Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1. Descrever as informações da doença Toxoplasmose: a) Histórico: Inicialmente descrito em 1908 por Charles Nicolle e Louis Hubert Manceaux (1865-1943) em amostra de fígado do roedor Ctenodactylus gondii na África. O nome do gênero deriva do grego “toxon”= arco, em referência à forma crescente do organismo. ● 1923: primeiro caso humano de toxoplamose descrito por Jankú na Rússia (lesão de retina em uma criança). ● 1937: transmissão congênita humana descrita por Wolf & Cohen. ● 1940: transmissão adquirida demonstrada por Pinkerton. Ø Década de 70: vários laboratórios estabelecem que os felinos são os hospedeiros definitivos. ● 1976: ciclo sexuado do parasita descrito por Frankel. b) transmissão: ● Ingestão de oocistos maduros (contendo esporozoítas) eliminados pelas fezes de gatos ou de outros felinos ● Ingestão de cistos (contendo bradizoítas) presentes em carne crua ou mal cozida (porco, carneiro) ● Ingestão de leite cru (não pasteurizado) contendo taquizoítas ● Transplante de órgãos ou transfusão sanguínea → taquizoítas ● Transmissão placentária → taquizoítas Inoculação acidental de taquizoítas c) ciclo biológico: Os felídeos são os únicos animais em que o protozoário pode completar o seu ciclo, ou seja, eles constituem os hospedeiros definitivos do parasito. Outros animais, como o homem, apenas podem manter a fase assexuada do parasito, logo representam os hospedeiros intermediários. Os felídeos são infectados ao ingerir o hospedeiro intermediário com Toxoplasma e isso faz com que eles eliminem oocistos imaturos nas suas fezes. O ciclo assexuado tem início quando o oocisto é formado, no tubo digestivo do hospedeiro definitivo, e eliminado. Após a sua eliminação se dá a esporulação, que é caracterizada pelo aumento de volume do parasito e pela produção de esporozoítos no seu interior. Esse processo só estará completo quando cada esporoblasto formar esporozoítos, que é o que caracteriza o oocisto infectante. O tempo da esporulação depende das condições ambientais no solo onde está o oocisto. No caso do Toxoplasma, o processo da esporulação deve produzir, no interior do oocisto, dois esporocistos, sendo que cada um deve conter quatro esporozoítos. A ingestão do oocisto constitui uma das formas de infecção dos hospedeiros intermediários na toxoplasmíase. O oocisto se rompe no intestino, liberando os esporozoítos que invadem os enterócitos. Dentro do enterócito, cada parasito é denominado taquizoíto. O taquizoíto se divide várias vezes, de forma assexuada até o rompimento da célula hospedeira. Esse processo se repete várias vezes, liberando grande número de taquizoítos para a invasão de novas células, no sangue e nos tecidos parenquimatosos. Logo após a invasão de uma nova célula por um taquizoíto, o ciclo assexuado pode levar à formação de bradizoítos intracelulares. A formação de bradizoítos começa a ocorrer com maior intensidade quando o hospedeiro intermediário desenvolve imunidade específica, caso contrário os taquizoítos continuam infectando novas células. Os bradizoítos se multiplicam bem mais lentamente que os taquizoítos, mas estão menos acessíveis a resposta imune, no interior de cistos teciduais. O ciclo se completa, quando o felídeo ingere os tecidos infectados do hospedeiro intermediário. Isso possibilita aos bradizoítos encistados infectarem o seu intestino, levando a formação final de oocistos. d) patogenia: Forma Adquirida (em indivíduos imunocompetentes): Período de incubação (1 a 4 semanas), normalmente assintomática. Quando sintomática (em menos de 1% dos casos): • Febre • Mialgia • Adenopati • Cefaléia Lesão ocular (Coriorretinite) – normalmente unilateral As variações no espectro clínico das infecções primárias devem-se, em grande parte, a diferenças de virulência entre distintos genótipos de T. gondii. ● Genótipo I: parasitas altamente virulentos em animais de laboratório (> isolados a partir de infecções humanas); ● Genótipo II e III: normalmente avirulentos em camundongos. Frequentemente isolados de animais naturalmente infectados que não apresentam manifestações clínicas evidentes. Forma congênita: 1. Gestante em fase aguda 2. Primo-infecção 3. Marcador sorológico – IgM e IgA 4. Risco de transmissão aumenta com o tempo de gravidez ○ Primeiro trimestre – 25% ○ Segundo trimestre – 40% ○ Terceiro trimestre – 65% e) diagnóstico: Fase aguda • Parasitológico - demonstração do parasita em biópsia ou necropsia • Isolamento em cultura de células (a partir de amostras clínicas) • Inoculação de amostras clínicas em animais de laboratório • Sorológico – detecção de IgM ou IgG • Molecular – PCR Fase crônica • Sorológico – detecção de IgG Clínico (sugestivo) Pesquisa de anticorpos: ● Perfil I (fase aguda): IgM, IgA e IgE presentes. IgG de baixa avidez em alta ou em elevação. ● Perfil II (período de transição): IgA e IgE ausentes. IgM baixa. IgG com avidez crescente. ● Perfil III (fase crônica): IgG com alta avidez e títulos baixos. Outras classes ausentes. Toxoplasmose Congênita Feto/Recém nascido: • Pesquisa de DNA do parasita no líquido amniótico • Isolamento do parasita a partir de amostras do líquido amniótico • Pesquisa de anticorpos no sangue (pode ser mais difícil de por causa dos anticorpos da mãe) • No recém-nascido, o isolamento do parasita em amostras de creme leucocitário tem 90% de sensibilidade • Altos títulos de anticorpos no recém-nascido com mãe com perfil I ou II e altamente sugestivo Acompanhamento da Gestante: ● Exame pré-natal ● IgG infecção crônica ● IgM trimestralmente se negativa f) epidemiologia: ● Parasita intracelular obrigatório. ● Distribuição mundial. ● Prevalência aumentacomaidade. ● OMS estima que 50-60% da população mundial esteja infectada. ● Reservatórios naturais: mamíferos e aves. Ø Infecta quase todos os tipos de células nucleadas. ● Hospedeiro definitivo: gato doméstico e outros felinos. ● Tem caráter oportunista em pacientes imunocomprometidos. g) profilaxia: Além da contaminação pelas fezes de gatos, a infecção também pode ser adquirida ao ingerir carne mal cozida, sendo a segunda opção a causa mais comum de toxoplasmíase. Portanto, a prevenção da toxoplasmíase é feita através de higiene alimentar e pessoal adequada, do acompanhamento de gestantes e da ingestão de carnes bem cozidas, visto que os cistos são inativados a 65° por cinco minutos ou a -15° por três dias. O cuidado com a saúde dos gatos de estimação também é primordial. Estes animais jamais podem ser utilizados para o controle de roedores. Com isso reduz-se consideravelmente a chance dos gatos eliminarem oocistos.
Compartilhar