Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Processo Civil EMBARGOS DE DECLARAÇÃO · Natureza Jurídica: É altamente discutida pela doutrina. A controvérsia cinge-se em 03 correntes: a) Não é recurso, sendo mero pedido de melhora da decisão: Sustenta que, embora taxado como recurso, não têm essa natureza, pois é mero instrumento para correção de vícios formais da decisão, com o fim de aprimorar a qualidade formal da decisão e como consequência a prestação jurisdicional. b) Depende: A natureza recursal dependerá da aptidão para modificar o conteúdo da decisão impugnada. c) É recurso: Defende que o legislador optou por colocar os embargos no rol dos recursos. Ademais, os embargos preenchem os requisitos essenciais do recurso (permitem revisão da decisão, exigem o preenchimento os pressupostos de admissibilidade, obstam a preclusão da decisão e permitem a modificação da decisão). É a corrente majoritária. d) Gratuito: Nos termos do art. 1.023, caput, do CPC, não é sujeito ao recolhimento de preparo. · Cabimento: a) Pronunciamentos recorríveis: O caput do art. 1.022 do CPC afirma que os embargos são cabíveis contra qualquer decisão judicial. Parcela da doutrina defende, ainda, a possibilidade de opor embargo contra despacho, desde que preenchidos os requisitos legais. b) Vícios que legitimam o ingresso dos embargos de declaração: São previstas nos incisos do artigo 1.022 do CPC: I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; III - corrigir erro material. Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que: I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento; II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º. Art. 489. São elementos essenciais da sentença; § 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. · Procedimento: a) Prazo: 05 dias, devendo ser interposto por meio de petição escrita, salvo no juizado, posto que poderá ser interposto de forma escrita, em 05 dias, ou oralmente em audiência. b) Requisitos: 1. Fundamentação: Deve ser fundamentado, havendo limitação das matérias alegáveis (recurso de fundamentação vinculada); 2. Pedido: Esclarecimento ou integração da decisão impugnada. Excepcionalmente, reforma ou anulação da decisão. Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo. c) Endereçamento: 1st. Grau: Endereçada ao Juiz prolator da decisão, que tem 05 dias para julgamento, conforme art. 1.024, caput, do CPC. 2nd. Grau: · Contra decisão monocrática: Endereçada ao prolator da decisão (relator, presidente, vice-presidente), os embargos serão julgados monocraticamente pelo próprio órgão prolator da decisão unipessoal embargada, no prazo de cinco dias, nos termos do art. 1.024, §2º, do CPC. Trata-se de competência para decisão monocrática diversa daquelas previstas no art. 932 do CPC. Conforme preceitua o art. 1.024, § 3º, do CPC: “o órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º . É uma aplicação do princípio da fungibilidade, sendo limitado àquelas situações em que a parte se vale dos embargos de declaração com pretensão de reformar ou anular a decisão recorrida. Não caberá a conversão de que trata o §3º se o objeto dos embargos for vício formal previsto no art. 1.022 do CPC. · Contra decisão Colegiada: O recurso será endereçado ao relator do acórdão, cabendo a ela apresentar os embargos em mesa na sessão subseqüente, proferindo voto. O órgão que proferiu a decisão é que detém competência para julgamento[footnoteRef:2]. [2: Enunciado 137 da II Jornada de Direito Processual Civil: Se o recurso do qual se originou a decisão embargada comportou a aplicação da técnica do art. 942 do CPC, os declaratórios eventualmente opostos serão julgados com a composição ampliada.] Art. 1.024, § 1º Nos tribunais, o relator apresentará os embargos em mesa na sessão subsequente, proferindo voto, e, não havendo julgamento nessa sessão, será o recurso incluído em pauta automaticamente. d) Julgamento: É realizado igual a todos os recursos, analisa-se a admissibilidade e depois o mérito. É confuso distingui-las. Assim, esquematizando: ADMISSIBILIDADE MÉRITO Mera alegação de vício prescrito em lei Análise se o vício alegado de fato existe. Se existir: Dá provimento. Se não existir: Nega provimento. e) Contrarrazões: O art. 1.024, caput, e §1º, do CPC, não prevêem prazo para resposta do embargado. Deste modo, não há contraditório nos embargos. f) Identidade física do juiz: Majoritariamente entende-se que não há incidência do princípio neste recurso. · Efeito interruptivo dos embargos: Os embargos de declaração interrompem o prazo para interposição de outros recursos para todos os sujeitos processuais, que terão o prazo recursal devolvido na íntegra após a intimação da decisão dos embargos. O efeito é previsto no caput do art. 1.026 do CPC. a) Embargos de declaração intempestivos: A jurisprudência entende que não há aplicação do efeito interruptivo se os embargos de declaração não forem conhecidos por este motivo. b) Reiteração abusiva de embargos de declaração manifestamente protelatórios: A má-fé do embargante também afasta o efeito interruptivo dos embargos. A reiteração é punida na forma do art. 1.026, §§3º e 4º, do CPC: § 3º Na reiteração de embargos de declaração manifestamente protelatórios, a multa será elevada a até dez por cento sobre o valor atualizado da causa, e a interposição de qualquer recurso ficará condicionada ao depósito prévio do valor da multa, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que a recolherão ao final. § 4º Não serão admitidos novos embargos de declaração se os 2 (dois) anteriores houverem sido considerados protelatórios. · Manifesto caráter protelatório dos embargos: a) Conceito: Recurso manifestamente protelatório é aquele que não tem fundamento fático/jurídico sério, sendo perceptível que a sua utilização tem como único objeto retardar a marcha procedimental. O recurso manifestamente inadmissível é considerado protelatório. Nesta análise o órgão julgador deve tomar cuidado, pois o caráter protelatório fica entre o exercício da ampla defesa e do abuso do exercício da defesa. Além das multas previstas no art. 1.026, §§2º e 3º, do CPC, poderá ser aplicada multa por ofensa à dignidade da justiça, na forma do art. 80, VIII, e 81, §3º, do CPC. Art. 1.026, § 2º, do CPC: Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão fundamentada, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente a dois por cento sobre o valor atualizado da causa. · Embargos de declaração atípicos: A função dos embargos nãoé modificar a decisão, mas apenas melhorar formalmente a decisão impugnada, sem alterações substanciais em seu conteúdo. Entretanto, é possível que os embargos gerem a reforma ou a anulação da decisão impugnada. Neste caso, assumem função distinta daquela para qual foram criados, sendo denominados pela doutrina de embargos de declaração atípico. Neste caso, haverá a intimação do embargado para se manifestar, conforme art. 1.023, §2º, do CPC. a) Embargos de declaração com efeito modificativo: Não são propriamente atípicos, visto que suas hipóteses de cabimento são aquelas previstas no art. 1.022 do CPC. Todavia, seus efeitos são atípicos. Isso ocorre porque a consequência prática da sua procedência e a reforma ou anulação da decisão impugnada. Exemplo: Fernanda ingressa com demanda de cobrança contra Clara, que em sua contestação alega prescrição e compensação da dívida. O pedido é julgado precedente, sendo rejeitada a alegação de compensação feita por Clara, sendo omisso o Juiz quanto à alegação de prescrição. Inconformada, clara embarga a decisão, requerendo o enfrentamento da alegação de prescrição. No julgamento, o Magistrado acolhe a alegação de prescrição e, por consequência, julga improcedente o pedido de Fernanda, ou seja, modifica substancialmente o conteúdo da decisão. b) Embargos de declaração com efeitos infringentes: São complemente atípicos, visto que tanto suas hipóteses de cabimento quanto seus efeitos são atípicos. São cabíveis nos casos de decisões teratológicas. O pedido do embargante é de reforma ou anulação. Neste caso, a matéria alegada nos embargos de declaração poderia ser alegada em outro recurso, mas por motivos de economia e celeridade, faz-se pela via dos embargos de declaração. · Dispositivos legais: CAPÍTULO V DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para: I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; III - corrigir erro material. Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que: I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento; II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º . Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo. § 1º Aplica-se aos embargos de declaração o art. 229 . § 2º O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os embargos opostos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação da decisão embargada. Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias. § 1º Nos tribunais, o relator apresentará os embargos em mesa na sessão subsequente, proferindo voto, e, não havendo julgamento nessa sessão, será o recurso incluído em pauta automaticamente. § 2º Quando os embargos de declaração forem opostos contra decisão de relator ou outra decisão unipessoal proferida em tribunal, o órgão prolator da decisão embargada decidi-los-á monocraticamente. § 3º O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º . § 4º Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos embargos de declaração. § 5º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado independentemente de ratificação. Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade. Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de recurso. § 1º A eficácia da decisão monocrática ou colegiada poderá ser suspensa pelo respectivo juiz ou relator se demonstrada a probabilidade de provimento do recurso ou, sendo relevante a fundamentação, se houver risco de dano grave ou de difícil reparação. § 2º Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão fundamentada, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente a dois por cento sobre o valor atualizado da causa. § 3º Na reiteração de embargos de declaração manifestamente protelatórios, a multa será elevada a até dez por cento sobre o valor atualizado da causa, e a interposição de qualquer recurso ficará condicionada ao depósito prévio do valor da multa, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que a recolherão ao final. § 4º Não serão admitidos novos embargos de declaração se os 2 (dois) anteriores houverem sido considerados protelatórios.
Compartilhar