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Direito Processual Civil III - Matheus Barreto

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MARIA CAROLINA RIBEIRO
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TEORIA GERAL DOS RECURSOS
O Código de Processo Civil de 2015, diferentemente do anterior, trouxe consigo uma ‘parte geral’ – a Teoria Geral dos Recursos traz regras específicas aplicáveis a todos os recursos. O conceito de recursos o diferencia de outros atos que também se prestam a impugnar decisões judiciais, mas que não são propriamente recursos. O recurso é um ato jurídico voluntário, que serve para impugnar uma decisão judicial dentro do mesmo processo, e que poderá ser julgado pelo próprio órgão que proferiu a decisão impugnada ou por um órgão hierarquicamente superior. Diante desse conceito, é possível diferenciar o recurso de outros atos. A remessa necessária, por exemplo, não é um recurso, diante da ausência de voluntariedade. A ação rescisória também não é um recurso, já que se trata de uma ação diversa, não estando dentro do processo impugnado. O mesmo pode ser dito acerca do mandado de segurança contra decisão judicial, que ocorre em ação autônoma. O recurso é um dentre os diversos meios que existem para impugnar decisões judiciais – não é o único meio, mas é o mais tradicional. Fredie Didier indica que existem alguns atos que não são recursos nem ações autônomas de impugnação, mas sim sucedâneos recursais, a exemplo do pedido de reconsideração e do reexame necessário. 
Segundo Fredie Didier Junior: O sistema de impugnação da decisão judicial é composto dos seguintes instrumentos: a) recursos; b) ações autônomas de impugnação; c) sucedâneos recursais. O recurso é o meio de impugnação da decisão judicial utilizado dentro do mesmo processo em que é proferida. Pelo recurso, prolonga-se o curso (a litispendência) do processo. A ação autônoma de impugnação é o instrumento de impugnação da decisão judicial, pelo qual se dá origem a um processo novo, cujo objetivo é o de atacar ou interferir em decisão judicial. Distingue-se do recurso exatamente porque não é veiculada no mesmo processo em que a decisão recorrida fora proferida. São exemplos: a ação rescisória, a querela nullitatis, os embargos de terceiro, o mandado de segurança e o habeas corpus contra ato judicial e a reclamação. Sucedâneo recursal é todo meio de impugnação de decisão judicial que nem é recurso nem é ação autônoma de impugnação. É uma categoria residual: o que não for recurso, nem ação autônoma, será um sucedâneo recursal. A categoria dos sucedâneos recursais engloba, enfim, todas as outras formas de impugnação da decisão. São exemplos: pedido de reconsideração, pedido de suspensão da segurança e a correição parcial.
DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO: Dentro do estudo dos recursos há um ponto importante que é bastante debatido pela doutrina: questiona-se se o duplo grau de jurisdição é um direito fundamental ou somente um valor ou princípio. Esse tema também foi bastante discutido no caso do mensalão, pois como a ação já corria no STF, não havia a possibilidade de interposição de recurso. Alguns entendem que é inconcebível a ideia de processo sem a possibilidade de interposição de recurso, entendendo que o duplo grau de jurisdição é uma garantia fundamental, não podendo ser restringido. Para quem endente que o duplo grau de jurisdição é uma garantia fundamental, as restrições de determinadas hipóteses recursais que ocorreram diante das mudanças Código de Processo Civil de 2015 são incompatíveis com a Constituição Federal, pois há a diminuição de um direito fundamental e, isso vai diretamente conta o princípio da vedação ao retrocesso. Outra parcela da doutrina entende que, o duplo grau de jurisdição é um valor, um princípio, mas que não se trata de garantia processual. Matheus Barreto entende que o duplo grau é um valor processual que orienta o processo, mas que não é parte umbilical do processo, sendo possível a sua visualização sem que haja um recurso. Nem todo princípio é um direito fundamental e, nem todo direito fundamental se reveste na forma de princípio.
POSSIBILIDADE DE TRANSIGIR EM MATÉRIA DE RECURSO: Questiona-se se é possível a realização de negócio jurídico processual em relação à possibilidade de interposição de recurso. Grande parcela da doutrina entende que é possível existir um negócio jurídico processual suprimindo uma ou várias hipóteses recursais. Essa mesma parcela doutrinária entende que não é possível a criação de hipótese recursal, mas a supressão é possível. A ideia de supressão de hipótese recursal não é tão facilmente aceita para aqueles que enxergam o duplo grau de jurisdição como uma garantia fundamental.
CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS:
· Quanto à extensão da matéria: O art. 1.002 do CPC indica que, a decisão pode ser impugnada no todo ou em parte. Recurso parcial é aquele que não compreende a totalidade do conteúdo impugnável da decisão. Em regra, a sentença deve espelhar o que foi pedido na exordial e na contestação e, é possível que haja a cumulação de pedidos. No recurso, é possível recorrer somente em relação a determinados aspectos e, esse é o recurso parcial. Deve-se lembrar que, aquilo que não for recorrido gera o trânsito em julgado parcial, produzindo os efeitos – isto é, o capítulo não impugnado preclui. Segundo o parágrafo primeiro do art. 1.013 do CPC, serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado. Recurso total é aquele que abrange todo o conteúdo impugnável da decisão recorrida e, se o recorrente não especifica qual a parte em que impugna a decisão, o recurso deve ser tido como total.
· Quanto à fundamentação: O recurso pode ser de fundamentação livre ou de fundamentação vinculada. Recurso de fundamentação livre é aquele no qual o recorrente é livre para, em suas razões de recurso, impugnar a decisão do modo que melhor lhe convier, sem que isso influa em sua admissibilidade. No recurso de fundamentação vinculada, a fundamentação do recurso é limitada pela lei, ou seja, a fundamentação do recurso é tipificada, devendo se encaixar em um dos tipos legais. Um exemplo de recurso cuja fundamentação é dada pelo legislador são os embargos de declaração: diante de omissão, obscuridade, contradição ou erro material na decisão recorrida, os embargos de declaração são cabíveis. Além dos embargos, são exemplos de recursos de fundamentação vinculada o recurso especial e o recurso extraordinário.
DESISTÊNCIA DO RECURSO: Para que haja a desistência de uma ação após a citação, é necessário que haja a anuência do réu. O juiz pode suprir a anuência do réu se for verificado o abuso de direito por parte deste. A desistência da ação extingue o processo sem resolução de mérito, sendo possível a repropositura da ação. No caso da desistência do recurso, a regra não é tão rígida. O art. 998 do CPC indica que, o recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. A desistência de um recurso pode ocorrer até o julgamento – iniciado o julgamento, não é mais possível desistir. Em relação à desistência de um recurso, havia uma questão que antes era doutrinária e que atualmente encontra-se positivada no Código de Processo Civil, qual seja, a desistência dos recursos nos casos de julgamento em bloco de recursos extraordinários ou especiais repetitivos. A técnica processual do julgamento em bloco funciona da seguinte forma: há uma quantidade grande de processos no STJ e no STF tratando de um mesmo tema. Para que uma demanda cheque a estas instâncias, discute-se eminentemente uma tese, uma questão de direito. Antes, era necessário julgar e processar cada processo, porém, em 2006 se criou a técnica de julgamento em blocos ou de julgamento de demandas repetitivas. Dos processos que se encontram nos tribunais superiores, são escolhidos os mais representativos e, os outros são sobrestados. A decisão dada ao processo escolhido deverá ser aplicada a todos os outros. O problema é que, nessas demandas repetitivas, quando havia desistência do recurso eleito como representante da controvérsia, todaa marcha processual para o julgamento daquele recurso caia por terra. Passou-se a questionar se as regras comuns para a desistência do recurso eram cabíveis no caso específico das demandas repetitivas. Parte da doutrina indicou que o recorrente não pode perder o seu direito de desistência do recurso pelo fato de ter tido o seu recurso eleito. Segunda parte da doutrina indicou que não seria possível prejudicar aqueles que aguardavam o julgamento daquele recurso para que a sua demanda voltasse a ter seguimento. À época, surgiu o entendimento de que o recorrente poderia desistir daquele recurso e, os efeitos da desistência recairiam sobre o recorrente, todavia, a estrutura física do recurso é mantida e utilizada para o julgamento, não havendo a necessidade de eleger um novo recurso. Esse entendimento é trazido pelo parágrafo único do art. 998 do CPC: a desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquele objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos. A desistência de recurso, além de não depender da anuência do réu, também não depende de homologação judicial, diferentemente do que ocorre na desistência da ação. Quando a parte desiste do seu recurso, este deixa de existir, pois foi revogado – não há mais como ser julgado, pois é ineficaz no julgamento.
RENÚNCIA: A renúncia do direito de recorrer é o ato pelo qual uma pessoa manifesta a vontade de não interpor o recurso de que poderia valer-se contra determinada decisão e, independe da aceitação da outra parte. É possível que haja a renúncia a qualquer momento, inclusive já tendo havido o início do julgamento. Havendo litisconsórcio unitário, a renúncia somente será eficaz se todos os litisconsortes a ela anuírem. Se, após a renúncia, o recurso for interposto, será considerado inadmissível, pois a renúncia é fato extintivo do direito de recorrer. O direito de recorrer pode ser renunciado tanto ao longo do processo quanto posteriormente. No momento em que há a renúncia, ela se dá de forma pro futuro. A aceitação e a renúncia implicam preclusão lógica do direito de recorrer. É possível que ocorra a preclusão do direito de recorrer por conta de comportamentos incompatíveis com o direito de recorrer. O tratamento da renúncia encontra previsão nos arts. 999 e 1.000 do CPC/15. 
JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL: Antes, o bom advogado era aquele que sabia encontrar nulidades dentro do processo. Com o tempo e, principalmente após a tese defendida por Cândido Rangel Dinamarco na década de setenta, foi-se percebendo que a função do processo é efetivar o direito material e, diante de um vício sanável, seria mais favorável o corrigir do que nulificar todo um processo. Quando os tribunais estabeleceram a lógica do juízo de admissibilidade dos recursos, verificou-se maior afinidade com a tese antiga, do que com a tese da convalidação dos vícios processuais quando esta for possível. Esse posicionamento dos tribunais tem uma razão de ser: cada vez mais ocorre o aumento do número de ações propostas. Isso gerou impacto na primeira instância e nas instâncias superiores. Por conta da grande quantidade de ações, os tribunais passaram a inadmitir determinados recursos diante da ausência de alguns requisitos de admissibilidade – esse comportamento dos tribunais ganhou o nome de ‘jurisdição defensiva’. O Código de Processo Civil de 2015 surge com a ideia de destruir a jurisdição defensiva e, isso se inicia a partir do art. 6º, que indica que: todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. Quando o artigo indica que se deve buscar a decisão de mérito, fala-se também do mérito recursal. O art. 6º encontra-se dentro da categoria de normas fundamentais do processo, ou seja, perpassa por todo o processo, orientando toda a interpretação. Em relação ao juízo de admissibilidade, ainda é possível indicar a previsão contida no art. 932, parágrafo único, que indica que: Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível. Aquele que não tem suas razões recursais analisadas se sente injustiçado e tenta, através de outros meios, fazer com que o seu recurso seja conhecido. Atualmente, a regra é que é possível a emenda recursal, desde que haja condições para isso. Vige o princípio da primazia da decisão de mérito – não só o mérito do processo, mas também do recurso. O juízo de admissibilidade é a decisão sobre a aptidão de um procedimento ter o seu mérito examinado. Dentro de um processo, sempre existem dois exames: primeiro, analisa-se a possibilidade da realização do exame do conteúdo da demanda e, em caso de possibilidade, examina-se a procedência ou não daquilo que se postula. No juízo de admissibilidade, verifica-se a existência dos requisitos de admissibilidade. O juízo de admissibilidade sempre será preliminar ao juízo de mérito, que somente será analisado se o recurso for admitido. O juízo de admissibilidade é um juízo sobre a validade do procedimento, devendo ter como base o sistema das invalidades processuais.
· REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE:
· Cabimento: Para cada espécie de decisão há um recurso próprio cabível. O art. 994 do Código de Processo Civil traz um rol taxativo de recursos disponíveis no ordenamento jurídico. O rol de recursos foi diminuído em relação ao Código de Processo Civil de 1973. Ao lado de cada recurso cabível contra uma decisão, há uma hipótese recursal que é cabível em todas as decisões, qual seja o embargo de declaração. Existem sentenças que são embargáveis e apeláveis ao mesmo tempo. O princípio da fungibilidade de recursos relativiza a regra que indica que para cada decisão há um recurso cabível. Para que um recurso interposto erroneamente seja convertido, existem dois requisitos: (1) o recurso interposto erroneamente deve ter sido interposto no prazo do recurso correto – o Código de Processo Civil de 2015 trouxe a regra da unicidade recursal, indicando que todos os recursos devem ser interpostos dentro de quinze dias úteis (dez dias nos juizados), exceto os embargos de declaração, que devem ser interpostos em cinco dias; (2) o erro deve ter sido um erro justificável – essa questão é relativa, pois quem analisa se o erro é justificável é o relator
Segundo Fredie Didier Júnior, o cabimento é requisito de admissibilidade que deve ser examinado em duas dimensões. Se se interpõe um recurso adequado contra uma decisão recorrível, vence-se esse requisito intrínseco de admissibilidade recursal. O cabimento, então, se desdobra entre a previsão legal do recurso e a sua adequação: previsto o recurso em lei, deve-se verificar se ele é adequado a combater aquele tipo de decisão. Presentes tais requisitos, o recurso se mostra cabível. Pelo princípio da fungibilidade dos recursos, permite-se a conversão de um recurso em outro, no caso de equívoco da parte, desde que não haja erro grosseiro ou que não tenha ocorrido a preclusão do prazo de interposição. O princípio da fungibilidade decorre dos princípios de boa-fé processual, da primazia da decisão de mérito e da instrumentalidade das formas. Em geral, deve-se aceitar um recurso pelo outro quando não houver má-fé ou outro comportamento contrário à boa-fé. De acordo com a regra da unicidade (unirrecorribilidade ou singularidade), não é possível a utilização simultânea de dois recursos contra a mesma decisão, pois para cada caso, há um recurso adequado, e somente um.
· Legitimidade: A legitimidade para a interposição do recurso está prevista no art. 996 do CPC: "O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica”. A regra é que quem perde possui interesse recursal, portanto, poderá recorrer. No entanto, existem hipóteses em que o sujeito não perdeu claramente, mas possui interesse recursal, podendo recorrer. Para saber se alguém ganhouou perdeu um processo, deve-se analisar a parte dispositiva da sentença. É possível que em uma sentença haja a procedência da ação, mas que a parte ainda seja perdedora. A cumulação imprópria de pedidos pode ser subsidiária ou alternativa. Quando ocorrem pedidos alternativos, havendo a procedência de um deles, o autor é vencedor da ação, porém, é possível que o juiz conceda o pedido subsidiário, e o autor não esteja totalmente satisfeito. Neste caso, o dispositivo da sentença indica a procedência do pedido, no entanto, subsiste legitimidade recursal: mesmo vencedor, o sujeito possui interesse recursal e é legitimo para recorrer. Uma outra questão diz respeito aos precedentes: às vezes o sujeito ganha a ação, porém, algumas espécies de decisões podem gerar precedentes que vinculam o comportamento do poder judiciário e, o precedente formado pode prejudicar o mesmo sujeito no futuro. O sistema de precedentes judiciais influencia em todo Código de Processo Civil. É possível também que o sujeito ganhe no pedido, mas perda nas questões acessórias.
Segundo o Código de Processo Civil, cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual (art. 996, parágrafo único, CPC). Há uma série de situações processuais em que o terceiro pode interferir. Terceiro é aquela pessoa que não fez parte do processo, mas poderia ter feito, inclusive como assistente ou litisconsorte. O terceiro precisa demonstrar como aquela decisão interfere, demonstrando que possui interesse processual. O terceiro não precisa ter participado do processo. A formação de precedentes pode afetar terceiro, que terá interesse e legitimidade para recorrer. 
O Ministério Público pode atuar como autor ou como fiscal da ordem jurídica. Quando o Ministério Público atuar como parte, incidem as regras aplicáveis à ‘parte vencida’. A legitimação recursal do Ministério Público como fiscal da ordem jurídica é concorrente com a das partes, mas é primária, independendo do comportamento das partes. Segundo a Súmula 99 do STJ, o Ministério Público tem legitimidade para recorrer no processo em que oficiou como fiscal da lei, ainda que não haja recurso da parte.
· Interesse recursal: A regra básica do interesse recursal é a sucumbência: aquele que perde no processo tem interesse recursal. Com o Código de Processo Civil de 2015, mesmo diante da ausência de sucumbência, existem hipóteses em que o interesse existe, a exemplo da formação de precedentes, dos pedidos subsidiários e das questões acessórias ao pedido principal.
Segundo Fredie Didier Júnior, para que o recurso seja admissível, é preciso que haja utilidade e necessidade. Costuma-se relacionar o interesse recursal à existência de sucumbência ou gravame. Embora possa ser considerada uma boa diretriz, é preciso ter cuidado com a afirmação: para opor embargos de declaração, não é necessário ser sucumbente. Além disso, o terceiro não sucumbe, exatamente por ser terceiro, mas, nem por isso está impedido de recorrer. O autor vitorioso no pedido subsidiário pode recorrer para obter o pedido principal (art. 326, CPC).
· Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer: Há requisitos negativos de admissibilidade do recurso – fatos que não podem ocorrer para que o recurso seja admissível. A preclusão lógica é um fato extintivo do poder de recorrer, por exemplo – a preclusão lógica consiste na perda de uma situação jurídica processual de vantagem, por quem tenha realizado atividade incompatível com o respectivo direito (proíbe-se o venire contra factum proprium). O pagamento do que foi determinado pela condenação impede que haja o recurso. A interposição de embargo de declaração impede que haja a apelação no mesmo momento – é necessário que se aguarde a decisão do embargo, para somente depois ocorrer a interposição do recurso. Ao analisar a chance recursal, deve-se analisar se houve ou não um fato impeditivo do direito.
· Tempestividade: Existem algumas considerações acerca da tempestividade. A primeira delas é que os prazos são contados em dias úteis. Uma outra questão é a unificação prazo dos recursos, com exceção dos embargos de declaração. Havia uma regra no antigo CPC, que dizia que nas hipóteses de litisconsórcio cujos procuradores fossem distintos, os prazos seriam contados em dobro. O Código de Processo Civil de 2015 indica que, em processos eletrônicos, essa regra não vige. Recurso prematuro é a perda do prazo recursal em razão da antecipação do recurso. Muitas vezes, é possível saber a decisão antes mesmo de sua publicação, e, nesse contexto, recursos eram interpostos antes do início dos prazos. O STF, por muito tempo, entendeu que esses recursos eram intempestivos diante da prematuridade e, uma vez já praticado o ato, não seria possível interpor recurso no prazo correto. O STF passou a aceitar a interposição prematura do recurso, não mais o considerando intempestivo. O art. 218, §4º do CPC acabou com a discussão em torno do discurso prematuro. “Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em lei. Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial”. Muitas vezes isso faz com que haja a celeridade do processo, respeitando o princípio da duração razoável do processo. Para alguns, é um dos poucos requisitos de admissibilidade que não admite a correção. Há aqueles que, mesmo diante de intempestividade, entendem pela possibilidade do saneamento – isso porque, podem ter ocorrido atos que permitam a dilação do prazo do recurso. Algumas vezes, existem feriados municipais e, o relator do processo não tem como saber – dessa forma, é ônus do recorrente, indicar tais questões, facilitando o juízo de admissibilidade. Segundo o art. 1.003, §6º: “o recorrente comprovará a existência de feriado local no ato do recurso”. Uma outra questão que era prevista pela lei 9.800 acabou sendo abarcada pelo Código de Processo Civil. Para a aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será considerada como data de interposição a data da postagem (art. 1.003, §4º, CPC) – diante desta previsão legal, considera-se cancelada a Súmula 216 do STJ, que adotava entendimento contrário.
· Regularidade formal dos recursos: O processo é um ato jurídico formal composto por uma série de atos jurídicos formais que devem ser observados, sob pena de invalidade. Um dos requisitos de validade do recurso é a observância da forma e, se o recurso não obedecer a prova, será inadmitido, desde que, havendo intimação para emenda, a correção não ocorra. O agravo de instrumento, por exemplo, deve possuir consigo todas as peças necessárias para o regular processamento do feito. Antes, não havia a possibilidade de emenda recursal, porém, agora há essa possibilidade.
Segundo Fredie Didier, para que o recurso seja conhecido, é necessário, o preenchimento de certos requisitos formais. O recorrente deve apresentar suas razões, impugnando especificamente os fundamentos da decisão recorrida (art. 932, III, CPC); juntar as peças obrigatórias no agravo de instrumento; juntar, em caso de recurso especial fundado na divergência jurisprudencial, a prova da divergência, bem como demonstrar com análise das circunstâncias da decisão recorrida e da decisão paradigma, a existência dessa divergência (art. 1.029, §10, CPC); afirmar a existência de repercussão geral do recurso extraordinário; formular o pedido recursal; respeitar a forma escrita para interposição do recurso. O recurso deve ser subscrito por quem tenha capacidade postulatória. 
· Preparo: É o recolhimento da taxa de custas recursais e, eventualmente de custas postais. Não há necessidade de recolhimento de custas para o beneficiário da gratuidade de justiça. A gratuidade, com o Código de Processo Civil de 2015, não se aplica mais para todo processo, mas para cada ato (nem todos os atos podem estar cobertos pela gratuidade da justiça). A insuficiência do preparo na apelação era a única hipótese deemenda recursal no antigo Código de Processo Civil – a insuficiência é o recolhimento a menor. Se não houvesse recolhimento, não haveria possibilidade de emenda; se houvesse recolhimento, mas ausência de comprovante, também não haveria emenda. A inadmissibilidade diante de ausência de preparo se chama de deserção. Com o Código de Processo Civil de 201, bastaria o art. 932 para admitir a emenda, porém, o Código teve um cuidado ainda maior, porque previu a possibilidade de má-fé. No art. 1.007, o Código de Processo Civil tratou de todas as hipóteses do preenchimento do preparo: no ato de interposição de recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. Segundo o parágrafo 1º, são dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal. Segundo o parágrafo 2º, a insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará em deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo de cinco dias. Essa previsão já existia no Código Processual Civil de 1973. O parágrafo 3º indica que, é dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos eletrônicos – tratam-se de custas postais. O parágrafo 4º é a grande inovação, e indica que o recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção. Nesse caso, diante da não comprovação ou do não recolhimento, há a possibilidade do recolhimento do preparo, no entanto, haverá uma penalidade, qual seja, o recolhimento em dobro. O parágrafo 5º indica que é vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive porte de remessa e retorno, no recolhimento realizado na forma do §4º. Nesse caso, buscou-se impedir comportamentos de má-fé, sendo necessário que, diante da não comprovação ou do não recolhimento, ocorra o pagamento do valor total do preparo em dobro, pois, se a emenda ao preparo ocorrer de forma parcial, será vedada a complementação. O parágrafo 6º dispõe que, provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção, por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de cinco dias para efetuar o preparo. O justo impedimento seria uma greve bancária, por exemplo. O parágrafo 7º tratou de dispor de algo que ocorria corriqueiramente: o equívoco no preenchimento da guia de recolhimento – o equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar o vício no prazo de cinco dias. O relator também pode optar por intimar o órgão arrecadador. Os arts. 6º e 10º do Código de Processo Civil já se mostravam suficientes para que o saneamento ocorresse, porém, como forma de garantia, a norma trouxe os arts. 932 e 1.007.
JUÍZO DE MÉRITO RECURSAL: Feito o juízo de admissibilidade, passa-se ao juízo do mérito recursal. Nem sempre o mérito do recurso irá se confundir com o mérito da ação, seja em razão do seu conteúdo, seja em razão da extensão do conteúdo. Em uma ação podem existir por exemplo, cinco pedidos. Três foram procedentes, logo, o objeto do recurso somente diz respeito aos outros dois pedidos, portanto, a extensão recursal será menor. No recurso pode-se tratar de duas causas de pedir: pode-se recorrer discordando da tese jurídica do julgador e, a causa de pedir recursal será o error in iudicando (discordância da interpretação jurídica do magistrado). Normalmente quando há error in iudicando, discute-se ao menos em parte o mérito do processo. Também é possível discordar da forma como foi conduzido o processo em primeiro grau – neste caso, se diz que há erro no processo, ou seja, error in procedendo. No recurso pode-se alegar vícios no que diz respeito à interpretação jurídica do juiz ou da forma como ele conduziu o processo. Quando se discute erro de prova, não há coincidência com o mérito do processo. Nos embargos, quando se alega uma omissão, há error in procedendo, pois a sentença é citra petita. Quando o juiz deixa de julgar algo, há uma lacuna no processamento. Por conta da eventualidade recursal, pode-se cumular as alegações, ou seja, indicar que houve error in iudicando e error in procedendo. No recurso, é possível pedir que o juiz desfaça o ato recorrido. Um exemplo seria a ausência de citação: o Tribunal, no momento em que acolhe as razões recursais, anulará a sentença e, em regra devolve os autos para a instância de origem (juízo a quo). Existem casos em que o relator anula a sentença e não devolve os autos e, neste caso tem-se o juízo substitutivo. Sempre que possível, recomenda-se que o tribunal realize a cumulação de atos, ou seja, rescindir o julgamento de primeiro grau e julgar a causa se ela estiver madura (Tese da Causa Madura). O parágrafo 4º do art. 938 indica que, constatada a ocorrência de vício sanável, inclusive aquele que possa ser conhecido de ofício, o relator determinará a realização ou a renovação de ato processual, no próprio tribunal ou em primeiro grau de jurisdição, intimadas as partes. Cumprida a diligência, o relator, sempre que possível, prosseguirá no julgamento do recurso. O art. 1.013, §3º, indica que a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando: reformar sentença fundada no art. 485; decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou causa de pedir; constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo; decretar a nulidade da sentença por falta de fundamentação.
PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS: Quando se recorre, há situação que não agrada àquele que perdeu e, a regra é que não é possível reformar a sentença para prejuízo do recorrente. Muitas vezes existem dois recursos e, diante disso, a situação do recorrente pode ser agravada não por conta do seu recurso, mas por conta do recurso da outra parte. A regra é a vedação da reformatio in pejus, mas, existem casos que flexibilizam a regra. De acordo com Fredie Didier, o julgamento do recurso não pode agravar a situação do recorrente, ou melhora, ou a mantém. Se somente um dos litigantes recorre, a parte favorável da decisão irá transitar em julgado, não sendo lícito ao órgão ad quem exercer sobre ela atividade cognitiva, muito menos retirar, no todo ou em parte, a vantagem obtida com o pronunciamento de grau inferior. Há reformatio in pejus quando o órgão ad quem, no julgamento de um recurso, profere decisão mais desfavorável ao recorrente, sob o ponto de vida prático, do que aquela contra a qual se interpôs o recurso. Não se permite a reformatio in pejus em nosso sistema.
EFEITOS DOS RECURSOS:
· Impedimento ao trânsito em julgado: Os recursos, em regra, impedem o trânsito em julgado do processo – a existência de pendência recursal impede o trânsito em julgado do processo. Segundo Fredie Didier, a interposição do recurso impede o trânsito em julgado da decisão – o recurso prolonga o estado de litispendência. O Código de Processo Civil adotou a seguinte concepção: recurso inadmissível produz efeitos, inclusive o de impedir o trânsito em julgado, ressalvados os casos de intempestividade ou de manifesto descabimento. 
· Efeito translativo: Por mais que o recorrente indique quais as matérias recorridas, o tribunal está livre para analisar todas as questões que foram colocadas no processo. Por exemplo, em um processo, pode-se não ter percebido a incapacidade de uma das partes. O Tribunal está atrelado ao que foi devolvido, mas não está atrelado às razões da devolução.· Efeito devolutivo: No que diz respeito à horizontalidade, todo recurso tem efeito devolutivo (todo recurso devolve a matéria). A extensão do que se devolve é eleita pelo recorrente. No que diz respeito à profundidade da análise daquilo que se recorreu, não há limite. Quem irá determinar a profundidade da análise é o Tribunal, que pode observar outras questões que não foram colocadas no recurso (é o efeito translativo no recurso).
· Efeito de retratação ou regressivo: Também é efeito do recurso o efeito de retratação ou efeito regressivo: a regra anterior é que o juízo a quo não poderia se retratar daquilo que foi decidido a priori. Somente haviam duas hipóteses: quando havia extinção do processo com resolução de mérito nos casos de improcedência prima facie (art. 285A, CPC/73) ou nos casos de indeferimento da petição inicial, em um prazo de 48hrs. Atualmente, mantém-se a possibilidade de retratação nos casos de improcedência liminar de mérito e, pode haver também retratação em todas as hipóteses em que o processo seja extinto sem resolução do mérito (art. 485, §7º). 
· Efeito expansivo subjetivo: É possível que, em alguns casos, substitutos processuais recorram. O IRDR (incidente de resolução de demandas repetitivas) é analisado por um Tribunal de Justiça ou por um Tribunal Regional Federal. Quando se julga um IRDR, surge uma vinculabilidade na jurisdição do tribunal. Há hipótese recursal contra o IRDR: Recurso Especial e Recurso Extraordinário – julgado o recurso impetrado contra a decisão dada em sede de IRDR, o efeito da decisão que a princípio era apenas regional, gerará precedente no STJ e, isso implica na produção de efeitos em todo o território nacional. Alguns recursos, portanto, tem a capacidade de estender os efeitos subjetivos do recurso.
RECURSO ADESIVO: Trata-se de técnica processual e não de recurso em espécie. Um dos requisitos da admissibilidade do recurso é a sucumbência, no entanto, às vezes o sujeito ganha em parte e perde em parte. Quando se perde em parte, objetivamente surge o direito de recorrer, mas, subjetivamente, pode ser que o sujeito não possua o interesse em impugnar a decisão. O fato de ter ganhado e perdido em parte, necessariamente, faz com que a ex adversa também tenha tido um ganho em parte e uma derrota em parte. Ainda que o sujeito admita a decisão, há o risco de que a outra parte recorra e, existe o prazo de quinze dias para a interposição de recursos. Não há como monitorar precisamente em que momento a outra parte irá recorrer, ou se ela irá recorrer. O recurso adesivo serve à celeridade processual – a possibilidade de recurso adesivo é exatamente para que o sujeito não interponha recurso como medo de que a outra parte o faça. Como há a possibilidade de recurso adesivo, muitas vezes a parte deixa de interpor recurso defensivo. O recurso adesivo é a possibilidade de se recorrer, em casos de sucumbência recursal, quando a parte é intimada para apresentar contrarrazões – é uma segunda oportunidade que a parte tem de, não interpondo o recurso no prazo correto, mas, verificando que a outra parte recorreu, adira a recurso desta outra parte. Há a necessidade de sucumbência parcial. Não é em todas as hipóteses recursais que se admite o recurso adesivo: somente é possível aderir ao recurso da parte contrária nos casos de apelação, recurso especial e recurso extraordinário. Há ainda uma regra basilar: o recurso adesivo segue a sorte do recurso independente, pois está aderido a algo. O art. 997, §§1º e 2º do CPC indica que, cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das exigências legais. Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o outro. O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa. É necessário o preenchimento de todos os requisitos do recurso que seria impetrado. Se o recurso principal cair por conta de qualquer vício de admissibilidade, o recurso adesivo também cairá. O recurso adesivo será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a parte dispõe para responder. O prazo para a interposição do recurso adesivo é o de que dispõe a parte para apresentar contrarrazões ao recurso principal (o recurso independente que fora interposto pela outra parte), conforme o inciso I do §2° do art. 997 do CPC. A parte não precisa apresentar contrarrazões e apelar adesivamente. Não será o conhecido o recurso adesivo se houver desistência do recurso principal ou se ele for considerado inadmissível. O fato de alguém aderir ao recurso não implica na desnecessidade de preenchimento dos requisitos. Para que o recurso adesivo ocorra, não é necessário que ele se relacione com os pontos trazidos no recurso principal. De acordo com Fredie Didier, recurso adesivo é o recurso contraposto ao da parte adversa, por aquela que se dispunha a não impugnar a decisão, e só veio a impugná-la porque o fizera o outro litigante. Somente é possível cogitar de interposição adesiva em caso de sucumbência recíproca. O recurso adesivo se submete aos mesmos requisitos de admissibilidade do recurso principal.
SUCUMBÊNCIA RECURSAL: Art. 85, §11º, Código de Processo Civil. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor (regra da causalidade). O tribunal, ao julgar o recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§2º a 6º, sendo vedado ao tribunal no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§2º e 3º para a fase de conhecimento. Quem perde, ou seja, quem deu causa ao processo, paga honorários. Caso a outra parte interponha recurso e, este recurso seja inadmitido ou admitido porém desprovido, o relator poderá majorar os honorários. Isso evita os recursos com fins protelatórios. Indica Fredie Didier que, os honorários de sucumbência decorrem da causalidade – ao vencido, cabe arcar com os honorários de sucumbência, pois, o vencido foi quem deu causa ao ajuizamento da demanda.
APELAÇÃO
Existiram mudanças do ponto de vista formal (como se processa o recurso da apelação) e do ponto de vista material (o que se pode impugnar na apelação). A apelação é em regra, o recurso cabível contra a sentença. O Código de Processo Civil adota o conceito do que é sentença, não a partir do conteúdo da decisão, mas a partir do que essa decisão gera de efeitos no processo. Atualmente, entende-se que sentença é a decisão que põe fim a uma fase do processo, enquanto que a decisão interlocutória não tem esse condão. Nem toda sentença é atacada por apelação. Na Justiça Federal, existem determinadas hipóteses em que o recurso cabível contra a sentença é o recurso ordinário constitucional. A sentença que decreta uma falência durante um processo de recuperação judicial tem como recurso cabível o agravo de instrumento. Nos juizados especiais, o recurso cabível contra a sentença é o recurso inominado. Dentro da regra do cabimento, o recurso cabível contra a sentença, em regra é a apelação. Além do aspecto formal, houve mudança a respeito de quais matérias podem ser tratadas na apelação. O regime jurídico de impugnação das decisões interlocutórias no Código de Processo Civil de 2015 foi extremamente modificado – em 1973, a regra era que todas as decisões interlocutórias eram impugnáveis através do agravo, que poderia ser interposto na modalidade retida ou instrumento. O Código de Processo Civil de 2015 extinguiu o agravo retido e, as hipóteses de cabimento do agravo de instrumento foram tipificadas. Não cabe hipótese de agravo contra todos os tipos de decisão interlocutória. É possível conviver com um sistema em que algumas espécies de decisões não sejam impugnáveis através de recurso. Parte da doutrina entende que existem espécies de decisõesinterlocutórias que são atacáveis por meio de apelação. O art. 1.009 indica que da sentença cabe apelação. As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões. Na época do Código de Processo Civil de 1973, o agravo retido era a regra, eventualmente, se fosse demonstrada que a decisão poderia causar dano de difícil reparação, o agravo instrumental poderia ser interposto. O agravo retido servia como uma forma de afastar a preclusão de determinada matéria. O agravo ficava retido nos autos e, se o juiz proferisse sentença desfavorável e o agravo fosse útil, em sede recursal era necessário indicar o desejo de que o agravo retido fosse analisado. O julgamento do agravo instrumental é imediato
APELAÇÃO CONTRA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA: O Código de Processo Civil de 1973 previa que toda e qualquer questão interlocutória seria recorrível. Tais decisões eram impugnáveis através do agravo, que poderia ser interposto na modalidade retida ou na modalidade instrumental. Com a Lei 11.187/2005, passou-se a entender que a decisão interlocutória deveria ser atacada via agravo retido, salvo quando houvesse risco de lesão grave ou de difícil reparação. Era possível ainda que o juiz realizasse a conversão do agravo de instrumento em agravo retido, caso entendesse que não havia o supracitado risco. O agravo retido era interposto para evitar a preclusão e, o agravo somente era julgado pelo tribunal se não houvesse retratação do juízo de primeiro grau e se a parte o reiterasse perante o tribunal através da apelação. O Código de Processo Civil de 2015 somente manteve o agravo instrumental, indicando quais as decisões que poderiam ser impugnadas pelo agravo de instrumento. Somente são agraváveis as decisões nos casos expressamente previstos em lei. Diante disso e da disposição trazida pelo art. 1.009, CPC, entende-se que as decisões não agraváveis devem ser atacadas através da apelação. Com o Código de Processo Civil de 2015, as decisões não agraváveis não se sujeitam à imediata preclusão, devendo haver impugnação na apelação, sob pena de preclusão.
PREMISSA GERAL PRA COMPREENSÃO DO ART. 1.009, §10, CPC: Segundo o art. 1.009 do CPC, as questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões. A parte que pretender recorrer de decisão interlocutória não agravável, terá que fazê-lo na apelação contra a sentença ou nas contrarrazões. No regime de agravo retido do Código de Processo Civil 1973, a parte praticava dois atos agravava a decisão interlocutória e ratificava o agravo retido na apelação ou contrarrazões. Como não cabe agravo retido no sistema do Código de Processo Civil de 2015, a parte simplesmente recorre. Atualmente, a apelação também serve para impugnar decisões interlocutórias, mas não todas, apenas as não agraváveis. Essa apelação pode ser interposta pelo vencido, mas também pelo vencedor.
REGULARIDADE FORMAL: No Código de Processo Civil de 1973, a apelação era interposta no juízo de primeiro grau e, havia uma análise do preenchimento dos requisitos formais da apelação (juízo de admissibilidade a quo) – o juiz de primeiro grau fazia um primeiro crivo, tanto que havia recurso próprio para destrancar a apelação, a levando para o tribunal caso o juiz de primeiro grau barrasse a apelação no juízo de admissibilidade prévio. Atualmente, a apelação ainda é interposta no primeiro grau, porém, o juiz a quo não realiza o juízo de admissibilidade. Após a apelação, abre-se o prazo para contrarrazões. Após isso, o juiz remete os autos para o segundo grau, não realizando nenhum crivo de validade (juízo de admissibilidade desdobrado). É função do relator realizar a análise da admissibilidade. Durante a vacatio legis, todas as hipóteses de juízo desdobrado de admissibilidade foram extintas do Código de Processo Civil. Tem-se uma exceção: no caso dos Recursos Especiais e dos Recursos Extraordinários, há o recebimento pelo presidente ou vice-presidente do tribunal e, eles farão a análise de validade (em regra, tais recursos são inadmitidos e não são remetidos às instâncias superiores). A apelação é um recurso sujeito a preparo, devendo haver o recolhimento de custas judiciais. O prazo para a interposição de recurso é de quinze dias úteis. A apelação é um recurso de fundamentação livre. A apelação admite a modalidade adesiva.
EFEITOS: 
· Efeito suspensivo: A apelação é o único recurso que possui efeito suspensivo decorrente de lei. Outros recursos podem ser dotados de efeito suspensivo, mas, na apelação, essa questão não precisa ser suscitada. Em alguns casos determinados por lei, a apelação não possuirá efeito suspensivo. Segundo o art. 1.012 do Código de Processo Civil, determinadas decisões passam a produzir efeitos após a sentença, mesmo que haja recurso. A primeira hipótese é quando houver apelação contra sentença que homologar divisão ou demarcação de terras. A segunda hipótese é quando há apelação contra sentença que condena a pagar alimentos – nesse caso, tem-se o propósito evidente: permitir o cumprimento provisório da prestação alimentícia. A terceira hipótese diz respeito à apelação contra sentença que extingue sem resolução de mérito ou julga improcedentes os embargos do executado. Também há ocorrência de efeitos na apelação contra sentença que julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem. A quinta hipótese tratada pelo art. 1.012, CPC diz respeito à apelação contra sentença que confirma, concede ou revoga a tutela provisória. Por fim, ocorrerão efeitos no caso de apelação contra sentença que decreta a interdição. 
· Efeito devolutivo: Como todo recurso, a apelação possui o chamado efeito devolutivo, ou seja, devolve a matéria para o tribunal. Deve-se lembrar que existe a questão da escolha da extensão do que se devolve, mas não se escolhe a profundidade da análise do que se recorre. Se há uma questão não tratada no processo, o juiz deverá intimar as partes (regra da vedação da decisão surpresa). 
· Efeito retratativo: Toda hipótese de sentença que extingue o processo sem resolução do mérito, quando sujeita à apelação, pode ser retratada. Dessa forma, a demanda volta a ser processada. Em regra, a apelação não admite retratação do juízo que proferiu a sentença. Publicada a sentença, o juiz não pode, em regra, alterá-la. Tal regra, conhecida como inalterabilidade da sentença, comporta exceções e, algumas dessas exceções dizem respeito à interposição de apelação. É possível a retratação em certas hipóteses: apelação contra sentença que indefere a petição inicial; apelação contra sentença que julga liminarmente improcedente o pedido; apelação contra sentença que extingue o processo sem resolução do mérito; apelação contra sentença proferida nas causas que digam respeito a direitos de criança ou adolescente. Em todos esses casos, interposta a apelação, o juiz poderá se retratar, modificando sua própria sentença. É necessário que a apelação seja admissível para que isso ocorra. É recomendável que a retratação seja por escrito. O objetivo do processo é a obtenção de uma decisão com resolução do mérito. Além da retratação, que é uma forma de economia processual, são trazidas outras hipóteses, como a fungibilidade. Em algumas espécies de apelação, antes a regra era realizar o pedido de anulação. Se o juiz decretasse a invalidade da sentença, necessariamente os autos deveriam retornar ao primeiro grau. Se o tribunal verificar que o processo está maduro para julgamento, não havendo necessidade de outras providências, a decisão pode ser reformada, avançando no proferimento da decisão (art. 1.113, §3º) – Teoria da Causa Madura. Nos casos de sentença extra petita ou ultra petita, ocorrerá a anulação, mas, se houvercondição de julgamento, este deverá ocorrer. Constatada a omissão do exame de um dos pedidos, é possível que o relator avance no julgamento (hipótese de sentença citra petita). A sentença anulada por falta de fundamentação também pode ser julgada pelo relator, caso haja os pressupostos. A falta de fundamentação não é somente a ausência de fundamentação formal – existem uma série de técnicas processuais que são exigidas para que uma sentença seja considerada fundamentada (Art. 489, §1º). Deve-se analisar se substancialmente há fundamentação. Reformada a sentença que reconhece a decadência ou prescrição, se possível, o próprio tribunal proferirá a decisão. Às vezes, há a necessidade de produção de provas, mas, nem por isso os autos precisam voltar ao primeiro grau. O tribunal pode produzir provas, tanto é, que é possível a alegação de fatos novos supervenientes. O fato de uma demanda ser madura não indica que não é possível ampliar o lastro probatório.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
A primeira grande mudança a respeito dos embargos de declaração é em relação ao cabimento. Com o Código de Processo Civil de 1973, havia um questionamento sobre quais espécies de decisões poderiam ser objeto de embargo de declaração. Por conta da redação do art. 535 do CPC/73, muitos defendiam que apenas as sentenças e os acórdãos eram sujeitos aos embargos de declaração. Decisões interlocutórias como um todo, não seriam objeto de embargos de declaração. Essa tese persistiu por muito tempo, inclusive, no fim da vigência do Código de Processo Civil 1973, pequena parte da doutrina indicava que os embargos de declaração apenas seriam cabíveis contra sentença e acórdão, realizando uma interpretação literal do artigo. Por diversos momentos no Código de 1973, ocorria a utilização do termo ‘sentença’ como sinônimo de decisão. A partir da interpretação sistemática, os doutrinadores defenderam que o embargo de declaração é cabível contra qualquer tipo de decisão, inclusive contra a sentença. O art. 1.022 indica que cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para: I – esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; II – suprir omissão de ponto ou questão sobre a qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; III – corrigir erro material. Os embargos de declaração possuem fundamentação vinculada. Os embargos de declaração são cabíveis quando se afirmar que há, na decisão, obscuridade, contradição ou omissão ou erro material. Para que uma decisão seja considerada devidamente fundamentada, é necessário que não incorra em omissão, contradição, obscuridade ou erro material – para a correção desses vícios, é cabível a interposição de embargos de declaração. Há obscuridade quando a decisão não está tão inteligível. Contradição é quando a decisão judicial, por si só, é contraditória – o juiz fundamenta de uma forma e no dispositivo dispõe de modo contrário: a decisão não é coesa, não é coerente. Haverá omissão quando o juiz não se manifesta sobre determinada questão de ofício ou a requerimento – a decisão é tida como incompleta. É mais econômico e mais rápido realizar o embargo do que a apelação. O embargo de declaração nem sempre possuirá o efeito infringente. Não se deve confundir o extinto embargo infringente com os embargos de declaração com efeitos infringentes. Os embargos permitem que a decisão judicial seja clara, explícita, límpida e completa. Decisões irrecorríveis são embargáveis, pois, todas as decisões necessitam de fundamentação. O embargante deverá alegar existência de um dos vícios trazidos pelo art. 1.022, CPC, visto que os embargos possuem fundamentação vinculada. A alegação de um dos vícios é motivo para o conhecimento dos embargos e, a análise da ocorrência ou não de tais vícios será realizada através da análise de mérito – nesse caso, os embargos podem ser acolhidos ou rejeitados. Se a parte não alega um dos vícios trazidos pela lei, o caso será de não conhecimento dos embargos (rediscussão de mérito). A correção de erro material não era prevista em 1973, passando a ser visualizada no CPC de 2015.
JULGAMENTO DE CASOS REPETITIVOS: Historicamente, a omissão era considerada apenas a supressão da análise do juiz acerca do que foi pedido pela parte autora ou pela parte ré (analisava-se o dispositivo). Nunca se pensou a omissão diante do não tratamento de uma questão de julgamento. O Código de Processo Civil trouxe duas hipóteses em que prestigia a fundamentação como matéria que deve conter requisitos mínimos. Se a questão discutida for matéria que já se submeteu a ritos que fixam precedentes vinculativos, para aplicação ou para distinção, o juiz tem que se manifestar sobre a tese, no caso concreto, sob pena da decisão ser considerada omissa. Garante-se que os juízes estarão atrelados a ritos que fixam precedentes vinculativos e que conhecem a discussão havida em torno da tese.
ART. 489, §1º, CPC/15: Além das questões dos precedentes vinculativos, considera-se omissa a decisão que incorre em qualquer das condutas descritas no 489, §1º. Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I – se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com causa ou a questão decidida. II – Empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso. III – indicar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão. IV – não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador. V – se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos. VI – deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. 
PROCEDIMENTOS FORMAIS: Os embargos de declaração serão julgados pelo mesmo órgão que prolatou a decisão embargada. Tal recurso dispensa o preparo, sendo gratuito. O prazo para interposição de embargos de declaração é de cinco dias. Cada tipo de decisão possui um recurso cabível mais os embargos. Em ordem de julgamento, o embargo é preferido em relação aos outros recursos. A interposição de embargos interrompe o prazo para a interposição de recurso próprio – essa regra também é aplicada aos juizados, pois o Código de Processo Civil modificou a lei 9.099/95, que indicava que havia suspensão do prazo. O único recurso legal que suspende os efeitos da prescrição é a apelação, os embargos não possuem esse condão. Para desestimular a utilização protelatória dos embargos de declaração, existe uma multa específica para embargos meramente protelatórios – essa multa já existia no Código de Processo Civil de 1973, e foi ampliada em cem por cento (art. 1.026, §2º). Destaque-se que, tal multa é cumulável com a condenação por litigância de má-fé. A multa se reverte em proveito do embargado. Na reiteração dos embargos de declaração manifestamente protelatória, a multa será elevada até 10% sobre o valor atualizado da causa e a interposição de qualquer recurso ficará condicionada a depósito prévio do valor da multa, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário da gratuidade da justiça (recolhimento ao final). É possível opor embargos da decisão que julgou os embargos e, é possível a interposição de embargos ad eternum. Para evitar a utilização dos embargos como forma de protelar o processo, tem-se preclusão punitiva (art. 1.026, §4º). Não serão admitidos novos embargos de declaração se os dois interpostos anteriormente forem considerados protelatórios, ou seja, além da multa, perde-se o direito de praticar um ato processual. A interposição de embargos protelatórios fere a boa-fé processual. 
EFEITOS PREQUESTIONADORES DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO: Tanto o Recurso Especial quanto o Recurso Extraordinário se tratam de questões excepcionais. Nos Tribunais Superiores somente é possíveltratar de matéria de direito, não podendo haver rediscussão de matéria de fato. Além disso, exige-se que a matéria tenha sido prequestionada durante o processo – a questão de direito que está sendo suscitada no âmbito dos Tribunais Superiores não pode estar sendo suscitada pela primeira vez no recurso. Antes, para o STJ, não adiantava que o advogado solicitasse que o juízo de piso se pronunciasse sobre certa questão, sendo necessário que de fato houvesse a pronúncia. O STF, por outro lado, admitia o prequestionamento ficto. A tese do STF é a tese mais aceitável. Se a parte entender que o acórdão traz pela primeira vez matéria infraconstitucional ou constitucional, os embargos devem ser opostos.
De acordo com o Fredie Didier, para que caiba recurso especial ou extraordinário, é preciso que a matéria seja examinada no acórdão recorrido, ou seja, é preciso que tenha ocorrido pré-questionamento. Há pré-questionamento quando a matéria foi efetivamente examinada no acórdão ou na decisão que julgou a causa em última ou única instância. Se a matéria não for tratada no acórdão, haverá omissão, sendo cabível o embargo de declaração, com vistas a suprimir a omissão e obter o pré-questionamento. Opostos os embargos de declaração e não havendo apreciação a matéria pelo tribunal, não haveria, a princípio, pré-questionamento. Podem ser opostos novos embargos de declaração, pois persiste a omissão alegada – a oposição de embargos sucessivos, no entanto, poderá não resolver o problema e render ensejo à aplicação de multa. Em casos assim, havia divergência entre STJ e STF. O STJ entendia que não estaria configurado o pré-questionamento se não houvesse manifestação do órgão julgador, devendo a parte interpor recurso especial, alegando ofensa ao dispositivo do CPC que trata dos embargos de declaração, para que o acórdão seja anulado e para que a matéria omissão seja apreciada (Súmula 211, STJ). O STF, por outro lado, em vários precedentes aceita o pré-questionamento ficto – diante de omissão, a simples oposição de embargos seria suficiente para que fosse considerada prequestionada a matéria. O Código de Processo Civil de 2015 consagrou o entendimento do STF (art. 1.025, CPC). Se a matéria tiver sido suscitada ou se tratar de questão cognoscível de ofício, mas o tribunal não a tiver apreciado, a parte pode opor embargos de declaração para que seja suprida a omissão. Ainda que os embargos sejam rejeitados ou inadmitidos, considera-se caracterizado o pré-questionamento. Os Tribunais Superiores, no entanto, devem considerar que efetivamente tenha havido a omissão. Quando opostos para suprir uma omissão que impede a configuração de um pré-questionamento, os embargos de declaração não têm caráter protelatório (Súmula 98, STJ) – a parte utilizou os embargos como forma de viabilizar o recurso especial ou extraordinário que pretende interpor.
AGRAVO DE INSTRUMENTO
Originalmente, o recurso do agravo (que visa atacar decisões interlocutória) poderia ser interposto na modalidade retida ou na modalidade instrumental. O agravo retido somente tinha a função de evitar a preclusão da matéria. O agravo de instrumento é interposto diretamente no tribunal, o julgamento era imediato e às vezes era possível a suspensão do processo. Isso acabava gerando um entrave processual. Por conta da celeridade, houveram reformas ao longo do Código de Processo Civil de 1973, fazendo com que a regra fosse a interposição de agravo retido. Era necessário provar nos autos que a decisão agravada era capaz de lesar o direito do recorrente e, essa lesão deveria ser irreparável ou de difícil reparação para que fosse possível a interposição de agravo de instrumento. O Código de Processo Civil de 2015 eliminou o agravo retido. As decisões não agraváveis não se submetem à preclusão, podendo ser suscitadas como preliminares na apelação. O art. 1.015 indica quais as espécies de decisões interlocutórias que se submetem ao agravo de instrumento. Não é necessário indicar que a decisão irá gerar dano de difícil reparação. Haverá somente a análise objetiva, ou seja, se a decisão se enquadra no rol trazido pelo art. 1.015, CPC. O agravo de instrumento é o recurso cabível contra algumas espécies de decisões interlocutórias proferidas na fase de conhecimento e contra todas as decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação e cumprimento da sentença.
Art. 1.015.  Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:
I - tutelas provisórias;
São agraváveis todas as decisões referentes às tutelas provisórias, seja para concedê-las, seja para não concedê-las. Decisões que tratam sobre concessão ou denegação de qualquer tutela provisória se submete ao agravo de instrumento. 
II - mérito do processo;
Havia uma discussão doutrinária acerca da classificação das decisões: analisava-se se uma decisão era sentença ou interlocutória pelo conteúdo. Para alguns, sentença seriam todas as decisões que tivessem como conteúdo as hipóteses dos arts. 485 e 487 do Código de Processo Civil. Se essas decisões fossem proferidas ao longo do processo, indicava-se que havia uma sentença parcial de mérito. Uma outra doutrina indica que pouco importa o conteúdo das decisões – a classificação ocorreria em razão do efeito que ela gera no processo. Se a decisão põe fim a uma fase do processo, ela é uma sentença. Se a decisão não põe fim a uma fase processual, independentemente de seu conteúdo, ela será uma decisão interlocutória. Nada impede que hajam decisões ao longo do processo com a possibilidade de tratar do mérito do processo. 
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
Veja-se que, a decisão que acolhe a convenção de juízo arbitral não é agravável: somente a rejeição é agravável, como uma forma de valorizar a arbitragem.
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica
O incidente de desconsideração de personalidade jurídica sempre existiu, mas não havia tratamento legal do procedimento desse incidente. O juiz acabava criando em cada caso um procedimento. O Código de Processo Civil resolveu esse problema criando o procedimento do incidente. São agraváveis todas as decisões que versarem sobre o incidente de desconsideração da personalidade jurídica. O incidente é uma intervenção de terceiros, porém, como é um incidente processual, há outras decisões proferidas, por isso há um inciso específico: não se trata somente de decisão de admissibilidade ou não da intervenção de terceiro, podendo haver outras decisões a respeito do tema.
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação
No caso de deferimento, não há agravo. Nos casos de recusa ou de retirada do benefício cabe o agravo de instrumento.
VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
A exibição de coisa ou documento é uma forma de produção de prova. Quando há deferimento para exibição ou posse de coisa ou documento, a decisão é agravável.
VII - exclusão de litisconsorte;
Quando houver exclusão de litisconsorte, o litisconsorte excluído poderá interpor agravo de instrumento. 
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
A limitação do litisconsórcio ocorre quando este se dá na modalidade multitudinária. É possível a interposição de agravo de instrumento quando o juiz realizar tal limitação.
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
Todas as decisões que tratarem de admissão ou inadmissão de intervenção de terceiro se sujeitam ao agravo de instrumento.
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;
A defesa do processo autônomo de execução é feita através de um outro processo, que é o processo dos embargos de execução. Trata-se de defesa que é veiculada através de uma petição inicial no processo apenso. Por isso, cabe agravo de instrumento nos casos de concessão, modificação, ou revogação do efeito suspensivo aos embargos de execução.
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1o;
As decisões que redistribuem a prova diferentemente do que está convencionadona lei são agraváveis. A regra é a distribuição estática, mas o juiz poderá realizar a inversão no caso concreto. No momento em que a decisão de inversão do ônus da prova é proferida, é possível que ocorra a interposição do agravo de instrumento.
XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
O tratamento do agravo de instrumento não é exclusivo do Código de Processo Civil. A sentença da recuperação judicial que decreta falência, por exemplo, é agravável. Para o procedimento ordinário, as hipóteses do art. 1.015 são as causas que possibilitam a interposição do agravo de instrumento. Na fase de liquidação, no processo autônomo de execução e na fase de cumprimento de sentença, todas as decisões interlocutórias são agraváveis.
PROCESSAMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO: A interposição do agravo de instrumento se dá diretamente no tribunal. Não há necessidade de que o órgão de piso receba o agravo de instrumento para a posterior remessa ao tribunal. O prazo para interposição do agravo de instrumento é de quinze dias úteis. Trata-se de um recurso sujeito a preparo, havendo a necessidade do recolhimento de custas processuais. Para os processos físicos há ainda o pagamento do porte de remessa e retorno (custos postais). O agravo de instrumento não apresenta efeito suspensivo, em regra. Nada impede que seja formulado o pedido de concessão de efeito suspensivo, que poderá ser concedido pelo julgador e, ocorrendo a suspensão do agravo, suspende-se o processo principal (não há o efeito suspensivo legal, mas caso seja provada que a continuidade dos efeitos do agravo cause um dano de difícil ou impossível reparação) – art. 1.019, I, CPC. Há uma característica específica do agravo: como o próprio nome indica, há a necessidade de instrumento acompanhado o recurso. O instrumento são peças do processo que devem acompanhar o recurso. A partir das peças que devem acompanhar o recurso, o relator e o órgão como um todo irá ter condições de realizar alguns julgamentos (exemplo: procuração, exordial, decisão que está sendo impugnada, citação do réu, etc.). O legislador impõe a juntada do instrumento para que o relator faça a aferição do juiz ode admissibilidade do agravo de instrumento. O art. 1.071 do CPC indica a necessidade de que o instrumento acompanhe a petição e, indica quais são as peças obrigatórias. Se um dos documentos obrigatórios não estiver presente nos autos, o advogado deve realizar declaração, porém há responsabilidade pessoal sobre a alegação. Podem ser anexadas peças que não são obrigatórias. Deve haver ainda o comprovante do recolhimento do preparo. O recurso do agravo de instrumento é de fundamentação livre. Há uma questão interessante que é a seguinte: antes do Código de Processo Civil de 2015, a ausência de qualquer uma das peças geraria a inadmissibilidade imediata do recurso. Atualmente, isso mudou: em caso de vício de admissibilidade do processo e, a formação do instrumento obrigatório é o requisito de validade do agravo de instrumento, o relator que recebe o recurso não pode simplesmente o inadmitir, devendo abrir prazo de cinco dias para que o defeito seja corrigido (art. 932, CPC, parágrafo único e art. 1.017, §3º, CPC). Quando o agravo de instrumento é interposto, o juiz de piso não tem ciência disso. Após a interposição do agravo, deve-se comunicar no processo principal, no prazo de três dias, a ocorrência do agravo para que o juiz de piso tenha ciência. Deve-se ainda juntar no processo principal o recurso do agravo e fazer referência aos documentos que foram juntados. A partir disso, é possível que o juiz se retrate. Havendo retratação, o agravo perde o objeto. Atualmente, cabe sustentação oral.
AGRAVO REGIMENTAL
O agravo interno passou por algumas mudanças, como forma de positivar o que doutrina e jurisprudência já entendiam como correto. O relator que conduz o processo em órgão colegiado pode tomar diversas decisões. Nem todas as decisões da fase recursal serão adotadas pelo órgão colegiado. O julgamento efetivo do recurso, como regra, se dá pelo colegiado, mas, até a sessão de julgamento, um relator é responsável pelo processo e, ele pode adotar uma série de decisões ao longo do tramitar processual, como por exemplo, a concessão de tutela provisória de urgência através de decisão monocrática. Existem casos em que o juiz poderá julgar o próprio recurso monocraticamente (art. 932, CPC). O relator pode tomar julgar de forma unipessoal as hipóteses previstas no art. 932 do Código de Processo Civil e, contra tais decisões é cabível a interposição de agravo interno. Muitas das decisões que podem ser tomadas de forma unipessoal são importantes para o processo, por isso há a possibilidade de interposição de agravo interno. O agravo interno antigamente era conhecido como agravo regimental, visto que o mesmo era tratado efetivamente através dos regimentos internos dos tribunais. O art. 1.021 do CPC trata do cabimento do agravo interno, indicando que contra a decisão do relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado, observadas para o processamento as regras do regimento do tribunal. Qualquer julgamento que não ocorra de forma colegiada, poderá ser questionado ao colegiado, porque é da essência do julgamento do tribunal que o julgamento seja colegiado. Tal recurso dispensa preparo. Esse recurso é de fácil manejo e por isso é possível antever que se trata de um recurso que terá a utilização desarrazoada. O próprio Código traz uma forma de punição para a utilização desse recurso de modo contrário à boa-fé. Quem julga o agravo interno é o órgão que julgaria a apelação. Há o princípio da fungibilidade entre o agravo interno e os embargos de declaração. Na petição do agravo interno, não é possível que seja feito um recurso genérico. O agravo deve ser dirigido ao relator e assim como todos os recursos (com exceção dos embargos de declaração), possui prazo de quinze dias. O agravo de instrumento tem efeito regressivo, ou seja, o relator, ao perceber que a decisão foi impugnada, pode se retratar e determinar o seguimento regular do processo, fazendo com que haja a perda do objeto do agravo interno. Não ocorrendo a retratação, o recurso é levado ao colegiado para que ocorra sua inclusão em pauta. Não são mais admitidas decisões não fundamentadas e, o art. 486 do Código de Processo Civil, por si só, traz a necessidade de fundamentação: o relator não pode manter as suas decisões pelos próprios fundamentos. O manejo do agravo interno é simples: não exige preparo, a interposição se dá no próprio órgão que proferiu a decisão. Tal recurso acaba mantendo a litispendência por algum tempo. O agravo interno era utilizado como uma forma de protelar o andamento do processo, por isso, o Código de Processo Civil indica que quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou improcedente em votação unanime, o órgão colegiado poderá, de forma fundamentada, determinar o pagamento de multa. A interposição de qualquer outro recurso fica condicionada ao depósito prévio da multa, a exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de justiça gratuita.
Fredie Didier indica que agravo interno é o recurso cabível contra as decisões unipessoais proferidas em tribunal, sejam elas proferidas pelo relator, sejam elas proferidas por Presidente ou Vice-Presidente do tribunal. O agravo é igualmente cabível no âmbito dos Juizados Especiais. Cabe agravo contra qualquer espécie de decisão monocrática do relator, seja recurso, remessa necessária ou causa de competência originária. O agravo interno deve ser interposto no prazo de quinze dias. O agravo interno é um recurso que dispensa preparo, pois seu custo já está contido no custo da causa que tramita no tribunal. No agravo interno deve haver oportunidade para contrarrazões da parte contrária. O agravo interno será dirigido ao relator, que poderá retratar-se. Após oportunizar o contraditório, o recurso segue para ser julgado pelo órgão colegiado com inclusão em pauta. O agravo interno não pode ser julgado monocraticamente pelo relator, devendosempre ser julgado pelo órgão colegiado a que pertence o relator. O julgamento somente será feito pelo relator se for caso de retratação. Cabe sustentação oral no julgamento do agravo interposto contra decisões do relator que extingam processos de competência originária do tribunal, o mandado de segurança e a reclamação. No caso de agravo interno contra decisão de relator proferida em julgamento de recurso, inclusive remessa necessária, não se permite sustentação oral. Segundo o art. 1.021, §3º do CPC, o órgão colegiado não pode rejeitar o agravo interno somente reproduzindo fundamentos da decisão agravada.
RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL
Tal recurso encontra previsão constitucional nos arts. 102, II e 105, II. A primeira hipótese de cabimento do recurso ordinário é a interposição contra habeas corpus, mandado de segurança, habeas data e mandado de injunção de decididos em única instância pelos tribunais superiores quando denegatória a concessão (pró cidadão). Havendo competência originária dos tribunais superiores (STJ, TST, TSE) e, ocorrendo denegação dos processos mencionados, é possível a interposição de recurso ordinário para o STF. O prazo de interposição é de quinze dias. Trata-se de recurso interposto no próprio tribunal que denegou a segurança, o habeas data e o habeas corpus, e o mandado de injunção. Trata-se de recurso sujeito a preparo. Assim como os recursos extraordinários em geral, em caso de inadmissibilidade pelo órgão de piso, cabe a interposição de agravo de instrumento para destrancar o recurso. Cabe recurso ordinário constitucional também para algumas decisões proferidas por órgãos de segundo grau e mesmo órgãos de primeiro grau de jurisdição. No caso do art. 105, II, fala-se de habeas corpus e mandado de segurança denegados por tribunais superiores (TJ e TRF) e, nesse caso, é possível a interposição de recurso ordinário para o STJ. Se os rights são concedidos, o recurso cabível é o recurso especial (STJ) ou recurso extraordinário (STF). Se os rights são denegados, o recurso é o recurso ordinário constitucional, logo, há recurso condicionado ao resultado. Há uma excepcionalidade prevista no art. 1.027, II, b, CPC: nesse caso, é possível interpor recurso ordinário constitucional para o STJ contra decisão de primeiro grau (não se passa pelo segundo grau de jurisdição). Os processos em que forem parte de um lado, um Estado estrangeiro ou organismo internacional e de outro, município ou pessoa residente ou domiciliada no país, são abarcados por essa exceção – a ação corre na Justiça Federal e, o recurso cabível da decisão é o recurso ordinário constitucional para o STJ. Esse recurso possui prazo de quinze dias. O poder de negociação processual nesses casos é bastante reduzido. Uma característica específica desse recurso é que, em caso de inadmissibilidade pelo juízo de piso, cabe o agravo em recurso especial e recurso extraordinário.
A veiculação do recurso ordinário é feita no processo ordinariamente, não há nenhum caráter excepcional para a interposição desse recurso. O recurso ordinário é um dos recursos julgados pelos tribunais superiores, mas é um recurso ordinário. Não há a excepcionalidade e a extraordinariedade que existe em outros recursos. 
RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS EM SENTIDO AMPLO
O recurso especial se encontra dentro dos recursos extraordinários latu sensu e é julgado pelo STJ. Já o recurso extraordinário também se encontra dentro dos recursos excepcionais, porém é julgado pelo STF. A veiculação desses recursos deve ser excepcional dentro do processo. Com a reforma do poder judiciário a partir da EC 45/04, passou-se a ter a excepcionalização desses recursos. A partir da ideia da duração razoável do processo, surgiu a necessidade de não encarar as instâncias superiores como instâncias ordinárias. Começou-se a falar em repercussão geral, ofensa direta e ofensa reflexa à Constituição, criando mais requisitos para a admissibilidade desse recurso. A excepcionalidade repercutiu fortemente, refletindo no Código de Processo Civil. Durante a vacatio legis, não haveria para o Recurso Especial e para o Recurso Extraordinário o juízo desdobrado de admissibilidade. Os presidentes das instâncias superiores não fariam o juízo de admissibilidade. O lobby dos tribunais superiores foi tão grande que houve a reforma desse quesito durante a vacatio legis. Há uma série de orientações legais de como o juízo de admissibilidade deve ser feito.
Os recursos em regra, salvo a apelação, não possuem efeito suspensivo. Os recursos especial e extraordinário não possuem efeito suspensivo, mas somente o efeito devolutivo. É possível a atribuição de efeito suspensivo pelo relator dos processos nas instâncias superiores ou pelo vice-presidente do tribunal de justiça ou quem for o indicado pelo regimento interno do tribunal (art. 1.029, §5º, CPC). Desde a interposição do recurso pode se fazer o pedido de que haja o efeito suspensivo. Esse pedido também pode ser feito ao longo do tramitar recursal. O pedido deve ser remetido ao tribunal superior; ao relator, se já distribuído o recurso; ao presidente ou vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido entre a interposição do recurso e a publicação da admissão do recurso, assim como nos casos de o recurso ter sido sobrestado nos termos do art. 1.037, CPC. Essas são as três figuras que podem conceder o efeito suspensivo.
Ambos os recursos são recursos de fundamentação vinculada, ou seja, as razões recursais são preestabelecidas em lei. No caso do recurso especial e do recurso extraordinário, quem disciplina as causas de pedir recursais é a Constituição Federal em seu art. 102, III e art. 105, III. 
Não se admite em ambos os recursos o reexame de prova e, não se discutem questões de fato. O que se discute nesses recursos são questões de direito. Provas recaem sobre fatos controvertidos, logo, se não é possível a discussão de questões de fato, não é possível reexame de prova. A matéria a ser analisada se refere exclusivamente à questão de direito. Há a necessidade de que essas questões de direito já tenham sido prequestionadas no processo. O prequestionamento é uma condição de admissibilidade e essa condição de admissibilidade exige que a questão que será discutida no STJ ou no STF não esteja sendo discutida pela primeira vez naquele momento processual. Os tribunais ou mesmo os juízes de piso já devem ter se manifestado sobre a questão de direito.
Há uma imensa discussão sobre a aplicação da prescrição intercorrente em matéria cível. A prescrição é uma matéria que pode ser reconhecida de ofício. Imagine-se que o desembargador reconhece a prescrição de ofício no acórdão. O recurso cabível contra o acórdão é o recurso especial. Se o recurso especial for interposto, a matéria será sobre a ilegalidade da prescrição intercorrente estará sendo suscitada pela primeira vez no recurso especial e, isso não é possível. Houve a manifestação sobre o tema mas, isso não gerou questão no processo, logo, não houve prequestionamento. Dessa forma, mesmo que não haja um dos fundamentos ensejadores dos embargos de declaração, é admissível a sua interposição para fins prequestionadores. É aconselhável que ocorra o embargo de declaração com efeitos prequestionadores. Antes do Código de Processo Civil de 2015, o STJ e o STF divergiam sobre o resultado do julgamento do embargo de declaração. Para o STJ, não se desincumbia do ônus de prequestionar o simples fato de o autor interpor o embargo de declaração. Era preciso que o tribunal admitisse os embargos e tratasse da matéria no julgamento dos embargos. O STF, por outro lado, admitia o prequestionamento ficto, pois ao interpor os embargos com efeitos prequestionadores, a parte teria se desincumbido do ônus de prequestionar. Haviam súmulas contraditórias entre os tribunais. O art. 1.025 do CPC admite o prequestionamento ficto, acolhendo a tese do STF.
Além do prequestionamento, há também um requisito que deve ser observado nos recursos excepcionais, qual seja o prévio esgotamento das

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