamento expedido pelo poder executivo; desse modo, a autoridade 
policial federal ou estadual poderá requerer ao juiz que for competente pelo inquérito 
instaurado o acesso ao banco de dados de identificação do perfil genético (LEI N.o 
7.210 - LEP). 
 
 
38 
Desconstruindo o conceito de que o crime está ligado unicamente a patologia ou à história 
individual, e ressaltando sua ligação com dispositivos sociais e também com o processo 
da criminalização, a psicologia vem construindo importantes estratégias que visam ao 
fortalecimento dos laços sociais e uma participação maior dos indivíduos, por meio de 
projetos que têm por objetivo o resgate da cidadania e sua inserção na sociedade pois 
“práticas alternativas e críticas à psicologia tradicional ampliam o acesso da população 
carente aos serviços de psicologia, e o compromisso social torna-se cada vez mais a 
marca da profissão” (BERNANDES, 2007. pg. 44). 
Portanto o psicólogo, em sua atuação, deverá compreender os indivíduos na sua 
totalidade histórica, social, cultural, humana e emocional, promovendo assim práticas para 
potencializar a vida em liberdade, de modo que possa construir, estimular e fortalecer a 
autonomia da expressão dos indivíduos envolvidos no atendimento. Há que ser 
ressaltada, também, a atuação do profissional de psicologia na promoção da saúde 
mental, a partir dos pressupostos anti-manicomiais, tendo sempre como referência a Lei 
da Reforma Psiquiátrica (Lei n.° 10.216/2001). Busca- se, assim, favorecer os laços 
sociais, desenvolvendo e participando da construção de redes nos serviços públicos de 
saúde, prestigiando a autonomia teórica, técnica e metodológica, de acordo com os 
princípios éticos norteadores da profissão. 
Existe, entretanto, no sistema penitenciário, grande precariedade, falhas e dificuldades 
para a atuação da psicologia no processo de reinserção dos indivíduos na sociedade, 
após o cumprimento de sua pena. Faz-se necessária uma ressocialização mais 
humanizada e em conjunto com toda a instituição. Logo, o encarcerado, desde sua 
entrada na penitenciária, deve ser visto como sujeito de direitos, o que deve refletir sobre 
todos os processos que o envolvam, até a sua saída do sistema prisional. Essa visão mais 
39 
humanizada da pena permitirá que o objetivo seja orientar e não somente castigar, tendo, 
portanto, maiores chances de ser alcançada a ressocialização para que o sujeito possa 
voltar à sociedade, evitando assim possíveis reincidências (MOLINA,1998, p.381). 
O processo da ressocialização deve, portanto, ser constituído através do princípio da 
solidariedade e cooperação, e também de responsabilidade entre os internos e os 
responsáveis pela instituição, tendo sempre como modelo uma visão humanista, de modo 
que o processo de cumprimento da pena seja o mais humano possível, resulte em um 
tratamento útil e assim alcance uma melhor reintegração, pois “a responsabilidade penal 
não se confunde com a responsabilidade moral, não tendo a pena a finalidade de 
melhorar o infrator, sim, apenas evitar que ele volte a delinquir prevenção geral negativa” 
(GOMES, 2011, p.35). 
No presente contexto, o termo reintegração social ao invés de ressocialização pode ser 
mais válida, pois ressocialização representa uma passividade do indivíduo em relação ao 
cumpridor da pena, entretanto esse sujeito é ativo nas relações institucionais, ou seja, não 
se pode fazer a velha moldagem de que o encarcerado é inferior e incapacitado. 
 A reintegração, de acordo com as políticas públicas, tem a finalidade principal de 
recuperar os indivíduos para que estes possam, quando saírem da penitenciária, ser 
inseridos ao convívio social. Trata-se, portanto, de uma conexão baseada em resultados 
positivos para a sociedade e o indivíduo. Pretende-se, dessa maneira, que não exista 
possibilidade de reintegração somente dentro do sistema prisional, sendo necessária uma 
ligação com o mundo social externo, novo convívio com a sociedade: 
``Por que é tão difícil aceitar o diferente, ou devemos dizer tolerar, ou, ainda, 
compreender aquele que se destaca do lugar-comum, ou não faz parte do 
status quo? Somos seres sociais, e possuímos individualidades físicas, 
 40 
 
culturais e emocionais. O convívio em sociedade requer a arte da tolerância, 
que provém do latim tolero, e significa suportar um peso``. (NEVES, 2009, 
p.22). 
Deverá ser garantida assistência ao indivíduo, a qual poderá ser prestada de diversas 
maneiras: orientando-o em sua liberdade após a saída da penitenciária; concedendo-
lhe, se necessário, alojamento e alimentação em estabelecimento adequado, sendo o 
prazo desses benefícios de dois meses, mas podendo ser prorrogado por mais dois 
meses. O serviço social será responsável por colaborar para que o indivíduo obtenha 
um trabalho, cuja finalidade,durante sua permanência dentro da instituição 
penitenciária, é educativa e produtiva, como um dever social à dignidade humana. 
Constituem direitos do encarcerado: alimentação, vestuário, atribuição de trabalho e 
remuneração, exercícios e atividades profissionais intelectuais, artísticas e desportivas 
anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena, como também assistência 
material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa. Tais direitos estão em 
consonância com regras mínimas das Nações Unidas para o tratamento de presos, 
regras estas que não visam descrever em pormenores um modelo de sistema prisional, 
mas buscam com base em um consenso geral do pensamento contemporâneo sobre 
os elementos essenciais dos mais adequados sistemas da atualidade, esclarecer boas 
práticas e princípios no tratamento e na gestão prisional. 
É importante que estejamos atentos à grande variedade de condições jurídicas, 
econômicas, sociais e geográficas no mundo, sendo evidente que nem sempre todas as 
regras podem ser aplicadas em todos os lugares, mas essas regras devem servir de 
estímulos para o constante empenho na superação das dificuldades e práticas, que 
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opõem a sua aplicação na certeza de que representam, em seu conjunto, as condições 
mínimas aceitáveis pelas Nações Unidas. 
Inegavelmente, todos os encarcerados devem ser tratados com dignidade e respeito, 
devido ao seu valor, sendo este inerente ao ser humano. Logo, não é admissível que 
nenhum encarcerado seja submetido a penas ou sanções cruéis, tortura, tratamentos 
desumanos ou degradantes, devendo, antes, serem protegidos de tais atos, os quais 
em nenhuma circunstância se justificam, garantida, em todo caso, a segurança dos 
servidores prisionais, prestadores de serviço, visitantes e do próprio encarcerado. A 
ausência de atuação do Estado e de políticas sociais acarretam diversos problemas, 
como relata o autor: 
``Além disso, a ausência do Estado dentro das prisões tem feito nascer e 
crescer nas veias do sistema facções e organizações paralegais. Quando 
preso, é preciso sobrevier. Para tanto, é preciso se aliar, mesmo que para 
lutar contra o Estado, de forma mais violenta e opressora``. (SOUZA, 2005, 
p.12). 
Para que essa reintegração aconteça e o encarcerado não perca os seus laços 
familiares e sociais, é permitido a eles, com a supervisão necessária, comunicarem- se 
periodicamente com seus amigos e familiares, tanto por correspondência, 
telecomunicações, meios digitais, eletrônicos ou visitas conjugais ou não, tendo os 
encarcerados o direito de serem alocados em instituições prisionais, na medida do 
possível, próximo de suas casas ou em local de sua reabilitação social. 
Os encarcerados devem ser informados regularmente sobre assuntos mais relevantes 
42 
dos noticiários por meio de jornais periódicos ou de publicações institucionais especiais, 
por palestras ou qualquer outro meio autorizado ou controlado pela administração da 
instituição prisional. Contudo, observa-se que nas instituições penitenciarias ocorre, em 
muitas situações, exatamente o oposto da proposta de readaptação, reinserção, 
 
reeducação social e reabilitação. Nota-se a constante violação desses direitos, a falta de 
humanidade e de dignidade em lidar com o sujeito no cárcere. 
A falência do sistema penitenciário brasileiro contribui para o modo de vida precário dentro 
da penitenciária. A convivência entre os agentes prisionais e encarcerados na instituição, 
pautada por uma relação de autoridade e submissão, caracteriza-se por um clima de 
extremo stress. Este cenário tem como consequência a sujeição do indivíduo a situações 
degradantes, de inferioridade e de humilhação, por negligência, do Estado, da sociedade, 
de Políticas Sociais e do Judiciário: 
``O Estado não investiu e não investirá em prisões, por uma questão 
puramente de cálculo matemático/econômico. O sistema penitenciário 
brasileiro está falido. São detentos sem colchão para dormir, sem kit-higiene, 
sem trabalho, sem estudo, acesso à saúde``. (SOUZA, 2005, p.10). 
Pedroso (2010) realizou um estudo sobre as prisões brasileiras e verificou que elas 
desempenhavam um papel de alojamento de escravos e ex-escravos, ou de asilo para 
menores e crianças, e fortaleza para encarcerar inimigos políticos, materializando o poder 
por trás dos intramuros, escondendo uma realidade não conhecida ao menos 
parcialmente pela sociedade, existindo maus-tratos, promiscuidade, tortura e vícios: 
43 
``A sociedade atual, que se coloca sempre desde a perspectiva da vítima, 
está pouco se importando com os seus próprios direitos. Daí a imperiosa 
necessidade da luta, da luta diária, em favor da verdade e da justiça e, 
sobretudo, da proporcionalidade (que busque conciliar a segurança com a 
liberdade``. (GOMES, 2014, p.31). 
 
Devido a esses fatores e a falhas que o sistema penitenciário possui, a prisão assumiu, 
desde sua criação, a dupla função de privar o indivíduo de sua liberdade, para assim 
transformá-lo; porém, a prisão vem fabricando delinquentes e criminosos especializados 
em diversos crimes hediondos. Suas limitações, violências e frequentes abusos de poder 
têm servido, na prática, para fomentar organizações criminosas. O avanço dos estudos 
sobre as políticas públicas, psicologia social e comportamento da sociedade permitiu 
tomar como objeto de estudo o homem excluído socialmente e isolado, com a finalidade 
de preservar seus direitos sociais e sua condição humana. Deu-se assim o início do 
domínio das ciências em um planejamento e estabelecimento das práticas penitenciárias 
criminológicas. 
A atuação junto ao encarcerado, com reflexão sobre suas ações começam a surgir como 
práticas de reintegração e não somente punição. Entretanto, ao longo do século XIX, a 
pena privativa de liberdade passa a ser o instrumento principal de controle e de 
reintegração de indivíduos condenados por ato delituoso. Já em 1935 o código 
penitenciário da república previa que o Estado, além de ser o responsável pelo 
cumprimento da pena, deveria trabalhar para a regeneração do indivíduo. Contudo, 
decorridos muitos anos após essa determinação, não há notícias de que a prisão tenha 
atingido o seu objetivo (Lemgruber, 2010). 
44 
O que afinal se verifica é que, durante todo o tempo de encarceramento, nas diversas 
situações descritas acima, os encarcerados acabam sofrendo o que muitos estudiosos 
chamam de prisionalização, consistindo num processo onde acontece a dessocialização, 
que leva o indivíduo a se transformar subjetivamente, levando-se em conta o isolamento e 
os rituais do sistema prisional. Percebe-se, ainda, que há uma carência de estudos em 
nosso país sobre esses efeitos psíquicos da detenção e da privação de liberdade sobre o 
indivíduo, sendo os mais comuns e observados os quadros de paranoias e depressivos. 
Fora do cárcere é possível notar que alguns indivíduos se tornam indiferentes à 
 
sociedade, apresentando grande inibição ou desinteresse, fato que se mostra 
independente do tempo de pena. Portanto, todos os encarcerados estão propensos a 
algum tipo de reação à instituição penitenciária. Segundo Vygotsky (2010), a realidade 
social vai se construindo pelas relações concretas que cada sujeito estabelece em seu 
ambiente, como também por determinismos de ordem socioeconômica, podendo-se 
afirmar que o homem se transforma e se constitui ao atuar sobre a natureza com 
instrumentos e recursos simbólicos. Desse modo, esta estrutura teórica demonstra não 
existir natureza humana, mas sim uma condição humana. 
Sabemos que o homem, ao nascer,será apenas candidato à humanidade, sendo sua 
efetiva humanização através do processo de apropriação do mundo; assim, converterá o 
meio externo em interno e desenvolverá de forma singular a sua individualidade. O 
referido processo ocorre nas relações sociais que se estabelecem e nas atividades que 
vão sendo desenvolvidas, pois “essas reflexões têm sido direcionadas para situar a 
violência e/o aprisionamento no campo da sociologia como nova forma de gestão social, 
considerando-o como uma modalidade de controle político-econômico social” (SOUZA, 
2005, p. 21). 
45 
Portanto, ao psicólogo e demais funcionários da instituição penitenciária cabe a 
responsabilidade de criar as condições necessárias para a construção de novos 
significados, que possibilitem a esse indivíduo viver efetivamente e fazer suas escolhas, 
analisar, prever as consequências de seus atos, trabalhando e participando de sua 
construção neste mundo, criar novos valores e se sentir parte integrante dele. Para isso, é 
fundamental que sejam preparados: 
 
``É quando finalmente nos tornamos íntegros, alinhados com um conjunto de 
orientações interiores que somos capazes de seguir, temos o desejo de 
atender e o anseio de servir. Há valores universais e valores individuais, 
quando ambos estão em sintonia, então nos tornamos unos com a totalidade 
e caminhamos em perfeita coerência`` (BOOG, 2006, p.11) 
Entretanto, o trabalho dos psicólogos, nas instituições penitenciárias, não tem atingindo 
essa abrangência, não apenas porque o sujeito está inserido em uma instituição que 
historicamente demonstra a sua inabilidade em reintegração, mas também porque essa 
instituição está subordinada a algo mais amplo, que pode gerar pobreza, impossibilidade 
de construção da humanidade e desigualdade pela via da educação do trabalho formal, 
conforme relata Vygotsky (2010). 
O profissional de Psicologia tem o compromisso com a realidade social, bem como com o 
modo como essa profissão é ofertada à sociedade, não sendo apenas um bem de 
consumo. A psicologia, como profissão regulamentada, possui uma instância 
fiscalizadora, representada pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), criado pela lei n. o 
5.766/71, com as atribuições e regulamentos do exercício do profissional de psicologia. 
Tal instância é qualificada como a entidade que tem o dever de colocar os limites e as 
definições do exercício desse profissional, que será sempre amparado no código de ética, 
46 
nas legislações vigentes e nos direitos humanos. 
Assim, o psicólogo deve atuar prestando a assistência ao indivíduo encarcerado, sendo 
garantido a estes sujeitos inclusive a confidencialidade das informações, nos termos do 
código de ética art. 9o, mas sem deixar de seguir a definição da Lei de Execução Penal - 
LEP, podendo o profissional das instituições prisionais prestar informações dentro do 
limite de ética profissional e do código de ética. 
 
 
O acompanhamento profissional na assistência psicológica do indivíduo encarcerado 
baseia-se no plano Nacional de Saúde do sistema profissional (PNSSP), que foi criado a 
partir de uma portaria interministerial (Ministério da Saúde e Ministério da Justiça) n.o 
1.777/2001; portanto, essa prática deverá ser norteada pelo princípio da humanização, 
primando pelo respeito a todas as diferenças, sem nenhuma discriminação e 
preconceitos, como também sem imposições de valores e crenças pessoais por parte 
desse profissional: 
``O fato é que somos nós que criamos este limite, e somente com o uso da 
inteligência, somos capazes de quebrar o ruído e transformá- lo em 
comunicação. O primeiro passo é despir-se dos preconceitos, caricaturas e 
estereótipos negativos e permitir que a comunicação aconteça entre os 
indivíduos sem barreiras, para que o diálogo possa fluir`` (NEVES, 2009, 
p.22). 
Assim, de acordo com a lei em vigor, essa atuação deve se dar por meio de uma equipe 
interdisciplinar - psicólogo, médico, enfermeiro, odontólogo, entre outros para assim 
47 
produzir uma mudança significativa nas instituições e no indivíduo, cabendo aqui salientar 
que a psicologia é uma profissão de interesse social e comprometida com a promoção do 
bem-estar do sujeito, devendo, portanto, estar sempre atenta a toda a sociedade. 
 
 
 
 
 
 
48 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Diante das pesquisas e análises realizadas, e com base nos estudos aqui propostos, é 
possível afirmar que há uma inversão de valores no que se refere às atuações que 
deveriam visar ao processo de reintegração e à valorização do sujeito e de sua 
subjetividade dentro do sistema prisional. 
Percebe-se que esse quadro precisa mudar e tomar as medidas necessárias por parte do 
governo, sociedade e políticas locais. No estado democrático em que vivemos, sabemos 
que o princípio da dignidade humana é a base do direito. Não se pode atribuir importância 
menor à reeducação e à ressocialização dos presos, na medida em que se revelam de 
extrema importância em uma sociedade livre, democrática e justa, atenta aos preceitos 
constitucionais da dignidade e da igualdade entre os cidadãos que a compõem. 
Verifica-se, por meio das análises e observações realizadas, que há meios cabíveis 
para minimização dos principais problemas apresentados: o aumento da criminalidade 
dentro dos presídios, a desigualdade e o desrespeito à dignidade da pessoa humana. 
Revela-se de fundamental importância o papel desempenhado pelo profissional de 
psicologia, tendo em vista que sua atuação é voltada para a garantia dos direitos 
humanos, priorizando a autonomia do indivíduo. 
Indiscutivelmente, o trabalho do psicólogo é de suma relevância para que se possa 
mudar a maneira de enxergar esse problema, orientando os colaboradores do presídio, 
oferecendo atenção psicológica, realizando entrevistas e avaliações e, caso necessário, 
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 fazendo o encaminhamento aos serviços especializados. Observou-se, ademais, que a 
vida do carcerário é uma combinação de atitudes, normas, crenças, tradições e valores. 
No decorrer do cumprimento da pena, ocorrem algumas alterações comportamentais, 
fazendo-se necessária a atuação do psicólogo. 
Caberá a este atuar no processo da ressocialização do sujeito, devendo começar com o 
indivíduo ainda preso, valorizando sua subjetividade e aplicando medidas que lhe 
permitirão uma melhor reinserção na sociedade. Há que buscar soluções e medidas 
que possam quebrar o paradigma social de que não é possível novamente essa 
inserção social do preso. O psicólogo deverá desenvolver esse trabalho conjuntamente 
com outros profissionais capacitados, tais como advogados e assistentes sociais, além 
de envolver atores igualmente importantes nesse processo, como o Estado e a 
sociedade. 
O foco de atuação deverá ser o atendimento às necessidades específicas de cada 
detento, dando-lhe suporte físico e psicológico, objetivando sua reintegração à sociedade 
e qualidade de vida. Uma atuação bem planejada e criteriosa proporcionará melhorias 
progressivas, tanto na evolução interna no presídio como no contato com o público 
externo, familiares e sociedade. 
A consecução de tais objetivos apoia-se na convicção de que qualquer melhoria requer o 
respeito às regras do coletivo. Mais ainda, na consciência de que é preciso agir de forma 
ordenada, generosa, respeitosa para com a pessoa e de modo a resguardar seus direitos. 
A participação de todos se torna imprescindível nesse processo, aprimorando, portanto, o 
desempenho de ambas as partes. 
 50 
Ainda como resultado deste estudo, ficaram evidentes várias contribuições decorrentes da 
atuação do psicólogo na tentativa

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