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Bases fisiológicas da Osteopatia 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 2 
Índice 
1 - INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................................... 6 
2 – HISTÓRIA DA OSTEOPATIA .............................................................................................................................. 9 
2.1 – Andrew Taylor Still .......................................................................................................................................... 9 
2.2 – Criação da Osteopatia ..................................................................................................................................... 10 
3 – OUTROS PERSONAGENS IMPORTANTES DA OSTEOPATIA ..................................................................... 12 
4 – DEFINIÇÕES DA OSTEOPATIA ........................................................................................................................ 13 
5 - PRINCÍPIOS DA OSTEOPATIA .......................................................................................................................... 14 
5.1 - A unidade do corpo ......................................................................................................................................... 14 
5.2 - A estrutura governa a função .......................................................................................................................... 15 
5.3 - A autocura ....................................................................................................................................................... 15 
5.4 - A lei da artéria ................................................................................................................................................. 15 
6 – PRINCIPAIS FUNÇÕES DO OSTEOPATA ....................................................................................................... 16 
7 – OSTEOPATIA NO BRASIL E NO MUNDO ....................................................................................................... 16 
8 – ASPECTOS ANATÔMICOS E FISIOLÓGICOS RELEVANTES À OSTEOPATIA ........................................ 18 
8.1 - Medula espinhal e raízes nervosas .................................................................................................................. 18 
8.2 - Ramo meníngeo do nervo espinhal (nervo de Luschka) ................................................................................. 19 
8.3 - Fibras nervosas................................................................................................................................................ 20 
8.4 - Unidade motora ............................................................................................................................................... 21 
8.5 - Potencial de ação............................................................................................................................................. 21 
8.6 – Interneurônios ................................................................................................................................................ 22 
8.7 - Receptores sensoriais ...................................................................................................................................... 23 
8.7.1 - Receptores mecânicos .............................................................................................................................. 23 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 3 
8.7.2 – Características dos receptores ................................................................................................................. 29 
8.8 - Tipos de fibras nervosas sensoriais ................................................................................................................. 30 
8.9 - Segmento medular/Metâmero: ........................................................................................................................ 30 
8.10 – Sistema Nervoso Visceral (autônomo) ......................................................................................................... 32 
8.9.1 – Sistema Nervoso Simpático .................................................................................................................... 33 
8.9.2 – Sistema Nervoso Parassimpático ............................................................................................................ 34 
8.11 - Reflexos ........................................................................................................................................................ 36 
8.11.1 - Reflexo Medular .................................................................................................................................... 36 
8.11.2 - Reflexo somato-somático ...................................................................................................................... 37 
8.11.2 - Reflexo víscero-vísceral ........................................................................................................................ 37 
8.11.3 - Reflexo víscero-somático: ..................................................................................................................... 38 
8.11.4 - Reflexo somato-visceral ....................................................................................................................... 39 
9 – CONCEITOS DE MACRO E MICROFISIOLOGIA ARTICULAR ................................................................... 39 
9.1 – Macrofisiologia articular ................................................................................................................................ 39 
9.2 – Microfisiologia articular ................................................................................................................................. 40 
10 – DISFUNÇÕES SOMÁTICAS ............................................................................................................................. 41 
10.1 – Características clínicas ................................................................................................................................. 42 
10.2 – Hipótese fisiopatológica das disfunções somáticas ...................................................................................... 43 
10.2.1 – Modelo da facilitação – Irwin Korr ....................................................................................................... 43 
10.2.3 – Outro modelos ....................................................................................................................................... 49 
10.3 – Disfunções somáticas em articulações periféricas ........................................................................................ 50 
10.4 – Disfunções primárias e adaptações secundárias ........................................................................................... 51 
11 - CONCEITOS DE HIPO E HIPERMOBILIDADE .............................................................................................. 52 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 4 
11.1 – Objetivos do tratamento Osteopático ........................................................................................................... 54 
12 - FACILITAÇÃO MEDULAR ............................................................................................................................... 55 
12.1 – Conseqüências da facilitação medular .......................................................................................................... 57 
12.2 – Sinais clínicos da facilitação medular .......................................................................................................... 57 
12.3 – Caracterização das facilitações..................................................................................................................... 61 
13 – MOBILIDADE VISCERAL: suas disfunções e técnicas de correção ................................................................. 62 
14 – MOBILIDADE CRANIANA: suas disfunções e técnicas de correção ............................................................... 65 
15 – OS 5 MODELOS DE APLICAÇÃO DA OSTEOPATIA ................................................................................... 68 
15.1 – O modelo biomecânco-estrutural ................................................................................................................. 69 
15.2 – O modelo respiratório-circulatório ............................................................................................................... 69 
15.3 – O modelo neurológico .................................................................................................................................. 70 
15.4 – O modelo metabólico ................................................................................................................................... 70 
15.5 – O modelo comportamental ........................................................................................................................... 71 
16 - TIPOS DE DOR ................................................................................................................................................... 73 
16.1 - Características das dores devido a bloqueio articular ................................................................................... 73 
16.2 - Características da dor discal .......................................................................................................................... 74 
16.3 - Característica da dor ligamentar.................................................................................................................... 75 
16.4 - Características da dor de origem muscular ................................................................................................... 77 
16.5 - Características da dor de origem nervosa ...................................................................................................... 78 
16.6 - Características da dor de origem visceral ...................................................................................................... 78 
17 - DOR REFERIDA ................................................................................................................................................. 79 
18 - DIAGNÓSTICO OSTEOPÁTICO ...................................................................................................................... 81 
18.1- Anamnese ....................................................................................................................................................... 82 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 5 
18.2 – Inspeção (estática e dinâmica) ...................................................................................................................... 82 
18.3- Palpação ......................................................................................................................................................... 83 
18.4 – Testes de mobilidade .................................................................................................................................... 83 
18.5 - Radiologia ..................................................................................................................................................... 84 
19 - AS TÉCNICAS OSTEOPÁTICAS DE TRATAMENTO ................................................................................... 84 
19.1 – Técnicas diretas (estruturais) ........................................................................................................................ 85 
19.1.1 – Técnicas Rítmicas ................................................................................................................................. 85 
19.1.2 – Técnicas de Thrust ................................................................................................................................ 94 
19.2 – Técnicas Indiretas ou funcionais .................................................................................................................. 99 
19.2.1 – Técnica de Jones ................................................................................................................................. 100 
19.2.2 – Técnica de Hoover .............................................................................................................................. 101 
20 - CIÊNCIA E OSTEOPATIA ............................................................................................................................... 102 
20.1 - Aspectos biomecânicos da manipulação vertebral ...................................................................................... 102 
20.2 - Aspectos neurofisológicos da manipulação vertebral ................................................................................. 104 
21 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................................... 110 
 
 
 
 
 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 6 
1 - INTRODUÇÃO 
 No final do século XIX, o médico americano Dr. Andrew Taylor Still se encontrava 
descontente com a prática de sua profissão exercida na época. Após a perda de pacientes e 
familiares por algumas epidemias, passou a estudar a essência do ser humano e observar as 
estruturas e o funcionamento do corpo como uma verdadeira máquina que tem todos os seus 
sistemas inter-relacionados e também apresenta capacidade autorreguladora. Passou a deduzir 
que as enfermidades, suas causas e tratamentos tinham origem em desequilíbrios funcionais que 
poderiam repercutir sobre o organismo de maneira mecânica e também neurológica, 
influenciando negativamente funções fisiológicas como a atividade do sistema nervoso e 
vascular. De acordo com os relatos de sua biografia, após diversos fatos e anos de intensos 
estudos e observações, em 1874 Still criou um método de diagnóstico e tratamento o qual 
denominou alguns anos depois como Osteopatia. 
Segundo o glossário de terminologia osteopática do ECOP (Educational Council of 
Osteopathic Principles), a filosofia Osteopática: “é um conceito de cuidado de saúde embasado 
no conhecimento científico em expansão que envolve o conceito da estrutura (anatomia) e 
função (fisiologia) dos organismos vivos”. Enfatiza os seguintes princípios: 
1 – O ser humano é uma unidade dinâmica funcional; 
2 – O corpo possui mecanismos autorreguladores que são de natureza auto-curadoras. 
3 – Estrutura e função são inter-relacionadas em todos os níveis. 
4 – O tratamento racional é baseado nesses princípios. 
 Andrew Still chamou de “deslocamentos ósseos” as alterações funcionais que produziam 
desequilíbrios fisiológicos e como consequência a perda da homeostase. Atualmente tal 
problema é conhecido como disfunção somática: “função alterada ou debilitada dos componentes 
relacionados ao sistema somático: esqueleto, articulações e estruturas fasciais, e elementos 
vasculares, linfáticos e neurais relacionados”. 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 7 
Baseado em suas observações, Still compreendeu as relações diretas e evidentes entre o 
sistema neuromusculoesquelético e os outros sistemas, e como os fenômenos neurofisiológicos 
ligados às disfunções somáticas deixariam o organismo vulnerável às enfermidades. Sendo 
assim, uma das ideias fundamentais do criador da Osteopatia foi utilizar o sistema 
musculoesquelético como interface para poder abordar os outros sistemas em um tratamento. 
 O corpo humano apresentauma admirável capacidade de adaptação em relação aos 
meios (externo e interno). Quanto maior a quantidade de adaptações causadas por mecanismos 
disfuncionais, menor é a capacidade de defesa do indivíduo. 
 A Osteopatia pode ser subdividida de maneira conceitual, basicamente em três categorias, 
contudo deve ficar claro que a filosofia Osteopática envolve o profundo conhecimento anatômico 
e fisiológico global, relacionando todos os sistemas. Desta forma, a Osteopatia diferencia-se de 
outros métodos de terapia manual, pois busca o trabalho integral proporcionando condições para 
que o próprio organismo busque seus próprios sistemas de equilíbrio/homeostase. 
 A OSTEOPATIA FOCA NO INDIVÍDUO, E NÃO NA DOENÇA!!! 
 
Osteopatia Estrutural 
 É relacionada às disfunções neuromusculoesqueléticas, atuando com foco no 
restabelecimento/manutenção da mobilidade tecidual (articulações, músculos, ligamentos, 
fascias, etc). Para isto, o Osteopata tem um amplo arsenal de técnicas manuais específicas para 
cada tipo de tecido. 
Osteopatia Craniana 
 Um discípulo direto de Still, William Sutherland, foi inovador ao perceber a existência de 
um micromovimento rítmico dos ossos cranianos relacionado com tensões das meninges (dura-
máter) e a dinâmica do líquido cerebroespinhal. 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 8 
 Disfunções deste mecanismo podem repercutir principalmente sobre o sistema nervoso 
autônomo, nervos cranianos, e vascularização craniana, afetando o organismo de maneira global. 
Sutherland propôs então, o diagnóstico tratamento craniano, seguindo os princípios da filosofia 
Osteopática de Andrew Still. 
Osteopatia Visceral 
 Está direcionada à percepção da mobilidade/motilidade dos órgãos e seus envoltórios. 
Trata-se de testes e técnicas de manipulações aplicadas diretamente sobre as vísceras e seus 
tecidos circundantes, e também a estimulação reflexa do sistema nervoso autônomo no intuito de 
corrigir disfunções que repercutam sobre vascularização, desequilíbrios neurovegetativos, 
espasmos da musculatura lisa, e aderências fasciais. 
 O diagnóstico e tratamento Osteopáticos são realizados de forma global sem limitações 
de idade, integrando os sistemas corporais na busca das causas das enfermidades e não somente 
suas consequências. 
 Este material descreve aspectos relevantes aos estudantes e praticantes da Osteopatia, 
como seu histórico, conceitos, generalidades, modelos e princípios fisiológicos. O intuito é 
auxiliar na preparação do aluno do Colégio Brasileiro de Osteopatia (CBO) a compreender de 
forma clara as informações essenciais para a sua formação, para que possa aplicar a filosofia 
Osteopática de forma eficaz na sua prática clínica diária, respeitando as tradições e evolução 
científica. 
 Quando utilizada corretamente por um profissional devidamente qualificado e 
habilitado, a Osteopatia além de não produzir efeitos colaterais, costuma gerar uma resposta 
terapêutica rápida e segura, proporcionando a diminuição ou eliminação dos sintomas e o 
restabelecimento da homeostasia natural. 
 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 9 
2 – HISTÓRIA DA OSTEOPATIA 
2.1 – Andrew Taylor Still 
 
 
Nasceu no dia 6 de agosto de 1828, 
nos Estados Unidos, mais especificamente 
em Lee County, no estado da Virginia. 
Desenvolveu diversas habilidades em sua 
vida, como de fazendeiro, mecânico, 
inventor, além de ter sido um dedicado 
homem de família. Tinha fascínio por 
anatomia desde sua adolescência, quando 
caçava animais e os dissecava para poder 
observar suas estruturas. Teve sua formação 
em medicina prática em Missouri. 
Sofria fortes cefaléias e náuseas 
quando era adolescente. Um dia encontrou 
uma solução temporária para o problema, 
que era apoiar sua cabeça sobre uma corda 
presa entre duas árvores. Chamou esse 
evento de: “primeira lição em Osteopatia”. 
Sugere-se que essas observações 
contribuíram para seus pensamentos 
posteriores, que direcionaram o 
desenvolvimento da filosofia Osteopática. 
 
Epidemias de algumas enfermidades como sarampo, tuberculose e meningite, atingiam 
sua comunidade e pacientes. Tais episódios fizeram com que Still refletisse sobre a impotência 
que a medicina praticada na época tinha para resolver algumas enfermidades. 
Em 1864, após retornar da guerra civil, três de seus filhos morreram em curto período de 
tempo devido à meningite. Algumas semanas após, falece sua filha mais nova de pneumonia. 
Devastado, Still passou a crer que essa medicina era muitas vezes ineficaz na compreensão da 
Dr. Andrew Still 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 10 
etiologia das doenças, e consequentemente nos seus tratamentos. Tinha a convicção de que os 
tratamentos agressivos que apenas aplicavam fortes medicamentos e cirurgias eram 
inconvenientes para seus pacientes. Tratamentos poderiam ser mais danosos do que curadores. 
A partir desses eventos traumáticos e de seu sentimento de impotência, passou a estudar 
profundamente o funcionamento básico do ser humano no intuito de melhor compreender suas 
condições naturais e patológicas. 
 
2.2 – Criação da Osteopatia 
No dia 22 de junho de 1874, Dr. Andrew Still relatou ter sido o momento que mudaria o 
rumo de sua carreira e de sua vida. O dia em que percebeu a dimensão da importância da 
anatomia e de suas relações com o desempenho de eventos naturais do organismo. 
“No dia 22 de junho de 1874, atirei à brisa a bandeira da osteopatia” 
Dedicou anos de sua vida analisando atentamente a anatomia e a fisiologia para buscar 
melhor compreender o corpo humano, e dessa forma achar novas maneiras de poder abordá-lo. 
 Seus conceitos inicialmente sofreram resistência das pessoas ao seu redor. Foi 
massacrado pela comunidade médica, e considerado insano por seus amigos e familiares. Isso o 
levou a uma época de arruinamento financeiro. 
 Em 1875, se mudou para Kirksville no estado de Missouri, onde viveu o resto de sua 
vida. Seu método foi se tornando lentamente conhecido pelos resultados promovidos. 
 Nessa época, Still passou a ensinar seus próprios filhos a pratica da osteopatia: Harry, 
Charles e Herman. Percebendo que ele e seus três filhos não conseguiam atender a demanda de 
pacientes que surgiam, pensou em ensinar outros discípulos para poder difundir a osteopatia. 
Inicialmente seus alunos tinham dificuldade em compreender sua filosofia e acompanhar suas 
profundas noções anatômicas e fisiológicas. 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 11 
 Em 1892 fundou a primeira escola de osteopatia na cidade de Kirksville, a American 
School of Osteopathy, atualmente denominada como A.T.Still University. 
 
Estrutura inicial da American School of Osteopathy com Andrew Still sentado na 
varanda. 
 Surgiu a necessidade de diferenciar a titulação de um médico “tradicionalista” com 
reconhecimento de M.D. (Medical Doctor) daquele com a formação osteopática. Passou a existir 
então a titulação de Diplomado em Osteopatia – D.O 
 Em 1900, se formou um aluno de Still: John Martin Littlejohn. Ele foi responsável por 
fundar em 1915, uma das escolas de osteopatia mais reconhecidas e respeitadas da Europa até 
hoje, a British School os Osteopathy. A partir daí ocorreu um processo de migração da osteopatia 
para outros países da Europa e para o resto do mundo. 
As principais obras publicadas pelo Dr. Andrew Still foram: 
• Autobiography of Andrew Taylor Still with a History of the Discovery and Development 
of the Science of Osteopathy, em 18971; 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 12 
• Philosophy of Osteopathy, em 18997; 
• The Philosophy and Mechanical Principles of Osteopathy, em 19028; 
• Osteopathy Research and Practice, em 19109. 
 Seguiu sua vida como osteopata clínico e professor difundindo sua filosofiaaté sua morte 
em 12 de dezembro de 1917, com 89 anos.. 
 
3 – OUTROS PERSONAGENS IMPORTANTES DA OSTEOPATIA 
 Muitas pessoas contribuíram de forma significativa para o desenvolvimento e evolução 
da Osteopatia. Alguns desse personagens: 
J.Martin Littlejohn: graduado na “Ämerican School of Osteopathy”. Fundou a primeira 
escola em Chicago, e depois se mudou para Londres participando de forma direta na 
fundação da B.S.O. (British School of Osteopathy). 
William Garner Sutherland: aluno de Still, desenvolveu os conceitos da Osteopatia 
craniana e passou muitos anos desenvolvendo as teorias e técnicas do método, muitas 
delas aplicadas até os dias atuais. 
Fryette: estudou a mobilidade vertebral pela fluoroscopia. Produziu o trabalho Physical 
Laws of Vertebral Motion. 
Fred Mitchell: desenvolveu importantes pesquisas em relação à mobilidade da região 
pélvica e suas relações com a postura corporal. Auxiliou o desenvolvimento das técnicas 
de energia muscular (T.E.M.). 
Irwin korr: fisiologista que passou vários anos dando aulas em escolas de Osteopatia em 
Kirsville, Michigan e no Texas. Descreveu em seus trabalhos os princípios 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 13 
neurofisiológicos das disfunções somáticas. Esses conceitos vêm sendo pesquisados 
continuamente até os dias atuais. 
Lawrence Jones: profissional do estado de Oregon que desenvolveu as técnicas de 
tensão/contratensão (strain/counterstrain). 
 
4 – DEFINIÇÕES DA OSTEOPATIA 
A palavra osteopatia, desde a criação do método, causou dúvidas e confusão em sua 
definição. Deriva de duas palavras gregas: “osteon” significando osso; e “pathos” denotando 
doença/sofrimento ou influenciado por algo. A palavra pathos também pode ser empregada 
como “influenciado ou sensível a algo”. O real signficado da palavra osteopatia, respeitando suas 
raízes gregas seria: influenciado pelos ossos ou esqueleto. Esse nome aparentemente foi dado em 
contraste á alopatia e homeopatia. Em grego, alopatia significa em sua raiz, “influenciado pelo 
oposto”, e homeopatia significa, “influenciado pelo mesmo ou pelo semelhante”. 
 
AOA (American Osteopathic Association) 
 “Um sistema completo de cuidado de saúde com uma filosofia que combina as 
necessidades do paciente com a prática atual de medicina, cirurgia e obstetrícia; que enfatiza e 
relação entre estrutura e função; e que tem apreciação na habilidade do corpo de curar a si 
mesmo”. 
 
BSO (British School of Osteopathy) 
“Osteopatia é um sistema de cuidados primários de saúde, complementar a outras 
práticas médicas. É apropriado para muitos pacientes e pode contribuir para o tratamento e 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 14 
condutas de uma vasta gama de condições. Os Osteopatas trabalham principalmente através do 
sistema neuromúsculoesquelético, principalmente nos músculos e nas articulações, utilizando 
abordagens holísticas”. 
 
General Osteopathic Council of Great Britain (GOsC), 
“Osteopatia é um sistema de diagnóstico e tratamento estabelecido e reconhecido, que 
baseia sua principal ênfase na integridade estrutural e funcional do corpo. É distinta pelo fato 
de reconhecer que algumas dores e incapacidades das quais sofremos vêm de anormalidades na 
função da estrutura corporal assim como os danos causados pelas doenças 
 
5 - PRINCÍPIOS DA OSTEOPATIA 
Em suas obras, Still descreveu os grandes princípios da filosofia Osteopática. 
1. A unidade do corpo. 
2. A estrutura governa a função. 
3. A autocura. 
4. A lei da artéria. 
 
5.1 - A unidade do corpo 
 O primeiro grande princípio refere-se à unidade do ser, de que cada indivíduo é uma 
expressão do corpo, mente e espírito. A pessoa é regulada, coordenada e integrada por funções 
fisiológicas interdependentes que relacionam diferentes elementos anatômicos, fisiológicos e 
psicológicos. 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 15 
 Todas as estruturas anatômicas corporais são mecanicamente interconectadas por 
diferentes tipos de tecido conectivo/conjuntivo. Fisiologicamente os sistemas também se 
relacionam diretamente para manter as condições de homeostase. O corpo humano tem a 
capacidade de reencontrar o equilíbrio (físico, bioquímico, mental, etc.). 
 
5.2 - A estrutura governa a função 
 A estrutura representa as diferentes partes do corpo, ossos, músculos, fascias, vísceras, 
glândulas, etc. A função é a atividade de cada uma destas partes, como a função respiratória, 
cardíaca, digestiva, etc. Still observou em algumas situações, relações alteradas entre estrutura e 
função que eram tipicamente desconsideradas por outros. 
 A enfermidade não pode se desenvolver se a estrutura é harmoniosa, por tanto uma 
desordem da estrutura pode ser a origem da enfermidade. Esta relação entre a estrutura e a 
função se aplica a todos os elementos do corpo. 
 
5.3 - A autocura 
 O corpo é auto-regulador, pois apresenta todos os elementos necessários para eliminar ou 
reprimir as enfermidades, com a condição de que seus “meios” estejam livres para funcionar 
efetivamente. Não devem existir obstáculos sobre a condução nervosa, linfática, vascular, para 
que a nutrição celular e a eliminação de toxinas ocorram corretamente. 
 
5.4 - A lei da artéria 
 O sangue é o meio de transporte de todos os elementos necessários para manter as 
condições homeostásicas naturais. O papel da vascularização é primordial, sendo que os 
desequilíbrios funcionais podem levar a má circulação arterial, debilidade do retorno venoso e 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 16 
linfático, provocando o acumulo de toxinas. As enfermidades se instalam sempre sobre órgãos 
debilitados. 
 
6 – PRINCIPAIS FUNÇÕES DO OSTEOPATA 
As funções primárias de um praticante de osteopatia, propostas atualmente, são: 
•Buscar as causas primárias das doenças utilizando práticas disponíveis baseadas em 
evidências; 
•Potencializar a capacidade de cura dos pacientes; 
•Individualizar o planejamento de abordagem ao paciente com ênfase na saúde e na 
prevenção de doenças; 
•Utilizar um diagnóstico palpatório e tratamento manipulativo com foco nas alterações 
das condições mecânicas, estruturais e fisiológicas. 
 
7 – OSTEOPATIA NO BRASIL E NO MUNDO 
 A regulamentação da osteopatia ocorre de acordo com o que cada país define para os seus 
padrões acadêmicos e profissionais. Recentemente, duas organizações foram criadas para ajudar 
na padronização da aplicação e ensino da osteopatia pelo mundo: a International Osteopathic 
Alliance (OIA) e a World Osteopathic Health Organization (WOHO). Em alguns países a 
Osteopatia está diretamente vinculada à formação médica, em outros à formação em fisioterapia 
e em alguns locais o Osteopata pode ter formação universitária independente de outras áreas da 
saúde. Em alguns países europeus, o Osteopata pode se formar com nível de graduação 
universitária (modelo chamado full-time) ou em cursos de formação (modelo chamado part time) 
se já tiver uma formação universitária em área da saúde. 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 17 
 Foi introduzida no Brasil por Osteopatas europeus na década de 1980 e desde então vem 
se difundindo como modalidade terapêutica. 
 No ano 2000 foi criado o Registro Brasileiro dos Osteopatas, órgão vinculado à 
Osteophatic International Alliance (OIA), que tem como objetivo o reconhecimento da 
Osteopatia como profissão no Brasil e sua regulamentação
19
. 
No ano de 2001, a Osteopatia foi reconhecida como especialidade da Fisioterapia, na 
resolução 220/2001 do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito). 
 No ano 2004 foi criada a Associação Brasileira dos Fisioterapeutas Osteopatas, que tem 
como objetivo fortalecer a especialidade Osteopatia dentro da Fisioterapia. Em 2009, a 
Associaçãovinculou-se ao Coffito. 
 No ano de 2013, a Osteopatia foi reconhecida como ocupação, na Classificação Brasileira 
de Ocupações (CBO), sob número 2261- 10. O fisioterapeuta e o médico podem, desde então, ter 
como ocupação a Osteopatia. 
 
O capítulo a seguir irá abordar alguns aspectos anatomofisiológicos relevantes que devem 
ser compreendidos pelo leitor, para que os conceitos básicos possam ser aplicados aos 
fundamentos da Osteopatia. É importante ressaltar que muitos desses princípios 
neurofisiológicos dão suporte teórico e científico aos fenômenos que envolvem as disfunções 
somáticas e suas repercussões, assim como para as técnicas de tratamento utilizadas na 
Osteopatia. Trata-se de um tratamento reflexo baseado em respostas desencadeadas por 
estímulos mecânicos aplicados em receptores sensoriais 
 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 18 
8 – ASPECTOS ANATÔMICOS E FISIOLÓGICOS RELEVANTES À 
OSTEOPATIA 
 Para que o leitor possa compreender de forma clara as bases anatomofisiológicas que dão 
suporte à Osteopatia, é importante que alguns princípios fisiológicos básicos sejam lembrados e 
considerados: 
 
8.1 - Medula espinhal e raízes nervosas 
 A medula espinhal fica localizada no canal vertebral, formado pelos forames vertebrais 
sucessivos, é o principal centro reflexo e via de condução entre o corpo e o encéfalo. Da face 
ventral e dorsal da medula se originam as raízes anteriores e posteriores dos nervos espinhais, 
respectivamente. As raízes posteriores contêm fibras aferentes (sensitivas) que transportam 
fluxos nervosos da periferia (pele, músculos, cápsulas, ligamentos) para a medula, e as raízes 
anteriores contêm fibras eferentes (motoras) que se originam dos neurônios motores espinhais e 
seguem para o músculo esquelético. 
 As duas raízes se unem na saída do canal vertebral para formar um nervo espinhal, que 
por sua vez, ramifica-se num ramo anterior e outro posterior. É importante lembrar que os dois 
ramos são na maioria dos casos (salvo poucas exceções) mistos, pois contém fibras aferentes 
(sensitivas) e eferentes (motoras). O ramo anterior sempre apresenta um longo trajeto antes de 
atingir seu órgão alvo (músculo, glândula...), sendo que nas regiões cervical e lombar esses 
ramos anteriores formam os plexos nervosos multisegmentares (cervical, braquial, lombar e 
sacral), e na região torácica formam os grandes nervos intercostais, que no caso, são 
unisegmentares. Já os ramos posteriores dos nervos espinhais normalmente apresentam um 
trajeto bem mais curto, pois na maioria dos casos inerva a pele, músculos profundos, capsulas 
articulares e o periósteo do próprio segmento medular. 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 19 
 
 
8.2 - Ramo meníngeo do nervo espinhal (nervo de Luschka) 
 É o primeiro ramo originado do nervo espinhal. Logo após sair do forame intervertebral o 
nervo espinhal fornece um primeiro ramo que passa pelo forame intervertebral e, voltando para o 
canal, junto com um ramo comunicante cinzento proveniente do gânglio simpático paravertebral. 
Distribui-se mediante por filetes muito delgados, inervado o disco intervertebral, os ligamentos 
longitudinal anterior e posterior, e a porção ventral da dura-máter. 
Medula espinhal e raízes nervosas 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 20 
 
 
8.3 - Fibras nervosas 
 As fibras nervosas, em suas extremidades periféricas dão origem às terminações 
nervosas, que podem ser sensitivas ou aferentes (receptores), e motoras ou eferentes. Quando as 
terminações sensitivas são estimuladas adequadamente, dão origem a um impulso nervoso que é 
levado e interpretado no sistema nervoso central (SNC). As terminações motoras existem na 
porção terminal das fibras eferentes e são os elementos de ligação entre estas fibras e os órgãos 
efetuadores: músculo ou glândula. 
 As fibras nervosas motoras têm sua origem no corno anterior da substância cinzenta da 
medula e saem da medula, por meio das raízes anteriores para inervar as fibras musculares 
esqueléticas. Estes neurônios podem ser de dois tipos: neurônios motores alfa e neurônios 
motores gama. Os neurônios alfa têm em média 14 micrometros de diâmetro e inervam as 
grandes fibras musculares. Os neurônios gama são menores com diâmetro médio de 5 
micrometros e inervam pequenas fibras musculares, as fibras intrafusais dos fusos. 
 
Nervos espinhais e ramos meníngeos 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
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8.4 - Unidade motora 
 A unidade motora (UM) apresentada na figura abaixo consiste num motoneurônio e as 
fibras musculares inervadas por ele. O corpo do neurônio localiza-se no corno anterior da 
substância cinzenta da medula e deixa a medula pela raiz anterior até chegar ao músculo-alvo. A 
menor unidade de movimento controlada pelo sistema SNC é uma UM, definido por Sherington 
em 1906. 
 
 Cada músculo tem muitas UMs. O 
número de fibras musculares na UM de 
músculos da mão varia de 200 a 300 e pode 
chegar a mais de mil nos músculos grandes 
do membro inferior. Quando a UM é ativada 
o suficiente, todas as fibras musculares 
pertencentes a ela vão contrair em poucos 
milissegundos. Esse é o chamado princípio 
do tudo ou nada. 
 
8.5 - Potencial de ação 
 As membranas das células nervosas e musculares apresentam um potencial elétrico 
negativo de repouso, o chamado potencial de membrana, decorrente da concentração de íons que 
se encontram dentro e fora das células. A abertura dos canais iônicos da membrana nervosa faz 
com que ocorra um potencial de ação (despolarização, repolarização e hiperpolarização) podendo 
alcançar valores positivos. Este potencial percorre todo o neurônio motor até alcançar a fibra 
Unidade motora 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 22 
muscular causando um estímulo para desencadear o potencial de ação muscular. Cada potencial 
de ação gera uma contração muscular. 
 
 
 Na contração muscular normal, todas as fibras musculares da unidade motora se 
despolarizam, produzindo repercussões elétricas no músculo que podem ser detectadas pela 
eletromiografia (EMG). O sinal elétrico gerado nas fibras musculares como resultado do 
recrutamento de uma UM é chamado de potencial de ação da unidade motora (PAUM). 
 
8.6 – Interneurônios
 O PAUM pode ser facilitado ou inibido pelas informações recebidas por neurônios que 
fazem conexão com os neurônios motores na medula, os chamados interneurônios, que podem 
ser excitatórios ou inibitórios. Eles estão presentes na substância cinzenta da medula (corno 
anterior, posterior e nas áreas intermediárias entre os dois), e fazem sinapses com os neurônios 
do corno anterior, assim como mostra a figura abaixo. 
 
Potencial de ação 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
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 Quase todos os sinais sensoriais que 
chegam à medula provenientes dos nervos 
espinhais ou do cérebro, são transmitidos e 
processados pelos interneurônios para 
finalmente convergir para os neurônios 
motores anteriores, e controlar a função 
muscular. 
 
 
 
 
8.7 - Receptores sensoriais 
 Os itens relacionados a este tópico irão abordar os receptores sensoriais localizados nos 
músculos, tendões e cápsulas articulares, enfatizando suas ações e repercussões sobre a medula 
espinhal.Grande parte das atividades do sistema nervoso (SN) é iniciada pela atividade de 
receptores sensoriais, podendo determinar vários tipos de reações corporais. Existem 
basicamente cinco tipos de receptores sensoriais: mecanorreceptores, termorrreceptores, 
nociceptores, receptores eletromagnéticos,e quimiorreceptores. Os mecanorreceptores detectam 
a compressão ou o estiramento mecânico do receptor ou dos tecidos adjacentes a ele; os 
termorreceptores detectam alterações de temperatura, alguns frio e outros calor; os nociceptores 
(receptores de dor) detectam lesões teciduais; os eletromagnéticos detectam luz na retina do 
olho; e os quimiorreceptores detectam alterações químicas no corpo . 
 
 8.7.1 - Receptores mecânicos 
 Os principais receptores mecânicos localizados nos músculos e tendões são os fusos 
musculares (FM) e os órgãos tendinosos de Golgi (OTG) respectivamente. Os FM são pequenas 
estruturas dispostas em paralelo nos ventres dos músculos esqueléticos. Já os OTGs encontram-
se em série nos tendões. 
Interneurônios 
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 4.7.1.1- Fuso neuromuscular 
 Os fusos estão espalhados no ventre 
dos músculos e seu número varia com a 
complexidade da função do músculo em que 
estão situados. Quanto mais complexo, 
maior a proporção de fusos. Cada fuso está 
envolto por tecido conjuntivo e tem 
aproximadamente 3 milímetros de 
comprimento. Contem numerosas fibras 
musculares muito finas que se chamam 
fibras intrafusais, e também fibras muito 
mais longas e potentes – extrafusais – que 
constituem a massa do músculo estriado. 
 
 Cada fuso contém 3 a 12 fibras musculares intrafusais que se fixam nas fibras musculares 
extrafusais circundantes. A região central das fibras intrafusais não é contrátil, tem função 
sensorial. Existem dois tipos de terminações sensoriais nas fibras intrafusais: a terminação 
primária, fibra do tipo Ia, com diâmetro de 17 micrômetros que transmitem sinais sensoriais para 
a medula com velocidade de 70 a 120 m/s; e terminações secundárias, fibras tipo II com 
diâmetro médio de 8 micrômetros. As partes terminais das fibras intrafusais que efetivamente 
contraem-se são excitadas pelas fibras motoras gama originadas no corno anterior da medula 
espinhal, já as fibras extrafusais são excitadas por fibras motoras alfa. 
 O estiramento e alongamento das fibras intrafusais causa deformações mecânicas de seus 
receptores sensoriais que enviam sinais nervosos para a medula pelas fibras aferentes e fazem 
sinapse com os neurônios motores alfa. Os neurônios motores alfa geram impulsos de volta para 
o músculo, que se contrai. Assim os FMs enviam informações para o SN mostrando o 
comprimento do músculo e a velocidade de variação de seu comprimento. 
(KOOR, 2003). 
Fuso neuromuscular 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
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 Fisiologicamente, as fibras intrafusais e as fibras extrafusais se contraem em paralelo: em 
caso de disfunção somática, alguns modelos teóricos postulam que as fibras intrafusais se 
contraem enquanto as extrafusais se relaxam, o que impede o relaxamento dos fusos 
neuromusculares. Existe um desemparelhamento entre as fibras intra e extrafusais. 
Hipótese da hiperatividade gama (Irwin Korr): No segmento em disfunção a atividade gama é 
excessiva sobre um músculo ou sobre um grupo de músculos porque os neurônios gama 
descarregam permanentemente e mantém as fibras intrafusais em um estado de encurtamento 
crônico. 
Terminações nervosas do fuso neuromuscular 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
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 Quando o músculo é estirado mais do que seu comprimento de repouso, o fuso também 
está estirado, o que faz descarregar as terminações primárias e secundárias com freqüências 
crescentes, proporcionais ao grau de estiramento. 
 
 
 O encurtamento do músculo, seja por contração ou por aproximação passiva de suas 
inserções, diminui proporcionalmente a freqüência de descargas e também pode fazer que 
cessem. 
Descarga do fuso neuromuscular em situação de repouso 
Descarga do fuso neuromuscular em situação de alongamento 
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 Os fluxos aferentes procedentes do fuso têm uma influência excitatória. Quando um 
músculo é estirado, o estímulo dos fusos faz que, por via reflexa, o músculo se contraia e resista 
a este estiramento. Portanto, a função do fuso muscular é a de fazer o músculo resistir a toda 
variação de comprimento em uma ou outra direção. 
 O fuso é o componente sensitivo dos reflexos de estiramento ou reflexos miotáticos. Este 
mecanismo é extremamente importante na manutenção da postura. A força da gravidade tende 
continuamente a flexionar o corpo. Os fusos situados nos músculos extensores asseguram a 
estática e estão constantemente submetidos a tensão pelas forças gravitacionais. Esta tensão 
crônica causa uma contração tônica destes músculos anti-gravitários, o que nos permite manter 
retos. 
 Da mesma forma que os receptores sensoriais estão diretamente envolvidos no 
aparecimento e manutenção das disfunções somáticas, o conhecimento da atividade desses 
mesmos receptores nos permite compreender e aplicar os princípios das técnicas de tratamento 
Osteopático. 
 
Descarga do fuso neuromuscular em situação de contração 
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 4.7.1.2 - Órgão tendinoso de Golgi 
 Estão situados nos tendões, na união músculotendinosa e em série com as fibras 
musculares. São fascículos tendinosos em torno dos quais se enrolam fibras nervosas aferentes, 
ativados pelo estiramento do tendão, detectando alterações de tensão muscular. . Toda tensão 
exercida sobre um tendão, deforma estes receptores. Os sinais do OTG são transmitidos por 
fibras nervosas do tipo Ib para o SNC. O sinal que chega a medula excita um interneurônio 
inibitório, que inibe por sua vez o neurônio motor anterior e a também a contração do músculo 
respectivo. Por tanto, sua estimulação tem como resultado uma inibição, não permitindo que o 
músculo realize mais tensão. É um mecanismo auto-regulador protetor. 
 
 
 8.7.1.3 - Receptores articulares 
 As terminações sensitivas localizadas nas cápsulas e ligamentos periarticulares, informam 
constantemente medula espinhal e o restante do sistema nervoso central, através de receptores 
sensitivos não-adaptativos, os movimento, posições e situações gerais das articulações. Dentro e 
Orgão tendinoso de Golgi e suas terminações nervosas 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 29 
também ao redor das articulações sinoviais existem receptores sensoriais, como os de Ruffini e 
de Pacini. Os receptores de Ruffini ficam dentro da cápsula e respondem a alterações na posição 
articular e a velocidade de movimento articular. Localizado dentro da cápsula e nos tecidos 
conectivos, os receptores de Pacini respondem as pressões criadas pelos músculos, assim como a 
dor na articulação. Esses receptores articulares, assim como os receptores localizados nos 
músculos, ligamentos e tendões mantêm o SN constantemente informado sobre as condições 
dentro e ao redor das articulações. 
 Os receptores capsuloligamentares 
também atuam como reguladores do aporte 
sanguíneo muscular. Quando um ligamento 
é estirado por um movimento, envia uma 
mensagem para a medula espinhal, que por 
sua vez aumenta o fluxo sangüíneo para 
poder responder ao aumento do gasto 
energético. 
 Movimentos mal controlados podem 
excitar anormalmente o sistema 
cápsuloligamentar e ser a origem de arcos 
reflexos adaptativos. 
 
 
8.7.2 – Características dos receptores 
 Uma característica em comum dos receptores sensoriais é qualquer que seja o estímulo 
que os excite, ocorre uma alteração no potencial elétrico da membrana do receptor. As excitações 
podem ocorrer de várias maneiras: pela deformação mecânica do receptor, pela aplicação de 
substância química, pela alteração da temperatura, pelo efeito da radiaçãoeletromagnética. 
 
Receptores articulares 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
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8.8 - Tipos de fibras nervosas sensoriais 
 Os sinais emitidos pelos receptores são transmitidos para o SN por fibras nervosas 
sensoriais. Essas fibras podem ser classificadas da seguinte maneira: 
 Grupo Ia, fibras de terminações sensitivas dos FMs; 
 Grupo Ib, fibras dos OTGs; 
 Grupo II, fibras da maioria dos receptores táteis; 
 Grupo III, fibras que conduzem sensações de temperatura, tato grosseiro e dor 
em picada; 
 Grupo IV, fibras amielínicas que conduzem sensações de dor, coceira, 
temperatura e de tato grosseiro. 
 Os sinais desencadeados pelos neurônios eferentes são considerados segmentares, pois 
produzem respostas motoras nos músculos em que se localizam os neurônios aferentes do 
mesmo segmento medular. 
 
8.9 - Segmento medular/Metâmero: 
 É a unidade funcional vertebral: composta por duas vértebras e todos os elementos que 
fazem parte do segmento (vasos, articulações, músculos, ligamentos dentre outras). 
 Um metâmero é um segmento medular que proporciona inervação sensitiva e motora para 
regiões específicas do corpo de maneira segmentar, de acordo com a divisão embriológica. 
 Cada metâmero recebe e envia informações (inervação aferente e eferente), por meio do 
sistema nervoso somático e autônomo a diferentes elementos: 
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- Pele (Dermátomo): É a área cutânea inervada por uma única raiz nervosa. 
 
 
 
- Músculo (Miótomo): músculos inervados por axônios motores dentro de cada nervo segmentar 
(raiz). Ex: L1 – iliopsoas, C5 – Bíceps braquial, C4 – Trapézio superior dentre outras. Salienta-se 
que cada músculo apresenta, normalmente, inervação multissegmentar. 
- Osso (Esclerótomo): É uma região de periósteo inervada por uma única raiz nervosa. Há uma 
grande variabilidade entre indivíduos. 
- Artéria (Angiótomo): Compreende todos os vasos, artérias, veias e sistema linfático do nível da 
raiz nervosa.
 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
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- Vísceras (Viscerótomo): É uma víscera inervada por uma única raiz nervosa. Assim como o 
músculo, as vísceras apresentam inervação multissegmentar. 
 
SEGMENTO MEDULAR 
 
8.10 – Sistema Nervoso Visceral (autônomo) 
 A seguir será descrita uma breve revisão sobre o sistema nervoso visceral para que se 
compreendam suas relações com as disfunções somáticas. O intuito no momento não é 
aprofundar demasiadamente o conhecimento nesse complexo sistema, pois isso será realizado em 
outro momento do curso. 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
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 O sistema nervoso visceral ou também chamado de autônomo ou neurovegetativo é um 
sistema involuntário e dividido em dois: sistema nervoso simpático e sistema nervoso 
parassimpático. Esses sistemas controlam as funções viscerais na busca da homeostase, e ao 
mesmo tempo em que podem ser considerados antagonistas, na verdade são sinergistas. 
 Normalmente descreve-se que o sistema nervoso somático (voluntário) é totalmente 
independente do sistema nervoso visceral, mas sabe-se que os componentes somáticos 
proporcionam muitos efeitos sobre o sistema autônomo, e vice-versa. Outra grande diferença 
entre o sistema somático e o visceral, é que o primeiro normalmente é composto por um único 
neurônio, que vai da medula espinhal até seu órgão alvo (músculo, glândula...). Já o sistema 
visceral é, na grande maioria das vezes composto por dois neurônios que realizam sinapse antes 
de chegar ao destino final: neurônio pré e pós-ganglionar. 
 
8.9.1 – Sistema Nervoso Simpático 
 É o sistema toracolombar, pois apresenta o corpo de seus neurônios na coluna lateral da 
substância cinzenta da medula espinhal, desde o primeiro segmento torácico até o segundo 
segmento lombar normalmente. Essas fibras nervosas deixam a medula junto aos axônios 
motores por meio das raízes anteriores dos nervos espinhais. Deixam os nervos espinhais por 
meio do ramo comunicante branco para chegar à cadeia de gânglios simpáticos laterovertebrais 
(ou para-vertebrais), que se localizam anterolateralmente aos corpos vertebrais e muito próximos 
das articulações costovertebrais. Quando chegam nesse nível, os neurônios simpáticos pré-
ganglionares podem fazer sinapse com os pós-ganglionares em diferentes níveis. (discutidos 
profundamente no momento oportuno). Na maior parte de seu curso, os nervos simpáticos 
viajam junto com os nervos somáticos. 
 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 34 
 
 
 Esse sistema mediado pela adrenalina, geralmente acentua a atividade dos outros 
sistemas, preparando o corpo para situações de “luta ou fuga”, dependendo de situações externas 
e internas do corpo. As reações são moderadas constantemente e ajustadas em respostas às 
informações recebidas por centros superiores: funções viscerais, circulação, metabolismo, tônus 
da musculatura lisa, motilidade visceral, função cardíaca e pulmonar são reguladas. 
 
8.9.2 – Sistema Nervoso Parassimpático 
 É conhecido como crânio-sacral, pois a origem dos neurônios pré-ganglionares 
localizam-se no crânio (pares cranianos III, VII, IX e X) e no sacro (S2, S3 e S4). Fibras do III 
Sistema nervoso simpático 
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(oculomotor), VII (facial) e IX (glossofaríngeo) suprem basicamente os órgão localizados na 
cabeça, enquanto o restante dos órgão toraco-abdomino-pélvicos recebem sua inervação 
parassimpática do X (vago) e nervos pélvicos (S2, S3 e S4. Não existe inervação parassimpática 
nas extremidades do corpo. 
 Os órgãos recebem duplo controle do simpático e parassimpático. Este processo é 
sinérgico e deve manter-se constantemente equilibrado para que o organismo mantenha-se em 
homeostase. As funções básicas do sistema parassimpático são de manutenção interna, incluindo 
digestão e excreção. Esse sistema opera com mais intensidade durante períodos de recuperação e 
repouso. 
Sistema nervoso parassimpático 
8.11 - Reflexos 
O reflexo nervoso é uma relação básica entre um estímulo de entrada para o corpo e uma 
saída involuntária através de uma ação de um músculo ou um órgão secretório. 
 
8.11.1 - Reflexo Medular 
Os elementos funcionais dos reflexos medulares são: receptor sensorial, neurônio 
aferente (sensorial), medula (interneurônios), neurônio eferente (motor) e as terminações 
eferentes. 
- Receptor: originam potenciais de ação de diferentes graduações que, provocam o aparecimento 
de potencial de ação. Este é conduzido centripetamente, passando diretamente do prolongamento 
periférico ao prolongamento central. Exemplos: corpúsculos de Paccini e Ruffini, terminações 
nervosas livres, FNM, OTG, terminações das mucosas das vísceras, entre outros... 
- Neurônio aferente (sensorial): especializado em conduzir impulsos. São aferentes os neurônios, 
fibras ou feixes de fibras que trazem impulsos a uma determinada área do sistema nervoso 
central. 
- Interneurônios: Os neurônios de associação constituem a grande maioria dos neurônios 
existentes no sistema nervoso central. Podem ter funções excitatórias ou inibitórias. 
- Neurônios eferentes (motores): são eferentes os neurônios, fibras ou feixes de fibras que levam 
impulsos de uma determinada área do sistema nervoso para a periferia. 
- Terminações eferentes: As fibras nervosas eferentes somáticas relacionam-se com as fibras 
musculares estriadas esqueléticas através de estruturas especializadas denominadas placas 
motoras. Na placa motora, a terminação axônica emite finos ramos contendo pequenas 
dilatações, os botões sinápticos de onde é liberado o neurotransmissor. 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
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*** Terminações Eferentes Viscerais:o mediador químico pode ser a acetilcolina ou a 
noradrenalina. Não possuem placas motoras, como nas terminações somáticas. O 
neurotransmissor é liberado em um grande trecho final da fibra nervosa e não apenas em sua 
extremidade, podendo a mesma fibra estabelecer contato com um grande número de fibras 
musculares ou células glandulares. 
 
8.11.2 - Reflexo somato-somático 
Reflexos provocados nas estruturas somáticas gerados por estimulação na estrutura 
somática relacionada ao segmento medular. É uma resposta musculoesquelética por um estímulo 
dado a uma estrutura somática. 
Ex: reflexos defensivos - movimentos de retirada para um estímulo nocivo. Ocorrem 
quando um estímulo é aplicado a uma estrutura somática. 
 
8.11.2 - Reflexo víscero-vísceral 
Ocorre quando há entrada sensorial de uma estrutura visceral, que provoca consequente 
atividade em um órgão. EX: distensão do intestino provocada pelo volume das fezes que resulta 
no aumento da contração do músculo do próprio intestino. 
Envolvem a atividade aferente dos receptores na medula espinhal através de 
interneurônios para produzir atividade eferente simpática e/ou neurônios motores 
parassimpáticos. 
 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
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8.11.3 - Reflexo víscero-somático: 
É causado por estímulos viscerais locais que produzem padrões de resposta reflexas nas 
estruturas somáticas segmentalmente relacionadas. É a repercussão no sistema 
musculoesquelético ao estímulo de receptores viscerais. Pode causar, por exemplo, aumento do 
nível de tensão muscular ou diminuição do limiar sensitivo da pele/periósteo. 
Diversos receptores viscerais existem na mucosa e área epitelial, que respondem a 
estímulos mecânicos, dolorosos e estímulos químicos. Há receptores de tensão nas camadas de 
músculos viscerais que respondem à distensão mecânica; receptores de tensão na camada serosa, 
que são mais lentos e que também monitoram plenitude da víscera, como por exemplo o 
corpúsculos de Paccini localizados no mesentério. Há também receptores de dor (terminações 
nervosas livres) nos vasos sanguíneos viscerais. 
 
Representação esquemática do reflexo viscero-somático. 
 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
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8.11.4 - Reflexo somato-visceral 
É a estimulação somática local produzindo padrões somáticos de resposta reflexa em 
estruturas viscerais segmentalmente relacionados. É a repercussão no sistema visceral advindo de 
uma alteração musculoesquelética correspondente ao mesmo segmento medular. 
 
9 – CONCEITOS DE MACRO E MICROFISIOLOGIA ARTICULAR 
 Alguns aspectos referentes à fisiologia articular devem ser totalmente entendidos e 
sempre lembrados pelos estudantes e praticantes de Osteopatia e terapia manual, pois fazem 
parte da prática clínica diária desses métodos de trabalho. 
 Quando estudamos e avaliamos em nossos pacientes a fisiologia das articulações, 
devemos lembrar que pode-se subdividir a fisiologia articular em macrofisiologia e 
microfisiologia articular. 
 
9.1 – Macrofisiologia articular 
 É utilizada para descrever o posicionamento dos ossos em relação ao espaço 
(macrofisiologa estática), e também os movimentos de segmentos osteoarticulares 
(macrofisiologia dinâmica). 
 A macrofisiologia estática é empregada principalmente na definição de situações ligadas 
à postura corporal. Anteversão pélvica, retificação da lordose cervical são exemplos de 
posicionamento de segmentos ósseos em relação ao espaço, que são facilmente visualizados pelo 
observador ou até mesmo através de exames de imagem. 
 Já a macrofisiologia articular dinâmica descreve os principais movimentos de 
articulações, como por exemplo a abdução do ombro, a extensão do quadril, etc. Mas é 
importante entender que os grandes movimentos articulares descritos pela macrofisiologia são 
Bases fisiológicas da Osteopatia 
COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 40 
sempre acompanhados e de certa forma dependentes de pequenos movimentos que ocorrem 
nessas articulações descritos pela microsfisiologia articular. 
 
9.2 – Microfisiologia articular 
 Para que possam ocorrer os macromovimentos em segmentos corporais, sempre é 
necessário que pequenos movimentos ocorram nas articulações envolvidas nesses movimentos. 
Por exemplo: num movimento de abdução do ombro descrito pela macrofisiologia, várias 
articulações são envolvidas e em cada uma delas existem movimentos específicos que são 
essenciais para uma boa fisiologia. Em determinados graus da abdução, a cabeça do úmero 
realiza um deslizamento inferior, depois a clavícula realiza um movimento de rotação, a 
articulação escapulotorácica faz um movimento em báscula e por fim as primeiras vértebras 
torácicas realizam pequenas inclinações para o lado oposto à abdução do ombro. Todos esses 
pequenos movimentos devem ocorrer de forma sistemática para que o ombro consiga chegar na 
amplitude máxima da abdução de 180 graus. Caso alguma das articulações envolvidas não seja 
capaz de realizar tais micromovimentos por uma restrição/disfunção, o macromovimento sofrerá 
limitações e adaptações, e possivelmente alguns tecidos moles serão expostos à situações de 
stress constante. 
 A microfisiologia articular, ao contrário da macro, não é facilmente visível pelo 
examinador e também não é de simples análise em exames de imagem (exames dinâmicos 
facilitam tal análise). É necessário que o examinador Osteopata tenha profundo conhecimento de 
cada micromovimento que cada articulação executa para que possa aplicar os testes de 
mobilidade específicos e realizar as correlações clínicas. 
 É muito importante salientar ao leitor que estas forma de análise são inter-relacionadas 
mas em certos casos são independentes. Exemplo: quando observa-se um indivíduo 
estaticamente com uma anteversão pélvica e aumento da lordose lombar (macrofisiologia 
articular), significa que os ossos ilíacos encontram-se rodados anteriormente e as vértebras 
lombares encontram-se estendidas. Este posicionamento dos ossos em relação ao espaço não 
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quer dizer que eles encontram-se fixados do ponto de vista da microfisiologia articular. Os ossos 
ilíacos podem realizar pequenos movimentos de rotação anterior e posterior (microfisiologia), 
mas no caso do exemplo descrito acima, não significa que pelo fato de estaticamente estarem em 
anteversão, os ilíacos estejam fixados em rotação anterior. É uma tendência em alguns casos, 
mas é possível que os ossos ilíacos apresentem seus micromovimentos livres nesse exemplo. 
 Deve-se compreender que quando existem problemas ligados à microfisiologia de uma 
articulação, certamente prejuízos ocorrerão na macrofisiologia. O papel do Osteopata é analisar 
profundamente e detalhadamente os micromovimentos articulares, para que possa tratar de forma 
específica possibilitando uma macrofisiologia harmoniosa. 
 
10 – DISFUNÇÕES SOMÁTICAS 
 Esse termo substitui outro utilizado antigamente por Still como “deslocamento ósseos” e 
posteriormente de “lesão osteopática”. 
 Para o glossário de terminologia osteopática: 
“Disfunção somática é a função alterada ou debilitada dos componentes relacionados ao sistema 
somático: esqueleto, articulações e estruturas fasciais, e elementos vasculares, linfáticos e neurais 
relacionados.” 
 São alterações funcionais de parâmetro menor, ou seja, são problemas mecânicos que não 
são acompanhados de lesões teciduais (fratura, ruptura ligamentar, etc) seguidas de respostas 
inflamatórias. Não são demonstrados em exames laboratoriais e/ou de imagem, sendo que seu 
diagnóstico é dado através de palpação e testes de mobilidade específicos para cada tecido. 
 Uma disfunção somática se trata de um distúrbio funcional reversível que pode afetar 
articulações da coluna vertebral e periferia do corpo, e também tecidos dispostosem outras zonas 
como nos envoltórios fasciais das vísceras, ou até mesmo o tecido conjuntivo encontrado nas 
suturas e membranas cranianas. 
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 A disfunção pode ser denominada de acordo com sua localização, como por exemplo: 
disfunção vertebral, disfunção visceral, disfunção craniana, etc. 
 Há muito tempo tem sido considerada como o fator central e principal no contexto da 
filosofia Osteopática, relacionando seus impactos sobre a saúde em um contexto de globalidade 
do corpo humano. Diferentes teorias tentam explicar seus achados clínicos e sua fisiopatologia. 
Com citado anteriormente, as disfunções somáticas podem afetar distintos tipos de 
tecidos. Sugere-se que no caso das disfunções somáticas que envolvam níveis vertebrais, todos 
os tecidos inervados pelo metâmero/segmento medular envolvido (músculo, pele, osso, víscera, 
artéria) podem sofrer consequências negativas em sua funções. Da mesma forma, disfunções 
somáticas periféricas em qualquer tipo de tecido (tendão, cápsula, dura-máter, peritônio, etc...) 
que afetem a aferência desses tecidos ao sistema nervoso, pode originar ou manter disfunções 
somáticas medulares. 
 
10.1 – Características clínicas 
Algumas características podem ser clinicamente observadas nas disfunções somáticas. A 
literatura descreve tradicionalmente esses quatro parâmetros com a sigla TART (T - tenderness, 
A - assimetry, R - restriction, T – texture changes): 
•Tenderness: aumento da sensibilidade; 
•Assimetry: assimetria; 
•Restriction: restrição; 
•Texture changes: Alteração da textura do tecido. 
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10.2 – Hipótese fisiopatológica das disfunções somáticas 
 Cronologia inicial das pesquisas sobre as disfunções somáticas: 
 1900: Louisa Burns, que fez parte do instituto de pesquisa A.T. Still em Chicago, realizou 
uma série de estudos relacionados aos distúrbios somáticos e repercussões sobre funções 
viscerais. 
 1930: J. S. Denslow e seus colegas promoveram estudos pioneiros feitos com registros de 
eletromiografia para obter evidências relacionadas aos achados palpatórios nas 
disfunções somáticas. 
 1945: Irwin Korr se juntou a Denslow para dar continuidade às pesquisas utilizando 
EMG e introduziu o conceito da facilitação medular, que será abordado posteriormente. 
Esse modelo ainda é frequentemente descrito em obras literárias osteopáticas nas 
principais escolas de Osteopatia do mundo, porém outros modelos descritos nas últimas 
três décadas apresentam maior suporte científico. 
 
10.2.1 – Modelo da facilitação – Irwin Korr 
O fisiologista Irwin Korr propôs a relação da disfunção somática vertebral ao que ele 
chamou de segmento medular “facilitado”. Denominava o problema naquela época como “lesão 
osteopática”. 
Em 1947, Denslow definiu: “Uma lesão osteopática vertebral representa um segmento 
medular facilitado, mantido nesse estado por impulsos de origem endógena que penetram na raiz 
dorsal correspondente. Todas as estruturas que recebem fibras nervosas eferentes desse segmento 
estão consequentemente, potencialmente expostas à excessiva excitação ou inibição”. 
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Esse modelo propõe que o fuso neuromuscular seria o principal receptor sensorial 
envolvido e responsável pela manutenção da disfunção. O aumento da atividade das fibras 
motoras gama causaria a manutenção da contração das fibras musculares intrafusais de tal forma 
que estiramento da porção sensitiva do fuso manteria uma contração muscular crônica palpável 
clinicamente. 
Vários mecanismos poderiam causar esse fenômeno. Na sequencia, descreve-se uma dessas 
possibilidades: 
 Na posição neutra de uma 
articulação, os músculos antagonistas 
responsáveis pela manutenção da 
posição espacial da mesma, 
apresentam uma atividade gama 
basal, pois os fusos neuromusculares 
mantém o sistema nervoso central 
constantemente informado da 
situação mecânica a todo o 
momento. 
 
 Quando ocorre uma brusca 
aproximação mecânica das inserções 
musculares por um movimento 
traumático, os fusos encontram-se 
relaxados. Dessa forma o sistema 
nervoso central não recebe as 
informações aferentes sensoriais 
desse receptor. Por um mecanismo 
reflexo, o próprio SNC 
automaticamente aumenta a 
frequência de descargas eferentes 
pelos motoneurônios gama para que 
a fibras intrafusais se contraiam e 
estirem a porção sensorial do fuso, 
para que o mesmo envie novos sinais 
aferentes. É um sistema de feedback 
que ocorre com o intuito de obter as 
Atividade gama em repouso 
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informações dos receptores 
musculares constantemente. 
 
 A gravidade, pela influência dos centros labirínticos e dos músculos antagonistas, tende a 
levar a articulação novamente à posição neutra, devolvendo ao músculo seu comprimento 
inicial. Isso faz como que ocorra o estiramento da porção sensorial do fuso, aumentando 
ainda mais a descarga sensitiva desses receptores. Então o fuso vai estimular 
permanentemente sua porção contrátil, recusando-se a estirar. Ocorre um 
desemparelhamento entre as fibras intra e extrafusais. O músculo vai resistir a todo o 
alongamento, mantendo-se num estado de “contração” crônica. 
 
Movimento brusco 
Adaptação do SNC Aumento da atividade gama 
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 Esse espasmo muscular funcional 
fixa a vértebra e impede a 
mobilidade em alguns parâmetros. A 
este fenômeno neurológico que 
explica em curto prazo a fixação 
articular se somam alguns fatores 
que explicam em longo prazo a 
fixação articular, a cronicidade da 
disfunção. Do lado fixado, existe 
uma perda do movimento fisiológico 
de abertura e fechamento das facetas 
articulares. As cápsulas articulares 
têm tendências a se retrair e formar 
aderências. 
 
 Em um nível vertebral em disfunção, a hiperatividade gama é excessiva seja sobre um 
grupo de fibras musculares ou sobre o conjunto do músculo. Os neurônios gama 
descarregam permanentemente e conservam as fibras intrafusais em um estado de 
contração crônico. As causas que podem produzir este tipo de espasmo podem ser um 
traumatismo, uma queda, um movimento mau feito. 
 Os músculos responsáveis pela manutenção da disfunção estarão em processo isquêmico 
devido à dificuldade de irrigação das arteríolas que penetram o ventre do músculo 
hiperativo. Acredita-se que este mecanismo tenha papel importante na formação e 
manutenção de pontos-gatilho miofasciais. 
 Inúmeros fatores deixam o corpo vulnerável a desequilíbrios do sistema 
neuromusculoesquelético, predispondo a instalação de disfunções somáticas: 
Disfunção somática 
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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 47 
 Postura: habitual, ocupacional; 
 Gravidade; 
 Anormalidades estruturais: tamanho ou forma de vértebras alteradas, facetas articulares 
anormais, fusão ou falta de fusão (lombarização, sacralização); 
 Zonas de transição de curvas/dobradiças: craniocervical, cervicotorácica, toracolombar, 
lombosacral; 
 Irritabilidade muscular: stress, infecção, reflexo de outra estrutura somática ou visceral; 
 Alterações psicológicas; 
 Compensação de outras alterações estruturais/funcionais. 
 A figura abaixo demonstra a relação entre alguns fatores que podem repercutir sobre o 
sistema neuromusculoesquelético: 
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10.2.2 - Modelo nociceptivo de Van Buskirk 
Van Buskirk, já em 1990, colocou em questão alguns conceitos propostos por Korr. Para 
ele, os fusos neuromusculares não seriam capazes de produzir as contrações musculares reflexas. 
Sugeriu que receptores sensoriaislocalizados em vários tecidos podem estar envolvidos com as 
disfunções somáticas, em especial os nociceptores, seriam responsáveis pela manutenção da 
contração muscular reflexa e aumento das descargas simpáticas. 
O estresse nocivo mecânico, químico ou térmico em tecidos musculoesqueléticos ou 
viscerais causariam alterações reflexas nos axônios que iriam bombardear o corno posterior da 
substância cinzenta da medula. Isto levaria a uma série de eventos nos tecidos locais tendo como 
consequência final a facilitação medular. Como consequência ocorreria alteração na atividade 
Fatores que influenciam o sistema musculoesquelético 
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das raízes anteriores e fibras eferentes viscerais causando respectivamente aumento do tônus 
muscular e repercussões nas atividades autonômicas (vasomotora, sudorípara e atividade 
visceral) do segmento medular envolvido. 
O aumento da atividade muscular causaria sinais clínicos tradicionalmente observados: 
restrição de mobilidade tecidual, assimetrias, e dor. 
A manutenção da restrição de mobilidade ao longo do tempo provocaria alterações nos 
tecidos conjuntivos locais ajudando a manter o distúrbio. Esse modelo neurológico das 
disfunções somáticas tem sido predominante nas últimas décadas na explicação das disfunções 
somáticas e suas relações somato-viscerais e viscero-somáticas, por mais que faltem evidências 
conclusivas sobre o assunto. 
 
10.2.3 – Outro modelos 
O modelo fasciogênico proposto por Tozzi apresenta a perspectiva de que as disfunções 
somáticas possam ter, além das influências baseadas no modelo nociceptivo, relações 
fundamentais com alterações em algumas propriedades específicas da fascia, como sua 
arquitetura, contratilidade, pH e viscoelasticidade. Tais modificações teciduais poderiam 
justificar alguns dos sinais clínicos das disfunções somáticas encontrados palpatoriamente. 
Para Garry Fryer (1999), os modelos que sugerem que as contrações musculares reflexas 
são responsáveis pelas alterações de mobilidade encontradas nas disfunções somáticas articulares 
são insustentáveis. Ele destaca que estudos recentes mostram que músculos segmentares são 
inibidos na presença de dor. 
Um modelo hipotético apresentado por Fryer propõe que as disfunções seriam iniciadas 
por uma lesão tecidual, e as consequências seriam as alterações funcionais reversíveis 
direcionadas pelos estímulos nocieptivos, assim como no modelo de Van Buskirk. Tensões 
mecânicas impostas nos receptores localizados em cápsulas e ligamentos causam inflamação e 
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efusão sinovial ativando nociceptores. Reflexos axonais produzem alteração da textura tecidual 
local. A efusão articular e o ingurgitamento tecidual poderiam explicar a restrição de mobilidade. 
A atividade nociceptiva que chega ao corno posterior da medula poderia ser responsável pelo 
aumento da atividade simpática, provocando repercussões viscerais e imunes. Músculos 
segmentares estabilizadores acabariam sendo inibidos e músculos multissegmentares excitados, 
de tal forma que aquela articulação tornar-se-ia instável e mais suscetível a estresse mecânico. A 
manutenção do problema ao longo do tempo produziria modificações nas características físicas 
no tecido conjuntivo, contribuindo para a sustentação da restrição de mobilidade e as assimetrias. 
Um ciclo autossustentável se instalaria. 
Diversas outros modelos e descrições de hipóteses sobre os mecanismos fisiológicos 
envolvendo as disfunções somáticas foram e vem sendo postuladas, porém diversos aspectos 
como sua etiologia e suas repercussões mecânicas, neurológicas e sistêmicas continuam sendo 
discutidos e pesquisados até o momento. Os trabalhos científicos a serem realizadas devem 
responder muitas questões que ainda estão sem respostas... 
 
10.3 – Disfunções somáticas em articulações periféricas 
 Distúrbios funcionais em músculos esqueléticos de qualquer outra articulação do corpo 
podem levar a respostas similares. Por exemplo, uma irritação ou breve ruptura de fibras de 
músculos ligados a articulação glenoumeral causadas por movimento traumático, vão causar não 
somente um processo inflamatório local a princípio, mas também reações cicatriciais e alteração 
tônica de músculos da cintura escapular. 
 Essa alteração tônica pode ser responsável por limitação de mobilidade (fixação) de 
alguma articulação envolvida. As disfunções somáticas de articulações periféricas apresentam 
diretamente, somente repercussões mecânicas; mas indiretamente são fontes de fluxos alterados 
para o sistema nervoso central, podendo causar estímulos aferentes alterados para os níveis 
medulares relacionados aos tecidos. 
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 Posteriormente será discutido nessa apostila, as possibilidades de disfunções em outros 
tecidos como envoltórios viscerais e articulações cranianas. 
 
10.4 – Disfunções primárias e adaptações secundárias 
As disfunções somáticas primárias correspondem ao primeiro stress que ocorre no 
organismo respeitando a cronologia do tempo. No exemplo descrito acima, a disfunção somática 
da articulação glenoumeral gera aferências sensitivas negativas ao corno posterior da substância 
cinzenta da medula nos níveis de C5-C6. Essa fonte de facilitação deve alterar o comportamento 
reflexo desse nível medular causando disfunções somáticas secundárias locais, e perturbando os 
tecidos inervados por esse nível medular/metâmero. 
Uma disfunção primária pode ser: 
 Traumática: choques, quedas, etc, 
 Fisiológica: respeitando os movimentos fisiológicos da articulação/tecido. 
 
Toda disfunção primária necessita de uma adaptação. A adaptação não necessita sempre 
de um tratamento, somente se persiste por tempo prolongado mantendo-se mesmo após a 
correção da disfunção primária. 
A disfunção secundária trata-se de uma adaptação, produto de uma necessidade de uma 
“acomodação” a uma dada situação. Por exemplo, uma disfunção primaria de um segmento 
vertebral ou a disfunção primaria de outra articulação (tálus, ilíaco, etc). A adaptação pode ser 
próxima ou distante da disfunção primária dinamicamente reversível. Se a primária é corrigida, a 
adaptação desaparece. 
Na coluna vertebral, as disfunções primárias, geralmente bloqueiam uma vértebra 
isolada, as adaptações neutras afetam um grupo de vértebras. As adaptações diminuem a 
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capacidade do corpo se defender. Quanto mais nos adaptamos a algo, menos podemos nos 
adaptar a outra coisa. 
Sem dúvida a persistência ao tempo da disfunção primária provocará mudanças 
estruturais na disfunção secundária, que deixará de ser uma adaptação para se transformar em 
uma compensação. Nesse caso, a correção da disfunção primária não será acompanhada pela 
desaparição espontânea da disfunção secundária (compensação) que irá necessitar de um 
tratamento direto e específico. 
 
11 - CONCEITOS DE HIPO E HIPERMOBILIDADE 
Toda perda de mobilidade de um elemento conjuntivo produz de forma adaptativa, o 
prejuízo mecânico de outro segmento que deverá compensar essa falta de mobilidade com um 
funcionamento excessivo, uma hipermobilidade adaptativa. Esta hipermobilidade reacional 
ocorre em zonas adjacentes (supra ou subjacente) à fixação articular. Esse conceito sugere que as 
zonas hipermóveis normalmente se encontrarão no sistema musculoesquelético, e não em tecidos 
vísceras ou cranianos (menos móveis por natureza). 
Como descrito anteriormente, alguns modelos sugerem que uma disfunção somática é 
acompanhada de uma hiperatividade gama e espasmo muscular que fixa a disfunção Já a zona de 
hipermobilidade adaptativa se caracteriza por uma debilidade muscular local. 
Propõe-se que essas áreas reacionais seriam locais que

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