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Direito Processual Civil II - André Bonelli

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Aluna: Maria Carolina Ribeiro
Professor: André Bonelli
bonelli@turiano.com
Aulas 2016.2
1. DAS PROVAS: A prova é a razão de ser do processo. Tudo que é alegado precisa ser provado pois, as narrativas em si mesmas não possuem nenhum valor probatório. A prova é uma possibilidade de transferir no tempo e no espaço a revelação de um fato, é a possibilidade de reviver o fato dentro do processo. A fonte da prova é o elemento onde a mesma se origina e, o meio de prova é aquele que será reproduzido dentro do processo. A prova é um elemento da essência do processo, correspondendo ao direito fundamental de viabilizar o acesso à justiça e a tutela estatal. Ao direito de ação corresponde o direito do contraditório e, para que essa dialética seja atingida, a prova se faz extremamente necessária. O direito à prova corresponde ao direito da oportunidade de requisitá-la, realiza-la, de participar em sua realização e de ter a mesma analisada pelo julgador sempre que a prova se mostre útil, adequada e necessária. Por meio da prova pode-se influenciar na decisão. Com a prova se busca a verdade. Diferentemente do processo penal, que busca a verdade real, o processo civil busca a verdade possível e crível. A verdade seria o modo do direito enxergar as coisas objetivamente – a verdade aqui seria a revelação de um fato conforme esse fato é noticiado pela norma jurídica. Os destinatários da prova são o juiz e parte – ao juiz, a partir da prova cabe indicar o destino da demanda. A finalidade da prova é convencer o juiz e eventualmente a parte – uma segunda finalidade é subsidiar a decisão do juiz.
	- Observação: Prova do direito: Art. 376. Em regra, a exigência de prova recai sobre as alegações de fato, entretanto, em algumas situações é possível que se exija da parte a prova do direito. Isso ocorrerá nas alegações de direito municipal, estadual, estrangeiro e consuetudinário (costumes). Busca-se que a parte indique a existência e vigência na norma legal conforme alegada, sendo essa exigência dispensada caso o juiz conheça o direito.
1.1. Ônus da prova: Trata-se de uma faculdade e de um encargo, é aquilo que se faz pelo próprio interesse, uma possibilidade. Encargo que a parte traz consigo, imposto pelo juiz/legislação, com o fim de se obter uma vantagem. A produção de prova em regra cabe a quem alega o fato (geralmente o autor). Quando o réu traz fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor, o ônus da prova caberá a ele (defesa de mérito indireta). O ônus da prova poderá ser invertido diante da hipossuficiência da parte: o art. 373 do Código de Processo Civil em seu §1º, indica que, nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa, relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo ou à maior facilidade de obtenção de prova do fato contrário, é possível que o juiz inverta/redistribua o ônus da prova, em decisão fundamentada e em respeito ao princípio do contraditório. O que ocorre então é que, deve ter o ônus da prova a parte que apresentar maior facilidade em produzir a prova e se livrar do encargo. Destaca-se que, se o juiz nada dispor, a regra geral deve ser mantida, cabendo a produção de prova a quem alega o fato. A questão do ônus é uma forma de organização do processo. A regra antes, era de que o ônus da prove incumbiria sempre ao autor porque ele é quem alega algo e, o que está sendo alegado precisa ser provado. A partir do momento em se admite a inversão do ônus da prova, facilita-se o acesso à justiça para aqueles que não possuem meios para realizar a prova. A questão da redistribuição do ônus da prova recai sobre os dois polos do processo – essa redistribuição entretanto, precisa ser fundamentada. Além disso, o juiz deverá disponibilizar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. Se o juiz verifica que a prova é difícil para o autor, ele redistribui o ônus para o réu, entretanto, se o réu também não consegue realizar a prova, o magistrado deverá considerar o pleito do autor improcedente ou não considerar os fatos trazidos pelo autor como verdadeiro (deve-se observar de quem era o ônus originário da prova). É possível que aquele que não possui o ônus probatório faça a prova (contraprova ou prova ex abundantia). No momento de julgar deve-se observar de quem é o ônus da prova.
· Momento da inversão do ônus da prova: Segundo o Código de Processo Civil, o momento da inversão será o momento do saneamento do processo, entretanto, a mesma poderá ocorrer a qualquer momento. O STJ consolidou o entendimento de que, a inversão deve preceder a fase probatória, sendo realizada de preferência no saneamento do processo ou, quando excepcionalmente realizada após esse momento procedimental, deverá ser reaberta a instrução para a parte que recebe o ônus da prova caso pretenda produzir provas. Esse entendimento é trazido pelo Código de Processo Civil no art. 373, §1º, ao dispor que o juiz, sempre que inverter o ônus da prova dê a oportunidade da parte para se desincumbir do ônus que lhe tenha sido atribuído. Em respeito ao contraditório a parte terá amplo direito a produção de prova.
1.2. Fatos que independem de prova: O art. 374 do Código de Processo Civil dispõe que, não é necessário que se faça prova acerca de fatos impertinentes ou irrelevantes a decisão da demanda; fatos notórios; fatos confessados; alegações de fatos não controvertidas; questões de fato em cujo favor milite presunção legal de existência de veracidade.
	- Relevância e pertinência: Dispõe Daniel Amorim Assunção Neves que, a produção de provas de alegações de fatos impertinentes, ou seja que não se relacionam à causa posta à apreciação do juiz, é medida inútil, e por isso deve ser evitada em prol do princípio da economia processual. O mesmo ocorre com os fatos irrelevantes, que, mesmo dizendo respeito à causa, em nada influenciam o convencimento do juiz.
	- Fatos notórios: Fato notório é aquele conhecido pelo jurisdicionado médio. Não é necessário que o fato seja de conhecimento do juiz bem como, não precisa ser testemunhado. É possível que fatos notórios sejam objeto de prova, caso haja dúvida do juiz a respeito dessa característica do fato.
	- Fatos confessados: Não dependem de prova os fatos afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária. Daniel Amorim Assumpção Neves indica que, o fato já provado por confissão não precisa ser provado por mais nenhum meio de prova, entretanto, a confissão não é prova plena, podendo o juiz não considera-la como verdadeira.
	- Ausência de controvérsia: “Também a alegação de fato não controvertida não será objeto de prova, já que a produção da prova se dá justamente para convencer o juiz da veracidade de determinada alegação de fato, e, não havendo controvérsia, o juiz já considerará verdadeira tal alegação, gerando a desnecessidade de produção de prova”.
	- Presunção: Também não será exigida a prova de alegações de fatos em cujo favor milite a presunção legal de existência ou veracidade.
1.3. Prova ilícita: Antigamente se utilizava um meio coercitivo e cruel para a obtenção de prova. Os valores da Revolução Francesa passam a se espalhar, buscando abrandar as formas de obtenção e prova – aos poucos, foi-se impedindo a obtenção de prova ilícita. Atualmente, a proibição de utilização de provas ilícitas no processo encontra previsão constitucional no art. 5º, LVI. Às vezes, em determinadas circunstâncias é possível a obtenção de “prova ilícita” dentro do processo, isso se dará quando os valores relativos à necessidade da prova forem superiores ao direito que será violado ou, quando não for possível obtê-la por outro modo. Daniel Amorim Assumpção Neves, se alinhando à doutrina proporcionalista que, vale ressaltar, mostra-se majoritária, indica que são cinco os requisitos para a utilização da prova ilícita na formação do convencimento do juiz, quais sejam: gravidade do caso; espécie da relação jurídica controvertida; dificuldade de demonstrar a veracidade de forma lícita; prevalência do direito protegidocom a utilização da prova ilícita comparado com o direito violado; imprescindibilidade da prova na formação do convencimento do judicial.
1.4. Poderes instrutórios do juiz: O art. 370 do Código de Processo Civil indica que o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, deve ordenar a realização das provas necessárias à resolução do mérito, indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias. No sistema de commom law, o juiz não reque provas pois, entende-se que as partes devem requerer o que for do seu interesse. Entende-se atualmente que, a requisição de provas é essencial às partes e, o poder do juiz de determina-las seria suplementar. Para que o juiz requeira a prova, deve haver hipossuficiência do litigante e o direito deve ser indisponível. Daniel Amorim Assumpção Neves indica ainda que, o juiz somente deverá solicitar a produção de provas após as partes terem esgotado as provas que pretendiam produzir. O art. 375 indica que o juiz aplicará as regras de experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente acontece e, ainda, as regras de experiência técnica, ressalvado, quando a estas, o exame pericial – ou seja, o juiz não pode se valer de seus conhecimentos de especialista em outra área, devendo se valer dos peritos.
1.5. Atipicidade dos meios probatórios: As provas típicas estão tipificadas no sistema endoprocessual. Além desses meios de prova, existem outras modalidades possíveis. Não existe rol restritivo dos meios de prova, sendo essa conclusão fundamentada no expresso texto art. 369 do CPC, dessa forma, permite-se a chamada prova atípica.
· Prova por amostragem: É aquela que o juiz pode capturar verificando uma parcela em um total.
· Acareação: Art. 461, CPC – antes, se tratava de prova atípica, entretanto, atualmente, o art. 461 indica que o juiz pode ordenar de ofício ou a requerimento da parte, a acareação de duas ou mais testemunhas ou de alguma delas com a parte, quando, sobre fato determinado que possa influir na decisão da causa, divergirem as suas declarações.
· Prova emprestada: A prova emprestada atende ao pressuposto da economia e da eficiência. Em regra a prova é produzida para o processo que está sendo discutido, entretanto, algumas vezes é possível utilizar prova já produzida em outro processo na demanda que está sendo debatida. Para a utilização de prova emprestada é necessário que as partes do processo sejam as mesmas da demanda anterior, pois, caso as partes não sejam as mesmas, haverá desrespeito ao contraditório. O art. 372 dispõe que o juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório. 
1.6. Procedimento probatório: O procedimento probatório possuirá variações que se vinculam ao meio de prova. Dentro do procedimento as fases que se seguem são: requerimento, deferimento/admissão, fazimento/realização; apreciação. A prova documental já é pré-constituída. O autor deve trazer a prova documental junto à sua exordial. Segundo o art. 320, a petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação (a contestação deve trazer as provas documentais necessárias). Os demais meios de prova devem ser requeridos na exordial e na contestação, entretanto, doutrina e jurisprudência indicam que posteriormente, é possível requerer a produção probatória. Caso não haja o pedido, não há preclusão do direito de prova, inclusive, na fase de saneamento, o juiz deve dar espaço para que as partes indiquem quais provas querem produzir. O surgimento de fato novo também abarca a possibilidade de realização de nova prova. O fazimento de provas possui momentos diferenciados. A perícia pode se dar em qualquer momento durante o curso da fase de conhecimento. A oitiva testemunhal e oral ocorre, em regra, no momento da audiência. A inspeção pode se dar em qualquer momento, entretanto, resulta de estado de dúvida do juiz após a análise. A apreciação material da prova ocorre no momento da sentença, entretanto, a admissibilidade da prova ocorre em decisões interlocutórias.
1.7. Sistema de valoração da prova: No sistema de provas tarifadas, a carga probatória já vinha preestabelecida em norma escrita, devendo o juiz apenas somar as provas produzidas. Tal sistema não é adequando, entretanto, não foi completamente abandonado por nosso ordenamento, ainda que atualmente exista apenas de forma excepcional (forma de dar economia, adequação ou eficiência ao processo). Atualmente, o sistema de valoração adotado pelo sistema processual brasileiro é o da persuasão racional, também conhecido pelo princípio do livre convencimento motivado, no qual o juiz é livre para formar seu convencimento, dando às provas produzidas o peso que entender cabível em casa processo, não havendo hierarquia entre os meios de prova – isso não significa que o juiz pode decidir fora dos fatos alegados no processo. O juiz, portanto, deverá apreciar as provas de forma motivada.
1.8. Indícios e presunções: O indício é o indicativo de algo. Toda demanda possui fatos centrais e fatos periféricos, sendo que, esses fatos periféricos influem no fato central. Em alguns casos a parte traz provas concretas de fatos periféricos e não conseguem produzir provas acerca do fato central. Por dedução lógica, presume-se a existência de fato central. A presunção é a sistematização do raciocínio – é uma construção sistemática. A presunção pode ser simples ou legal (prevista em lei), pode ser absoluta ou relativa.
1.9. Produção antecipada de prova: Art. 381. Antigamente este instituto já existia, entretanto, se dava em ação cautelar de produção de prova (preparatória ou incidental). Poderá ocorrer a produção antecipada de provas em três casos: o inciso I traz a possibilidade de produção antecipada de prova diante do periculum in mora, ao prever ser cabível a antecipação da prova quando houver fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação. O inciso II admite a produção de prova antecipada de provas sempre que a prova a ser produzida for suscetível de viabilizar tentativa de conciliação ou de outro meio adequado de solução do conflito. O inciso III por sua vez, diz respeito à necessidade de produção de prova como forma de preparar a pretensão principal, possibilitando assim a elaboração de uma boa peça exordial. A produção antecipada de prova poderá ser autônoma ou incidental. Em suma, a produção antecipada de provas se dará por conta da possibilidade de perecimento da fonte ou do meio de prova (periculum in mora), ou porque as partes pretendem evitar o ajuizamento da ação, ou porque as partes pretendem transigir. A prova produzida antecipadamente poderá ser utilizada em processo diverso, não sendo necessário que a ação acessória seja proposta no foro da ação principal. Nos casos em que se pode atingir a auto-composição ou que se pode evitar o ajuizamento da ação, não há perigo da mora, sendo o fundamento a própria possibilidade de composição do conflito. A competência para a realização de produção antecipada de prova não precisa ser do juízo onde a ação eventualmente poderá ser proposta posteriormente – o foro competente será o domicílio do réu ou o local onde a produção de prova irá ocorrer. Depreende-se portanto que, a produção antecipada de prova não torna prevento o juízo. Quando não houver Justiça Federal no local onde deveria ser proposta a ação contra a União ou entidades autárquicas, esta poderá correr na Justiça Estadual. Segundo o art. 382, na petição de produção de prova antecipada, o autor deve mencionar os fatos sobre os quais a prova deve ser produzida, bem como tipifica-la. Deve-se indicar as razões que justificam a necessidade de a antecipação da prova. Ocorrerá a citação dos interessados, salvo se inexistente o caráter contencioso (produção de caráter voluntário). A ação de produção de prova antecipada é uma ação sem contestação e sem recurso (stricto sensu), além disso, na produção de prova o juiz não poderá se manifestar sobrea ocorrência ou inocorrência de fato ou sobre eventuais consequências jurídicas, devendo apenas protocolar a prova. Caso o juiz indefira totalmente a produção de prova, caberá o recurso de apelação, caso o indeferimento seja parcial, caberá agravo da decisão. Deve-se destacar o Enunciado 297 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC) que indica que, o juiz que promove julgamento antecipado de mérito por desnecessidade de outras provas não pode proferir sentença de improcedência por insuficiência de provas.
2. PROVAS EM ESPÉCIE:
2.1. Depoimento pessoal: Art. 326. O depoimento pessoal é espécie de prova oral, sendo conceituada como o testemunho das partes em juízo sempre que requerido expressamente pela parte contrária ou pelo juiz. Somente poderão prestar depoimento pessoal os sujeitos que figurem na relação jurídica processual como partes na demanda. Dessa forma, tanto o autor quanto o réu o podem prestar depoimento pessoal (assim como eventual terceiro interveniente que figure como parte na demanda). A parte contrária, ao requerer o depoimento pessoal, visa que o próprio depoente chegue à confissão, ou ao menos aponte elementos desfavoráveis a si. A confissão ocorre quando a parte atesta fato contrário ao seu interesse e favorável ao interesse da parte contrária. A confissão obtida em depoimento pessoal é chamada de provocada, também chamada de real. É possível a ocorrência da confissão ficta: esta ocorre quando a parte, intimada a depor, não comparece à oitiva – a confissão ficta também ocorre quando a parte comparece a audiência e, ao ser perquirido sobre a versão verdadeira dos fatos, fica silente ou responde mudando de assunto. No direito penal a regra é que o réu não deve produzir prova contra si, de modo diverso, no direito civil, deixar de produzir provas contra si trata-se de privilégio, aplicado em casos de sigilo profissional, fatos criminosos, fatos desonrosos ao cônjuge, companheiro e familiares (aplica-se também às testemunhas). A parte possui o dever de esclarecer a verdade sobre os fatos. O interrogatório também pode gerar confissão, mas, essa não é a sua finalidade (a finalidade é esclarecer fatos e se dá a requerimento do juiz). A confissão se dá sobre fatos, não significando a aquisição de direito da outra parte. Apenas o fato perguntado e não respondido gera confissão.
2.2. Prova testemunhal: Prova testemunhal é o meio de prova consubstanciado na declaração em juízo de um terceiro que de alguma forma tenha presenciado os fatos discutidos na demanda. A prova testemunhal é em regra admissível, desde que não exista previsão legal dispondo de modo diverso. A testemunha é um terceiro desinteressado, alguém imparcial. É errôneo indicar que a testemunha é do autor ou do réu: a testemunha é do fato. A testemunha leva aos autos os fatos sob o seu ponto de vista, sendo no Brasil considerada uma prova de segunda categoria. Antes, no sistema de tarifação, a prova testemunhal era considerada inferior e, além disso, eram hierarquizadas a partir do gênero (testemunho de homem valia mais). A prova exclusivamente testemunhal não possuía valor para negócios jurídicos cujo valor ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo vigente no país (ao tempo que foram celebrados), ou seja, a prova exclusivamente testemunhal somente servia para contratos de pequeno valor. Atualmente não será deferida a prova testemunhal sobre fatos já provados por documentos ou confissão, ou por fatos que só possam ser provados por documentos ou perícia. A princípio, todas as pessoas podem ser testemunhas, entretanto, o sistema traz restrições à validade do depoimento: as questões de ordem subjetiva dizem respeito a aspectos relacionais (incapazes, suspeitos e impedidos).
· Incapacidade: Nasce da deficiência ou impossibilidade de percepção – se não há percepção, não há como prestar testemunho. Os menores de dezesseis anos não possuem integralidade na capacidade perceptiva (incapacidade cronológica). A incapacidade pode ser mental (intrínseca quando já acompanha a pessoa; extrínseca por conta de tóxicos). Cegos e surdos não podem testemunhar fatos que dependem de seus sentidos.
· Suspeição: Há a suspeita de que não há imparcialidade. São impedidos o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo (relação fraternal e vinculante), ou o que tiver interesse no litígio.
· Impedimento: Há uma presunção de que não há imparcialidade. São impedidos o cônjuge, companheiro, ascendente e descendente de qualquer grau e o colateral, até o terceiro grau, de alguma das partes, por consanguinidade ou afinidade, salvo se o interesse público exigir ou, tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a prova que o juiz repute necessária ao julgamento do mérito. A própria parte não pode testemunhar (a não ser que confesse). Também será impedido o que intervém em nome de uma parte, como tutor, o representante legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e outros que assistam ou tenham assistido as partes. No caso específico do juiz sendo testemunha do fato, o mesmo deverá se afastar da sua atividade, pede para que o processo seja designado para outro juiz e se oferece para testemunhar. O advogado não pode ser testemunha, mesmo que não seja mais advogado da causa (honorários).
	A peça para indicar incapacidade, suspeição e impedimento é a contradita. A contradita é oferecida na audiência. Se na audiência alega-se incapacidade, suspeição e impedimento, existem duas situações: ou prova-se isto a partir de prova documental, ou suspende-se a audiência e designa-se nova audiência específica para apurar o alegado. Se a suspeição é descoberta depois, ocorre preclusão, se o impedimento for descoberto posteriormente, poderá ser alegado quando descoberto. As testemunhas que ainda não foram ouvidas não podem ouvir ou saber do depoimento das outras.
2.2.1. Informante: Ocorre nos casos em que a testemunha não pode depor. Neste caso, admite-se a oitiva das mesmas em casos de direito de família ou de interesse público. Pode-se ouvir os suspeitos, os impedidos e, no caso dos incapazes, apenas dos menores. A diferença para a testemunha é que esta, ao prestar o compromisso testemunhal, assume o ônus de dizer a verdade e, caso não o faça, poderá sofrer sanções penais. O informante não presta compromisso testemunhal logo, se o mesmo mentir, não sofrerá sanções. O juiz poderá atribuir a esse depoimento a força probatória que achar coerente.
2.3. Prova pericial: É o meio de prova que tem como objetivo esclarecer fatos que exijam um conhecimento técnico específico para a sua exata compreensão. É a prova que irá levar ao juiz e as partes a compreensão sobre a origem, a existência e as consequências de um fato técnico-científico. A perícia consiste em exame, vistoria ou avaliação. O perito é um especialista na natureza técnica do fato. O pressuposto objetivo para a indicação do perito é o conhecimento técnico específico compatível com o fato a ser provado. O pressuposto subjetivo é a imparcialidade, pois, o perito é a o que se chama de longa manos do juiz. A suspeição ou impedimento podem ser suscitados em até 15 dias contados a partir da indicação do perito. O assistente técnico não se submete à imparcialidade, pois, é indicado pelas partes. As custas da perícia serão rateadas se ambas as partes pedem a produção de perícia, da mesma forma, haverá rateio se a produção for proposta pelo juiz ou pelo Ministério Público. Se apenas o réu requer a perícia, deverá arcar com seus valores, da mesma forma, se apenas o autor pede a produção de perícia, arcará sozinho com as suas custas. Cada parte pagará aos seus assistentes técnicos e, o perdedor arca com os custos ao fim do processo. As partes e o juiz podem formular quesitos. Os quesitos podem ser iniciais, complementares e explicativos e ocorrerão em fases distintas da perícia. O juiz não está adstrito ao laudo, podendo se valer de outros elementos ou fatos provados no processo. Se o laudo for falho ou lacônico, algumas situações podem ocorrer: se não demonstra o desconhecimento do perito,o juiz pedirá a repetição da mesma. Quando o desconhecimento é demonstrado, a nova perícia será realizada com perito diverso. O juiz poderá afastar o perito que atrasar a entrega do laudo sem motivo legítimo. O juiz também poderá desconsiderar a perícia e considerar os laudos trazidos pelas partes. A perícia pode ocorrer com quantos profissionais forem necessários para a elucidação dos fatos, entretanto, indica Daniel Amorim Assumpção Neves que, a multiplicidade de peritos deve ser excepcional, cabendo ao juiz reserva-la somente a situações em que realmente seja impossível concentrar em um só perito todo o trabalho pericial.
2.4. Confissão: Segundo o art. 389 do Código de Processo Civil, há confissão quando a parte admite a verdade de um fato contrário ao seu interesse e favorável ao adversário. A confissão limita-se aos fatos, de modo que, o prejuízo a ser suportado pelo confitente se limitará ao plano fático, ou seja, não há reconhecimento do direito e nem do pedido, de modo que, é possível que o confitente seja vitorioso na demanda. Para que a confissão seja válida é necessário que o confitente tenha capacidade plena, que não haja exigibilidade de forma especial para a validade do ato e que o fato confessado se relacione à um direito disponível, não sendo admitida a confissão de fatos que fundamentem direitos indisponíveis (art. 392, CPC). O art. 389 indica que a confissão pode ser judicial ou extrajudicial. A confissão judicial é feita nos autos. A confissão extrajudicial é realizada fora do processo, de forma escrita ou oral, observada a forma prescrita em lei. A confissão pode ser espontânea ou provocada, realizada pela própria parte ou pelo representante com poderes específicos para confessar. A confissão provocada resulta do depoimento pessoal e, a confissão espontânea é realizada fora do depoimento pessoal, podendo ser tanto oral como escrita. Cumpre destacar que, a confissão espontânea pode ser realizada pelo advogado – não tendo a parte outorgado poderes especiais ao advogado, a confissão realizada por este será considerada inválida. No caso do litisconsórcio, deve-se perceber que, no litisconsórcio simples, onde a sentença dada poderá ser diversa para cada litisconsorte, a confissão somente prejudicará àquele que a realizou. Já o litisconsórcio unitário, onde a sentença necessariamente será a idêntica para todos os litisconsortes, a confissão não produzirá seus efeitos, ou seja, não possuirá eficácia – do ponto de vista prático, o juiz não poderá se vale da confissão para prejudicar a todos mas, poderá realizar uma investigação mais apurada. O erro e a coação são vícios que permitem a invalidação da confissão (e não da sua revogação).
2.5. Inspeção: A inspeção judicial consiste em prova produzida diretamente pelo juiz, quando inspeciona pessoas, coisas ou lugares, sem qualquer intermediário entre a fonte de prova e o juiz. Costuma-se afirmar que, a inspeção judicial é ao mesmo tempo o melhor e mais raro meio de prova. Costuma-se a afirmar que a inspeção é o melhor e mais raro meio de prova. O juiz se desloca do gabinete para inspecionar pessoas, coisas e lugares. Do ponto de vista da prática forense, a inspeção ocorre a derradeira dos demais meios de prova. A inspeção é uma prova personalíssima no sentido de que, é o juiz que a opera. As partes têm o direito de participar da inspeção para que preste eventuais esclarecimentos – isso somente se dá através da publicação da data e da hora em que ocorrerá a inspeção. A inspeção deve necessariamente ser realizada pelo juiz, não podendo ser delegada. A inspeção deve ser realizada em pleno contraditório pois, caso contrário, haveria apenas manifestação volitiva do juiz. A inspeção, em verdade é uma prova que é uma suma das outras provas contidas no processo – a inspeção não é uma fonte originária de prova. A inspeção em si deve ser pública, porém, é possível a realização de antecipação de prova caso haja o risco de perecimento ou deformação daquilo que se deseja provar. Pode-se ainda realizar a audiência de justificação prévia.
2.6. Audiência de instrução e julgamento: A audiência é ato processual complexo, no qual variadas atividades são praticadas pelo juiz, serventuários da justiça, partes, advogados, terceiros e membros do Ministério Público. São realizadas atividades preparatórias, conciliatórias, saneadoras, instrutória, de discussão da causa e decisórias. A audiência segue os princípios da unicidade, imediatidade e oralidade. A audiência é una, ou seja, é somente um ato, apesar de ser ato complexo. Excepcionalmente, na ausência de perito ou testemunhas, é possível o fracionamento da audiência, desde que haja anuência das partes. Na audiência pode-se discutir laudo pessoal, busca-se extrair do depoimento pessoal a confissão, e busca-se o depoimento de testemunhas. Alguns atos devem ser praticados antes da audiência e, não é possível alterar as testemunhas (com exceção dos casos previstos em lei), antes da audiência. Se a audiência é iniciada, as testemunhas devem estar arroladas, os quesitos devem estar feitos, etc. Caso não se tenha realizada isso, e a audiência seja fracionada, não pode-se realizar esses atos – o direito preclui. A imediatidade é a percepção e proximidade entre o juiz e as partes. Na audiência deve-se tentar obter a conciliação. A melhor construção para um conflito é realizada pelas partes e não pelo juiz, por isso, deve-se buscar a conciliação. Não obtida a conciliação, haverá uma ordem probatória: depoimento pessoal de peritos (só ocorrerá se houver prova pericial e se os quesitos não foram respondidos por escrito), depoimentos pessoais, depoimento testemunhal e, após os depoimentos vêm os debates orais – cada parte possuirá um pequeno intervalo de tempo, resumindo o que de interessante e útil ocorreu na audiência (art. 364). O juiz tem poder de polícia, podendo inclusive determinar a prisão de pessoas em casos muito extremos – flagrante de crime de falso testemunho, flagrante de crime de desacato, etc. – é possível requisitar quando necessário a força policial. O juiz deverá registrar em ata todos os depoimentos. A regra é que não haverá outra audiência se houver a ausência das partes, a não que haja justo motivo. O justo motivo não é o justo motivo alegado mas sim provado. Haverá audiência se o advogado não aparecer, podendo o juiz dispensar a prova que a parte pretendia produzir – questiona-se a constitucionalidade dessa possibilidade, por conta do direito fundamental a prova. Diante disso, mesmo com a ausência do advogado, muitos juízes realizam a produção de prova.
2.7. Da prova documental: Documento é qualquer coisa capaz de representar um fato, não havendo nenhuma necessidade de a coisa ser materializada em papel e/ou conter informações escritas (fotografias, tabelas, gráficos, gravações, filmes, etc.) – até mesmo as representações obtidas por meio eletrônico são considerados documentos. Documento não se confunde com instrumento, sendo este uma espécie de documento, o instrumento é produzido como o objetivo de servir de prova, como ocorre na celebração de um contrato ou de uma escritura – caso o documento seja produzido como o objetivo de provar determinado ato, será considerado um instrumento; não havendo tal finalidade específica, ter-se-á somente um documento.
· Documento público e sua força probante: O documento público faz prova da sua formação e também dos fatos que o escrivão, o chefe de secretaria, o tabelião ou servidor declarar que ocorreram em sua presença (art. 405, CPC). Sempre que o documento for produzido por funcionário público, haverá uma presunção de veracidade quanto à sua formação e quanto aos fatos que tenham ocorrido na presença do oficial público. Essa presunção é relativa, podendo ser afastada por meio de outras provas produzidas no processo. A presunção somente atinge os fatos presenciados pelo oficial, não abarcando os fatos levados ao seu conhecimento pelas partes. Se a lei exigir determinado instrumento público, nenhuma outra prova poderá suprir a ausência desse documento (art. 406,CPC) – trata-se de requisito necessário para a validade do ato no plano do direito material (o casamento se prova pela certidão de casamento, por exemplo). O documento elaborado por oficial público incompetente ou em desrespeito às formalidades legais, desde que seja subscrito pelas partes, tem a mesma eficácia probatória do documento particular.
· Documento particular e sua força probante: O documento é particular sempre que for elaborado sem a intervenção de um oficial público, podendo ser: escrito e assinado pelas partes; escrito por terceiros e assinado pelo declarante; escrito pela parte e não assinado; nem escrito nem assinado pela parte. As declarações constantes do documento particular escrito e assinado presumem-se verdadeiras em relação ao signatário (exemplo: se alguém declara que viu o marido agredir a mulher e registra essa declaração num documento, a eficácia probatória se limita ao fato de o sujeito ter feito a declaração, e não ao fato de ter ocorrido a agressão). O documento será considerado autêntico quando houver o reconhecimento de firma pelo tabelião (torna o documento autêntico, mas não verdadeiro quanto ao seu conteúdo). Também se considera autêntico o documento quando a autoria estiver identificada por qualquer outro meio legal de certificação que não o reconhecimento de firma (exemplo: certificação eletrônica). Se não houver impugnação da parte contra quem foi produzido o documento, este será considerado autêntico (o juiz poderá determinar a realização de prova de ofício caso entenda necessário para formar seu convencimento a respeito da autenticidade da prova) – a ausência de controvérsia a respeito do documento pode ser suficiente para que o documento seja considerado autêntico. Fotografias digitais e extraídas da rede mundial de computadores deverão trazer consigo a autenticação eletrônica quando impugnadas pela parte contrária, não sendo possível, será realizada perícia. Se a fotografia for publicada em jornal ou revista, exige-se o exemplar original do periódico (somente se a veracidade for impugnada). A cópia do documento particular tem o mesmo valor probante que o original, sendo exigida apenas a conferência da cópia com o original na hipótese de a parte contrária impugnar a cópia ou o juiz tiver dúvida a respeito da idoneidade do documento. A fé do documento particular cessa quando declarada judicialmente a sua falsidade, quando for contestada a assinatura e enquanto não se lhe comprovar a veracidade ou quando assinado em branco, for abusivamente preenchido. 
2.7.1. Exibição de coisa e documento: Trata-se de meio de prova utilizado para a parte provar alegação de coisa ou documento que não esteja em seu poder. Exibir significa colocar a coisa ou documento em contato com o juiz, que, uma vez ciente do teor da coisa ou do documento, determinará a sua devolução à parte possuidora. Sempre que a parte alega um fato que só pode ser demonstrado por documento ou coisa que não esteja em seu poder, será possível o conhecimento de seu teor pelo juiz de duas formas: a requisição e a exibição de coisa ou documento. O art. 438 do CPC dispõe acerca da requisição por meio da qual o juiz irá querer às repartições públicas: certidões necessárias à prova das alegações das partes; procedimento administrativos nas causas em que forem interessados a União, Estado, Município ou as respectivas entidades da administração indireta. Nesse segundo caso, ao receber os autos, o juiz mandará extrair certidões ou reproduções fotográficas das peças que indicar e das que forem indicadas pelas partes e, em seguida, devolverá os autos à repartição de origem. Havendo transmissão de documentos por meio eletrônico, o procedimento legal será dispensado, já que não haverá devolução de autos à repartição de origem. A exibição de documento ou coisa possui previsão nos arts. 396 a 404 do CPC. A exibição de coisa ou documento também pode se desenvolver por meio de uma ação probatória autônoma antecedente (se houver um dos requisitos do art. 381, CPC). O juiz de ofício pode determinar a terceiros a exibição de documentos ou coisa. Quando dirigida à parte do processo, o poder do juiz de fundamenta nos chamados poderes instrutórios. Quando dirigida a terceiro, além dos poderes instrutórios, aplica-se o dever do terceiro de colaborar com a atividade judicial na busca da verdade. O pedido de exibição de coisa ou documento deve estar individuado – a individuação permite ao réu do incidente saber de que coisa ou documento está tratando o autor e, no caso de busca e apreensão, indica o objeto de tal medida ao oficial de justiça. O STJ entende que a individuação é aquela suficiente para não deixar dúvida a respeito do que se pretende ver exibido. A finalidade da prova com a indicação dos fatos que se relacionam com o documento ou a coisa, se presta ao juiz analisar a pertinência da exibição à luz do objeto da demanda. Exige-se também a narrativa das circunstâncias em que se funda o requerente para afirmar que o documento ou a coisa existe e se acha em poder da parte contrária ou de terceiro. A escusa pela parte ou pelo terceiro em exibir a coisa ou documento pode se fundar em seis hipóteses (art. 404, CPC):
1) se concernente a negócios da própria vida da família;
2) se a sua apresentação puder violar dever de honra;
3) se a publicidade do documento redundar em desonra à parte ou ao terceiro, bem como a seus parentes consanguíneos ou afins até o terceiro grau, ou lhes representar perigo de ação penal;
4) se a exibição acarretar divulgação de fatos, a cujo respeito, por estado ou profissão deva guardar segredo;
5) se subsistirem outros motivos graves que, segundo o prudente arbítrio do juiz, justifiquem a recusa da exibição;
6) houver disposição legal que justifique a recusa da exibição.
Existem hipóteses nas quais o réu não poderá deixar de apresentar os documentos ou coisas requisitadas:
1) Quando houver existência de previsão legal de direito material que preveja obrigação de exibição – exemplo: é dever do tutor ou curado exibir para o tutelado ou curatelado os documentos de seu interesse.
2) Quando a própria parte aludir a existência de documento ou coisa com o intuito de constituir prova.
3) Sempre que o documento, por seu conteúdo, for comum às partes, não se admitirá recusa em exibi-lo.
O juiz admitirá como verdadeiros os fatos que, por meio da exibição, a parte pretendia provar, em duas hipóteses (art. 400, CPC): se o requerido não exibir o documento ou coisa e tampouco oferecer qualquer espécie de resposta; quando a sua recusa for havida por ilegítima. Segundo o STJ, trata-se de presunção relativa de veracidade.
2.7.2. Utilização de meios eletrônicos na produção das provas: Documento eletrônico é toda forma de representação de um fato por decodificação por meios utilizados na informática, telecomunicações e outras formas de produção cibernética. No processo virtual, o documento eletrônico será juntado no próprio ambiente virtual. No processo físico, entretanto, o documento eletrônico deve ser materializado de alguma forma para que possa ser juntado. O documento eletrônico deve ser subscrito com o uso de certificado digital emitido no âmbito da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira. A utilização de documentos eletrônicos no processo convencional dependerá de sua conversão à forma impressa e da verificação de sua autenticidade – não sendo possível a conversão, o acesso ao documento poderá ser dificultado: ainda assim, o juiz poderá valorar a prova, preservado o princípio do contraditório (art. 440, CPC).
2.7.3. Arguição de falsidade documental: Tratando-se de questão prejudicial fática, a falsidade documental será enfrentada pelo juiz quando arguida por qualquer das partes, dependendo apenas do pedido expresso para que seja decidida como questão principal e passando a incidir sobre ela a coisa julgada. Uma vez arguida, a falsidade documental será resolvida como questão incidental, salvo se a parte requerer que o juiz a decida como questão principal. Não há menção sobre a possibilidade da arguição de falsidadedocumental ser reconhecida de ofício, entretanto, não há dúvidas acerca de tal possibilidade, visto que, tal iniciativa tem fundamento nos poderes instrutórios do juiz. Quando o juiz suspeitar de falsidade documental, mesmo diante da omissão das partes, em respeito ao contraditório o juiz deverá intimar as partes para que se manifestem sobre eventual falsidade de documento, oportunidade em que qualquer uma das partes poderá requerer expressamente para que a questão seja decidida de forma principal. O objeto da ação declaratória incidental de falsidade documental pode ser tanto um documento particular como um público. Assim, é possível observar dois tipos de falsidade: a falsidade ideológica é voltada ao conteúdo do documento. A falsidade material é o vício do documento em si, referente à sua formação, com deteriorações que alterem o seu conteúdo. A falsidade deve ser suscitada na contestação, na réplica ou no prazo de quinze dias, contado a partir da intimação da juntada do documento aos autos. Tais prazos dizem respeito à propositura da ação declaratória incidental, logo, a mera alegação pode ser feita a qualquer tempo. Ao arguir a falsidade, a parte deve expor os motivos em que funda a sua pretensão e os meios com que provará o alegado. Após ouvida a outra parte, será realizado o exame pericial. Não se procederá ao exame pericial se a parte que produziu o documento concordar em retirá-lo – seria uma espécie de arrependimento eficaz, pois, com a retirada da prova dos autos ela não servirá à construção da fundamentação judicial. O ônus da prova é de quem alega a falsidade.
2.7.4. Ata notarial: A ata notarial vem se popularizando como meio de prova, em especial em processos em que se faz necessária a comprovação de atos praticados pela internet e que pode sumir com a mesma velocidade em que aparecem. Também em assembleias de sociedades empresariais e associações civis é comum que todas as discussões, que serão apenas resumidas na ata, constem na ata notarial, bem como para a comprovação de abusos cometidos por pais e para demonstrar a alienação parental. Outra serventia indiscutível é corroborar o pedido de tutela provisória inaudita altera parte quando o autor não tiver em seu poder prova documental (já que o tabelião possui fé pública, a ata servirá como subsídio ao pedido de antecipação da tutela). O que há portanto, é a utilização da ata notarial em casos em que dificilmente outros meios de prova poderiam ser produzidos com sucesso. O legislador, atento a esse fato, passou a prever no Código de Processo Civil a ata notarial entre os meios de prova, o que afastou a sua atipicidade. O ordenamento então, passa a ter uma nova prova típica. Ainda que tenha passado a ser considerada uma prova típica pelo Código de Processo Civil, a ata notarial é hibrida: tem uma forma documental, que será uma ata lavrada pelo tabelião, mas seu conteúdo é de prova testemunhal, já que o teor da ata será justamente as impressões do tabelião a respeito dos fatos que presenciou. Sua força probatória decorre da fé pública do tabelião, pela qual o juiz poderá presumir o fato lá descrito como verdadeiro. Naturalmente, trata-se de presunção relativa, de forma que sendo produzida prova em sentido contrário ao atestado na ata notarial sua força probatória será afastada. Nesse caso, inclusive, havendo dolo ou culpa do tabelião em atestar fato dito como falso pelo juiz, será cabível a responsabilização civil do Cartório por perdas e danos. O artigo que regulamenta a ata notarial é o 384 do Código de Processo Civil: “a existência e o modo de existir de algum fato podem ser atestados ou documentados, a requerimento do interessado, mediante ata lavrada por tabelião”. O seu parágrafo único dispõe que, “dados representados por imagem ou som gravados em arquivos eletrônicos poderão constar da ata notarial”. Como se pode notar, a ata notarial é cabível sempre que for possível ao tabelião, atestar a existência ou modo de ser de algo. Essa capacidade de atestar a existência ou modo de ser do fato deve considerar todos os sentidos humanos, e não somente a visão. Dessa forma, a descrição pode se referir a eventual barulho ou som, cheiros, gosto e textura ou formato. É prova cabível, portanto, para atestar música alta, cheiro forte, etc. Cabe ao interessado pedir ao tabelião a lavratura da ata notarial. A ata notarial é formada antes a propositura da ação judicial, de forma que nesse momento não seria adequado tratar o solicitante como parte. Não há, entretanto, qualquer obstáculo para que, durante um processo judicial a parte requeira ao tabelião a elaboração de uma ata notarial. Trata-se, na maioria das vezes, de prova pré-constituída, ou seja, criada fora do juízo. Destaca-se que, como seu conteúdo é de prova oral, trata-se de prova documentada e não de prova documental.
2.7.5. Produção da prova documental: A prova documental deve ser produzida pelo autor na inicial e pelo réu em sede de contestação. Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a contestação com os documentos destinados a provar suas alegações. Quando o documento consistir em reprodução cinematográfica ou fonográfica, a parte deverá trazê-lo nos termos do caput, mas sua exposição será realizada em audiência, intimando-se previamente as partes – trata-se de dispositivo de natureza preclusiva, não sendo mais cabível a produção de prova documental posteriormente. O art. 435 prevê exceções à rigidez de tal regra – será admitida a juntada posterior de documentos em duas hipóteses: para provar fatos supervenientes e para contrapor prova documental produzida nos autos. Também é possível a juntada de documentos que se tornaram conhecidos, acessíveis ou disponíveis após esses atos, cabendo à parte produzir prova acerca do motivo que a impediu de juntá-los anteriormente, devendo o juiz analisar a conduta da parte (permite-se a juntada extemporânea de documento, desde que a parte justifique porque não realizou a juntada antes, de modo a demonstrar que não há má-fé e deslealdade na prática). Quando a parte for intimada a falar sobre documentos, ela poderá: impugnar a admissibilidade da prova e sua autenticidade, suscitar sua falsidade ou manifestar-se sobre seu conteúdo.
3. DECISÃO JUDICIAL: O Código de Processo Civil indica em seu art. 203 que os pronunciamentos do juiz consistem em sentenças, decisões interlocutórias e despachos (decisões monocráticas e unipessoais e acórdãos).
3.1. Despacho: Em 1939 as decisões de organização e saneamento eram chamadas de despacho. Em 1979 as decisões relacionadas a institutos possessórios eram chamadas de despacho. Diante disso, criou-se o costume de chamar diversas decisões de despacho. Não cabe recurso contra despachos. O parágrafo terceiro do art. 203 aponta que, além da sentença e das decisões interlocutórias, são despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte. Atos meramente ordinatórios, a exemplo da juntada e da vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário. O despacho não produz sucumbência, perda, agravamento ou benefício, diante disso não provoca interesse recursal. O despacho é um ato do mero impulso do processo. O despacho não possui conteúdo decisório, o que significa dizer que o despacho é o ato ordinatório, ou de mero expediente. O despacho poderá ser delegado aos serventuários. Note-se que, o despacho, todavia, não é definido propriamente pela forma, mas sim pelo seu contexto – não se define o despacho apenas pelos seus dizeres, mas sim pelo contexto do processo pois, um mesmo dizer pode ser um despacho ou uma decisão interlocutória. O ‘cite-se’, por exemplo, em regra será um despacho. Se um sujeito entra com uma ação contra o réu e, o réu para postergar o processo faz a denunciação da lide em relação a alguém que mora em outro país, o ‘cite-se’ representa uma decisão interlocutória – isso porque, tal hipótese prejudica o autor, de modo que caberia agravo (ocorre o deferimento deuma denunciação incabível). Para separar o despacho de uma interlocutória, portanto, deve-se analisar o contexto.
3.2. Decisão judicial: Decisão judicial é um gênero que abarca diversas espécies, podendo estar relacionada ao mérito ou ao processo. A decisão judicial é gênero do qual fazem parte as seguintes espécies: sentenças, decisões interlocutórias, decisões monocráticas, e acórdãos.
3.3. Decisão interlocutória: No sentido literal, a decisão interlocutória seria a decisão que se encontra entre o início e o fim do processo. Com certa abrangência, pode-se dizer que a decisão interlocutória é toda aquela que no curso do processo resolve uma questão de natureza meritória ou processual, tanto em primeira quanto em segunda instância. A decisão interlocutória seria a decisão de meio. As liminares são decididas em interlocutórias que se dão no início do processo, que podem ser incidentais ou originárias. Geralmente, as decisões interlocutórias são alvo de agravo de instrumento ou agravo interno (antigo agravo regimental - cabível em decisões das turmas ou dos tribunais). O art. 1.015 indica em quais hipóteses são cabíveis o agravo de instrumento e, tais hipóteses se referem tanto ao mérito quanto ao processo em si. O agravo de instrumento busca levar para o segundo grau uma decisão mal decidida em relação à decisão interlocutória. O agravo de destrancamento é aquele que cabe contra decisão que inadmite o recurso.
	Art. 1.015.  Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:
I - tutelas provisórias;
II - mérito do processo;
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação;
VI - exibição ou posse de documento ou coisa;	
VII - exclusão de litisconsorte;
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1o;
XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
Parágrafo único.  Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário.
	Quando a parte indica, por exemplo, que o autor é parte ilegítima, uma decisão interlocutória poderá extinguir o processo. Via de regra, a decisão interlocutória não irá extinguir o processo, porém, a extinção pode ocorrer. Nem sempre a interlocutória será liminar. 
3.4. Sentença: Segundo o §1º do art. 203, ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. Sentença é o ato que põe fim à fase de compreensão dos fatos e do direito deduzido e redução das normas ao caso concreto (isso é a fase de cognição). A sentença é como o juiz sente que o direito deve ser posto, logo, a sentença implica em duas situações: o juiz poderá encerrar a sua atividade sem analisar o mérito (art. 485) ou, poderá encerrar sua atividade analisando o mérito (art. 487). O juiz poderá encerrar o processo de execução quando a sua finalidade é atingida (não há porque continuar o processo, visto que a satisfação da pretensão já ocorreu). Nos procedimentos especiais há uma sentença, porém, nos procedimentos especiais é possível que haja mais de uma sentença (exemplo: ação demarcatória – uma sentença dá procedência à demarcação e, uma outra sentença é proferida para demarcar limites). 
3.5. Decisões monocráticas: São as decisões proferidas dentro de um órgão colegiado por apenas um juiz. Tais decisões podem ter natureza meramente processual ou de mérito. Além disso, decisões monocráticas podem ser interlocutórias ou finais. O duplo grau não precisa ser necessariamente exercido por uma pluralidade e, um só juiz, integrante de colegiado, tem poder de decidir monocraticamente. O art. 932 indica quando o relator deve proferir decisões monocráticas. O recurso cabível da decisão monocrática é o agravo interno (o agravo interno produz o juízo de retratação).
3.6. Acórdão: É a decisão do órgão colegiado que parte do voto do relator. O acórdão encerra uma fase do processo em órgão colegiado como se fosse uma sentença de grau superior. Da sentença de primeiro grau é possível que o pedido seja deferido, parcialmente deferido ou indeferido. No órgão colegiado, o acórdão irá dar provimento, dar parcial provimento ou negar provimento ao recurso.
3.7. Elementos da decisão judicial/estrutura:
· Relatório: Nos juizados especiais, a lei 9.099/95 é dispensável. O relatório é uma reconstrução do caso para que a fundamentação possa ser fruto de uma sequência lógica. O relatório é essencial para que o juiz se situe dentro da demanda. O relatório deve conter os nomes das partes, a identificação do caso, com suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo. A jurisprudência indica que a própria fundamentação poderá conter o relatório, não havendo separação de fato. Segundo a doutrina, decisões interlocutórias devem possuir relatório. O relatório tem o caráter organizador.
· Fundamentos/voto: A fundamentação é o elemento distintivo do arbítrio – a decisão pode ser através do arbítrio ou da justificação. No âmbito do judiciário, a justificação de uma decisão sempre deverá estar presente. A fundamentação é o sentido que se procura das à decisão judicial para que esta possa revelar o Estado Democrático de Direito. O juiz tem o poder de decidir e o dever de motivar. Nos fundamentos o juiz analisará as questões de fato e de direito. Não será considerada fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão que: se limitar à indicação, reprodução ou paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto da sua incidência no caso; invocar motivos que se prestariam a justificar outra decisão; não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; se limitar a invocar precedentes ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. Os fatos devem ser compreendidos, e, ao entender os fatos, o juiz deve analisar se estes são verdadeiros ou não. A análise dos fatos deve ser feita a partir das provas.
· Dispositivo: No dispositivo, o juiz deverá resolver as questões principais que as partes lhe submeterem. A parte dispositiva é a resposta à provocação, que deve ser coerente com a pergunta. O juiz responde diante do que lhe foi perguntado. A resposta do juiz deverá se pautar no princípio da congruência ou da correspectividade. O princípio da congruência consiste na equivalência entre os limites da demanda, considerando o que está posto na inicial e o que está posto na contestação – diante disso, a resposta do juiz deverá observar os limites da provocação. O art. 492 indica que é vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demando. O juiz não poderá deixar de apreciar o que lhe foi pedido. O juiz deve ser coerente com os trilhos que as partes desenham, logo, somente pode julgar o que as partes trouxeram no processo. O juiz pode divergir quanto ao ponto de vista levantado pelas partes, mas, não poderá julgar de forma diversa do que foi pedido. O princípio da coerência, portanto, relaciona-se aos pedidosfeitos pelas partes. Se o juiz julga de modo diverso em termos qualitativos, haverá decisão extra petita. Se o juiz acolher o pedido, mantendo a sua qualidade, porém dá mais do que for posto, há sentença ultra petita. Quando o juiz deixa de apreciar o pedido, não se manifestando sobre o que foi posto, haverá sentença infra petita ou citra petita. O art. 497, CPC/15 indica uma exceção ao princípio da congruência: na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente. O parágrafo único dispões que para a concessão da tutela específica destinada a inibir a prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência de culpa ou dolo. O que é ocorre é que o juiz está autorizado, nesse tipo de demanda, a entregar algo diverso, porém equivalente ao que a parte perceberia como vantagem (princípio da equivalência). Nem toda decisão proferida sem a observação do princípio da congruência é nula, admitindo-se a extrapolação no tocante ao pedido em situações expressamente previstas em lei. No que concerne à limitação da sentença ao pedido do autor, existem três exceções: nos pedidos implícitos é admitido ao juiz conceder o que não tenha sido expressamente pedido pelo autor; a fungibilidade permite ao juiz que conceda tutela diferente daquela pedida pelo autor, verificando-se nas ações possessórias, cautelares (e previdenciárias); nas demandas que tenham como objeto uma obrigação de fazer e/ou não fazer, o juiz pode conceder tutela diversa da pedida pelo autor, desde que com isso gere resultado prático equivalente ao do adimplemento da obrigação – o juiz está autorizado nesse tipo de demanda a entregar algo diferente, mas que seja equivalente ao que a parte tenha pedido.
3.8. Efeitos da decisão: A decisão possui quatro efeitos: direito/principal, reflexo, anexo e probatório. O efeito principal da decisão é resolver uma situação diretamente em relação às partes. O efeito reflexo aponta para o fato de que a decisão reflete em outras pessoas, que podem ser terceiros ingressantes na lide, ou não. O efeito anexo muitas vezes não estará explícito, a exemplo da perempção. O efeito probatório indica que a sentença pode servir de prova para outras circunstâncias que não aquelas discutidas na demanda.
3.9. Fatos supervenientes: Antes da estabilização da demanda, é possível que o autor inove em relação aos aspectos objetivos e aos aspectos subjetivos. Antes da citação, há a liberdade para as alterações. Após a citação, a aquiescência do réu se mostra necessária. Fredie Didier indica que há a possibilidade de realização de alteração sem aquiescência do réu e após a citação – tal possibilidade diz respeito ao fato conexo. Pela letra fria da lei, para se acrescentar mais um pedido à inicial depois de já ter havido a citação, é necessária a aquiescência do réu. Entretanto, é possível trazer um novo pedido por meio de demanda conexa. O fato superveniente é aquele que surgiu durante a demanda (não era conhecido no momento da apresentação da demanda) ou aquele que já era conhecido porém não foi indicado por conta de um justo motivo. O fato superveniente deve ser conexo. O fato retardatário é aquele sobre o qual a parte já possuía a ciência, não merecendo ser conhecido. O fato superveniente quebra relativamente o princípio da congruência pois, os fatos não estarão dispostos na inicial ou na contestação. O art. 493 indica que o juiz também poderá julgar fatos supervenientes de ofício, o que representa uma leve quebra do princípio da inércia. Havendo fato superveniente, ele pode ser trazido a qualquer momento no processo, mesmo que modifique o pedido. Os fatos supervenientes geram uma espécie de quebra/exceção ao princípio da congruência. Tal dispositivo é voltado à justiça da decisão, criando regra que afasta o juiz de decisão fundada em circunstância fática ultrapassada, que não representa a atual situação dos fatos.
3.10. Decisão extintiva/decisão terminativa: A sentença terminativa/extintiva encerra o processo, porém, o bem da vida deduzido não foi resolvido, seja por ausência dos pressupostos processuais ou condições da ação, seja pela verificação da litispendência, coisa julgada ou compromisso arbitral. A decisão extintiva poderá se dar em decisão interlocutória ou na própria sentença e, permite a repropositura da demanda, já que não há resolução do mérito.
3.11. Decisão definitiva: Sentenças definitivas definem o direito material aplicado e, possuem perenidade. A decisão definitiva é aquela que produz decisão de mérito.
3.12. Intimação da decisão e integração: A sentença é publicada de três formas: publicação no Diário Oficial, intimação pessoal aos agentes públicos que possuem essa prerrogativa e no momento da audiência para intimação da decisão (na justiça do trabalho isso ocorre com mais frequência). Uma vez intimada da decisão, é possível que a decisão contenha falhas não de conteúdo, mas de integração. A decisão deve ser clara, completa e coerente, porém, por vezes a decisão pode ser obscura, omissa ou contraditória. Ao tornar a decisão pública, o juiz não poderá alterá-la no que diz respeito ao mérito (princípio da imutabilidade da decisão pelo próprio julgador) – o erro in judicado, portanto, não pode ser corrigido pelo juiz, ou seja, não é possível corrigir o mérito da decisão (realizar um rejulgamento). Segundo o art. 494, as sentenças após publicadas, poderão ser alteradas para corrigir inexatidões materiais ou erros de cálculo ou através dos embargos de declaração, trazidos pelo art. 1.022, CPC/15. A contradição não se dá quando o juiz fala de modo diverso com o direito, mas sim quando dispõe de modo contrário com o que ele mesmo indica na sentença. Quando o juiz corrigir inexatidões materiais ou erros de cálculo, poderá atuar de ofício ou provocado pelas partes, mesmo após o transito em jugado da decisão. Já os embargos somente podem ocorrer mediante provocação dentro do prazo preclusivo de cinco dias.
4. TUTELA PROVISÓRIA: No período anterior à Constituição de 1988, as demandas eram em número muito inferior à quantidade atual, por diversos motivos. Com o tempo, o direito de ação passa a ser um direito de exercício de cidadania, com isso, o número de demandas aumentou, diminuído a produtividade do judiciário. A Constituição trouxe consigo o instituto da antecipação de tutela, pois, começava-se a mudar o sentido da chamada ação cautelar, que já existia garantido que o bem da vida que seria entregue ao fim de um processo de conhecimento fosse resguardado. A antecipação de tutela funcionava como uma espécie de cautelar antecipativa e, tal situação deu início a um movimento de reanalise do direito, criando a possibilidade de entrega antecipada do bem da vida. O instituto da antecipação de tutela surge através da tese de Marinoni, em 1995. O Código de Processo Civil de 2015 traz a tutela provisória. A tutela antecipatória pode ser de três naturezas, geradas por três motivações diversas. As tutelas provisórias podem ser de urgência e de evidência. A tutela de urgência pode ser acautelatória ou antecipatória, podendo estas serem antecedentes ou incidentais (a tutela de evidência não segue essa lógica). A tutela poderá ser concedida enquanto o processo estiver em curso, sendo possível que o próprio prolator a modifique na sentença (o juiz pode a qualquer tempo revogar ou modificar a tutela provisória, sendo a provisoriedade uma característica). Na tutela de evidência, somente se observa o fumus boni jures. É possível realizar a fungibilidade ente tutela de evidência e tutela de urgência – isso porque a evidência está contida na urgência.
TUTELA PROVISÓRIA →
EVIDÊNCIA
URGÊNCIA →
ACAUTELATÓRIA
ANTECIPATÓRIA
→ANTEDECENTES OU INCIDENTAIS
4.1. Tutela de urgência: A urgência passa pela conjugação de dois fatores: periculum in mora e fumus boni jures. O art. 300 do Códigode Processo Civil indica na necessidade da conjunção desses elementos pois, somente um dos fatores não traz a possibilidade de concessão de tutela provisória. É necessário que haja a probabilidade do direito e o perigo da demora. Verifica-se o periculum in mora quando há a impossibilidade de espera da concessão da tutela definitiva sob pena de grave prejuízo ao direito a ser tutelado e de tornar-se o resultado final inútil em razão do tempo. O fumus boni iuris é a impressão de que existem indícios – significa a suposição de verossimilhança de algo. A tutela antecipatória de urgência pode ser dada antes da defesa, após a defesa, depois de tentada a conciliação, na sentença e após a sentença. Se a antecipação de tutela for dada antes da defesa, não há violação ao contraditório, mas tão somente postergação. Tanto para a concessão de tutela antecipatória quanto da acautelatória exige-se o convencimento do juiz acerca da existência de elementos que evidenciem a probabilidade do direito. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão – tal norma tem preocupação com o direito ao contraditório e a ampla defesa, servindo como salvaguarda à segurança jurídica do réu.
· Tutela de urgência antecipatória: Haverá a tutela de urgência antecipatória quando há coincidência total ou parcial entre o pedido de antecipação e o pedido final (exemplo: pede-se a concessão de alimentos em sede de tutela de urgência, porém, o pedido final também é de alimentos). Para que haja tutela antecipatória, é necessário que se demonstre a probabilidade do direito e o perigo do dano – analisa-se o conteúdo do processo principal e realiza-se a antecipação do direito nele pleiteado (vulgarmente conhecida como liminar). A antecipação não ocorrerá somente através de liminar, podendo ser dada inaudita altera pars, após a contestação porém antes da instrução, no curso da instrução porém antes da sentença, na sentença, após a sentença e antes do acórdão, e no próprio acórdão. Não há violação do contraditório quando ocorre a antecipação inaudita altera pars, pois, há proporcionalidade de valores. Além disso, o contraditório ocorrerá em outro momento. É possível a aplicação da fungibilidade entre a tutela antecipatória e a tutela acautelatória.
· Tutela acautelatória: Pede-se a criação de determinada condição para a proteção do direito. Não há a concessão do próprio bem da vida, mas condições de preservação do bem, pois, a tutela de urgência de natureza acautelatória é concedida na busca de um resultado útil para o processo (exemplo: há a ação de cobrança e, o devedor somente possui bens impenhoráveis e um carro. Diante disso, pede-se uma acautelatória buscando proibir que o réu venda-o pois, caso isso ocorra não haverá dinheiro para realizar o pagamento da dívida perante o credor, não ocorrendo resultado útil). O juiz possui o dever geral de cautela, podendo adotar uma outra medida que seja igualmente a acautelatória e, não haverá decisão extra petita (art. 301).
	- Em suma, o objeto da tutela cautelar é garantir o resultado final do processo (permitir a futura satisfação do direito). A tutela antecipada satisfaz fáticamente o direito.
4.2. Tutela de evidência: Segundo o art. 311, a tutela de evidência poderá ser concedida em quatro situações, independentemente de demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo. A primeira hipótese se dá quando fica caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte. A maior parte dos atos tipificados como litigância de má fé também poderão configurar o abuso de direito de defesa exigido pela tutela antecipada sancionatória. Existem atos que não são tipificados como litigância de má-fé, mas que ainda assim poderão se enquadrar no abuso do direito de defesa – o contrário também é possível. A segunda hipótese de concessão de tutela de evidência quando as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos – sem a necessidade de transito em julgado – ou em súmula vinculante. A terceira situação em que haverá concessão de tutela de evidência é quando se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa – essa hipótese se refere à condenação para a restituição do bem pago em contrato de depósito, ou seja, o autor possui um contrato de depósito com o réu (depositário) e o autor prova que o réu está na posse do bem, pedindo ao juiz que o restitua. A última hipótese ocorre quando a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável – o autor pode se valer de prova emprestada oral ou parcial. A segunda e terceira hipótese, o juiz poderá decidir liminarmente. A tutela de evidencia somente pode ser pedida de forma incidental. As hipóteses previstas nos incisos I e IV não ensejam a possibilidade de uma concessão liminar (não há a possibilidade material de que o pedido ocorra de forma antecedente). No caso dos incisos II e III, é plenamente possível imaginar um pedido de forma antecedente. O novo CPC não trata dessa possibilidade, entretanto, é possível ao intérprete propugnar pela aplicação por analogia do procedimento para pedido de tutela antecipatória. A tutela de evidência poderá ser inaudita altera pars nas hipóteses dos incisos II e III do art. 311. Nos casos dos incisos I e IV, a tutela somente pode ser concedida audita altera pars. A tutela de evidencia é espécie de tutela provisória que envolve o mérito. O recurso cabível diante de uma tutela de evidencia é o agravo de instrumento. Se a tutela provisória for proferida em segundo grau, cabe agravo interno.
4.3. Tutela parcial do mérito: No caso concreto é possível que haja a concessão parcial de tutela antecipada requerida de forma antecedente, seja porque houve pleito do autor nesse sentido, seja porque, apesar de um pedido total de concessão de tutela antecipada houve acolhimento parcial do pedido. Haverá um fatiamento do julgamento do mérito. É plenamente possível a cumulação de pedidos e, as decisões possuirão fundamentos próprios para cada pedido. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou parcela deles: I – mostrar-se incontroverso; II – estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355. Na primeira hipótese seria o caso onde são feitos três pedidos e o réu contesta apenas dois – o pedido que não foi impugnado restou incontroverso, logo, o juiz poderá proceder o julgamento. Se a parte não recorrer, haverá coisa julgada material. Haverá decisão interlocutória que produz efeito de coisa julgada material (cabe agravo de instrumento – caso não haja agravo, forma-se a coisa julgada). Haverá decisão interlocutória pois, os outros pedidos se mantém.
4.4. Tutela total do mérito: Haverá uma sentença nesse caso. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução do mérito, quando: I – não houver necessidade de produção de outras provas; II – o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova, na forma do art. 349. O juiz analisa as provas documentais pré-constituídas, e verifica pela possibilidade de realização do julgamento.
4.5. Tutela de improcedência liminar do pedido: Surge a partir de um movimento de juízes federais que começaram a se indignar com a quantidade de ações que eram demandados, em que o autor deduzia petições que não possuíam sentido. Tal instituto possibilita que o juiz julgue o mérito (sentença definitiva e coisa julgada material) sem que haja réu no processo e, isso não atenta o contraditório, vez que trata-sede medida favorável ao réu. Mediante apelação é possível que o juiz se retrate (devolvendo à corte superior a matéria apelada).
	5. Art. 332.  Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
6. I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça - juízes estão vinculados aos precedentes.
7. II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
8. III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
9. IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
10. § 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.
11. § 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 241.
12. § 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.
13. § 4o Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias.
5. PRECEDENTES: À época da Revolução Francesa se pensava que as leis poderiam ocupar todos os espaços, abarcando todas as condutas humanas. Durante o século XIX e XX, a prática foi se mostrando diversa e, passou-se a compreender que são necessários ajustes ao caso concreto, visto que se visualizou que a lei nem sempre servirá ao caso concreto. O juiz possui o poder de criar ‘micro-leis’ no caso concreto e, não havendo regulamentação e sistematização da jurisprudência produzida, surge insegurança. A norma abstrata deixa espaços vazios e, o aplicador da lei preenche tais vazios, porém, é necessário sistematizar esse preenchimento de vazios para que os precedentes sejam fontes de realimentação do direito, bem como para que seja mantida a segurança jurídica. Segundo o art. 926 do CPC, os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente – a uniformização serve para que se saiba qual a orientação de um tribunal sobre determinado tema. Na norma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno, os tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua jurisprudência dominante. Além disso, ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-se às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram sua criação – os tribunais encontram-se vinculados aos precedentes e súmulas das instâncias superiores, inclusive, o relator poderá elaborar seu voto sem a oitiva da turma quando o mesmo tiver como base súmula de instância superior ou artigo da Constituição. Precedente é a decisão judicial tomada à luz de um caso concreto, cujo núcleo essencial pode servir como diretriz para o julgamento posterior de casos análogos. Daniel Amorim Assumpção Neves defende que “precedente é qualquer julgamento que venha a ser utilizado como fundamento de um outro julgamento que venha a ser posteriormente proferido. Dessa forma, sempre que um órgão jurisdicional se valer de uma decisão previamente proferida para fundamentar sua decisão, empregando-a como base de tal julgamento, a decisão anteriormente prolatada será considerada um precedente”. Para que se fundamente uma decisão a partir de um precedente, deve-se observar o ratio decidendi. Segundo o art. 489 do CPC, não se considera fundamentada qualquer decisão judicial que se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos. Nem sempre a ementa aponta para as exatas circunstâncias do caso, logo, faz-se necessário a análise do inteiro teor, devendo ocorrer a demonstração clara de similitude a partir da construção do arcabouço fático. Veja-se, não é necessário que o caso seja idêntico mas sim que haja similitude e que as divergências são sejam suficientes para afastar a utilização do precedente. Quando o magistrado deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, deverá demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento, sob pena de ser a sua decisão considerada desfundada. Para que se utilize determinado precedente em um processo, ele deverá estar inserido na ratio decidendi. Para que não se aplique determinado precedente em um processo, deve-se demonstrar a existência de distinção (distinguish). A parte não pode buscar a utilização de um precedente, como regra, apenas pela opter dictum (elementos periféricos utilizados na decisão que não constituem elementos essenciais fundamentação).
5.1. Superação de precedentes (overruling): Quem deve indicar a superação de um precedente são as instâncias superiores. Segundo o parágrafo 2º do art. 972, a alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em julgamento de casos repetitivos poderá ser precedida de audiências públicas e da participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a rediscussão da tese. O parágrafo 3º dispõe que, na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica. A revogação poderá ser feita com ou sem modulação. O STF pode julgar determinada situação e modular os seus efeitos. É possível que as alterações de precedentes ocorram sem a realização de audiência pública, desde que haja ampla divulgação. A revogação de súmula pode ser feita tacitamente, a exemplo da súmula 211 do STJ que, a partir da edição do art. 1.025 passou a julgar os recursos de questões somente de direito, não os remetendo à instância julgadora.
6. COISA JULGADA (art. 502 a art. 508): A coisa julgada serve para pacificar um conflito jurídico. Considera-se que uma causa já foi julgada quando ela for igual a outra que já foi julgada. Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso. A coisa julgada pode ser formal ou material. A coisa julgada formal se refere a aspectos processuais da demanda (exemplo: apresentação de procuração ad judicia – ausência de capacidade postulatória – coisa julgada formal). A coisa julgada não é um efeito da decisão, mas sim uma característica e qualidades. A coisa julgada possui limites objetivos e subjetivos.
6.1. Limites objetivos: A parte dispositiva é a resposta à formulação da pretensão deduzida pela parte. A resposta é o que faz trânsito em julgado, ou seja, a parte dispositiva é o que irá formar a coisa julgada. O limite objetivo da coisa julgada é a parte dispositiva da decisão. Deve-se verificar que a motivação deverá constituir coisa julgada se consistir em questão prejudicial. A questão prejudicial é uma incoerência lógica que obsta que a pretensão principal seja julgada (exemplo: pretende-se o pagamento de hora extra, porém, o autor nunca foi funcionário do réu). Segundo o art. 503, a decisão que julgar total ou parcialmente o mérito ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal expressamente decidida. O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decida expressa e incidentalmente no processo, se: I – dessa resolução depender o julgamento de mérito; II – a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de revelia; III – o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão principal. Diante disso, percebe-se que a fundamentação excepcionalmente poderá fazer coisa

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