Buscar

A Economia x A Pandemia

Prévia do material em texto

A Economia x A Pandemia
“O
 direito à vida, à saúde, ao trabalho, à liberdade e diversos outros são direitos fundamentais garantidos a todos, sem distinções, ainda que observado apenas na letra fria da lei. Contudo, são garantidores de uma gama de possíveis direitos que podem ser pleiteados judicialmente e extrajudicialmente, ainda que sejam diametralmente desrespeitados e ignorados em diversas situações cotidianas, sobretudo quando tratamos de minorias e classes com um acesso e uma possibilidade menor de acesso aos meios para se efetivar tais direitos garantidos pela legislação1.”
Os pequenos empresários, trabalhadores informais, empregadas domésticas e todos aqueles que dependem de seu trabalho diário para garantir seus alimentos e sua subsistência passam por uma crise ainda maior do que aqueles que são afetados apenas pela pandemia que assola diversas nações ao redor do globo, pois, além do risco de contação da doença conhecida como Covid-19 ou corona vírus, estão sujeitos a uma crise financeira que pode desolar lares em incontáveis cidades brasileiras, prejudicando a subsistência básica de todos.
Entretanto, em meio a um problema de nível nacional, onde não somente os agentes privados são afetados, os agentes públicos possuem um papel de grande e vital importância neste interim, sendo estes os responsáveis diretos pela ação do Estado não somente no combate ao vírus que cá se instala, mas também responsáveis pela manutenção da economia e da vida de seus cidadãos em seus diversos âmbitos imagináveis, pois com o direito à vida, vem também o direito à dignidade da pessoa humana e diversos outros. 
Observamos tal pensamento na definição da palavra vida2:
“1. Atividade interna substancial por meio da qual atua o ser onde ela existe; estado de atividade imanente dos seres organizados. 2. Duração das coisas; existência. 3. União da alma com o corpo. 4. Espaço de tempo compreendido entre o nascimento e a morte do ser humano. 5. Espaço de tempo em que se mantém a organização dos seres viventes. 6. Animação em composições literárias ou artísticas. 7. Maneira de viver no tocante à fortuna ou desgraça de uma pessoa ou às comodidades ou incomodidades com que vive. 8. Estado da alma depois da morte. 9. Ocupação, emprego, profissão. 10. Alimentação, subsistência, sustento, passadio. 11. Condições para viver e durar; vitalidade. 12. Princípio de existência de força; condições de bem-estar, vigor, energia, progresso. 13. Expressão viva e animada, animação, entusiasmo. 14. Causa, origem. 15. Sustentáculo, apoio principal, fundamento, essência. 16. O que constitui a principal ocupação, o máximo prazer, a maior afeição de alguém”.
Assim, tem-se que a vida não é somente a manutenção das funções vitais corporais em pleno funcionamento, mas também todos os aspectos que a rodeiam, sendo estes ligados diretamente à dignidade da pessoa humana, conceito e direito que permeiam diversos aspectos da vida como a conhecemos, exemplificando na possibilidade que todos possuem de mudar seus nomes quando estes lhe forem vexatórios, afim de preservar sua dignidade. Assim como todos os direitos assegurados aos cidadãos assim o são para que este possua uma vida digna.
A economia se faz presente na vida de todos, ainda que seja uma parcela não comumente vista por grande parte da população, sendo responsável pela produção econômica que mobiliza empreendedores e empresários, trabalhadores, a máquina pública e todos os agentes que nela estão inseridos. Em um momento de grandiosa crise sanitária, onde a vida da população se encontra em risco, a economia encontra-se em desfoque em face de um direito superior, contudo, cabe ao poder público, em suas atribuições estatais zelar pela saúde pública e também pela economia.
O estado é a máquina que deve fazer funcionar a economia, através de regulações e regulamentações para que não haja um caos em meio ao mercado e os consumidores sejam prejudicados e para que as empresas se mantenham ativas e cumpram seu papel social. Mas em tempos onde o isolamento social se faz necessário e extremamente eficaz contra uma doença altamente infecciosa, a economia tende a levar a pior neste cabo de guerra de direitos a serem preservados pelos poderes por nós concedidos ao estado e por alguns de nós representado. Será?
Recentemente foi publicado um estudo3, onde o incidente causado pela gripe espanhola em 1918, que assolou os Estados Unidos, teve medidas de contenção de isolamento social em algumas cidades apenas de forma esparsa e preventiva, enquanto algumas cidades adotaram o isolamento tardiamente e de forma ineficaz. O estudo mostra que as cidades que adotaram o isolamento e o seguiram até o fim da pandemia tiveram uma recuperação econômica mais veloz e efetiva.
O contexto social, político e econômico vivenciado na crise de 1918 eram bastante diversos daqueles encontrados hoje, mas há sempre o que se aprender com a história e seus acontecimentos. Uma recuperação mais rápida e eficaz em uma época onde a tecnologia não possuía o desenvolvimento que possui hoje indica bons fins para uma solução parecida diante de um problema pandêmico similar, contudo com um desenvolvimento tecnológico e social ampliado em relação ao cenário anterior. A crise passará, com um bom ou ruim dia seguinte.
Referencias
1 BRASIL, República Federativa do. Constituição Federal. Brasília, 1988.
2 MICHAELIS, Dicionário online. Disponível em <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=vida>. Acesso em 06/04/2020.
3 Correia, Sergio and Luck, Stephan and Verner, Emil, Pandemics Depress the Economy, Public Health Interventions Do Not: Evidence from the 1918 Flu (March 30, 2020). Disponível em: http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3561560. Acesso em: 06/04/2020.

Continue navegando