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DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV - UBM PROF. LEONARDO NOLASCO INTRODUÇÃO A disciplina Processo Civil IV trata dos PROCEDIMENTOS ESPECIAIS (art. 539 ao 770 do CPC), que se encontram no livro I da PARTE ESPECIAL, mais precisamente no título III. O referido título trata dos PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE JURISDIÇÃO CONTENCIOSA (capítulo I ao XIV), e reserva ao último capítulo (XV) o estudo dos PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA. DIFERENÇA ENTRE PROCESSO E PROCEDIMENTO PROCESSO é todo procedimento realizado em contraditório e animado por uma relação jurídica processual. Vejamos os elementos desse conceito: · PROCEDIMENTO · CONTRADITÓRIO; · RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL. PROCEDIMENTO é uma sucessão organizada de atos que busca a realização de um objetivo específico. Todo processo é um procedimento, mas nem todo procedimento é um processo. Para Câmara, PROCEDIMENTO “é uma sequência ordenada de atos, em que cada ato é causa do seguinte e consequência do anterior, todos se encadeando como instrumentos de obtenção de um resultado final”. O mais interessante desse conceito é que podemos aplicá-lo a qualquer procedimento. Vejamos: No procedimento ordinário, por exemplo, temos a seguinte sequência de atos: a) Petição Inicial; b) Citação; c) Resposta; d) Saneamento e) Instrução; f) Audiência; g) Sentença. Aqui temos que a citação, por exemplo, é CONSEQUÊNCIA da petição inicial e CAUSA da resposta do Réu. Só por amor ao debate, vejamos agora um exemplo que não está ligado ao Processo Civil, mas sim ao Direito Penal. No iter criminis temos uma sequência de atos que culminarão na consumação do delito. a) Cogitação; b) Preparação; c) Execução; d) Consumação. Notem que a preparação é a CONSEQUÊNCIA da cogitação e a CAUSA da execução. No entanto, o que difere os dois procedimentos acima apresentados, é a ausência de contraditório no último. Isso mesmo! Percebam que “quando é assegurada a todos os interessados a possibilidade de participar do procedimento, influindo no resultado final que se irá alcançar” (Câmara), estaremos diante de um processo. O processo jurisdicional é uma entidade complexa, que pode se manifestar, extrinsecamente, de diversas formas. Internamente o processo é uma relação jurídica, estabelecida entre o Estado-Juiz e as partes, mas a sua forma (aspecto extrínseco) pode se apresentar de distintas maneiras. No primeiro exemplo citado (procedimento comum), o exercício do contraditório transcorrerá uma sequência ordenada de atos que, segundo a lei, identifica o módulo processual cognitivo comum. O Código de Processo Civil nos apresenta dois módulos processuais, o cognitivo e o executivo. A nós importará o cognitivo. Pois o procedimento cognitivo se divide em COMUM ou ESPECIAL. PROCESSO DE CONHECIMENTO COMUM ESPECIAL PROCEDIMENTO ESPECIAL: Aquele que se acha submetido a trâmites específicos e que se revela parcial ou totalmente distintos dos procedimentos comuns (THEODORO JR.). Para ilustrar, vejamos os seguintes exemplos: AÇÃO DE EMBARGOS DE TERCEIRO AÇÃO INDENIZATÓRIA Prazo para ajuizar: 5 dias Prazo para ajuizar: 3 anos (prescrição) (PROC. ESPECIAL) (PROC. COMUM) AÇÃO DE CONS. EM PGTO (PROC. ESP) AÇÃO DE RESP. CIVIL (PROC. comum) Exigência de depósito antes da citação Não existe previsão de depósito Está claro que os procedimentos especiais se diferem do procedimento comum. No entanto, resta-nos descobrir qual é a técnica empregada para a criação desses procedimentos especiais? Segundo Theodoro Jr., as técnicas de especialização são as seguintes: a) SIMPLIFICAÇÃO E AGILIZAÇÃO DOS TRÂMITES Significa dizer que os prazos são repensados pelo legislador, a fim de atender às particularidades do procedimento. Os atos desnecessários também são eliminados. b) DELIMITAÇÃO DO TEMA; Na maioria das vezes é a própria Lei quem preverá os temas que poderão ser alegados pelos atores do processo. Assim, tanto o direito de ação quanto o direito de defesa podem estar restritos à temática legal. c) EXPLICITAÇÃO DOS REQUISTOS MATERIAIS E PROCESSUAIS; A Lei trará os pressupostos específicos para a propositura da demanda. d) ANULAÇÃO DA DICOTOMIA COGNIÇÃO-EXECUÇÃO. As providências cognitivas, muitas vezes, se confundem com as executivas. Isso também acontece com as cautelares. No procedimento especial é importante observar o procedimento preponderante, que sempre será o cognitivo, mas isso não impede que, no mesmo processo, se alternem os procedimentos. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO PROCEDIMENTO COMUM O art. 318, §único do CPC indica que O PROCEDIMENTO COMUM aplica-se subsidiariamente aos procedimentos especiais e ao processo de execução. Ex.: Não há previsão para a resposta do réu na ação de consignação, portanto aplica-se o prazo de 15 dias do procedimento comum (art. 335 do CPC). ATENÇÃO! O CPC informa, no art. 218 §3º, que na falta expressa de prazo aplica-se o prazo de 5 dias. O que não ocorre no exemplo acima. Só ocorreria se não houvesse a previsão de 15 dias, para contestar, no procedimento comum. A disciplina procedimental supletiva é sempre aquela que regula o procedimento comum. 1
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