Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 NOTA DE AULA 02: BACIA HIDROGRÁFICA – BALANÇO HÍDRICO – EXERCÍCIOS 2.1 – BACIA HIDROGRÁFICA Bacia Hidrográfica é conceitualmente considerada como uma área definida topograficamente, drenada por um curso de água ou um sistema conectado de cursos d`água tal que toda vazão efluente seja descarregada através de uma simples saída. Afluente = água que chega na bacia Efluente = água que sai da bacia A bacia hidrográfica é idealmente delimitada fisicamente pelos divisores de água (cotas elevadas), de tal forma que a água precipitada internamente nesses divisores, obrigatoriamente irá escoar, através da sua seção exutória (ou exutório da bacia) que é a seção do rio ou talvegue que define a bacia. Talvegue = do alemão (Tal = vale) + (Weg = caminho), caminho do vale, são depressões no terreno que conduzem as águas escoadas superficialmente formando as grotas, riachos, igarapés, rios, etc. A Figura 2.1 mostra uma representação esquemática de uma bacia hidrográfica FIGURA 2.1 – Esquema Representativo de uma Bacia Hidrográfica UNIVERSIDADE DE FORTALEZA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DISCIPLINA DE HIDROLOGIA APLICADA 2 A Figura 2.2 mostra o corte transversal de uma bacia hidrográfica destacando a diferença entre divisores topográficos e divisores freáticos ou geológicos da bacia. FIGURA 2.2 – Corte Transversal de uma Bacia Hidrográfica 2.2 – BALANÇO HÍDRICO O ciclo hidrológico é global, um sistema fechado com armazenamento de água na superfície, em rios e lagos, nos oceanos e na atmosfera. Considerando-se as variáveis do Ciclo Hidrológico e chamando-se de: P = Precipitação; E = Evaporação; S = Escoamento superficial; I = Infiltração; T = Transpiração (biosfera = plantas e animais) B = Escoamento subterrâneo (B = base) ∆V = Variação de volume d`água armazenado A força de gravidade provoca a precipitação (P) de água sobre o solo e o oceano, dos quais a água retorna à atmosfera através da evaporação (E). Da água que atinge o solo, parte é armazenada em depressões e parte irá infiltrar-se no solo (I). Também sobre o subsolo, age a evaporação, além da água dali retirada pelas plantas e que retorna à atmosfera, através da transpiração (T). Parte da água infiltrada irá alimentar os lençóis subterrâneos, que eventualmente irão escoar (B), atingindo rios e oceanos. Um corte espacial do ciclo hidrológico sobre um sistema, cuja única entrada de água é a precipitação, permite o equacionamento de um balanço volumétrico de água em um certo intervalo de tempo. O diagrama da Figura 2.3 abaixo mostra o que acontece com a água após precipitar sobre o solo. 3 Fig 2.3 – DIAGRAMA DE FLUXO DE ÁGUA PRECIPITADA SOBRE O SOLO Escrevendo-se a equação do balanço volumétrico, conhecida por Balanço Hídrico, para a seção representada pela superfície do solo de uma bacia hidrográfica como a da Figura 2.1, em certo intervalo de tempo, tem-se: P = S + Es + Ts + ∆Vs + I (na superfície do solo) onde os subscritos s representam fenômenos ocorrendo na superfície do solo, e ∆V, a variação do volume d`água armazenado. Caso a seção selecionada fosse a imediatamente abaixo da superfície do solo, a equação do balanço hídrico se torna: I = B + Eb + Tb + ∆Vb ( no subsolo) onde os subscritos b são relativos a fenômenos que ocorrem no subsolo. A partir das equações acima, tem-se a equação geral do balanço hídrico para uma bacia hidrográfica: P = S + B + (Es + Eb) + (Ts + Tb) + ∆Vs + ∆Vb e, abandonando-se os subscritos,fica: PRECIPITAÇÃO INFILTRAÇÃO ARMAZENAMENTO EM DEPRESSÕES ESCOAMENTO SUPERFICIAL EVAPORAÇÃO INFILTRAÇÃO ARMAZENAMENTO EM LAGOS E OCEANOS EVAPORAÇÃO EVAPOTRANSPIRAÇÃO ARMAZENAMENTO DE ÁGUA NO SUBSOLO ARMAZENAMENTO SUBTERRÂNEO EVAPORAÇÃO INFILTRAÇÃO 4 P = S + B + E + T + ∆V Fazendo-se: S + B = D (deflúvio total) E + T = EVT (evapotranspiração) tem-se a forma simplificada da equação do balanço hídrico: P = D + EVT + ∆∆∆∆V Em Português: Precipitação = Deflúvio Total + Evapotranspiração + Variação do Volume Armazenado Para períodos de tempo mais longos (t→∞), pode-se desprezar a variação do armazenamento total ∆V, pois o ciclo hidrológico é um sistema fechado sem perda nem criação de água. Esta aproximação permite uma avaliação de elementos do balanço hídrico que caracterizam o regime hidrológico da bacia hidrográfica. 2.3 – EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO DE BALANÇO HÍDRICO EXERCÍCIO n° 1: Em uma bacia hidrográfica, o total precipitado em um dado ano foi de 1326 mm. Avalie a evapotranspiração total deste ano na bacia hidrográfica, considerando que a vazão média anual na sua seção exutória foi de 14,3 l/s/Km2 (litros por segundo por quilômetro quadrado de bacia). Despreze a diferença no volume de água armazenado na bacia. Solução: A evapotranspiração pode ser calculada utilizando-se a equação simplificada, desprezando-se a variação de armazenamento de água na bacia (∆V): P = D + EVT ou EVT = P − D A precipitação por unidade de área é 1326 mm. Logo, o escoamento total pode ser calculado, por unidade de área (m2) por: D = q × t onde q representa o deflúvio médio anual, em m3/s, ou seja: 1 m3 = 1000 litros, logo 1 l/s = 10-3 m3/s 1 km2 = 1000 m × 1000 m = 106 m2 1 ano = 365 dias/ano × 24 horas/dia × 3600 segundo/hora = 31.536.000 segundos 5 Logo, ( ) mD 4509,0360024365 10 103,14 6 3 =××× × = − ou D = 451 mm Assim, a evapotranspiração foi de: EVT = P − D EVT = 1326 mm − 451 mm = 875 mm EXERCÍCIO n° 2: Considere uma bacia com 13 hectares onde o total anual precipitado é em média de 1326 mm e a vazão na exutória igual a 1,86 l/s. Nesta bacia pretende-se implantar um açude inundando 1/3 da área total da bacia. Nestas circunstâncias, haverá um acréscimo do total evaporado na bacia devido a formação do novo espelho d`água, e o conseqüente decréscimo na vazão média anual. Supondo que a evaporação direta no açude é estimada em 1.100 mm/ano, calcule o decréscimo percentual na vazão média. SOLUÇÃO: O deflúvio total médio anual na situação anterior à construção do açude é: D = 1,86 × 10-3 × 365 × 24 × 3600 m3 D = 58,6 × 103 m3 Para uma área de 13 ha ( 1ha = 100 m × 100 m = 104 m2): mD 4507,0 1013 106,58 4 3 = × × = D = 451 mm Tal como no Exercício n° 1 , a evapotranspiração pode ser avaliada como: EVT = P − D EVT = 1326 mm − 451 mm = 875 mm Após a implantação do açude, pode-se supor que este valor da evapotranspiração permanecerá para a área não inundada. Para a área inundada, a evaporação será de 1.100 mm/ano, resultando num total, para toda a bacia, de: A AA NovaEVT 3 2875 3 1100 ×+× = 6 mmNovaEVT 950 13 3 132875 3 131100 = × ×+× = A nova vazão média anual no exutório da bacia será de: D = 1326 mm − 950 mm = 376 mm ou ( ) smq /00155,0 360024365 101310376 343 = ×× ××× = − q = 1,55 l/s Assim, o decréscimo percentual da vazão média será: 66,16100 86,1 55,186,1 =× − =∆q % ∆q = 17 %
Compartilhar