Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Embora os relatos recentes tenham mostrado um declínio cons- tante na prevalência da perda dentária durante as últimas décadas, permanece uma variação significativa na distribui- ção da perda dentária. Seria mais útil considerar quais combi- nações de perda dentária são mais comuns e classificá-las com o propósito de auxiliar o tratamento de pacientes parcialmente desdentados. Várias classificações de arcadas parcialmente des- dentadas têm sido propostas e estão sendo utilizadas. Esta varie- dade tem levado a algumas confusões e discordâncias sobre qual classificação descreve melhor todas as possíveis configurações e deve ser adotada. As classificações mais familiares são aquelas originalmente propostas por Kennedy, Cummer e Bailyn. Beckett, Godfrey, Swenson, Friedman, Wilson, Skinner, Applegate, Avant, Miller e outros também propuseram classificações. É evidente que se deve realizar uma tentativa para combinar as melhores caracte- rísticas de todas as classificações de modo que uma classificação universal possa ser adotada. Uma classificação que é baseada em critérios diagnósticos foi proposta recentemente para desdentados parciais.1 O propósito deste sistema de classificação é facilitar as decisões do trata- mento com base na complexidade do caso. A complexidade é determinada por quatro amplas categorias diagnósticas que incluem: local e extensão da área desdentada, condição dos pilares, características e requisitos oclusais e características do rebordo residual. A vantagem deste sistema de classificação em comparação àqueles mais utilizados atualmente ainda não foi documentada. Hoje, o método de Kennedy é provavelmente a classificação mais amplamente aceita de arcadas parcialmente desdentadas. Em uma tentativa de simplificar o problema e encorajar uma utilização mais universal de uma classificação, e no interesse de comunicação adequada, será utilizada neste livro a classificação de Kennedy. O estudante pode consultar a seção Recursos de Leitura Selecionados para informações relativas a outras classificações. Embora as classificações sejam na verdade descrição de arcadas parcialmente desdentadas, a prótese parcial removível que restaura uma classe particular de arcada é descrita como uma prótese daquela classe. Por exemplo, falamos de uma prótese parcial removível Classe III ou Classe I. É mais simples dizer “uma prótese parcial Classe II” do que dizer “uma prótese parcial restaurando uma arcada parcialmente desdentada Classe II”. A classificação das arcadas parcialmente desdentadas deveria satisfazer os seguintes requisitos: 1. Possibilitar uma visualização imediata do tipo de arcada parcialmente desdentada que está sendo considerada. 2. Possibilitar a diferenciação imediata entre a prótese dentos- suportada e dentomucosossuportada. 3. Ser universalmente aceita. O método de classificação de Kennedy foi originalmente proposto pelo Dr. Edward Kennedy em 1925. Ele tenta classificar as arcadas parcialmente desdentadas de um modo que sugere certos princí- pios de desenho da prótese para uma dada situação (Figura 3-1). Kennedy dividiu todas as arcadas parcialmente desdentadas em quatro classes básicas. Áreas desdentadas que não aquelas que determinam as classes básicas foram designadas como espaços de modificação (Figura 3-2). A seguir, apresentamos a classificação de Kennedy: Classe I Área desdentada bilateral localizada posteriormente aos dentes naturais Classe II Uma área desdentada unilateral localizada posterior- mente aos dentes naturais Classe III Uma área desdentada unilateral com dentes naturais remanescentes tanto posterior como anterior a eles (intercalar) Classe IV Uma área desdentada única, mas bilateral (cruzando a linha média), localizada anterior aos dentes naturais remanescentes Uma das principais vantagens do método de Kennedy é que ele favorece a visualização imediata da arcada parcialmente des- dentada e possibilita uma fácil distinção entre a prótese dentos- suportada e a dentomucosossuportada. Aqueles que aprenderam esta classificação e que conhecem os princípios de desenho de próteses parciais podem prontamente fazer a relação com o desenho da configuração da arcada para ser utilizada na prótese parcial básica. Este método torna possível uma abordagem lógica dos problemas do desenho da prótese. Ele torna possível a aplicação dos bons princípios de desenho de próteses parciais e é, portanto, um método lógico de classificação. Entretanto, um sistema de classificação não deve ser utilizado para estereo- tipar ou limitar os conceitos de desenho de próteses. A classificação de Kennedy seria difícil de aplicar em todas as situações sem certas regras de aplicação. Applegate forneceu oito regras que controlam a aplicação do método de Kennedy (Quadro 3-1). Embora inicialmente possa ocorrer alguma confusão, como por que a Classe I deve se referir a duas áreas desdentadas e a Classe II deve se referir a uma, os princípios de desenho tornam lógica esta distinção. Kennedy colocou a Classe II unilateral com extensão distal entre a Classe I bilateral com extensão distal e a classificação Classe III dentossuportada porque a prótese parcial Classe II deve incorporar características de ambas, especialmente quando as modificações dentossuportadas estão presentes. Por ter uma base de extensão mucosossuportada, a prótese deve ser desenhada de forma semelhante à prótese Classe I. Frequente- mente, entretanto, um componente dentossuportado, ou Classe III, está presente em outras partes da arcada. Portanto, a prótese parcial Classe II cai justamente entre a Classe I e a Classe III por incorporar características de desenho comuns a ambos. De acordo com o princípio de que o desenho é fundamentado na classificação, a aplicação de tais princípios de desenho é sim- plificada retendo-se a classificação original de Kennedy. A Figura 3-3 apresenta uma oportunidade de testar suas habilidades. Reveja a figura e classifique as arcadas parcialmente desdentadas ilustradas. As respostas estão relacionadas a seguir. McGarry TJ, Nimmo A, Skiba JF, et al: Classification system for partial edentulism, J Prosthodont 11(3):181–193, 2002. Respostas para a Figura 3-3: A. Cl IV B. Cl II Modificação 2 C. Cl I Modificação 1 D. Cl III Modificação 3 E. Cl III Modificação 1 F. Cl III Modificação 1 G. Cl IV H. Cl II I. Cl III Modificação 5 Com foi dito no Capítulo 1, o objetivo das Próteses Parciais Removíveis é promover restaurações eficientes e funcionais com base no entendimento de como se maximizar qualquer oportunidade para confeccionar próteses estáveis e assim mantê-las. Uma vez que as próteses parciais removíveis não são ligadas rigidamente aos dentes, o controle do movimento potencial sob cargas funcionais é crítico para se promover a melhor chance de estabilidade e conforto ao paciente. A con- sequência do movimento das próteses sob as cargas funcionais é a aplicação de tensão ao dente e aos tecidos que estão em contato com a prótese. É importante que esta tensão não exceda o nível de tolerância fisiológica, que é o alcance máximo de estímulos mecânicos que o sistema pode resistir sem rompi- mento ou consequências traumáticas. Na terminologia da engenharia mecânica, a prótese induz tensão nos tecidos igual à força aplicada na área de contato com os dentes e/ou tecidos. Esta mesma tensão atua na produção de uma compressão no tecido de suporte, que resulta em deslocamento de carga no dente e no tecido. O entendimento de como estes fenômenos mecânicos agem dentro do ambiente biológico, que é único para cada paciente, pode ser discutido em termos da biomecâ- nica. Ao se planejar uma prótese parcial removível, com foco no objetivo de se promover e manter as próteses estáveis, é essencial que se considerem os princípios básicos de biomecâ- nica associados às características únicas de cada boca. A higiene oral e os procedimentos de manutenção da prótese apropriados são necessários para o benefíciocontínuo dos princípios bio- mecânicos otimizados. As próteses parciais removíveis, pelo desenho, são planejadas para serem instaladas e removidas da boca. Por causa disso, elas não podem ser conectadas rigidamente aos dentes ou tecidos. Isto faz com que estas próteses sejam passíveis de se movimentarem em resposta às cargas funcionais, como aquelas criadas pela mastigação. É importante para os clínicos que oferecem próteses removíveis entender os movimentos possíveis em resposta à função e ser capaz de desenhar logi- camente os componentes da prótese parcial removível para auxiliar no controle desses movimentos. Como isto é conse- guido de uma maneira lógica, pode não ser claro para um clínico principiante neste exercício. Um método para auxiliar a organizar o pensamento do desenho é considerá-lo um exercício de criação de soluções. O desenho de uma prótese parcial removível pode ser considerado semelhante ao projeto clássico e multifacetado da engenharia convencional, que é caracterizado por ser aberto e não estruturado. Ser aberto significa que os pro- blemas possuem tipicamente mais de uma solução, e não estruturado quer dizer que as soluções não são resultado de fórmulas matemáticas padronizadas utilizadas de alguma maneira estruturada. O processo de desenho, que é uma série de etapas que conduzem à solução de um problema, inclui identificação da necessidade, definição do problema, estabe- lecimento dos objetivos do projeto, pesquisa pelas informa- ções e dados de experiências anteriores, desenvolvimento de um fundamento para o desenho, elaboração e avaliação de soluções alternativas e a promoção da solução (p. ex., pro- cesso de tomada de decisão e comunicação das soluções) (Quadro 4-1). A base para o desenho deve ser desenvolvida logicamente a partir da análise da condição bucal específica de cada paciente sob consideração. Entretanto, é possível que “soluções” com desenhos alternativos possam ser aplicadas, e é a avaliação da percepção do mérito desses vários desenhos que parece ser mais confusa para os cirurgiões-dentistas. As considerações biomecânicas a seguir oferecem uma con- textualização relacionada aos princípios destes movimentos potenciais associados às próteses parciais removíveis, e os capí- tulos subsequentes abordando os vários componentes descre- vem como estes componentes são aplicados no projeto para controlar os movimentos resultantes das próteses. Como Maxfield afirmou: “A observação comum identifica claramente que a capacidade das coisas vivas de tolerarem as forças é fortemente dependente da magnitude ou intensidade da força.” As estruturas de suporte das próteses parciais remo- víveis (dentes pilares e rebordos residuais) são coisas vivas que estão sujeitas a forças. A capacidade das estruturas de suporte de resistirem às forças depende de (1) que força típica necessita de resistência, (2) qual a duração e a intensidade dessas forças, (3) qual a capacidade que o dente e/ou a mucosa tem de resistir a essas forças, (4) como a utilização do material influencia esta resistência dente-tecido e (5) se a resistência se altera com o tempo. A consideração das forças inerentes à cavidade bucal é crítica. Isto inclui direção, duração, frequência e magnitude da força. Em uma análise final, é o osso que oferece o suporte para a prótese removível (p. ex., o osso alveolar por meio do liga- mento periodontal e o rebordo residual através do tecido mole de cobertura). Se as forças potencialmente destrutivas puderem ser minimizadas, então as tolerâncias fisiológicas das estruturas de suporte não são excedidas e não vão ocorrer alterações pato- lógicas. As forças possíveis de ocorrer com a função das próteses removíveis podem ser amplamente distribuídas e direcionadas e seus efeitos minimizados pelo desenho apropriado da prótese parcial removível. O projeto adequado inclui a seleção e loca- lização dos componentes em conjunção com uma oclusão harmoniosa. Inquestionavelmente, o desenho das próteses parciais remo- víveis necessita de considerações mecânicas e biológicas. A maioria dos cirurgiões-dentistas é capaz de aplicar os princí- pios mecânicos básicos de uma prótese parcial removível. Por exemplo, a tampa de uma lata de tinta pode ser removida mais facilmente com uma chave de fenda do que com uma moeda de 50 centavos. Quanto maior o cabo, menos esforço (força) se faz. Esta é uma simples aplicação da mecânica das alavancas. Pelo mesmo princípio, um sistema de alavancas representado pela extensão distal de uma prótese parcial removível pode aumentar a força da oclusão aplicada aos pilares terminais, o que pode ser indesejável. Tylman afirma que: “Muito cuidado e reserva são essenciais quando é feita uma tentativa para se interpretar um fenômeno biológico inteiramente por cálculos matemáticos.” Entretanto, o entendimento de máquinas simples aplicado ao desenho de próteses parciais removíveis auxilia na conquista do objetivo de preservação das estruturas bucais. Sem tal entendimento, uma prótese parcial removível pode ser inadvertidamente dese- nhada como uma máquina de destruição. As máquinas podem ser classificadas em duas categorias gerais: simples ou complexas. Máquinas complexas são combi- nações de várias máquinas simples. Os seis tipos de máquinas simples são a alavanca, a cunha, o parafuso, a roda e o eixo, as polias e o plano inclinado (Figura 4-1). Dentre as máquinas simples, a alavanca, a cunha e o plano inclinado devem ser evitados no desenho de próteses parciais removíveis. Em sua forma mais simples, uma alavanca é uma barra rígida apoiada em algum lugar ao longo de seu comprimento. Ela pode estar repousando em um apoio ou pode estar supor- tada por sua parte superior. O ponto de apoio é chamado de fulcro, e a alavanca pode se mover em torno do fulcro (Figura 4-2; Figura 6-6). O movimento rotacional de um tipo de prótese parcial removível com base estendida, quando uma força é aplicada na sela protética, é ilustrado na Figura 4-3. Esta irá sofrer rotação em relação aos três planos cranianos devido às diferenças nas características do suporte dos dentes pilares e dos tecidos moles de cobertura do rebordo residual. Embora o movimento real da prótese possa ser pequeno, uma força de alavanca pode ser imposta ao dente pilar. Isto é especialmente prejudicial quando a manutenção da prótese é negligenciada. Três tipos de alavan- cas são utilizados: primeira, segunda e terceira classe (Figura 4-2). O potencial de um sistema de alavanca para aumentar uma força é ilustrado na Figura 4-4. Um cantiléver, ou alavanca em balanço, é uma viga supor- tada por uma extremidade que pode atuar como uma alavanca de primeira classe (Figura 4-5). O desenho em cantiléver deve ser evitado (Figura 4-6). Exemplos de outros desenhos de alavancas e sugestões para alternativas para minimizar ou evitar o seu potencial destrutivo são mostrados nas Figuras 4-7 e 4-8. Os meios mais eficientes para resolver os efeitos poten- ciais de uma alavanca são promover um elemento rígido na extremidade não apoiada e não possibilitar o movimento. Esta é a utilização mais benéfica dos implantes osseointegrados em conjunção com as próteses parciais removíveis (PPR) e deve ser aventada quando é muito pouca a capacidade de suporte da extensão distal. Um dente é aparentemente mais capaz de tolerar forças direcionadas verticalmente do que forças não verticais, de torque ou horizontais. Esta característica é observada clinica- mente, e parece ser razoável que mais fibras periodontais sejam ativadas para resistir à aplicação de forças verticais do que para resistir às forças não verticais (Figura 4-9). Mais uma vez, uma extensão distal das próteses parciais removíveis rotaciona quando forças são aplicadas aos dentes artificiais ligados à sela da prótese. Como se pode admitir que essa rotação precisa criar forças predominantemente não ver- ticais, a localização dos componentes de estabilização e reten- ção emrelação ao eixo horizontal de rotação dos pilares se torna extremamente importante. Um dente pilar tolera melhor forças não verticais se as forças forem aplicadas o mais próximo possível do eixo de rotação horizontal do pilar (Figura 4-10). O contorno da superfície axial do dente pilar deve ser alterado para localizar os componentes do grampo mais favoravel- mente em relação ao eixo horizontal de rotação do pilar (Figura 4-11). Caso se presuma que os retentores diretos estão atuando para minimizar o deslocamento vertical, o movimento rotacional ocorrerá em torno de algum eixo enquanto a sela ou selas de extensão distal se movem em direção (compressão), para longe (tração) ou horizontal (cisalhamento) ou sobre o tecido subjacente. Infelizmente, estes movimentos possíveis não ocorrem isoladamente ou de forma independente, porém tendem a ser dinâmicos e ocorrer todos ao mesmo tempo. O maior movimento possível é encontrado nas próteses dento- mucosossuportadas devido à forma com que a extensão distal distribui as cargas mastigatórias entre o dente e a mucosa. O movimento da sela da extensão distal em direção aos tecidos da crista do rebordo proporciona a qualidade do tecido, a precisão e a extensão da sela da prótese e a carga funcional total aplicada. Uma revisão sobre o movimento rotacional de próteses que é possível em vários eixos na boca oferece algum entendimento de como os componentes da prótese parcial removível devem ser prescritos para controlar o movimento da prótese. Um movimento é a rotação no eixo através dos pilares mais posteriores. Este eixo pode passar através dos apoios oclusais ou qualquer outra porção rígida de um retentor direto localizado mais oclusal ou incisal em relação aos pilares primários (Figuras 4-6 e 4-7). Este eixo, conhecido com linha de fulcro, é o centro de rotação quando a base da exten- são distal se move em direção ao tecido de suporte (com- pressão) durante a aplicação de uma carga oclusal. Este eixo de rotação pode mudar em direção a componentes instalados mais anteriormente, mais oclusais ou incisais à altura do contorno do pilar, quando a sela se afasta do tecido de suporte durante as forças de deslocamento verticais das próteses par- ciais removíveis. Essas forças de deslocamento resultam da tração vertical dos alimentos entre as superfícies dos dentes, dos efeitos do movimento das bordas do tecido e da força da gravidade contra a prótese parcial removível superior. Se for presumido que os retentores diretos são funcionais e que os componentes de suporte anterior permanecem assentados, deve ocorrer a rotação, e não o deslocamento total. O movi- mento vertical da sela da prótese em direção ao tecido é limitado pela mucosa do rebordo residual na proporção da qualidade do suporte deste tecido, da precisão da adaptação da sela da prótese e da quantidade total de força oclusal aplicada. O movimento da sela na direção oposta é limitado pela ação dos braços de retenção dos grampos nos pilares terminais e pela ação de estabilização dos conectores menores em conjunto com os elementos de suporte verticais assenta- dos da infraestrutura anterior aos pilares terminais, agindo como retentores indiretos. Os retentores indiretos devem ser instalados o mais distante possível da extensão distal da sela, possibilitando a melhor alavanca possível contra a elevação da porção distal da prótese. Um segundo movimento é a rotação sobre o eixo longitu- dinal quando a sela da extensão distal se move em direção rotacional sobre o rebordo residual (Figura 4-3). Este movi- mento é limitado, primeiramente, pela rigidez dos conectores maiores e menores e por sua habilidade de resistir ao torque. Se os conectores não forem rígidos, ou se existir um rompe- forças entre a extensão distal e o conector maior, esta rotação sobre o eixo longitudinal aplica tensões indevidas nas laterais do rebordo remanescente ou causa a mudança horizontal da sela da prótese. Um terceiro movimento é a rotação sobre um eixo vertical imaginário próximo ao centro do arco dental (Figura 4-4). Este movimento ocorre durante a função porque as forças oclusais diagonais e horizontais são exercidas na prótese parcial. É limi- tada pelos componentes de estabilização, tais como os braços de reciprocidade dos grampos e os conectores menores que estão em contato com as superfícies verticais dos dentes. Tais componentes de estabilização são essenciais para qualquer desenho de prótese parcial, independente do tipo de suporte e da retenção direta empregada. Os componentes estabilizadores no lado do arco agem como estabilizadores da prótese parcial contra forças horizontais aplicadas no lado oposto. É evidente que os conectores rígidos devem ser utilizados para tornar este efeito possível. As forças horizontais sempre vão existir em algum grau devido às tensões laterais que ocorrem durante a mastigação, o bruxismo, o apertamento e outros hábitos do paciente. Essas forças são acentuadas pela falha na consideração da orientação do plano oclusal, da influência dos dentes mal-posicionados no arco e dos efeitos das relações anormais dos arcos. A fabri- cação de uma oclusão que esteja em harmonia com a dentição oposta e que esteja livre de interferência lateral durante os movimentos excêntricos da mandíbula pode minimizar a mag- nitude das tensões laterais. A quantidade de movimento hori- zontal que ocorre na prótese parcial depende, portanto, da magnitude da força lateral que é aplicada e da eficiência dos componentes de estabilização. Em uma prótese parcial removível dentossuportada, o movimento da base em direção ao rebordo edentado (ou desdentado) é prevenido principalmente pelos apoios nos dentes pilares e, em algum grau, por qualquer porção rígida da infraestrutura localizada mais oclusal em relação à altura do contorno. O movimento de afastamento do rebordo eden- tado é impedido pela ação dos retentores diretos nos pilares que estiverem situados nas extremidades do espaço edentado e pelos componentes estabilizadores do conector menor rígido. Portanto, o primeiro dos três movimentos possíveis pode ser controlado nas próteses dentossuportadas. O segundo movimento possível, que ocorre ao longo do eixo longitudinal, é impedido pelos componentes rígidos dos retentores diretos nos dentes pilares e pela capacidade dos conectores maiores de resistirem ao torque. Este movimento é muito menor nas próteses dentossuportadas por causa da presença de dentes pilares posteriores. O terceiro movimento possível ocorre em todas as próteses parciais removíveis. Portanto, os componen- tes estabilizadores contra o movimento horizontal devem ser incorporados em todos os desenhos de próteses parciais removíveis. Em próteses capazes de movimentação nos três planos, os apoios oclusais devem promover suporte oclusal apenas para resistir ao movimento de intrusão contra os tecidos. Todos os outros movimentos da prótese parcial devem ser limitados pelos outros componentes que não os apoios oclusais. A entrada do apoio oclusal na função de estabilização pode resul- tar em transferência direta de torque ao dente pilar. Como os movimentos em torno dos três diferentes eixos são possíveis em uma prótese parcial com extensão distal, um apoio oclusal para tais próteses não deve ter paredes verticais íngremes ou retenção do tipo cauda de andorinha. O desenho do apoio é caracterizado pela falta de movimento livre, que pode causar forças horizontais e de torque aplicadas intracoronariamente ao dente pilar. Em próteses dentossuportadas, os únicos movimentos de alguma significância são o horizontal, e estes podem ser limitados pelos efeitos estabilizadores dos componentes ins- talados nas superfícies axiais dos pilares. Portanto, em pró- teses dentossuportadas, a utilização de apoios intracoronários é possibilitada. Nestes casos, os apoios promovem não apenas o suporte oclusal, mas também estabilização horizontal notável. Em contraste,todas as próteses parciais Classes I e II, que têm uma ou duas selas em extremidades distais, não são totalmente suportadas pelos dentes. Tampouco estas têm retenção com- pletamente limitada aos pilares. Qualquer prótese parcial extensa de Classe III ou IV que não tenha suporte adequado dos pilares recai nesta mesma categoria. Estas últimas próteses podem obter algum suporte do rebordo edentado e, portanto, podem ter suporte composto pelo dente e pelos tecidos do rebordo. Semelhante ao processo de se considerar como um dente é mais bem utilizado no desenho de uma PPR para controlar os movi- mentos da prótese, a utilização de um implante deve ser direcio- nada para o controle de movimento mais benéfico. Enquanto os possíveis papéis da utilização dos implantes incluem todos os três princípios desejáveis demonstrados pelas próteses – suporte, esta- bilidade e retenção –, a principal demanda funcional é imposta pela mastigação, e, portanto, o maior benefício da utilização dos implan- tes envolve a limitação da instabilidade pela melhoria do suporte. Neste contexto, como se considera que os implantes aumen- tam o desenho da PPR e não proporcionam apoio para uma prótese fixa, outros benefícios para o paciente são o custo redu- zido e morbidade cirúrgica menor. Por ser o custo normalmente uma das considerações principais quando se escolhe entre os diferentes tipos de próteses, e como o uso de uma PPR promove uma vantagem distinta no custo, a seleção da posição mais van- tajosa do(s) implante(s) baseada no desenho é o objetivo princi- pal a ser considerado. A minimização da rotação sobre o eixo em uma Classe I ou II de Kennedy, ou qualquer modificação com espaço protético grande, é importante para se considerar. Os componentes de uma prótese removível típica estão ilus- trados na Figura 5-1 1. Conectores maiores 2. Conectores menores 3. Apoios 4. Retentores diretos 5. Componentes de reciprocidade e estabilização (parte do retentor direto) 6. Retentores indiretos (se a prótese removível tem uma ou mais extremidades livres) 7. Uma ou mais bases, que dão suporte a um ou mais dentes artificiais (Figura 5-1) Quando uma prótese removível é utilizada, esta deve se estender aos dois lados da arcada. Isto torna possível que as forças funcionais da oclusão sejam transferidas da base da prótese para todos os tecidos e dentes de suporte envolvidos no arco, resultando em uma estabilidade excelente. É por meio deste contato com os dentes contralaterais da arcada, que ocorre a alguma distância da força funcional, que a resistência ótima pode ser alcançada. Esta condição é mais efetivamente alcançada quando um conector maior rígido une a porção da prótese que está recebendo a função a regiões selecionadas em toda a arcada. As funções primordiais de um conector maior incluem união das partes maiores da prótese, distribuição da força aplicada através do arco para os dentes selecionados e tecidos e a mini- mização do torque aos dentes. Um conector maior rígido bem desenhado efetivamente distribui as forças pela arcada e atua reduzindo as cargas em todas as partes enquanto controla o movimento da prótese de forma eficiente. O princípio da alavanca está relacionado com este compo- nente da prótese. Um conector maior rígido vai limitar as pos- sibilidades de movimento atuando como uma alavanca de oposição. Este fenômeno é conhecido como estabilidade cruzada no arco. Esta estabilidade se torna ainda mais importante em situações associadas a grandes possibilidades de movimento da prótese (p. ex., próteses de extremidade livre). Neste capítulo, os conectores maiores e menores serão con- siderados separadamente quanto à sua função, localização e critérios de desenho. Outros componentes serão apresentados em seus capítulos específicos O conector maior é a parte da prótese parcial que conecta as partes da prótese localizadas em um lado da arcada com aquelas do outro lado. É aquela parte da prótese parcial pela qual todas as outras partes estarão direta ou indiretamente ligadas. Este componente também fornece estabilidade cruzada no arco e contribui para evitar o deslocamento provocado por tensões funcionais. O conector maior pode ser comparado a um chassi de carro ou à fundação de um prédio. É através do conector maior que os outros componentes da prótese parcial são unidos e eficientes. Se o conector maior fosse flexível, a ine- ficácia dos componentes comprometeria as estruturas orais e prejudicaria o conforto do paciente. A falha do conector maior em promover a rigidez desejada pode se manifestar como traumas ao periodonto de sustentação dos pilares, injúria ao rebordo remanescente ou em impactos sobre os tecidos subjacentes. É responsabilidade do dentista garantir que o desenho e a fabricação adequada do conector maior sejam adequados. Os conectores maiores devem ser desenhados e localizados com as seguintes diretrizes em mente: 1. Devem estar livres de tecidos móveis. 2. Qualquer choque com os tecidos gengivais deve ser evitado. A B C 3. Proeminências ósseas e de tecido mole devem ser evitadas durante a inserção e remoção. 4. Deve ser feito um alívio para prevenir o seu assentamento em áreas de possível interferência, como um tórus inoperável ou uma junção palatina mediana elevada. 5. Conectores maiores devem ser situados ou aliviados de maneira a evitar choques com os tecidos quando da rotação funcional da base da prótese numa extremidade livre. O alívio adequado sob o conector maior evita a necessidade de um ajuste posteriormente à ocorrência de injúria aos tecidos. Além do desperdício de tempo, o desgaste para fornecer o alívio necessário para evitar choques pode enfraquecer seriamente o conector maior, resultando em flexibilidade ou, possivelmente, em fratura. Os conectores maiores devem ser cuidadosamente desenhados visando à forma, espessura e localização corretas. Abreviar estas dimensões por desgaste só será prejudicial. O alívio é discutido no final deste capítulo e, mais amplamente, no Capítulo 11. As margens dos conectores maiores adjacentes aos tecidos gengivais devem ser localizadas a uma distância tal que evite qualquer tipo de impacto. Para conseguir isto, é recomendável que a borda superior de uma barra lingual esteja a pelo menos 4 mm abaixo da margem gengival (Figura 5-2). O fator limitante no arco inferior é a altura dos tecidos móveis no assoalho da boca. Uma vez que o conector precisa ter largura e volume suficientes para prover rigidez, uma placa lingual é comumente usada quando não há espaço suficiente para uma barra lingual. No arco superior, uma vez que não existem tecidos móveis no palato como no assoalho da boca, as bordas dos conectores maiores podem ser posicionadas suficientemente distantes dos tecidos gengivais. Estruturalmente, os tecidos que recobrem o palato são bastante adequados para receber um conector, uma vez que o tecido conjuntivo da submucosa é firme e há uma irrigação sanguínea profunda. Porém, quando o tecido mole que recobre a porção mediana do palato é menos passível de deslocamento que os tecidos do restante do rebordo, uma quantidade variável de alívio sob os conectores precisa ser providenciada para evitar traumas aos tecidos. A quantidade de alívio necessário é diretamente proporcional à diferença entre a capacidade de deslocamento dos tecidos que recobrem a rafe palatina e aqueles tecidos sobre o rebordo remanescente. Os tecidos gengivais, por outro lado, precisam ter uma irrigação Padrão de formato em meia-pera da barra lingual Padrão placa lingual 4 mm S is te m a m é tr ic o 4 mm Arredondado depois de fundido em metal Arredondado depois de fundido em metal Grampo contínuo (cíngulo) 4 mm Barra sublingual B A DC sanguínea irrestrita para se manterem saudáveis. Por isto, é recomendável que as bordas do conector palatino sejam posi- cionadas paralelas à margem gengival e, no mínimo, a 6 mm desta. Os conectores menores que precisamatravessar os tecidos gengivais devem fazê-lo abruptamente, unindo-se no conector maior próximo a um ângulo reto (Figura 5-3). Desta maneira, a maior liberdade possível aos tecidos gengivais estará assegurada. Exceto pelo tórus palatino ou por uma rafe mediana proe- minente, os conectores palatinos normalmente não requerem alívio, nem o alívio é desejável. O contato íntimo entre o conec- tor e os tecidos de suporte contribui muito para a retenção, estabilidade e suporte da prótese. Exceto pelas áreas gengivais, o contato em todos os outros pontos do palato não é por si só prejudicial à saúde dos tecidos, se sustentados por apoios nos dentes que evitem movimentos danosos. Uma barra palatina anterior ou a borda anterior de uma placa palatina também devem ficar o mais distante posterior- mente possível para evitar qualquer interferência na língua na área das rugosidades. Deve ser uniformemente fina e sua borda anterior deve seguir os contornos entre as cristas das rugosida- des. Portanto, a borda anterior destes conectores maiores terá um contorno irregular na medida em que seguir os vales entre as rugosidades. A língua pode então passar da proeminência de uma rugosidade para outra sem encontrar a borda da prótese entre elas. Quando a borda de um conector precisar atravessar a crista de uma rugosidade, isto deve ser feito de maneira abrupta, evitando a crista na medida do possível. O limite pos- terior do conector maior na maxila deve ficar um pouco aquém do limite entre o palato duro-palato mole. Uma regra útil, aplicada aos conectores maiores e às próteses parciais de um modo geral, é tentar evitar acrescentar qualquer volume da armação da prótese a uma superfície já convexa. As características dos conectores que contribuem para a manutenção da saúde bucal e do bem-estar do paciente podem ser enumeradas como no Quadro 5-1. Os seis tipos de conectores maiores inferiores são: 1. Barra lingual (Figura 5-4, A) 2. Placa lingual (Figura 5-4, B) 3. Barra sublingual (Figura 5-4, C) 4. Barra lingual com grampo contínuo (barra contínua) (Figura 5-4, D) 5. Grampo contínuo (barra contínua) (Figura 5-4, E) 6. Barra vestibular (Figura 5-4, F) A barra lingual e a placa lingual são os conectores maiores frequentemente mais utilizados em próteses parciais removíveis inferiores. Barra Lingual A forma básica do conector maior inferior é a de uma meia pera. Ele está localizado acima dos tecidos moles, porém o mais dis- tante possível dos tecidos gengivais. Normalmente é confeccio- nado de cera calibre 6, com secção de meia pera, reforçada ou em padrão de plástico similar (Figura 5-5). O conector maior precisa ser esculpido de modo a não apre- sentar margens afiadas para a língua nem causar irritação ou incômodo em função de um perfil angulado. A borda superior de um conector maior tipo barra lingual deve ser angulada, deve ir se afilando gradualmente em direção aos tecidos gengivais, com o seu maior volume na borda inferior, resultando no con- torno em meia pera. Os padrões de barra lingual, tanto de cera como de plástico, devem ser confeccionados nesta forma con- vencional. Porém, a borda inferior da barra lingual deve ser ligeiramente arredondada quando a armação for polida. Uma borda arredondada não irá traumatizar os tecidos linguais quando as bases da prótese rotacionarem para baixo sob a ação de cargas oclusais. Frequentemente, é necessário um volume adicional para garantir a rigidez adequada, especialmente quando a barra é longa ou é utilizada quando uma liga menos rígida. Isto é obtido colocando-se uma lâmina de cera calibre 6 mm 6 mm 24 sobre o padrão pré-fabricado em vez de se alterar o formato original de meia pera. A borda inferior de um conector maior lingual inferior deve ser situada de modo a não encontrar com os tecidos do assoalho da boca na medida em que estes mudam de altura durante as atividades normais de mastigação, deglutição, fala, lamber os lábios e assim por diante. Contudo, ao mesmo tempo, parece lógico localizar a borda inferior destes conecto- res o mais baixo possível para evitar interferências na língua em repouso e o acúmulo de restos alimentares. Ademais, quanto mais para baixo puder ser situada a barra lingual, mais distante a parte superior da barra poderá ficar dos sulcos gen- givais linguais dos dentes adjacentes, evitando assim traumas ao tecido gengival. Existem pelo menos dois métodos clinicamente aceitáveis para determinar a altura relativa do assoalho da boca e localizar A B C D E F Alívio o limite para a borda inferior do conector maior inferior lingual. O primeiro método é o de medir a altura do assoalho com uma sonda periodontal tendo como referência as margens gengivais dos dentes adjacentes (Figura 5-6). Durante esta medida, a ponta da língua do paciente deve estar tocando ligeiramente a borda do vermelhão do lábio superior. A tomada destes valores possibilita sua transferência para modelos tanto de diagnóstico como de trabalho, assegurando uma indicação útil para a borda inferior do conector maior. O segundo método é usar uma moldeira individual cuja borda lingual seja cerca de 3 mm aquém do assoalho da boca na posição elevada e em seguida fazer uma moldagem com um material de moldagem que pos- sibilite o registro da altura do assoalho quando o paciente lamber os lábios. A borda inferior do conector maior bem pla- nejado pode então ser localizada na altura do sulco lingual do modelo resultante desta moldagem. Dos dois métodos, obser- vamos que a medida da altura do assoalho da boca é menos variável e mais aceitável clinicamente. Placa Lingual Se o espaço retangular é circunscrito pela barra lingual, os con- tatos dos dentes anteriores, os cíngulos e os conectores menores estão neste espaço, e então a indicação é uma placa lingual (Figura 5-7). Uma placa lingual deve ser confeccionada o mais fino quanto tecnicamente possível e deve ser contornada de maneira a seguir os contornos dos dentes e das ameias interproximais (Figura 5-8). O paciente deve estar ciente de que será adicionado o menor volume e menos alterações de contorno possíveis. A borda superior deve seguir a curvatura natural das superfícies acima dos cíngulos dos dentes e não deve se situar acima do terço médio da superfície lingual, exceto para recobrir espaços inter- proximais até o ponto de contato. O formato da borda inferior deve ser o mesmo em meia pera da barra lingual, para dar volume e rigidez. Todos os sulcos gengivais e ameias profundas devem ser bloqueados paralelamente à via de inserção para evitar irritação gengival ou qualquer esmagamento entre os A D B C dentes. Em muitos casos, um recontorno criterioso das super- fícies proximais linguais de dentes anteriores apinhados possi- bilita uma adaptação melhor da placa lingual, eliminando o que de outra forma seriam ameias interproximais profundas a serem recobertas (Figura 5-9). A placa lingual não serve, por si só, como um retentor indireto. Quando uma retenção indireta for necessária, apoios bem definidos precisam ser confeccionados para esta finali- dade. Tanto a placa lingual como a grampo contínuo, ideal- mente, devem ter um apoio terminal de cada lado, independente da necessidade de retenção indireta. Mas quando são necessá- rios retentores indiretos, estes apoios podem servir também como apoios terminais para a placa lingual ou para o grampo contínuo. Uma vez que nenhum componente da prótese parcial remo- vível deve ser acrescentado arbitrariamente, cada componente deve ter uma função claramente definida. As indicações para utilização de uma placa lingual podem ser listadas como segue: 1. Quando o freio lingual for alto ou o espaço disponível para uma barra lingual for limitado. Em qualquer destes casos, a borda superior da barra lingual teria que ser posicionada muito próxima dos tecidos gengivais. Uma irritação só poderia ser evitada com um alívio generoso, que, além de ser incômodo para a língua, também iriapossibilitar o aprisio- namento de alimentos. Quando a medida clínica a partir das margens gengivais livres até assoalho levemente elevado do fundo da cavidade bucal for menor que 8 mm, deve ser indi- cada uma placa lingual em vez de uma barra lingual. O uso de uma placa lingual possibilita um posicionamento mais superior da borda inferior sem que ocorra irritação da língua ou dos tecidos gengivais e sem comprometer a rigidez. 2. Nos casos Classe I nos quais o rebordo remanescente sofreu reabsorção vertical excessiva. Rebordos achatados oferecem pouca resistência às tendências de rotação horizontal da prótese. Os dentes remanescentes devem ser passíveis de resistir a esta rotação. Uma placa lingual bem desenhada envolve os dentes remanescentes para evitar rotações horizontais. 3. Para estabilização de dentes periodontalmente comprometi- dos, a contenção com uma placa lingual pode ser útil quando se faz uso de apoios bem delimitados e de dentes adjacentes saudáveis. Como discutido anteriormente, pode ser usado um grampo contínuo para alcançar este mesmo propósito, uma vez que este é equivalente à borda superior de uma placa lingual, mas sem o recobrimento gengival. Um grampo con- tínuo oferece estabilização entre outras das vantagens da placa lingual. Entretanto, frequentemente é mais ofensivo à língua do paciente e certamente tem maior tendência a acumular alimentos que o recobrimento promovido pela placa lingual. 4. Quando uma futura substituição de um ou mais incisivos for facilitada pelo acréscimo de alças de retenção à placa lingual existente. Incisivos inferiores periodontalmente com- prometidos podem ser mantidos com condição de futuras perdas e futuras adaptações. As mesmas razões para se indicar o uso de uma placa lingual anterior se aplicam ao seu emprego em outras partes do arco inferior. Se uma barra lingual está indicada na região anterior, não há razão para se utilizar o recobrimento gengival em outro local. Porém, quando uma contenção auxiliar for usada para estabilização dos dentes remanescentes, ou para a estabilização horizontal da prótese, ou ambos, pequenos espaços retangulares por vezes persistem. A resposta tecidual a estes pequenos espaços é melhor quando estes são fechados por um recobrimento do que quando são deixados abertos. Geralmente isto é indicado para evitar irritação gengival, aprisionamento de restos alimen- tares ou para recobrir áreas que receberam grandes alívios que seriam irritantes para a língua (Figura 5-10). Algumas vezes, o dentista se depara com uma situação clínica em que uma placa lingual é indicada como o conector maior de escolha mesmo quando os dentes anteriores estão bastante espaçados, mas o paciente se opõe categoricamente à presença de qualquer metal aparente através dos espaços interdentais. Ainda assim, uma placa lingual pode ser confeccionada sem que um grande volume de metal fique aparente entre os dentes anteriores espaçados (Figura 5-11) e sem que a rigidez do conector maior seja muito alterada; porém, este desenho pode reter restos alimentares tanto quanto um conector maior tipo grampo contínuo. Desenho de Conectores Maiores Mandibulares A seguinte abordagem sistemática para o desenho de um conec- tor maior do tipo barra lingual e placa lingual pode ser aplicada nos modelos de estudo depois de se considerar os dados de diagnóstico e relacioná-los aos princípios básicos de desenho de um conector maior: 1° passo: Delimitar as áreas basais de suporte no modelo de estudo (Figura 5-12, A) 2° passo: Delimitar a borda inferior do conector maior (Figura 5-12, B) 3° passo: Delimitar a borda superior do conector maior (Figura 5-12, C) 4˚ passo: Unir as áreas basais de suporte com o conector maior e adicionar os conectores menores para reter o material da base da prótese de resina acrílica (Figura 5-12, D) Alívio Barra Sublingual Uma modificação da barra lingual que tem sido de grande utilidade quando a altura do assoalho da boca não possibilita o posicionamento do limite superior da barra lingual a pelo menos uma distância de 4 mm da margem gengival livre é a barra sublingual. O formato da barra permanece essencial- mente o mesmo que o de uma barra lingual, mas a sua localização é inferior e posterior à posição normal da barra lingual, situando-se sobre e paralelamente à porção anterior do assoalho da boca. Geralmente se aceita o uso de uma barra sublingual no lugar de uma placa lingual se o freio lingual não interferir na prótese ou na presença de uma área retentiva lingual que iria requerer a confecção de um blo- queio considerável para uma barra lingual convencional. As contraindicações incluem a presença de tórus lingual inter- ferente, a inserção alta do freio lingual e a interferência em um assoalho de boca com alta elevação durante os movi- mentos funcionais. Grampo Contínuo (Barra Contínua) Quando uma placa lingual for o conector maior de escolha, mas o alinhamento axial dos dentes anteriores for tal que exija um bloqueio excessivo dos espaços interproximais, um grampo contínuo pode ser indicado. Um grampo contínuo situado sobre ou ligeiramente acima dos cíngulos dos dentes anteriores pode ser adicionado à barra lingual ou pode ser utilizado independentemente (Figura 5-13). Ademais, quando ocorrem diastemas amplos entre os dentes anteriores inferiores, um conector tipo grampo A B DC A B contínuo pode ser mais esteticamente aceitável que uma placa lingual. Barra Vestibular Felizmente, existem poucas situações em que a inclinação lingual dos pré-molares e incisivos é tão acentuada que impede o uso de uma barra lingual. Com um preparo de boca conser- vador, utilizando recontornos e bloqueios, um conector lingual quase sempre pode ser utilizado. Dentes inclinados para lingual podem receber nova forma através de coroas. Embora a necessidade do uso de um conector maior vestibular seja rara, esta estratégia deve ser evitada, fazendo-se os preparos *Swing-Lock Inc, Milford, Texas A B necessários na boca, em vez de se aceitar uma condição que, de outra maneira, poderia ser corrigível (Figura 5-14). O mesmo se aplica ao uso de uma barra vestibular quando um tórus mandibular interfere na colocação de uma barra lingual. A menos que uma cirurgia seja definitivamente contraindi- cada, qualquer tórus mandibular deve ser removido para evitar o uso de um conector tipo barra vestibular. Uma modificação em uma placa lingual é a barra vesti- bular articulada. Este conceito é aplicado no desenho tipo Swing Lock*, que consiste em uma barra vestibular unida ao conector maior por uma dobradiça de um lado e um fecho do outro (Figura 5-15). O suporte é fornecido pelos apoios múltiplos sobre os dentes naturais remanescentes. A estabilidade e a reciproci- dade são proporcionadas por uma placa lingual que faz contato com os dentes remanescentes e são reforçadas pela barra vestibular com suas barras retentivas. A retenção é proporcionada por braços retentivos tipo barra que se pro- jetam das barras vestibulares em direção à zona retentiva das faces vestibulares dos dentes. A aplicação do conceito Swing-Lock parece principalmente indicada quando estão presentes as seguintes condições: 1. Ausência de pilares estratégicos. Quando todos os dentes remanescentes presentes são utilizados para proporcionar retenção e estabilidade, a ausência de dentes pilares-chave (tais como caninos) pode não representar um problema tão sério para o tratamento quando se aplica este conceito quanto em desenhos mais convencionais (Figura 5-16) 2. Contorno dental desfavorável. Quando os contornos dos dentes presentes (não corrigíveis com restaurações ade- quadas) ou a inclinação vestibular dos dentes anteriores é excessiva, de forma a impedir o desenho de grampos convencionais, os princípios básicos de desenho de pró- teses parciais removíveis podem ser melhor aplicados com o conceito Swing-Lock. Seis tipos básicos de conectores maiores para a maxila sãoconsiderados: 1. Cinta simples (Figura 5-17, A) 2. Cinta combinada anteroposterior (Figura 5-17, B) 3. Placa palatina (Figura 5-17, C) 4. Conector palatino em forma de U (Figura 5-17, D) 5. Barra palatina simples (Figura 5-17, E) 6. Barra palatina anteroposterior (Figura 5-17, F) Quando for necessário que o conector palatino faça contato com os dentes por uma questão de suporte, então se deve prover um suporte dentário adequado. Este suporte é mais bem alcan- çado quando se fazem apoios nos dentes pré-selecionados como pilares. Estes apoios devem estar localizados distantes o sufi- ciente da inserção gengival para que seja possível atravessar o sulco gengival sem seu bloqueio. Ao mesmo tempo, devem ser suficientemente baixos em relação ao dente para evitar movi- mentos desfavoráveis de alavanca e suficientemente baixos nos incisivos e caninos superiores para evitar interferência oclusal dos antagonistas. Componentes dos conectores maiores que repousam sobre superfícies dentárias inclinadas e não preparadas podem resul- tar em deslizamento da prótese, em movimento ortodôntico do dente ou em ambos. De qualquer maneira, o apoio nos tecidos gengivais é inevitável. Quando o suporte vertical oferecido pelos apoios não é suficiente, a saúde dos tecidos circundantes nor- malmente fica comprometida. Da mesma maneira, as projeções interproximais dos conectores maiores que se posicionam no terço cervical dos dentes e nos tecidos gengivais que estrutural- mente são incapazes de oferecer suporte podem causar trauma- tismos. Para prevenir sequelas desta origem, deve ser garantido aos conectores maiores apoio em dentes, deve ser feito alívio em tecidos gengivais e/ou o conector deve ser posicionado distante o suficiente da margem gengival para evitar qualquer bloqueio possível à passagem normal de sangue ou acúmulo de restos de alimentos. Sempre que houver a necessidade de se atravessar a gengiva, deve-se fazê-lo de maneira abrupta e em ângulo reto do conector maior, sempre com o alívio adequado. A criação de formas anguladas, afinadas em qualquer parte do conector maior superior deve ser evitada e todas as bordas devem ser desenhadas afiladas em direção aos tecidos. Cinta Simples Uma prótese bilateral, dentossuportada, com extensão curta pode ser unida com eficiência por uma cinta simples e ampla, principalmente quando as áreas desdentadas estão localizadas posteriormente (Figura 5-18). Este conector pode ser confeccio- nado rígido, sem um volume incômodo e sem interferir na língua, desde que a superfície da armação repouse sobre três planos. A rigidez adequada, sem volume excessivo, pode ser conseguida para a confecção de uma cinta simples pelo técnico protético utilizando um padrão de plástico calibre 22. Em razão da ocorrência de torque e de movimentos de ala- vanca, um conector maior tipo cinta simples não deve ser uti- lizado para unir substituições anteriores com bases com extremidade livre distal. Para ser rígido o suficiente para resistir a forças de torque, bem como proporcionar o suporte vertical e a estabilização horizontal adequados, a cinta simples teria de ser inconvenientemente volumosa. Quando posicionado ante- riormente, este volume se tornaria ainda mais incômodo para o paciente, uma vez que interferiria na fala. Cinta Combinada Anteroposterior Estruturalmente, este é o mais rígido dos conectores maiores palatinos. A cinta combinada anteroposterior pode ser usada em quase todos os desenhos de prótese parcial removível supe- rior (Figura 5-19). A cinta posterior deve ter uma forma achatada e deve ter pelo menos 8 mm de largura. Os conectores palatinos posterio- res devem ser posicionados o mais posteriormente possível para evitar interferências na língua, mas anteriores à linha de junção entre os palatos duro e mole. A única condição que impede a sua indicação é a presença de um tórus maxilar inoperável que se estende posteriormente até o palato mole. Nesta situação, pode ser utilizado um amplo conector maior em U, como expli- cado neste capítulo. A resistência do desenho deste conector maior decorre do fato de que os componentes anteriores e posteriores estão unidos por conectores longitudinais em cada lado, formando um arcabouço quadrado ou retangular. Cada componente protege os demais contra possíveis torques e flexões. Movimen- tos de flexão são praticamente inexistentes neste tipo de desenho. O conector anterior pode ser estendido anteriormente para sustentar dentes em espaços protéticos anteriores. Desta maneira, 3. Contorno desfavorável dos tecidos moles. Zonas retenti- vas extensas no tecido mole frequentemente impedem o posicionamento adequado dos componentes de uma prótese parcial removível convencional ou de uma over- denture. O conceito de barra vestibular articulada pode dar uma solução coadjuvante para acomodar estes con- tornos desfavoráveis de tecido mole. 4. Dentes com prognóstico duvidoso. A possibilidade de perda de um dente pilar estratégico com prognóstico duvidoso afeta seriamente a retenção e a estabilidade de uma prótese convencional. Uma vez que todos os dentes remanescentes funcionam como suporte em uma prótese tipo Swing-Lock, aparentemente a perda de um dente não comprometeria a retenção e a estabilidade tão intensa- mente. O uso de uma barra vestibular articulada pode resultar em um prognóstico mais satisfatório em algumas situações clínicas. Da mesma maneira que para todos os outros tipos de prótese removível, uma boa higiene oral, manutenção e controle periódicos bem como uma minu- ciosa atenção aos detalhes do desenho são imprescindí- veis para o êxito da aplicação deste conceito de tratamento. As contraindicações ao uso de barra vestibular articulada são óbvias. A mais óbvia é uma higiene oral deficiente ou a falta de motivação no controle da placa pelo paciente. Outras contraindicações são a presença de um vestíbulo raso ou a inserção alta do freio labial. Qualquer um destes fatores impediria o posicionamento adequado dos componentes da prótese parcial removível tipo Swing-Lock. um conector em “U” se torna mais rígido pelo acréscimo da barra horizontal posteriormente. Na ocorrência de um tórus maxilar, este pode ser circundado por este tipo de conector maior sem sacrifícios para a rigidez. A combinação de conectores anteriores e posteriores pode ser utilizada em qualquer classe de Kennedy para arco parcial- mente desdentado. Esta combinação é empregada mais frequen- temente nas Classes II e IV, enquanto a cinta simples ampla é mais frequentemente empregada nos casos de Classe III. Nos casos de Classe I, a placa palatina ou o conector de recobrimento total são utilizados mais frequentemente, por razões que serão explicadas posteriormente neste capítulo. Todos os conectores maiores maxilares devem cruzar a linha mediana em ângulo reto, e não na diagonal. Isto por razões de simetria. A língua, por ser um órgão bilateral, aceitará mais facilmente componen- tes dispostos simetricamente que aqueles dispostos sem simetria bilateral. Placa Palatina Na ausência de uma terminologia melhor, o nome placa pala- tina é utilizado para designar qualquer recobrimento do palato que seja fino, amplo e contornado, usado como conector maior e abrangendo pelo menos metade do palato duro (Figura 5-20). As réplicas da anatomia palatina apresentam espessura e resistência uniformes, mesmo na presença de con- tornos corrugados. Com o uso do polimento eletrolítico, a A B DC E F uniformidade da espessura pode ser mantida e os contornos anatômicos do palato podem ser reproduzidos fielmente na prótese final. O conector maior que faz uma réplica anatômica do palato tem várias vantagens sobre outros tipos de conectores maiores palatinos. Algumas das vantagens são as seguintes: 1. Torna possível a confecção de uma placa metálica uniforme- mente fina que reproduz fielmente os contornos anatômicos do palato do próprio paciente. Em função da uniformidade de espessura, da sensaçãofamiliar para a língua do paciente e da condutividade térmica do metal, a placa palatina é mais rapidamente aceita pela língua e tecidos subjacentes que qualquer outro tipo de conector. 2. A anatomia corrugada da prótese com réplica anatômica soma rigidez à peça; tornando possível a confecção de uma peça mais fina e com rigidez adequada. 3. As irregularidades da superfície são intencionais e não aciden- tais; assim, é necessário somente um polimento eletrolítico. Com isto, a espessura uniforme original do padrão de cera será mantida. 4. Em função do contato íntimo, a tensão superficial na inter- face do metal com os tecidos subjacentes proporciona maior retenção para a prótese. A retenção precisa ser adequada A B para resistir à força de tração dos alimentos grudentos, à ação dos tecidos moles no entorno da borda da prótese, à força da gravidade, e a forças mais fortes, como ao tossir ou espirrar. Elas são todas superadas, até certo ponto, pela retenção da base em si. A retenção é proporcional à área total da base da prótese em contato com os tecidos de suporte. A quantidade de retenção direta e indireta necessária depen- derá da quantidade de retenção proporcionada pela base da prótese. A placa palatina pode ser usada em qualquer uma das três maneiras. Ela pode ser usada como uma placa de largura variá- vel recobrindo a área entre duas ou mais áreas desdentadas, como uma placa completa ou parcial que se estende posterior- mente até a junção dos palatos duro e mole (Figuras 5-21 e 5-22), ou na forma de um conector maior palatino anterior com a possibilidade de extensão posterior da base da prótese com resina acrílica (Figura 5-23). A placa palatina deve ficar localizada anteriormente à porção posterior da área de selamento palatino. Um selamento palatino posterior típico como no caso de próteses totais superiores não é necessário em uma prótese parcial superior em que se usa uma placa palatina em função da precisão e da estabilidade das placas metálicas fundidas. Quando o último pilar em cada um dos lados de um arco Classe I é o canino ou o primeiro pré-molar, o recobrimento palatino completo é altamente aconselhável, principalmente quando os rebordos sofreram reabsorção vertical excessiva. Isto pode ser feito por uma das duas maneiras possíveis. O primeiro método é o de usar um palato totalmente metálico, estendido até o limite dos palatos duro e mole (Figura 5-22). O outro método seria o de usar um conector maior metálico anterior com dis- positivos de retenção posteriores, para fixação de uma base de prótese de resina, que se estenderá posteriormente até o ponto anatômico anteriormente citado (Figura 5-23). As várias vantagens do palato em metal sobre o de resina o torna preferível mesmo com um custo ligeiramente maior. Entre- tanto, a placa de resina ou parcialmente metálica também pode ser usada satisfatoriamente quando se prevê a necessidade de reembasamento posterior ou quando o custo é um fator impor- tante. A placa palatina total não é um conector que vem recebendo indicações universais, mas tem-se tornado bem aceita como o conector palatino para muitas próteses parciais removíveis supe- riores. Em todas as circunstâncias, as partes que fazem contato com os dentes remanescentes precisam ter o suporte de nichos de apoio adequados. O dentista deve se familiarizar com o emprego das placas palatinas e, ao mesmo tempo, com suas limitações e vantagens, de modo a utilizá-la de forma inteligente e tirando da peça o melhor proveito. Desenho de Conectores Maiores Maxilares Em 1953, Blatterfein descreveu uma abordagem sistemática para o desenho de conectores maiores superiores. Seu método envolve cinco passos básicos e é certamente aplicável à maioria dos casos de prótese parcial removível superior. Com o modelo de estudo à mão e conhecendo o potencial de deslocamento dos tecidos, inclusive estes tecidos que recobrem a rafe mediana palatina, ele recomenda os passos básicos a seguir: 1° passo: Delimitar as áreas principais de suporte. As áreas prin- cipais de suporte são aquelas que serão recobertas pela base da prótese (Figura 5-24, A e B) 2° passo: Delimitar as áreas que não são de suporte. As áreas que não são de suporte são os tecidos gengivais até 5 a 6 mm dos dentes remanescentes, as áreas de tecido duro na rafe mediana do palato (incluindo qualquer tórus) e os tecidos posteriores ao limite do palato duro com o palato mole (Figura 5-24, C) A B A B C D Conector Palatino em Forma de U Tanto do ponto de vista do paciente como do ponto de vista mecânico, o conector palatino em “U” é o menos desejável dos conectores maiores para a maxila. Ele nunca deve ser empre- gado arbitrariamente. Quando há a presença de um grande tórus palatino inoperável e, ocasionalmente, quando vários dentes anteriores precisarem ser substituídos, o conector pala- tino em “U” terá de ser utilizado (Figura 5-25). Na maioria dos casos, porém, outros desenhos serão mais eficientes. As principais objeções ao uso de um conector em “U” são as seguintes: 1. Falta de rigidez (quando comparado a outros desenhos) por possibilitar flexão lateral sob ação de forças oclusais e resultar em torque ou forças laterais diretas nos dentes pilares. 2. O desenho do conector falha em prover boas caracterís- ticas de suporte e pode possibilitar trauma nos tecidos subjacentes a suas bordas palatinas quando submetidos a cargas oclusais. 3. O aumento do volume para aumentar a rigidez resulta em grande espessura em áreas que funcionam como um obstáculo para a língua. Muitas próteses parciais removíveis superiores fracassam por nenhuma outra razão que não a flexibilidade do conec- tor maior em “U” (Figura 5-26). Para ser rígido, o conector palatino em “U” precisa de volume onde a língua precisa de mais liberdade — a área das rugosidades palatinas. Sem 3° passo: Delimitar as áreas de conector. Depois dos passos 1 e 2, tem-se delimitada a área disponível para as partes do conector maior (Figura 5-24, C). 4° passo: Seleção do tipo de conector. A escolha do tipo de conector(es) está baseada em quatro fatores: conforto, rigidez, localização das bases da prótese e retenção indireta. Os conectores devem ter o menor volume possível e devem ser posicionados de modo a não interferir na língua durante a fala e a mastigação. Os conectores devem ter a maior rigidez possível para distribuir as forças bilateralmente. A cinta dupla é o tipo de conector maior que proporciona rigidez máxima sem ser volumoso e sem o recobrimento total dos tecidos. Muitas vezes, a escolha da cinta é limitada pela loca- lização das áreas de rebordo remanescente. Quando as áreas desdentadas são localizadas anteriormente, o uso de uma única cinta posterior não é recomendável. Da mesma maneira, quando as áreas desdentadas estão presentes apenas posteriormente, o uso de apenas uma cinta anterior não é recomendável. A necessidade de retenção indireta influencia a delimitação do conector maior. Devem ser previstos pontos para que sejam posicionados retentores indiretos. 5° Passo. União. Depois da seleção do tipo de conector maior baseada nas considerações do 4° passo, as áreas da base da prótese e os conectores devem ser unidos (Figura 5-24, D). As indicações para o uso do recobrimento total do palato foram discutidas anteriormente neste capítulo. Embora haja muita variação entre os conectores maiores palatinos, a com- pleta compreensão de todos os fatores que influenciam seu desenho levará a seleção do melhor desenho para cada paciente. volume suficiente, o desenho em “U” leva ao aumento da flexibilidade e movimento nas extremidades abertas. Nas próteses de extremidade livre distal, em que o suporte den- tário posterior não existe, o movimento é especialmente per- ceptível e traumático para o rebordo residual. Independente de quão bom for o suporte para a base no extremo livre ou quão harmoniosa seja a oclusão, sem um conector maior rígido o rebordo residualsofre. Quanto mais amplo o recobrimento do conector maior em “U”, mais este irá parecer-se com o conector tipo placa palatina com suas várias vantagens. Mas quando utilizado como um desenho em “U” estreito, geralmente falta a rigidez necessária. Um conector em “U” pode ficar mais rígido com a utilização de múltiplos dentes de suporte por meio de nichos de apoio precisos. Porém, um erro comum no desenho do conector em “U” é a proximidade ou mesmo o contato direto com os tecidos gengivais. O princípio de que as bordas dos conectores maiores devem ou ser sustentadas por apoios sobre descansos preparados ou ser localizadas distante o suficiente dos tecidos gengivais já foi descrito anteriormente. A maioria dos conectores em “U” não obedece nem uma nem outra condição, resultando na irri- tação gengival e trauma periodontal dos tecidos adjacentes aos dentes remanescentes. Barra Palatina Simples Para diferenciar uma barra de uma cinta palatina, um com- ponente de conector com largura menor que 8 mm será considerado como uma barra neste livro. A barra palatina simples é talvez o mais amplamente utilizado e o menos lógico de todos os conectores maiores palatinos. É difícil dizer se é a barra ou o conector maior em forma de “U” o mais criticável dos conectores palatinos. Para que a barra palatina simples tenha a rigidez neces- sária para uma distribuição de forças entre os arcos é preciso ter um volume considerável, o que geralmente não é obser- vado, infelizmente. Para que a barra palatina simples seja eficiente, ela deve ser suficientemente rígida para oferecer suporte e estabilidade cruzada no arco e ainda deve estar centralizada entre as duas metades da prótese. Mecanica- mente, esta prática pode ser perfeitamente válida, mas, do ponto de vista do conforto do paciente e da alteração do contorno do palato, é altamente criticável. Uma prótese removível feita com uma barra palatina simples frequentemente é muito fina e muito flexível ou muito volumosa e desconfortável para a língua do paciente. A decisão de usar uma barra palatina simples em lugar de uma cinta deve estar baseada no tamanho das áreas de apoio da prótese que estão sendo unidas e se apenas um conector localizado entre estas partes seria rígido o suficiente sem resultar em um volume inconveniente. Barra Palatina Anteroposterior Estruturalmente, esta combinação de conectores maiores apresenta muitas das desvantagens da barra palatina simples (Figura 5-27). Para ser suficientemente rígido e fornecer o suporte e a estabilidade necessários, este tipo de conector deve ser muito volumoso e pode interferir na função da língua. Sulcagem do Modelo Superior Sulcagem é o termo utilizado para a confecção de um risco raso no modelo superior de trabalho que delimita o conector maior palatino fora da área das rugosidades (Figura 5-28). Os objetivos da confecção deste sulco são os seguintes: 1. Transferir o desenho do conector maior para o modelo de revestimento (Figura 5-29, A e B) 2. Fornecer uma linha de término visível para a peça metá- lica (Figura 5-30) 3. Assegurar o contato íntimo do conector maior com tecidos palatinos selecionados. A sulcagem é facilmente executada utilizando-se um ins- trumento apropriado, como uma espátula de escultura. Deve-se ter o cuidado de não criar um sulco que exceda 0,5 mm em largura ou profundidade (Figura 5-31). Os conectores menores são aqueles componentes que funcio- nam como ligação entre o conector maior ou a base da prótese parcial removível e as demais partes da prótese, tais como grampos, retentores indiretos, apoios oclusais e apoios de cíngulo. Em muitos casos, o conector menor pode ser contínuo com outras partes da prótese. Por exemplo, um apoio oclusal num dos lados de uma placa lingual é em realidade o término de um conector menor, mesmo que este conector menor esteja contíguo com a placa lingual. Da mesma maneira, a parte da armação da base da prótese que sustenta o grampo e o apoio oclusal é um conector menor, que se une ao conector maior com o corpo do grampo propriamente dito. Estas partes da prótese parcial removível, por meio das quais as bases da prótese são mantidas, são conectores menores. Além de unir as partes da prótese, o conector menor serve ainda a dois outros fins. 1. Transferir forças funcionais aos dentes pilares. Esta é uma função prótese-pilar dos conectores menores. As forças oclusais aplicadas sobre os dentes artificiais são transferidas por meio da base para os tecidos do rebordo residual subja- cente se esta base é essencialmente mucossuportada. As forças oclusais aplicadas aos dentes artificiais são também transferidas para os dentes pilares por meio dos apoios olcu- sais. São os conectores menores originados do conector maior rígido que fazem possível esta transferência de forças funcionais por todo o arco dentário. 2. Transferir o efeito dos retentores, apoios e componentes de estabilização para o resto da prótese. Esta é uma função pilar-prótese do conector menor. As forças aplicadas em uma região da prótese podem sofrer reação por outros compo- nentes da prótese situados em outra região e posicionados para esta função. Um componente de estabilização num dos lados do arco pode ser adicionado para resistir a forças hori- zontais originadas do lado oposto. Isto é possível somente por causa do efeito de transferência do conector menor, que sustenta este componente de estabilização e a rigidez do conector maior. A B Assim como o conector maior, o conector menor precisa ter volume suficiente para ser rígido; do contrário, a transferência de forças funcionais para os tecidos e dentes de suporte não será eficaz. Da mesma maneira, o volume do conector menor deve ser o menos incômodo possível. Um conector menor que contata a superfície axial de um dente de suporte não deve estar situado sobre uma superfície convexa e sim ficar numa ameia (Figura 5-32), onde ficará menos perceptível pela língua. Ele deve estar adaptado à ameia interdental, passando verticalmente a partir do conector maior, de modo que a passagem pela gengiva seja abrupta e cubra o mínimo de tecido gengival possível. Ele deve ir aumentando a espessura conforme se aproxima da superfície lingual, afilando para a área de contato (Figura 5-33). A parte mais profunda da ameia interdental deve ser blo- queada para evitar interferência na colocação e remoção da prótese e para evitar qualquer efeito de cunha entre os dentes contatados. A B Foi proposta uma modificação dos conectores menores das próteses parciais removíveis convencionais. Esta aplicação foi sugerida apenas para o arco superior, com o conector menor localizado no centro da superfície palatina do dente pilar superior. Foi sugerido que esta modificação reduza a quantidade de recobrimento dos tecidos gengivais, ofereça melhor guia para a remoção e inserção da prótese parcial e aumente a estabilização contra forças horizontais e rotacionais. Entretanto, em função da sua localização, esta variação no desenho poderia invadir o espaço da língua e criar um grande potencial para acúmulo de alimentos. A variação proposta deve ser utilizada com cuidado. Quando um conector menor contata as superfícies dentais em qualquer um dos lados da ameia onde ele está inserido, ele deve ser afilado em direção aos dentes de modo que a língua encontre uma superfície lisa. Isto evita ângulos vivos, que podem impedir o movimento da língua, e elimina os espaços onde poderiam ficar retidos restos de alimentos (Figura 5-34). É o conector menor que contata as superfícies dos planos- guia dos dentes suporte, quer como parte integrante do retentor direto, quer como uma entidade separada (Figura 5-33). Aqui o conector menor precisa ser suficientemente largo para que o plano-guia seja usado em sua plenitude. Quando dele surge um braço de grampo, o conector deve ser afilado em direção ao dente adjacente abaixo da origem do grampo. Se não há a presença de um braçode grampo, como é o caso quando o grampo em barra se origina em outro ponto, o conector deve ser afilado em uma borda em lâmina, em todo o comprimento de sua extensão vestibular. interdental, da mesma maneira que ficaria entre dois dentes naturais. Como dito anteriormente, as partes da armação da prótese por meio das quais as bases de resina acrílica são fixadas são conectores menores. Este tipo de conector menor deve então ser desenhado de modo a ficar completamente inserido no volume da base da prótese. As conexões destes conectores menores mandibulares com o conector maior devem ser junções resistentes, mas sem um volume apreciável (Figura 5-34). Os ângulos forma- dos nestas junções entre os conectores não devem ser maiores que 90 graus, garantindo assim a forma de ligação mecânica mais vantajosa e sólida entre a resina acrílica da base da prótese e o conector maior. Uma malha aberta ou com desenho do tipo escada é preferível e é convenientemente confeccionada utilizando-se tiras pré-conformadas de cera semicirculares calibre 12 e circulares calibre 18. O conector menor para a base da prótese inferior de extremidade livre deve se estender poste- riormente cerca de dois terços do comprimento do rebordo desdentado e deve ter elementos tanto na superfície lingual como na superfície vestibular. Este arranjo não só acrescenta resistência à base da prótese, mas também pode minimizar as distorções da base polimerizada decorrentes das tensões inerentes ao processamento. O conector menor precisa ser planejado com cuidado de modo a não interferir na monta- gem dos dentes artificiais (Figura 5-35). Deve-se providenciar uma forma de fixar as moldeiras individualizadas de resina acrílica na armação inferior quando uma moldagem de correção está planejada no momento em que a ceroplastia da armação estiver sendo desenvolvida. Três conectores menores confeccionados como se fossem parte do conector menor da base da prótese servem bem para cumprir este objetivo. A menos que outra solução seme- lhante seja encontrada, as moldeiras de resina podem se soltar ou afrouxar durante o procedimento de moldagem. Os conectores menores para bases de próteses superiores de extremidade livre devem ser estendidos por todo o compri- mento do rebordo residual e devem ter um desenho tipo escada e alças (Figura 5-36). Os apoios teciduais são parte integrante dos conectores menores e são desenhados para contribuir para a retenção das bases de resina acrílica. Eles fornecem estabilidade à armação da prótese durante os estágios de transferência e processamento e são particularmente úteis para evitar a distorção da armação durante os procedimentos de proces- samento da resina acrílica. Os apoios teciduais podem ter a função de relacionar as vertentes lingual e vestibular do rebordo remanescente e assim contribuir para a estabilidade (Figura 5-37). Os procedimentos de moldagem funcional muitas vezes requerem que os apoios teciduais sejam aumentados subse- quentemente ao desenvolvimento do modelo funcional. Isto pode ser facilmente conseguido com o acréscimo de resina acrílica quimicamente ativada (Figura 5-38). Quando um dente artificial for colocado contra um conector menor proximal, o maior volume deste conector deve ficar do lado lingual do dente suporte. Desta maneira, estará assegurado um volume suficiente com a menor interferência possível na montagem dos dentes artificiais. De modo ideal, o dente artificial deve contatar o dente suporte com apenas uma fina espessura de metal intervindo por vestibular. Por lingual, o volume do conector menor deve ficar na ameia Outra parte integrante do conector menor que retém a base da prótese de resina acrílica é semelhante a um apoio tecidual, mas tem uma função diferente. Esta parte é situada na distal do dente suporte terminal e é uma conti- nuação do conector menor que contata o plano-guia. Sua finalidade é estabelecer um índice final de apoio em tecido para a base de resina acrílica depois do processamento (Figura 5-39). A junção da linha de término com o conector maior deve ter um ângulo menor que 90°, ficando assim um tanto agudo (Figura 5-40). Claro que a extensão para a linha mediana do conector menor depende da extensão lateral do conector maior palatino. Pouca atenção é dada quanto à localização das linhas de término em muitos casos. Se a linha de término for situada muito medialmente, o contorno natural do palato será alterado pela espessura da junção e da resina acrílica que sustenta os dentes artificiais (Figura 5-41). Se, por outro lado, a linha de terminação for situada muito para vestibular, será muito difícil criar um contorno natural na resina acrí- lica na superfície lingual dos dentes artificiais. A localização da linha de término na junção dos conectores maior e menor deve estar baseada na restauração da forma natural do palato, levando em consideração o posicionamento dos dentes artificiais. Da mesma maneira, deve-se considerar a junção dos conectores menores e os braços de retenção do retentor direto tipo barra. Estas junções são do tipo junta de topo em 90° e devem seguir as mesmas orientações para o contorno da base e o comprimento dos grampos. A reação dos tecidos ao recobrimento metálico de uma prótese parcial removível tem sido alvo de significativa controvérsia, particularmente nas áreas de recobrimento da gengiva marginal e onde há o amplo contato do metal com os tecidos. Estas reações do tecido podem resultar de pressões causadas pela falta de suporte, falta de hábitos de higiene e contato prolongado resultante do uso contínuo da prótese. Se o alívio sob os cruzamentos com a gengiva e outras áreas de contato com tecidos incapazes de sustentar a prótese for inadequado, então a pressão destes tecidos subjacentes é ine- vitável. Um traumatismo ocorrerá da mesma maneira se a prótese se adaptar com a perda de suporte dentário ou de tecido. Isto pode ser causado pelo insucesso do descanso resul- tante de um desenho inadequado, pela ocorrência de cárie, pela fratura do próprio apoio ou pela intrusão dos dentes de suporte sob as cargas oclusais. É fundamental manter o alívio adequado e o suporte suficiente tanto de dentes como de tecidos. A adaptação da prótese a situações em que houve perda dos tecidos de suporte pode resultar em pressão em outras partes do arco tais como sob conectores maiores. Esta adaptação precisa ser evitada ou corrigida se vier a se manifes- tar. A pressão excessiva deve, portanto, ser evitada sempre que os tecidos orais forem recobertos ou atravessados por elemen- tos da prótese removível. A falta de higienização adequada pode resultar em reações do tecido provocadas pelo acúmulo de alimentos e bactérias. O recobrimento dos tecidos orais com próteses parciais que não são mantidas devidamente limpas é danoso a estes tecidos pelo acúmulo dos fatores irritantes. Isto tem levado a uma interpretação equivocada do efeito do recobrimento dos tecidos por peças protéticas. Uma preocupação adicional no que se refere à limpeza é a higiene dos tecidos subjacentes à área da prótese. As duas primeiras causas que resultam em reação tecidual desagradável podem ser agravadas pelo tempo durante o qual a prótese é utilizada. Quanto mais tempo em posição, mais resposta tecidual irá acontecer. Está claro que a membrana mucosa não pode tolerar este constante contato com a prótese sem que ocorra uma inflamação e uma lesão à barreira epite- lial. Alguns pacientes ficam tão habituados ao uso da prótese removível que negligenciam que deve ser feita uma remoção periódica para dar aos tecidos um descanso do contato cons- tante. Isto é especialmente verdadeiro quando se trata de uma prótese removível com dentes anteriores, em que o indivíduo não possibilita que a prótese fique fora de sua boca senão na privacidade do banheiro durante a escovação. Acontece que os tecidos vivos não devem ser recobertos todo o tempo ou ocor- rerão mudanças nestes
Compartilhar