Buscar

Etica protestante e o espirito de capitalismo weber

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 44 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 44 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 44 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

RESENHA: 
A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO 
MAX WEBER 
 ÍNDICE 
INTRODUÇÃO 
 
Ciência e Cultura 
I.Arte 
A. Música 
B. Arquitetura 
C. Imprensa 
II. Especialistas 
2. Estado 
3. Capitalismo 
4. Renda 
5. Ato de Economia "Capitalista" 
6. Técnica e Capitalismo 
7. Direito e Capitalismo 
8. Características Peculiares do Racionalismo Ocidental 
9. Conexões da Ética Econômica Moderna com a Ética Racional do Protestantismo Ascético: Um dos 
Aspéctos de Relação Causal 
 
 I PARTE 
O PROBLEMA 
CAPÍTULO I 
Filiação Religiosa e Estratificação Social 
 
10. Problema Histórico 
11. Reforma 
12. Calvinismo 
13. Razão Econômica 
14. Ensino 
15. Racionalismo Econômico 
16. Antíteses entre Catolicismo e Protestantismo 
17. Católicos e Protestantes 
18. O Calvinismo e a Reforma 
19. Velho Protestantismo 
 
 
CAPÍTULO II 
O Espírito do Capitalismo 
 
20. Espírito Capitalista 
21. A História e o Objeto 
22. Princípios de Franklin 
23. Benjamin Franklin 
24. Filosofia da Avareza 
25. Jacobo Fugger 
26. Utilitarismo 
27. Utilidade da Virtude 
28. Trabalho ou Negócio? 
29. O Senhor Capital 
30. Espírito Capitalista e Pré-Capitalista 
31. O "Tradicionalismo" e o Moderno Capitalismo 
32. Trabalho Qualificado (Intelectual) 
33. Formação Religiosa e Educação Econômica 
34. A "Satisfação das Necessidades" e o "Lucro" / "Tradicionalismo" 
35. Modificações 
36. Novo Capitalismo 
37. Novos Empresários 
38. Relação entre a Conduta Prática e os Princípios Religiosos 
39. O "Tipo Ideal" de Empresário Capitalista 
40. "Concepção de Mundo" 
41. Nominalismo 
42. Racionalismo Econômico 
 
 
CAPÍTULO III 
A Concepção de Vocação de Lutero 
Tarefa da Investigação 
 
43. "Profissão" ou Vocação? 
44. Lutero e o Espírito do Capitalismo 
45. Lutero e a Vida Profissional 
46. Lutero e a Estrutura Social 
47. Tradicionalismo Econômico 
48. Trabalho Profissional e Idéias Religiosas 
49. Tauler / Lutero 
50. Calvinistas, Católicos e Luteranos 
51. Calvino e Seitas "Puritanas" 
52. Reforma e Capitalismo 
 
 II PARTE 
 A ÉTICA VOCACIONAL DO PROTESTANTISMO ASCÉTICO 
 
CAPÍTULO IV 
Fundamentos Religiosos Do Ascetísmo Laico 
 
53. Ascetismo 
54. Representantes Históricos 
55. "Puritanismo" X Anglicanismo 
56. Conduta Moral 
57. Compêndios Casuísticos 
58. Moralidade Ascética e Éticas Não-Dogmáticas 
 
A - Calvinismo 
 
59. Predestinação 
I.Capítulo IX: Do livre arbítrio 
II. Capítulo III: Do eterno decreto de Deus 
III.Capítulo X: Da Vocação eficaz 
IV.Capítulo V: Da Providência 
60. Milton 
61 Padres da Igreja Luterana 
62. Calvinismo X Lutero e o Catolicismo 
63. Puritanismo 
64. O Mundo 
65. A Fé 
66. A Religiosidade 
67. Vida Religiosa 
68. A Ética Católica 
69. A Igreja Católica frente ao Homem 
70. A Graça Sacramental da Igreja Católica 
71. O Destino do Calvinista 
72. A Sustentação do Homem 
73. Identidade entre Santo Inácio e Calvino 
74. Metodização da Vida 
75. Oposição entre Asceticismo Calvinista e Medieval 
76. Racionalismo do Antigo Testamento 
77. Consequência da Metodização 
 
 
 B - Pietismo 
 
78. Predestinados 
79. A Inauguração do Pietismo 
80. O Caráter Histérico da Religiosidade 
81. Efeito Prático dos Princópios Pietistas 
82. Representantes do Luteranismo Alemão 
I.Spencer 
II. Francke 
III. Zinzendorff 
83. Tese Característica de Zinzendorff 
84. O Elemento Ascético Racional 
85. Idéias Fundamentais do Pietismo 
86. A Evolução do Pietismo 
 
 
C - Metodismo 
 
87. Afinidade com o Pietismo Alemão 
88. Metodismo X Pietismo Alemão 
89. Metodismo X Calvinismo 
90. Afinidade entre o Metodismo e o Calvinismo 
91. As Obras 
92. Metodismo X Igreja Oficial 
93. A Concepção de Regeneração 
 
D - Seitas Batistas 
 
94. Ética 
95. "Idolatria" e Religiosidade 
96. Regeneração 
97. Predestinação e o Caráter da Ética 
98. Movimento Batista e a Vida Profissional 
99. Moralidade 
100. "Tunker" 
101. Concepção Profissional Calvinista 
102. Interesses Profissionais Econômicos 
103. Efeitos do Calvinismo 
104. Mercantilismo 
105. Influência da Idéia Puritana sobre a Vida Econômica 
 
 
CAPÍTULO V 
A Ascese e o Espírito do Capitalismo 
 
106. Ascese 
107. Protestantismo e Atividade Econômica 
108. Richard Baxter 
109. Baxter e Calvino 
110. Relação entre Baxter e São Tomás 
111. Racionalização do Tempo 
112. Racionalização da Conduta Sexual 
113. O Trabalho como Fim Absoluto na Vida 
114. Relação entre Baxter e São Tomás quanto ao Trabalho 
115. Divisão do Trabalho 
116. Religiosidade, Interesse Econômico e Profissionalização 
I. Concepção Econômica 
II. Baxter 
117. Pragmatismo 
118. Mentalidade Judáica e Ética Econômica 
119. Burguesia Puritana 
120. Vida Capitalista 
121. Divertimentos Populares 
122. Superstições e Irracionalismo de comportamento 
123. Uniformização e Capitalismo 
124. "Espírito do Capitalismo" 
125. "Agricultura Racional" 
126. O Moderno "Homem Econômico" 
127. Religião e Riqueza 
128. Raízes Religiosas e Plenitude Econômica 
129. Empresário Burguês, Trabalhador e a Mais-Valia 
130. Teoria dos Salários Baixos: Teoria da "Produtividade" 
131. Zinzendorff, Seitas Batistas, Trabalho e Enriquecimento como Profissão 
132. O Espírito do Ascetismo Cristão 
133. Goethe 
134. A Realização do Ascetismo 
135. Capitalismo Vitorioso 
136. Obra Inacabada de Weber, Ele Próprio Não Refutaria Sua Tese 
 
 SUMÁRIO 
 
137. Um Breve Relato 
 
 UMA PEQUENA REFLEXÃO 
 
 INTRODUÇÃO: 
 
 1. Ciência e Cultura: 
 Índia, China, Babilônia, Egito através de conhecimentos empíricos pensaram sobre os problemas 
do mundo e da vida, filósofos racionalistas e teólogos fizeram suas observações, porém foi somente no 
Ocidente a partir de determinados fenômenos culturais é que pode-se sistematizar de forma pragmática a 
Ciência. É somente no Ocidente que existe uma ciência jurídica racional, contendo esquemas e categorias 
jurídicas do Direito romano e do Direito ocidental. 
 
 I. Arte: 
 
 A. Música: 
 O mesmo se dá em relação a arte, no caso da música, apesar dos povos terem muitos 
conhecimentos sobre a mesma, é somente no Ocidente que a música é harmônica racional, onde a orquestra 
possui seu quarteto de cordas como núcleo da organização de um conjunto de instrumentos, tendo como 
instrumentos básicos: órgão, piano e violino. 
 
 B. Arquitetura: 
 Desde a antiguidade, na Ásia e no Oriente, o arco em ojiva foi usado como decoração, porém 
somente no Ocidente é que se conhece a sua utilização racional no sentido de distribuição de peso, como 
cobertura de espaços, bem como a utilização em edifícios monumentais, abrangendo a escultura e a 
pintura pela utilização racional de linhas e de perspectiva espacial e da luz. 
 
 
 C. Imprensa: 
 Na China havia a tipografia, mas só no Ocidente que existe uma literatura da impressão, como a 
de revistas e jornais. 
 
 
 II. Especialistas: 
 Na China e no Islão havia Ensino Superior bem semelhantes a Universidades e Academias do 
Ocidente, porém não havia o ensino sistematizado e racional no sentido de formar especialistas, bem como 
o funcionário especializado, que é de muita importância para o Estado moderno e para a moderna 
economia européia. O funcionário especializado fora do Ocidente não tem nenhuma importância para a 
ordem social. A cultura ocidental é rechassada por conter uma enorme organização de funcionários 
especializados, desde técnicos a jurídicos, como elementos vitais do funcionamento da vida social. 
 
 2. Estado: 
 O Estado estamental só existe na Europa e somente no Ocidente existem Parlamentos com 
"representantes do povo" eleitos, com demagogos e governo de líderes com ministros responsáveis perante o 
parlamento. É natural que no mundo existam "partidos"no sentido de organizações que querem 
conquistar o mundo, ter poder. No ocidente, é que existe o "Estado" como organização política com uma 
"Constituição" racionalmente estabelecida, com um direito racionalmente instituido e uma administração 
feita por funcionários especializados. Leis fora do ocidente só existe de forma rudimentar, pois falta a 
combinação de elementos decisivos. 
 
 3. Capitalismo: 
 O capitalismo como poder mais importante da vida moderna busca o lucro, o enriquecimento. A 
tendência para o enriquecimento, para a obtenção do lucro é cobiçada por vários membros da sociedade: 
médicos, artistas, funcionários corruptos, soldados, ladrões e muitos mais. Em todas as épocas e em todos 
os lugares da Terra, em todas as circunstâncias em que exista a possibilidade objetiva de ganhar, de obter 
lucro, esta tendência para o enriquecimento mostra-se como uma constante. 
 O Capitalismo é o verdadeiro "espírito" da "ambição". O Capitalismo deveria se colocar como 
moderação racional do impulso irracional lucrativo, porém ele, na verdade, anda de mãos dadas com a 
ganância do trabalho incessante racional capitalista, a ganância sempre renovada pela rentabilidade. 
 
 4. Renda: 
 Dentro da ordem capitalista de economia, o esforço próprio quando não direcionado no sentido de 
conseguir rentabilidade está condenado ao fracasso. 
 
 5. Ato de Economia "Capitalista": 
 Coloca-se na espectativa de uma ganância própria de um jogo com probabilidade de troca, 
pacífica de lucro. Apesar de ser atual adquirir coisas por meios violentos, com leis próprias, não é 
oportuno fazê-lo, nem mesmo colocar na mesma categoria a atividade orientada para a troca. 
 O que interessa assinalar é que a atividade econômica consiste em um cálculo de valor obtido 
para o modo de realização. Nesse sentido, "Capitalismo" e "empresas capitalistas" (com racionalização de 
cálculo de capital) existem em todos os países civilizados do mundo: China, Índia, Babilônia, Egito, 
Antigüidade Helênica, Idade Média e Moderna. São economias em contínuo desenvolvimento, gerando 
empresas capitalistas, "indústrias" estáveis. A empresa capitalista com seu empresário são produto dos 
tempos mais remotos difundidos universalmente. 
 No Ocidente, o Capitalismo tem uma importância, formas, características e direções que não se 
tem em nenhum outro lugar. No mundo todo, existem pequenos e grandes comerciantes localizados e 
difundidos, negócios, bancos com várias funções, consignações e associações. Sempre houve coorporações 
públicas, elas já haviam aparecido na Babilônia, Grécia, China, Índia, Roma e em muitos outros lugares, 
estas financiavam guerras e piratarias, para construções de todo tipo: a política ultramarina serviu de 
empresário colonial, como compradora e cultivadora de plantações com trabalhadores escravos. 
 O aventureiro capitalista desempenhava o papel de administrador das repartições e de impostos. 
Era o arrendatário, o financiador partidário, inclusive na guerra civil, "especulador" do lucro que nunca 
deixou de existir. 
 No Ocidente, existe uma forma de capitalismo que não tem em nenhum outro lugar do mundo: a 
organização racional-capitalista do trabalho formalmente livre. A moderna organização racional do 
capitalismo europeu não seria possível sem a intervenção dos elementos determinantes de sua evolução: a 
separação da economia doméstica da indústria e a criação de uma contabilidade racional. A economia 
doméstica é contrária a economia ocidental. Fora do ocidente não existe organização racional do 
trabalho, nem mesmo um socialismo racional. 
 Sempre houve "luta de classes" entre credores e devedores, entre latifundiários e despossuídos, 
entre o servo da gleba e o senhor da terra, entre o comerciante e o consumidor; a luta tem características 
da Idade Média Ocidental entre os trabalhadores e os exploradores do trabalho, presente em todas as 
partes. Somente no Ocidente é que ocorre a nova oposição entre o grande empresário e o operário livre, por 
isso em nenhuma outra parte tenha sido possível a ocorrência do socialismo. 
 No que diz respeito a cultura da história universal, e do ponto de vista econômico o que mais 
interessa é a origem do capitalismo industrial burguês com a sua organização racional do trabalho livre, 
isto é, a origem da burguesia ocidental com suas características próprias, pois tem uma relação intrínsica, 
isto é, identifíca-se com a origem da organização capitalista do trabalho. 
 
 6. Técnica e Capitalismo: 
 O capitalismo moderno é influenciado pelos avanços da racionalidade técnica, pelos cálculos 
exatos; as ciências naturais e racionais com base na matemática e na experimentação tiveram grande 
impulso motivadas pela técnica e sua aplicação junto a economia propiciou progresso aos capitalistas, 
que é o resultado econômico desejado pelo Ocidente. 
 
 7. Direito e Capitalismo: 
 O desenvolvimento do moderno capitalismo industrial comercial necessita do Direito e da 
administração, com regras, para que haja uma indústria racional privada com capital fixo e cálculo 
seguro. Somente no Ocidente é possível um Direito e uma administração com perfeição formal técnico-
jurídica. Tal desenvolvimento só foi possível por causa de um "racionalismo" específico e 
peculiar da civilização ocidental, pois processos de racionalização podem se dar 
em todas as partes e esferas de vida. 
 
 8. Características Peculiares do Racionalismo Ocidental: 
 Estas deram origem ao mesmo. O racionalismo econômico depende da técnica e do Direito 
racional, bem como da capacidade e apitdão dos homens para determinados tipos de conduta racional. Os 
elementos mais importantes desta conduta encontam-se no passado, nos poderes mágicos e religiosos e na 
idéia do dever ético. Este é o ponto central mais importante, isto é, como os mesmos determinam uma 
"mentalidade econômica", um "ethos" econômico. 
 
 9. Conecções da Ética Econômica Moderna com a Ética Racional do Protestantismo Ascético: 
Um dos Aspectos de Relação Causal: 
 Muitas culturas encontram-se em oposição a civilização ocidental, as conecções da ética religiosa 
são diversas entre as sociedades, cada país com sua conduta própria, tem suas influências características, 
que só podem ser captadas se forem confrontadas através de uma investigação etnográfica-folclórica. 
 No aspecto antropológico, é somente no Ocidente que se tem determinados tipos de 
racionalização, o fundamento para tal encontra-se em determinadas causas hereditárias, na herança 
biológica. Todo trabalho sociológico e histórico deve descobrir as influências e conecções causais que 
expliquem as reações às condições ambientais. 
 
 
I PARTE 
O PROBLEMA 
CAPÍTULO I 
Filiação Religiosa e Estratificação Social 
 
 São aspectos reais que tem poderosa influência na ordem externa, interessando o aspecto prático 
da religião, isto é, os proprietários do capital, a mão-de-obra mais qualificada, principalmente os tecnicos, 
os especialistas das 
modernas emprêsas serem protestantes. 
 Tal consideração deve-se em parte a motivos históricos, que tem suas raízes no passado, onde a 
filiação religiosa não parece ser a causa de fenômenos econômicos e sim uma consequência dos mesmos. 
 A maioria das nações mais ricas se converteram no século XVI ao protestantismo, os efeitos desta 
conversão beneficiaram os protestantes na luta econômica pela existência. 
 
 10. Problema Histórico: 
 Por que eram estes e não outros que se mostraram predispostos para uma revolução eclesiástica? 
Possivelmente a ruptura com o tradicionalismo econômico pareceu ser no momento, favorável para uma 
inclinação da luta contra uma tradição religiosa e que acabou por rebelar-se contra as autoridades 
tradicionais. 
 
 11. Reforma: 
 A Reforma não significava unicamente a eliminação do poder eclesiástico sobre a vida, e sim a 
substituição de uma forma atual do mesmopor uma diferente, que interferisse de modo maior em todas as 
esferas da vida pública e privada, regulando a conduta individual. 
 Povos com economia moderna se submetem à Igreja Católica, "a qual castiga o herege mas que é 
indulgente com o pecador". A forma mais insuportável de controle eclesiástico sobre a vida individual é de 
domínio do calvinismo no século XVI e XVII em muitos países. 
 
 12. Calvinismo: 
 Países economicamente progressivos com classes médias recém "burguesas" aceitaram essa tirania 
puritana até então desconhecida, inclíndo uma defesa de um heroísmo de que a burguesia não havia dado 
prova até então. 
 
 13. Razão Econômica: 
 A porcentagem de católicos entre alunos e bacharéis dos centros "superiores" são inferiores à 
proporção demográfica. Bacharéis católicos que se dedicam a preparação para estudos técnicos e 
profissionais de tipo industrial e mercantil, em geral é inferior ao de protestantes. 
 
 14. Ensino: 
 Os católicos preferem formação do tipo humanista, tal fenômeno não se explica por uma causa 
econômica , pelo contrário, tem que ser levado em conta para explicar a menor participação dos católicos 
na vida capitalista. 
 O fato dos protestantes se lançarem mais que os católicos para postos superiores em fábricas e na 
burocracia industrial é porque existe uma relação causal entre a escolha de uma profissão e todo destino 
anterior a vida profissional que havia sido determinado pela educação de uma aptidão pessoal, em uma 
direção influenciada por uma atmosfera religiosa da pátria e do lugar. 
 
 15. Racionalismo Econômico: 
 Os protestantes mostram singular tendência para o racionalismo econômico, tendência esta não 
encontrada entre os católicos. A razão de distinta conduta está numa determinada característica pessoal 
permanente e somente em uma certa situação histórico-política. 
 
 16. Antíteses entre Catolicismo e Protestantismo: 
 Os ideais do catolicismo vão em direção a educar seus fiéis no sentido a indiferença para com os 
bens materiais, enquanto o protestantismo tem o "materialismo" como consequência de uma laicização. 
 
 17. Católicos e Protestantes: 
 É explicitado nesta obra que os protestantes colocam em xeque a abnegação dos católicos, o que 
existe é apenas uma suposta oposição entre os dois, na realidade esta oposição não ocorre, uma vez que 
ambos participam da atividade capitalista. 
 
 18. O Calvinismo e a Reforma: 
 A conjunção de uma educação ascética na juventude com a "virtude" capitalista no sentido dos 
negócios aliada a uma intensa religiosidade, estão em todos os atos da vida, constituindo grupos inteiros, 
seitas e igrejas mais importantes do calvinismo em qualquer lugar. 
 Na época da expansão da Reforma, nenhuma religião foi vinculada a uma classe social 
determinada, pois é característico, "típico" por exemplo que nas igrejas francesas hugonotas, o maior 
número de seus adptos eram formados por monjes e industriais (comerciantes, artesãos), em toda época da 
perseguição. 
 Os espanhois sabiam que a "heresia" "favorecia o espírito comercial", estava de acordo com o 
crescimento capitalista nos Países Baixos. Gothein qualifica a Diáspora calvinista como o "viveiro da 
economia capitalista". Existe uma conecção religiosa da vida e o desenrolar intenso do espírito comercial. 
 
 19. Velho Protestantismo: 
 Lutero, Calvino e outros tem pouco a ver com o que se chama hoje de "progresso", uma vez que 
eram hostis a muitos aspectos da vida moderna da qual o propósito protestante atual não pode relegar. O 
parentesco entre o velho e o novo protestantismo não encontra-se nas manifestações do espírito 
materialista, e sim nas suas características religiosas. Conforme Montesquieu, a contribuição que os 
ingleses deram ao mundo foram: a religião, o comércio e a liberdade. Tal pensamento coincide com a 
superioridade da ordem industrial, sua aptidão para a liberdade. 
 
 CAPÍTULO I 
O Espírito do Capitalismo 
 
 20. Espírito Capitalista: 
 Não é uma definição, um conceito e sim um objeto que se investiga.. Este objeto é a 
"individualidade histórica", um conjunto de conexões na realidade histórica, que se agrupa 
conceitualmente como um todo, desde o ponto de vista de 
sua significação cultural. Seu conteúdo se refere a um fenômeno cuja significação radica-se em sua 
peculiaridade individual. Tem que se levar em consideração os distintos elementos da realidade histórica, 
logo a definitiva determinação conceitual só pode se dar ao término da investigação. 
 
 21. A História e o Objeto: 
 É uma essencial característica de toda "formação de conceitos históricos", para seus fins 
metódicos, a articulação em conecções genéticas concretas, de ordem individual. Não se pode definir o 
objeto de antemão, apenas pode-se ter uma antecipação, uma descrição provisional do mesmo, do "espírito 
do capitalismo", espírito este que carece de uma relação direta com o religioso, sendo assim, encontra-se 
"isento de suposições". 
 
 22. Princípios de Franklin: 
 - "Pensa que tempo é dinheiro". 
 - "Pensa que crédito é dinheiro" 
 - "Pensa que o dinheiro é fértil e reprodutivo". 
 "Pensa que, segundo este refrão, um bom pagador é dono da bolsa alheia". 
 "Pontualidade e justiça em todos os negócios faz progredir na vida". 
 "As mais insiguinificantes ações podem influir sobre o crédito de um homem, por isto devem ser 
temidas por ele" 
 "Procurar aparecer sempre como um homem cuidadoso e honrado, assim seu crédito aumentará". 
 "Não deve o homem ter grandes despesas, deve economizar para o futuro". . 
 23. Benjamin Franklin: 
 Escreve com peculiar estilo, o "espírito do capitalismo", mas sua obra não contém todo o 
entendimento sobre tal "espírito". Segundo Franklin, o homem tem "espírito capitalista", mas não sabe 
ganhar dinheiro. 
 
 24. Filosofia da Avareza: 
 É o ideal do homem honrado dígno de crédito, e sobre tudo, a idéia de uma obrigação por parte do 
indivíduo frente a interesses, reconhecido como um fim em 
sí, de aumentar seu capital. Não se trata apenas de uma técnica e sim de uma "ética" peculiar, não se trata 
simplesmente de ensinar a "prudência nos negócios" trata-se de um "ethos" que é expresso, e isto é o mais 
importante a assinalar. 
 
 25. Jacobo Fugger: 
 Segundo Fugger, ao se ganhar o bastante, era aconselhável abrir negócio próprio deixando o 
caminho livre para que outros tivessem a mesma oportunidade. Seu parecer, e sua aspiração de ganho, o 
"espírito", eram completamente distintos da posição espiritual de Franklin, a qual se manifesta como 
consequência de um espírito comercial atrevido e de uma inclinação pessoal de indiferença ética. O 
conceito deste "espírito do capitalismo" é utilizado no moderno capitalismo europeu-ocidental e 
americano. 
 
 26. Utilitarismo: 
 Todas as máximas morais de Franklin foram disvirtuadas no sentido utilitarista: a moralidade é 
útil porque proporciona crédito, o mesmo ocorre com a pontualidade, a laboriosidade, a moderação, e são 
virtudes por causa disto, de onde se parte, que a aparência de honradez prestasse idêntico serviço, onde o 
suficiente seria um parecer honrado. Quando Franklin trata a "conversão" à virtudes, como modéstia, é 
no sentido dos proveitos que a mesma proporciona, beneficiando concretamente ao indivíduo. 
 O Utilitarismo se baseia na idéia da aparência da virtude, quando assim se consegue o mesmo 
efeito que com a prática da virtude: consequência esta inseparável do mais estreito utilitarismo. 
 
 27. Utilidade da Virtude: 
 Franklin se refere a uma revelação divina, no sentido de haver descoberto a "utilidade" da 
virtude, desta maneira havia querido mostrar à Deus a via virtuosa, declarando que aqui existe algo mais 
que a simples envoltura de máximas puramente egocêntricas, por isto mesmo que nesta "ética" há aquisição 
de mais e mais dinheiro, evitandoo gozo imoderado, como algo isento do ponto de vista utilitário, como 
um fim em sí, como algo transcendente frente a "felicidade" a utilidade do indivíduo em particular. 
 Não se trata de ganância para as satisfações de necessiadades vitais 
materiais do homem, e sim o que este deve adquirir, por ser esta a finalidade de sua vida. Trata-se de uma 
"inversão" antinatural da relação entre o homem e o dinheiro, para o capitalismo, é algo evidente e natural 
e que ao mesmo tempo, contém uma série de sentimentos em íntima conexão com idéias religiosas. 
 
 28. Trabalho ou Negócio? 
 A ganância do dinheiro quando se verifica legalmente, representa, dentro da ordem econômica 
moderna, o resultado da expressão da virtude do trabalho, e esta virtude, é fácil reconhecer, constitui o 
cerne da moral de Franklin, tal como ele coloca em todos os seus trabalhos e exposições. É a idéia do dever 
profissional, de uma obrigação que o indivíduo deve sentir e a sente dentro de sua atividade "profissional", 
utilizando a própria força de trabalho e "capital", esta idéia é característica da "ética social" da civilização 
capitalista. 
 
 29. O Senhor Capital: 
 É o capitalismo, educa e cria pela via da seleção econômica os sujeitos (empresários e 
trabalhadores) que necessita. Esta seleção explica os fenômenos históricos. Esta idéia nasceu em grupos de 
homens. Para o materialismo histórico ingênuo, as "idéias" são "reflexos", "superestruturas" de situações 
econômicas na vida. Porém deve-se recordar que o "espírito capitalista" já existia antes do "desenrolar do 
capitalismo". 
 Na Antiguidade e na Idade Média, uma mentalidade como a que expressa nos escritos de 
Franklin, haveria sido proscrita como expressão de impura avareza, de sentimentos indígnos, como 
também haveria de sê-lo em todos os grupos não integrados na economia especificamente capitalista ou 
que não sabem se adaptar a ela. 
 
 30. Espírito Capitalista e Pré-Capitalista: 
 A diferença não está no grau de desenvolvimento do impulso de ganhar dinheiro e sim na 
submissão sem reservas, a um impulso incontrolado. A aquisição capitalista aventureira sempre foi 
natural em todas as sociedades econômicas que praticassem o comércio monetário, contendo uma ética 
desvalorizada. Mesmo diante do colapso da tradição a falta de ética não foi encorajada, simplesmente 
tida 
como desagradável, como fato dado e infelizmente inevitável. Tal reserva era exposta nos tempos pré-
capitalistas, onde a utilização racional do capital e trabalho não haviam constituído-se em forças 
dominantes da atividade econômica. 
 O capitalismo não pode utilizar como trabalhador o representante prático do liberalismo 
arbitrário indisciplinado, assim como não pode usar ( como ensinava Franklin) o homem de negócios que 
não sabe guardar a aparência de escrupolosidade. 
 
 31. O "Tradicionalismo" e o Moderno Capitalismo: 
 O "espírito" do capitalismo repousa no sentido de um novo estilo de vida sujeito a certas normas, 
submetido a uma "ética" determinada. No sentido do salário desejado, tem-se que os salários não 
aumentaram em relação aos rendimentos dos empresários, pelo contrário, diminuíram por conta da 
ganância extraordinária dos mesmos. 
 O "tradicionalismo" é expresso na conduta de que o homem quer "por natureza" não é ganhar mais 
e mais, senão viver pura e simplesmente, como sempre tem vivido, e ganhar o necessário para seguir 
vivendo. 
 O moderno capitalismo tem a intensão de acrescentar a "produtividade" do trabalho humano 
aumentando sua intensidade, no sentido de obtenção de lucro. Aumentando a jornada de trabalho, 
rebaixando os salários para forçar os trabalhadores a trabalhar mais que o devido para que os 
empresários continuem a obter seu lucro. Assim existe uma correlação entre o baixo nível de salários e o 
aumento da ganância do empresário. 
 O capitalismo tem como premissa básica que os salários inferiores são "produtivos", uma vez que 
aumentam o rendimento dos trabalhadores, tal pensamento encontra-se de acordo com o antigo 
calvinismo, o povo só trabalha demasiado porque é pobre. 
 Salário inferior não é idêntico a trabalho barato. Seguindo neste ponto de vista, o rendimento do 
trabalhador decaí quando o salário não basta para satisfazer suas necessidades fisiológicas. 
 
 32. Trabalho Qualificado (Intelectual): 
 Dentro do ponto de vista comercial, o salário baixo como base de desenvolvimento capitalista 
fracassa sempre quando se trata de conseguir produtos 
que exijam um trabalho qualificado (intelectual), neste caso o salário baixo não é 
rentável e causa efeitos contrários aos pretendidos, assim sendo é necessário levar em consideração a 
eterna questão de combinar a ganância costumeira com o máximo de comodidade e o mínimo de 
rendimento, e ainda mais, a prática do trabalho como um fim absoluto, como "profissão". 
 Esta mentalidade é produto de um processo educativo. Para o capitalismo hoje é fácil recrutar 
trabalhadores em todos países industriais e , dentro de cada país, em todas as esferas da industria, porém 
no passado, o problema era difícil em cada caso. 
 
 33. Formação Religiosa e Educação Econômica: 
 Quando as pessoas possuem uma específica formação religiosa, principalmente aquelas 
decorrentes da doutrina na predestinação são mais favoráveis a uma educação econômica, se sentem mais 
"obrigadas" ao trabalho, no sentido econômico, da ganância, em sua quantia, como também possuem um 
astero domínio sobre sí, uma moderação que aumenta sensivelmente a capacidade do rendimento do 
trabalho. 
 Deste forma fica provado que é possível considerar o trabalho como um fim em sí, como 
"profissão", que é o exigido pelo capitalismo, logo é possível superar a parsimônia tradicionalista. Através 
do capitalismo atual, e de indagações é possível observar épocas distintas da formação do mesmo e fazer 
conecções da capacidade capitalista de adaptação com os fatores religiosos. 
 
 34. A "Satisfação das Necessidades" e o "Lucro" / "Tradicionalismo". 
 O que Sombart chama de sistema da economia de "satisfação das necessidades" coincide com o 
que se chama de "tradicionalismo". Precisamente quando se compara conceitos "necessidade" e "necessidade 
tradicional". O que ele chama de "capitalismo" não se encontra na esfera das economias "aquisitivas", entra 
no âmbito das "economias de satisfação de necessidades". 
 Neste sentido, a expressão "espírito do capitalismo (moderno)" designa uma mentalidade que 
aspira obter um lucro propiciando sistematicamente uma profissão, uma ganância racionalmente legítima 
como que exposto por Franklin, é por isto que tal mentalidade tem encontrado sua realização na 
moderna empresa capitalista, ao mesmo tempo, que esta pode reconhecer o mais adequado impulso 
espiritual. 
 No século XVI ocorriam tipos de atividade econômica como as grandes exportações que só 
poderiam se dar na "forma" de empresa capitalista, mas é 
possível que o "espírito" que animou sua direção fosse de um estreito tradicionalismo; tanto nos negócios, 
como os grandes bancos de emissão não poderiam ser dirigidos de outro modo; o grande comércio 
ultramarino durante várias épocas se apoiou em uma base de monopólios, regulamentações de caráter 
rigorosamente tradicionalista. Os comércios que necessitam de ajuda do Estado, estào em marcha de 
mudanças, pondo fim ao tradicionalismo, acabando com as formas do antigo sistema de trabalho 
doméstico. 
 No passado, a ganância era razoável, a suficiente para se viver decentemente e, capaz de 
contribuir para a formação de um pequeno capital, no geral, os concorrentes davam-se bem entre sí, pela 
grande coincidência nos princípios do negócio; visitavam-se, bebiam juntos, enfim, tinham um rítmo 
moderado de vida. 
 Era uma economia "tradicionalista" , se considerar o espírito que animava os empresários: o 
gênero tradicional de vida, a ganância tradicional, a medida tradicional do trabalho,o modo tradicional 
de levar o negócio, a relação com os trabalhadores, a clientela tradicional e o modo tradicional de tratar 
com a mesma, de efetuar transações. Este tradicionalismo dominava a prática do negócio e pode-se dizer 
que constituia a base de um "ethos" deste tipo de empresário. 
 
 35. Modificações: 
 Este bem-estar foi pertubado, se bem que não produziu uma variação fundamental na forma de 
organização. Tratáva-se de adaptação as novas necessidades e desejos dos compradores, uma "acomodação 
ao gosto" de cada um, começou-se a colocar em prática o princípio: "preço barato, grande consumo". 
 Desta forma teria início o processo de "racionalização", o início da luta áspera entre os 
concorrentes, constituição de patrimônios consideráveis, que não eram simplesmente fontes de renda, mas 
sim voltado para negócios; a vida pacífica deu lugar a uma austera sobriedade, onde havia a preocupação 
em não gastar para enriquecer. O mais interessante é que não era a influência do dinheiro novo que 
provocava esta revolução, era o novo espírito, o "espírito do capitalismo" que havia se introduzido. 
 
 36. Novo Capitalismo: 
 Quando este desperta e se impõe, cria as possibilidades que lhe servem de meio de ação. Porém 
este novo espírito não se introduz de modo pacífico. Desconfiança, ódio, indignação moral envolveu os 
primeiros inovadores. 
 Este "novo estilo" fazia com que o empresário devesse manter domínio sobre sí, e para salvar-se do 
naufrágio moral e econômico deveria ter extraordinária firmeza de caráter; e além de sua clara visão e de 
sua capacidade para a ação, este deveria possuir qualidades "éticas" claras para ganhar a confiança 
indispensável da clientela e dos trabalhadores, devendo ter além disto força suficiente para vencer as 
inúmeras resistências que ele haveria de se chocar em todos os momentos. 
 E sobre tudo isto este homem deveria ter extraordinária capacidade para o trabalho que se faz 
necessário para um empresário desta natureza, o que é incompatível com uma vida de prazeres. Este novo 
espírito encarna qualidades éticas específicas, de natureza distinta as que se adaptam ao tradicionalismo 
dos tempos passados. 
 
 37. Novos Empresários: 
 Nào eram especuladores, e sim escrupulosos, de natureza própria, específica para a aventura 
econômica, nào eram endinheirados que criaram este novo estilo de vida retraído, porém sendo assim 
possibilitavam o desenvolvimento da economia. Eram homens educados na dura escola da vida, 
prudentes e fortes, sobrios e perseverantes, entregues ao trabalho com devoção, com concepções e 
"princípios" rigidamente burgueses. 
 
 38. Relação entre a Conduta Prática e os Princípios Religiosos: 
 Muitos acreditam que qualidades morais pessoais não tem nada a ver com determinadas máximas 
éticas, com pensamentos religiosos, e que portanto, o fundamento próprio do sentido mercantilista da vida 
é de caráter negativo, e quando relacionados é também de caráter negativo. 
 
 39. O "Tipo Ideal" de Empresário Capitalista: 
 Nada tem haver com ostentação grosseira ou refinada, evita o gôzo de seu 
poder, embaraça-se quando reconhecido socialmente. A regra é antes de tudo ser modesto, antes que ser 
reservado. Sua riqueza não é para sí, existindo somente a sensassão irracional de haver "cumprido" 
apropriadamente sua obrigação. 
 Atualmente, com nossas instituições políticas, civis e comerciais, com as 
atuais formas da indústria e a estrutura própria de nossa economia, este "espírito" do capitalismo poderia 
explicar-se, como produto de adaptação. A ordem econômica capitalista necessita esta entrega a 
"profissão" de enriquecer, é uma espécie de comportamento perante aos bens externos, adequado a 
estrutura, ligado a condições de triunfo na luta econômica pela existência, não é possível hoje se falar 
que exista uma conexão necessária entre esse comportamento prático e uma determinada "concepção 
unitária do mundo". 
 
 40. "Concepção de Mundo": 
 É determinada pela situação dos interesses político-comerciais e político-sociais. Quem não 
adapta sua conduta prática a condições do êxito capitalista, não consegue enriquecer. Assim como só foi 
possível o rompimento com as formas de constituição econômica medieval apoiando-se no poder do Estado 
moderno, o mesmo pode ocorrer em relação aos poderes religiosos. 
 
 41. Nominalismo: 
 Alguns moralistas , da escola nominalista, aceitaram como dadas as formas implantadas da vida 
capitalista, tratando de mostrar sua licitude, sobre a necessidade do comércio, mas provando que a 
"indústria" desenvolvida constitua uma frente legítima de ganância, eticamente irreprovável, e ao mesmo 
tempo, falaram da doutrina dominante considerando como lucro inevitável o "espírito" do proveito 
capitalista, o qual não podiam valorizá-lo do ponto de vista ético. Desta forma, segundo eles, torna-se 
impossível uma doutrina "ética" como a de B. Franklin. 
 
 42. Racionalismo Econômico: 
 É o motivo fundamental da moderna econômia. Conforme Sombart, é um crescimento da 
produtividade do trabalho que visa romper os estreitos limites "orgânicos" naturalmente dados da pessoa 
humana, quando submetido todo o 
processo da produção a pontos de vista científicos. Este processo de racionalização na esfera da técnica e 
da econômia influê sobre o "ideal de vida" da moderna sociedade burguesa. 
 A idéia de que o trabalho está a serviço de uma racionalização de bens materiais para prover a 
humanidade, tem estado sempre presente na mente dos representantes do "espírito capitalista" como um 
dos fins que tem marcado diretrizes a sua atividade. 
 Conforme Franklin escreveu, o racionalismo econômico se dá quando o moderno empresário, com 
uma alegria vital, de cunho "idealista" , proporcionada pela satisfação do orgulho de "haver dado trabalho" 
a muitos homens e de ter contribuído para o "florescimento" econômico de sua cidade, no sentido sensitário 
e comercial vê tal feito como uma das mais importantes finalidades de sua vida profissional. 
 Uma das propriedades da econômia privada capitalista é também estar racionalizada sobre a 
base do mais estreito cálculo, estar ordenada com planejamento e austeridade, no sentido do êxito 
econômico aspirado, em oposição ao estilo de vida do campesinato, e do "capitalismo aventureiro", que 
atende mais ao êxito político e a especulação irracional. 
 
CAPÍTULO II 
A Concepção de Vocação de Lutero 
Tarefa da Investigação 
 
 43. "Profissão " ou Vocação? 
 A palavra "profissão" através de distintas línguas carrega a idéia de uma missão imposta por 
Deus, não demorou para que todos os povos protestantes adotassem seu significado atual, no sentido de 
vocação, "dever", "ofício", no sentido puramente profano. 
 Não é somente no sentido literal, mas também como idéia é nova, é 
produto da Reforma. Nem na Antiguidade, nem na Idade Média a idéia do trabalho implicava na idéia 
de uma profissão, é novo seu conteúdo de conduta moral, como sentimento de um dever no cumprimento 
da tarefa profissional no mundo. Como consequência, o sentido sagrado do trabalho é que engendrou o 
conceito ético-religioso de profissão. 
 Em Lutero, esta idéia se desenrola durante os primeiros dez anos de sua atividade reformadora. 
Em princípio, seguindo a tradição medieval representada 
por São Tomás de Aquino, estimava que o trabalho no mundo, quando desejado por Deus, pertence a 
ordem da matéria sendo como um fundamento natural indispensável da vida religiosa, não suceptível de 
valoração ética. 
 Segundo Lutero, é evidente que somente a vida contemplativa carece de valor para justificar-se 
perante Deus, sendo produto de desamor egoísta, por isso é necessário submeter-se ao cumprimento de 
deveres que precisa-se cumprirno mundo. Surge assim a idéia do trabalho profissional como manifestação 
palpável de amor ao próximo, onde o cumprimento das tarefas é o único caminho para satisfazer a Deus, 
e isto ocorre porque assim Deus quer, e que portanto, toda a profissão lícita possue diante de Deus o 
mesmo valor. 
 
 44. Lutero e o Espírito do Capitalismo: 
 Não existe afinidade íntima entre os dois. Os círculos eclesiásticos que fizeram parte da Reforma, 
não são de modo algum amigos do capitalismo, em nenhum sentido. Ele era contra a usura e os juros. O 
efeito da Reforma, em contraste com a concepção católica, foi aumentar a ênfase moral e o prêmio 
religioso para o trabalho secular e profissional. 
 O posterior desenvolvimento da concepção de vocação, passou a depender do desenvolvimento da 
religiosidade, que daí para frente foi se dividindo nas várias igrejas reformadas. A autoridade da Bíblia, 
da qual Lutero acreditava retirar a autoridade de sua concepção de vocação, favorecia em seu todo uma 
interpretação tradicionalista. 
 A aspiração para acumular bens materiais em medida superior a própria necessidade, manisfesta 
um estado de graça insuficiente, é condenável, e só pode ter realização as custas dos outros. 
 
 45. Lutero e a Vida Profissional: 
 Lutero estima o trabalho profissional, a medida que se engendra nas disputas e nos negócios 
deste mundo. O exercício de uma determinada profissão constitui um mandamento que Deus dirige a cada 
um, obrigando a permanecer na situação em que se encontre colocado pela divina providência. 
 
 46. Lutero e a Estrutura Social: 
 Este tipo de conceito de estrutura social é típico da Idade Média, uma concepção tradicionalista 
análoga a idéia de "destino"; cada qual deve permanecer na profissão no estado em que seja colocado por 
Deus de uma vez para sempre e conter dentro destes limites todas as aspirações e esforços deste mundo. 
 
 47. Tradicionalismo Econômico: 
 É resultado dessa estrutura social, que em princípio era resultado de uma indiferença, e que mais 
tarde passou a ser fruto da crença cada vez mais forte na predestinação, que identifica a obediência 
incondicional aos preceitos divinos, e a incondicional resignação como é posto em que cada qual se 
encontra situado no mundo. 
 
 48. Trabalho Profissional e Idéias Religiosas: 
 Lutero baseou-se em princípios novos fundamentais para a vinculação do trabalho profissional 
com as idéias religiosas. A pureza da doutrina, como o único critério infalível de sua Igreja, afirmada por 
ele, cada vez mais rígidamente depois de vinte anos de luta, constituía em sí mesma um obstáculo para 
desenvolver pontos de vista novos no terreno ético. Desse modo, o conceito de profissão manteve todavia 
em Lutero um caráter tradicionalista. 
 
 49. Tauler / Lutero: 
 A ética religiosa medieval traz a idéia de profissão no sentido luterano. Assim como Lutero, 
Tauler valorizava as profissões intelectuais e profanas e, em geral estimava menos as formas tradicionais 
do trabalho ascético, e consequentemente não gostava do valor exclusivo reconhecido da recepção 
estático-contemplativa do espírito divino pela alma. 
 
 50. Calvinistas, Católicos e Luteranos: 
 A reforma seria inimaginável sem a evolução personalíssima de Lutero e a própria personalidade 
deste é que deu um selo permanente; porém sua obra não seria duradoura sem o calvinismo. Por esta razão 
é que os católicos e luteranos aborreciam-se igualmente com o calvinismo, a raiz está em sua ética. A 
relação entre a vida religiosa e as obras deste mundo é do tipo essencialmente distinto entre calvinistas, 
católicos e luteranos. Tal aspecto aparece incluso na literatura religiosa. 
 
 51. Calvino e Seitas "Puritanas": 
 Quando se investiga as relações entre a antiga ética protestante e a evolução do espírito 
capitalista parte-se das criações de Calvino, do calvinismo e de outras seitas "puritanas", não pretende-se 
afirmar que os fundadores, representantes destas se encontrem no despertar do que se chama "espírito do 
capitalismo", como finalidade de seus trabalhos e atividades vitais. 
 Nenhum deles considerava a aspiração aos bens terrenos como um valor ético, como um fim em 
sí. Nenhum dos reformadores deu importância primordial aos programas de reforma moral, não eram 
fundadores de associações de cultura ética nem representavam aspirações humanitárias de reforma social 
e de ideais de cultura. 
 A salvação da alma e só isto era o desejo de Calvino, desejo de sua vida e sua ação. Suas 
aspirações éticas e os efeitos práticos de sua doutrina tinham uma finalidade primordial e eram meras 
consequências de princípios exclusivamente religiosos. Por isto os efeitos da Reforma na ordem da 
civilização, por preponderantes que se queira considerar, eram consequências imprevistas e espontâneas do 
trabalho dos reformadores desviadas e diretamente contrárias a que eles pensavam e se propunham. 
 
 52. Reforma e Capitalismo: 
 Para que fosse possível a sobrevivência da novas Igrejas criadas, é evidente que deveria cooperar 
incontáveis condições históricas, que não se engajam em nenhuma "lei econômica", e são radicalmente 
insuceptíveis de ser consideradas do 
ponto de vista econômico; e sobre tudo influênciariam politicamente. Seria 
 igualmente absurdo defender teses doutrinárias segundo a qual o "espírito capitalista" só poderia ter 
nascido por influência da Reforma, como que o capitalismo fosse um produto da mesma. 
 Em primeiro lugar, existem formas importantes de econômia capitalista que são notoriamente 
anteriores a Reforma, e isto desmente as teses pretendidas. É importante assinalar a existência de 
influências religiosas na expansão quantitativa daquele "espírito" sobre o mundo, e que aspectos concretos 
da civilização capitalista se devem a elas. 
 Dada a variedade de recíprocas influências entre os fundamentos materiais, as formas de 
organização político-social e o conteúdo espiritual das distintas épocas da Reforma, a investigação há de 
concretizar-se a fim de estabelecer se haviam existido e em que pontos, "afinidades eletivas" entre certas 
modalidades da fé religiosa e a ética profissional. 
 
 II PARTE 
 A Ética Vocacional Do Protestantismo Ascético 
CAPÍTULO IV 
Fundamentos Religiosos Do Ascetismo Laico 
 
 53. Ascetismo: 
 Conjunto de práticas de abstinência com fins espirituais ou religiosos. 
 
 54. Representantes Históricos: 
 Os representantes históricos do protestantismo ascético são fundamentalmente quatro: 
Calvinismo, Pietismo, Metodismo e as seitas que derivam do movimento Batista. 
 O Metodismo nasceu dentro da Igreja oficial anglicana e depois se separou da mesma. O Pietismo 
veio do Calvinismo inglês e singurlamente do holandês, mais tarde se incorporou ao Luteranismo por 
razões dogmáticas, e mais tarde se converteu no Metodismo contra sua vontade. 
 
 55. "Puritanismo" X Anglicanismo: 
 A massa de seguidores, como os defensores do movimento ascético, que em seu sentido mais amplo 
foi definido como "puritanismo" atacaram os fundamentos do Anglicanismo. A oposição dava-se 
principalmente pelas diferenças dogmáticas relativas a justificação e a predestinação, mesclando-se nas 
mais variadas combinações e de ordinário, impediam no começo do século XVII a manutenção de uma 
comunidade eclesiástica. 
 
 56. Conduta moral: 
 As manifestações mais importantes da conduta moral encontram-se ao mesmo tempo em todas as 
seitas surgidas de uma ou da combinação de várias assinaladas anteriormente. As mesmas máximas 
morais, podem apoiar-se em fundamentos dogmáticos diferentes. 
 
 57. Compêndios Casuísticos: 
 Eram escritos que constituíam uma preciosa ajuda para a cura das almas. Em relação a esses, 
haviam grandes semelhanças entre distintas seitas, porém diferiam notoriamente no modo de comportar-
se na vida. 
 
 58. Moralidade Ascética e Éticas Não-Dogmáticas: 
 Raízes dogmáticas da moralidade ascética, tãodistintas entre sí deixaram de existir depois de 
sérias lutas, porém a conexão com esses dogmas deixou a posteriori traços nas éticas não-dogmáticas, além 
disso, o conhecimento original de idéias pode clarear a conexão desta moralidade com a idéia do Além que 
estava presente entre os homens espirituais da época. 
 Sem o poder onipotente não poderia realizar-se nehuma moral, isto é, não seria possível revolução 
ética alguma de modo a influir na vida. O homem daquele tempo meditava sobre dogmas aparentemente 
abstratos numa medida somente compreensível quando se descobre sua conexão com interesses práticos da 
religiosidade. 
 
 A - Calvinismo 
 
 É uma idéia religiosa, que foi determinante de muitas lutas em torno da religião e da cultura nos 
países civilizados mais progressivos do ponto de vista do capitalismo (Países Baixos, Inglaterra e França) 
durante os séculos XVI e XVII. Seu dogma característico é a "predestinação", é o dogma mais "essencial" 
da Igreja reformada. 
 
 59. Predestinação: 
 
 I. Capítulo IX: Do livre arbítrio: 
 Quando o homem caí em pecado, perde a capacidade de encaminhar-se ao bem espiritual e a 
salvação, de modo que afastado do bem e morto no pecado, não é capaz de converter-se e nem de preparar-
se. 
 
 II. Capítulo III: Do eterno decreto de Deus: 
 Para revelar sua magestade, Deus por seu decreto destinou (predestinou) a uns homens a vida 
eterna e setenciou a outros a eterna morte. Aos que estão destinados à vida tem sido eleitos em Cristo 
para a glória eterna por Deus, antes da criação, por seu desígnio eterno e imutável, por seu decreto secreto 
e o arbítrio de sua vontade, por livre amor e graça, tudo é prêmio de sua graça soberana. Conforme a 
vontade de Deus, aos restantes mortais, seguindo o desígnio de sua vontade, ele distribuí e se reserva o 
direito de negar, condena-os a desonra e à ira por seu pecado para a honra de seu ilimitado poder sobre as 
criaturas. 
 
 III. Capítulo X: Da vocação eficaz: 
 É do agrado de Deus chamar por sua palavra e seu espírito a todos aqueles a quem destinou a 
vida, e somente a estes, no tempo conveniente e determinado por ele, tirando-lhes seus corações de pedra e 
dando-lhes um coração de carne, renovando suas vontades e decidindo-lhes, por sua firmeza onipotente, a 
optar pelo que é bom. 
 
 IV. Capítulo V: Da Providência: 
 No que diz respeito aos homens maus e impuros, aos que Deus como juíz justo, ele os afasta de 
sua graça, e por vezes lhes tira os dons que tinham e os põem em relação aos objetos de suas corrupções na 
ocasião de pecado, entregando-lhes aos seus próprios prazeres, as tentações do mundo e ao poder de 
Satanás, de onde sucede que se endurecem e pelos mesmos meios se serve Deus para abrandar aos outros. 
 
 60. Milton: 
 Sua opinião sobre a doutrina: "Mesmo que possa ser mandado para o inferno por isto, tal 
vontade divina nunca receberá meu respeito". Ele ainda dizia no Paraíso Perdido: "Antes reinar no 
Inferno, do que servir no Paraíso". 
 
 61. Padres da Igreja Luterana: 
 Era dogma que a graça podia perder-se, mas poderia-se recuperá-la por meio da humildade e do 
arrependimento, a confiança crescente na palavra de Deus e nos sacramentos. 
 
 62. Calvino X Lutero e o Catolicismo: 
 Ao contrário de Lutero, a direção de seu pensamento lógico está em seus interesses religiosos, 
orientado somente à Deus e não aos homens, para ele somente um pequeno número de homens é chamado 
a salvar-se. Deus é livre e sua decisão não está submetida a lei alguma. 
 O destino dos homens a Deus pertence, para além do entendimento humano, os condenados, ou os 
excomulgados podiam pertencer a Igreja, mas somente no sentido de submeter-se à sua disciplina, para a 
glória de Deus, mas não podiam salvar-se. Neste sentido existia a eliminação da salvação através da 
Igreja e dos sacramentos, esta era a diferença central entre o calvinismo e o catolicismo.. 
 
 63. Puritanismo: 
 Rejeitava cerimônias religiosas ou rituais na hora da morte, para não ser reestabelecida 
superstições em forças de salvação mágicas. O indivíduo vive uma solidão interna, que leva a atitude 
negativa do puritanismo onde a cultura e a religiosidade são inúteis para salvação propiciando um 
individualismo pessimista, onde nem mesmo se concebe a existência de uma possível amizade entre os 
homens, devendo-se desconfiar de tudo e de todos, apenas ter Deus como confidente, levando ao 
desaparecimento da confissão e consequentemente ao isolamento espiritual. 
 
 64. O Mundo: 
 Existe apenas para a glorificação de Deus, o homem está inserido no mundo para aumentar a 
glória de Deus, as obras sociais destinadas a Deus, aparecem como vocações, sob a forma de "amor ao 
próximo", objetivo, imparcial, intelectualizado, representando um valor ético diante do cosmos. 
 
 65. A Fé: 
 Cada homem a princípio é escolhido por Deus, desta forma combate todas as dúvidas e ao 
demônio, sua autoconfiança resulta de sua fé que fortalece a dedicação na luta diária pela vida 
dinamizando o mercado capitalista através de uma incessante atividade profissional. 
 
 66. A Religiosidade: 
 É o mais firme apoio a realidade, contribuíndo indiretamente para a racionalização da conduta 
prática. 
 
 67. Vida Religiosa: 
 Em Lutero tende para o misticismo e para a emotividade, em Calvino para a ação ascética, onde 
o estado de graça tem haver com resultados objetivos, de obras realizadas por conta de uma conduta 
eficaz constante, significando que Deus ajuda a quem se ajuda a sí mesmo. O calvinista crê por sí mesmo 
a sua própria salvação, assegurando a sí mesmo, consistindo num sistemático auto-controle, cada dia 
encontra-se ante a alternativa: eleito ou condenado? 
 
 68. A Ética Católica: 
 Na Idade Média, era a "ética da intenção", onde o valor de cada ação decidia sua concreta 
intenção, e cada ação boa ou má, era imputada a seu autor, influenciando sobre seu destino temporal e 
eterno. 
 
 69. A Igreja Católica Frente ao Homem: 
 Seu pensamento tinha critério realista, que o homem não constituia em absoluto uma unidade 
determinada e valorosa dentro de um único ponto de vista, senão que, normalmente, a conduta humana é 
algo contraditório, por influência de motivações opostas. Mesmo assim a Igreja exigia do homem uma 
radical mudança de vida e quando este homem não correspondia ao ideal, a mesma através de seu poder e 
educação aplicava o instrumento do sacramento da penitência. 
 
 70. A Graça Sacramental da Igreja Católica: 
 Estava a disposição do católico como meio de compensar sua própria insuficiência: O sacredote 
era um mago que fazia milagres, que tinha em suas mãos a chave do perdão, podía-se pedir ajuda a ele 
com humildade e arrependimento, e ele administrava penitências e outorgava esperanças de graça, 
segurança de perdão e garantia a emancipação da terrível angústia. 
 
 71. O Destino do Calvinista: 
 Era inexorável, nada podia redimí-lo, não haviam conselhos amistosos e humanos e de forma 
alguma existia reparação por meio de boas obras das horas de debilidade e leviandade. As boas obras para 
o calvinista encontrava-se em sua "santidade", não havia oscilação entre o pecado, o arrependimento, a 
penitência, não existia um estabelecimento de um saldo expiatório por penas temporais e canceladas por 
meios eclesiásticos da graça. 
 
 72. A Sustentação do Homem: 
 O que sustenta o homem é uma planificação e uma metodização, uma transformação no sentido 
da vida em cada hora e em cada ação. A vida do "santo" se encaminha para uma única finalidade: a 
salvação, por isso é que na vida tudo é racionalizado e dominado pela idéia exclusiva de aumentar a 
glória de Deus. Somente uma vida guiada por uma constante reflexão pode ser considerada como 
superação do status natural. Esta racionalização propiciou o caráter ascético e ao mesmo tempo, 
constitui a razão de sua íntima semelhança e de sua específica oposicão ao catolicismo,ao qual, 
naturalmente, não era estranha uma atitude semelhante. 
 
 73. Identidade entre Santo Inácio e Calvino: 
 Ativo domínio de sí mesmo, reservado auto-controle, educação no sentido de levar uma vida 
alerta, clara e consciente, onde a tarefa principal repousava em se terminar com a despreocupação e com a 
espontaneidade vital. 
 
 74. Metodização da Vida: 
 É a base do poder liberador do asceticismo, explica a maior capacidade do calvinismo frente ao 
luteranismo, no sentido de assegurar a consistência da Igreja reformada como eclesiástica militante. 
 
 75. Oposição entre Asceticismo Calvinista e Medieval: 
 Radica-se na transformação do asceticismo sobrenatural em uma atividade "profana", terrena. A 
ordem terceira de São Francisco, por exemplo, era um potente ensaio de penetração ascética na prática 
cotidiana da vida, diferentemente da Idade Média, onde o monge era separado do mundo, das relações 
sociais. A Reforma veio converter cada cristão a monge por toda a sua vida, através da comprovação da 
fé na vida profissional. 
 Os espíritos mais religiosos receberam impulso decisivo que os orientavam na prática do 
asceticismo, ao mesmo tempo, a fundamentação da ética profissional na doutrina da predestinação fez 
surgir no lugar da aristocracia espiritual dos monges situados fora da vida uma outra aristocracia, a dos 
"santos" no mundo, predestinados por Deus desde a eternidade, a qual estava separada do resto dos 
homens, condenados também desde a eternidade, por um abismo insondável e profundo. A "Bibliocracia" 
dos calvinistas manteve tanto os preceitos morais do Velho Testamento como apreço aos do Nôvo 
Testamento. 
 
 76. Racionalismo do Antigo Testamento: 
 Possuía um caráter tradicionalista e pequeno burguês, Benjamin Franklin oferece um exemplo 
clássico, uma contabilidade sinóptico-estadística dos progressos realizados por ele em cada uma das 
virtudes. 
 
 77. Consequência desta Metodização: 
 A consequência desta metodização da conduta ética, imposta pelo calvinismo (não pelo 
luteranismo), era uma penetrante cristianização de toda a existência, e esta radica a característica mais 
decisiva da reforma calvinista. A religiosidade calvinista, pressupõe a doutrina da predestinação como 
fundamento dogmático da ética puritana. A fé como ponto de partida da moral metódica mediante a 
doutrina da predestinação alcança sua praticidade na vida constituíndo-se na forma mais consequente da 
mesma. 
 Dentro do protestantismo, as consequências desta doutrina sobre a conduta ética de seus 
adeptos, constitui a mais radical antítese em relação a uma certa impotência ética do luteranismo. 
 
B - Pietismo 
 
 Historicamente, a idéia da predestinação constitui o ponto de partida da direção ascética que se 
designa correntemente como "pietismo". Este movimento se manteve somente dentro da Igreja reformada, 
existem calvinistas pietistas e não-pietistas. Representantes mais notáveis do puritanismo foram tidos 
como pietistas, portanto considera-se como uma prolongação pietista a doutrina de Calvino, que tem por 
intenção a conexão da idéia de comprovação da doutrina da predestinação, com a aspiração a adquirir 
uma certitudo salutis subjetiva. 
 
 78. Predestinados: 
 Os predestinados eram acometidos por erros dogmáticos, e por outros pecados, a experiência 
ensinava que cristãos desorientados na teologia dogmática produziam os frutos mais maduros da fé, 
enquanto que o mero conhecimento teológico não implicava na segurança de uma regeneração, logo, o 
saber teológico não era garantia a eleição. 
 
 79. A Inauguração do Pietismo: 
 Deu-se com desconfiança na Igreja dos teólogos, a que permaneceu fiel oficialmente, limitando-
se a agrupar os adeptos da praxis pietatis em "conventículos" apartados do mundo. A ecclesiola dos 
verdadeiros convertidos podiam alcançar neste mundo a bem-aventurança, pois a prática ascética 
realizava a comunidade com Deus. Esta aspiração tinha alguma semelhança com a unio mystica luterana 
e favorecia certa preponderância do aspecto sentimental da religião, isto é o que caracteriza o pietismo 
dentro da Igreja reformada, pois o fator sentimental da religiosidade, orientou a prática da religião pela 
via do gozo terreno da bem-aventurança afastando-a da luta ascética pela segurança de um mundo 
futuro. 
 
 80. O Caráter Histérico da Religiosidade: 
 Por causa do fator sentimental, muitas vezes a religiosidade foi exarcebada, através de estados 
de êxtasis religiosos, o que é oposto a austera e rígida disciplina que impunha ao homem puritano uma 
vida "santa" e sistemática. A idéia na predestinação podia converter-se em fatalismo quando era objeto de 
apropriação por parte dos afetos e dos sentimentos, em oposição as tendências genuínas da religiosidade 
calvinista racional. 
 
 81. Efeito Prático dos Princípios Pietistas: 
 O único efeito prático dos princípios pietistas foi um controle ascético da conduta profissional 
muito mais severo com enraizamento mais religioso da ética profissional, do que podia ter a simples 
"honradez" dos cristãos reformados normais, a quem os pietistas "finos" consideravam cristãos de segunda 
categoria. 
 
 82. Representantes do Luteranismo Alemão: 
 Spencer, Francke e Zinzendorff. 
 
 I. Spencer : 
 É influenciado pelos místicos, a doutrina carecia de coesão e tratou mais de descrever do que 
fundamentar o caráter sistemático da conduta cristã. 
 
 II. Francke: 
 Segundo ele, o trabalho profissional era um meio ascético por excelência; para ele era tão seguro, 
como para os puritanos, que Deus abençou dando-lhes êxito em seu trabalho. A tese sustentada por ele 
era que a graça só podia acontecer em algumas manifestações ocasionais e peculiares, porém trazendo 
"luta expiatória". 
 
 III. Zinzendorff: 
 A valorização religiosa de sí mesmo, o conduz a antiga idéia do "instrumento de Deus". 
Expressou com espírito puritano, a opinião de que apesar de um homem não reconhecer seu estado de 
graça, outros podem fazê-lo através de sua conduta. 
 
 83. Tese Característica de Zinzendorff: 
 A ingenuidade do sentimento religioso é prova de sua autenticidade, desprezando o racionalismo 
da conduta. Aspira que os homens sintam a "felicidade" nesta vida, por meio do sentimento, em lugar de 
forçar-lhes ao trabalho racional como modo de assegurar uma outra vida. Este foi um freio para a criação 
de uma ética profissional racional análoga a calvinista. 
 
 84. O Elemento Ascético-Racional: 
 No geral, dentro do pietismo, o elemento ascético-racional manteve a primasia sobre o fator 
sentimental. Existe uma insegurança do pietismo alemão, uma vacilação de seu ascetismo religioso em 
contraste com a férrea consequência do calvinismo que é devido a influências luteranas e ao caráter 
sentimental de sua religiosidade 
 
 85. Idéias Fundamentais do Pietismo: 
 1) A significação do estado de graça consiste no desenvolvimento da própria santificação no 
sentido de uma consolidação e perfeição crescente, controlado pela lei. 
 2) A providência de Deus é a que "opera" no homem perfeito, dando-se a conhecer na paciente 
perserverança e na reflexão metódica. 
 
 86. A Evolução do Pietismo: 
 Na busca da salvação, não é decisivo tanto a "santificação" prática mas a "remissão dos 
pecados", existe a necessidade de sentir nesta vida a reconciliação e a comunidade com Deus. No todo, a 
evolução do pietismo, de Spencer, Francke e Zinzendorff se orientou no sentido de uma crescente 
acentuação do fator sentimental. O calvinismo em comparação, está mais relacionado com o legalismo e 
com a emprêsa capitalista burguêsa. 
 
 
 C - O Metodismo 
 
 É o pietismo continental caracterizado pela união da religiosidade sentimental, com a crescente 
indiferença e uma repulsa pelos fundamentos dogmáticos do asceticismo calvinista. Consiste na 
"metodização" sistemáticada conduta como meio de alcançar a certitudo salutis, é o que interessa em 
todos os momentos, em toda tendência religiosa. 
 
 87. Afinidade com o Pietismo Alemão: 
 Está no "método" aplicado especialmente para produzir o ato sentimental da "conversão" sobre as 
massas. Em reuniões públicas, através de êxtases religiosos buscava-se a consciência da justificação e a 
reconciliação com Deus. 
 
 88. Metodismo X Pietismo Alemão: 
 A diferença está no caráter emocional da religiosidade do metodismo que não deu lugar a um 
cristianismo sentimental puramente interior, a regenração dá um enfoque religioso a conduta prática. 
 
 89. Metodismo X Calvinismo: 
 Enquanto no calvinismo se considerava enganoso a exarcebação do sentimento, para o 
metodismo, é o fundamento incontrovertido da certitudo salutis, da segurança absoluta do agraciado, 
sentida por ele, derivada do testemunho direto do espírito e cuja origem devia constatar cada dia e cada 
hora. A finalidade da "santificação" é difícil ser alcançada nesta vida, porém deve ser aspirada 
incondicionalmente, por ser ela a garantia da certittudo salutis. Embora o auto-testemunho seja decisivo, 
existe a necessidade da conduta "santa" inspirada na lei. 
 
 90. Afinidade entre o Metodismo e o Calvinismo: 
 O significado da conduta era o mesmo, indispensável para controlar a verdadeira conversão. 
 
 91. As Obras: 
 São fundamentos cognoscitivos do estado de graça, sendo realizadas exclusivamente para a 
glória de Deus, foram consideradas como "condição da graça", insistindo em que quem não realiza boas 
obras não pode ser um bom crente. Aspira racionalmente à perfeição. 
 
 92. Metodismo X Igreja Oficial: 
 A principal diferença não estava na doutrina e sim na prática da piedade. O valor do "fruto" da 
fé apoiado no Evangelho de São João, I, 3, 9, considerou a conduta como claro significado da 
regeneração. Cada luta expiatória se unia a segurança da perseverança, havia uma segurança inabalável 
em ser "santo", levando a uma exaltação sentimental do tipo puritana. 
 
 93. A Concepção de Regeneração: 
 Constitui-se na segurança da salvação nascida sentimentalmente como fruto da fé, como 
fundamento imprescindível da santificação, com sua consequência de liberdade, contra o poder do pecado, 
como prova do estado de graça. O metodismo passou a ser a doutrina da graça e da eleição. 
 
 
 D - As Seitas Batistas 
 
 94. Ética: 
 A ética se encontra numa base diferente da doutrina calvinista. Constiui-se na apropriação 
interior da obra da redenção, realizada por intermédio da revelação individual, pela ação do espírito 
divino em cada caso. Frente a isso perdia a importância o valor da fé como conhecimento da doutrina da 
Igreja como meio de receber a divina graça pelo arrependimento. Como a verdadeira Igreja de Cristo, só os 
regenerados são irmãos de Cristo. Uma rígida bibliocracia imperava como modelo exemplar de vida e como 
consequência, uma estrita separação do "mundo". 
 
 95. "Idolatria" e Religiosidade: 
 Existia uma repulsa radical a "idolatria", era pretendida uma tenuação da veneração que só a 
Deus se deve, a conduta bíblica tem um caráter análogo a da conduta franciscana, onde a importância em 
última instância era do testemunho interior do Espírito da razão e da consciência, não concebia a 
doutrina eclesiástica da salvação desvalorizando os sacramentos, elevando o "desencantamento" religioso 
do mundo, acabou com batismo e comunhão. 
 
 96. Regeneração: 
 Operada pelo Espírito, quando entrega-se interiormente a ele, pode ser removido o pecado, não 
era regra geral alcançar a perfeição, mas a aspiração é a "pureza", no sentido da conduta. O afastamento 
do mundo, de seus interesses e a incondicional submissão à Deus que manda a consciência eram 
significados seguros de uma regeneração real, e a conduta correspondente era, portanto, um requisito para 
se conquistar as bem-aventuranças (dom gratuíto da graça divina). 
 
 97. Predestinação e o Caráter da Ética: 
 Esta doutrina foi abandonada, o caráter metódico da ética se baseava em "aguardar" a ação de 
Deus, essa silenciosa espera consiste em superar o instinto irracional, as paixões e "subjetividades" do 
"homem natural". 
 
 98. Movimento Batista e a Vida Profissional: 
 A ação calma do homem possibilitou uma educação na serenidade do trabalho reflexivo e na 
prática cuidadosa do exame individual da consciência e a consequência foi que a prática de virtudes como 
serenidade, austeridade e honradez, acabaram por fazer parte do trabalho profissional, respeitando a 
propriedade privada, colaborando para o desenvolvimento de aspectos básicos do espírito do capitalismo. 
 
 99. Moralidade: 
 Era rígida e severa, desde Lutero, se condenava o ascetismo sobrenatural monástico, 
considerando-o contrário ao espírito bíblico. 
 
 100. "Tunker": 
 Esta seita batista condena a educação, e qualquer posse além do indispensável à vida. 
 
 101. Concepção Profissional Calvinista: 
 A concepção profissional calvinista era análoga a que se encontrava em Spencer e nos pietistas 
alemães. 
 
 
 102. Interesses Profissionais Econômicos: 
 1) Não aceitação de cargos públicos 
 2) Hostilidade a qualquer estilo aristocrático de vida 
 
 103. Efeitos do Calvinismo: 
 Desencadearam as energias econômicas individuais, o lucro imoderado. 
 
 104. Mercantilismo: 
 O controle, verdadeiramente policial e inquisitorial, que as Igrejas oficiais calvinistas 
implantaram sobre a vida individual, podia melhor constituir na expansão das energias individuais 
requerida pela aspiração ascética de santificação metódica, e assim ocorreu em certas circunstâncias. 
 Assim a regulamentação mercantilista do Estado pode implantar indústrias novas, porém não foi 
capaz de engendrar diretamente o "espírito capitalista", pode-se até dizer que constituiu em um freio, pois 
essa regulamentação exagerou seu caráter policial-autoritário. 
 Assim também a regulamentaçào eclesiástica do ascetismo forçou a realização de uma conduta 
externa, porém refreiou os impulsos subjetivos que havia na conduta metódica. 
 
 105. Influência da Idéia Puritana Sobre a Vida Econômica: 
 A doutrina do "estado religioso de graça", como um status que afastava o homem do "mundo" não 
podia dar-se por meios mágico-sacramentais, nem pela confissão, nem pela piedade e sim pela 
comprovação de mudança de vida, clara, diferenciada da conduta do "homem natural", seguía-se que a 
partir daí, o indivíduo controlava metodicamente sua conduta e portanto ascetizava seu comportamento 
na vida. porém este estilo de vida racionalizava a existência, de acordo com os princípios divinos. 
 Este ascetismo consistia numa realização exigida a quem pretendesse ser "santo", na vida do 
mundo. Esta racionalização da conduta no mundo com finalidade para além deste mundo foi o efeito da 
concepçào que o protestantismo ascético teve da profissão. 
 
CAPÍTULV 
A Ascese e o Espírito do Capitalismo 
 
 106. Ascese: 
 Exercício prático que leva efetiva realização da virtude. 
 
 107. Prostestantismo e Atividade Econômica: 
 Para perceber as conexões das idéias religiosas do protestantismo ascético com as máximas da 
atividade econômica, deve-se recorrer aos escritos teológicos diretamente inspirados na prática da cura das 
almas; pois em uma época em que as preocupações sobre a outra vida era tudo, em que a admissão a 
comunhão dependia da posicão social do cristianismo, e em que a ação do sacerdote exercia uma 
influência da qual apenas pode-se formar idéia sobre os homens de hoje, é evidente que as energias 
religiosas que operam nesta prática haviam de ser necessariamente os fatores decisivos na formação do 
"caráter popular". 
 
 108. Richard Baxter: 
 Representante do puritanismo inglês, nasceu no seio do calvinismo, deu a idéia de profissão seu 
fundamento mais consequente. De posição prática e irônica, presbiteriano, emancipou-seda tutela 
dogmática da ortodoxia calvinista, contrário a usurpaçào de Cronwell ( por sua hostilidade a toda 
revolução, sectário e fanático dos "santos"), porém tolerante ante as discrepâncias em matérias não 
fundamentais e sempre objetivo ante o adversário, buscou seu campo de ação no fomento da vida ético-
eclesiástica e por servir esta finalidade, colocou-se a disposição do governo parlamentarista, de Cronwell e 
da Restauração. 
 Seu Christian Directory é o mais amplo compêndio existente de moral puritana, e, em geral trata 
de satisfazer as necessidades práticas da cura das almas, acentuando especialmente os elementos 
ebioníticos do Novo Testamento. Segundo ele a riqueza constitui-se em sí mesma num grave perigo, suas 
tentações são incessantes, e aspirar a ela não só é um absurdo por comparação com a infinita 
superioridade do reino de Deus, como é também éticamente reprovável. 
 
 109. Baxter e Calvino: 
 Baxter quiz ser mais realista que Calvino, pois seu ascetismo direcionava-se a matar toda a 
aspiração ao enriquecimento através de bens materiais. Calvino podia até considerar que a riqueza 
constituía-se num obstáculo para a ação dos clérigos, no entanto, propiciava um aumento de prestígio, e 
com o lucro podía-se aumentar um patrimônio, porém sob a condição de não ocorrer escândalo. 
 
 110. Relação entre Baxter e São Tomás: 
 Os dois acreditam ser reprovável para a moral a existência na riqueza do gozo dos bens, em que a 
consequência é a sensualidade e a ociosidade levando ao desvio das aspirações à uma vida "santa". 
 
 111. Racionalização do Tempo: 
 Baxter considerava pecado a perda de tempo por ser a duração da vida breve e preciosa, sendo 
condenável do ponto de vista moral, porém não considerava como Franklin que "tempo é dinheiro", mas 
quando é gasto na vida social rouba-se do trabalho que tem por finalidade servir a glória de Deus. 
 Não aprovava a simples contemplação nem a ociosidade profissional, sendo favorável ao 
trabalho duro e continuado, corporal e espiritual, sendo meio ascético reconhecido pela Igreja ocidental 
em todos os tempos, previnindo as tentações. 
 
 112. Racionalização da Conduta Sexual: 
 Concebia o sexo somente como um elemento do matrimônio, desejado por Deus, para aumentar 
sua glória, de acordo com o preceito: "crescei e multiplicai-vos". Era contra a tentação sexual e a angústia 
religiosa, precrevendo remédios tais como, dieta sóbria, regime vegetariano, banhos frios, porém acima de 
tudo isso, "trabalhar duramente em sua profissão". 
 
 113. O Trabalho como Fim Absoluto na Vida: 
 Prescrito por Deus, aplicando-se incondicionalmente a todos, sentir-se disgostoso no trabalho é 
prova de falta de estado de graça. 
 
 114. Relação entre Basxter e Sào Tomás quanto ao Trabalho: 
 Embora São Tomás tenha interpretado o princípio como Baxter, ele tinha o trabalho como 
extritamente necessário para a conservação da vida individual e social, pois segundo ele, quando não 
existe esta finalidade, cessa a validez do princípio, validez genérica, não individual. 
 Deus designou a cada um, sem distinção alguma, uma profissão, que o homem deve conhecer e na 
qual há de trabalhar, e que não constitui, como no luteranismo, um "destino" que se tem que aceitar e com 
o qual tem-se que conformar, é um preceito que Deus dirige a todos os homens com a finalidade de 
promover a própria honra. 
 
 115. Divisão do Trabalho: 
 O fenômeno da divisão do trabalho e da estruturação profissional já havia sido interpretado, 
entre outros, por São Tomás de Aquino como derivação direta do plano divino do mundo. A integração do 
homem neste cosmos é causa natural e era puramente casual. 
 Para Lutero, a integração do homem na profissão e estando na ordem histórico-objetiva era 
derivação direta da divina vontade e constituía, portanto, um dever religioso para o homem manter-se 
dentro dos limites e na situação que Deus lhe havia designado. 
 
 116. Religiosidade, Interesse Econômico e Profissionalização: 
 
 I. Concepção Puritana: 
 A concepção puritana adquire matizes novas quanto ao caráter providencial da interação dos 
interesses econômicos-privados. Qual era um fim providencial da admissão do homem a uma profissão, se 
reconhece em seus frutos, segundo o esquema puritano de interpretação pragmática. 
 
 II. Baxter: 
 Baxter tecia elogios a Adam Smith, no tocante a divisão do trabalho, a especialização das 
profissões, porque segundo ele, possibilita a destreza do trabalhador, ocorrendo um aumento quantitativo 
e qualitativo do trabalho promovendo um bem geral.. 
 O ideal é ter uma profissão fixa e não trabalhos ocasionais, a vida de quem carece de profissão 
não tem o caráter metódico, sistemático, que exige a ascetização da vida no mundo, que é consequência da 
virtude, uma comprovação do estado de graça da honradez, cuidado e método que se coloca no 
cumprimento da própria tarefa profissional. 
 
 117. Pragmatismo: 
 Uma profissão é útil pela graça de Deus, é determinada em primeiro lugar por critérios éticos e, 
em segundo, pela importância que tem para a "coletividade" os bens que ela há de produzir, e em terceiro, 
o mais importante, do ponto de vista prático, o "proveito" econômico que a mesma produz ao indivíduo. 
 É necessário seguir o caminho que Deus mostra no sentido da riqueza, pois não é bom seguir 
outros caminhos desviando do enriquecimento, porque significa que se colocou obstáculos a vocação 
negando ser administrador de Deus aceitando os dons para utilizar para seu serviço. Querer ser pobre é 
querer estar enfermo, seria como santificar as obras e ir contra a glória de Deus. 
 Pode-se trabalhar para ser rico, mas não utilizar a riqueza para serviço da sensualidade e dos 
pecados, senão para honrar com ela a Deus, sendo este um preceito obrigatório. 
 
 118. Mentalidade Judáica e Ética Econômica: 
 Coincide com a do capitalismo "aventureiro" do tipo político-especulativo, seu ethos, é do 
capitalismo pária, o puritanismo tem o ethos da indústria racional burguesa e da organização racional do 
trabalho, e só o que se engaja nestes moldes é que foi tomado da ética judáica. 
 
 119. Burguesia Puritana: 
 Achava que sua conduta era irreprovável pela graça de Deus, determinando o caráter formalista, 
austero e correto, próprio dos exemplares representantes daquela época heróica do capitalismo. 
 
 120. Vida Capiltalista: 
 O estilo de vida capitalista na concepção puritana de profissão é o ideal de uma conduta ascética. 
A ascese se dirigia contra a "despreocupação" da existência e agindo-se ao contrário, isto é, mostrando-se 
preocupado, tería-se alegria. 
 
 121. Divertimentos Populares: 
 Os puritanos combateram com fúria a disposição real, que tolerava legalmente certos 
divertimentos populares no domingo, fora das horas dedicadas ao cumprimento dos deveres religiosos, não 
só porque pertubava o descanço do sábado, mas porque implicava numa direta oposição a que deve ser 
ordenada a conduta do "santo". 
 O gozo desenfreado da vida, alheio ao trabalho profissional, era inimigo do ascetismo racional, 
bem como os jogos, ou uma frequente ida ao baile da taberna, próprio do homem vulgar, existia também 
uma hostilidade frente aos bens culturais quando disvinculados da vida religiosa, ou mesmo os que 
causassem polêmica teológica, respeitando porém a ciência. 
 
 122. Superstições e Irracionalismo de Comportamento: 
 Os puritanos odiavam a administração mágica da graça, indo também contra o despreocupado 
sentido artístico da Igreja. Condenavam o teatro, o erotismo, a nudez e todo o modo irracional de 
comportamento, por não servir a glória de Deus, apenas ao homem.. Empregaram finalidades na 
utilização de motivos artísticos, e este critério racional foi inclusive aplicado nos trajes pessoais. 
 
 123. Uniformização e Capitalismo: 
 A tendência a uniformização que tem conexão com interesses capitalistas na estandartização

Outros materiais