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INSTITUTO PEDAGÓGICO DE MINAS GERAIS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO Coordenação Pedagógica – IPEMIG AUTISMO INFANTIL, SÍNDROME DE ASPERGER E RETT BELO HORIZONTE AUTISMO http://www.elcorreodelsol.com/sites/default/files/styles/foto_articulo/public/blogs/Miguel%20Jara /autismo1.jpg?itok=_HjU2Cb9 A palavra autismo se origina do grego "auto” que significa "próprio". A criança autista parece em si mesma, pouco reagindo ou respondendo ao mundo que a rodeia. O autismo significa que o mundo não faz sentido. O mundo não forma os padrões necessários de símbolos interligados que torna a vida compreendida para essas crianças. As experiências sensoriais chegam à sua mente a toda hora como uma língua estranha que ela nunca ouviu. A etiologia é desconhecida, mas acredita-se em alteração orgânica metabólica. De 10.000 crianças há de 4 à 5 casos com menos de 12 ou 15 anos. Com retardo mental severo, a taxa pode subir para 20 casos em 10.000 crianças. E é 4 vezes mais comum em meninos do que em meninas; porém as meninas são mais seriamente acometidas. QUADRO CLÍNICO http://www.culturamix.com/wp-content/gallery/o-que-e-autismo-2/o-que-e-autismo-7.jpg O autismo é uma síndrome de etiologia puramente orgânica, para qual existem, presentemente, três definições que podemos considerar como adequadas: A da ASA - American Society for Autism (Associação Americana de Autismo) A da Organização Mundial de Saúde, contida na CIS-10 (10a. Classificação Internacional de Doenças) de 19991; A do DSM-IV - diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders (Manual Diagnóstico e estatístico dos distúrbios Mentais), da Associação Americana de Psiquiatria. A definição da ASA desenvolvida e aprovada em 1997, por uma equipe de profissionais conhecidos pela comunidade científica mundial, por seus trabalhos, estudos, pesquisas na área do autismo é resumidamente, a seguinte: 1 - “O autismo é uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida. Acomete cerca de vinte entre cada dez mil nascidos e é quatro vezes mais comum entre meninos do que em meninas. Não se conseguiu até agora provar nenhuma causa psicológica, no meio ambiente destas crianças, que possa causar a doença”. Os sintomas, causados por disfunções físicas do cérebro, são verificados pela anamnese ou presentes no exame ou entrevista com o indivíduo. Incluem: 1o - Distúrbios no ritmo de aparecimentos de habilidades físicas, sociais e linguísticas. 2o - Reações anormais às sensações. As funções ou áreas mais afetadas são: visão, audição, tato, dor, equilíbrio, olfato, gustação e maneira de manter o corpo. 3o - Fala ou linguagem ausentes ou atrasados. Certas áreas específicas do pensar, presentes ou não. Ritmo imaturo da fala, restrita compreensão de ideias. Uso de palavras sem associação com o significado. 4o - Relacionamento anormal com os objetos, eventos e pessoas. Respostas não apropriadas a adultos ou crianças. Uso inadequado de objeto e brinquedos. " http://todossomosuno.com.mx/portal/wp-content/uploads/2013/08/autismo-06.jpg 2 - Segundo a CID-10, é classificado como F84-0, como "Um transtorno invasivo de desenvolvimento, definido pela presença de desenvolvimento anormal e/ou comprometimento que se manifesta antes da idade de 3 anos e pelo tipo característico de funcionamento anormal em todas as três áreas: de interação social, comunicação e comportamento restrito e receptivo. O transtorno ocorre três a quatro vezes mais frequentemente em garotos do que em meninas. " 3 - O DSM-IV apresenta o seguinte critério de diagnóstico: A. Se enquadrar em um total de seis (ou mais) dos seguintes itens: (1) Comprometimento qualitativo em interação social, com pelo menos duas das seguintes características: a) Acentuado comprometimento no uso de múltiplos comportamentos não verbais que regulam a interação social, tais como contato olho a olho, expressões faciais, posturas corporais e gestos; b) Falha no desenvolvimento de relações interpessoais apropriadas à idade; c) Ausência da busca espontânea em compartilhar de divertimentos, interesses e empreendimentos com outras pessoas (2). Comprometimento qualitativo na comunicação, em pelo menos um dos seguintes itens: a) Atraso ou ausência total no desenvolvimento da fala (sem a tentativa de compensá-la por meio de comunicação por gestos ou mímicas); b) Acentuado comprometimento na habilidade de iniciar e manter uma conversação, naqueles que conseguem falar; c) Linguagem estereotipada, repetitiva ou idiossincrática; d) Ausência de capacidade, adequada à idade, de realizar jogos de faz-de-conta ou imitativos. (3). Padrões de comportamento, interesse ou atividades repetitivas ou estereotipados, em pelo menos um dos seguintes aspectos: a) Preocupação circunscrita a um ou mais padrões de interesse estereotipados e restritos, anormalmente, tanto em intensidade quanto no foco; b) Fixação aparentemente inflexível em rotinas ou rituais não funcionais; c) Movimentos repetitivos e estereotipados d) Preocupação persistente com partes de objetos. B. Atraso ou funcionamento anormal, antes dos três anos, em pelo menos uma das seguintes áreas: interação social, linguagem de comunicação social e jogos simbólicos ou imaginativos. C. O distúrbio não se enquadra na síndrome de Rett ou no Distúrbio Desintegrativo da Criança. http://elpsicoasesor.com/wp-content/uploads/2015/05/El-autismo-se-genera-por-una- lesi%C3%B3n-ps%C3%ADquica.jpg O Autismo pode ocorrer isoladamente ou em associação com outros distúrbios que afetam o funcionamento do cérebro, tais como Síndrome de Down e epilepsia. Os sintomas mudam e alguns podem até desaparecer com a idade. O Q.I de crianças autistas, em aproximadamente 60% dos casos, mostram resultados abaixo dos 50,20% entre 50 e 70 e apenas 20% tem inteligência maior do que 70 pontos. O Portador de Autismo tem uma expectativa de vida normal. Formas mais grave podem apresentar comportamento destrutivo, autoagressão e comportamento agressivo, que podem ser muito resistentes às mudanças. O Autismo jamais ocorre por bloqueios ou razões emocionais, como insistiam os psicanalistas. As causas são múltiplas. Algumas já têm sido relacionadas, como: fenilcetonúria não tratada, viroses durante a gestação, principalmente durante os três primeiros meses (inclusive citomegalovirus), toxoplasmose, rubéola, anoxia e traumatismos no parto, patrimônio genético, etc. Ultimamente, pesquisas mostram evidências de aparecimento do autismo após aplicações da vacina tríplice. FISIOTERAPIA E TERAPIAS http://boaformaesaude.com.br/wp-content/uploads/2016/01/20151209_73450_autismo.jpg A atuação fisioterápica só é dada as crianças autistas com atraso motor, onde são trabalhadas todas as fazes motoras até a marcha livre, estimulando as etapas do desenvolvimento normal, prevenindo deformidades e dando orientação familiar. Caso contrário existe algumas terapias na qual a criança deve se identificar. TERAPIAS http://www.diarioelranco.cl/wp-content/uploads/2015/04/Autismo-0-orig.jpg MÉTODO DE DOMAN A forma de trabalhar uma criança pode seguir muitos métodos distintos. O método adequado depende muito do terapeuta e também das condições e capacitações da criança. Uma observação inicial que pode ser feita é que assim como a flor nasce, o peixe nada e os pássaros cantam, a criança deve engatinhar andar e falar, nesta sequência. São seus impulsos naturais. Quando ela falha no seu desenvolvimento esta também deve ser a sequência a ser seguida no seu trabalho terapêutico, segundo apreciação do Dr. Doman, notável especialista americano, que depois de trabalhar, duranteanos, com crianças deficientes, segundo os métodos então tradicionais, chegou a uma conclusão absolutamente espantosa: "As crianças que tinham permanecido sem tratamento estavam incomparavelmente melhores do que as tratadas por nós". Buscando razões deste fracasso, através da observação, que as mães que não lhe deram ensejo de imobilizar os filhos pelo tratamento, levaram-nos para casa, puseram-nos no chão e permitirá que eles fizessem o que lhes aprouvesse. Estas crianças, por instinto, passaram a rastejar, engatinhar, obtendo melhoras consideráveis. O seu método nasceu daí e visa estimular a evolução natural da criança. Este método tem muito seguidores no Brasil, prevê um programa de exercícios que chega a ser extenuante, mas que tem se revelado eficaz. HOLDING TERAPY A terapia do abraço vem sendo empregada e defendida com crescente entusiasmo por um grupo bastante numeroso. A revista Communication da National Autistic Society de junho de 89 apresentou um artigo de Michele Zappella (Psiquiatra) e John Richer (Pediatra) que resumimos a seguir. O holding é uma forma de intervenção intrusiva cujo objetivo é reduzir o isolamento social, aumentar a comunicabilidade e desenvolver laços de união. O holding deve ser sempre parte de um pacote maior de terapias, mas parece ser uma eficiente terapia para desenvolver as condições da maioria das crianças autistas e de remover comportamentos indesejáveis. Welch desenvolveu esta forma de terapia como parte de uma ampla abordagem. Ainda não está claro como o Holding atua, porque a eficácia depende de quem a aplica e qual a inter-relação com as demais terapias aplicadas simultaneamente. O fato é que se obtêm resultados, independente de gravidade do autismo. Vamos dar um exemplo: "Uma criança com 1 ano e meio foi diagnosticada como autista e colocado em um programa de um hospital escola, onde ficava a maior parte do dia com outras crianças autistas. Depois de dois anos ela se apresentava seriamente retardada e com comportamento fortemente autístico, com péssimo prognóstico. Foi submetida então a tratamento envolvendo interações físicas acentuadas, com Michele Zappella. Depois de 6 meses o comportamento social da criança estava dentro da faixa normal da idade. Este exemplo é uma ilustração e não pode, evidentemente, ser apresentado como evidência." Deve ser lembrado. Inicialmente, que existem muitas variações de terapia do abraço. De um modo geral, porém são elementos comuns: O adulto mantém a criança abraçada mesmo que ela se oponha e lute para se livrar, até que ela se acalme e relaxe. O adulto deve manter o controle da criança Uma seção atípica apresenta os seguintes passos: Inicialmente a criança pode ficar quieta, mas a seguir começa a se debater. Os pais continuam a abraçá-la. A criança se debate mais e mais e ocasionalmente começa a gritar. Os pais mantém o abraço. Os ciclos de luta, gritos e aquietamentos podem de estender até por mais de uma hora. http://cuidadoinfantil.net/wp-content/uploads/8-DE-SETIEMBRE_JUGUETES.jpg Durante, em especial, as seções iniciais, a criança se enraivece mais, então soluça, depois relaxa e se amolda ao corpo dos pais. A partir de então a criança se torna mais comunicativa, aconchegante e aberta. A insistência em confrontar a criança é uma importante característica do HOLDING. A intervenção é realizada mantendo a criança em contato estreito, fixando-lhe o olhar, beijando-a e falando com ela (Alguns usam um fundo musical). Zappella aplicou a terapia a 50 crianças autistas, com idade de 3 a 15 anos, envolvendo a família e tendo como base a terapia do abraço. Ela registra que 12% se normalizaram após dois anos, 18% perderam o comportamento autístico e 44% apresentaram progressos moderados e 26% não demonstraram resultados. J. Prekop, na Alemanha reportou resultados similares. Ela também comparou o desenvolvimento destas crianças com outras que não tinham sido submetidas ao HOLDING, concluindo que, relativamente, fizeram maior progresso. HIPOTERAPIA https://www.ssmaule.cl/minsal/wp-content/uploads/2015/11/HIPOTERAPIA.jpg Essa atividade ajuda a fornecer balanço e força e requer o uso de suas mãos, portanto minimiza os movimentos estereotipados das mãos e aumenta o uso das mesmas. O autista ganha controle, trazendo confiança e satisfação. MUSICOTERAPIA http://pequenosemfoco.files.wordpress.com/2014/05/music-baby1.jpg?w=698 A musicoterapia é um método muito eficaz. A música promove o relacionamento entre o paciente e o terapeuta, que aproveita, na terapia tudo que possa provocar algum ruído, som, ou mesmo movimento. A musicoterapia também utiliza o próprio corpo do paciente. No início, o terapeuta espera que o autista se expresse de algum modo, um piscar de olhos, um som, um gesto qualquer. O terapeuta, então, repete o gesto ou emite o mesmo som, tentando estabelecer uma comunicação com o paciente. Ao mesmo tempo, procura mostrar ao autista que ele será aceito, não importa a maneira como aja. Se o autista retribui a mensagem, a primeira comunicação está feita. Ele começa a se comunicar com os outros. Ele, agora, vê o mundo e o compreende. Crescimento da independência escolhendo músicas e atividades Comunicação (atividades musicais através de símbolos). Desenvolvimento da autoimagem e da autoestima. Estimulação pelo contato expressivo dos olhos. Desenvolvimento da vocalização através da música. Aumento do uso proposital das mãos enquanto toca os instrumentos Aumento da socialização através da participação. http://www.minhasaudehapvida.com.br/images/autismo-1024.jpg A musicalidade induz ao relaxamento que facilita na liberdade de movimentos e expressão. Nem todo autista tem um atraso motor, mas o que tiver deve-se trabalha esse atraso até a marcha livre. TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO http://autismodiario.org/wp- content/uploads/2012/11/projectosfad.jpg.pagespeed.ce.4SoI03v4Ly.jpg Os transtornos globais do desenvolvimento incluem um grupo de condições nas quais há atraso ou desvio no desenvolvimento de habilidades sociais, linguagem, comunicação e repertório comportamental. Crianças afetadas exibem interesse intenso idiossincrático em uma estreita gama de atividades, resistem à mudança e não respondem de maneira adequada ao ambiente social. Esses fatores se manifestam cedo na vida e causam disfunção pertinente. TRANSTORNO AUTISTA O transtorno Autista (historicamente chamado de autismo infantil precoce/ autismo da infância ou autismo de Kanner) é caracterizado por interação social recíproca anormal, habilidades de comunicação atrasadas e disfuncionais e um repertório limitado de atividades e interesses. PREVALÊNCIA A taxa é de cinco casos por 10 mil crianças. O início do transtorno ocorre antes dos 3 anos de idade, ainda que possa não ser reconhecido até a criança ser muito mais velha. DISTRIBUIÇÃO POR SEXO É 4 a 5 vezes mais frequente em meninos do que em meninas. Meninas com transtorno autista têm maior probabilidade de apresentar um retardo mental grave. ETIOLOGIA E PATOGÊNESE http://portal.fiocruz.br/sites/portal.fiocruz.br/files/imagemTopo/autismo533300.png Segundo Kanner poderia ser consequência de mães muito “geladeiras”, porém não há validade de tal hipótese. FATORES PSICOSSOCIAIS E FAMILIARES Essas crianças podem responder com sintomas exacerbados a estressores psicossociais, incluindo discórdia familiar, nascimento de um novo irmão ou mudança familiar. FATORES BIOLÓGICOS Cerca de 75% das crianças afetadas apresentam um retardo mental. Um terço tem retardo mental leve a moderado e perto da metade tem retardo mental grave ou profundo (essas crianças apresentam déficits maisimportantes no raciocínio abstrato no entendimento social e em tarefas verbais do que em tarefas de desempenho). Podem apresentar também: Convulsões; Aumento ventricular; Anormalidades eletroencefalográficas. FATORES GENÉTICOS Entre 2 e 4% dos irmãos de crianças autistas também tinham transtorno autista, uma taxa 50 vezes maior do que na população geral. FATORES IMUNOLÓGICOS http://www.somostodosnos.com.br/wp-content/uploads/2015/04/autismo.jpg Incompatibilidades imunológicas (anticorpos maternos transferidos ao feto) podem contribuir para o transtorno autista. Os linfócitos de algumas crianças autistas reagem com anticorpos maternos, o que levanta a possibilidade de que tecidos neurais embrionários ou extraembrionários possam ser danificados durante a gestação. FATORES PERINATAIS Uma incidência de complicações perinatais mais alta que o esperado parece ocorrer em bebês mais tarde diagnosticados como autistas. Sangramento materno após o primeiro trimestre. No período neonatal, estas têm uma alta incidência de síndrome de sofrimento respiratório e anemia neonatal. FATORES NEUROANATÔMICOS Estudos de RM comparando indivíduos autistas e controles normais demonstraram que o volume cerebral total era maior entre os primeiros, embora crianças com um retardo mental grave em geral tenham cabeças menores. O volume pode sugerir: neurogenese aumentada, morte neuronal diminuída e produção aumentada de tecido cerebral não neuronal, como células gliais ou vasos sanguíneos. Acredita ser que o lobo temporal seja uma área crítica de anormalidade cerebral no transtorno autista. FATORES BIOQUÍMICOS Em algumas crianças autistas, altas concentrações de ácido homovanílico (principal metabólito da dopamina) no liquido cerebrospinal (LCS) estão associados a aumento do retraimento e estereotipias. CARACTERISTICAS FISICAS Crianças com transtorno autista costumam ser descritas como atraente e a primeira vista, não apresentam nenhum sinal indicando o problema. Podem apresentar malformações das orelhas, uma vez que a formação das orelhas se dá quase ao mesmo tempo em que a formação de porções do cérebro. Também apresentam uma incidência mais alta de demartoglifia anormal (impressões digitais) do que a população em geral. CARACTERISTICAS COMPORTAMENTAIS Apresentam prejuízos qualitativos na interação social: não apresentam sinais sutis com os pais e outras pessoas. Não apresentam contato visual ou o mesmo é muito pobre. Não reconhecem ou não diferenciam as pessoas mais importantes em sua vida. Podem apresentar ansiedade extrema quando ocorre alguma mudança em sua rotina. Há um déficit notável no brincar, seu comportamento social pode ser desajeitado ou inadequado. Incapazes de interpretar a intenção do outro (não desenvolvem a empatia). http://www.indianopolis.com.br/wp-content/uploads/2015/12/woothemes-300x250-2.png TRANSTORNOS DA COMUNICAÇÃO E NA LINGUAGEM Os autistas têm dificuldade marcante em formar frases significativas mesmo quando dispõem de vocabulários amplos. COMPORTAMENTOS ESTERIOTIPADO Em seus primeiros anos de vida não explora o ambiente (ou pouco). Os brinquedos são manuseados de formas ritualísticas, com poucos aspectos simbólicos. Suas atividades tendem a ser rígidas, repetitivas e monótonas, muitas com retardo mental grave, exibem anormalidades no movimento. Costumam ser resistentes a transição e mudança. SINTOMAS COMPORTAMENTAIS ASSOCIADOS Hipercinesia é um problema de comportamento comum entre crianças autistas. Agressão e acessos de raiva são observados, em geral induzidos por mudanças e exigências. Comportamento automutilador (inclui bater a cabeça, morder, arranhar e puxar o cabelo). Período de atenção curto. Baixa capacidade de focalizar-se em uma tarefa. Insônia. Enurese. Problemas de alimentação. DOENÇA FISICA ASSOCIADA Tem uma incidência mais alta do que o esperado de infecções do trato respiratório superior e de outras infecções menores. Constipação e aumento do transito intestinal. Convulsões febris. FUNCIONAMENTO INTELECTUAL http://vinculo.med.br/wp-content/uploads/2015/01/CV-PAGINAS_AUTISMO.jpg Capacidades cognitivas ou Visio motoras incomuns ou precoces ocorrem em algumas crianças autistas. São chamadas de funções fragmentadas ou ilhas de precocidade. Memórias de hábitos ou capacidades de cálculos muitas vezes superiores aos seus pares normais. Hiperlexia e boa leitura (embora não possam entender o que leem. Memorização e recitação, bem como capacidades musicais (cantar ou tocar melodias e reconhecer notas musicais)). DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Os principais diagnósticos diferenciais são esquizofrenia com início na infância, retardo mental com sintomas comportamentais, transtorno misto de linguagem receptivo-expressiva, surdez congênita ou transtorno auditivo grave, privação psicossocial e psicose desintegrativa (regressivas). RETARDO MENTAL COM SINTOMAS COMPORTAMENTAIS Crianças com retardo mental tendem a relacionar-se com adultos e outras crianças de acordo com sua idade mental, usam a linguagem que tem para comunicar se e exibem um perfil de prejuízos relativamente uniforme, sem funções fragmentadas. AFASIA ADQUIRIDA COM CONVULSÃO Afasia adquirida com convulsão é uma condição rara, às vezes difícil de diferenciar de um transtorno autista e transtorno desintegrativo na infância. SURDEZ CONGÊNITA OU PREJUIZO AUDITIVO GRAVE Visto que crianças autistas com frequência são mudas ou apresentam um desinteresse seletivo na linguagem falada, costumam ser julgada surda. Os fatores de diferenciação incluem o seguinte: bebês autistas podem balbuciar com pouca frequência, enquanto bebês surdos têm história de balbucio relativamente normal, que vai diminuindo e pode parar entre 6 meses e 1 ano de idade. Crianças surdas respondem a apenas sons altos, enquanto autistas podem ignorar sons altos ou normais e responder a sons suaves ou baixos. As crianças mesmo surdas gostam de se relacionar com seus pais, buscam sua afeição e gostam de ser seguradas enquanto bebês, diferentemente do autista. CURSO E PROGNÓSTICO O transtorno autista costuma se uma condição para toda a vida com um prognóstico cauteloso. Crianças autistas com um QI acima de 70 e aquelas que usam linguagem comunicativa nas idades de 5 a 7 anos tendem a ter melhores prognósticos. As áreas de sintoma que não parecem melhorar com o tempo foram àquelas relacionadas a comportamentos ritualísticos e repetitivos. Em geral, estudos do resultado em adultos indicam que cerca de dois trecos dos adultos permanecem gravemente incapacitados e vivem em dependência completa ou semidependência com seus parentes ou em instituições de longo prazo. O prognóstico melhora quando o ambiente ou lar é sustentador e capaz de satisfazer as necessidades extensivas dessas crianças. Embora os sintomas diminuam em muitos casos, automutilação grave ou agressividade e regressão podem desenvolver em outros. TRATAMENTO http://www.tudoemfoco.com.br/imagens/2009/11/autismo-infantil.jpg Os objetivos do tratamento de criança com transtorno autista são aumentar o comportamento socialmente aceitável e pró-social, diminuir sintomas comportamentais bizarros e melhorar a comunicação verbal e não verbal. Além disso, os pais muitas vezes confusos necessitam de apoio e aconselhamento. No momento intervenções educacionais e comportamentais são mais indicadas. Treinamento em sala de aula estruturada em combinação com métodos comportamentais é o mais efetivo para muitas crianças autistas. Não há medicamentos específicos para tratar os sintomas centrais do autista, entretanto, a psicofarmacoterapia é um tratamentoadjunto valioso para melhorar sintomas comportamentais associados. Foi relatado que ela atenua sintomas como agressividade, acesso de raiva grave, comportamentos automutiladores, hiperatividade, comportamento obsessivo compulsivo e esteriotipias. A administração de medicamentos antipsicoticos pode reduzir o comportamento agressivo e automutilador. HISTÓRICO DA EXCLUSÃO http://climatologiageografica.com.br/wp-content/uploads/2015/12/autismo-infantil-5.png Nos anos 60 e 70, a marginalidade era vista como pobreza, uma consequência das migrações internas que esvaziavam o campo da região nordeste, do norte e “incharam” as cidades como Rio de Janeiro e São Paulo. Entendia-se na época, que os problemas urbanos de moradia (favelas), mendicância, delinquência etc., poderiam ter suas raízes nesses processos migratórios. Inicia-se aí a exclusão, onde competidores teriam a mesma chance na luta pelo espaço, sendo que os mais aptos ganhariam melhores posições nesse ambiente construído e disso resultariam zonas segregadas, onde os mais pobres excluíam-se dos anéis urbanos e imediatamente passariam para o próximo e gradativamente, os melhores lugares estariam ocupados pelos “vencedores”. Nos anos 70, existia o dualismo: atrasado x moderno, não integrado x integrado, rural x urbanos e os estudiosos passaram a ver as relações econômicas e sociológicas inerentes ao capitalismo como constitutivas do sistema produtivo. As populações marginais aparecem, nesse contexto, como consequência da acumulação capitalista, um exercício industrial de reserva singular. Nos anos 80, na chamada “década perdida”, ao contrário dos anos 60 e 70, quando se chamava a atenção para os favelados e para a migração como figura emblemática dos excluídos na cidade, pelo aumento da pobreza e da recessão econômica, ao mesmo tempo em que se vivia a chamada “transição democrática”, chama-se a atenção para a questão da democracia, da segregação urbana (efeitos perversos da legislação urbanística), a importância do território para a cidadania, a falência das ditas políticas sociais, os movimentos sociais, as lutas sociais. O componente territorial implica não só que seus habitantes devem ter acesso aos bens e serviços indispensáveis, mas que haja uma adequada gestão deles, assegurando indispensáveis, mas que haja uma adequada gestão deles, assegurando tais benefícios à coletividade. Aponta que o terceiro mundo tem “não cidadãos” (contraste entre massa de pobres e a concentração de riqueza), porque se funda na sociedade do consumo, da mercantilização e na monetarização. Em lugar do cidadão, surge o consumidor insatisfeito, em alienação, em cidadania mutilada. A cidadania é também o direito de permanecer no lugar, no seu território, o direito a espaço de memória. O capitalismo predatório e as políticas urbanas que privilegiam interesses privados e o sistema de circulação acabaram por descaracterizar bairros, expulsar moradores como favelados (remoção por obra pública, reintegração de posse), encortiçados (despejos, remoção, demolições), moradores de loteamento irregulares, sem teto, num nomadismo sem direito às raízes. Pedro Jacobi desenvolve seus trabalhos sobre a questão dos movimentos sociais urbanos e as carências de habitação, equipamentos de saúde, escolas, lazer, enfim, dos serviços urbanos. Assim a exclusão aparece como não acesso aos benefícios da urbanização. Nos anos 90 reeditam o conceito de exclusão como não cidadania, principalmente a ideia de processo abrangente dinâmico e multidimensional. O rótulo que parece empurrar as pessoas, os pobres, os fracos, para fora da sociedade, para fora de suas melhores e mais justas corretas relações sociais, privando-os dos direitos que dão sentido a essas relações. Quando, de fato, esse movimento as está empurrando para dentro, para condição subalterna de reprodutores mecânicos do sistema econômico, reprodutores que não reivindicam nem protestam em face das privações, injustiças e carências. Neste caso o termo exclusão é concebido como expressão das contradições do sistema capitalista e não como estado de fatalidade. Através do consumismo dirigido, gera-se uma sociedade dupla, de duas partes que se excluem reciprocamente, mas parecidas por conterem as mesmas mercadorias e as mesmas ideias individualistas e competitivas, só que as oportunidades não são iguais, o valor dos bens é diferente, a ascensão social é bloqueada. Apesar disso, um bloco de ideias falso, enganador e mercantilizado acena para o homem “moderno colonizado”, que passa a imitar, mimetizar os ricos e a pensar que nisso reside à igualdade. “É a sociedade da imitação, da reprodutividade e da vulgarização, no lugar da criação e do sonho”. SAWAIA (2009) Atribui-se a René Lenoir, em 1974, a concepção da exclusão como um fenômeno de ordem individual, mas social, cuja origem deveria ser buscada nos princípios mesmos do funcionamento das sociedades modernas. Dentre suas caudas destacava o rápido e desordenado processo de urbanização, a inadaptação e uniformização do sistema escolar, o desenraizamento causado pela mobilidade profissional, as desigualdades de renda e de acesso aos serviços. Não se trata apenas de um fenômeno marginal, mas de um processo em curso que atinge cada vez mais todas as camadas sociais. “E os pobres passam a desconfiar de si próprios, numa culpabilidade popular: caminhando sobre o chão pavimentado pelo preconceito dos pobres contra os pobres, as classes dominantes no Brasil começam a extravasar uma subjetividade antipública que segrega, elabora pela comunicação imediática uma ideologiantiestatal, fundada no grande desenvolvimento capitalista, na desindustrialização, na terceirização superior, da dilapidação financeira do estado e da imagem de um Estado devedor”. SAWAIA (2009) CONCEITO DE EXCLUSÃO http://www.etapainfantil.com/wp-content/uploads/2015/03/Tipos-o-grados-de-autismo-infantil- 700x467.jpg O tema exclusão está presente na mídia, no discurso político e nos planos e programas governamentais, a noção de exclusão social tornou-se familiar no cotidiano das mais diferentes sociedades. Não é apenas um fenômeno que atinge os países pobres. A concepção de exclusão continua ainda fluida como categoria analítica, difusa, apesar dos estudos existentes, e provocadora de intensos debates. Muitas situações são descritas como exclusão, que representam as mais variadas formas e sentidos advindos da relação inclusão/ exclusão. Sob esse rótulo estão contidos inúmeros processos e categorias, uma série de manifestações que aparecem como fraturas e rupturas do vínculo social (pessoas idosas, deficientes, desadaptados sociais, minorias étnicas ou de cor, desempregados de longa duração, jovens impossibilitados de aceder ao mercado de trabalho, etc.). Assim os estudiosos da questão concluem que do ponto de vista epistemológico, o fenômeno da exclusão é tão vasto que é quase impossível delimitá-lo. ... “Excluídos são todos aqueles que são rejeitados de nossos mercados materiais ou simbólicos, de nossos valores” SAWAIA (2009). A ruptura de carência, de precariedade, pode-se afirmar que toda situação de pobreza leva a formas de ruptura do vínculo social e representa, na maioria das vezes, um acúmulo de déficit e precariedade. A pobreza não significa necessariamente exclusão, ainda que possa ela conduzir. A pobreza e a exclusão no Brasil são faces de uma mesma moeda. As altas taxas de concentração de renda e desigualdade persistentes em nosso país convivem como os efeitos perversos do fenômeno do desemprego estrutural. Se, de um lado cresce cada vez mais a distância entre os excluídos e os incluídos, de outro, essa distância nunca foi tão pequena, uma vez que os incluídos estão ameaçados de perder direitos adquiridos.A consolidação do processo de democratização, em nosso país, terá que passar necessariamente pela desnaturalização das formas com que são encaradas as práticas discriminatórias, portanto, geradoras de processo de exclusão. De acordo com SAWAIA (2009), no livro as Artimanhas da Exclusão, a inclusão é contraditória, onde a qualidade de conter em si a sua negação e não existir sem ela, isto é, ser idêntico à inclusão (inserção social perversa). A sociedade exclui para incluir e esta transmutação é condição da ordem social desigual, o que implica o caráter ilusório da inclusão. Todos estamos inseridos de algum modo, nem sempre decente e digno, no circuito reprodutivo das atividades econômicas, sendo a grande maioria da humanidade inserida através da insuficiência e das privações, que se desdobram para fora do econômico. Portanto, em lugar da exclusão, o que se tem é a “dialética exclusão/ inclusão”. A dialética inclusão/exclusão gesta subjetividade especificas que vão desde o sentir-se incluído até o sentir-se discriminado ou revoltado. Essas subjetividades não podem ser explicadas unicamente pela discriminação econômica, elas determinam e são determinadas por formas diferenciadas de legitimação social e individual, e manifestam-se no cotidiano como identidade, sociabilidade, afetividade, consciência e inconsciência. “Em síntese, a exclusão é processo e multifacetado, uma configuração de dimensões materiais, políticas, relacionais e subjetivas. É processo sutil e dialético, pois só existe em relação à inclusão como parte constitutiva dela. Não é uma coisa ou um estado, é processo que envolve o homem por inteiro e suas relações com os outros. Não tem uma única forma e não é uma falha do sistema, devendo ser combatida como algo que perturba a ordem social, ao contrário, ele é produto do funcionamento do sistema” (SAWAIA, 2009) http://fundacionunam.org.mx/wp-content/uploads/2013/01/nino-autista.jpg SAWAIA (2009) aponta vários estudos acerca da exclusão e todos eles reforçam a tese de que o excluído não está à margem da sociedade, mas repõe e sustenta a ordem social, sofrendo muito neste processo de inclusão social, pois a sociedade opera sobre o homem (social e o psicológico), de forma que o papel de excluído engole o homem. INCLUSÃO DA CRIANÇA AUTISTA http://fundacionunam.org.mx/wp-content/uploads/2013/01/nino-autista.jpg Muito se tem falado sobre o processo de inclusão, e quase sempre com a conotação de que inclusão e integração escolar seriam sinônimas. Na verdade, a integração insere o sujeito na escola esperando uma adaptação deste ao ambiente escolar já estruturado, enquanto que a inclusão escolar implica em redimensionamento de estruturas físicas da escola, de atitudes e percepções dos educadores, adaptações curriculares, dentre outros. A inclusão num sentido mais amplo significa o direito ao exercício da cidadania, sendo a inclusão escolar apenas uma pequena parcela do processo que precisamos percorrer. Um processo de inclusão escolar consciente e responsável não acontece somente no âmbito escolar e deve seguir alguns critérios. A família do indivíduo portador de autismo possui um papel decisivo no sucesso da inclusão. Sabemos que se trata de famílias que experimentam dores psíquicas em diversas fases da vida, desde o momento da notícia da deficiência e durante as fases do desenvolvimento, quando a comparação com demais crianças é frequente. O ambiente para o desenvolvimento da criança, tanto "normal" quanto "deficiente", no que tange à organização de suas atividades de vida diária e ao processo de estimulação, torna-se fundamental compreender como o ambiente influencia o desenvolvimento das crianças, principalmente daquelas que apresentam algum tipo de deficiência. Vygotsky (1994) afirma “que a influência do ambiente sobre o desenvolvimento infantil, ao lado de outros tipos de influências, também deve ser avaliada levando em consideração o grau de entendimento, a consciência e o insight do que está acontecendo no ambiente em questão”. O microsistema da família não é o único que precisa ser estudado. Há também o ambiente da escola, que constitui mais um espaço de socialização para a criança com autismo. Em relação a isso, muito se tem discutido a respeito da inclusão da criança autista em ambiente coletivo, mostrando a sua importância e necessidade. http://fundacionunam.org.mx/wp-content/uploads/2013/01/nino-autista.jpg É importante ressaltar a necessidade de mais orientação para as famílias de crianças autistas, as quais devem ser mais bem informadas sobre este tipo transtorno e suas consequências para o desenvolvimento da criança, bem como dos recursos necessários para favorecê-lo. Nesse contexto, as políticas públicas têm um papel muito importante, especialmente para as famílias de baixa renda, uma vez que o gasto com profissionais e com atendimento especializado torna-se necessário. O nascimento de um filho com algum tipo de deficiência ou doença, ou o aparecimento de alguma condição excepcional, significa uma destruição de todos os sonhos e expectativas que haviam sido gerados em função dele. Durante a gravidez, e mesmo antes, os pais sonham com aquele “filho ideal” que será bonito, saudável, inteligente, forte e superará todos os limites; aquele filho que realizará tudo que eles não conseguiram alcançar em suas próprias vidas. Além da decepção, o nascimento de um filho portador de deficiência implica em reajustamento de expectativas, planos para o futuro e a vivência de situações críticas e sentimentos difíceis de enfrentar. Passado o período de luto simbólico, a forma como a família se posiciona frente à deficiência pode ser determinante para o desenvolvimento do filho. Muitos pais, porque não acreditam que seus filhos possuam potencialidades, deixam de ensinar coisas elementares para o autocuidado e para o desenvolvimento da independência. Alguns optam pelo isolamento e outros por infantilizarem seus filhos por toda a vida, esquecendo que eles não são eternos e que o portador de necessidades especiais deve se tornar o mais autônomo possível. Quando se propõe a inclusão de crianças autistas devem-se respeitar as características de sua natureza, visando à aquisição de comportamentos sociais aceitáveis, porém, respeitando as necessidades especiais de cada educando, e, sobretudo, trazendo os pais para um comportamento mais realístico possível, evitando a fantasia da cura, tão presente em pais de crianças especiais A escola também pode colaborar dando sugestões aos familiares de como estes podem agir em casa, de maneira que se tornem coautores do processo de inclusão de seus filhos. Sendo assim, quando uma criança portadora de autismo é incluída na escola regular, sua família também o é. Com efeito, é provável que antes da inclusão escolar a convivência com os pais de outras crianças, o planejamento de visitas de coleguinhas na casa da criança e a frequência a festinhas de aniversário dos colegas de sala eram possibilidades muito distantes para essas famílias. O objetivo da educação especial é o de reduzir os obstáculos que impedem o indivíduo de desempenhar completas atividades e participação plena na sociedade. Promover a inclusão significa, sobretudo, uma mudança de postura e de olhar acerca do transtorno. Implica em quebra de paradigmas, em reformulação do nosso sistema de ensino para a conquista de uma educação de qualidade, na qual, o acesso, o atendimento adequado e a permanência sejam garantidos a todos os alunos, independentemente de suas diferenças e necessidades. A concepção da Educação Especial como serviço segrega e cria dois sistemas separados de educação: o regular e o especial, eliminando todas as vantagens que a convivência com a diversidadepode nos oferecer. É preciso ter claro que para a conquista do processo de inclusão de qualidade, algumas reformulações no sistema educacional se fazem necessário. Seriam elas: adaptações curriculares, metodológicas e dos recursos tecnológicos, a racionalização da terminalidade do ensino para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do Ensino Fundamental, em virtude das necessidades especiais, a especialização dos professores e a preparação para o trabalho, visando à efetivação da cidadania do portador de necessidades especiais. A escola, por sua vez, para promover a inclusão deve eliminar barreiras que vão além das arquitetônicas, mas principalmente as atitudinais. São necessárias algumas adaptações de grandes e pequenos portes, tais como a adaptação curricular, a adaptação do sistema de avaliação da aprendizagem, de materiais e equipamentos, a preparação dos recursos humanos e a preparação dos alunos e pais de alunos que receberão o portador de necessidades especiais. Sem as devidas adaptações, um processo de inclusão pode ser mais segregador que a exclusão declarada, pois entendemos que a inclusão não pode se restringir à convivência social, mas deve zelar pela aprendizagem da criança com necessidades especiais. O atendimento educacional a crianças e jovens portadoras de autismo tem sido realizado, em nosso país, em escolas especiais ou ainda em clínicas-escolas, provavelmente porque educar uma criança autista ainda se constitui em um grande desafio em função das características desta população. Uma desordem aguda do desenvolvimento requer tratamento especializado para o autista por toda a sua vida. É fato que a inclusão deve ser avaliada em seu custo-benefício para o aluno em questão. Não podemos perder de vista que “a inclusão é um processo permanente e contínuo, pois a inclusão sempre deve visar a aprendizagem dos alunos com necessidades especiais e não simplesmente o convívio social, habilidade que a criança pode adquirir em muitos espaços e não necessariamente na escola. O desenvolvimento fantástico das novas tecnologias, a maneira de se produzir as coisas e a maneira de se executar os serviços sofreram uma transformação profunda. Surge o fenômeno da automação, isto é, as novas tecnologias criam instrumentos que substituem a mão-de-obra humana. Com isso multidões de pessoas foram dispensadas de seus empregos, e as novas gerações nem chegam a conseguir um local de trabalho. As relações centrais que definem nossa sociedade não são mais apenas a dominação e a exploração, como no modo de produção capitalista, pois são bem menos agora os que podem ser dominados ou explorados. A consequência do capitalismo é a competitividade, a qual exige a exclusão. É o confronto, o choque entre interesses diferentes ou contrários, que vai fazer com que as pessoas lutem, trabalhem, se esforcem para conseguir melhorar seu bem-estar, sua qualidade de vida, sua ascensão. Podemos tomar como exemplo o filme exibido em sala de aula - “Como as estrelas na terra, toda criança é especial”, onde Ishaan era rotulado de burro, preguiçoso e desinteressado, pois não conseguia acompanhar as exigências do pai, que era muito rígido. Ishaan não conseguia acompanhar os demais porque era disléxico e por isso era excluído pela sociedade e pela própria família. Assim também acontece com a criança autista. http://t1.uccdn.com/pt/images/9/9/3/img_como_identificar_o_autismo_infantil_10399_orig.jpg Mas essa competitividade vai além da disputa de mercado, trata-se de uma competitividade que se estabelece entre os seres humanos. O ser humano, como ser isolado e egoísta, tem de competir para sobreviver, de um lado e de outro lado, para trazer progresso. “Mas essa competitividade entre os desiguais acaba por excluir os mais fracos e manter a dominação dos mais fortes” (SAWAIA, 2009). A educação de uma criança portadora de autismo representa, sem dúvida, um desafio para todos os profissionais da Educação. A singularidade e a insuficiência de conhecimento sobre a síndrome nos fazem percorrer caminhos ainda desconhecidos e incertos sobre a melhor forma de ajudar essas crianças e sobre o que podemos esperar de nossas intervenções. É necessário ter humildade e cautela diante do tema, pois para compreender o autismo, é preciso uma constante aprendizagem, uma contínua revisão sobre nossas crenças, valores e conhecimento sobre o mundo, e, sobretudo, sobre nós mesmos. http://www.pim.saude.rs.gov.br/a_PIM/noticias/1258/simbolo-autismo.jpg SÍNDROME DE ASPERGER http://t1.uccdn.com/pt/images/4/5/8/img_como_diferenciar_o_sindrome_de_asperger_ do_autismo_3854_orig.jpg A síndrome de Asperger é um tipo de autismo, mas sem nenhum atraso ou retardo no desenvolvimento e da linguagem. Quando adultos, os portadores podem viver de forma comum, como qualquer outra pessoa que não possui a síndrome. Há indivíduos com Asperger que se tornam professores universitários. Alguns sintomas desta síndrome são: Interesses específicos ou preocupações com um tema, em detrimento de outras atividades; Peculiaridades na fala e na linguagem; Padrões de pensamento lógico/técnico extensivo (às vezes comparado com os traços de personalidade do personagem Spock de Jornada nas Estrelas); Comportamento socialmente e emocionalmente impróprio e problemas de interação interpessoal; Problemas com comunicação; Transtornos motores, movimentos desajeitados e descoordenados. As características mais comuns e importantes podem ser divididas em várias categorias amplas: as dificuldades sociais, os interesses específicos e intensos, e peculiaridades na fala e na linguagem. A principal característica é a dificuldade com o convívio social. Os não autistas são capazes de captar informação sobre os estados emocionais de outras pessoas pela expressão facial, linguagem corporal, humor e ironia. Já os portadores de Asperger não têm essa capacidade, o que é às vezes chamado de "cegueira emocional". As pessoas com Asperger não têm a habilidade natural de enxergar a comunicação implícita da interação social, e podem não ter capacidade de expressar seu próprio estado emocional, resultando em observações e comentários que podem soar ofensivos apesar de bem-intencionados, ou na impossibilidade de identificar o que é socialmente "aceitável". As regras informais do convívio social que angustiam os portadores de Asperger são descritas como "o currículo oculto". Os Aspergers precisam aprender estas aptidões sociais intelectualmente de maneira clara, seca, lógica como matemática, em vez de intuitivamente por meio da interação emocional normal. Este fenômeno também é considerado uma carência de teoria da mente. Sem isso, os indivíduos com Asperger não conseguem reconhecer nem entender os pensamentos e sentimentos dos demais. Desprovidos dessa informação intuitiva, não podem interpretar nem compreender os desejos ou intenções dos outros e, portanto, são incapazes de prever o que se pode esperar dos demais ou o que estes podem esperar deles. Isso geralmente leva a comportamentos impróprios e antissociais: http://estudossobresaude.com.br/wp-content/uploads/2015/03/Sind-asperger.jpg Dificuldade em compreender as mensagens transmitidas por meio da linguagem corporal: Aspergers geralmente não olham nos olhos, e quando olham, não conseguem "ler" os olhos das outras pessoas. Interpretar as palavras sempre em sentido literal: Aspergers têm dificuldade em identificar o uso de coloquialismos, ironia, gírias, sarcasmo e metáforas. Ser considerado grosso, rude e ofensivo: propensos a comportamento egocêntrico, Aspergers não captam indiretas e sinais de alerta de que seu comportamento é inadequado à situação social. Honestidade e ludibrio: Aspergers sãogeralmente considerados “honestos demais”, “inocentes” ou “sem malícia” e têm dificuldade em enganar ou mentir, mesmo à custa de magoar alguém. Aperceber-se de erros sociais: à medida que os Aspergers amadurecem e se tornam cientes de sua "cegueira emocional", começam a temer cometer novos erros no comportamento social, e a autocrítica em relação a isso pode crescer a ponto de se tornar fobia. Paranoia: por causa da "cegueira emocional", pessoas com Asperger têm problemas para distinguir a diferença entre atitudes deliberadas ou casuais dos outros, o que por sua vez pode gerar uma paranoia. Lidar com conflitos: ser incapaz de entender outros pontos de vista pode levar a inflexibilidade e a uma incapacidade de negociar soluções de conflitos. Uma vez que o conflito se resolva, o remorso pode não ser evidente. Consciência de magoar os outros: uma falta de empatia em geral leva a comportamentos ofensivos ou insensíveis não intencionais. Consolar os outros: como carecem de intuição sobre os sentimentos alheios, pessoas com Aspergers têm pouca compreensão sobre como consolar alguém ou fazê-los se sentirem melhor. Reconhecer sinais de enfado: a incapacidade de entender os interesses alheios pode levar Aspergers a serem incompreensivos ou desatentos. Na mão inversa, pessoas com Asperger geralmente não percebem quando o interlocutor está entediado ou desinteressado. Introspecção e autoconsciência: indivíduo com Asperger têm dificuldade de entender seus próprios sentimentos ou o seu impacto nos sentimentos alheios. Vestimenta e higiene pessoal: pessoas com Asperger tendem a ser menos afetadas pela pressão dos semelhantes do que outras. Como resultado, geralmente fazem tudo da maneira que acham mais confortáveis, sem se importar com a opinião alheia. Isto é válido principalmente em relação à forma de se vestir e aos cuidados com a própria aparência. Amor e rancor recíprocos: como Aspergers reagem mais pragmaticamente do que emocionalmente, suas expressões de afeto e rancor são em geral curtas e fracas. Compreensão de embaraço e passo em falso: apesar do fato de pessoas com Asperger terem compreensão intelectual de constrangimento e gafes, são incapazes de aplicar estes conceitos no nível emocional. Necessidade crítica: Aspergers sentem-se forçosamente compelidas a corrigir erros, mesmo quando são cometidos por pessoas em posição de autoridade, como um professor ou um chefe. Por isto, podem parecer imprudentemente ofensivos. Velocidade e qualidade do processamento das relações sociais: como respondem às interações sociais com a razão e não intuição, Aspergers tendem a processar informações de relacionamentos muito mais lentamente do que o normal, levando a pausas ou demoras desproporcionais e incômodas. Exaustão: quando um indivíduo com Asperger começa a entender o processo de abstração, precisa treinar um esforço deliberado e repetitivo para processar informações de outra maneira. Isto muito frequentemente leva a exaustão mental. http://1.bp.blogspot.com/-jHQEuu86yNU/VWb- zQfIRlI/AAAAAAAAAQU/WYBf2ZpLn8A/s1600/sindrome-asperger2.jpg Portadores da Síndrome de Asperger pode ter problemas em compreender as emoções alheias: as mensagens passadas pela expressão facial, olhares e gestual não surtem efeito. Eles também podem ter dificuldades em demonstrar empatia. Assim, Aspergers podem parecer egoístas, egocêntricos ou insensíveis. Na maioria dos casos, estas percepções são injustas porque os portadores da síndrome são neurologicamente incapazes de entender os estados emocionais das pessoas à sua volta. É evidente que pessoas com Asperger têm emoções! Mas a natureza concreta dos laços emocionais que venham a ter pode parecer curiosa ou até ser uma causa de preocupação para quem não compartilha da mesma perspectiva. O problema pode ser exacerbado pelas respostas daqueles neurotípicos (não autistas) que interagem com portadores de Asperger. O aparente desapego emocional de um paciente Asperger pode confundir e aborrecer uma pessoa neurotípica, que por sua vez pode reagir ilógica e emocionalmente - reações que vários Aspergers especialmente não toleram. Isto pode gerar um círculo vicioso e às vezes desequilibram particularmente famílias de pessoas Aspergers. Pessoas com Asperger tipicamente tem um modo de falar altamente "pedante", usando um registro formal muitas vezes impróprio para o contexto. Uma criança de cinco anos de idade com essa condição pode falar regularmente como se desse uma palestra universitária, especialmente quando discorrer sobre seus assuntos de interesse. Crianças com Asperger podem demonstrar aptidão avançadas demais para sua idade em relação à fala, leitura, matemática, noções de espaço ou música, às vezes no nível de "superdotados", mas estes talentos são contrabalançados por retardamentos consideráveis no desenvolvimento de outras funções cognitivas. A Síndrome de Asperger na criança pode se desenvolver como um nível de foco intenso e obsessivo em assuntos de interesse. Algumas vezes, os interesses são vitalícios; em outros casos, vão mudando a intervalos imprevisíveis. Em qualquer caso, são normalmente um ou dois interesses de cada vez. Ao perseguir estes interesses, portadores de Aspergers frequentemente manifestam argumentação extremamente sofisticada, um foco quase obsessivo e uma memória impressionantemente boa para dados. Na escola, podem ser considerados inaptos ou superdotados altamente inteligentes, claramente capazes de superar seus colegas em seu campo do interesse, e ainda assim constantemente desmotivados para fazer deveres de casa comuns (às vezes até mesmo em suas próprias áreas de interesse). Pessoalmente creio que a chave para superar o autismo é compreendê- lo. O autismo é causado por diversos processos bioquímicos que afetam a forma com que o cérebro se desenvolve. Durante algum tempo acreditei que o cérebro das pessoas autistas estava estruturado de forma ligeiramente diferente de forma que havia uma tendência maior dos impulsos neurais para viajar para cima e para baixo (pensamento literal) e uma menor tendência a moverem-se lateralmente (pensamento lateral). Este fenômeno estaria estendido por todo o cérebro ao invés de estar localizado em certas regiões. Os experimentos com redes neurais em computadores têm demonstrado que as redes que enfatizam o movimento vertical da informação (como um cérebro autista) mostram uma grande habilidade com detalhes porém muita dificuldade para distinguir as coisas. Em uma maior e mais complexa escala do cérebro, isto significa que as pessoas neurotípicas são mais conscientes do argumento todo e as pessoas autistas são mais conscientes dos detalhes. Os autistas são melhores nos problemas lógicos, porém menos intuitivos. Isto não significa necessariamente que os autistas possuem memórias brilhantes, muito pelo contrário, a princípio podem ser bem distraídos para algumas coisas. A elevada sensibilidade sensorial e a constante atenção com os detalhes extras, a maioria dos quais não são importantes, podem ser uma fonte inesgotável de distração para a concentração e as habilidades de aprendizagem. Pode ser especialmente difícil captar a informação relevante referente à cultura em que vive, especialmente nas atuais sociedades evoluídas, nas quais creio que está havendo uma sobrecarga cultural (ver conhecimento geral). http://br.guiainfantil.com/uploads/Saude/aspergerG.jpg O que eu acredito agora é similar ao descrito acima, mas ligeiramente modificado. Agora creio que talvez a causa primordial do autismo é uma predisposição à reavaliação de pensamentos prévios (e por isso a repetição e os rituais). Consequentemente, a capacidade para a intuição e a consciência contextual se reduz. Para avaliar umasituação social é preciso encontrar muitas pistas e uni- las o mais rapidamente possível em um conjunto. A dedução final é muitas vezes maior do que a soma de suas partes. Além disso, outra coisa difícil para a pessoa autista é encontrar um “ponto de equilíbrio” e isto pode ser visto em todos os níveis de conduta e relacionamento. A habilidade para adaptar-se ao “continuum situacional” e moldar-se ao mundo que o cerca é, sem dúvida, uma estratégia de sobrevivência extremamente antiga, que é mais relevante nos aspectos sociais da vida. Muitos dos problemas experimentados por alguém com Síndrome de Asperger podem ser atribuídos a uma inexplicável sucessão de má sorte. A única forma de poder tornar este sentimento muito menos frustrante é encarar os seus problemas como desafios a serem superados ao invés de problemas. Não quis que as pessoas pensassem que existe apenas uma definição do que é o autismo ou a Síndrome de Asperger, porém se tivesse que explicar com uma única frase seria: Os autistas têm que compreender de forma científica o que já as pessoas não autistas compreendem instintivamente. SÍNDROME DE RETT http://3.bp.blogspot.com/- SY7Kk_ssQ5w/UhlWiYj1LaI/AAAAAAAAETE/g5tozxJrx7I/s1600/blog+5.jpg Andreas Rett identificou, em 1966, uma condição caracterizada por deterioração neuromotora em crianças do sexo feminino, quadro clínico bastante singular, acompanhado por hiperamonemia, tendo-o descrito como uma “Atrofia Cerebral Associada à Hiperamonemia”. A condição por ele descrita somente passou a ser melhor conhecida após a publicação do trabalho de Hagberg et al, no qual foram descritas 35 meninas, e a partir do qual foi sugerido o epônimo de síndrome de Rett (SR). A presença da hiperamonemia não foi confirmada como um sinal habitual da síndrome. Admite-se, na atualidade, uma prevalência da doença estimada entre 1:10.000 e 1:15.000 meninas, sendo uma das causas mais frequentes de deficiência mental severa que afeta o sexo feminino. No Brasil, a SR foi inicialmente identificada por Rosemberg et al (1986, 1987). Desde então, vários trabalhos foram publicados no Brasil, divulgando o quadro clínico e tornando possível a identificação de algumas centenas de meninas afetadas. A partir do que já se conhece sobre a síndrome de Rett, focaliza as informações mais recentes da literatura internacional sobre os aspectos genéticos e etiológicos desta condição, bem como sobre a sua identificação clínica e laboratorial, neuropatologia, eletrofisiologia, e evolução clínica (epilepsia, distúrbios respiratórios, distúrbios autonômicos e aspectos nutricionais), enfatizando, ainda, que, embora até recentemente tida como condição que afetava apenas o sexo feminino, também pode estar presente no sexo masculino, ainda que com fenótipo diverso. O diagnóstico da SR, até pouco tempo, era exclusivamente clínico, existindo ainda critérios para o diagnóstico de quadros atípicos da SR, que somente devem ser firmados após os 10 anos de idade. Na atualidade, a descrição de uma alteração genética identificável em aproximadamente 80% dos casos sugere que esse recurso deva ser utilizado na elaboração final do diagnóstico. Quadro clínico http://s2.glbimg.com/F6hQ38FpQtpF6J3C1hdSHUphBEI=/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2014/09/12/maria_l uiza.png A doença evolui de forma previsível, em estágios, que foram nomeados por Hagberg & Witt-Engerström (1986) da seguinte forma: o primeiro deles, denominado estagnação precoce, inicia-se entre seis e 18 meses e caracteriza- se por uma parada no desenvolvimento, desaceleração do crescimento do perímetro craniano, diminuição da interação social com consequente isolamento. Esse estágio tem a duração de alguns meses. O segundo, rapidamente destrutivo, inicia-se entre um e três anos de idade e tem a duração de semanas ou meses. Uma rápida regressão psicomotora domina o quadro, com a presença de choro imotivado e períodos de extrema irritabilidade, comportamento tipo autista, perda da fala e aparecimento dos movimentos estereotipados das mãos, com subsequente perda da sua função práxica; disfunções respiratórias (apnéias em vigília, episódios de hiperventilação e outras) e crises convulsivas começam a se manifestar. Em algumas crianças há perda da fala que já estava eventualmente presente. Distúrbios do sono são comuns. Entre os dois e dez anos de idade instala-se o terceiro estágio: o pseudo-estacionário, no qual ocorre certa melhora de alguns dos sinais e sintomas, inclusive do contato social. Os distúrbios motores são evidentes, com presença de ataxia e apraxia, espasticidade, escoliose e bruxismo. Os trabalhos estrangeiros referem que nessa fase é muito comum ocorrer perda de peso, apesar de ingesta normal. Todavia, em pesquisa conduzida no Brasil, Schwartzman não encontrou desnutrição entre as crianças examinadas. Ao contrário do que se poderia esperar, várias das pacientes apresentavam sobrepeso. Crises de perda de fôlego, aerofagia e expulsão forçada de ar e saliva ocorrem com frequência. O quarto estágio, que se inicia por volta dos dez anos de idade, é o da deterioração motora tardia, ocorrendo lenta progressão dos déficits motores, com presença de escoliose e severa deficiência mental. Epilepsia pode se tornar menos importante, e as poucas pacientes que ainda retêm a deambulação gradualmente terão prejuízos crescentes, acabando por ter que utilizar cadeiras de rodas. Observa-se, nesse período, a superposição de sinais e sintomas decorrentes de lesão do neurônio motor periférico aos prejuízos já presentes. Presença de coreo-atetose é comum nessa fase. Apesar de ser habitual afirmar-se que as meninas com SR são normais ao nascimento e demonstram um desenvolvimento normal até os seis ou dezoito meses de idade, sabe-se hoje que em grande parte dos casos, senão em todos, há na verdade um atraso no desenvolvimento motor com hipotonia muscular e prejuízo no engatinhar, que são os sinais iniciais. A fala está sempre muito comprometida e, muitas vezes, totalmente ausente. Algumas crianças chegam a falar, deixando de fazê-lo à medida que a deterioração avança. Algumas poucas adquirem alguns vocábulos isolados. Apenas um trabalho refere a presença de “frases apropriadas” em casos de SR. Estudo que se baseou no exame de uma amostra composta por 265 pacientes com quadros clássicos e atípicos de SR e pôde comprovar que, 30% delas nunca desenvolveram palavras inteligíveis, 55% deixaram de falar após ter adquirido fala, 15% retinham algumas palavras e 6% do total continuavam a fazer uso apropriado de frases. Crises epilépticas são de ocorrência comum. Podem assumir várias formas e, eventualmente, demonstrar grande resistência à medicação antiepiléptica habitual. Afirmar a real prevalência de epilepsia nessas pacientes é difícil, porque elas podem apresentar outras manifestações paroxísticas que são, muito frequentemente, confundidas com epilepsia. Hagberg et al, por exemplo, afirmam que nas séries por eles acompanhadas, a ocorrência de epilepsia pôde ser comprovada em 94% dos casos. A média de idade da população era de 20 anos, variando entre quatro e 58 anos. Frequentemente crises de perda de fôlego, crises hipoxêmicas seguindo episódios de apneia são diagnosticadas erroneamente como epilepsia, o que pode contribuir para prevalências superestimadas de epilepsia nessas crianças. http://cdn.mundodastribos.com/606084-A-crian%C3%A7a-apresenta-dificuldades-de-movimentos-e- aprendizado.-Foto-divulga%C3%A7%C3%A3o.jpg O eletroencefalograma é, em geral, grosseiramente anormal, exceção feita, eventualmente, às primeiras fases da doença. À medida que a condição evolui do estágio I para o III, observaremos lentificação progressiva do ritmo de base com surgimento de ondas pontiagudas projetando-se, em geral,nas regiões centro-parietais. No estágio III podem surgir descargas com o padrão espícula-onda lenta, mais facilmente observada durante o sono. No estágio IV pode haver uma certa melhora no traçado com diminuição dos elementos epileptiformes. As espículas centrais tendem a diminuir após os dez anos de idade e podem ser bloqueadas pela movimentação passiva dos dedos da mão contralateral. A sobrevida na SR pode ser limitada, sobrevindo a morte, em geral, em decorrência de um quadro infeccioso ou durante o sono (morte súbita). Outro fator que pode limitar tanto a qualidade de vida como o tempo de sobrevida, consiste nos problemas respiratórios crônicos decorrentes de problemas secundários à escoliose, que pode chegar a comprometer seriamente a expansão pulmonar. No quadro clínico da SR podemos observar algumas alterações que permitem supor algum tipo de disfunção autonômica. Julu et al estudaram, sob este ponto de vista, 17 meninas com a SR. Demonstraram que o tono vagal cardíaco era 65% inferior ao de meninas controles. Esses valores são similares aos observados em recém-nascidos normais. Cada uma das meninas Rett apresentou, pelo menos, seis alterações no ritmo respiratório. O tono vagal cardíaco era suprimido no ápice da atividade simpática, tanto durante os períodos de hiperventilação, quanto nos de perda de fôlego, levando a um desequilíbrio com risco de arritmias cardíacas e possivelmente morte súbita. Genética A grande maioria dos casos de SR é composta de casos isolados dentro de uma família, exceção feita à ocorrência em irmãs gêmeas; porém, casos familiares têm sido observados. Costumava-se considerar a SR como uma desordem dominante ligada ao cromossomo X, em que cada caso representaria uma mutação fresca, com letalidade no sexo masculino. Foram observados casos nos quais meninos, irmãos de meninas com a SR, nasciam com uma doença encefalopática com óbito precoce. Nessa perspectiva, alguns poucos casos foram descritos nos quais um fenótipo similar ao da SR foi observado em meninos. Em geral, constituíam apenas um sugestivo do diagnóstico, com sinais e sintomas presentes de forma bastante atípica e parcial. http://image.slidesharecdn.com/dm-141022021111-conversion-gate02/95/deficincia- intelectualmental-7-638.jpg?cb=1413943942 Em 1998, foi descrito um caso de um menino que, na ocasião, tinha dois anos e nove meses de idade, apresentando fenótipo integral da SR na sua forma clássica. Esse menino, apresenta cariótipo XXY, caracterizando, portanto, uma associação das síndromes de Klinefelter com a SR, ocorrência com uma probabilidade da ordem de uma para dez a 15 milhões de nascimentos. Apenas um ano após, em 1999, foram descritas pela primeira vez mutações no gene MeCP2 em pacientes com a SR. Interessante que após a descrição dessas mutações do MECP2, foi realizada a pesquisa para esse marcador no menino anteriormente referido, no qual havia sido descrita a associação do fenótipo Rett e XXY. Foi encontrada uma mutação nesse gene, confirmando tratar-se, realmente, da SR. Estudos mais recentes indicam que cerca de 75% a 80% de pacientes com a forma clássica da SR têm mutações no gene MECP2. Considera-se que a proteína MeCP2, produzida pelo gene, funciona como repressor global de transcrição. Como essa proteína possui alguns diferentes sítios de ação, acreditasse que as diferentes mutações encontradas no gene seriam responsáveis pelos diferentes fenótipos observados nos portadores de SR. Sabemos, hoje, que alguns meninos portadores das mesmas mutações podem sobreviver, apresentando um quadro encefalopático totalmente distinto do quadro clínico clássico da SR no sexo feminino. Também se aceita que a pesquisa de mutações no gene MECP2 esteja justificada em meninos com formas severas de encefalopatia que não tenham alguma etiologia claramente definida. Patologia Do ponto de vista neuropatológico, é fato a desaceleração do crescimento craniano que ocorre a partir do terceiro mês. O lobo frontal, o núcleo caudado e o mesencéfalo são as regiões encefálicas nas quais foram observadas as maiores reduções. Começam a surgir evidências de que a SR poderia estar relacionada a uma deficiência pós-natal no desenvolvimento das sinapses; mas restaria, ainda, conhecer o defeito básico presente. http://image.slidesharecdn.com/sindromesgnicas-130519123549-phpapp01/95/sndromes-gnicas- 18-638.jpg?cb=1368968216 Com o conhecimento da mutação encontrada no gene MECP2, um grupo de pesquisadores do Texas produziu um camundongo transgênico com uma mutação truncada no gene MECP2. Os animais não aparentam anormalidades até aproximadamente a sexta semana, quando surge um tremor ao erguer-se o animal pela cauda. Após oito meses, alterações na pelagem, presença de convulsões e mioclonias podem ser observadas. Interessante que, após essa idade, o animal produz uma série de movimentos estereotipados das patas dianteiras quando suspenso pela cauda. O mecanismo pelo qual a alteração desse gene parece determinar o fenótipo do quadro ainda não está completamente compreendido. Porém, observou-se que, nesses animais, um aumento da acetilação de um grupo de histonas, comprometendo a arquitetura da cromatina em determinadas regiões cerebrais, principalmente do córtex e do cerebelo. Consequência desse processo poderia ser uma maior acessibilidade do DNA por diferentes fatores transcricionais, o que implicaria na interferência da expressão de diversos genes. Os estudos agora procuram compreender quais seriam os diferentes genes que estariam desregulados pela ação dessa alteração da proteína MeCP2. Diagnóstico diferencial Dependendo da fase em que se encontra a SR, várias condições deverão ser levadas em consideração entre os diagnósticos diferenciais: patologias fixas, como a paralisia cerebral e outras encefalopatias fixas; síndrome de Angelman; autismo infantil; e várias doenças metabólicas (por ex. lipofuccionoses). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS JERUSALINSKY, A. Psicose e autismo na infância: Uma questão de linguagem. Psicose, 4 (9). Boletim da Associação Psicanalítica de Porto Alegre, RS, 1993. KUPFER, M. C. M. Notas sobre o Diagnóstico Diferencial da Psicose e do Autismo na Infância. Instituto de Psicologia da USP, Psicol. SP, vol.11, n.1, São Paulo, 2000. Visualizado em 17/10/2010 no Site: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 65642000000100006&lng=en&nrm=iso&tlng=pt SAWAIA, B. As artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social. Petrópolis, Vozes, 2009. TAFURI, Maria Izabel. A análise com crianças autistas: uma inovação do método psicanalítico clássico. 2005. Visualizado em 02/11/2010 no Site: http://www.antroposmoderno.com/antro-articulo.php?id_articulo=103 ATIVIDADES DE FIXAÇÃO 1- A palavra autismo se origina do grego "auto” que significa: A) Próprio. B) Improprio. C) Mesma. D) Nenhuma das respostas. 2- Sobre o autismo podemos afirmar que: A) A criança autista parece em si mesma. B) Esta criança pouco reage ou responde ao mundo que a rodeia. C) O autismo significa que o mundo não faz sentido. D) Todas as respostas estão corretas. 3- De 10.000 crianças há de ________ com menos de 12 ou 15 anos. Com retardo mental severo, a taxa pode subir para 20 casos em 10.000 crianças. E é 4 vezes mais comum em meninos do que em meninas; porém as meninas são mais seriamente acometidas. Complete a frase: A) 1 a 3 casos. B) 4 à 5 casos. C) 8 a 9 casos. D) 2 a 3 casos. 4- O autismo é uma síndrome de etiologia puramente orgânica, para qual existem, presentemente, três definições que podemos considerar como adequadas, estas são: A) A da ASA - American Society for Autism (Associação Americanade Autismo) B) A da Organização Mundial de Saúde, contida na CIS-10 (10a. Classificação Internacional de Doenças) de 19991; C) A do DSM-IV - diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders (Manual Diagnóstico e estatístico dos distúrbios Mentais), da Associação Americana de Psiquiatria. D) Todas as respostas estão corretas. 5- A definição da ASA desenvolvida e aprovada em _____, por uma equipe de profissionais conhecidos pela comunidade científica mundial, por seus trabalhos, estudos, pesquisas na área do autismo. Qual é esse ano: A) 1994. B) 1995. C) 1996. D) 1997. 6- Os sintomas, causados por disfunções físicas do cérebro, são verificados pela anamnese ou presentes no exame ou entrevista com o indivíduo. Incluem: A) Distúrbios no ritmo de aparecimentos de habilidades físicas, sociais e linguísticas. B) Reações anormais às sensações. As funções ou áreas mais afetadas são: visão, audição, tato, dor, equilíbrio, olfato, gustação e maneira de manter o corpo. C) Fala ou linguagem ausentes ou atrasados. Certas áreas específicas do pensar, presentes ou não. Ritmo imaturo da fala, restrita compreensão de ideias. Uso de palavras sem associação com o significado. D) Todas as respostas estão corretas. 7- O Autismo pode ocorrer isoladamente ou em associação com outros distúrbios que afetam o funcionamento do cérebro, tais como Síndrome de Down e epilepsia. Os sintomas mudam e alguns podem até desaparecer com a idade. Esta frase é: A) Falsa. B) Verdadeira. 8- O Portador de Autismo tem uma expectativa de vida normal. Esta frase é: A) Falsa. B) Verdadeira. 9- Formas mais grave podem apresentar comportamento destrutivo, autoagressão e comportamento agressivo, que podem ser muito resistentes às mudanças. Esta frase é: A) Falsa. B) Verdadeira. 10- O Autismo ocorre por bloqueios ou razões emocionais, como insistiam os psicanalistas. Esta frase é: A) Falsa. B) Verdadeira.
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