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RESUMO DE RESPONSABILIDADE CIVIL UNIDADE I 1.0. DA BREVE EVOLUÇÃO HISTÓRICA: 1.1. DAS FASES / DOS CONTEXTOS HISTÓRICOS: PERÍODO HISTÓRICO CARACTERÍSTICAS HISTÓRICAS 1ª FASE: Vingança Privada Vendetta - Autotutela • A vítima executava o juízo sobre o infrator. • O Poder Público apenas declarar quando e como a vítima poderia ter o direito de retaliação, para produzir no ofensor um dano idêntico ao que experimentou. • Confundia-se a responsabilidade civil e penal. NÃO SE LEVAVA EM CONSIDERAÇÃO A CULPA DO AGENTE 2ª FASE: Composição Tarifada Lex Aquilia de Damno Substituição das penas de natureza física por sanções de natureza patrimonial ou econômica. Divisão entre responsabilidade contratual/negocial e extracontratual ou aquiliana: A ideia de responsabilizar um indivíduo por seus atos não é algo novo para o ser humano, desde o início dos núcleos humanos (famílias, tribos, clãs, cidades...) os homens entendem que determinadas atitudes/condutas/gestos/palavras acarretam prejuízo/dano para determinada pessoa ou grupo. Portanto, seja por uma questão de justiça universal ou princípio moral, há a necessidade de reparação desse prejuízo/dano. CONTRATUAL: decorre do dano pelo descumprimento de pacto/acordo/contrato; AQUILIANA: que decorre da inobservância de norma jurídica, devendo ainda o dano do agente ser analisado pelo Princípio damnum iniuria datum, onde se entendia que o dano que não causava prejuízo não podia ensejar indenização 3ª FASE (primeira parte): Regra Geral da Responsabilidade Civil Code Civil des Français em 1804 Foi criada a regra geral da responsabilidade civil, com a inclusão do elemento culpa de forma definitiva; ela se tornou, então, o núcleo essencial da responsabilidade civil. Pela letra da lei, os elementos do ato ilícito seriam apenas dois: culpa e dano, tendo boa parte da doutrina francesa assumido a própria ilicitude advinda da culpa. 3ª FASE (segunda parte): Responsabilidade Civil Objetiva 1ª e 2ª Revolução Industrial – atividades de risco. Nesse contexto surge a denominada responsabilidade civil objetiva, que prescinde da culpa. A teoria do risco é o fundamento dessa espécie de responsabilidade, sendo resumida por Sergio Cavalieri nas seguintes palavras: “Todo prejuízo deve ser atribuído ao seu autor e reparado por quem o causou independente de ter ou não agido com culpa. Resolve-se o problema na relação de nexo de causalidade, dispensável qualquer juízo de valor sobre a culpa...”. 2.0. Da Responsabilidade Moral & Responsabilidade Civil: Responsabilidade Moral: Responsabilidade Civil: Responsabilidade Lato Sensu: É a íntima percepção da necessidade de corrigir um dano, baseando-se apenas no dever interno de fazer o que é certo nas relações entre os seres humanos. Exemplo: Um caçador passeia em uma floresta e ouve gritos de “socorro” ecoados de uma caverna. Independente de prestar socorro, há uma responsabilidade moral de aventurar-se ao salvamento. Outrossim, ao realizar a boa ação será premiado com o sentimento de coragem e honra, caso contrário, sentirá remorsos pelo não atendimento moral, ainda que, de fato, não haja alguém realmente anelante por auxílio. A responsabilidade moral é intrínseca ao indivíduo, logo, há obrigação moral com ou sem o dano, basta existir o dever. O cumprimento da obrigação moral visa equilibrar, portanto, a matemática de justiça e bondade de todo o homem e mulher. Responsabilidade Stricto Sensu: Constitui-se na obrigação jurídica de ressarcir patrimonialmente os prejuízos provocados em um nexo de causalidade entre o dano em si e a conduta que o deu origem. Praticada por um ou mais infratores, em detrimento de uma ou mais vítimas. Exemplo: Carol, estava conduzindo a sua Ferrari e, simultaneamente, tentava se embelezar com produtos Jequití. Distraída, causou o abarrotamento de seu carro com o veículo de tração animal de Lucas, o que ocasionou no óbito de Pé de Pano, seu cavalo. Diferentemente da responsabilidade moral, a responsabilidade civil deriva inexoravelmente do dano. Lembre-se do Damnum iniuria datum, pois, para a responsabilidade civil, é necessário que haja prejuízo ao indivíduo que teve seu direito lesado. 3.0. Da Responsabilidade Penal e Responsabilidade Civil: Tipicidade e Autonomia da Responsabilidade Civil com relação a Responsabilidade Criminal (Esferas de Autonomia Relativa), Culpabilidade e Imputabilidade e Reparação/Pena: a) O artigo 935 do CC prevê o Princípio da Autonomia da Responsabilidade Civil com relação a Criminal: Da inteligência do artigo podemos concluir que a autonomia da responsabilidade civil em relação com a criminal é relativa, uma vez que quando a sentença do juízo criminal decidir, transitada em julgado, sobre a “existência do fato” (prova da materialidade) e “sobre quem seja o seu autor” (indícios de autoria), não será possível burlar a coisa julgada penal. Obs: Segundo o art. 66 do CPP, somente gera obstrução à ação de reparação de dano civil com base em coisa julgada penal, a sentença que CATEGORICAMENTE reconhecer a inexistência da materialidade do fato. Ainda que tal sentença seja absolutória: Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato. b) Diferenças quanto à Tipicidade: Art. 935 CC. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal. Há diferença no que se infere aos institutos jurídicos, uma vez que a responsabilidade penal pressupõe a prática de conduta criminosa (princípio da legalidade) e a responsabilidade civil, além da prática de conduta criminosa, pode surgir de outras causas não expressamente positivadas em lei. Diferenças dos Atos Ilícitos Responsabilidade Penal (1 TIPO) Responsabilidade Civil (2 TIPOS) Conduta Tipificada: para que determinada conduta seja considerada um delito, torna-se necessária sua tipificação, o que decorre do Princípio da Legalidade ou da Reserva Legal previsto tanto no artigo 5º, XXXIX, da Constituição Federal, quanto no artigo 1º do Código Penal, por meio do qual não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. Ato ilícito Civil: pode-se afirmar que o ato ilícito civil é a conduta humana que fere direitos subjetivos privados, estando em desacordo com a ordem jurídica e causando danos a alguém. O art. 186 do atual CC tem a seguinte redação: “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito” (destacamos). Abuso de Direito: há obrigação de reparação civil, como se vê do art. 187 do CC: “Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico e social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”. Dos art. 186 e 187 do CC/2002 percebe- se que o ato ilícito constitui uma soma entre lesão de direitos privados e dano causado, de acordo com a seguinte fórmula: PRÁTICA DE CONDUTA TIPIFICADA PELA LEI COMO CRIME: (Homicídio, furto, importunação sexual...) RESPONSABILIDADE PENAL = = ATO ILÍCITO CIVIL ABUSO DE DIREITO RESPONSABILIDADE CIVIL OBS 1: É valido ressaltar que no caso de se requerer reparação civil por homicídio de familiar, não se está litigando em nome do agora morto, mas se busca ressarcir os danos à moral da ENTIDADE FAMILIAR enlutada que sofre pelo vazio da saudade de seu ente querido. OBS 2: A título de diferenciação, não se podeconfundir a declaração de inexistência do fato com a atipicidade da conduta, pois naquela o juízo criminal entende que o fato (tipificado penalmente ou não) não ocorreu, o que inibe projeções de responsabilidade no campo cível. Todavia, se tratando de coisa julgada que aponta o fato como atípico, este pode ser levantado em sede de ação cível. c) Diferenças entre os meios de Reparação Civil e Sanções Penas: Sanções Penais Reparação Civil A pena a ser aplicada deve corresponder ao tipo penal da condenação, sendo essas penas de três espécies: 1) Privativa de liberdade, que se divide em: a) reclusão; b) detenção 2) Restritiva de direito, que somente pode ser aplicada em substituição às penas privativas de liberdade nos casos autorizados em lei. 3) Multa, também conhecida como pena pecuniária. A reparação civil, como forma de ressarcir os danos dos atos ilícitos civis, recai, em regra, sobre o objeto do patrimônio do infrator. (exceções: pensão alimentícia) Dependendo da causa que propiciou o dano podemos traçar limites de razoabilidade na aplicação da reparação civil. IMPORTANTE: Embora existam projetos legislativos que busquem “tabelar” os danos civis, inclusive os morais. Tal esforço se torna inviável de fato, uma vez que apenas as circunstâncias do caso concreto são aptas para discernir a liquidez e projeção do prejuízo. d) Imputabilidade Penal e Imputabilidade Civil: Imputabilidade Penal: dentro da teoria tripartite do crime temos o elemento essencial da culpabilidade, cujo um dos elementos intrínsecos é a Imputabilidade Civil: conforme o art. 3º do CC são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) Imputabilidade Penal, está pressupõe que o agente ativo possui: Maioridade Penal (+18); Sã consciência; Livre vontade Ser pessoa jurídica legalizada (em casos de pessoas jurídicas). Na falta de um destes temos uma excludente de culpabilidade, visto que há uma inimputabilidade penal ao indivíduo. anos. Nesse caso a responsabilidade civil será transmitida aos seus representantes e, no caso de solvência destes, a responsabilidade pode, em último caso, afluir ao patrimônio do então infante. Ainda, para os casos de reativamente incapazes, temos, no que nos importa, o art. 4º que delimita que são incapazes relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer “os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos”. Assim, para os relativamente incapazes, a responsabilidade civil ainda permanece para os seus representantes. IMPORTANTE: Pontualmente nos casos de emancipação, a dinâmica do responsável do menor pelo ato ilícito é alterada dependendo do tipo de emancipação, nos seguintes termos: Emancipação Voluntária: respondem pelo dano causado, solidariamente, os representantes e o menor emancipado. Emancipação Judicial: uma vez que a jurisdição civil constata a autonomia da vontade do emancipado, não há solidariedade com “ex- representante”. Emancipação Legal: uma vez atingidos os requisitos do artigo 5º do Código Civil, a maioridade civil pode ser alcançada, tais condições especiais, são: a) pelo casamento, b) por emancipação (que só é permitida a partir dos 16 anos), c) pela colação de grau no ensino superior, d) pelo exercício de um emprego público em caráter efetivo, e) por relação de emprego que garanta o seu sustento ou pelo estabelecimento civil ou comercial. Nesse caso, assim como na emancipação judicial, não há solidariedade na reparação civil do dano por ato ilícito. 4.0. DOS ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL OU PRESSUPOSTO AO DEVER DE INDENIZAR (CONCEITOS BÁSICOS): ATO ÍLICITO CIVIL/ CONDUTA A conduta humana pode ser causada por uma ação (conduta positiva) ou omissão (conduta negativa). Pela presença do elemento volitivo, trata-se de um fato jurígeno. Lesão a direito privado + dano Abuso de Direito + dano RESULTADO/DANO Produto do ato ilícito que causa prejuízo (lesão a direitos) Trata-se da lesão a um interesse jurídico, material ou moral. Não é qualquer tipo de dano que é indenizável. Para que o dano seja indenizável, é preciso o preenchimento de 3 requisitos do dano indenizável: (1) Atualidade do Dano: o dano dever ser atual, assim como os seus efeitos prejudiciais ao lesado; (2) Subsistência do Dano: se houve a atuação ilícita e o agente já reparou o dano, não há mais o que indenizar. Critica-se o presente requisito porque inviabilizaria a reparação por lucros cessantes; (3) Certeza do dano: o dano indenizável é um dano certo e exigível, não pode ser um dano abstrato ou hipotético. O mero aborrecimento não justifica o dano. Veda-se a reparação dos danos hipotéticos ou eventuais. NEXO DE CAUSALIDADE o nexo é formado pela conduta, cumulada com a previsão legal de responsabilidade sem culpa ou pela atividade de risco. - TEORIAS DO NEXO CAUSALIDADE: Entre várias condutas que geram resultado, quais delas devem gerar responsabilidade civil para a reparação do dano? Resposta de Sergio Cavarieli Filho: “Não há uma regra teórica, nenhuma fórmula hipotética para resolver o problema, de sorte que a solução terá que ser encontrada em cada caso, atentando-se para a realidade fática, como bom-senso e ponderação.” Entretanto, surgem diversas teorias que classificam nominalmente as hipóteses de análise: Teoria da causalidade adequada: - Dentre todas as causas, deve haver apenas uma que gere a responsabilidade. Aqui se analisa a conduta determinante para a existência do dano. Critica-se essa teoria no sentido de que, muitas vezes na prática, não há como desatrelar as múltiplas causas que dão razão aos danos e prejuízos causados. Teoria da equivalência dos antecedentes: - Para essa teoria, todas as causas anteriores ao dano são iguais, podendo todas estarem elencadas como promulgadoras do dano gerador da responsabilidade civil. - Tal teoria é criticada por parte da doutrina, uma vez que se pode considerar uma regressão infinita de causas, onde todas as causas anteriores são causas. Deve-se, pois, independente da teoria aplicada, se utilizar em primeiro lugar a razoabilidade. Teoria da Imputação Objetiva: - Essa teoria busca equilibrar a teoria equivalência dos antecedentes. - Aqui, ainda se analisam mais uma causa ou condição para o dano que gera responsabilidade civil. - Todavia, para admitir a causa como anexável ao dano, deve ser feita a análise das condições em que se aventura o agente causador, excluindo ou somando a conduta como causa do dano. Diminuição do risco: - Se o agente cometer um dano, mas ao fazê- lo diminui a chance de um risco maior. O dano mais leve deve ser desconsiderado. Exemplo: namorado que empurra namorada para a salvar de um acidente de carro, mas acaba por causar arranhões nela. (o dano causado diminuiu o risco de dano maior). Aumento do risco permitido: - O aumento do risco permitido é a situação em que um agente, apesar de agir com falta de cuidado que lhe era exigível na situação, não aumenta o risco permitido, isto é, mesmo se tivesse tomado todas as precauções exigidas o resultado teria acontecido da mesma forma como ocorreu. - Não poderia, pois, ser imputado ao agente a ocorrência do resultado, uma vez que sua conduta não majorou o risco anteriormente criado. - EXEMPLO: Fugindo com seu carro de um tsunami, Maria destrói um boneco de posto de gasolina, no mesmo local onde se encontrava os restos do boneco, caiu uma arvore, em decorrência do tsunami. (mesmo que Maria tivesse desviado do boneco, ele também seria destruído) Entre outras hipóteses... ver tópico 7.0. Culpa Elemento subjetivo da ação ou omissão do agente lesador. A responsabilidade objetivanão necessita da comprovação da culpa, basta-lhe a vinculação ao dano. Porém, responsabilidade subjetiva constitui regra geral em nosso ordenamento jurídico, baseada na teoria da culpa. Dessa forma, para que o agente indenize, para que responda civilmente, é necessária a comprovação da sua culpa genérica, que inclui o dolo (intenção de prejudicar) e a culpa em sentido restrito (imprudência, negligência ou imperícia). 5.0. DAS ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE CIVIL RESPONSABILIDADE CONTRATUAL Responsabilidade Contratual é derivada da existência de um contrato: Trata-se aqui de uma responsabilidade civil que subsiste do rompimento da ordem jurídica de um vínculo jurídico específico. Tal rompimento se dá por lesão ao dispositivo contratual ou por abuso dos direitos convencionados. • Inadimplemento da obrigação contratual: Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. Abuso de direitos avençados: Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Inicio da responsabilidade civil contratual: Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor. Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial. Perdas e danos (emergentes e cessação do lucro): Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar. Ressarcimento Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional. Parágrafo único. Provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo, e não havendo pena convencional, pode o juiz conceder ao credor indenização suplementar. Início dos Juros de Mora Art. 405. Contam-se os juros de mora desde a citação inicial. RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL Trata-se de responsabilidade civil calcada em norma estatal que, embora não crie vínculo jurídico específico entre os cidadãos, gera uma relação jurídica genérica de observância do conteúdo da lei. Lesão a direitos estabelecidos em normas estatais: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA Só existe quando houver concorrência dos agentes do dano. A responsabilidade em reparar o dano é solidariamente repartida entre os agentes ocasionadores do prejuízo. Ou seja, todos ficam responsáveis pela integralidade da reparação civil. A solidariedade não se presume, resulta de lei ou da vontade das partes. RESPONSABILIDADE DIRETA Também chamada de simples ou por ato próprio, é aquela que o agente do dano é o responsável por sua reparação. Deriva de fato causado diretamente pelo agente que gerou o dano. RESPONSABILIDADE INDIRETA Se promana de ato de terceiro, com o qual o agente tem vínculo legal de responsabilidade, de vínculo por propriedade de animal e de coisas inanimadas sob sua guarda. A responsabilidade civil indireta ou complexa ocorre quando o responsável pela reparação do dano é pessoa distinta da causadora direta da lesão. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA Esta forma de repartição da responsabilidade se dá em virtude da divisão unitária das frações da reparação civil. Cada agente causador do dano responde por uma parte única do montante da indenização. Deve-se aplicar a subsidiariedade entre os agentes do dano quando não se achar hipótese de solidariedade. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA Necessita da comprovação de CULPA (dolo, negligência ou imprudência) RESPONSABILIDADE OBJETIVA É prescindível a existência da culpa, uma vez que o elemento subjetivo é substituído pelo objeto do risco. Para que essa substituição seja realizada, se faz necessária a existência de responsabilidade objetiva por cláusula aberta ou, quando a lei o determinar, responsabilidade civil por determinação legal. Risco: (a) Risco integral: modalidade que não admite nenhuma espécie de excludente de responsabilidade (caso fortuito, força maior nem culpa exclusiva da vítima). O ordenamento jurídico pátrio apenas autoriza tal hipótese em casos de danos decorrentes de atividade nuclear e, jurisprudencialmente, para danos ambientais. (b) Risco criado: para as demais hipóteses de responsabilidade objetiva, temos a teoria do risco criado para ser aplicada. Esta afasta a responsabilidade civil se admitida as hipóteses de excludentes (caso fortuito, força maior nem culpa exclusiva da vítima) (c) Risco proveito: Importante mencionar, no entanto, esta singular e significativa exceção à teoria do risco criado. A súmula 145 do STJ, pela qual: “no transporte desinteressado, de simples cortesia, o transportador só será civilmente responsável por danos causados ao transportado quando incorrer dolo ou culpa grave”. De fato, ao excluir a responsabilidade civil em caso de transporte de cortesia (carona), configura-se indisfarçável adoção da teoria do risco proveito, donde resulta concluir que, não sento o transporte de cortesia acompanhado de vantagem econômica para o transportador, sua responsabilidade será subjetiva, independentemente de se tratar de atividade de risco. 6.0. DO DANO: - A mera VIOLAÇÃO DE UM DIREITO NÃO gera a OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR. É necessário que haja a violação do direito + dano. 6.1. Espécies de Dano: A) DANO MATERIAL OU PATRIMONIAL: Dano material é o prejuízo financeiro efetivamente sofrido pela vítima, causando diminuição do seu patrimônio. - Dano Emergente: o que efetivamente o lesado perdeu; - Lucro Cessantes: o que razoavelmente deixou de ganhar. TEORIA DA DIFERENÇA – Trata-se de critério para a definição do valor da indenização devida: "Tradicionalmente, define-se dano patrimonial como a diferença entre o que se tem e o que se teria, não fosse o evento danoso. A assim chamada ‘Teoria da Diferença’ ... converteu o dano numa dimensão matemática e, portanto, objetiva e facilmente calculável". b) DANO MORAL: É o prejuízo que afeta o ÂNIMO PSÍQUICO, MORAL e INTELECTUAL da vítima, um dano que ocasiona um DISTÚRBIO ANORMAL da vida do indivíduo. SÉRGIO CAVALIERI FILHO: “É a reação psicológica que a pessoa experimenta em razão de uma agressão a um bem integrante de sua personalidade, causando-lhe vexame, sofrimento, humilhação e outras dores do espírito.” É a dor causada em alguma pessoa que representa uma violação a um DIREITO INERENTE À PERSONALIDADE. Para o STJ: “só se deve reputar como dano moral a dor, o vexame, o sofrimento ou mesmo a humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, chegando a causar-lhe aflição, angústia e desequilíbrio em seu bem estar.” (STJ, REsp 1234549/SP, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado em 01/12/2011, DJe 10/02/2012). Meros aborrecimentos e dissabores da vida quotidiana não ensejam compensação por danos morais. Súmula 37, STJ: São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato. Deve-se utilizar o termo reparação dos danos e não ressarcimento.Não há um preço para a dor. b.1.) PESSOA JURÍDICA X DANO MORAL: Súmula 227, STJ: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. Segundo o STJ, a pessoa jurídica tem de comprovar dano moral para receber indenização: “1. A pessoa jurídica pode sofrer dano moral desde que haja ferimento à sua honra objetiva, ao conceito de que goza no meio social. 2. O mero corte no fornecimento de energia elétrica não é, a princípio, motivo para condenação da empresa concessionária em danos morais, exigindo-se, para tanto, demonstração do comprometimento da reputação da empresa.” (STJ, REsp 1298689/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/04/2013, DJe 15/04/2013) Consoante entendimento do STJ, manifestado no REsp 1.258.398- PA, não há a possibilidade de se conceder danos morais para pessoas jurídicas de direito público. Caso se permitisse, seria uma subversão da própria essência dos direitos. Assim, teríamos uma confusão/paradoxo em se ter, na mesma pessoa, uma idêntica posição jurídica de titular ativo ou passivo, fundamentais, uma garantia do particular em face do estado, e não o contrário credor e devedor dos direitos fundamentais. c) DANO ESTÉTICO: Trata-se de uma alteração morfológica da pessoa natural, tendo como parâmetro a medicina estética. Ex.: cortes, cicatrizes, queimaduras, deformações, perda de órgãos ou de função. Entende-se que o dano é presumido. É modalidade de dano in re ipsa. É toda alteração morfológica do indivíduo que implique, sob qualquer aspecto, um afeamento da vítima, consistindo numa simples lesão desgastante ou num permanente motivo de exposição ao ridículo ou de complexo de inferioridade, exercendo ou não influência sobre sua capacidade laborativa. Em teoria, a deformidade física pode acarretar dano patrimonial (redução da capacidade laborativa) ou dano moral (vexame, humilhação). AUTONOMIA: Na oportunidade da súmula 387, o STJ aceita a cumulação de danos estéticos e morais, e, ao mesmo tempo, dá ao dano estético autonomia como espécie de dano. Súmula 387, STJ: É possível a acumulação das indenizações de dano estético e moral. D) DANO EXISTENCIAL: Trata-se de uma criação jurídica utilizada para enquadrar o dano que acarreta a mudança brusca e repentina do dia-a-dia da pessoa humana, modificando irreversivelmente a sua relação com a sociedade, a família, a religião e a liberdade de sua consciência. Em suma, é lesão ao direito de ser feliz... impossibilitando a execução de um projeto de vida no campo pessoal (mulher vítima de erro médico que a impede de ter filho; férias não concedidas ao empregado; bullying no E) DANO DIRETO: É o dano único, simples... dele não se propagam outros danos...nem outras vítimas. ambiente escolar ou de trabalho; pais que perdem o filho vítima de acidente automobilístico causado por terceiro...). F) DANO INDIRETO: A doutrina explica que o dano indireto remete à ideia de uma cadeia de prejuízos, ou seja, a mesma vítima sofre um dano principal, denominado de direto e, em consequência deste, ainda suporta outro, indireto. Trata-se de um dano que é capaz de gerar uma cadeia de outros danos ao mesmo lesado: Obs: embora haja muitos danos, ocorrem todos em um mesmo lesado. (apenas uma vítima) DANO PRINCIPAL (DIRETO) DANO SECUNDÁRIO (INDIRETO) G) DANO REFLEXO OU EM RICOCHETE: O dano reflexo, por sua vez, é aquele que atinge, além da vítima direta, uma terceira pessoa, distinguindo-se do dano indireto exatamente porque neste a mesma vítima suporta danos direto e indireto. Portanto é um dano dirigido para uma vítima apenas, produzindo resultados reflexos em UMA ou MAIS pessoas. h) DANO SOCIAL OU DIFUSO: - Antônio Junqueira de Azevedo propõe essa nova modalidade. - Para ele, "os danos sociais, por sua vez, são lesões à sociedade, no seu nível de vida, tanto por rebaixamento de seu patrimônio moral – principalmente a respeito da segurança – quanto por diminuição na qualidade de vida". 7.0. DAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE (excludentes ao dever indenizar): - As formas que excluem a ilicitude do ato ilícito ou abuso de direito, estão listados art.188 do C.C., mas, como veremos, existem outras hipóteses não legislativas maquinadas pela doutrina e jurisprudência: Art. 188.Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. a) Legítima Defesa Contra o agente causador do dano (agressor). Não há dever de indenização para quem praticou a legítima defesa e causou danos. Exemplo: usar da força para repelir agressor. Contra terceiro ou seus bens Quem se usou da legítima defesa contra terceiro deve indenizar este, mas dispõe de ação regressiva contra o causador originário do dano. Legitima Defesa Putativa Na legítima defesa putativa a pessoa pressente um perigo que, na realidade, não existe e, por isso, age imoderadamente, o que não exclui o dever de indenizar. Civil – Dano moral – Legítima defesa putativa. A legítima defesa putativa supõe negligência na apreciação dos fatos, e por isso não exclui a responsabilidade civil pelos danos que dela decorram. Recurso Especial conhecido e provido” (STJ, REsp 513.891/RJ, Processo 2003/0032562-7, 3.ª Turma, Rel. Min. Ari Pargendler, j. 20.03.2007, DJU 16.04.2007, p. 181). Exemplo, veja a ilustração de Marco Aurélio Bezerra de Melo: A legítima defesa putativa, trata-se “daquela em que uma pessoa atropela outra que se aproxima em um semáforo à noite, pois imagina estar na iminência de ser assaltado, quando na verdade o lesado se aproximara apenas para pedir uma carona ou perguntar as horas” Legítima defesa com excesso Deve indenizar, porém de forma proporcional, pois subsiste a ilicitude em parte da conduta do agente que deu causa a Legítima defesa com excesso. Exemplo: aquele que, para reprimir lesão corporal de agressor desarmado, atira em sua perna, causando danos desproporcionais ao agressor desarmado. b) Exercício Regular do Direito Conceito Básico O art. 188, em seu inciso I, segunda parte, do CC/2002, preconiza que não constitui ato ilícito o praticado no exercício regular de um direito reconhecido. Informativo n°371 do STJ Notitia Criminis Carência de provas e indícios A Notitia Criminis praticada em Exercício Regular de Direito: Se o inquérito policial foi instaurado por provocação em iniciativa de Notitia Criminis, reconhecendo o infrator de forma equivocada, que foi preso e, depois, liberado, com o posterior arquivamento do inquérito por falta de provas, mesmo assim, não resta configurado o dever de indenizar por parte de quem levou as informações imprecisas ao conhecimento da autoridade policial. Assim é em virtude de que o cidadão comum não possui meios próprios de averiguar a liquidez ou veracidade dos fatos, logo, a análise investigativa é papel dos órgãos policiais competentes. Dessa forma, não deve ser impedido o cidadão de informar a autoridade competente a possível existência de crime, ainda que ele não tenha a categórica certeza da materialidade e autoria, não consistindo em ato ilícito, para fins de responsabilidade civil, se for exercido regularmente Todavia, se a Notitia Criminis foi provada e intentada com dolo ou má-fé, acusando o indiciado, de forma intencional e falsamente, com o intuito de denegrir sua imagem, dessa maneira, há dever de indenizar. Informativon°499 do STJ Matéria Jornalística Direito de Informar Liberdade de Imprensa. A Liberdade de Expressão praticada em Exercício Regular de Direito: A mídia pode vincular matéria que se sustenha da verdade dos fatos ou na busca pela verdade, sempre com o oferecimento do contraditório. Ainda, pode ser considerado um juízo de valor em forma de crítica acerca da realidade dos fatos, respeitando os limites da liberdade de expressão, para que não se subverta a constitucionalidade em abuso de direito. Para Flávio Tartuce, trata-se de uma “imperiosa cláusula de modicidade”, significando que as variáveis do caso concreto devem se sopesar com o princípio da liberdade de impressa. (depende do caso) Informativo n°553 do STJ Inscrição Devida em cadastros de proteção ao crédito A Inscrição Devida em cadastros de proteção ao crédito praticada de exercício regular do direito: Os cadastros de proteção ao crédito são meios coercitivos tendentes a compelir o devedor a cumprir a obrigação, uma vez que o nome do inadimplente estará anunciado nas redes de crédito, impossibilitando-o de firma novos compromissos econômicos ou até mesmo dilapidando a imagem de “bom pagador” do inscrito no cadastro. Assim, a inscrição do nome do devedor, quando devidamente realizada, não gera responsabilidade civil ao credor da obrigação que assim o fez. Vale ressaltar que, uma vez já inscrito devidamente em cadastro de proteção ao crédito, não há reparação civil em caso de duplicidade de inscrições, caso outra instituição reinscreva o devedor no rol. Obs: por óbvio, a inscrição INDEVIDA gera responsabilidade civil objetiva a quem deu causa. c) Estado de Necessidade Conceito O estado de necessidade, para o direito civil, é instituto jurídico que afasta o dever de indenizar o dano concretizado. Este instituto civil está previsto e disciplinado nos art. 188, II e parágrafo único e art. 929 e 930, todos do CC Art. 188, inciso II e parágrafo único do CC. Art. 188. Não constituem atos ilícitos: (...) II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. Havendo excesso, tanto poderá estar configurado o abuso de direito (art. 187 do CC) quanto o ato ilícito propriamente dito (art. 186 do CC). Art. 929 do CC Análise de quem Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram. Exemplo: O namorado que empurra a companheira para livrá-la de carro desgovernado em alta velocidade e acaba por causar ferimentos nela. Se a namorada estiver na calçada, assume-se que ela não tinha concorrido na causa do perigo. Portanto, o namorado pode ser responsabilizado civilmente pelas lesões sofridas pela namorada, ainda que tenha a empurrado a fim de salvá-la. Mas se ela estivesse em rua aberta e sabidamente movimentada, ela deu causa ao perigo. Neste caso, ela não teria direito de requer de seu namorado a reparação civil devida. OBS: devemos analisar caso a caso. Flávio Tartuce, nas suas lições, apresenta forte crítica acerca da redação deste artigo: “Na verdade, o art. 929 do CC representa um absurdo jurídico, pois, entre proteger a vida (a pessoa) e o patrimônio, dá prioridade a este último. Não há dúvida de que o comando legal está em total dissonância com a atual tendência do Direito Privado, que coloca a pessoa no centro do ordenamento jurídico, pela regra constante do art. 1.º, III, da Constituição Federal (dignidade da pessoa humana como fundamento da República Federativa do Brasil), a acarretar a personalização do Direito Civil e a sua consequente despatrimonialização.” Art. 930 do CC Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado. Exemplo: O namorado que empurra a companheira para livrá-la de carro desgovernado em alta velocidade e acaba por causar ferimentos leves nela. Caso a companheira não tenha incorrido na culpa e ela ajuíze ação contra o namorado por tê-la empurrado, ele tem direito a ação de regresso contra o motorista do veículo, uma vez que ele é o terceiro causador do perigo. d) Da cláusula de não indenizar Conceito Considerada por parte da doutrina como uma excludente de responsabilidade, a cláusula de não indenizar constitui a previsão contratual pela qual a parte exclui totalmente a sua responsabilidade. Essa cláusula é também denominada cláusula de irresponsabilidade ou cláusula de exclusão de responsabilidade. Por razões óbvias, a cláusula somente deve ser aplicada à responsabilidade contratual (arts. 389 a 391 do CC), e não à extracontratual (art. 186 do CC), pois envolve preceitos de ordem pública. Admitida - Para a responsabilidade civil contratual, quando houver bilateralidade do consentimento, presente um contrato paritário ou negociado. - Quando não houver colisão com preceito cogente de lei. Vedada – Para os casos envolvendo responsabilidade civil extracontratual ou aquiliana; – Para excluir ou limitar os danos morais; – Em contratos de adesão; – Nas relações de consumo; – Quando se tratar de crime ou de ato lesivo doloso; – Em contrato de transporte (art. 734 do novo CC e Súmula 161/STF); – Nos contratos de guarda. e) Anuência da Vítima O consentimento da vítima pré-exclui, em geral, a responsabilidade civil do agente. Para que o consentimento da vítima seja eficaz, é preciso que, além da capacidade do agente, o bem jurídico seja disponível. 8.0. DAS EXCLUDENTES DO NEXO DE CAUSALIDADE: Culpa Exclusiva da Vítima Pode romper o nexo de responsabilidade. A prova da culpa da vítima deve ser necessariamente feita pelo réu (RESP 439.408/SP). Segundo Silvio Rodrigues, o aparente causador do dano é mero instrumento do acidente. A boa técnica recomenda utilizar fato exclusivo da vítima, ao invés de culpa exclusiva. Deve-se falar em isenção da responsabilidade do causador direto do dano, não se devendo tratar como ausência de culpa deste. Culpa ou Fato de Terceiro Pessoa totalmente estranha à relação jurídica. Ex.: acidente de automóvel causado pelo assaltante que levou o veículo à mão armada. Observe-se que a Culpa de Terceiro, segundo a redação do artigo 735 do CC, não deve ser aplicado como regra nos casos de transporte contratado de pessoas: Art. 735. A responsabilidade contratual do transportador por acidente com o passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva. Ex.: Acidente de avião por culpa, ou fato, de não manutenção por empresa terceira responsável. É o que a doutrina chama de responsabilidade civil objetiva agravada, em razão da impossibilidade de alegação de uma das excludentes. Veja a súmula 187 do STF: “A responsabilidade contratual do transportador, pelo acidente com o passageiro, não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva. “ Caso Fortuito e Força Maior Para Orlando Gomes, Cavalieri, Stolze, Tartuce: Caso fortuito é o evento totalmente imprevisível e força maior é o previsível, mas inevitável. Artigo 393 do CC: O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafoúnico. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não eram possíveis evitar ou impedir. Como se observa do parágrafo único, o caso fortuito e a força maior somente serão considerados como excludentes da responsabilidade civil quando o fato gerador do dano não for conexo à atividade desenvolvida. 9.0. PRESCRIÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL: Responsabilidade Contratual Art. 206, §3º, V, do CC: Prescreve: § 3o Em três anos: V - a pretensão de reparação civil; 03 anos Responsabilidade Extracontratual Art. 205 do CC: A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor 10 anos Relação de Consumo Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. 05 anos 10.0. CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO: No caso de Fato do Produto ou do Serviço (defeito) é produzido um dano, portanto, enseja a responsabilidade civil ao causador do dano. Assim, tratando-se de responsabilidade civil em razão de defeito de produto ou serviço, se deve observar o disposto no artigo 17 do CDC: Art. 17. Para os efeitos desta Seção (da responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço), equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento. Por essa razão o STJ equipara na qualidade de consumidor aqueles que, embora não tenham participado diretamente da relação de consumo, sofrem as consequências do evento danoso (observe-se aos especiais casos de dano indireto, dano em ricochete e dano social ou difuso).
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