Prévia do material em texto
Embora os relatos recentes tenham mostrado um declínio cons- tante na prevalência da perda dentária durante as últimas décadas, permanece uma variação significativa na distribui- ção da perda dentária. Seria mais útil considerar quais combi- nações de perda dentária são mais comuns e classificá-las com o propósito de auxiliar o tratamento de pacientes parcialmente desdentados. Várias classificações de arcadas parcialmente des- dentadas têm sido propostas e estão sendo utilizadas. Esta varie- dade tem levado a algumas confusões e discordâncias sobre qual classificação descreve melhor todas as possíveis configurações e deve ser adotada. As classificações mais familiares são aquelas originalmente propostas por Kennedy, Cummer e Bailyn. Beckett, Godfrey, Swenson, Friedman, Wilson, Skinner, Applegate, Avant, Miller e outros também propuseram classificações. É evidente que se deve realizar uma tentativa para combinar as melhores caracte- rísticas de todas as classificações de modo que uma classificação universal possa ser adotada. Uma classificação que é baseada em critérios diagnósticos foi proposta recentemente para desdentados parciais.1 O propósito deste sistema de classificação é facilitar as decisões do trata- mento com base na complexidade do caso. A complexidade é determinada por quatro amplas categorias diagnósticas que incluem: local e extensão da área desdentada, condição dos pilares, características e requisitos oclusais e características do rebordo residual. A vantagem deste sistema de classificação em comparação àqueles mais utilizados atualmente ainda não foi documentada. Hoje, o método de Kennedy é provavelmente a classificação mais amplamente aceita de arcadas parcialmente desdentadas. Em uma tentativa de simplificar o problema e encorajar uma utilização mais universal de uma classificação, e no interesse de comunicação adequada, será utilizada neste livro a classificação de Kennedy. O estudante pode consultar a seção Recursos de Leitura Selecionados para informações relativas a outras classificações. Embora as classificações sejam na verdade descrição de arcadas parcialmente desdentadas, a prótese parcial removível que restaura uma classe particular de arcada é descrita como uma prótese daquela classe. Por exemplo, falamos de uma prótese parcial removível Classe III ou Classe I. É mais simples dizer “uma prótese parcial Classe II” do que dizer “uma prótese parcial restaurando uma arcada parcialmente desdentada Classe II”. A classificação das arcadas parcialmente desdentadas deveria satisfazer os seguintes requisitos: 1. Possibilitar uma visualização imediata do tipo de arcada parcialmente desdentada que está sendo considerada. 2. Possibilitar a diferenciação imediata entre a prótese dentos- suportada e dentomucosossuportada. 3. Ser universalmente aceita. O método de classificação de Kennedy foi originalmente proposto pelo Dr. Edward Kennedy em 1925. Ele tenta classificar as arcadas parcialmente desdentadas de um modo que sugere certos princí- pios de desenho da prótese para uma dada situação (Figura 3-1). Kennedy dividiu todas as arcadas parcialmente desdentadas em quatro classes básicas. Áreas desdentadas que não aquelas que determinam as classes básicas foram designadas como espaços de modificação (Figura 3-2). A seguir, apresentamos a classificação de Kennedy: Classe I Área desdentada bilateral localizada posteriormente aos dentes naturais Classe II Uma área desdentada unilateral localizada posterior- mente aos dentes naturais Classe III Uma área desdentada unilateral com dentes naturais remanescentes tanto posterior como anterior a eles (intercalar) Classe IV Uma área desdentada única, mas bilateral (cruzando a linha média), localizada anterior aos dentes naturais remanescentes Uma das principais vantagens do método de Kennedy é que ele favorece a visualização imediata da arcada parcialmente des- dentada e possibilita uma fácil distinção entre a prótese dentos- suportada e a dentomucosossuportada. Aqueles que aprenderam esta classificação e que conhecem os princípios de desenho de próteses parciais podem prontamente fazer a relação com o desenho da configuração da arcada para ser utilizada na prótese parcial básica. Este método torna possível uma abordagem lógica dos problemas do desenho da prótese. Ele torna possível a aplicação dos bons princípios de desenho de próteses parciais e é, portanto, um método lógico de classificação. Entretanto, um sistema de classificação não deve ser utilizado para estereo- tipar ou limitar os conceitos de desenho de próteses. A classificação de Kennedy seria difícil de aplicar em todas as situações sem certas regras de aplicação. Applegate forneceu oito regras que controlam a aplicação do método de Kennedy (Quadro 3-1). Embora inicialmente possa ocorrer alguma confusão, como por que a Classe I deve se referir a duas áreas desdentadas e a Classe II deve se referir a uma, os princípios de desenho tornam lógica esta distinção. Kennedy colocou a Classe II unilateral com extensão distal entre a Classe I bilateral com extensão distal e a classificação Classe III dentossuportada porque a prótese parcial Classe II deve incorporar características de ambas, especialmente quando as modificações dentossuportadas estão presentes. Por ter uma base de extensão mucosossuportada, a prótese deve ser desenhada de forma semelhante à prótese Classe I. Frequente- mente, entretanto, um componente dentossuportado, ou Classe III, está presente em outras partes da arcada. Portanto, a prótese parcial Classe II cai justamente entre a Classe I e a Classe III por incorporar características de desenho comuns a ambos. De acordo com o princípio de que o desenho é fundamentado na classificação, a aplicação de tais princípios de desenho é sim- plificada retendo-se a classificação original de Kennedy. A Figura 3-3 apresenta uma oportunidade de testar suas habilidades. Reveja a figura e classifique as arcadas parcialmente desdentadas ilustradas. As respostas estão relacionadas a seguir. McGarry TJ, Nimmo A, Skiba JF, et al: Classification system for partial edentulism, J Prosthodont 11(3):181–193, 2002. Respostas para a Figura 3-3: A. Cl IV B. Cl II Modificação 2 C. Cl I Modificação 1 D. Cl III Modificação 3 E. Cl III Modificação 1 F. Cl III Modificação 1 G. Cl IV H. Cl II I. Cl III Modificação 5 Com foi dito no Capítulo 1, o objetivo das Próteses Parciais Removíveis é promover restaurações eficientes e funcionais com base no entendimento de como se maximizar qualquer oportunidade para confeccionar próteses estáveis e assim mantê-las. Uma vez que as próteses parciais removíveis não são ligadas rigidamente aos dentes, o controle do movimento potencial sob cargas funcionais é crítico para se promover a melhor chance de estabilidade e conforto ao paciente. A con- sequência do movimento das próteses sob as cargas funcionais é a aplicação de tensão ao dente e aos tecidos que estão em contato com a prótese. É importante que esta tensão não exceda o nível de tolerância fisiológica, que é o alcance máximo de estímulos mecânicos que o sistema pode resistir sem rompi- mento ou consequências traumáticas. Na terminologia da engenharia mecânica, a prótese induz tensão nos tecidos igual à força aplicada na área de contato com os dentes e/ou tecidos. Esta mesma tensão atua na produção de uma compressão no tecido de suporte, que resulta em deslocamento de carga no dente e no tecido. O entendimento de como estes fenômenos mecânicos agem dentro do ambiente biológico, que é único para cada paciente, pode ser discutido em termos da biomecâ- nica. Ao se planejar uma prótese parcial removível, com foco no objetivo de se promover e manter as próteses estáveis, é essencial que se considerem os princípios básicos de biomecâ- nica associados às características únicas de cada boca. A higiene oral e os procedimentos de manutenção da prótese apropriados são necessários para o benefíciocontínuo dos princípios bio- mecânicos otimizados. As próteses parciais removíveis, pelo desenho, são planejadas para serem instaladas e removidas da boca. Por causa disso, elas não podem ser conectadas rigidamente aos dentes ou tecidos. Isto faz com que estas próteses sejam passíveis de se movimentarem em resposta às cargas funcionais, como aquelas criadas pela mastigação. É importante para os clínicos que oferecem próteses removíveis entender os movimentos possíveis em resposta à função e ser capaz de desenhar logi- camente os componentes da prótese parcial removível para auxiliar no controle desses movimentos. Como isto é conse- guido de uma maneira lógica, pode não ser claro para um clínico principiante neste exercício. Um método para auxiliar a organizar o pensamento do desenho é considerá-lo um exercício de criação de soluções. O desenho de uma prótese parcial removível pode ser considerado semelhante ao projeto clássico e multifacetado da engenharia convencional, que é caracterizado por ser aberto e não estruturado. Ser aberto significa que os pro- blemas possuem tipicamente mais de uma solução, e não estruturado quer dizer que as soluções não são resultado de fórmulas matemáticas padronizadas utilizadas de alguma maneira estruturada. O processo de desenho, que é uma série de etapas que conduzem à solução de um problema, inclui identificação da necessidade, definição do problema, estabe- lecimento dos objetivos do projeto, pesquisa pelas informa- ções e dados de experiências anteriores, desenvolvimento de um fundamento para o desenho, elaboração e avaliação de soluções alternativas e a promoção da solução (p. ex., pro- cesso de tomada de decisão e comunicação das soluções) (Quadro 4-1). A base para o desenho deve ser desenvolvida logicamente a partir da análise da condição bucal específica de cada paciente sob consideração. Entretanto, é possível que “soluções” com desenhos alternativos possam ser aplicadas, e é a avaliação da percepção do mérito desses vários desenhos que parece ser mais confusa para os cirurgiões-dentistas. As considerações biomecânicas a seguir oferecem uma con- textualização relacionada aos princípios destes movimentos potenciais associados às próteses parciais removíveis, e os capí- tulos subsequentes abordando os vários componentes descre- vem como estes componentes são aplicados no projeto para controlar os movimentos resultantes das próteses. Como Maxfield afirmou: “A observação comum identifica claramente que a capacidade das coisas vivas de tolerarem as forças é fortemente dependente da magnitude ou intensidade da força.” As estruturas de suporte das próteses parciais remo- víveis (dentes pilares e rebordos residuais) são coisas vivas que estão sujeitas a forças. A capacidade das estruturas de suporte de resistirem às forças depende de (1) que força típica necessita de resistência, (2) qual a duração e a intensidade dessas forças, (3) qual a capacidade que o dente e/ou a mucosa tem de resistir a essas forças, (4) como a utilização do material influencia esta resistência dente-tecido e (5) se a resistência se altera com o tempo. A consideração das forças inerentes à cavidade bucal é crítica. Isto inclui direção, duração, frequência e magnitude da força. Em uma análise final, é o osso que oferece o suporte para a prótese removível (p. ex., o osso alveolar por meio do liga- mento periodontal e o rebordo residual através do tecido mole de cobertura). Se as forças potencialmente destrutivas puderem ser minimizadas, então as tolerâncias fisiológicas das estruturas de suporte não são excedidas e não vão ocorrer alterações pato- lógicas. As forças possíveis de ocorrer com a função das próteses removíveis podem ser amplamente distribuídas e direcionadas e seus efeitos minimizados pelo desenho apropriado da prótese parcial removível. O projeto adequado inclui a seleção e loca- lização dos componentes em conjunção com uma oclusão harmoniosa. Inquestionavelmente, o desenho das próteses parciais remo- víveis necessita de considerações mecânicas e biológicas. A maioria dos cirurgiões-dentistas é capaz de aplicar os princí- pios mecânicos básicos de uma prótese parcial removível. Por exemplo, a tampa de uma lata de tinta pode ser removida mais facilmente com uma chave de fenda do que com uma moeda de 50 centavos. Quanto maior o cabo, menos esforço (força) se faz. Esta é uma simples aplicação da mecânica das alavancas. Pelo mesmo princípio, um sistema de alavancas representado pela extensão distal de uma prótese parcial removível pode aumentar a força da oclusão aplicada aos pilares terminais, o que pode ser indesejável. Tylman afirma que: “Muito cuidado e reserva são essenciais quando é feita uma tentativa para se interpretar um fenômeno biológico inteiramente por cálculos matemáticos.” Entretanto, o entendimento de máquinas simples aplicado ao desenho de próteses parciais removíveis auxilia na conquista do objetivo de preservação das estruturas bucais. Sem tal entendimento, uma prótese parcial removível pode ser inadvertidamente dese- nhada como uma máquina de destruição. As máquinas podem ser classificadas em duas categorias gerais: simples ou complexas. Máquinas complexas são combi- nações de várias máquinas simples. Os seis tipos de máquinas simples são a alavanca, a cunha, o parafuso, a roda e o eixo, as polias e o plano inclinado (Figura 4-1). Dentre as máquinas simples, a alavanca, a cunha e o plano inclinado devem ser evitados no desenho de próteses parciais removíveis. Em sua forma mais simples, uma alavanca é uma barra rígida apoiada em algum lugar ao longo de seu comprimento. Ela pode estar repousando em um apoio ou pode estar supor- tada por sua parte superior. O ponto de apoio é chamado de fulcro, e a alavanca pode se mover em torno do fulcro (Figura 4-2; Figura 6-6). O movimento rotacional de um tipo de prótese parcial removível com base estendida, quando uma força é aplicada na sela protética, é ilustrado na Figura 4-3. Esta irá sofrer rotação em relação aos três planos cranianos devido às diferenças nas características do suporte dos dentes pilares e dos tecidos moles de cobertura do rebordo residual. Embora o movimento real da prótese possa ser pequeno, uma força de alavanca pode ser imposta ao dente pilar. Isto é especialmente prejudicial quando a manutenção da prótese é negligenciada. Três tipos de alavan- cas são utilizados: primeira, segunda e terceira classe (Figura 4-2). O potencial de um sistema de alavanca para aumentar uma força é ilustrado na Figura 4-4. Um cantiléver, ou alavanca em balanço, é uma viga supor- tada por uma extremidade que pode atuar como uma alavanca de primeira classe (Figura 4-5). O desenho em cantiléver deve ser evitado (Figura 4-6). Exemplos de outros desenhos de alavancas e sugestões para alternativas para minimizar ou evitar o seu potencial destrutivo são mostrados nas Figuras 4-7 e 4-8. Os meios mais eficientes para resolver os efeitos poten- ciais de uma alavanca são promover um elemento rígido na extremidade não apoiada e não possibilitar o movimento. Esta é a utilização mais benéfica dos implantes osseointegrados em conjunção com as próteses parciais removíveis (PPR) e deve ser aventada quando é muito pouca a capacidade de suporte da extensão distal. Um dente é aparentemente mais capaz de tolerar forças direcionadas verticalmente do que forças não verticais, de torque ou horizontais. Esta característica é observada clinica- mente, e parece ser razoável que mais fibras periodontais sejam ativadas para resistir à aplicação de forças verticais do que para resistir às forças não verticais (Figura 4-9). Mais uma vez, uma extensão distal das próteses parciais removíveis rotaciona quando forças são aplicadas aos dentes artificiais ligados à sela da prótese. Como se pode admitir que essa rotação precisa criar forças predominantemente não ver- ticais, a localização dos componentes de estabilização e reten- ção emrelação ao eixo horizontal de rotação dos pilares se torna extremamente importante. Um dente pilar tolera melhor forças não verticais se as forças forem aplicadas o mais próximo possível do eixo de rotação horizontal do pilar (Figura 4-10). O contorno da superfície axial do dente pilar deve ser alterado para localizar os componentes do grampo mais favoravel- mente em relação ao eixo horizontal de rotação do pilar (Figura 4-11). Caso se presuma que os retentores diretos estão atuando para minimizar o deslocamento vertical, o movimento rotacional ocorrerá em torno de algum eixo enquanto a sela ou selas de extensão distal se movem em direção (compressão), para longe (tração) ou horizontal (cisalhamento) ou sobre o tecido subjacente. Infelizmente, estes movimentos possíveis não ocorrem isoladamente ou de forma independente, porém tendem a ser dinâmicos e ocorrer todos ao mesmo tempo. O maior movimento possível é encontrado nas próteses dento- mucosossuportadas devido à forma com que a extensão distal distribui as cargas mastigatórias entre o dente e a mucosa. O movimento da sela da extensão distal em direção aos tecidos da crista do rebordo proporciona a qualidade do tecido, a precisão e a extensão da sela da prótese e a carga funcional total aplicada. Uma revisão sobre o movimento rotacional de próteses que é possível em vários eixos na boca oferece algum entendimento de como os componentes da prótese parcial removível devem ser prescritos para controlar o movimento da prótese. Um movimento é a rotação no eixo através dos pilares mais posteriores. Este eixo pode passar através dos apoios oclusais ou qualquer outra porção rígida de um retentor direto localizado mais oclusal ou incisal em relação aos pilares primários (Figuras 4-6 e 4-7). Este eixo, conhecido com linha de fulcro, é o centro de rotação quando a base da exten- são distal se move em direção ao tecido de suporte (com- pressão) durante a aplicação de uma carga oclusal. Este eixo de rotação pode mudar em direção a componentes instalados mais anteriormente, mais oclusais ou incisais à altura do contorno do pilar, quando a sela se afasta do tecido de suporte durante as forças de deslocamento verticais das próteses par- ciais removíveis. Essas forças de deslocamento resultam da tração vertical dos alimentos entre as superfícies dos dentes, dos efeitos do movimento das bordas do tecido e da força da gravidade contra a prótese parcial removível superior. Se for presumido que os retentores diretos são funcionais e que os componentes de suporte anterior permanecem assentados, deve ocorrer a rotação, e não o deslocamento total. O movi- mento vertical da sela da prótese em direção ao tecido é limitado pela mucosa do rebordo residual na proporção da qualidade do suporte deste tecido, da precisão da adaptação da sela da prótese e da quantidade total de força oclusal aplicada. O movimento da sela na direção oposta é limitado pela ação dos braços de retenção dos grampos nos pilares terminais e pela ação de estabilização dos conectores menores em conjunto com os elementos de suporte verticais assenta- dos da infraestrutura anterior aos pilares terminais, agindo como retentores indiretos. Os retentores indiretos devem ser instalados o mais distante possível da extensão distal da sela, possibilitando a melhor alavanca possível contra a elevação da porção distal da prótese. Um segundo movimento é a rotação sobre o eixo longitu- dinal quando a sela da extensão distal se move em direção rotacional sobre o rebordo residual (Figura 4-3). Este movi- mento é limitado, primeiramente, pela rigidez dos conectores maiores e menores e por sua habilidade de resistir ao torque. Se os conectores não forem rígidos, ou se existir um rompe- forças entre a extensão distal e o conector maior, esta rotação sobre o eixo longitudinal aplica tensões indevidas nas laterais do rebordo remanescente ou causa a mudança horizontal da sela da prótese. Um terceiro movimento é a rotação sobre um eixo vertical imaginário próximo ao centro do arco dental (Figura 4-4). Este movimento ocorre durante a função porque as forças oclusais diagonais e horizontais são exercidas na prótese parcial. É limi- tada pelos componentes de estabilização, tais como os braços de reciprocidade dos grampos e os conectores menores que estão em contato com as superfícies verticais dos dentes. Tais componentes de estabilização são essenciais para qualquer desenho de prótese parcial, independente do tipo de suporte e da retenção direta empregada. Os componentes estabilizadores no lado do arco agem como estabilizadores da prótese parcial contra forças horizontais aplicadas no lado oposto. É evidente que os conectores rígidos devem ser utilizados para tornar este efeito possível. As forças horizontais sempre vão existir em algum grau devido às tensões laterais que ocorrem durante a mastigação, o bruxismo, o apertamento e outros hábitos do paciente. Essas forças são acentuadas pela falha na consideração da orientação do plano oclusal, da influência dos dentes mal-posicionados no arco e dos efeitos das relações anormais dos arcos. A fabri- cação de uma oclusão que esteja em harmonia com a dentição oposta e que esteja livre de interferência lateral durante os movimentos excêntricos da mandíbula pode minimizar a mag- nitude das tensões laterais. A quantidade de movimento hori- zontal que ocorre na prótese parcial depende, portanto, da magnitude da força lateral que é aplicada e da eficiência dos componentes de estabilização. Em uma prótese parcial removível dentossuportada, o movimento da base em direção ao rebordo edentado (ou desdentado) é prevenido principalmente pelos apoios nos dentes pilares e, em algum grau, por qualquer porção rígida da infraestrutura localizada mais oclusal em relação à altura do contorno. O movimento de afastamento do rebordo eden- tado é impedido pela ação dos retentores diretos nos pilares que estiverem situados nas extremidades do espaço edentado e pelos componentes estabilizadores do conector menor rígido. Portanto, o primeiro dos três movimentos possíveis pode ser controlado nas próteses dentossuportadas. O segundo movimento possível, que ocorre ao longo do eixo longitudinal, é impedido pelos componentes rígidos dos retentores diretos nos dentes pilares e pela capacidade dos conectores maiores de resistirem ao torque. Este movimento é muito menor nas próteses dentossuportadas por causa da presença de dentes pilares posteriores. O terceiro movimento possível ocorre em todas as próteses parciais removíveis. Portanto, os componen- tes estabilizadores contra o movimento horizontal devem ser incorporados em todos os desenhos de próteses parciais removíveis. Em próteses capazes de movimentação nos três planos, os apoios oclusais devem promover suporte oclusal apenas para resistir ao movimento de intrusão contra os tecidos. Todos os outros movimentos da prótese parcial devem ser limitados pelos outros componentes que não os apoios oclusais. A entrada do apoio oclusal na função de estabilização pode resul- tar em transferência direta de torque ao dente pilar. Como os movimentos em torno dos três diferentes eixos são possíveis em uma prótese parcial com extensão distal, um apoio oclusal para tais próteses não deve ter paredes verticais íngremes ou retenção do tipo cauda de andorinha. O desenho do apoio é caracterizado pela falta de movimento livre, que pode causar forças horizontais e de torque aplicadas intracoronariamente ao dente pilar. Em próteses dentossuportadas, os únicos movimentos de alguma significância são o horizontal, e estes podem ser limitados pelos efeitos estabilizadores dos componentes ins- talados nas superfícies axiais dos pilares. Portanto, em pró- teses dentossuportadas, a utilização de apoios intracoronários é possibilitada. Nestes casos, os apoios promovem não apenas o suporte oclusal, mas também estabilização horizontal notável. Em contraste,todas as próteses parciais Classes I e II, que têm uma ou duas selas em extremidades distais, não são totalmente suportadas pelos dentes. Tampouco estas têm retenção com- pletamente limitada aos pilares. Qualquer prótese parcial extensa de Classe III ou IV que não tenha suporte adequado dos pilares recai nesta mesma categoria. Estas últimas próteses podem obter algum suporte do rebordo edentado e, portanto, podem ter suporte composto pelo dente e pelos tecidos do rebordo. Semelhante ao processo de se considerar como um dente é mais bem utilizado no desenho de uma PPR para controlar os movi- mentos da prótese, a utilização de um implante deve ser direcio- nada para o controle de movimento mais benéfico. Enquanto os possíveis papéis da utilização dos implantes incluem todos os três princípios desejáveis demonstrados pelas próteses – suporte, esta- bilidade e retenção –, a principal demanda funcional é imposta pela mastigação, e, portanto, o maior benefício da utilização dos implan- tes envolve a limitação da instabilidade pela melhoria do suporte. Neste contexto, como se considera que os implantes aumen- tam o desenho da PPR e não proporcionam apoio para uma prótese fixa, outros benefícios para o paciente são o custo redu- zido e morbidade cirúrgica menor. Por ser o custo normalmente uma das considerações principais quando se escolhe entre os diferentes tipos de próteses, e como o uso de uma PPR promove uma vantagem distinta no custo, a seleção da posição mais van- tajosa do(s) implante(s) baseada no desenho é o objetivo princi- pal a ser considerado. A minimização da rotação sobre o eixo em uma Classe I ou II de Kennedy, ou qualquer modificação com espaço protético grande, é importante para se considerar. Os componentes de uma prótese removível típica estão ilus- trados na Figura 5-1 1. Conectores maiores 2. Conectores menores 3. Apoios 4. Retentores diretos 5. Componentes de reciprocidade e estabilização (parte do retentor direto) 6. Retentores indiretos (se a prótese removível tem uma ou mais extremidades livres) 7. Uma ou mais bases, que dão suporte a um ou mais dentes artificiais (Figura 5-1) Quando uma prótese removível é utilizada, esta deve se estender aos dois lados da arcada. Isto torna possível que as forças funcionais da oclusão sejam transferidas da base da prótese para todos os tecidos e dentes de suporte envolvidos no arco, resultando em uma estabilidade excelente. É por meio deste contato com os dentes contralaterais da arcada, que ocorre a alguma distância da força funcional, que a resistência ótima pode ser alcançada. Esta condição é mais efetivamente alcançada quando um conector maior rígido une a porção da prótese que está recebendo a função a regiões selecionadas em toda a arcada. As funções primordiais de um conector maior incluem união das partes maiores da prótese, distribuição da força aplicada através do arco para os dentes selecionados e tecidos e a mini- mização do torque aos dentes. Um conector maior rígido bem desenhado efetivamente distribui as forças pela arcada e atua reduzindo as cargas em todas as partes enquanto controla o movimento da prótese de forma eficiente. O princípio da alavanca está relacionado com este compo- nente da prótese. Um conector maior rígido vai limitar as pos- sibilidades de movimento atuando como uma alavanca de oposição. Este fenômeno é conhecido como estabilidade cruzada no arco. Esta estabilidade se torna ainda mais importante em situações associadas a grandes possibilidades de movimento da prótese (p. ex., próteses de extremidade livre). Neste capítulo, os conectores maiores e menores serão con- siderados separadamente quanto à sua função, localização e critérios de desenho. Outros componentes serão apresentados em seus capítulos específicos O conector maior é a parte da prótese parcial que conecta as partes da prótese localizadas em um lado da arcada com aquelas do outro lado. É aquela parte da prótese parcial pela qual todas as outras partes estarão direta ou indiretamente ligadas. Este componente também fornece estabilidade cruzada no arco e contribui para evitar o deslocamento provocado por tensões funcionais. O conector maior pode ser comparado a um chassi de carro ou à fundação de um prédio. É através do conector maior que os outros componentes da prótese parcial são unidos e eficientes. Se o conector maior fosse flexível, a ine- ficácia dos componentes comprometeria as estruturas orais e prejudicaria o conforto do paciente. A falha do conector maior em promover a rigidez desejada pode se manifestar como traumas ao periodonto de sustentação dos pilares, injúria ao rebordo remanescente ou em impactos sobre os tecidos subjacentes. É responsabilidade do dentista garantir que o desenho e a fabricação adequada do conector maior sejam adequados. Os conectores maiores devem ser desenhados e localizados com as seguintes diretrizes em mente: 1. Devem estar livres de tecidos móveis. 2. Qualquer choque com os tecidos gengivais deve ser evitado. A B C 3. Proeminências ósseas e de tecido mole devem ser evitadas durante a inserção e remoção. 4. Deve ser feito um alívio para prevenir o seu assentamento em áreas de possível interferência, como um tórus inoperável ou uma junção palatina mediana elevada. 5. Conectores maiores devem ser situados ou aliviados de maneira a evitar choques com os tecidos quando da rotação funcional da base da prótese numa extremidade livre. O alívio adequado sob o conector maior evita a necessidade de um ajuste posteriormente à ocorrência de injúria aos tecidos. Além do desperdício de tempo, o desgaste para fornecer o alívio necessário para evitar choques pode enfraquecer seriamente o conector maior, resultando em flexibilidade ou, possivelmente, em fratura. Os conectores maiores devem ser cuidadosamente desenhados visando à forma, espessura e localização corretas. Abreviar estas dimensões por desgaste só será prejudicial. O alívio é discutido no final deste capítulo e, mais amplamente, no Capítulo 11. As margens dos conectores maiores adjacentes aos tecidos gengivais devem ser localizadas a uma distância tal que evite qualquer tipo de impacto. Para conseguir isto, é recomendável que a borda superior de uma barra lingual esteja a pelo menos 4 mm abaixo da margem gengival (Figura 5-2). O fator limitante no arco inferior é a altura dos tecidos móveis no assoalho da boca. Uma vez que o conector precisa ter largura e volume suficientes para prover rigidez, uma placa lingual é comumente usada quando não há espaço suficiente para uma barra lingual. No arco superior, uma vez que não existem tecidos móveis no palato como no assoalho da boca, as bordas dos conectores maiores podem ser posicionadas suficientemente distantes dos tecidos gengivais. Estruturalmente, os tecidos que recobrem o palato são bastante adequados para receber um conector, uma vez que o tecido conjuntivo da submucosa é firme e há uma irrigação sanguínea profunda. Porém, quando o tecido mole que recobre a porção mediana do palato é menos passível de deslocamento que os tecidos do restante do rebordo, uma quantidade variável de alívio sob os conectores precisa ser providenciada para evitar traumas aos tecidos. A quantidade de alívio necessário é diretamente proporcional à diferença entre a capacidade de deslocamento dos tecidos que recobrem a rafe palatina e aqueles tecidos sobre o rebordo remanescente. Os tecidos gengivais, por outro lado, precisam ter uma irrigação Padrão de formato em meia-pera da barra lingual Padrão placa lingual 4 mm S is te m a m é tr ic o 4 mm Arredondado depois de fundido em metal Arredondado depois de fundido em metal Grampo contínuo (cíngulo) 4 mm Barra sublingual B A DC sanguínea irrestrita para se manterem saudáveis. Por isto, é recomendável que as bordas do conector palatino sejam posi- cionadas paralelas à margem gengival e, no mínimo, a 6 mm desta. Os conectores menores que precisamatravessar os tecidos gengivais devem fazê-lo abruptamente, unindo-se no conector maior próximo a um ângulo reto (Figura 5-3). Desta maneira, a maior liberdade possível aos tecidos gengivais estará assegurada. Exceto pelo tórus palatino ou por uma rafe mediana proe- minente, os conectores palatinos normalmente não requerem alívio, nem o alívio é desejável. O contato íntimo entre o conec- tor e os tecidos de suporte contribui muito para a retenção, estabilidade e suporte da prótese. Exceto pelas áreas gengivais, o contato em todos os outros pontos do palato não é por si só prejudicial à saúde dos tecidos, se sustentados por apoios nos dentes que evitem movimentos danosos. Uma barra palatina anterior ou a borda anterior de uma placa palatina também devem ficar o mais distante posterior- mente possível para evitar qualquer interferência na língua na área das rugosidades. Deve ser uniformemente fina e sua borda anterior deve seguir os contornos entre as cristas das rugosida- des. Portanto, a borda anterior destes conectores maiores terá um contorno irregular na medida em que seguir os vales entre as rugosidades. A língua pode então passar da proeminência de uma rugosidade para outra sem encontrar a borda da prótese entre elas. Quando a borda de um conector precisar atravessar a crista de uma rugosidade, isto deve ser feito de maneira abrupta, evitando a crista na medida do possível. O limite pos- terior do conector maior na maxila deve ficar um pouco aquém do limite entre o palato duro-palato mole. Uma regra útil, aplicada aos conectores maiores e às próteses parciais de um modo geral, é tentar evitar acrescentar qualquer volume da armação da prótese a uma superfície já convexa. As características dos conectores que contribuem para a manutenção da saúde bucal e do bem-estar do paciente podem ser enumeradas como no Quadro 5-1. Os seis tipos de conectores maiores inferiores são: 1. Barra lingual (Figura 5-4, A) 2. Placa lingual (Figura 5-4, B) 3. Barra sublingual (Figura 5-4, C) 4. Barra lingual com grampo contínuo (barra contínua) (Figura 5-4, D) 5. Grampo contínuo (barra contínua) (Figura 5-4, E) 6. Barra vestibular (Figura 5-4, F) A barra lingual e a placa lingual são os conectores maiores frequentemente mais utilizados em próteses parciais removíveis inferiores. Barra Lingual A forma básica do conector maior inferior é a de uma meia pera. Ele está localizado acima dos tecidos moles, porém o mais dis- tante possível dos tecidos gengivais. Normalmente é confeccio- nado de cera calibre 6, com secção de meia pera, reforçada ou em padrão de plástico similar (Figura 5-5). O conector maior precisa ser esculpido de modo a não apre- sentar margens afiadas para a língua nem causar irritação ou incômodo em função de um perfil angulado. A borda superior de um conector maior tipo barra lingual deve ser angulada, deve ir se afilando gradualmente em direção aos tecidos gengivais, com o seu maior volume na borda inferior, resultando no con- torno em meia pera. Os padrões de barra lingual, tanto de cera como de plástico, devem ser confeccionados nesta forma con- vencional. Porém, a borda inferior da barra lingual deve ser ligeiramente arredondada quando a armação for polida. Uma borda arredondada não irá traumatizar os tecidos linguais quando as bases da prótese rotacionarem para baixo sob a ação de cargas oclusais. Frequentemente, é necessário um volume adicional para garantir a rigidez adequada, especialmente quando a barra é longa ou é utilizada quando uma liga menos rígida. Isto é obtido colocando-se uma lâmina de cera calibre 6 mm 6 mm 24 sobre o padrão pré-fabricado em vez de se alterar o formato original de meia pera. A borda inferior de um conector maior lingual inferior deve ser situada de modo a não encontrar com os tecidos do assoalho da boca na medida em que estes mudam de altura durante as atividades normais de mastigação, deglutição, fala, lamber os lábios e assim por diante. Contudo, ao mesmo tempo, parece lógico localizar a borda inferior destes conecto- res o mais baixo possível para evitar interferências na língua em repouso e o acúmulo de restos alimentares. Ademais, quanto mais para baixo puder ser situada a barra lingual, mais distante a parte superior da barra poderá ficar dos sulcos gen- givais linguais dos dentes adjacentes, evitando assim traumas ao tecido gengival. Existem pelo menos dois métodos clinicamente aceitáveis para determinar a altura relativa do assoalho da boca e localizar A B C D E F Alívio o limite para a borda inferior do conector maior inferior lingual. O primeiro método é o de medir a altura do assoalho com uma sonda periodontal tendo como referência as margens gengivais dos dentes adjacentes (Figura 5-6). Durante esta medida, a ponta da língua do paciente deve estar tocando ligeiramente a borda do vermelhão do lábio superior. A tomada destes valores possibilita sua transferência para modelos tanto de diagnóstico como de trabalho, assegurando uma indicação útil para a borda inferior do conector maior. O segundo método é usar uma moldeira individual cuja borda lingual seja cerca de 3 mm aquém do assoalho da boca na posição elevada e em seguida fazer uma moldagem com um material de moldagem que pos- sibilite o registro da altura do assoalho quando o paciente lamber os lábios. A borda inferior do conector maior bem pla- nejado pode então ser localizada na altura do sulco lingual do modelo resultante desta moldagem. Dos dois métodos, obser- vamos que a medida da altura do assoalho da boca é menos variável e mais aceitável clinicamente. Placa Lingual Se o espaço retangular é circunscrito pela barra lingual, os con- tatos dos dentes anteriores, os cíngulos e os conectores menores estão neste espaço, e então a indicação é uma placa lingual (Figura 5-7). Uma placa lingual deve ser confeccionada o mais fino quanto tecnicamente possível e deve ser contornada de maneira a seguir os contornos dos dentes e das ameias interproximais (Figura 5-8). O paciente deve estar ciente de que será adicionado o menor volume e menos alterações de contorno possíveis. A borda superior deve seguir a curvatura natural das superfícies acima dos cíngulos dos dentes e não deve se situar acima do terço médio da superfície lingual, exceto para recobrir espaços inter- proximais até o ponto de contato. O formato da borda inferior deve ser o mesmo em meia pera da barra lingual, para dar volume e rigidez. Todos os sulcos gengivais e ameias profundas devem ser bloqueados paralelamente à via de inserção para evitar irritação gengival ou qualquer esmagamento entre os A D B C dentes. Em muitos casos, um recontorno criterioso das super- fícies proximais linguais de dentes anteriores apinhados possi- bilita uma adaptação melhor da placa lingual, eliminando o que de outra forma seriam ameias interproximais profundas a serem recobertas (Figura 5-9). A placa lingual não serve, por si só, como um retentor indireto. Quando uma retenção indireta for necessária, apoios bem definidos precisam ser confeccionados para esta finali- dade. Tanto a placa lingual como a grampo contínuo, ideal- mente, devem ter um apoio terminal de cada lado, independente da necessidade de retenção indireta. Mas quando são necessá- rios retentores indiretos, estes apoios podem servir também como apoios terminais para a placa lingual ou para o grampo contínuo. Uma vez que nenhum componente da prótese parcial remo- vível deve ser acrescentado arbitrariamente, cada componente deve ter uma função claramente definida. As indicações para utilização de uma placa lingual podem ser listadas como segue: 1. Quando o freio lingual for alto ou o espaço disponível para uma barra lingual for limitado. Em qualquer destes casos, a borda superior da barra lingual teria que ser posicionada muito próxima dos tecidos gengivais. Uma irritação só poderia ser evitada com um alívio generoso, que, além de ser incômodo para a língua, também iriapossibilitar o aprisio- namento de alimentos. Quando a medida clínica a partir das margens gengivais livres até assoalho levemente elevado do fundo da cavidade bucal for menor que 8 mm, deve ser indi- cada uma placa lingual em vez de uma barra lingual. O uso de uma placa lingual possibilita um posicionamento mais superior da borda inferior sem que ocorra irritação da língua ou dos tecidos gengivais e sem comprometer a rigidez. 2. Nos casos Classe I nos quais o rebordo remanescente sofreu reabsorção vertical excessiva. Rebordos achatados oferecem pouca resistência às tendências de rotação horizontal da prótese. Os dentes remanescentes devem ser passíveis de resistir a esta rotação. Uma placa lingual bem desenhada envolve os dentes remanescentes para evitar rotações horizontais. 3. Para estabilização de dentes periodontalmente comprometi- dos, a contenção com uma placa lingual pode ser útil quando se faz uso de apoios bem delimitados e de dentes adjacentes saudáveis. Como discutido anteriormente, pode ser usado um grampo contínuo para alcançar este mesmo propósito, uma vez que este é equivalente à borda superior de uma placa lingual, mas sem o recobrimento gengival. Um grampo con- tínuo oferece estabilização entre outras das vantagens da placa lingual. Entretanto, frequentemente é mais ofensivo à língua do paciente e certamente tem maior tendência a acumular alimentos que o recobrimento promovido pela placa lingual. 4. Quando uma futura substituição de um ou mais incisivos for facilitada pelo acréscimo de alças de retenção à placa lingual existente. Incisivos inferiores periodontalmente com- prometidos podem ser mantidos com condição de futuras perdas e futuras adaptações. As mesmas razões para se indicar o uso de uma placa lingual anterior se aplicam ao seu emprego em outras partes do arco inferior. Se uma barra lingual está indicada na região anterior, não há razão para se utilizar o recobrimento gengival em outro local. Porém, quando uma contenção auxiliar for usada para estabilização dos dentes remanescentes, ou para a estabilização horizontal da prótese, ou ambos, pequenos espaços retangulares por vezes persistem. A resposta tecidual a estes pequenos espaços é melhor quando estes são fechados por um recobrimento do que quando são deixados abertos. Geralmente isto é indicado para evitar irritação gengival, aprisionamento de restos alimen- tares ou para recobrir áreas que receberam grandes alívios que seriam irritantes para a língua (Figura 5-10). Algumas vezes, o dentista se depara com uma situação clínica em que uma placa lingual é indicada como o conector maior de escolha mesmo quando os dentes anteriores estão bastante espaçados, mas o paciente se opõe categoricamente à presença de qualquer metal aparente através dos espaços interdentais. Ainda assim, uma placa lingual pode ser confeccionada sem que um grande volume de metal fique aparente entre os dentes anteriores espaçados (Figura 5-11) e sem que a rigidez do conector maior seja muito alterada; porém, este desenho pode reter restos alimentares tanto quanto um conector maior tipo grampo contínuo. Desenho de Conectores Maiores Mandibulares A seguinte abordagem sistemática para o desenho de um conec- tor maior do tipo barra lingual e placa lingual pode ser aplicada nos modelos de estudo depois de se considerar os dados de diagnóstico e relacioná-los aos princípios básicos de desenho de um conector maior: 1° passo: Delimitar as áreas basais de suporte no modelo de estudo (Figura 5-12, A) 2° passo: Delimitar a borda inferior do conector maior (Figura 5-12, B) 3° passo: Delimitar a borda superior do conector maior (Figura 5-12, C) 4˚ passo: Unir as áreas basais de suporte com o conector maior e adicionar os conectores menores para reter o material da base da prótese de resina acrílica (Figura 5-12, D) Alívio Barra Sublingual Uma modificação da barra lingual que tem sido de grande utilidade quando a altura do assoalho da boca não possibilita o posicionamento do limite superior da barra lingual a pelo menos uma distância de 4 mm da margem gengival livre é a barra sublingual. O formato da barra permanece essencial- mente o mesmo que o de uma barra lingual, mas a sua localização é inferior e posterior à posição normal da barra lingual, situando-se sobre e paralelamente à porção anterior do assoalho da boca. Geralmente se aceita o uso de uma barra sublingual no lugar de uma placa lingual se o freio lingual não interferir na prótese ou na presença de uma área retentiva lingual que iria requerer a confecção de um blo- queio considerável para uma barra lingual convencional. As contraindicações incluem a presença de tórus lingual inter- ferente, a inserção alta do freio lingual e a interferência em um assoalho de boca com alta elevação durante os movi- mentos funcionais. Grampo Contínuo (Barra Contínua) Quando uma placa lingual for o conector maior de escolha, mas o alinhamento axial dos dentes anteriores for tal que exija um bloqueio excessivo dos espaços interproximais, um grampo contínuo pode ser indicado. Um grampo contínuo situado sobre ou ligeiramente acima dos cíngulos dos dentes anteriores pode ser adicionado à barra lingual ou pode ser utilizado independentemente (Figura 5-13). Ademais, quando ocorrem diastemas amplos entre os dentes anteriores inferiores, um conector tipo grampo A B DC A B contínuo pode ser mais esteticamente aceitável que uma placa lingual. Barra Vestibular Felizmente, existem poucas situações em que a inclinação lingual dos pré-molares e incisivos é tão acentuada que impede o uso de uma barra lingual. Com um preparo de boca conser- vador, utilizando recontornos e bloqueios, um conector lingual quase sempre pode ser utilizado. Dentes inclinados para lingual podem receber nova forma através de coroas. Embora a necessidade do uso de um conector maior vestibular seja rara, esta estratégia deve ser evitada, fazendo-se os preparos *Swing-Lock Inc, Milford, Texas A B necessários na boca, em vez de se aceitar uma condição que, de outra maneira, poderia ser corrigível (Figura 5-14). O mesmo se aplica ao uso de uma barra vestibular quando um tórus mandibular interfere na colocação de uma barra lingual. A menos que uma cirurgia seja definitivamente contraindi- cada, qualquer tórus mandibular deve ser removido para evitar o uso de um conector tipo barra vestibular. Uma modificação em uma placa lingual é a barra vesti- bular articulada. Este conceito é aplicado no desenho tipo Swing Lock*, que consiste em uma barra vestibular unida ao conector maior por uma dobradiça de um lado e um fecho do outro (Figura 5-15). O suporte é fornecido pelos apoios múltiplos sobre os dentes naturais remanescentes. A estabilidade e a reciproci- dade são proporcionadas por uma placa lingual que faz contato com os dentes remanescentes e são reforçadas pela barra vestibular com suas barras retentivas. A retenção é proporcionada por braços retentivos tipo barra que se pro- jetam das barras vestibulares em direção à zona retentiva das faces vestibulares dos dentes. A aplicação do conceito Swing-Lock parece principalmente indicada quando estão presentes as seguintes condições: 1. Ausência de pilares estratégicos. Quando todos os dentes remanescentes presentes são utilizados para proporcionar retenção e estabilidade, a ausência de dentes pilares-chave (tais como caninos) pode não representar um problema tão sério para o tratamento quando se aplica este conceito quanto em desenhos mais convencionais (Figura 5-16) 2. Contorno dental desfavorável. Quando os contornos dos dentes presentes (não corrigíveis com restaurações ade- quadas) ou a inclinação vestibular dos dentes anteriores é excessiva, de forma a impedir o desenho de grampos convencionais, os princípios básicos de desenho de pró- teses parciais removíveis podem ser melhor aplicados com o conceito Swing-Lock. Seis tipos básicos de conectores maiores para a maxila sãoconsiderados: 1. Cinta simples (Figura 5-17, A) 2. Cinta combinada anteroposterior (Figura 5-17, B) 3. Placa palatina (Figura 5-17, C) 4. Conector palatino em forma de U (Figura 5-17, D) 5. Barra palatina simples (Figura 5-17, E) 6. Barra palatina anteroposterior (Figura 5-17, F) Quando for necessário que o conector palatino faça contato com os dentes por uma questão de suporte, então se deve prover um suporte dentário adequado. Este suporte é mais bem alcan- çado quando se fazem apoios nos dentes pré-selecionados como pilares. Estes apoios devem estar localizados distantes o sufi- ciente da inserção gengival para que seja possível atravessar o sulco gengival sem seu bloqueio. Ao mesmo tempo, devem ser suficientemente baixos em relação ao dente para evitar movi- mentos desfavoráveis de alavanca e suficientemente baixos nos incisivos e caninos superiores para evitar interferência oclusal dos antagonistas. Componentes dos conectores maiores que repousam sobre superfícies dentárias inclinadas e não preparadas podem resul- tar em deslizamento da prótese, em movimento ortodôntico do dente ou em ambos. De qualquer maneira, o apoio nos tecidos gengivais é inevitável. Quando o suporte vertical oferecido pelos apoios não é suficiente, a saúde dos tecidos circundantes nor- malmente fica comprometida. Da mesma maneira, as projeções interproximais dos conectores maiores que se posicionam no terço cervical dos dentes e nos tecidos gengivais que estrutural- mente são incapazes de oferecer suporte podem causar trauma- tismos. Para prevenir sequelas desta origem, deve ser garantido aos conectores maiores apoio em dentes, deve ser feito alívio em tecidos gengivais e/ou o conector deve ser posicionado distante o suficiente da margem gengival para evitar qualquer bloqueio possível à passagem normal de sangue ou acúmulo de restos de alimentos. Sempre que houver a necessidade de se atravessar a gengiva, deve-se fazê-lo de maneira abrupta e em ângulo reto do conector maior, sempre com o alívio adequado. A criação de formas anguladas, afinadas em qualquer parte do conector maior superior deve ser evitada e todas as bordas devem ser desenhadas afiladas em direção aos tecidos. Cinta Simples Uma prótese bilateral, dentossuportada, com extensão curta pode ser unida com eficiência por uma cinta simples e ampla, principalmente quando as áreas desdentadas estão localizadas posteriormente (Figura 5-18). Este conector pode ser confeccio- nado rígido, sem um volume incômodo e sem interferir na língua, desde que a superfície da armação repouse sobre três planos. A rigidez adequada, sem volume excessivo, pode ser conseguida para a confecção de uma cinta simples pelo técnico protético utilizando um padrão de plástico calibre 22. Em razão da ocorrência de torque e de movimentos de ala- vanca, um conector maior tipo cinta simples não deve ser uti- lizado para unir substituições anteriores com bases com extremidade livre distal. Para ser rígido o suficiente para resistir a forças de torque, bem como proporcionar o suporte vertical e a estabilização horizontal adequados, a cinta simples teria de ser inconvenientemente volumosa. Quando posicionado ante- riormente, este volume se tornaria ainda mais incômodo para o paciente, uma vez que interferiria na fala. Cinta Combinada Anteroposterior Estruturalmente, este é o mais rígido dos conectores maiores palatinos. A cinta combinada anteroposterior pode ser usada em quase todos os desenhos de prótese parcial removível supe- rior (Figura 5-19). A cinta posterior deve ter uma forma achatada e deve ter pelo menos 8 mm de largura. Os conectores palatinos posterio- res devem ser posicionados o mais posteriormente possível para evitar interferências na língua, mas anteriores à linha de junção entre os palatos duro e mole. A única condição que impede a sua indicação é a presença de um tórus maxilar inoperável que se estende posteriormente até o palato mole. Nesta situação, pode ser utilizado um amplo conector maior em U, como expli- cado neste capítulo. A resistência do desenho deste conector maior decorre do fato de que os componentes anteriores e posteriores estão unidos por conectores longitudinais em cada lado, formando um arcabouço quadrado ou retangular. Cada componente protege os demais contra possíveis torques e flexões. Movimen- tos de flexão são praticamente inexistentes neste tipo de desenho. O conector anterior pode ser estendido anteriormente para sustentar dentes em espaços protéticos anteriores. Desta maneira, 3. Contorno desfavorável dos tecidos moles. Zonas retenti- vas extensas no tecido mole frequentemente impedem o posicionamento adequado dos componentes de uma prótese parcial removível convencional ou de uma over- denture. O conceito de barra vestibular articulada pode dar uma solução coadjuvante para acomodar estes con- tornos desfavoráveis de tecido mole. 4. Dentes com prognóstico duvidoso. A possibilidade de perda de um dente pilar estratégico com prognóstico duvidoso afeta seriamente a retenção e a estabilidade de uma prótese convencional. Uma vez que todos os dentes remanescentes funcionam como suporte em uma prótese tipo Swing-Lock, aparentemente a perda de um dente não comprometeria a retenção e a estabilidade tão intensa- mente. O uso de uma barra vestibular articulada pode resultar em um prognóstico mais satisfatório em algumas situações clínicas. Da mesma maneira que para todos os outros tipos de prótese removível, uma boa higiene oral, manutenção e controle periódicos bem como uma minu- ciosa atenção aos detalhes do desenho são imprescindí- veis para o êxito da aplicação deste conceito de tratamento. As contraindicações ao uso de barra vestibular articulada são óbvias. A mais óbvia é uma higiene oral deficiente ou a falta de motivação no controle da placa pelo paciente. Outras contraindicações são a presença de um vestíbulo raso ou a inserção alta do freio labial. Qualquer um destes fatores impediria o posicionamento adequado dos componentes da prótese parcial removível tipo Swing-Lock. um conector em “U” se torna mais rígido pelo acréscimo da barra horizontal posteriormente. Na ocorrência de um tórus maxilar, este pode ser circundado por este tipo de conector maior sem sacrifícios para a rigidez. A combinação de conectores anteriores e posteriores pode ser utilizada em qualquer classe de Kennedy para arco parcial- mente desdentado. Esta combinação é empregada mais frequen- temente nas Classes II e IV, enquanto a cinta simples ampla é mais frequentemente empregada nos casos de Classe III. Nos casos de Classe I, a placa palatina ou o conector de recobrimento total são utilizados mais frequentemente, por razões que serão explicadas posteriormente neste capítulo. Todos os conectores maiores maxilares devem cruzar a linha mediana em ângulo reto, e não na diagonal. Isto por razões de simetria. A língua, por ser um órgão bilateral, aceitará mais facilmente componen- tes dispostos simetricamente que aqueles dispostos sem simetria bilateral. Placa Palatina Na ausência de uma terminologia melhor, o nome placa pala- tina é utilizado para designar qualquer recobrimento do palato que seja fino, amplo e contornado, usado como conector maior e abrangendo pelo menos metade do palato duro (Figura 5-20). As réplicas da anatomia palatina apresentam espessura e resistência uniformes, mesmo na presença de con- tornos corrugados. Com o uso do polimento eletrolítico, a A B DC E F uniformidade da espessura pode ser mantida e os contornos anatômicos do palato podem ser reproduzidos fielmente na prótese final. O conector maior que faz uma réplica anatômica do palato tem várias vantagens sobre outros tipos de conectores maiores palatinos. Algumas das vantagens são as seguintes: 1. Torna possível a confecção de uma placa metálica uniforme- mente fina que reproduz fielmente os contornos anatômicos do palato do próprio paciente. Em função da uniformidade de espessura, da sensaçãofamiliar para a língua do paciente e da condutividade térmica do metal, a placa palatina é mais rapidamente aceita pela língua e tecidos subjacentes que qualquer outro tipo de conector. 2. A anatomia corrugada da prótese com réplica anatômica soma rigidez à peça; tornando possível a confecção de uma peça mais fina e com rigidez adequada. 3. As irregularidades da superfície são intencionais e não aciden- tais; assim, é necessário somente um polimento eletrolítico. Com isto, a espessura uniforme original do padrão de cera será mantida. 4. Em função do contato íntimo, a tensão superficial na inter- face do metal com os tecidos subjacentes proporciona maior retenção para a prótese. A retenção precisa ser adequada A B para resistir à força de tração dos alimentos grudentos, à ação dos tecidos moles no entorno da borda da prótese, à força da gravidade, e a forças mais fortes, como ao tossir ou espirrar. Elas são todas superadas, até certo ponto, pela retenção da base em si. A retenção é proporcional à área total da base da prótese em contato com os tecidos de suporte. A quantidade de retenção direta e indireta necessária depen- derá da quantidade de retenção proporcionada pela base da prótese. A placa palatina pode ser usada em qualquer uma das três maneiras. Ela pode ser usada como uma placa de largura variá- vel recobrindo a área entre duas ou mais áreas desdentadas, como uma placa completa ou parcial que se estende posterior- mente até a junção dos palatos duro e mole (Figuras 5-21 e 5-22), ou na forma de um conector maior palatino anterior com a possibilidade de extensão posterior da base da prótese com resina acrílica (Figura 5-23). A placa palatina deve ficar localizada anteriormente à porção posterior da área de selamento palatino. Um selamento palatino posterior típico como no caso de próteses totais superiores não é necessário em uma prótese parcial superior em que se usa uma placa palatina em função da precisão e da estabilidade das placas metálicas fundidas. Quando o último pilar em cada um dos lados de um arco Classe I é o canino ou o primeiro pré-molar, o recobrimento palatino completo é altamente aconselhável, principalmente quando os rebordos sofreram reabsorção vertical excessiva. Isto pode ser feito por uma das duas maneiras possíveis. O primeiro método é o de usar um palato totalmente metálico, estendido até o limite dos palatos duro e mole (Figura 5-22). O outro método seria o de usar um conector maior metálico anterior com dis- positivos de retenção posteriores, para fixação de uma base de prótese de resina, que se estenderá posteriormente até o ponto anatômico anteriormente citado (Figura 5-23). As várias vantagens do palato em metal sobre o de resina o torna preferível mesmo com um custo ligeiramente maior. Entre- tanto, a placa de resina ou parcialmente metálica também pode ser usada satisfatoriamente quando se prevê a necessidade de reembasamento posterior ou quando o custo é um fator impor- tante. A placa palatina total não é um conector que vem recebendo indicações universais, mas tem-se tornado bem aceita como o conector palatino para muitas próteses parciais removíveis supe- riores. Em todas as circunstâncias, as partes que fazem contato com os dentes remanescentes precisam ter o suporte de nichos de apoio adequados. O dentista deve se familiarizar com o emprego das placas palatinas e, ao mesmo tempo, com suas limitações e vantagens, de modo a utilizá-la de forma inteligente e tirando da peça o melhor proveito. Desenho de Conectores Maiores Maxilares Em 1953, Blatterfein descreveu uma abordagem sistemática para o desenho de conectores maiores superiores. Seu método envolve cinco passos básicos e é certamente aplicável à maioria dos casos de prótese parcial removível superior. Com o modelo de estudo à mão e conhecendo o potencial de deslocamento dos tecidos, inclusive estes tecidos que recobrem a rafe mediana palatina, ele recomenda os passos básicos a seguir: 1° passo: Delimitar as áreas principais de suporte. As áreas prin- cipais de suporte são aquelas que serão recobertas pela base da prótese (Figura 5-24, A e B) 2° passo: Delimitar as áreas que não são de suporte. As áreas que não são de suporte são os tecidos gengivais até 5 a 6 mm dos dentes remanescentes, as áreas de tecido duro na rafe mediana do palato (incluindo qualquer tórus) e os tecidos posteriores ao limite do palato duro com o palato mole (Figura 5-24, C) A B A B C D Conector Palatino em Forma de U Tanto do ponto de vista do paciente como do ponto de vista mecânico, o conector palatino em “U” é o menos desejável dos conectores maiores para a maxila. Ele nunca deve ser empre- gado arbitrariamente. Quando há a presença de um grande tórus palatino inoperável e, ocasionalmente, quando vários dentes anteriores precisarem ser substituídos, o conector pala- tino em “U” terá de ser utilizado (Figura 5-25). Na maioria dos casos, porém, outros desenhos serão mais eficientes. As principais objeções ao uso de um conector em “U” são as seguintes: 1. Falta de rigidez (quando comparado a outros desenhos) por possibilitar flexão lateral sob ação de forças oclusais e resultar em torque ou forças laterais diretas nos dentes pilares. 2. O desenho do conector falha em prover boas caracterís- ticas de suporte e pode possibilitar trauma nos tecidos subjacentes a suas bordas palatinas quando submetidos a cargas oclusais. 3. O aumento do volume para aumentar a rigidez resulta em grande espessura em áreas que funcionam como um obstáculo para a língua. Muitas próteses parciais removíveis superiores fracassam por nenhuma outra razão que não a flexibilidade do conec- tor maior em “U” (Figura 5-26). Para ser rígido, o conector palatino em “U” precisa de volume onde a língua precisa de mais liberdade — a área das rugosidades palatinas. Sem 3° passo: Delimitar as áreas de conector. Depois dos passos 1 e 2, tem-se delimitada a área disponível para as partes do conector maior (Figura 5-24, C). 4° passo: Seleção do tipo de conector. A escolha do tipo de conector(es) está baseada em quatro fatores: conforto, rigidez, localização das bases da prótese e retenção indireta. Os conectores devem ter o menor volume possível e devem ser posicionados de modo a não interferir na língua durante a fala e a mastigação. Os conectores devem ter a maior rigidez possível para distribuir as forças bilateralmente. A cinta dupla é o tipo de conector maior que proporciona rigidez máxima sem ser volumoso e sem o recobrimento total dos tecidos. Muitas vezes, a escolha da cinta é limitada pela loca- lização das áreas de rebordo remanescente. Quando as áreas desdentadas são localizadas anteriormente, o uso de uma única cinta posterior não é recomendável. Da mesma maneira, quando as áreas desdentadas estão presentes apenas posteriormente, o uso de apenas uma cinta anterior não é recomendável. A necessidade de retenção indireta influencia a delimitação do conector maior. Devem ser previstos pontos para que sejam posicionados retentores indiretos. 5° Passo. União. Depois da seleção do tipo de conector maior baseada nas considerações do 4° passo, as áreas da base da prótese e os conectores devem ser unidos (Figura 5-24, D). As indicações para o uso do recobrimento total do palato foram discutidas anteriormente neste capítulo. Embora haja muita variação entre os conectores maiores palatinos, a com- pleta compreensão de todos os fatores que influenciam seu desenho levará a seleção do melhor desenho para cada paciente. volume suficiente, o desenho em “U” leva ao aumento da flexibilidade e movimento nas extremidades abertas. Nas próteses de extremidade livre distal, em que o suporte den- tário posterior não existe, o movimento é especialmente per- ceptível e traumático para o rebordo residual. Independente de quão bom for o suporte para a base no extremo livre ou quão harmoniosa seja a oclusão, sem um conector maior rígido o rebordo residualsofre. Quanto mais amplo o recobrimento do conector maior em “U”, mais este irá parecer-se com o conector tipo placa palatina com suas várias vantagens. Mas quando utilizado como um desenho em “U” estreito, geralmente falta a rigidez necessária. Um conector em “U” pode ficar mais rígido com a utilização de múltiplos dentes de suporte por meio de nichos de apoio precisos. Porém, um erro comum no desenho do conector em “U” é a proximidade ou mesmo o contato direto com os tecidos gengivais. O princípio de que as bordas dos conectores maiores devem ou ser sustentadas por apoios sobre descansos preparados ou ser localizadas distante o suficiente dos tecidos gengivais já foi descrito anteriormente. A maioria dos conectores em “U” não obedece nem uma nem outra condição, resultando na irri- tação gengival e trauma periodontal dos tecidos adjacentes aos dentes remanescentes. Barra Palatina Simples Para diferenciar uma barra de uma cinta palatina, um com- ponente de conector com largura menor que 8 mm será considerado como uma barra neste livro. A barra palatina simples é talvez o mais amplamente utilizado e o menos lógico de todos os conectores maiores palatinos. É difícil dizer se é a barra ou o conector maior em forma de “U” o mais criticável dos conectores palatinos. Para que a barra palatina simples tenha a rigidez neces- sária para uma distribuição de forças entre os arcos é preciso ter um volume considerável, o que geralmente não é obser- vado, infelizmente. Para que a barra palatina simples seja eficiente, ela deve ser suficientemente rígida para oferecer suporte e estabilidade cruzada no arco e ainda deve estar centralizada entre as duas metades da prótese. Mecanica- mente, esta prática pode ser perfeitamente válida, mas, do ponto de vista do conforto do paciente e da alteração do contorno do palato, é altamente criticável. Uma prótese removível feita com uma barra palatina simples frequentemente é muito fina e muito flexível ou muito volumosa e desconfortável para a língua do paciente. A decisão de usar uma barra palatina simples em lugar de uma cinta deve estar baseada no tamanho das áreas de apoio da prótese que estão sendo unidas e se apenas um conector localizado entre estas partes seria rígido o suficiente sem resultar em um volume inconveniente. Barra Palatina Anteroposterior Estruturalmente, esta combinação de conectores maiores apresenta muitas das desvantagens da barra palatina simples (Figura 5-27). Para ser suficientemente rígido e fornecer o suporte e a estabilidade necessários, este tipo de conector deve ser muito volumoso e pode interferir na função da língua. Sulcagem do Modelo Superior Sulcagem é o termo utilizado para a confecção de um risco raso no modelo superior de trabalho que delimita o conector maior palatino fora da área das rugosidades (Figura 5-28). Os objetivos da confecção deste sulco são os seguintes: 1. Transferir o desenho do conector maior para o modelo de revestimento (Figura 5-29, A e B) 2. Fornecer uma linha de término visível para a peça metá- lica (Figura 5-30) 3. Assegurar o contato íntimo do conector maior com tecidos palatinos selecionados. A sulcagem é facilmente executada utilizando-se um ins- trumento apropriado, como uma espátula de escultura. Deve-se ter o cuidado de não criar um sulco que exceda 0,5 mm em largura ou profundidade (Figura 5-31). Os conectores menores são aqueles componentes que funcio- nam como ligação entre o conector maior ou a base da prótese parcial removível e as demais partes da prótese, tais como grampos, retentores indiretos, apoios oclusais e apoios de cíngulo. Em muitos casos, o conector menor pode ser contínuo com outras partes da prótese. Por exemplo, um apoio oclusal num dos lados de uma placa lingual é em realidade o término de um conector menor, mesmo que este conector menor esteja contíguo com a placa lingual. Da mesma maneira, a parte da armação da base da prótese que sustenta o grampo e o apoio oclusal é um conector menor, que se une ao conector maior com o corpo do grampo propriamente dito. Estas partes da prótese parcial removível, por meio das quais as bases da prótese são mantidas, são conectores menores. Além de unir as partes da prótese, o conector menor serve ainda a dois outros fins. 1. Transferir forças funcionais aos dentes pilares. Esta é uma função prótese-pilar dos conectores menores. As forças oclusais aplicadas sobre os dentes artificiais são transferidas por meio da base para os tecidos do rebordo residual subja- cente se esta base é essencialmente mucossuportada. As forças oclusais aplicadas aos dentes artificiais são também transferidas para os dentes pilares por meio dos apoios olcu- sais. São os conectores menores originados do conector maior rígido que fazem possível esta transferência de forças funcionais por todo o arco dentário. 2. Transferir o efeito dos retentores, apoios e componentes de estabilização para o resto da prótese. Esta é uma função pilar-prótese do conector menor. As forças aplicadas em uma região da prótese podem sofrer reação por outros compo- nentes da prótese situados em outra região e posicionados para esta função. Um componente de estabilização num dos lados do arco pode ser adicionado para resistir a forças hori- zontais originadas do lado oposto. Isto é possível somente por causa do efeito de transferência do conector menor, que sustenta este componente de estabilização e a rigidez do conector maior. A B Assim como o conector maior, o conector menor precisa ter volume suficiente para ser rígido; do contrário, a transferência de forças funcionais para os tecidos e dentes de suporte não será eficaz. Da mesma maneira, o volume do conector menor deve ser o menos incômodo possível. Um conector menor que contata a superfície axial de um dente de suporte não deve estar situado sobre uma superfície convexa e sim ficar numa ameia (Figura 5-32), onde ficará menos perceptível pela língua. Ele deve estar adaptado à ameia interdental, passando verticalmente a partir do conector maior, de modo que a passagem pela gengiva seja abrupta e cubra o mínimo de tecido gengival possível. Ele deve ir aumentando a espessura conforme se aproxima da superfície lingual, afilando para a área de contato (Figura 5-33). A parte mais profunda da ameia interdental deve ser blo- queada para evitar interferência na colocação e remoção da prótese e para evitar qualquer efeito de cunha entre os dentes contatados. A B Foi proposta uma modificação dos conectores menores das próteses parciais removíveis convencionais. Esta aplicação foi sugerida apenas para o arco superior, com o conector menor localizado no centro da superfície palatina do dente pilar superior. Foi sugerido que esta modificação reduza a quantidade de recobrimento dos tecidos gengivais, ofereça melhor guia para a remoção e inserção da prótese parcial e aumente a estabilização contra forças horizontais e rotacionais. Entretanto, em função da sua localização, esta variação no desenho poderia invadir o espaço da língua e criar um grande potencial para acúmulo de alimentos. A variação proposta deve ser utilizada com cuidado. Quando um conector menor contata as superfícies dentais em qualquer um dos lados da ameia onde ele está inserido, ele deve ser afilado em direção aos dentes de modo que a língua encontre uma superfície lisa. Isto evita ângulos vivos, que podem impedir o movimento da língua, e elimina os espaços onde poderiam ficar retidos restos de alimentos (Figura 5-34). É o conector menor que contata as superfícies dos planos- guia dos dentes suporte, quer como parte integrante do retentor direto, quer como uma entidade separada (Figura 5-33). Aqui o conector menor precisa ser suficientemente largo para que o plano-guia seja usado em sua plenitude. Quando dele surge um braço de grampo, o conector deve ser afilado em direção ao dente adjacente abaixo da origem do grampo. Se não há a presença de um braçode grampo, como é o caso quando o grampo em barra se origina em outro ponto, o conector deve ser afilado em uma borda em lâmina, em todo o comprimento de sua extensão vestibular. interdental, da mesma maneira que ficaria entre dois dentes naturais. Como dito anteriormente, as partes da armação da prótese por meio das quais as bases de resina acrílica são fixadas são conectores menores. Este tipo de conector menor deve então ser desenhado de modo a ficar completamente inserido no volume da base da prótese. As conexões destes conectores menores mandibulares com o conector maior devem ser junções resistentes, mas sem um volume apreciável (Figura 5-34). Os ângulos forma- dos nestas junções entre os conectores não devem ser maiores que 90 graus, garantindo assim a forma de ligação mecânica mais vantajosa e sólida entre a resina acrílica da base da prótese e o conector maior. Uma malha aberta ou com desenho do tipo escada é preferível e é convenientemente confeccionada utilizando-se tiras pré-conformadas de cera semicirculares calibre 12 e circulares calibre 18. O conector menor para a base da prótese inferior de extremidade livre deve se estender poste- riormente cerca de dois terços do comprimento do rebordo desdentado e deve ter elementos tanto na superfície lingual como na superfície vestibular. Este arranjo não só acrescenta resistência à base da prótese, mas também pode minimizar as distorções da base polimerizada decorrentes das tensões inerentes ao processamento. O conector menor precisa ser planejado com cuidado de modo a não interferir na monta- gem dos dentes artificiais (Figura 5-35). Deve-se providenciar uma forma de fixar as moldeiras individualizadas de resina acrílica na armação inferior quando uma moldagem de correção está planejada no momento em que a ceroplastia da armação estiver sendo desenvolvida. Três conectores menores confeccionados como se fossem parte do conector menor da base da prótese servem bem para cumprir este objetivo. A menos que outra solução seme- lhante seja encontrada, as moldeiras de resina podem se soltar ou afrouxar durante o procedimento de moldagem. Os conectores menores para bases de próteses superiores de extremidade livre devem ser estendidos por todo o compri- mento do rebordo residual e devem ter um desenho tipo escada e alças (Figura 5-36). Os apoios teciduais são parte integrante dos conectores menores e são desenhados para contribuir para a retenção das bases de resina acrílica. Eles fornecem estabilidade à armação da prótese durante os estágios de transferência e processamento e são particularmente úteis para evitar a distorção da armação durante os procedimentos de proces- samento da resina acrílica. Os apoios teciduais podem ter a função de relacionar as vertentes lingual e vestibular do rebordo remanescente e assim contribuir para a estabilidade (Figura 5-37). Os procedimentos de moldagem funcional muitas vezes requerem que os apoios teciduais sejam aumentados subse- quentemente ao desenvolvimento do modelo funcional. Isto pode ser facilmente conseguido com o acréscimo de resina acrílica quimicamente ativada (Figura 5-38). Quando um dente artificial for colocado contra um conector menor proximal, o maior volume deste conector deve ficar do lado lingual do dente suporte. Desta maneira, estará assegurado um volume suficiente com a menor interferência possível na montagem dos dentes artificiais. De modo ideal, o dente artificial deve contatar o dente suporte com apenas uma fina espessura de metal intervindo por vestibular. Por lingual, o volume do conector menor deve ficar na ameia Outra parte integrante do conector menor que retém a base da prótese de resina acrílica é semelhante a um apoio tecidual, mas tem uma função diferente. Esta parte é situada na distal do dente suporte terminal e é uma conti- nuação do conector menor que contata o plano-guia. Sua finalidade é estabelecer um índice final de apoio em tecido para a base de resina acrílica depois do processamento (Figura 5-39). A junção da linha de término com o conector maior deve ter um ângulo menor que 90°, ficando assim um tanto agudo (Figura 5-40). Claro que a extensão para a linha mediana do conector menor depende da extensão lateral do conector maior palatino. Pouca atenção é dada quanto à localização das linhas de término em muitos casos. Se a linha de término for situada muito medialmente, o contorno natural do palato será alterado pela espessura da junção e da resina acrílica que sustenta os dentes artificiais (Figura 5-41). Se, por outro lado, a linha de terminação for situada muito para vestibular, será muito difícil criar um contorno natural na resina acrí- lica na superfície lingual dos dentes artificiais. A localização da linha de término na junção dos conectores maior e menor deve estar baseada na restauração da forma natural do palato, levando em consideração o posicionamento dos dentes artificiais. Da mesma maneira, deve-se considerar a junção dos conectores menores e os braços de retenção do retentor direto tipo barra. Estas junções são do tipo junta de topo em 90° e devem seguir as mesmas orientações para o contorno da base e o comprimento dos grampos. A reação dos tecidos ao recobrimento metálico de uma prótese parcial removível tem sido alvo de significativa controvérsia, particularmente nas áreas de recobrimento da gengiva marginal e onde há o amplo contato do metal com os tecidos. Estas reações do tecido podem resultar de pressões causadas pela falta de suporte, falta de hábitos de higiene e contato prolongado resultante do uso contínuo da prótese. Se o alívio sob os cruzamentos com a gengiva e outras áreas de contato com tecidos incapazes de sustentar a prótese for inadequado, então a pressão destes tecidos subjacentes é ine- vitável. Um traumatismo ocorrerá da mesma maneira se a prótese se adaptar com a perda de suporte dentário ou de tecido. Isto pode ser causado pelo insucesso do descanso resul- tante de um desenho inadequado, pela ocorrência de cárie, pela fratura do próprio apoio ou pela intrusão dos dentes de suporte sob as cargas oclusais. É fundamental manter o alívio adequado e o suporte suficiente tanto de dentes como de tecidos. A adaptação da prótese a situações em que houve perda dos tecidos de suporte pode resultar em pressão em outras partes do arco tais como sob conectores maiores. Esta adaptação precisa ser evitada ou corrigida se vier a se manifes- tar. A pressão excessiva deve, portanto, ser evitada sempre que os tecidos orais forem recobertos ou atravessados por elemen- tos da prótese removível. A falta de higienização adequada pode resultar em reações do tecido provocadas pelo acúmulo de alimentos e bactérias. O recobrimento dos tecidos orais com próteses parciais que não são mantidas devidamente limpas é danoso a estes tecidos pelo acúmulo dos fatores irritantes. Isto tem levado a uma interpretação equivocada do efeito do recobrimento dos tecidos por peças protéticas. Uma preocupação adicional no que se refere à limpeza é a higiene dos tecidos subjacentes à área da prótese. As duas primeiras causas que resultam em reação tecidual desagradável podem ser agravadas pelo tempo durante o qual a prótese é utilizada. Quanto mais tempo em posição, mais resposta tecidual irá acontecer. Está claro que a membrana mucosa não pode tolerar este constante contato com a prótese sem que ocorra uma inflamação e uma lesão à barreira epite- lial. Alguns pacientes ficam tão habituados ao uso da prótese removível que negligenciam que deve ser feita uma remoção periódica para dar aos tecidos um descanso do contato cons- tante. Isto é especialmente verdadeiro quando se trata de uma prótese removível com dentes anteriores, em que o indivíduo não possibilita que a prótese fique fora de sua boca senão na privacidade do banheiro durante a escovação. Acontece que os tecidos vivos não devem ser recobertos todo o tempo ou ocor- rerão mudanças nestestecidos. Próteses removíveis devem ser mantidas fora da boca durante várias horas todos os dias, de modo que os tecidos possam repousar e retomar ao seu estado normal. A experiência clínica com o uso de placa lingual e com o recobrimento metálico total do palato tem demonstrado con- clusivamente que quando fatores de pressão, higiene e tempo são controlados, o recobrimento tecidual não é, por si só, pre- judicial à saúde dos tecidos orais. A B C D E A B DC A B Certo Errado Indicações de Uso: A barra lingual deve ser usada para próteses parciais removíveis quando há espaço suficiente entre o assoa- lho da boca, ligeiramente elevado, e o tecido gengival lingual. Características e Localização: (1) Formato de meia pera com a parte mais volumosa localizada inferiormente. (2) Borda superior afilada em direção ao tecido. (3) Borda superior localizada a pelo menos 4 mm de distância da margem gen- gival e o mais distante possível desta. (4) Borda inferior localizada na altura determinada pelo assoalho da boca quando o paciente eleva a língua ligeiramente. Bloqueio e Alívio do Modelo de Trabalho: (1) Todas as áreas retentivas teciduais paralelas à via de inserção da prótese. (2) Uma espessura adicional de cera calibre 32 quando a superfície lingual do rebordo alveolar for retentiva ou para- lela à via de inserção da prótese (Figuras 11-23 e 11-24). (3) Nenhum alívio se faz necessário quando a superfície lingual do rebordo alveolar é inclinada inferiormente e pos- teriormente. (4) Uma lâmina de cera número 7 sob as áreas de apoio basais (para elevar os conectores menores que fixam as bases da prótese de resina acrílica). Especificações de Ceroplastia: (1) Cera calibre 6, formato de meia pera reforçada por uma lâmina de cera de calibre 22 a 24 ou um padrão de plástico semelhante adaptado à largura do desenho. (2) Uma barra longa necessita de mais volume que uma barra curta, entretanto, o formato na transversal permanece inalterado. Linhas de Término: Ligações junta de topo com conectores menores para retenção da base da prótese. Indicações de Uso: (1) Quando o assoalho de boca se aproxima tanto dos sulcos gengivais linguais que não deixa uma largura adequada para uma barra lingual. (2) Nos casos em que um rebordo residual em um arco tipo Classe I sofreu tanta reab- sorção que oferece apenas o mínimo de resistência aos movi- mentos horizontais da base da prótese. (3) Quando se usa um dente periodontalmente comprometido, em função de grupo, para dar suporte a prótese e ajudar a resistir a movi- mentos rotacionais horizontais das próteses do tipo de extre- midade livre. (4) Quando a substituição de um ou mais incisivos será facilitada pela adição de alças de retenção a uma placa lingual pré-existente. Características e Localização: (1) Formato de meia pera, com a parte mais volumosa localizada inferiormente. (2) Reco- brimento metálico, fino, se estendendo superiormente, entrando em contato com o cíngulo dos dentes anteriores e as superfícies linguais dos dentes posteriores na altura dos A capacidade de os dentes resistirem às forças funcionais e per- manecerem estáveis ao longo do tempo é promovida por meio de seus sofisticados mecanismos de suporte. Estudos têm demons- trado que o deslocamento e a recuperação após a carga oclusal são mais bem realizados pelos dentes naturais do que pela mucosa bucal. Consequentemente, a utilização apropriada dos dentes para auxiliar na resistência às forças funcionais em pró- teses parciais removíveis é uma estratégia crítica para controlar o movimento da prótese e obter a estabilidade funcional. A utilização apropriada dos dentes requer a consideração de como se empregar os dentes de uma maneira melhor para as qualidades de suporte que eles podem promover. Como a resis- tência mais efetiva pode ser promovida se o dente for pressio- nado no seu longo eixo, a estrutura da prótese deve empregar o dente de modo que estimule a carga axial. As várias formas dos apoios têm como objetivo principal possibilitar a carga axial. É importante lembrar que este objetivo pode ser obtido apenas pela modificação da forma dos dentes. O suporte vertical deve ser promovido para uma prótese remo- vível. Qualquer componente da prótese parcial removível sobre a superfície do dente que promova suporte vertical é chamado de apoio (Figura 6-1). Os apoios devem estar sempre localizados em superfícies de dentes apropriadamente preparadas. A superfície do dente pilar preparada para receber o apoio é denominada nicho. Os apoios são designados pela superfície do dente preparada para recebê-los (apoio oclusal, apoio lingual e apoio incisal). A topo- grafia de qualquer apoio deve restabelecer a forma do dente que existia antes de o nicho ter sido preparado. O objetivo primário do apoio é promover suporte vertical para prótese parcial removível. Ao fazê-lo, também proporciona o seguinte: 1. Mantém os componentes em suas posições planejadas 2. Mantém as relações oclusais estabelecidas pela prevenção de deslocamento da prótese 3. Previne a compressão dos tecidos moles 4. Direciona e distribui as cargas oclusais para os dentes pilares Além disso, o apoio serve para manter a posição da prótese parcial removível e para resistir ao movimento em direção aos tecidos. Os apoios servem para transmitir forças verticais aos dentes pilares e para direcionar estas forças por todo o longo eixo dos dentes. A esse respeito, os apoios das próteses parciais removíveis dentossuportadas funcionam de uma maneira similar aos retentores de próteses parciais fixas. É obvio que, para este tipo de estabilidade existir, os apoios devem ser rígidos e precisam receber suporte positivo do dente pilar, o que signi- fica que, sob a carga oclusal, o apoio e o dente devem permane- cer em contato estabilizado e que não ocorra deslizamentos ou movimentos independentes. Em uma prótese parcial removível que tenha uma ou mais bases em extensão distal, à prótese se torna cada vez mais supor- tada pela mucosa à medida que a distância do pilar aumenta. Quanto mais próximo ao pilar, entretanto, mais da força oclusal é transmitida ao dente pilar por meio dos apoios. A carga é, portanto, distribuída entre o pilar e o suporte de tecido do rebordo residual. Quando os apoios impedem movimentos da prótese em direção apical, a posição da porção retentiva do braço do grampo pode ser mantida na relação designada da anatomia do dente. Embora seja passivo quando está na porção terminal, a porção retentiva do braço do grampo deve permanecer em contato com o dente, pronta para resistir à força de deslocamento vertical. Então, quando a força de deslocamento é aplicada, o braço do grampo deve se tornar imediatamente conectado ativamente para resistir ao deslocamento vertical. Se o assentamento da prótese resultar em braços dos grampos que fiquem afastados do dente, algum deslocamento vertical é possível antes que o retentor se torne funcional. O apoio serve para impedir tal des- locamento e, portanto, auxilia na manutenção da estabilidade vertical da prótese parcial removível. A utilização de um implante como apoio também pode ser considerada. Nesta aplicação, o implante elimina a compressão dos tecidos moles de suporte, controla o movimento vertical da base da prótese, elimina ou altera as linhas de fulcro e serve para aumentar o suporte e a estabilidade da prótese. A B C D 1. A forma do contorno de um nicho oclusal deve ser a de um triângulo arredondado com o ápice voltado para o centro da superfície oclusal (Figura 6-2). 2. Este deve ser mais longo que largo e a base da forma trian- gular (na crista marginal) deve ter, pelo menos, 2,5 mm tanto para molares quanto para pré-molares. Os nichos de dimen- sões menores não oferecem volume de metal para os apoios, especialmente se o apoio é contornado para restaurar a mor- fologia oclusal do dente pilar. 3. A crista marginal do dente pilar no local do apoio deve ser desgastada para possibilitarvolume suficiente de metal para garantir a resistência e a rigidez do apoio e do conector menor. Isso significa que a redução da crista marginal de aproximadamente 1,5 mm é normalmente necessária. 4. O assoalho do nicho oclusal deve ser apical em relação à crista marginal e à superfície oclusal, e deve ser côncavo ou em formato de colher (Figura 6-3). Deve-se tomar cuidado no preparo do nicho para evitar a criação de arestas afiadas ou ângulos durante o preparo. 5. O ângulo formado entre o apoio oclusal e o conector menor vertical, de onde se origina, deve ser menor que 90 graus (Figuras 6-4 e 6-5). Apenas dessa maneira as forças oclu- sais podem ser direcionadas por todo o longo eixo dos dentes pilares. Um ângulo maior que 90 graus fracassa ao transmitir forças oclusais ao longo do eixo vertical de suporte do dente pilar. Isto também torna possível o deslize da prótese no pilar, que pode resultar em forças seme- lhantes às forças ortodônticas aplicadas em plano inclinado ao pilar, que possivelmente levará ao movimento dentário (Figura 6-6). Quando o preparo de um apoio oclusal existente é inclinado apicalmente em direção à crista marginal reduzida e não pode ser modificado ou aprofundado devido ao medo de perfuração do esmalte ou restauração, então um apoio oclusal secundá- rio deve ser empregado para impedir o deslocamento do apoio Parte mais profunda do nicho Menor que 90 Menor que 90 primário e o movimento ortodôntico do dente pilar (Figura 6-7). Tal apoio deve cruzar a crista marginal reduzida no lado do dente oposto ao apoio primário e deve, se possível, ser inclinado ligeiramente apicalmente a partir da crista marginal. Entre- tanto, dois apoios oclusais apostos sobre um dente com incli- nação divergente funcionam para prevenir forças desfavoráveis se todos os conectores relacionados forem suficientemente rígidos. Em qualquer prótese parcial dentomucosossuportada a relação do apoio oclusal e do dente pilar deve ser um encaixe tipo bola raso, para prevenir uma possível transferência de tensões horizontais aos dentes pilares. O apoio oclusal deve promover apenas apoio oclusal. A estabilização contra movimentos hori- zontais da prótese deve ser promovida por outros componen- tes da prótese parcial removível em vez de qualquer efeito de travamento do apoio oclusal, que pode causar a aplicação de alavancas no dente pilar. Em situações de Classe II de Kennedy, modificação 1 e Classe III onde o pilar mais posterior é um molar inclinado para mesial, um apoio oclusal estendido deve ser desenhado e pre- parado para minimizar futuras inclinações do pilar e para garantir que as forças sejam direcionadas para baixo do longo eixo dos pilares. Este apoio deve ser estendido mais que metade da largura do dente, deve ser aproximadamente um terço da largura vestíbulo-lingual do dente e deve possibilitar uma espes- sura mínima de 1,0 mm de metal; o preparo deve ser arredon- dado, sem bordas ou ângulos vivos (Figura 6-8). Em situações nas quais o pilar estiver severamente incli- nado, a extensão oclusal deve tomar a forma de uma onlay para restaurar o plano oclusal (Figura 6-9). O preparo do dente para este tipo de apoio estendido deve incluir a remoção ou restauração de fossas, fissuras ou ranhuras; a instalação de um bisel de 1 a 2 mm nas superfícies oclusais vestibulares e lin- guais para tornar possível que o apoio (onlay) ofereça estabi- lização; deve possibilitar ao apoio restaurar o contorno e a oclusão do dente natural; e deve garantir que este apoio dire- cione as forças para baixo do longo eixo do dente. O preparo do dente deve também incluir um plano guia de 1 a 2 mm na superfície mesial do pilar. O desenho de um retentor direto pode necessitar da utilização de apoios oclusais interproximais (Figura 6-10). Estes apoios são preparados individualmente como nichos oclusais, com a exceção de que o preparo deve ser estendido lingualmente além A D C F B do que já foi completado (Figura 6-11). Apoios adjacentes, em vez de um apoio unitário, são utilizados para prevenir a forma- ção de cunhas interproximais pela infraestrutura da prótese. Além disso, os apoios unidos são desenhados para desviar os alimentos dos pontos de contato. Quando tais nichos são preparados, deve-se tomar cuidado para se evitar a redução ou eliminação dos pontos de contato dos dentes pilares. No entanto, deve ser removida estrutura suficiente do dente para possibilitar volume adequado do compo- nente para resistir e possibilitar que o componente seja confeccio- nado sem alterar a oclusão. Para tanto, a análise dos modelos de diagnóstico montados é imperativa para a avaliação das áreas de contato interoclusal onde os apoios serão instalados. Deve estar presente ou deve ser criado espaço suficiente para evitar interferência na instalação de apoios (Figura 6-12). Vestibular Lingual A área interproximal lingual necessita apenas de um preparo menor. A criação de uma área de retenção vertical deve ser evitada para prevenir o efeito de torque nos pilares pelos conec- tores menores. Uma prótese parcial removível que é totalmente dentossuportada por meio de retentores fundidos sobre todos os dentes pilares pode utilizar apoios intracoronários tanto para o suporte coro- nário quanto para a estabilização horizontal (Figura 6-13). Um apoio intracoronal não é um retentor e não deve ser con- fundido com um encaixe. O suporte oclusal é derivado do assoalho do nicho. A estabilização horizontal é derivada das paredes quase verticais deste tipo de nicho. A forma do apoio deve ser paralela à via de inserção, ligeiramente cônica na oclusal e com uma suave cauda de andorinha para impedir o deslocamento proximal. As principais mudanças do apoio interno são que ele facilita a eliminação de braços visíveis dos grampos por vestibular e torna possível a localização do nicho em posições mais favorá- veis em relação ao eixo de rotação (horizontal) dos pilares. A retenção é promovida pelo braço lingual do grampo, tanto fundido quanto por um fio adaptado, repousando sobre uma área natural ou preparada do dente pilar. Os apoios internos são esculpidos em cera ou por erosão eletrolítica dos casquetes dos pilares. Padrões pré-fabricados em plástico estão amplamente disponíveis e podem ser encerados em coroas ou padrões de coroas parciais, incluídos e fundidos após terem sido posicionados paralelamente à via de inserção no delineador. Futuros desenvolvimentos e técnicas prometem a utilização mais ampla dos apoios internos, porém apenas para próteses dentossuportadas. Os apoios podem ser instalados em esmalte hígido ou em qual- quer material restaurador que tenha mostrado cientificamente ser capaz de resistir a fratura e deformação quando for aplicada força sobre eles. Os apoios instalados sobre esmalte hígido não contribuem para a lesão de cárie em uma boca com baixo índice de cárie, contanto que uma boa higiene bucal seja mantida. As superfí- cies proximais dos dentes são muito mais vulneráveis ao ataque de cáries que as superfícies oclusais que suportam os apoios oclusais. A decisão de se utilizar alguma cobertura para o pilar normalmente é baseada na necessidade de preparo da boca, determinada pela avaliação dos modelos de estudo no delinea- dor, para acomodar as modificações dos dentes pilares necessá- rias para se confeccionar uma prótese parcial removível (Capítulo 11). Quando fissuras pré-cariosas são formadas nas áreas dos apoios oclusais em dentes que estão hígidos, elas podem ser removidas e apropriadamente restauradas sem a proteção mais extensa do pilar. Apesar de não se poder negar que a melhor proteção contra as cáries para um dente pilar seja a sua cobertura total, é imperativo que tal coroa seja apropria- damente preparada para promover o suporte, a estabilização e a retenção para a prótese parcial. Quando a decisão de se usar esmalte hígido desprotegido para os apoios for feita, a vulnerabilidade futura de cada dentedeve ser considerada, porque a fabricação de coroas totais para a acomodação de apoios e braços de grampos não é tão fácil depois que uma prótese parcial removível foi confeccionada. Em muitos casos, o esmalte hígido pode ser utilizado com segu- rança para suportar apoios oclusais. Em tais situações, o paciente deve ser advertido de que a futura susceptibilidade às cáries não é previsível e que ela depende de higiene bucal e de outras pos- síveis mudanças na propensão ao desenvolvimento de cáries. Embora a decisão de utilizar pilares desprotegidos seja do den- tista, fatores econômicos podem influenciar a decisão final. O paciente deve ser informado dos riscos envolvidos e das suas responsabilidades na manutenção de uma boa higiene bucal e dos retornos periódicos para observação. O preparo dos nichos devem ser feito em esmalte sadio. Na maioria dos casos, o preparo das superfícies proximais do dente é necessário para promover planos-guia proximais e para se eliminarem retenções indesejáveis para as partes rígidas da infraestrutura que devam passar durante a instalação e remoção da prótese. O preparo dos apoios oclusais deve sempre seguir A B o preparo proximal, nunca precedê-lo. Apenas após a alteração das superfícies do dente serem completadas pode ser determi- nada a localização dos nichos para os apoios oclusais em relação à crista marginal. Quando o preparo proximal sucede o preparo do nicho oclusal, a consequência inevitável é que a crista mar- ginal fica muito alta e muito aguda, com o centro do assoalho do nicho muito próximo da crista marginal. Portanto, frequen- temente é impossível corrigir o preparo do nicho sem fazê-lo muito profundo, o que causa danos irreparáveis ao dente. Os nichos oclusais em esmalte sadio podem ser preparados com brocas e pontas de acabamento que deixem a superfície do esmalte tão lisa quando o esmalte original (Figura 6-14). A broca esférica maior é utilizada inicialmente para baixar a crista marginal e para estabelecer o contorno do nicho. O nicho oclusal resultante é então completado exceto pelo assoalho, que não está suficientemente côncavo. Uma broca esférica ligeiramente menor é utilizada para aprofundar o assoalho do nicho oclusal. Neste momento, se forma o con- torno desejado de colher dentro da crista marginal reduzida. O preparo é polido com uma ponta de acabamento de tamanho e forma adequados. Quando um pequeno defeito de esmalte é encontrado no preparo do nicho oclusal, normalmente é melhor ignorá-lo até que o preparo esteja completo. Então, com brocas pequenas, o defeito remanescente deve ser prepa- rado para receber uma pequena restauração. O término da restauração pode ser nivelado com o assoalho do nicho preparado. Um gel fluoretado deve ser aplicado no dente pilar após a redução e o recontorno do esmalte. Se o modelo de trabalho for feito a partir de uma moldagem de alginato, a aplicação do gel deve ser postergada até que a moldagem seja realizada, pois alguns tipos de gel e alginato podem ser incompatíveis. O preparo do nicho oclusal em restaurações existentes é tratado de uma maneira semelhante ao preparo em esmalte sadio. Qualquer preparo proximal deve ser realizado antes do nicho, pois se o nicho for preparado antes da superfície proxi- mal, algumas vezes a forma do nicho fica irreparavelmente alterada. A possibilidade de que uma restauração existente possa ser perfurada no processo de preparo de um nicho oclusal está sempre presente. Apesar de algum comprometimento ser possibilitado, a eficiência do nicho não deve ser prejudicada pelo medo da perfuração da restauração existente. O nicho pode ser alargado para compensar a profundidade. No entanto, o assoalho do nicho deve permanecer ligeira mente inclinado apicalmente a partir da crista marginal. Quando isto não for possível, um nicho secundário deve ser utilizado no lado oposto do dente para impedir o deslizamento do nicho primário. Quando a perfuração ocorrer, pode ser reparada. No entanto, ocasionalmente, a realização de uma nova restauração é inevi- tável. Em tal situação, o preparo original deve ser modificado para acomodar o nicho oclusal evitando, portanto, o risco de perfuração da restauração ou da fabricação de um nicho inadequado. A localização do nicho oclusal em uma nova restauração deve ser conhecida quando o dente for preparado de modo que se tenha espaço livre suficiente para o apoio no preparo. A etapa final no preparo do dente deve ser a confirmação deste espaço livre e, se não houver, fazer uma depressão para acomodar a profundidade do apoio (Figura 6-15). Os nichos oclusais em coroas protéticas e inlays geralmente são mais profundos que os feitos em esmalte. Aqueles confec- cionados em coroas protéticas de dentes pilares de próteses dentossuportadas podem ser ligeiramente mais profundos que os nichos em pilares de próteses com extremo livre; portanto, se aproximam da eficiência dos encaixes internos. Nichos internos também podem ser criados primeiramente em cera, tanto com brocas adequadas em uma peça de mão quanto pelo enceramento em torno de um mandril lubrifi- cado, que é mantido no delineador. Em qualquer situação, o preparo deve ser terminado sobre o modelo com brocas em uma peça de mão ou com brocas de precisão. Calços de metal ou plástico que de adaptam ao mandril estão disponíveis para este propósito. Portanto, um modelo com lisura adequada é garantido, e a necessidade de acabamento no interior do nicho A B interno com brocas é eliminada. Deve-se providenciar espaço livre suficiente no preparo do pilar para acomodar a profun- didade do apoio interno. A análise dos modelos de estudo montados é imprescindível na avaliação das áreas de contato incisais e linguais dos apoios a serem desenhados. Deve existir ou deve ser criado espaço suficiente para evitar interferência na instalação dos apoios. Embora o local de preferência para um apoio externo seja a superfície oclusal de um molar ou pré-molar, um dente anterior pode ser o único pilar disponível para o suporte oclusal da prótese. Além disso, um dente anterior pode ser utilizado, oca- sionalmente, como um retentor indireto ou um apoio auxiliar. Para este propósito, é preferível um canino a um dente incisivo. Quando o canino não estiver presente, apoios múltiplos que são espalhados sobre vários incisivos são preferíveis em vez da uti- lização de um único incisivo. A forma e o comprimento da raiz, a inclinação do dente e a proporção de comprimento entre a coroa clínica e o suporte alveolar devem ser consideradas quando se determinar o local e a forma dos apoios instalados em incisivos. Um apoio lingual é melhor que um incisal por estar posicio- nado mais próximo do eixo horizontal de rotação (eixo de inclinação) do dente pilar e, portanto, apresentará menor ten- dência de inclinação do dente. Além disso, apoios linguais são mais aceitáveis esteticamente. Se um dente anterior estiver sadio e a inclinação lingual for gradual em vez perpendicular, um apoio lingual pode ser colo- cado em um nicho preparado em esmalte na região do cíngulo ou mais incisal em relação ao mesmo (Figura 6-16). Este tipo de apoio lingual é normalmente confinado aos caninos superio- res que possuem uma inclinação lingual gradual e um cíngulo proeminente. Em poucos casos, tal apoio também pode ser ins- talado em um incisivo central superior. A concavidade lingual do canino inferior é muito íngreme para que um nicho lingual adequado seja confeccionado em esmalte, e algum outro tipo de suporte precisa ser feito. Os preparos para nichos linguais raramente são satisfatórios em dentes inferiores anteriores devido à falta de espessura de esmalte para o preparo de um nicho com suporte adequado. O preparo de um dente anterior para receber um apoio lingual deve ser obtido de uma de duas maneiras: 1. Um V ligeiramente arredondado é preparado na superfície lingual na junção dos terços gengival e médio. O ápice do V é direcionado paraincisal. Este preparo pode ser iniciado com a utilização de uma broca diamantada tipo cone inver- tido, progredindo para brocas menores até pedras montadas cônicas com pontas arredondadas para completar o preparo. Todos os ângulos vivos devem ser eliminados e o nicho deve ser preparado apenas em esmalte. O esmalte deve ser extre- mamente polido. Pontas de polimento de borracha abrasiva seguidas de pastas polidoras ou pedra-pomes produzem polimento adequado do nicho. Uma via de inserção prede- terminada para a prótese deve ser guardada em mente quando o nicho estiver sendo preparado. O nicho lingual não deve ser preparado com o pensamento de que seria abordado a partir de uma direção perpendicular à concavi- dade lingual. O assoalho do nicho deve ser em direção ao cíngulo e não à parede axial. Deve-se tomar cuidado para não criar uma retenção de esmalte que possa interferir na instalação da prótese (Figura 6-16). 2. O nicho lingual mais satisfatório a partir do ponto de vista do suporte é aquele posicionado sobre uma restauração fundida (Figura 6-17). Isto é feito com maior eficiência pelo planejamento e execução do nicho em cera do que quando é realizado na boca. O contorno da infraestrutura pode restaurar a forma lingual do dente. Quando o cíngulo é acentuado no enceramento, seu assoalho é prontamente escavado para ser a porção mais apical do preparo. Uma forma de sela, que promove um nicho positivo localizado favoravelmente em relação ao longo eixo é formada. A infraestru- tura da prótese é feita para preencher a continuidade da superfície lingual de modo que a língua contate uma superfície lisa sem que o paciente perceba e sem irregularidades ou volume. O nicho lingual pode ser colocado na superfície lingual da coroa total tipo veneer (Figura 6-18), de uma coroa 3/4, de uma inlay, de uma faceta laminada, de uma restauração em resina composta ou uma restauração metálica adesiva. A última mostra menos metal que uma coroa 3/4, especialmente no canino inferior, onde o nicho lingual colocado na restauração fundida é frequentemente utilizado e é uma restauração mais conservadora. A coroa 3/4 pode ser utilizada se a superfície vestibular do dente estiver hígida, e se o contorno retentivo for satisfatório. Entretanto, se a superfície vestibular apresentar contorno excessivo ou inadequado para a instalação de um braço de retenção do grampo, ou se a descalcificação dentária ou cáries estiverem presentes, uma coroa com cobertura total deve ser utilizada. Em alguns casos, nichos tipo bola podem ser utilizados em nichos preparados. Tais nichos podem ser preparados cuidado- samente nas superfícies dos dentes com espessura de esmalte excessiva ou podem ser preparados em restaurações instaladas em dentes com espessura inadequada de esmalte. Restaurações conservadoras (p. ex., amálgama de prata, inlays com pino, resina composta) em dentes anteriores podem ser mais bem indicadas para nichos tipo bola do que em restaurações menos conservadoras com nichos tipo V invertido. Alguma evidência científica demonstra que nichos de ligas especificamente de cromo-cobalto formam (aderida à super- fície lingual de dentes anteriores pelo uso de cimentos resino- sos com condicionamento ácido), facetas laminadas, e resinas compostas têm sido utilizadas com sucesso com abordagens conservadoras para formação de nichos em dentes com con- tornos linguais inaceitáveis (Figura 6-19). Bráquetes ortodôn- ticos cerâmicos de safira também têm sido aderidos nas superfícies linguais de caninos inferiores e conformados como nichos. Estes possuem a vantagem sobre os nichos confeccio- nados em metais colados de não necessitarem de uma etapa laboratorial e a resistência adesiva alcançada é maior. A prin- cipal desvantagem da utilização de bráquetes ortodônticos é que a remoção do nicho pode necessitar que eles sejam des- gastados com o potencial de geração de calor e possível dano pulpar. Os apoios incisais são posicionados nos ângulos incisais de nichos preparados. Apesar de esta ser a localização menos desejada para um nicho pelas razões já mencionadas, este pode ser utilizado com sucesso em pacientes selecionados quando o pilar é sadio e quando uma coroa protética não é indicada. Portanto, os apoios incisais geralmente são coloca- dos no esmalte (Figura 6-20). Os apoios incisais são utilizados predominantemente com apoios auxiliares ou retentores indiretos. Embora o apoio incisal possa ser utilizado em caninos em ambos os arcos, ele é mais aplicável no canino inferior. Este tipo de apoio promove um suporte definido com relativamente pouca perda de estrutura dentária e pouca exposição de metal. Esteticamente é preferível em relação à coroa 3/4. O mesmo critério pode ser aplicado quando se decide pela utilização de esmalte desprotegido para um apoio oclusal sobre um molar ou pré-molar. Um apoio incisal é mais provável de provocar forças ortodônticas que um apoio lingual devido a fatores de alavanca. Um nicho incisal é preparado na forma de um chanfro arredondado no ângulo incisal de um canino ou na borda incisal de um incisivo, com a porção mais profunda do preparo apical à borda incisal (Figura 6-21). O chanfro deve ser bise- lado tanto por lingual quanto por vestibular, e o esmalte lingual deve ser conformado para acomodar a parte rígida do conector menor entre o apoio e a infraestrutura. Um nicho incisal deve ter aproximadamente 2,5 mm de largura por 1,5 mm de profundidade, de maneira a ser resistente o sufi- ciente sem ter de exceder o contorno natural da borda incisal (Figura 6-22). Na ausência de outras posições possíveis para os apoios e nichos incisais, os apoios incisais em vários incisivos inferiores podem ser considerados. A utilização de tais apoios pode ser justificada pelos seguintes fatores: 1. Eles podem se utilizar da vantagem das faces incisais naturais. 2. A morfologia dos dentes não permite outros desenhos. 3. Tais apoios podem restaurar a anatomia defeituosa ou des- gastada. 4. Os apoios incisais promovem estabilização. 5. Os apoios incisais totais podem restaurar ou promover guia anterior. No caso de apoios incisais totais serem considerados, o paciente deve ser informado sobre o impacto de sua localização, forma e estética. Isso é essencial tanto para o modelo de trabalho quanto para a fundição ser precisa se os apoios estão assentados cor- retamente. O apoio incisal deve ter um ligeiro sobrecontorno para possibilitar o acabamento vestibular e lingual sobre o esmalte adjacente, da mesma maneira que é feito com uma coroa 3/4 ou da margem de uma inlay. Desta maneira, a expo- sição mínima do metal é possível sem prejudicar a eficiência do apoio. Deve-se tomar cuidado na seleção do tipo de nicho a ser utilizado, no preparo deste e na confecção da infraestrutura para garantir o sucesso de qualquer tipo de apoio. A topografia de qualquer apoio deve ser tal que restaure a topografia do dente que existia antes do preparo. A B Os implantes também podem ser considerados para servir como um apoio quando se aproveita a sua resistência vertical característica. Nesta aplicação, podem servir para resistir ao movimento de compressão dos tecidos e podem ser considera- dos úteis para as necessidades de retenção. Quando um papel duplo é considerado, a seleção do elemento de retenção neces- sita avaliar quanto de tensão haverá no movimento vertical (a função do apoio) para afetar a função retentiva do mecanismo do encaixe. Quando utilizado como apoio, o implante pode servir para resistir eficientemente aos movimentos verticais e promover suporte positivo. Esta utilização torna possível uma conexão com perfil baixo (p. ex., próximo do rebordo), implicando em menos torque ao implante. A localização pode ser prescrita para a vantagem máxima, e os implantes podem alterar de maneira eficaz a rotação em torno da linha de fulcro — eliminando-a se aplicado no final de um rebordo com extremidade livre, ou reduzindoos efeitos pela diminuição do braço de alavanca. 2,5 mm 1,5 mm A retenção de protéses removíveis é a única preocupação quando comparadas às outras próteses. Quando alguém está lidando com uma coroa ou uma prótese parcial fixa, o uso combinado de geometria do preparo (ou seja, formas de resistência e retenção) e agente de cimentação pode fixar a prótese ao dente de tal maneira que resista a todas as forças a que o dente está sujeito. Como mencionamos no Capítulo 4, o sentido das forças pode ser de encontro, através ou para longe dos tecidos. Em geral, as forças que atuam para mover as próteses em direção ou lateralmente aos dentes suporte e/ou tecido são as forças de maior intensidade. Isto é porque, na maioria das vezes, elas são forças de oclusão. As forças que atuam para deslocar as próteses dos tecidos podem consistir na gravidade atuando contra próteses superio- res, na ação de alimentos pegajosos atuando para deslocar pró- teses na abertura da boca durante a mastigação ou em forças funcionais atuando por meio de um fulcro para deslocar a prótese. As duas primeiras destas forças raramente são da mag- nitude de forças funcionais, e estas são minimizadas com o uso de suporte adequado. O componente utilizado para resistir a este movimento de afastamento dos dentes e/ou dos tecidos fornece retenção para a prótese e é chamado de retentor direto. Um retentor direto é qualquer unidade de uma prótese dentária removível que faz com que um dente pilar ou um implante resista ao movimento de deslocamento das próteses para fora do tecido da área basal. A habilidade dos retentores diretos de resistir a estes movimentos é enormemente influenciada pela estabilidade e suporte das próteses fornecida pelos conectores maiores e menores, apoios e bases. Este relacionamento entre os componentes de apoio e retenção destaca a relativa impor- tância destes componentes. Embora as forças que trabalham contra a prótese parcial removível para deslocá-la dos tecidos geralmente não sejam tão grandes quanto as forças funcionais que causam tensão em direção ao tecido, a prótese parcial remo- vível deve ter retenção apropriada para resistir razoavelmente às forças de deslocamento. Muitas vezes, a preocupação com a retenção é maior do que a apropriada, especialmente se tal preocupação diminui uma consideração mais séria com relação à resistência às forças funcionais típicas. Uma retenção suficiente é fornecida por dois meios. Uma retenção primária para próteses parciais removíveis é reali- zada mecanicamente colocando-se elementos de retenção (retentores diretos) nos dentes pilares. Uma retenção secun- dária é fornecida pelo íntimo relacionamento do contato dos conectores menores com os planos-guia e as bases de prótese e do conector maior (superior) com o tecido subjacente. A última é semelhante à retenção nas próteses totais. Ela é pro- porcional proporcionado à exatidão da moldagem, à exatidão do ajuste da base da prótese e à área de contato total envol- vida. A retenção também pode ser fornecida por meio do envolvimento de um mecanismo de fixação em um implante dentário. O conjunto de grampos tem uma função na prótese parcial removível semelhante à função que uma coroa de retenção para uma prótese parcial fixa. Ambos devem envolver o dente prepa- rado de maneira que previna movimentos isolados dos dentes em relação ao retentor. Emprestando um termo da prótese fixa, limitar a liberdade de deslocamento refere-se ao efeito de uma superfície cilíndrica (a infraestrutura envolvendo o dente) em outra superfície cilíndrica (o dente). Isto implica que a curva que define a infraestrutura está na maneira correta se ela impede movimentos perpendiculares em relação ao eixo longo do dente. Este princípio básico do desenho do grampo oferece um duplo benefício. Primeiro, ele assegura a estabilidade da posição do dente por causa da contenção pelo abraçamento; segundo, ele assegura a estabilidade do grampo por causa do controle da posição deste em três dimensões. Portanto, o princípio básico do desenho dos grampos, deno- minado princípio do abraçamento, significa que mais de 180° na maior circunferência do dente, passando da superfície axial divergente para a superfície axial convergente, devem ser envol- vidos pelo grampo (Figura 7-1). O abraçamento pode ocorrer na forma de contato contínuo, como em um grampo circunfe- rencial, ou contato descontínuo, como no uso de um grampo a barra. Ambos fornecem contato do dente em pelo menos três áreas envolvendo o dente: a área de apoio oclusal, a área da da ponta retentiva do grampo e área do término do grampo de oposição. Além do abraçamento, outros princípios básicos do desenho dos grampos são os seguintes: 1. O apoio oclusal deve ser desenhado para prevenir movimen- tos dos braços do grampo em direção à cervical. 2. Cada ponta retentiva deve ser oposta por um braço de opo- sição capaz de resistir a qualquer pressão transitória exercida pelo braço de retenção durante assentamento e remoção. Os componentes estabilizadores e opositores devem ser rigida- mente conectados bilateralmente (através do arco) para rea- lizar reciprocidade dos elementos retentivos (Figura 7-2). 3. Grampos de retenção nos dentes pilares adjacentes às extre- midades livres distais da base devem ser desenhados de modo a evitarem transmissão direta de forças de inclinação e de rotação aos pilares. Na verdade, eles devem atuar como rompe-forças, tanto pelo seu desenho quanto pela sua con- fecção. Isto é realizado mediante adequada localização da Vestibular Lingual Vestibular LingualA B A B ponta retentiva em relação ao apoio ou pelo uso de um braço do grampo mais flexível em relação à rotação prevista da prótese sob forças funcionais. 4. A não ser que os planos-guia controlem positivamente a via de remoção e estabilizem os pilares contra movimen- tos rotacionais, grampos retentivos devem ser bilateral- mente opostos (ou seja, uma retenção vestibular em um lado do arco deve ser oposta por uma retenção vestibular no outro lado do arco, ou uma retenção lingual de um lado do arco oposto por uma retenção lingual no outro lado do arco). Em situações de Classe II, o terceiro pilar pode ter retenção vestibular ou lingual. Em situações Classe III, a retenção pode ocorrer bilateralmente ou pode ser diame- tralmente oposta (Figura 7-3). 5. A via de escape da ponta retentiva do grampo deve ser outra que não paralela à via de remoção da prótese para requerer engajamento do grampo com a resistência à deformação que é retenção. 6. A quantidade de retenção deve sempre ser o mínimo neces- sário para resistir às forças de deslocamento razoáveis. 7. Elementos de oposição dos grampos devem ser localizados na junção dos terços gengivais e médios das coroas dos dentes pilares. A ponta do braço de retenção é otimamente colocada no terço gengival da coroa (Figura 7-4 até Figura 7-6). Essas localizações permitem melhor resistência às forças horizon- tais e de torque causadas pela redução no braço de potência, como descrito no Capítulo 4. Como mencionamos anteriormente, os braços de oposição são planejados para resistir a movimentos dos dentes em resposta à deformação do braço de retenção se este envolver um dente na linha equatorial. O braço de oposição do grampo retribui o efeito desta deformação, prevenindo o movimento dentário. Para isto ocorrer, o braço de oposição deve estar em contato durante a deformação do braço de retenção. A menos que o dente pilar tenha sido especialmente contornado, o braço de oposição do grampo não entrará em contato com o dente até a prótese estar totalmente assentada e o braço de retenção do grampo ter novamente se tornado passivo. Quando isso acon- tece, uma força momentânea de inclinação é aplicada aos dentes pilares durante cada colocação e remoção. Esta força pode não ser danosa – pois ela é transitória – desde que a força não exceda a elasticidade normal do ligamento periodontal. Uma verda-deira reciprocidade durante a colocação e a remoção é possível somente por meio do uso de superfícies feitas na coroa paralelas ao eixo de inserção. O uso de restaurações fundidas permite que superfícies paralelas entrem em contato com os braços de opo- sição de tal maneira que uma verdadeira reciprocidade torne-se possível. Isto é discutido no Capítulo 14. Os braços de oposição devem ter também funções adicio- nais. Os braços de oposição do grampo devem ser localizados de modo que a prótese seja estabilizada contra movimentos horizontais. Essa estabilização só é possível com o uso de braços de grampo rígidos, conectores menores rígidos e um conector maior rígido. Forças horizontais aplicadas de um lado do arco dental são suportadas pelos componentes estabilizado- res no lado oposto, fornecendo estabilidade de um lado a outro do arco. Obviamente, quanto maior o número destes compo- nentes, dentro de valores razoáveis, maior será a distribuição das tensões horizontais. O braço de oposição do grampo também pode atuar em menor intensidade como um retentor indireto. Isto é verdade somente quando ele se apoia em uma superfície acima da linha equatorial de um dente pilar situado anteriormente à linha de fulcro (Figura 8-8). A elevação da base na extremidade livre distal afastado-a do tecido é então sustentada por um braço rígido, o ba a b a b b a ab Terço oclusal Estabilização Retenção Terço médio Linha delineadaTerço cervical qual não é facilmente deslocado cervicalmente. A efetividade de tal retentor indireto é limitada por sua proximidade com a linha de fulcro, que lhe dá uma vantagem mecânica relativamente pequena, e pelo fato de que uma derrapagem ao longo da inclinação do dente é sempre possível. O último caso pode ser prevenido pelo uso de um degrau em uma restauração fundida; no entanto, isto não é feito nas superfícies do esmalte. A retenção mecânica das próteses parciais removíveis é realizada por meio de retentores diretos de um tipo ou outro. A retenção é realizada por atrito, pelo envolvimento de uma depressão no dente pilar ou pelo envolvimento de uma área retentiva à cer- vical do equador protético do dente pilar. Dois tipos básicos de retentores diretos estão disponíveis: retentores intracoronários e retentores extracoronários. O retentor extracoronário (tipo grampo) é o retentor mais comumente usado para próteses parciais removíveis. O retentor intracoronário pode ser fundido ou pode ser totalmente encaixado dentro do contorno natural de um dente pilar restaurado. Ele é tipicamente composto de um sistema de encaixe macho/fêmea, usinado com paredes para- lelas verticais opostas, que servem para limitar os movimentos e resistir à remoção da prótese parcial pela resistência fric- cional (Figura 7-7). O retentor intracoronário é geralmente Lingual Oclusal Vestibular Suporte Estabilização Retenção Terço oclusal Terço médio Terço cervical Suporte Estabilização Retenção Terço oclusal Terço médio Terço cervical A B C denominado encaixe intracoronário ou de precisão. O prin- cípio do encaixe intracoronário foi formulado pelo Dr. Herman E. S. Chayes em 1906. O retentor extracoronário usa a resistência mecânica para posicionar os componentes através do deslocamento sobre as superfícies externas de um dente pilar ou encaixados nelas. O retentor extracoronário está disponível em três formas princi- pais. O retentor tipo grampo (Figuras 7-8 e 7-9), a forma mais comumente usada, retém por meio de braços retentivos flexí- veis. Este braço envolve uma superfície externa do dente pilar em uma área cervical na maior convexidade do dente ou envolve uma depressão preparada para receber a ponta ativa do braço. Todas as outras formas envolvem encaixes pré-fabricados que incluem componentes de embricamento ou o uso de um dispo- sitivo de mola que envolve o contorno do dente para resistir ao deslocamento oclusal. Outro tipo é o encaixe pré-fabricado, que usa clipes ou anéis flexíveis que envolvem um componente rígido fundido ou anexado à superfície externa de uma coroa do dente pilar. Em situações em que as necessidades de suporte são satis- feitas adequadamente por dentes disponíveis e/ou tecidos orais, implantes dentários podem ser usados para retenção e adicio- nam a vantagem de eliminar os grampos visíveis. Quando um desenho de grampo particular é selecionado para determinada situação, suas funções e limitações devem ser cui- dadosamente avaliadas. Retentores diretos extracoronários, como parte do conjunto do grampo, devem ser considerados como componentes da armação de próteses parciais removíveis. Eles devem ser desenhados e localizados para executarem funções específicas de suporte, estabilização, oposição e retenção. Não importa se os retentores diretos como um todo estão fisicamente ligados entre si ou originam-se do conector maior ou menor da armação (Figuras 1-2 e 1-3, B-E). Se alguma atenção for direcio- nada para as funções separadas de cada componente do grampo de retenção direta, então a seleção deste é simplificada. Embora algumas concepções bastante complexas sejam usadas para os grampos, todos eles devem ser classificados em uma das duas categorias básicas. Uma é o braço de grampo circunferencial, que aborda a área retentiva vindo de uma direção oclusal. A outra é o braço do grampo a barra, que aborda a área retentiva de uma direção cervical. Um conjunto de grampos pode incluir vários braços retentivos (ou seja, circunferencial fundido, um braço de grampo a barra ou um retentor de fio trefilado), dependendo da necessidade específica para a cons- trução do retentor, tendo em conta o ajuste necessário, posição de abordagem do grampo e perícia na linha de colocação. Um grampo deve consistir em quatro partes componentes. Primeiro, um ou mais conectores menores devem estar presen- tes, a partir do qual os componentes do grampo se originam. Segundo, um apoio principal deve ser desenhado para direcio- nar a tensão no eixo longo do dente. Terceiro, um braço reten- tivo deve ocupar a área de retenção de um dente. Para a maioria dos grampos, a área de retenção é somente no seu término. Quarto, um braço não retentivo (ou outro componente) deve estar presente no lado oposto do dente para estabilização e reci- procidade contra movimentos horizontais da prótese (a rigidez deste braço do grampo é essencial para este propósito). Não deve existir confusão entre a escolha dos braços do grampo e o propósito para o qual são utilizados. Qualquer tipo de braço de grampo fundido (a barra ou circunferencial) deve ser feito cônico e retentivo, ou não cônico (rígido) e não reten- tivo. A escolha depende de ele ser usado para retenção, estabili- dade ou oposição. Um apoio oclusal, como no conceito RPI (partes componentes apoio, placa proximal e barra em I do conjunto do grampo), pode ser usado em lugar de braços de oposição para satisfazer à necessidade de abraçamento, desde que ele esteja localizado em um lugar em que possa cumprir o mesmo propósito (Figura 7-10, ver também a Figura 7-9). A adição de uma capa lingual a um braço de oposição fundido não altera nem seu propósito primário nem a necessidade por adequada localização para cumprir tal propósito. Uma grande variedade de grampos está disponível para os clínicos utilizarem. Esta variedade existe em grande parte por causa da imaginação dos clínicos e técnicos de laboratório quando modificações nos dentes não eram ou não podiam Suporte Estabilização Retenção Terço oclusal Vestibular Lingual Terço médio Terço cervical Suporte Estabilização Retenção Terço oclusal Terço médio Terço cervical ser feitas. Para simplificar o desenho dos grampos e melhorar a previsibilidade funcional das próteses, os clínicos contem- porâneos devem perceber a necessidade de modificações nos dentes. Alguns conjuntos de grampos são desenhados para acomodar os movimentos funcionais das próteses (como mencionado anteriormente nos princípiosbásicos) e outros não incorporam tais recursos de desenho. Embora tenha sido demonstrado por Kapu e colaboradores que resultados adversos não são sempre associados ao uso de grampos rígidos em classificações com extremidade livre distal, os grampos seguintes serão descritos como desenhos de grampos para acomodar movimentos funcio- nais de extensão da base e grampos desenhados sem acomodação dos movimentos. O clínico não deve interpretar essas categorias como mutuamente exclusivas, pois a maioria dos grampos pode ser usada para reter uma prótese bem suportada e sustentada. Rpi, Rpa e Grampo a Barra Conjuntos de grampos que acomodem movimentos funcionais das próteses são desenhados para resolver a preocupação com a alavanca na Classe I. A preocupação é que a extremidade livre distal atua como um longo “braço de potência” através do “fulcro” no apoio distal para causar o “braço de resistência” na ponta do grampo que abraça o dente na área retentiva. Isto A B C resulta em acúmulo ou torque do dente, prejudiciais, o que é maior com grampos rígidos e aumento dos movimentos da base da prótese. Duas estratégias podem ser adotadas para mudar a localização do fulcro e subsequentemente o efeito de envolvi- mento do “braço de resistência” (grampos concebidos com apoios mesiais) ou para minimizar o efeito de alavanca por meio do uso de braços flexíveis (braço retentivo de fio trefilado). Grampos concebidos com apoios mesiais têm sido propostos para realizar a acomodação dos movimentos pela mudança da localização do fulcro. Este conceito inclui os grampos RPI e RPA (apoio, placa proximal e Akers). O RPI é um conceito atual de desenho de grampo a barra que se refere às partes componentes apoio, placa proximal e grampo em I. Basicamente, este grampo consiste em um apoio mésio-oclusal com um conector menor colocado na ameia mésio-lingual, mas sem tocar o dente adjacente (Figura 7-11, A). Um plano-guia distal, estendendo-se da crista marginal até a junção dos terços médio e cervical do dente pilar, é preparado para receber uma placa proximal (Figura 7-11, B). A largura vestíbulo-lingual do plano-guia é determinada pelo contorno proximal do dente (Figura 7-11, A e C). A placa pro- ximal, em conjunto com o conector menor suporta o apoio, fornecendo aspectos de estabilidade e reciprocidade do retentor. O grampo em I deve estar localizado no terço cervical da superfície vestibular do pilar numa retenção de 0,25mm (Figura 7-11, D). O braço do grampo I deve ser afilado até a ponta, com não mais do que 2 mm de sua ponta tocando o pilar. A ponta retentiva toca o dente na sua parte inferior da linha equatorial (Figura 7-11, E). Esta área de contato, juntamente com o apoio e com o contato da placa proximal, fornece estabilidade Suporte C A B Estabilização Retenção Suporte Estabilização Retenção Lingual Vestibular Suporte Estabilização Retenção Suporte Estabilização EP AT Retenção Vestibular Lingual B C D D B A através do abraçamento (Figura 7-11, C). A porção horizontal do braço de retenção deve estar localizada a pelo menos 4 mm da margem gengival ou mesmo mais afastada, se possível. Três abordagens básicas da aplicação do sistema RPI podem ser usadas. A localização do apoio, o desenho do conector menor (placa proximal) em relação ao plano-guia e a localização do braço de retenção são fatores que influenciam na função deste sistema de retenção. Variações nestes fatores fornecem a base para as diferenças entre essas abordagens. Todos defendem a localização de um apoio mesialmente no dente pilar primário adjacente à área da extremidade livre da base. Um enfoque recomenda que o plano-guia e a placa proximal correspondente devem se estender por todo o comprimento da superfície pro- ximal do dente, com um alívio no tecido fisiológico eliminando o trauma na gengiva marginal livre (Figura 7-12). Um segundo enfoque sugere que o plano-guia e a placa proximal corres- pondente devam se estender da crista marginal até a junção entre os terços médio e cervical da superfície proximal do dente (Figura 7-13). Ambas as abordagens recomendam que o braço de retenção do grampo deve estar localizado no terço cervical da superfície vestibular do pilar numa retentividade de 0,25 mm. A colocação do braço de retenção do grampo geralmente ocorre em uma região inferior localizada na maior proeminência mesiodistal do dente ou adjacente à área edêntula. (Figura 7-14, A e B). O terceiro enfoque favorece uma placa proximal que toque aproximadamente 1 mm da porção cervical do plano-guia (Figura 7-15, A) e o braço de retenção do grampo localizado a 0,25 mm da área retentiva no terço cervical do dente na maior proeminência ou em direção a mesial afastando-se da área edêntula (Figura 7-14, C). Se o dente pilar demonstrar con- traindicação para um grampo tipo barra (ou seja, inclinação vestibular ou lingual exagerada, zona retentiva tecidual muito pronunciada ou vestíbulo raso) e a retenção desejável estiver localizada no terço cervical do dente longe do espaço protético, deve ser considerada uma modificação para o sistema RPI (o grampo RPA) (Figura 7-15, B). A aplicação de cada abordagem é indicada na distribuição da carga a ser aplicada sobre o dente e o rebordo edêntulo. O grampo a barra, que deu origem ao RPI, é discutido aqui por causa desta associação. Ele não deve ser, mas pode ser con- figurado para permitir movimentos funcionais. O termo grampo a barra é geralmente preferido em detrimento do termo menos descritivo grampo de Roach. Reduzido a seu termo mais simples, o braço do grampo a barra surge da armação da prótese ou de uma base metálica e atinge a área retentiva numa direção cérvico-oclusal (Figura 7-11). O braço do grampo a barra tem sido classificado pela forma da ponta retentiva. Deste modo, ele tem sido identificado como um “T”, “T” modificado, “I” ou “Y”. A forma que a ponta toma tem pouca significância, desde que seja mecanicamente e funcionalmente efetiva, recubra a menor superfície dentária possível e mostre a menor quanti- dade de metal possível. Em muitas situações, o grampo a barra pode ser utilizado em próteses parciais dentossuportadas, em áreas de modificação ou quando a área retentiva do dente pilar, que pode ser logica- mente usada pelo grampo, fica adjacente a uma extremidade livre distal da base (Figura 7-16). Se uma retenção gengival impede o uso de um grampo a barra, podem ser usados um grampo em anel originando-se mesialmente, ou um grampo de fio trefilado ou um grampo de ação reversa. A preparação de pilares adjacentes (dentes naturais) para receber qualquer tipo de retentor direto interproximal, atravessando da superfície lingual para a vestibular, é mais difícil de realizar adequada- mente. Inevitavelmente, o tamanho relativo da mesa oclusal é aumentado, contribuindo para cargas funcionais indesejáveis e adicionais. As indicações específicas para o uso de grampo a barra incluem (1) quando existe um pequeno grau de retenção (0,25 mm) no terço cervical do dente pilar, que pode ser alcan- çado a partir de um sentido gengival; (2) no dente pilar para próteses dentossuportadas ou áreas de modificação dentossu- portadas (Figura 7-17); (3) em situações de extremidade livre distal da base; e (4) nos casos cujas considerações estéticas devam ser objetivadas e um grampo fundido for indicado. Assim, o uso de grampos a barra são contraindicados quando existir uma acentuada profundidade cervical ou quando existir uma severa retenção dentária e/ou tecidual, o que obrigaria um alívio excessivo. Quando existem retenções dentárias e teciduais severas, um grampo de retenção a barra geralmente é um incô- modo para a língua e bochechas e também retém restos alimen- tares. Outros fatores limitantes na seleção de grampos a barra incluem um vestíbulo raso ou uma excessiva inclinação vesti- bular ou lingual do dente pilar (Figura 7-18). Alguns erros comuns no desenho dos grampos tipo barra são ilustradosna Figura 7-19. O braço do grampo a barra não é particularmente um braço flexível por causa dos efeitos de sua forma semicircular e seus vários planos de origem. Embora o grampo circunferencial fundido possa ser feito mais flexível que o grampo a barra, o grampo combinado é preferido para o uso em pilares terminais quando forças de torque ou tombamento são possíveis, por causa do envolvimento de uma área retentiva afastada da extre- midade livre distal da base. Existem situações, no entanto, em que o grampo a barra pode ser usado em benefício do pilar terminal sem prejudicá-lo. Um grampo numa área retentiva distal pode ser uma escolha lógica, porque o movimento do pilar quando do deslocamento da base na extremidade livre distal no sentido do tecido é minimizado pela localização distal da ponta do grampo. A B C D E Suporte Lingual Estabilização Retenção Suporte Estabilização Vestibular Retenção Terço oclusal Terço médio Terço cervical Algumas vantagens atribuídas ao grampo localizado abaixo da protuberância do dente são (1) sua localização interpro- ximal, que pode ser usado para melhorar a estética; (2) reten- ção aumentada sem ação de torque no pilar; e (3) menor chance de distorção acidental em função de sua proximidade da borda da prótese. O usuário deve ser meticuloso no cuidado de sua prótese, não só por razões de higiene oral, mas também para impedir que restos alimentares cariogêni- cos fiquem retidos contra as superfícies dentárias. Os braços de grampo a barra em T ou Y são geralmente mal empregados. É improvável que a área total do término T ou Y seja sempre necessária para uma retenção adequada do grampo. Ainda que a maior área de contato forneça maior retenção friccional, esta não é uma retenção verda- deira do grampo e somente a porção que atinge a área de retenção deve ser considerada retentiva. Apenas uma ponta de tal grampo deve ser colocada na área retentiva (Figura 7-20). O restante do braço do grampo pode ser supérfluo, a menos que seja necessário como parte do conjunto do grampo para abraçar o dente pilar por mais de 180 graus em sua maior circunferência. Se o grampo a barra é feito para ser flexível por motivos de retenção, qualquer porção do grampo acima do equador fornecerá apenas estabilidade limitada, porque ele também faz parte de um braço flexível. Consequentemente, em vários casos, esta porção do grampo T ou Y acima do equador do dente pode ser removida e a ponta do grampo a barra deve ser desenhada para ser bioló- gica e mecanicamente correta em vez de se conformar com qualquer configuração alfabética. Grampo Combinado Outra estratégia que pode ser utilizada para reduzir os efeitos de alavanca de Classe I em situações de extremidade livre distal inclui um componente flexível no “braço de resistência”; esta estratégia é empregada no grampo combinado. O grampo com- binado consiste em um braço de retenção de fio trefilado e um braço de oposição fundido (Figura 7-21). Embora o último possa ser visto no formato de grampo a barra, ele é geralmente um braço circunferencial. O braço retentivo é quase sempre circunferencial, mas ele também deve ser usado como uma barra, originando-se cervicalmente da base da prótese. As vantagens do grampo combinado incluem sua flexibili- dade, ajustabilidade e a aparência do braço retentivo de fio trefilado. Ele é usado quando é desejável uma flexibilidade máxima, como em um dente pilar adjacente à extremidade livre distal da base ou em um pilar fraco quando um retentor direto tipo barra é contraindicado. Ele pode ser usado por sua ajusta- bilidade quando requisitos precisos de retenção são imprevisí- veis equando pode ser necessário um ajustamento posterior para aumentar ou diminuir a retenção. Uma terceira justifica- tiva para seu uso é sua vantagem estética sobre grampos Força oclusalPG PP Alívio mínimo do tecido Força oclusal PG PP CA B Força oclusal A B PG PG PP PP * fundidos. Sendo estruturalmente trabalhado, eles pode ser uti- lizado em diâmetros menores que os grampos fundidos, com menor perigo de fratura. Por ele ser redondo, a luz é refletida de tal maneira que a exibição do metal é menos perceptível do que com as superfícies mais amplas dos grampos fundidos. O uso mais comum do grampo combinado é em um dente pilar adjacente à extremidade livre distal da base, onde existe apenas uma retenção mesial no pilar ou onde uma grande reten- ção tecidual contraindica um retentor tipo barra (Figura 7-22). Quando existe uma retenção distal que pode ser alcançada com desenho apropriado de um grampo a barra ou com um grampo em anel (apesar de suas várias desvantagens), um grampo fundido pode ser localizado de modo que ele não venha a causar inclinação do pilar quando a extremidade livre distal da base move no sentido do tecido. Quando a retenção está na região do pilar distante da base, o braço retentivo cônico em fio trefilado oferece maior flexibilidade do que o grampo fundido e consequentemente melhor dissipação das tensões funcionais. Por esta razão, o grampo combinado é preferido (Figura 7-22, D). A B C A B Terço oclusal Terço médio Terço cervical C D E F Terço oclusal Terço médio Terço cervical O grampo combinado tem várias desvantagens: (1) ele envolve passos extras na fabricação, particularmente quando são utilizadas ligas de cromo de alta fusão; (2) ele pode ser distorcido pelo manuseio descuidado por parte do paciente; (3) como ele é dobrado a mão, pode ser menos precisamente adaptado ao dente e consequentemente pode fornecer menor estabilidade na porção expulsiva do dente; e (4) ele pode dis- torcer com a função e não abraçar o dente. As desvantagens do grampo de fio trefilado são compensadas por suas várias van- tagens, as quais incluem (1) sua flexibilidade; (2) sua ajustabi- lidade; (3) sua vantagem estética sobre outros grampos circunferenciais retentivos; (4) cobertura de uma superfície mínima do dente como resultado de sua linha de contato com o dente, em vez de de ter um contato de superfície de uma braço de grampo fundido; e (5) uma ocorrência menos provável de falha por fadiga em serviço com o braço retentivo cônico de fio trefilado versus um braço retentivo de semicírculo fundido. As desvantagens listadas anteriormente não devem impedir seu uso, independentemente do tipo de liga metálica que é utilizada para a armação fundida. Problemas técnicos são mini- mizados pela seleção do melhor fio trefilado para este propósito, e então inserindo na fundição ou soldando-o à armação fundida. A seleção do fio trefilado, a união deste à armação e os subse- quentes procedimentos laboratoriais para manter suas ótimas propriedades físicas são apresentadas no Capítulo 12. O paciente pode ser ensinado a evitar distorção do fio trefi- lado explicando-se a ele que, para remover uma prótese parcial, a unha deve sempre ser posicionada a seu ponto de origem, onde ele é seguro rigidamente por causa da fundição, e não de sua ponta flexível. Frequentemente, a retenção lingual pode ser Suporte Estabilização Retenção Vestibular Terço oclusal Terço médio Terço cervical Via de inserção Fio trefilado redondo calibre 18 B A Equador protético usada em vez da retenção vestibular, especialmente em um pilar inferior, de modo que o paciente nunca toque o braço de fio trefilado durante a remoção da prótese. Em vez disso, a remoção pode ser realizada pelo levantamento contra o braço de oposi- ção fundido localizado no lado vestibular do dente. Isto nega a vantagem estética do braço de grampo de fio trefilado, e deve ser dada preferência à estética quando há escolha entre retenção vestibular e lingual. Na maioria da situações, no entanto, a retenção deve ser usada onde ela é possível e em conformidade com o desenho do grampo. Grampo Circunferencial Embora um completo conhecimento dos princípios do desenho dos grampos deva conduzir a uma aplicação lógica destes prin- cípios, é melhor quandoalguns dos desenhos de grampo mais comuns são considerados individualmente. O grampo circun- ferencial será considerado o primeiro entre todos os grampos fundidos. O grampo circunferencial é geralmente o grampo mais lógico para usar com todas as próteses parciais removíveis den- tossuportadas por causa de suas habilidades de retenção e esta- bilidade (Figura 7-23). Somente quando a região retentiva pode ser mais bem abordada com um grampo a barra ou quando a estética será melhorada o último deve ser utilizado. O braço do grampo circunferencial tem as seguintes desvantagens: 1. É coberta uma maior quantidade de superfície dentária do que com um grampo a barra por causa de sua origem oclusal. 2. Em algumas superfícies dentárias, particularmente nas superfícies vestibulares dos dentes inferiores e nas superfícies palatinas dos dentes superiores, esta abordagem oclusal pode aumentar a largura da superfície oclusal do dente. 3. No arco inferior, mais metal pode ser exibido do que com o grampo a barra. 4. Como com todos os grampos fundidos, sua seção transversal em forma de semicírculo não permite ajustes para aumentar ou diminuir a retenção. Os ajustes na retenção possibilitados por um grampo fundido deve ser feito pela movimentação da ponta do grampo cervicalmente no ângulo de convergên- cia cervical ou oclusalmente em uma área de menor retenção. A B C D E F Apertar um grampo contra o dente ou afrouxá-lo do dente aumenta ou diminui a resistência friccional e não afeta o potencial retentivo do grampo. Um verdadeiro ajuste é, con- sequentemente, impossível com a maioria dos grampos fundidos. Apesar de suas desvantagens, o braço do grampo circunfe- rencial fundido pode ser utilizado efetivamente, e algumas de suas desvantagens podem ser minimizadas pelo preparo da boca. Um preparo de boca adequado possibilitará que seu ponto de origem seja colocado suficientemente abaixo da superfície oclusal para evitar uma estética empobrecida e o aumento das dimensões do dente (Figura 7-23). Embora algumas das des- vantagens enumeradas impliquem em que grampo tipo barra deva ser preferido, o grampo circunferencial é realmente supe- rior ao grampo a barra que é indevidamente utilizado e mal desenhado. A experiência tem mostrado que as possíveis vantagens dos grampos a barra são muitas vezes negadas pela aplicação e desenho inadequados enquanto o grampo circunferencial não é tão facilmente mal empregado. A forma básica do grampo circunferencial é um braço ves- tibular e um braço lingual originando-se do mesmo corpo (Figura 7-24). Este grampo é usado indevidamente quando dois braços retentivos do grampo originam-se de áreas do corpo e de apoio oclusal e atingem áreas retentivas bilaterais opostas ao ponto de origem. A maneira correta deste grampo tem apenas um braço retentivo, oposto por um braço de reciproci- dade do lado oposto. Um erro comum é usar este grampo inde- vidamente fazendo retentivas ambas pontas do grampo. Isto não somente é desnecessário, como também desrespeita o requisito de reciprocidade e estabilidade bilateral. Outros erros comuns no desenho de grampos circunferenciais são ilustrados na Figura 7-25. Grampo em Anel. O grampo tipo circunferencial pode ser utilizado de diversas formas. Parece que muitas dessas formas do desenho básico do grampo circunferencial foram desenvol- vidas para acomodar situações em que corretas modificações no dente não poderiam ser ou não foram realizadas pelo dentista. Um deles é o grampo em anel, que envolve aproximadamente todo um dente a partir de seu ponto de origem (Figura 7-26). Ele é usado quando uma área retentiva próxima não pode ser abordada por outros meios. Por exemplo, quando uma retenção mesiolingual em um molar inferior não pode ser abordada dire- tamente por causa de sua proximidade com a área de apoio oclusal e não pode ser abordada com um braço de grampo a barra por causa da inclinação lingual do dente, o grampo em anel envolve o dente tornando possível que a retenção seja abor- dada a partir do segmento distal do dente. O grampo nunca deve ser utilizado como um anel sem suporte (Figura 7-27), pois se ele está livre para abrir e fechar como um anel, ele não pode fornecer oposição e estabilidade. Em vez disso, o grampo tipo anel deve sempre ser usado com uma estrutura de suporte no lado não retentivo, com ou sem um apoio oclusal auxiliar sobre a crista marginal oposta. A vantagem de um apoio auxiliar é que o movimento adicional de um dente com inclinação mesial é impedido pela presença de um apoio distal. Em qualquer evento, a estrutura de suporte deve ser considerada como um conector menor a partir do qual o braço retentivo flexível se origina. A oposição vem então da porção rígida do grampo compreendida entre a estrutura de suporte e o apoio oclusal principal. O grampo do tipo anel deve ser usado em pilares protegidos, sempre que possível, pois ele cobre de tal maneira uma grande A C E F G B D área da superfície do dente. A estética não necessita ser consi- derada em tais dentes posteriormente localizados. Um grampo do tipo anel pode ser invertido e usado em um pilar localizado anteriormente a um espaço edêntulo interca- lado (Figura 7-28). Ainda que seja potencialmente um grampo efetivo, este grampo cobre uma porção excessiva da superfície dentária e pode ser esteticamente censurável. A única justifica- tiva para seu uso é quando uma retenção distovestibular ou distolingual não pode ser abordada diretamente por uma área de apoio oclusal e/ou retenções teciduais impedem sua aproxi- mação de uma direção gengival por um grampo a barra. Grampo Gêmeo. Na confecção de uma prótese parcial removível Classe II ou Classe III sem modificações, nenhum espaço edêntulo está disponível no lado oposto do arco para ajudar na colocação de grampos. Mecanicamente isto é uma desvantagem. No entanto, quando os dentes são íntegros e áreas retentivas estão disponíveis ou quando múltiplas restau- rações são indicadas, podemos nos valer do grampo gêmeo (Figura 7-29). Deve-se prover espaço suficiente entre os dentes pilares nos seus terços oclusais para permitir a colocação do corpo comum do grampo gêmeo (Figura 7-30), embora a área de contato não deva ser totalmente eliminada. Historicamente, este grampo A B demonstra uma alta porcentagem de fratura causada por pre- paração inadequada do dente na área de contato. Como as áreas vulneráveis do dente são envolvidas, é recomendada a proteção do pilar com incrustações ou coroas. A decisão de utilizar pilares desprotegidos deve ser feita quando do exame clínico e baseada na idade do paciente, no índice de cárie e higiene oral, bem como em serem os contornos do dentes existentes favoráveis ou precisarem ser tornados favoráveis pela modificação do dente. O preparo de dentes adjacentes, contactantes e sem coroas para receberem qualquer tipo de grampo gêmeo de volume inter- proximal adequado é dificultado, especialmente com antagonis- tas naturais. O grampo gêmeo deve sempre ser usado com duplos apoios oclusais, mesmo quando ombros proximais definidos podem ser estabelecidos (Figura 7-31). Isto é feito para evitar uma ação de cunha pela prótese, o que poderia causar separação dos dentes pilares, resultando em impactação alimentar e desloca- mente do grampo. Além de promoverem suporte, apoios oclu- sais servem para desviar a comida para fora das áreas de contato. Por essa razão, apoios oclusais devem sempre ser usados toda vez que for possível impactação alimentar. O grampo gêmeo deve ter dois braços de retenção e dois braços de oposição que são bilateralmente ou diagonalmente opostos. Um apoio oclusal auxiliar ou um grampo a barra podem ser substituídos por um braço de oposição circunferen- cial, desde que resulte em reciprocidade e estabilidade corretas. Um grampo retentivo colocado lingualmente pode ser substi- tuído se um grampo circunferencial rígido é colocado na super- fície vestibular para oposição,desde que a retenção lingual seja utilizada do lado oposto do arco. Outras modificações menos utilizadas do grampo circunferencial fundido que são de inte- resse histórico são o grampo múltiplo, o grampo meio a meio e o grampo de ação reversa. Grampo de Ação Reversa. O grampo de ação reversa é uma modificação do grampo em anel; ele tem todas as mesmas desvantagens e nenhuma vantagem aparente (Figura 7-32). Seu uso é difícil de ser justificado. A área retentiva pode, geralmente ser também abordada usando um grampo cir- cunferencial convencional, com menor cobertura do dente e menor exposição de metal. Com o grampo circunferencial, a superfície proximal do dente pode ser usada como plano-guia, desde que ela possa ser, e o apoio oclusal possa ter o suporte rígido requerido. Um apoio oclusal sempre deve ser anexado a algum conector menor rígido e nunca deve ser suportado por um braço de grampo apenas. Se o apoio oclusal é parte de um conjunto flexível, ele pode não funcionar adequadamente como um apoio oclusal. Grampo Múltiplo. O grampo múltiplo simplesmente con- siste em dois grampos circunferenciais opostos unidos pela extremidade terminal dos dois braços de oposição (Figura 7-33). Este grampo é utilizado quando são necessárias reten- ção adicional e estabilidade, geralmente em próteses parciais dentossuportadas. Ele pode ser usado para retenção múltipla em casos em que a prótese parcial substitui todo um meio arco dental inteiro. Ele pode ser usado em vez de um grampo gêmeo quando as únicas áreas retentivas são adjacentes umas às outras. Sua desvantagem é que são necessárias duas abor- dagens nas ameias em vez de uma única ameia comum para ambos os grampos. Grampo Meio a Meio. O grampo meio a meio consiste em um braço retentivo circunferencial que surge de uma direção e um braço de oposição que surge de outra (Figura 7-34). O segundo braço deve partir de um segundo conector menor e este braço é utilizado com ou sem um apoio oclusal auxi- liar. A oposição partindo de um segundo conector menor geralmente pode ser realizada com uma barra curta ou com um apoio oclusal auxiliar, desta forma evitando uma cober- tura muito grande do dente. Há pouca justificativa para o uso de um grampo meio a meio no caso de extremidades livres bilaterais. Seu desenho foi originalmente destinado a fornecer uma retenção dual, um princípio que deve ser apli- cado somente em próteses parciais unilaterais. Grampo de Ação Reversa. O braço de grampo de ação reversa, ou em anzol, é desenhado para permitir que se atinja uma área retentiva próxima com uma aproximação oclusal A B (Figura 7-35). Outros métodos de obter este mesmo resul- tado envolvem o uso de um grampo em anel originando-se no lado oposto do dente ou um grampo a barra originando-se de uma direção cérvico-oclusal. No entanto, quando a área retentiva próxima necessita ser usada em um pilar posterior, e quando retenções teciduais, dentes inclinados ou inserções teciduais altas contra indicam o uso de um grampo a barra, o grampo de ação reversa pode ser utilizado com sucesso. Embora o grampo em anel possa ser preferível, áreas reten- tivas linguais podem impedir a colocação de uma estrutura de suporte sem interferência lingual. Nesta situação limitada, o grampo de ação reversa funciona adequadamente, apesar de suas inúmeras desvantagens. O grampo recobre conside- rável superfície dentária e pode capturar restos; sua origem oclusal pode aumentar a carga funcional sobre o dente e sua flexibilidade é limitada. A estética geralmente não precisa ser considerada quando o grampo é utilizado em um pilar pos- terior, mas o braço do grampo de ação reversa tem a desvan- tagem adicional de exibir muito metal para uso em um pilar anterior. Quando adequadamente desenhado, o grampo de ação reversa deve fazer uma curva como um anzol para atingir uma área retentiva abaixo do ponto de origem (Figura 7-35). A parte superior do braço deste grampo deve ser considerada como um conector maior, dando origem a um braço afilado inferior. Portanto, apenas a parte inferior do braço deve ser flexível. Com a porção retentiva começando após a volta, apenas a parte inferior do braço deve flexionar sobre a linha equatorial para atingir a área retentiva. A curva que conecta as partes superiores e inferiores do braço deve ser arredon- dada para evitar acúmulo de tensão e fratura do braço na curva. O grampo deve ser desenhado e fabricado com isto em mente. Existem vários tipos de grampos circunferenciais fun- didos. Como já mencionado, eles podem ser usados em combinação com grampo a barra enquanto uma diferen- ciação é feita entre retenção e oposição por sua forma e localização. Braços de grampo circunferenciais e a barra podem ser feitos flexíveis (retentivos) ou rígidos (oposi- ção) em qualquer combinação, enquanto cada braço de grampo retentivo é oposto por um componente de reci- procidade rígido. O uso de várias das formas de grampos menos desejáveis pode ser evitada pela alteração da forma da coroa dos pilares através de modificação dos dentes a partir de desgaste do esmalte ou com restaurações. Quando um recobrimento do pilar é confeccionado, o contorno do dente deve ser estabe- lecido para permitir o uso da forma mais desejável de grampo, em vez de uma forma que necessite de um grampo indesejável. Isto é mais bem realizado pela prévia alteração do contorno dos dentes pilares, não indicados para restau- ração, para atender aos requisitos de plano-guia e de locali- zação da linha equatorial. Isto é seguido pelo preparo da coroa prescrito. Antes de feita a redução do dente para o preparo da coroa, os requisitos de plano-guia e localização da linha equatorial devem ser conhecidos. Embora o retentor direto extracoronário, ou tipo grampo, seja usado mais frequentemente que o encaixe intracoronário, ele é comumente mal empregado. Espera-se que um melhor enten- dimento dos princípios do desenho do grampo conduzirá a um uso mais inteligente deste retentor. Para melhor entendimento, é vitalmente importante que os clínicos considerem como o contorno do dente e os componentes da prótese parcial remo- vível devem interagir (se relacionar) para possibilitar uma função estável da prótese. Assim como um dente inalterado não está devidamente contornado para receber próteses parciais fixas sem preparo, os dentes que estão envolvidos em uma prótese parcial removível devem ser contornados para dar suporte, estabilidade e retenção para a prótese funcionar. A análise e a realização de modificações do dente quando necessárias para otimizar a estabilidade e a retenção são necessárias para o sucesso da prótese. Áreas críticas de um pilar que prevejam retenção e estabili- dade (reciprocidade) podem ser identificadas somente com o uso de um delineador (Tabela 7-1). Para melhorar o entendi- mento dos retentores diretos, é apropriada neste momento uma introdução ao delineador dental. O delineamento será explicado em detalhes no Capítulo 11. O delineador (Figura 7-36) é um instrumento simples porém essencial para o planejamento do tratamento com próteses parciais removíveis. Suas principais partes ativas são o braço vertical e a mesa ajustável, a qual apoia o modelo em uma relação fixa com o braço vertical. Esta relação do braço vertical com o modelo representa a trajetória de colocação que a prótese parcial removível irá tomar em última instância quando colo- cada ou removida da boca (Figura 7-37). A mesa ajustável pode ser inclinada em relação ao braço vertical do delineador até que uma trajetória possa ser encon- trada para melhor satisfazer todos os fatores envolvidos (Figura 7-38). Um modelo em uma relação horizontal com o braço vertical representa uma via de inserção vertical; um modelo em uma relação inclinada representa uma via de inser- ção voltada para o lado do modelo que está inclinado para cima. O braço vertical, quando em contato com a superfície do dente, identifica na coroa clínica a localizaçãoda maior con- cavidade. Esta linha, chamada de linha equatorial (específico para a trajetória definida pelo delineador) é a fronteira entre (1) uma região oclusal ou incisal do dente que é livremente aces- sível pela prótese e (2) uma região cervical do dente que pode ser alcançada somente quando uma porção da prótese Tabela 7-1 Função e Posição de Componentes dos Grampos Componente Função Localização Apoio Suporte Oclusal, lingual, incisivo Conector menor Estabilização Superfícies proximais estendendo-se desde o rebordo marginal preparado até a junção do meio e terço cervical da coroa de suporte Braços do grampo Estabilização (reciprocidade) Porção apical do terço médio da coroa Retenção Terço cervical da coroa com retenção calibrada Via de inserção A B Equador protético x x deforma-se elasticamente e recupera-se para entrar em contato com o dente. Esta trajetória definida pelo delineamento e a subsequente linha equatorial indicarão as áreas disponíveis para retenção e aquelas disponíveis para suporte e estabilidade, assim como a existência de um dente ou outro tecido interfe- rindo na trajetória de inserção. Quando a faca do delineador entra em contato com o dente no modelo na sua maior convexidade, forma-se um triângulo. O ápice do triângulo está no ponto de contato da faca do deli- neador com o dente e a base é a área do modelo representando o tecido gengival (Figura 11-18). O ângulo apical é chamado de ângulo de convergência cervical (Figura 7-37). Esse ângulo pode ser medido como descrito no Capítulo 11 ou pode ser estimado pela observação do triângulo de luz visível entre o dente e a faca do delineador. Por essa razão, é usada uma faca de delineador mais ampla em vez de uma ferramenta pequena cilíndrica, pois é mais fácil ver o triângulo de luz. A importância do ângulo reside na sua relação com a quantidade de retenção. A retenção no grampo é baseada na resistência à deformação do metal. Para um grampo ser retentivo ele deve ser colocado em uma área de retenção do dente em que ele seja forçado a deformar a partir da aplicação de uma força vertical de desloca- mento (Figura 7-39). É essa resistência à deformação ao longo A B C de uma trajetória devidamente selecionada que gera a retenção (Figura 7-40). Essa resistência à deformação é dependente de vários fatores e é também proporcionada pela flexibilidade do braço do grampo. A interação de uma série de fatores sob o controle do clínico se combinam para produzir retenção. Estes fatores são o dente (planejado e executado pelo clínico) e a prótese (que será pla- nejada pelo dentista e executada pelo técnico de laboratório). Os fatores relacionados aos dentes incluem o tamanho do ângulo de convergência cervical (profundidade da retenção) e quão longe a ponta do grampo é colocada no ângulo de con- vergência cervical. Os fatores relacionados às próteses incluem a flexibilidade do braço do grampo. A flexibilidade do grampo é o produto do comprimento do grampo (medido a partir de seu ponto de origem até sua extremidade final), do diâmetro relativo do grampo (independente da forma de secção trans- versal), da forma ou contorno de sua secção transversal (se ela é arredondada, em semicírculo ou de alguma outra forma) e do material usado para confeccionar o grampo. As características de retenção da liga de ouro, da liga de cromo, do titânio ou da liga de titânio dependem de ele estar na forma fundida ou forjada. Para ser retentivo, um dente precisa ter um ângulo de conver- gência cervical na altura do equador. Quando ele é delineado, qualquer dente sozinho terá uma linha equatorial ou uma área de maior convexidade. Áreas de convergência cervical podem não existir quando o dente é visto em relação a uma determinada via de inserção. Também, certas áreas de conver- gência cervical podem não ser utilizáveis para a colocação de grampos retentivos por sua proximidade com os tecidos gengivais. Isto é mais bem ilustrado pela montagem de um objeto esférico, como um ovo, na mesa ajustável de um delineador (Figura 7-38). O ovo agora representa o modelo de um arco dental, ou, mais corretamente, um dente de um arco dental. O ovo primeiramente é colocado perpendicular a base do delinea- dor e delineado de forma que a linha equatorial seja determi- nada. O braço vertical do delineador representa a via de inserção que a prótese irá tomar e reciprocamente a sua trajetória de remoção. Com um marcador de carbono, uma linha circunferencial foi desenhada em um ovo na sua circunferência maior, como mostrado pela seta na Figura 7-38, A. Esta linha, que Kennedy chamou de equador protético, é sua maior convexidade. Cummer falou dela como uma linha guia, porque ela é usada como um guia na inserção dos grampos retentivos e não retentivos. A isto, DeVan adicionou o termo expulsivo, denotando a superfície inclinada superiormente, e retentivo, denotando a superfície inclinada inferiormente. Qualquer área cervical do equador protético pode ser usada para inserção dos componentes retentivos do grampo, enquanto que a área para oclusal da linha equatorial pode ser usada para a inserção de componentes não retentivos, estabilizadores e de reciprocidade. Obviamente, apenas componentes flexíveis podem ser colocados cervicalmente do equador protético porque elementos rígidos não se flexionariam sobre a linha equatorial ou em contato com o dente na área retentiva. Com o equador original marcado no ovo, este será agora inclinado a partir de uma relação perpendicular para uma relação angular com a base do delineador (Figura 7-38, B). Sua relação com o braço vertical do delineador foi agora mudada, apenas com uma mudança na posição do modelo dental trazida a partir de uma relação diferente com o deli- neador. O braço vertical do delineador ainda representa a via de inserção. No entanto, sua relação com o ovo é totalmente diferente. Novamente, o marcador de carbono é usado para delinear o equador protético ou a maior convexidade. Será visto que áreas que eram antigamente retentivas são agora expulsivas, e vice-versa. Um braço retentivo do grampo colocado abaixo da linha equatorial na posição original pode agora ser excessiva- mente retentivo ou não retentivo, considerando que um braço de oposição ou de estabilização não retentivo que é colocado abaixo da linha equatorial na primeira posição pode agora estar em uma área de retenção. A Figura 7-35 C ilustra este princípio, comparado com o exemplo do dente, mostrando que mudan- ças na inclinação podem alterar significativamente a linha equatorial. Força elevatória Força elevatória A localização e a profundidade da retenção do dente dispo- nível são, portanto, relativas somente à via de inserção e remoção da prótese parcial. Ao mesmo tempo, áreas não reten- tivas em que componentes rígidos do grampo podem ser colo- cados existem apenas para uma determinada via de inserção (Figura 7-39). Se são encontradas condições não favoráveis para uma via de inserção particular sob consideração, deve ser um estudo conduzido para uma trajetória de inserção diferente. O modelo é meramente inclinado em relação ao braço vertical até que a trajetória mais adequada seja conseguida. A via de inserção mais adequada é geralmente considerada para ser a que exigirá a menor quantidade de preparo de boca necessária para coloca- ção dos componentes da prótese parcial removível em sua posição ideal nas superfícies dentárias e em relação com o tecido mole. Então, o preparo da boca é planejado tendo-se em mente a via de inserção definida. É importante lembrar que superfícies dentárias podem ser recontornadas através de desgaste seletivo ou da colocação de restaurações (preparos de boca) para alcançar uma trajetória de inserção mais adequada. A via de inserção também necessita levar em consideração a presença de retenção tecidual que pode interferir na inserção do conector maior, na localização dos conectores menores verticais, na origemdos grampos a barra e nas bases da prótese. Quando a teoria da retenção do grampo é aplicada ao dente pilar no arco dental durante o delineamento do modelo dental, cada dente pode ser considerado individualmente e A B C D Bala de caramelo em relação com o outro dente pilar na medida em que os dese- nhos dos componentes de retenção e estabilidade (reciprocidade) são considerados. Isto é necessário porque a relação de cada dente com o arco inteiro e com o desenho da prótese como um todo tem sido considerado previamente quando os dentes são selecionados ou modificados para alcançar a mais adequada via de inserção. Uma vez que este relacionamento do modelo com o delineador foi estabelecido, a linha equatorial em cada dente pilar se torna fixa e o desenho do grampo para cada dente deve ser considerado separadamente. Uma trajetória de inserção e de remoção positiva é tornada possível pelo contato das partes rígidas da armação da prótese com as superfícies paralelas do dente, as quais atuam como planos-guia. Como os planos-guia controlam a via de inserção e remoção, eles podem fornecer retenção adicional para as próteses parciais removíveis pela limitação das possibilidades de deslocamento existentes. Quanto mais verticais são as paredes (planos-guia) preparadas paralelas a via de inserção, menores são as possibilidades de deslocamento. Se existe algum grau de paralelismo durante a inserção e a remoção, são inevitáveis traumas aos dentes e às estruturas de suporte e pressão sobre as partes da prótese. Isto basicamente resulta em dano ao dente e seu suporte periodontal, ou à própria prótese, ou ambos. Portanto, sem planos-guia a retenção do grampo será menor ou praticamente não existirá. Se a retenção do grampo é friccional somente por causa de uma relação ativa do grampo com o dente, então acontecerão movimentos ortodônticos ou danos ao tecido periodontal, ou ambos. Em vez disso, um grampo deve ter uma relação passiva com o dente, exceto quando forças de deslocamento são aplicadas. Além do grau do ângulo cervical de convergência e da distância em que o grampo é colocado do ângulo cervical de convergência, a quan- tidade de retenção gerada pelo grampo depende de sua flexibi- lidade. Isto é uma função do comprimento do grampo, do seu diâmetro, de sua conicidade, de sua forma da secção transversal e do material. A quantidade de retenção também depende da flexibilidade do braço do grampo. Isto é uma função do comprimento do grampo, do seu diâmetro, de sua conicidade, de sua forma da secção transversal e do material. Quanto maior for o braço do grampo, mais flexível ele será, mantidos iguais os outros fatores. O comprimento de um braço de um grampo circunferencial é medido a partir do ponto no qual o afilamento uniforme se inicia. A modificação do dente para promover aumento do comprimento da porção expulsiva de um grampo retentivo, possibilitando que a ponta retentiva se aproxime da área retentiva, vindo de uma direção cervical, otimiza a retenção do grampo (Figura 7-8). O braço retentivo do grampo circunferencial deve ser uniformemente cônico desde seu ponto de origem (Figura 7-41). O comprimento de um braço de grampo a barra também é medido a partir do ponto em que a conicidade uniforme começa. Geralmente o afilamento do braço do grampo a barra deve começar no seu ponto de origem a partir de uma base metálica ou no ponto em que ele emerge da base de resina (Figura 7-42). Embora um braço de grampo a barra geral- mente vá ser mais longo que um braço de grampo circunfe- rencial, sua flexibilidade será menor porque sua forma de semicírculo recai sobre vários planos, o que evita que sua fle- xibilidade seja proporcional ao seu comprimento total. As Tabelas 7-2 e 7-3 dão uma profundidade aproximada de reten- ção que pode ser usada para fundição de braços de retenção de grampos circunferenciais e do tipo barra em ouro e cromo-cobalto. Com base em um limite proporcial de 60.000 psi e assumindo que o braço do grampo é adequadamento cônico, o braço do grampo deve ser capaz de flexionar repetidamente dentro dos limites estabelecidos sem endurecer ou ocorrer ruptura por fadiga. Foi estimado que aplicações alternadas de estresse do tipo fadiga são colocadas no braço do retentor durante a mastigação e outras funções produtoras de forças cerca de 300.000 vezes por ano. Quanto maior o diâmetro médio do braço do grampo, menos flexível ele será, mantidos iguais todos os outros fatores. Se sua conicidade é absolutamente uniforme, o diâmetro médio será o ponto a meio caminho ente sua origem e sua extremidade final. Um décimo ou menos do comprimento do grampo T T T T ½ T ½ T ½ T ½ T Se sua conicidade não for uniforme, existirá um ponto de flexão – e, portanto, um ponto de fraqueza; este, então, será o fator determinante de sua flexibilidade, independentemente do diâ- metro médio de seu comprimento total. A flexibilidade pode existir em qualquer forma, mas ela é limitada em um sentido no caso de uma forma semicircular. A única forma universalmente flexível é a forma arredondada, que é pra- ticamente impossível de se obter por fundição ou polimento. Como muitos grampos fundidos são essencialmente na forma de semicírculos, eles podem ser fletidos para fora do dente, mas a flexão (e o ajuste) no sentido vertical é limitada. Por essa razão, braços de retenção de grampos fundidos são mais aceitáveis em prótese parciais removíveis dentossuporta- das em que eles são solicitados a se flexionarem apenas durante a inserção e a remoção da prótese. Um braço de retenção em um pilar adjacente a uma extremidade livre distal não só neces- sita flexionar-se durante a inserção e remoção, como também deve ser capaz de flexionar-se durante movimentos funcionais desta base. Ele deve ter flexibilidade universal para evitar a transmissão de forças de torque para o dente pilar ou deve ser capaz de se liberar da área retentiva quando forças verticais direcionadas contra a prótese recaem sobre o rebordo residual. Um grampo arredondado é a única forma de grampo circunfe- rencial que pode ser seguramente utilizada para atingir a área retentiva no lado oposto à extremidade livre do dente pilar. A localização da área retentiva é talvez o fator isolado mais impor- tante na seleção do grampo para o uso com próteses parciais removíveis de extremidade livre distal. Embora todas as ligas fundidas usadas na construção das pró- teses parciais removíveis tenham flexibilidade, sua flexibilidade é proporcional ao seu volume. Se isto não fosse verdade, outros componentes da prótese parcial não teriam a rigidez necessária. Uma desvantagem de uma prótese parcial fundida em ouro é que suas dimensões precisam ser aumentadas para obter a necessária rigidez às custas da adição de peso e aumento do custo. Não se pode negar que é possível maior rigidez com menor corpo por meio do uso de ligas de cromo-cobalto. Ainda que ligas de ouro fundidas possam ter melhor resi- liência do que ligas de cromo-cobalto fundidas, permanece o fato de que a estrutura natural do grampo fundido não se apro- xima da flexibilidade e da natureza ajustável do grampo de fio trefilado. Por ter se tornado fio pelo repuxo do metal, o braço trefilado tem resistência que excede a de um braço fundido. A força de tração de uma estrutura trefilada é pelo menos 25% maior do que da liga fundida pelo mesmo material. Ele pode, portanto, ser usado em diâmetros menores para fornecer maior flexibilidade sem fadiga e eventual fratura. Agora que os fatores inerentes a determinação da quantidade de retenção para grampos individuais foram revisados, é impor- tante considerar a coordenação da retenção relativa entre vários grampos numa única prótese. O tamanho do ângulo de convergência determinará quão longe um determinado braço do grampo deve ser colocado neste ângulo. Desconsiderando – por enquanto – variações na flexibilidade do grampo, a uniformidade relativa de retenção dependeráda localização da parte retentiva do braço do grampo, não em relação ao equador protético, mas em relação ao ângulo cervical de convergência. A retenção em todos os pilares principais deve ser tão equi- valente quanto possível. Embora a colocação estética dos braços dos grampos seja desejável, pode não ser possível colocar todos os braços dos grampos na mesma relação oclusocervical devido às variações nos contornos dos dentes. No entanto, superfícies retentivas podem ficar parecidas pela alteração do contorno do dente ou pelo uso de restaurações fundidas com contornos semelhantes. Os braços retentivos dos grampos devem ser localizados de modo que fiquem aproximadamente com o mesmo grau de reten- ção em cada dente pilar. Na Figura 7-37, isto acontece no ponto X em ambos os dentes – A e B – apesar da variação na distância abaixo da linha equatorial. Se ambos os braços do grampo fossem colocados igualmente abaixo da linha equatorial, a localização mais alta no dente B teria muito pouca retenção, enquanto a localização mais baixa no dente A seria muito retentiva. A medição do grau de retenção por meios mecânicos com o uso do delineador é importante. No entanto, a identificação da retenção é apenas um fator importante a se considerar quando se está fornecendo apropriada retenção para a prótese parcial removível. Tabela 7-2 Flexibilidades Permitidas de Grampos dos Tipos Barra e Circunferenciais de Ligas de Ouro do Tipo IV* Circunferencial Tipo barra Comprimento (polegadas) Flexibilidade (polegadas) Comprimento (polegadas) Flexibilidade (polegadas) 0 a 0,3 0,01 0 a 0,7 0,01 0,3 a 0,6 0,02 07 a 0,9 0,02 0,6 a 0,8 0,03 0,9 a 1,0 0,03 *Com base nas dimensões aproximadas dos modelos plásticos de grampo pré-formados da Jelenko (JF Jelenko, New York, NY). Tabela 7-3 Flexibilidades Permitidas de Grampos dos Tipos Barra e Circunferenciais de Ligas de Cromo-Cobalto* Circunferencial Tipo barra Comprimento (polegadas) Flexibilidade (polegadas) Comprimento (polegadas) Flexibilidade (polegadas) 0 a 0,3 0,004 0 a 0,7 0,004 0,3 a 0,6 0,008 07 a 0,9 0,008 0,6 a 0,8 0,012 0,9 a 1,0 0,012 *Com base nas dimensões aproximadas dos modelos plásticos de grampo pré-formados da Jelenko (JF Jelenko, New York, NY). Quando o retentor direto entra em contato com o dente, a armação deve ser estabilizada contra movimentos horizontais para que ocorra a deformação necessária do grampo. Esta esta- bilização é derivada dos contatos da armação nos dois lados do arco ou do grampo de estabilização ou reciprocidade no mesmo conjunto de grampo. Para fornecer verdadeira reciprocidade, o grampo de oposição deve estar em contato durante todo o período da deformação do braço retentivo. Isto é obtido de maneira mais satisfatória com superfícies de planos-guia linguais-palatais. Um braço de estabilização (reciprocidade) do grampo deve ser rígido. Portanto, ele é feito um pouco diferente de um braço de retenção fundido, que deve ser flexível. Seu diâmetro médio deve ser maior que o diâmetro médio do braço retentivo oposto, para aumentar a desejada rigidez. Um braço retentivo fundido é cônico em duas dimensões, como ilustrado na Figura 7-41, enquanto um braço de oposição deve ser cônico em apenas uma dimensão, como apresentado na Figura 7-43. Alcançar tal forma para o braço requer padrões de cera a mão livre. Como foi afirmado anteriormente, em situações em que os requisitos de suporte são adequadamente satisfeitos por tecidos orais disponíveis, os implantes dentários podem ser usados para promover retenção e eliminar um grampo visível. O aspecto único, com o uso de implante junto a próteses parciais removí- veis (PPRs), é que sua localização geralmente pode ser prescrita, significando que o clínico pode escolher a melhor localização. A localização dentro do espaço de modificação precisa primeiro considerar as características anatômicas de disponibilidade óssea. Não seria uma grande vantagem para o paciente se pro- cedimentos de aumento extensos fossem necessários para pos- sibilitar a colocação do implante em conjunto com um PPR. Um décimo ou menos do comprimento do grampo T T ½ T ½ T T ½ T Se as condições anatômicas são satisfeitas, a colocação de um implante dentro do espaço de modificação, beneficiando as necessidades de retenção, exige considerações quanto da sua colocação anterior, média ou distal do espaço protético. Como os retentores que utilizam dentes foram sempre restritos à loca- lização do dente em cada ponta de uma extensão, a localização no meio da extensão tipicamente não é considerada. No entanto, o uso de implantes torna possível planejar qual local é mais benéfico para promover retenção e onde pode ser fornecida a força de resistência mais eficiente contra movimentos de deslo- camento da base da prótese. A instalação em cada extremidade da base da prótese pode permitir uma movimentação maior do que a colocação em um ponto médio, e portanto ser levada em consideração. Os apoios intracoronários são comentados no Capítulo 6. Foi enfatizado que o apoio intracoronário não é usado como um retentor, mas que suas paredes quase verticais preveem reciprocidade contra um braço retentivo do grampo lingual- mente colocado. Por essa razão, braços de grampos visíveis podem ser eliminados, evitando assim uma das principais objeções ao retentor extracoronário. Este braço de retenção, terminando em uma área reten- tiva já existente ou preparada no dente pilar, pode ser de qualquer desenho aceitável. Ele é geralmente um braço cir- cunferencial que se origina do corpo de uma armação de prótese na área do apoio. Ele pode ser trefilado porque as vantagens de ajustabilidade e flexibidade fazem o braço deste grampo preferível. Ele pode ser fundido em ouro ou em liga de cromo-cobalto de baixa fusão ou pode ser montado e soldado a um das ligas de cromo-cobalto de alta fusão. Em qualquer situação, ajustes futuros ou reparos são facilitados. O uso de retenção extracoronária lingual evita grande parte do custo de um encaixe intracoronário e dispõe ainda de um braço de grampo visível quando a estética precisa ser considerada. Frequentemente empregados em prótese parcial removível dentossuportada somente nos pilares anteriores e quando a estética não é primordial, os pilares posteriores são feitos de maneira convencional. Uma das principais considerações dos dentistas na seleção do grampo é o controle da tensão transferida ao dente pilar quando o paciente excede uma força oclusal nos dentes artificiais. A localização e o desenho dos apoios, os braços do grampo e a posição com que os conectores menores se rela- cionam com os planos-guia são fatores-chave no controle da transferência da tensão sobre os pilares. Erros no desenho de um grampo podem resultar em tensões não controladas nos dentes pilares e seus tecidos de suporte. Alguns erros comuns e suas correções são ilustrados nas Figuras 7-44 e 7-45. A escolha do desenho do grampo deve ser baseada em princípios biológicos e mecânicos. A responsabilidade do dentista pelo tratamento que está sendo feito deve ser capaz de justificar o desenho do grampo usado para cada dente pilar mantendo esses princípios. Força oclusal Conector menor em contato com o dente Força oclusal Sem contato A B Sem contato Força oclusal Possível cunha Sem contato Força oclusal Força oclusal pg A B C D Como mencionamos anteriormente neste capítulo, os prin- cípios de encaixe intracoronário foram formulados primei- ramente pelo Dr. Hermam E. S. Chayes em 1906. Um encaixe manufaturado e vendido comercialmente ainda carrega seu nome. Embora ele possa ser fabricado por um técnico den- tário como um encaixe apropriado em um receptáculo na contraparte da coroa do pilar, as ligas utilizadas em encaixes pré-fabricados e a precisão com que eles são construídos fazem com que encaixes prontos sejam preferíveis a qualquer um dos tipos que podem ser fabricados em laboratórios dentários.O maior crédito é devido aos fabricantes de metais usados em Odontologia pelo melhoramento contínuo no desenho de encaixes intracoronários. O encaixe intracoronário tem duas grandes vantagens sobre os retentores extracoronários: eliminação de compo- nentes de retenção e suporte visíveis e melhor suporte vertical através do nicho localizado mais favoravelmente em relação ao eixo horizontal do dente pilar. Por essas razões, o encaixe intracoronário pode ser preferível em situações eletivas. Ele fornece estabilidade horizontal pare- cida com a do apoio intracoronário. No entanto, a estabili- dade extracoronária adicional é geralmente desejável. Afirma-se que a estimulação do tecido subjacente é maior quando encaixes intracoronários são empregados devido à massagem vertical intermitente. Isto, provavelmente, não é maior que a possível com retentores extracoronários de construção semelhante. Como descrito no Capítulo 4, pode existir movimento nas próteses parciais removíveis em três planos. As próteses parciais dentossuportadas usam efetivamente os dentes para controlar o movimento de afastamento da mucosa. As próteses parciais dentomucosossuportadas não têm essa capacidade, pois uma de suas extremidades é livre para fazer esse movimento de afasta- mento da mucosa. Isso pode acontecer devido aos efeitos da gravidade no arco superior ou devido a comidas pegajosas em qualquer um dos arcos. A atenção aos detalhes do desenho e à localização dos componentes da prótese parcial no controle de movimentos funcionais é uma estratégia utilizada no desenho de próteses parciais removíveis. Quando a base da extremidade livre da prótese é deslocada da área basal, ela tende a rotacionar em torno da linha de fulcro. Teoricamente, este movimento de afastamento da mucosa pode ser anulado pela ativação dos retentores diretos, dos compo- nentes estabilizadores dos grampos e dos componentes rígidos da armação das próteses parciais removíveis, que estão locali- zados sobre descansos bem definidos do lado oposto à linha de fulcro e distante da extremidade livre. Estes componentes são referidos como retentores indiretos (Figuras 8-1 e 8-2). Os componentes dos retentores indiretos devem ser colocados tão longe quanto possível da extremidade livre, pois assim irão promover uma proteção mais efetiva contra o deslocamento (Figura 8-3). Para um melhor entendimento na discussão sobre localiza- ção e função dos retentores indiretos, as linhas de fulcro devem ser consideradas o eixo sobre o qual a prótese irá rotacionar quando a base se desloca do rebordo residual. Um retentor indireto consiste em um ou mais apoios e seus conectores menores de suporte (Figuras 8-4 e 8-5). As placas proximais, adjacentes às áreas edêntulas, também pro- movem retenção indireta. Embora seja costume identificar todo o conjunto como retentor indireto, deve-se lembrar que o apoio é na verdade um retentor indireto unido ao conector maior por um conector menor. Isto é, não se deve interpretar qualquer contato com as paredes dos dentes como sendo parte da retenção indireta. Um retentor indireto deve ser E E R R F F A C E G B D F H F Ponto de fulcro F F Ponto de fulcro Força Ponto de fulcro Força Retentor direto RD RD RD Ponto de fulcro Força Retentor indireto RI RI RI DR RD RD A C D B colocado tão longe da base da extremidade livre quanto pos- sível em um nicho preparado em um dente capaz de suportar essa função. Apesar de a localização mais efetiva para um retentor indi- reto ser comumente no entorno do dente incisivo, este dente pode não ser forte o bastante para suportar um retentor indi- reto e pode apresentar paredes muito inclinadas que não possam ser favoravelmente modificadas para sustentar um apoio. Em algumas situações, o canino mais próximo ou a superfície mésio-oclusal do primeiro pré-molar podem ser a melhor localização para os retentores indiretos, embora esses dentes não estejam tão distantes da linha de fulcro. Sempre que possível, dois retentores indiretos próximos à linha de fulcro são usados para compensar o comprometimento em distância. Os seguintes fatores influenciam na efetividade de um retentor indireto: 1. Os principais apoios oclusais nos dentes pilares primários devem ser moderadamente presos em seus nichos por braços retentivos dos retentores diretos. Se os apoios esti- verem totalmente presos em seus nichos, devem acontecer rotações em torno de um eixo, o que subsequentemente ativaria os retentores indiretos. Se ocorrer o deslocamento total dos apoios, não vai ocorrer nenhuma rotação em torno do fulcro e os retentores indiretos não vão ser ativados. 2. Distância da linha de fulcro. As três áreas seguintes devem ser consideradas: a. Comprimento da base na extremidade livre. b. Localização da linha de fulcro. c. Quanto além da linha de fulcro está colocado o retentor indireto. 3. Rigidez dos conectores que suportam o retentor indireto. Todos os conectores devem ser rígidos para que o retentores indiretos funcionem como pretendido. 4. Efetividade da superfície dentária de suporte. O retentor indireto deve ser colocado em um nicho preciso em que não poderão ocorrer deslizamentos ou movimentos dentários. Dentes muito inclinados ou dentes fragilizados nunca devem ser usados como suporte de retentores indiretos. Além de ativar efetivamente o retentor direto para prevenir o movimento de afastamento de uma base, em relação ao rebordo residual na extremidade livre, um retentor indireto pode atuar nas seguintes funções auxiliares: 1. Ele tende a reduzir as forças de alavanca anteroposteriores que inclinariam os pilares principais. Isto é particularmente importante quando um dente isolado está sendo utilizado como um pilar — uma situação que deve ser evitada sempre que possível. Geralmente, um contato proximal com um dente adjacente previne esta inclinação de um pilar quando a base é deslocada para fora do rebordo. 2. O contato do conector menor com as superfícies axiais dos dentes ajuda na estabilização contra a movimentação hori- zontal da prótese. Tais superfícies, quando feitas paralelas à via de inserção, podem também atuar como planos guias auxiliares. 3. Dentes anteriores que suportam retentores indiretos são estabilizados contra movimentos linguais. 4. Ele pode atuar como um apoio auxiliar para suportar uma porção do conector maior, facilitando a distribuição de tensões. Por exemplo, uma barra lingual pode ser impedida de realizar movimento de encontro ao tecido por retentores indiretos que atuariam como apoios auxiliares. Deve-se ser capaz de diferenciar entre um apoio auxiliar colocado para dar suporte a um conector maior, um colocado para dar retenção indireta e um que serve para os dois propósitos. Alguns apoios auxiliares são adicionados somente para pro- mover suporte a um segmento da prótese e não devem ser confundidos com um retentor indireto. 5. Ele pode fornecer a primeira indicação visual para a neces- sidade de reembasar uma prótese parcial de extremidade livre. Deficiências no suporte dessas bases são manifestadas pelo deslocamento de retentores indiretos de seus nichos preparados quando a base da prótese é rebaixada e ocorre rotação em torno do fulcro. Essas funções auxiliares derivadas dos retentores indiretos são fatores importantes a se considerar, especialmente devido à con- trovérsia relatada quanto à eficácia dos retentores indiretos. O retentor indireto pode tomar qualquer umas das várias formas. Todas são eficazes em proporção ao seu suporte e à distância da linha de fulcro. O retentor indireto mais comumente utilizado é um apoio oclusal auxiliar localizado em uma superfície oclusal e tão longe da base da extremidade livre quanto possível. Em um arco Classe I inferior, esta localização é geralmente na crista marginal mesial do primeiro pré-molarem cada lado do arco (Figura 8-4). A posição ideal para o retentor indireto perpendicular à linha de fulcro seria na vizinhança dos incisivos centrais, que são muito frágeis e têm surperfícies linguais muito íngremes para sustentar um apoio. Apoios bilaterais nos primeiros pré-molares são bastante efetivos, embora estejam localizados muito perto do eixo de rotação. Os mesmos princípios são aplicados a qualquer prótese parcial para arco Classe I superior quando são utilizados reten- tores indiretos. Apoios bilaterais na crista marginal mesial de primeiros pré-molares geralmente são preferencialmente usados em detrimento dos apoios nos dentes incisivos (Figura 8-5). Não só são eficazes por protegerem os dentes unirradiculares mais frágeis, como por fazerem com que o incômodo com o contato com a língua seja bem menor quando o conector menor pode ser colocado na ameia entre canino e pré-molar em vez de ser colocado anterior ao canino. Retentores indiretos para prótese parciais Classe II são geral- mente colocados na crista marginal do primeiro pré-molar no lado oposto do arco da extremidade livre (Figura 8-6). Apoios A base da prótese sustenta os dentes artificiais e consequente- mente recebe as forças funcionais da oclusão e as transfere às estruturas orais de suporte (Figura 9-1). Esta função é mais crítica para as próteses de extensão distal, uma vez que a esta- bilidade funcional e o conforto estão frequentemente relaciona- dos à capacidade desta transferência de forças ocorrer sem movimentos indesejados. Embora seu propósito principal esteja relacionado à função mastigatória, a base da prótese também pode acrescentar um efeito cosmético à peça, especialmente quando são usadas as técnicas de pigmentação e contornos de aspecto natural. A maioria das técnicas para criar um aspecto natural nas próteses totais são igualmente aplicáveis às próteses parciais. Ainda outra função da base da prótese é o estímulo aos tecidos subjacentes do rebordo remanescente. Algum movi- mento vertical acontece com qualquer base de prótese, até mesmo aquelas inteiramente apoiadas em dentes, por causa do movimento fisiológico destes dentes quando em função. É claramente evidente que os tecidos orais submetidos a forças funcionais dentro de uma tolerância fisiológica mantêm a sua forma e tônus melhor que os tecidos similares submetidos ao desuso. O termo atrofia por desuso é aplicável tanto aos tecidos periodontais como aos tecidos do rebordo remanescente. As bases das próteses diferem quanto ao seu propósito funcio- nal e podem diferir quanto ao material do qual são feitas. Em próteses dentossuportadas, a base da prótese é, primordial- mente, uma extensão entre dois suportes sustentando os dentes artificiais. Sendo assim, as forças oclusais são transferidas dire- tamente aos dentes de suporte pelos apoios. Além disso, a base da prótese e os dentes colocados têm a função de prevenir a migração horizontal dos dentes de apoio na arcada parcial- mente edêntula e a migração vertical dos dentes da arcada antagonista. Quando somente os dentes posteriores estão sendo substi- tuídos, a estética é, geralmente, uma consideração secundária. Por outro lado, quando os dentes anteriores são substituídos, a estética pode ser de importância primordial. Teoricamente, a base das próteses parciais dentossuportadas que substituem dentes anteriores deve cumprir as seguintes funções: (1) pro- mover estética favorável; (2) suportar e manter os dentes artifi- ciais de forma que eles promovam função mastigatória eficiente e contribuam na transferência de forças oclusais diretamente ao dente-suporte pelos apoios; (3) prevenir a movimentação ver- tical e horizontal dos dentes remanescentes; (4) eliminar inde- sejáveis retenções de alimentos (limpeza oral); e (5) estimular os tecidos adjacentes. Em uma prótese removível com extremidade livre, a base da prótese, diferentemente da variação dentossuportada, deve con- tribuir para o suporte da prótese. Tal suporte é crítico quando se considera o objetivo de minimizar movimentos funcionais e melhorar a estabilidade da prótese. Apesar de o dente pilar fornecer suporte para a extensão distal da base, à medida que a distância entre os dentes-suporte aumenta, o suporte realizado pelo rebordo remanescente se torna cada vez mais importante. O máximo suporte fornecido pelo rebordo remanescente pode ser obtido pelo uso de uma base de prótese ampla e bem adap- tada, que distribui a carga oclusal igualmente sobre toda a área disponível para tal suporte. O espaço disponível para uma base de prótese é determinado pelas estruturas circundantes e pelos seus movimentos durante a função. O máximo de suporte for- necido por uma base é, portanto, alcançado somente com o uso do conhecimento das estruturas anatômicas limítrofes e da natureza histológica das áreas basais, precisão da moldagem e adaptação da base da prótese (Figura 9-2). Os dois primeiros aspectos referem-se ao tamanho total e à natureza histológica dos tecidos do rebordo remanescente. Estes são altamente variá- veis entre pacientes e consequentemente nem todos os rebordos podem fornecer a mesma qualidade de suporte. Portanto, a capacidade de controlar deslocamentos funcionais da extensão distal da base é uma determinação única para cada paciente individualmente. O princípio do sapato de neve, em que uma cobertura ampla fornece o melhor suporte com a menor carga por unidade de área, é o princípio de escolha para oferecer o máximo suporte. Dessa maneira, o suporte deve ser a consideração primária na A B C D seleção, desenho e fabricação de uma base de prótese parcial de extremidade livre. De importância secundária (mas a ser con- siderada) são a estética, o estímulo aos tecidos subjacentes e a higiene oral. Os métodos utilizados para se alcançar o suporte máximo da restauração através da(s) sua(s) base(s) estão apre- sentados nos Capítulos 15 e 16. Além das diferenças de propósito funcional, as bases da prótese variam quanto ao material de fabricação. Esta diferença está diretamente relacionada a sua função, por causa da neces- sidade de algumas próteses de serem reembasadas. Uma vez que a base dentossuportada tem um dente-suporte de cada lado onde um apoio foi colocado, o reembasamento pode não vir a ser necessário para se restabelecer o suporte. O reembasamento é necessário somente quando ocorrerem mudanças no tecido abaixo da prótese dentossuportada ao ponto que resulte em uma estética deficiente ou no acúmulo de restos alimentares. Apenas por estas razões, bases dentossupor- tadas feitas logo após extrações devem ser confeccionadas em um material que permita posterior reembasamento. Estes mate- riais são resinas para prótese, sendo as mais comuns as resinas copoliméricas e as de metil metacrilato. A retenção primária da prótese parcial removível é conse- guida mecanicamente pela utilização de elementos de retenção no dente-suporte. A retenção secundária é conseguida pela relação íntima das bases da prótese e os conectores maiores (maxilares) com os tecidos subjacentes. Esta última é seme- lhante à retenção das próteses totais e é proporcional à precisão da moldagem, à precisão do ajuste da base da prótese e à área de contato total envolvida. A retenção das bases foi descrita como resultado das seguintes forças: (1) adesão, que é a atração da saliva à prótese e aos tecidos; (2) coesão, que é a atração das moléculas da saliva entre si; (3) pressão atmosférica, que é dependente do selamento marginal e resulta em um vácuo parcial sob a base quando uma força de deslocamento é aplicada; (4) molda- gem fisiológica dos tecidos ao redor das superfícies polidas da prótese; e (5) os efeitos da gravidade na prótese mandibular. Boucher, escrevendo sobre o assunto em moldagem de pró- teses totais, descreveu estas forças como segue: Adesão e coesão são eficazes quando há a perfeita aposição da superfície moldada da prótese com as superfíciesmucosas. Estas forças perdem seu efeito se qualquer força horizontal de deslocamento da prótese quebra a continuidade deste contato. A pressão atmosférica é eficaz principalmente quando forças de deslocamento extremas são aplicadas à prótese. Depende de uma adaptação marginal perfeita a capacidade de manter a pressão aplicada a apenas um lado da prótese. A presença de ar na superfície de moldagem neu- tralizaria a pressão do ar contra a superfície polida. Como cada uma destas forças é diretamente proporcional à área coberta pelas próteses, estas deveriam se estender aos limites das estruturas de suporte. A moldagem dos tecidos moles ao redor das superfícies polidas das bases das próteses contribui para o perfeito selamento marginal. Além disso, forma uma trava mecâ- nica em certos pontos da prótese, quando estas superfícies estão adequadamente preparadas. Esta trava se desen- volve automaticamente sem esforços pelo paciente se a moldagem é feita com o conhecimento das possibilidades anatômicas.* BA *De Boucher CO: Complete denture impression based upon the anatomy of the mouth, J Am Dent Assoc 31:117-1181, 1994. Poucas próteses parciais são feitas sem alguma retenção mecânica. A retenção das bases da prótese pode contribuir para a retenção como um todo da prótese parcial e, portanto, deve ser levada em conta. Bases de próteses devem ser desenhadas e confeccionadas de forma que elas contribuam o máximo pos- sível para a retenção da prótese parcial. Entretanto, é questio- nável o quanto a pressão atmosférica tem um papel importante na retenção das próteses parciais removíveis, uma vez que o selamento marginal não pode ser tão adequadamente obtido quanto nas próteses totais. Desta maneira, a adesão e coesão atin- gidas pela excelente aposição da base da prótese e os tecidos moles para assentamento basal representam um papel impor- tante na retenção. Bases de resina são unidas à armação da prótese removível por meio de um conector menor desenhado de tal modo que existe um espaço entre ele e os tecidos subjacentes do rebordo rema- nescente (Figura 9-3). Um alívio de pelo menos calibre 20 de espessura sobre as áreas basais do modelo de trabalho é feito para criar um ressalto no modelo de revestimento sobre o qual o padrão para a malha retentiva é colocado (Figura 9-4). Assim, após a fundição, a malha onde a base de resina acrílica vai ser unida ficará suficientemente afastada da superfície tecidual para possibilitar perfeita colocação e escoamento da resina sob a sua superfície. A malha para a confecção da base deve ficar mergulhada no material da base com espessura suficiente de resina (1,5 mm) para possibilitar qualquer alívio se isto for necessário durante o ajuste da prótese nas áreas sensíveis ou durante os procedimen- tos de reembasamento. Uma certa espessura também é neces- sária para dar resistência e evitar subsequente fratura do material da base de resina em torno da armação metálica. O uso de padrões de malha em plástico para formar a parte retentiva geralmente deixa a desejar em relação a uma malha mais aberta (Figura 9-4). Esta forma mais aberta resulta em menor enfraquecimento da resina pela armação nela mergu- lhada. Assim, pedaços de cera meia-cana, calibre 12 ou 14, e cera redonda calibre 18 são usados para formar uma malha em forma de escada em vez de um reticulado mais fino presente nos padrões de malha pré-fabricados. O desenho preciso da malha, a não ser que seja localizada tanto por vestibular como por lingual, não é tão importante quanto a sua efetiva rigidez e resistência quando mergulhada na resina acrílica da base. Esta também não deve interferir nos ajustes futuros e na montagem dos dentes artificiais e deve ser suficientemente aberta para evitar o enfraquecimento de qualquer parte da resina acrílica do entorno. O desenho da armação retentiva da base da prótese com elementos tanto na vestibular como na lingual do rebordo remanescente não só reforçará a base de resina como também irá minimizar a deformação da base em função da liberação de tensões inerentes na base de resina acrílica durante o uso ou armazenamento da prótese (Figura 9-5). As bases metálicas são normalmente fundidas como parte integral da armação da prótese removível. As bases metálicas mandibulares podem também ser confec- cionadas e unidas à armação com resina acrílica (Figura 9-6). Os requisitos para um material de base de prótese ideal são os seguintes: 1. Adaptação precisa aos tecidos, com mudanças volumétricas pequenas 2. Superfície densa e não irritante capaz de receber e manter um bom acabamento 3. Condutividade térmica 4. Gravidade específica baixa; leveza na boca 5. Resistência suficiente; resistência à fratura ou deformação 6. Fácil higienização 7. Aceitável estética 8. Potencial reembasamento futuro 9. Baixo custo inicial Este material ideal para base de prótese não existe; nem é provável que venha a ser desenvolvido em um futuro próximo. Porém, qualquer base de prótese, seja de resina ou metal, e independente do método de fabricação deve se aproximar o máximo possível desse ideal. Exceto nos rebordos remanescentes com extrações recentes, metal pode ser usado em bases dentossuportadas, uma vez que apresenta uma série de vantagens. Sua maior desvantagem é o difícil reembasamento e ajuste. Contudo, uma vantagem bem conhecida é o estímulo positivo que dá aos tecidos subjacentes, prevenindo atrofias ósseas que de outra forma ocorrem sob a base de acrílico, prolongando assim a saúde dos tecidos que contacta. Algumas das vantagens das bases de metal são discu- tidas nos parágrafos que seguem. Bases metálicas fundidas, de ligas de ouro ou de cromo, não só podem ser fundidas com mais precisão que as de resina como também mantêm sua estabilidade de forma na boca, sem mudanças. Tensões internas que podem ser liberadas tardiamente e causar distorção não estão presentes. Muito embora algumas resinas e algumas técnicas de processa- mento sejam superiores a outras em precisão e manutenção de forma, as ligas de metal modernas para fundição são geralmente superiores com relação a este aspecto. Prova disso está na possibilidade de se eliminar um selamento posterior adicional por completo quando se usa um palato fundido para uma prótese total em comparação com a neces- sidade por uma zona de selamento posterior quando este palato é de resina. A deformação de base de resina acrílica se manifesta, na prótese superior, pelo seu deslocamento no sentido contrário aos tecidos na direção das abas vestibulares das tuberosidades. Quanto maior a curvatura dos tecidos, maior será esta distorção. Distorções semelhantes ocorrem na prótese inferior, mas são detectadas com maior dificul- dade. Peças metálicas precisas não estão sujeitas a distorções, como na maioria das próteses de acrílico, pela liberação de tensões internas. Por causa de sua precisão, a base metálica proporciona um contato íntimo que contribui consideravelmente para a retenção da prótese. Algumas vezes chamada de tensão superficial da interface, a retenção direta resultante por uma base de prótese fundida é significativa e diretamente propor- cional à área envolvida. Isto já foi mencionado como um fator importante tanto na retenção direta como na retenção direta-indireta de próteses superiores. Tal contato íntimo não é possível em bases de resina acrílica. A manutenção de forma da base metálica também está assegurada pela sua resistência à abrasão pelos agentes de limpeza de prótese. A higienização da base deve ser enfatizada, porém a escovação constante do lado interno da base de resina, se eficaz, inevitavelmente causa alguma perda da adaptação por abrasão. O contato íntimo, que nunca é tão grande com uma base de resina quanto com uma base metálica, está ainda ameaçado pelos hábitos de higienização. As bases metálicas, particularmente as de ligas mais duras, como as de cromo, suportam limpeza frequente sem mudanças significativasna precisão da superfície. Observações clínicas têm demonstrado que a limpeza ine- rente à base metálica contribui para a saúde dos tecidos orais quando comparada à base de resina acrílica. Possivelmente, algumas das razões para isto são a maior densidade e a ação bacteriostática resultante da ionização e oxidação da base metálica. As bases de resina tendem a acumular depósitos de placa contendo partículas de alimento bem como depósitos calcários. A decomposição de partículas de alimento e enzimas bacterianas e a irritação mecânica provocada pelo cálculo resultam em reações teciduais desfavoráveis se a prótese não for mantida limpa mecanicamente. Embora o cálculo, que deve ser removido periodicamente, possa se precipitar na base metálica, outros depósitos não se acumulam como na base de resina acrílica. Por esta razão, uma base metálica é mais limpa, naturalmente, do que uma base de resina. Mudanças de temperatura são transmitidas através da base metálica aos tecidos subjacentes, contribuindo para manter a saúde destes tecidos. A mobilidade do intercâmbio de tempe- ratura entre os tecidos recobertos e as influências do meio externo (temperatura dos alimentos, dos líquidos e do ar ins- pirado) pode contribuir para o paciente não sentir a prótese como um corpo estranho. Por outro lado, as bases de prótese de resina acrílica têm propriedades isolantes, que impedem o intercâmbio de temperatura entre as partes interna e externa da base da prótese. Uma liga metálica pode ser fundida numa espessura muito menor que a resina e mesmo assim ter resistência e rigidez adequadas. Aquelas confeccionadas com ouro precisam de volume ligeiramente maior para prover a mesma quantidade de rigidez, mas podem ainda ser de espessura menor que mate- riais resinosos. Ainda menor peso e volume são possíveis quando a base da prótese é confeccionada com ligas de cromo ou titânio. Existem ocasiões, porém, que tanto o peso como o volume podem ser usados como vantagem nas bases de prótese. No arco inferior, o peso da prótese pode ser útil no que que se refere à retenção, razão pela qual uma base fundida com ouro pode ser desejável. Por outro lado, a perda extrema de osso no rebordo alveolar pode tornar necessário o acréscimo de certo volume à base da prótese para restabe- lecer os contornos faciais normais e preencher o vestíbulo bucal com prótese, para evitar que qualquer alimento se acumule no vestíbulo, sob a prótese. Nessas situações, uma base de resina pode ser preferível a uma base metálica, mais fina. No arco superior, uma base de resina pode ser preferível a uma metálica mais fina para prover o preenchimento neces- sário do rebordo ou para preencher a porção vestibular da maxila. A resina pode também ser mais vantajosa que a base metálica mais fina por razões estéticas. Neste caso, a espessura mais fina da base de metal pode não apresentar qualquer vantagem, mas nas áreas onde a língua ou as bochechas neces- sitem de espaço a espessura menor pode ser vantajosa. Os contornos da base da prótese para o contato funcional da língua e bochechas podem ser mais bem conseguidos com resina. As bases metálicas são comumente confeccionadas finas para minimizar o volume e o peso, enquanto as bases de resina podem ser contornadas para prover superfícies polidas ideais que contribuem para a retenção da prótese, restauram os contornos faciais e evitam o acúmulo de alimento nas bordas da prótese. As superfícies linguais normalmente são confeccionadas côncavas, exceto na área distopalatina. As superfícies vestibulares são feitas convexas nas margens gengivais sobre as proeminências radiculares e na borda para preencher as áreas registradas na moldagem. Entre a borda e os contornos gengivais, a base pode ser feita convexa para auxiliar na retenção e facilitar o retorno do bolo alimentar para a mesa oclusal durante a mastigação. Estes contornos evitam que o alimento fique acumulado na bochecha e penetrem sob a prótese. Essa vantagem não pode ser conseguida facilmente com bases metálicas. Porém, as vantagens da base metálica não precisam ser sacrificadas em favor da estética ou de contornos protéticos quando o uso de tal base está indicado. Uma base de prótese pode ser desenhada para prover um recobrimento metálico quase total, mesmo que tenha bordas de resina acrílica para evitar a exposição de metal e para preencher o volume ves- tibular quando necessário (Figura 9-7). As vantagens da condutividade térmica não são necessariamente perdidas pelo recobrimento de partes da base metálica desde que outras partes da prótese fiquem expostas aos efeitos de mudança de temperatura por condução. A seleção dos dentes artificiais quanto à forma, cor e mate- rial devem preceder a sua colocação na prótese. Dentes arti- ficiais podem ser unidos à base da prótese de várias maneiras, como com resina acrílica, cimentados, confeccionados dire- tamente sobre o metal, fundidos com a armação e por adesão química. O uso de resina acrílica para unir os dentes arti- ficiais à base da prótese é o método mais comumente utilizado. Os dentes artificiais de porcelana são retidos mecanicamente. Os dentes posteriores são retidos como resina acrílica, preen- chendo nichos preexistentes. Os dentes de porcelana anteriores são retidos pela resina acrílica que envolve os pinos de reten- ção colocados na porção lingual. Dentes artificiais de resina são retidos por união química com o acrílico da base da prótese durante os procedimentos de processamento de laboratório. A união da resina acrílica à base metálica pode ser conse- guida com retentores do tipo cabeça de alfinete, alças retentivas ou agulhas distribuídas ao acaso. Os mecanismos de união devem ser dispostos de modo a não interferir na colocação dos dentes na base metálica (Figura 9-7). Toda união de resina com metal deve ocorrer em uma região de linha de término retentiva ou ser associada com alguma área retentiva. Uma vez que existe somente uma união mecânica entre o metal e a resina, devem ser feitos todos os esforços para evitar a separação e a infiltração, o que resulta em mudança de cor e acúmulo de detritos. A presença de odores na prótese é frequentemente causada por aposições na junção da resina com o metal quando não existe uma união mecânica. A sepa- ração que ocorre entre a resina e o metal pode eventualmente levar a alguma perda da base de resina. (Figura 9-8) Algumas das desvantagens relacionadas a este tipo de união são as dificuldades em se obter uma oclusão satisfatória, a falta de contornos adequados para o contato funcional da língua e bochechas e ainda a deficiência estética provo- cada pela exposição de metal nas margens gengivais. Esta última pode ser evitada quando o dente é introduzido dire- tamente sobre o rebordo, mas neste caso, a retenção para o dente se torna frequentemente inadequada. Uma modificação deste método é a união de dentes de resina pré-fabricados à base metálica com resina acrílica da mesma cor. Este método é chamado de prensagem sobre um dente de resina e não é o mesmo que se usar resina acrílica para cimentação. Este método é particularmente indicado nas substituições anteriores, onde é oportuno saber antes da fundição da armação que a cor e o contorno dos dentes selecionados será adequada (Figura 9-7). Após se confeccio- nar um gabarito vestibular da posição dos dentes, a porção lingual dos dentes pode ser removida ou pode ser preparado um nicho para retenção na peça. Posteriormente, o dente será unido à prótese com resina acrílica da mesma cor. Uma vez que isto é feito sob pressão ,a união de resina acrílica tem dureza e resistência comparáveis às do dente de estoque. Dentes tipo tubo ou com fenda lateral precisam ser sele- cionados antes do enceramento da armação da prótese (Figura 9-9). Porém, para a melhor relação oclusal, os regis- tros das relações intermaxilares sempre devem ser feitos com a peça fundida na boca. Este problema pode ser resolvidoselecionando-se os dentes tipo tubo pela largura, mas com superfícies oclusais ligeiramente maiores do que as que serão necessárias. Os dentes serão, portanto, desgastados para se ajustarem ao rebordo com uma folga inferior suficiente para receber uma base metálica fina e biselada para acomodar a estrutura metálica. Se um dente de plástico tipo tubo for usado, o nicho de retenção deve ser levemente aumentado. A peça deve ser completada e experimentada, as relações oclu- sais devem ser registradas e os dentes são então desgastados até uma oclusão harmoniosa com a dentição antagonista. Como será discutido no Capítulo 17, os dentes posteriores artificiais nas próteses removíveis raramente são utilizados sem alterações, mas devem ser considerados materiais a partir do quais as formas oclusais podem ser criadas para trabalhar harmoniosamente com a oclusão natural remanescente. Os copolímeros modernos com ligações cruzadas permitem ao profissional cirurgião-dentista ou ao protético confeccio- nar dentes de resina acrílica com resistência à abrasão e dureza satisfatórias para muitas situações. Assim, a oclusão pode ser criada sem recorrer a modificações de dentes artificiais pré- fabricados (Figura 9-10). Recessos no padrão da prótese podem ser esculpidos a mão ou criados em torno de dentes de estoque que serão usados somente para formar um recesso no padrão. As relações oclusais podem ser estabelecidas na boca sobre a armação da prótese e transferidas a um articu- lador. Os dentes podem ser então esculpidos e confeccionados em resina acrílica da cor indicada para se ajustar ao registro oclusal antagonista. É possível uma melhor união com a base metálica do que com cimentação. Ademais, dentes longos, curtos, largos ou estreitos podem ser criados quando houver a necessidade de se preencher espaços dificilmente preenchí- veis com a seleção limitada de dentes comerciais disponíveis. A oclusão sobre dentes de resina pode ser restabelecida para compensar o desgaste funcional ou o arranjo provoca- dos pelo reprocessamento de resinas acrílicas novas ou pelo uso de resinas acrílicas fotopolimerizáveis quando se julgar necessário. Sempre se deve diferenciar entre a necessidade de reembasamento para restabelecer a oclusão (na prótese de extremidade livre distal) e a necessidade de reconstrução das superfícies oclusais numa base satisfatória sob todos os outros aspectos (numa prótese removível dentossuportada ou dentomucosossuportada). O restabelecimento da oclusão também pode ser conse- guido colocando-se restaurações de ouro ou de outra liga disponível nos dentes de resina existentes. Embora isto também possa ser feito sobre dentes de porcelana, é difícil preparar nichos na porcelana, a não ser que sejam utilizados métodos de abrasão por ar. Assim, se estão previstos acrés- cimos posteriores às superfícies oclusais, dentes de resina acrílica devem ser usados para facilitar a colocação de mais resina ou de superfícies fundidas de ouro. Uma técnica simples que pode ser utilizada na fabricação de superfícies oclusais fundidas em ouro e sua união a dentes de acrílico é descrita no Capítulo 18. Ocasionalmente, um segundo molar pode ser substituído como parte da armação da prótese removível (Figura 9-11). Normalmente isto é feito quando o espaço é muito limitado para a colocação de um dente artificial, embora a presença de um segundo molar seja desejável para evitar a extrusão do segundo molar antagonista. Já que a superfície oclusal precisa ser encerada antes da fundição, uma perfeita oclusão não é possível. Uma vez que o metal, particularmente as ligas de cromo, é resistente à abrasão, a área de contato oclusal deve ser reduzida ao mínimo para evitar danos ao perio- donto do dente antagonista e desconforto para o paciente. O ajuste em superfícies oclusais de ouro é facilmente conse- guido, enquanto em dentes de metal em ligas de cromo são difíceis de ajustar por serem extremamente duras, a ponto de se vetar seu uso nas superfícies oclusais. Portanto, essas ligas devem ser usadas somente para preencher espaços e evitar a extrusão de antagonistas. Desenvolvimentos recentes na união de resina têm proporcio- nado os meios para uma fixação química direta da resina acrílica a armação metálica. Os tecidos artificiais de revesti- mento, alveolares e gengivais podem ser unidos sem o uso de alças, malhas ou retenções mecânicas de superfície. Partes da armação metálica que deve sustentar os dentes artificiais podem ser deixadas irregulares com o uso de abrasivos e B A C depois tratadas com um recobrimento de sílica vaporizada. Nesta superfície é aplicado um agente de união para a resina acrílica, seguido de um filme fino de resina, que atuará como um substrato para posterior fixação dos dentes de estoque ou tecidos de revestimento artificiais de resina (Figura 9-12). Um segundo método para fundir uma camada de cerâ- mica microscópica a um metal é o recobrimento triboquímico. Este sistema envolve jateamento da armação metálica com um material de sílica particulada especial, RocatecPlus® (3M Espe, Irvine CA). As partículas de sílica deste sistema incrustam-se por impacto à armação metálica. Um silano é adicionado a este filme cerâmico e para promover a adesão química entre a camada de silicato e a base da prótese de resina acrílica. Bases de resina acrílica confeccionadas com monô- mero reativo (4-meta) também estão disponíveis e fornecem um sistema de adesão química da resina acrílica ao metal. BA Retenção cônica Colar lingual Bisel em 45° A base de uma prótese de extremidade livre difere de uma base dentossuportada sob vários aspectos, um dos quais é que deve ser feita de um material que possa ser reembasado quando se tornar necessário o restabelecimento do suporte tecidual da extensão distal. Assim sendo, materiais à base de resina acrílica que podem ser reembasados são geralmente usados nas bases das próteses. Muito embora técnicas satisfatórias para se confeccionar bases de próteses removíveis de extremidade livre em metal estejam disponíveis, em função da dificuldade, o fato de essas bases de metal serem difíceis, senão impossíveis de reembasar, seu uso está limitado a rebordos estáveis que mudarão muito pouco ao longo de muito de tempo. A perda de suporte para as bases de extremidade livre é resultado de mudanças na forma do rebordo ao longo do tempo. Essas mudanças podem não ser prontamente visíveis, porém as manifestações desta variação no rebordo podem ser percebidas. Uma destas é a perda de oclusão entre a base da prótese na extremidade livre e a dentição antagonista, que aumenta à medida que aumenta a distância do pilar (Figura 9-13). Esta variação pode ser testada fazendo-se o paciente morder sobre tiras de cera verde calibre 28 ou qualquer cera semelhante ocluindo somente em oclusão central. As indentações numa tira de cera de espessura conhecida são quantitativas, enquanto que as marcas feitas com carbono de articulação são somente qua- litativas. Em outras palavras, as indentações na cera podem ser interpretadas como leves, médias ou pesadas, enquanto é difícil, senão impossível, interpretar uma marca feita com carbono de articulação como leve ou pesada. Na realidade, um contato oclusal pesado pode perfurar o papel de articulação e fazer uma marca menor que uma área de contato mais leve. Assim, o uso de qualquer carbono de articulação é de valor limitado na análise intraoral da oclusão. Ao fazer ajustes oclusais, o carbono de articulação deve ser usado somente para indicar onde devem ser feitos alívios após a necessidade de alívio ter sido verificada com tiras de cera de espessura conhecida. Para este fim, geralmente é usada cera verde ou azul de calibre 28, embora a mais fina, calibre 30, ou a mais grossa, calibre 26, possam também ser usadas para uma avaliação melhor do espaço entre as áreas que não estão em contato. A perda do suporte em uma base de extremidade livre resul-tará numa perda de contato oclusal entre os dentes da substituição B A C protética e a dentição antagonista e uma consequente sobrecarga oclusal nos dentes naturais remanescentes. Normalmente, esta é uma indicação de que o reembasamento é necessário para resta- belecer a oclusão original pelo restabelecimento do contato de suporte com o rebordo residual. Deve ser lembrado, porém, que a oclusão na extremidade livre é mantida, por vezes, às expensas da extrusão dos dentes naturais antagonistas. Neste caso, a ava- liação isolada da oclusão não mostrará os ajustes que a base de extremidade livre sofreu, já que mudanças no rebordo remanes- cente podem também ter acontecido. Uma segunda manifestação de mudanças no rebordo também deve ser observada para justificar o reembasamento. Esta segunda manifestação no rebordo remanescente é a evidência de uma rotação em tomo da linha de fulcro, com os retentores indiretos se levantando das suas posições quando a extremidade livre da base é pressionada contra o rebordo. Se, originalmente, a extre- midade livre da base foi feita de forma a se adaptar ao rebordo, nenhuma rotação em torno da linha de fulcro seria perceptível. No momento do posicionamento inicial, nenhum movimento rotacional anteroposterior deve ser observado quando pressões digitais alternadas são aplicadas sobre os retentores indiretos e a borda distal da base ou sobre a extremidade livre. Depois que acontecem mudanças na forma do rebordo que podem ocasio- nar alguma perda de suporte, a rotação ocorre em torno da linha de fulcro quando a pressão digital alternada é aplicada. Isto evidencia mudanças no rebordo remanescente que precisam ser compensadas pelo reembasamento. Se o contato oclusal foi perdido e a rotação em torno da linha de fulcro é evidente, o reembasamento está indicado. Por outro lado, se o contato oclusal foi perdido sem indício de rotação e se a estabilidade da base é satisfatória sob todos os outros aspectos, o restabelecimento da oclusão é a solução e não o reembasamento. Neste caso, a base original da prótese pode ser usada da mesma maneira que a base de prova que originalmente fora utilizada para registrar a relação oclusal. Os dentes podem ser então reposicio- nados contra um modelo antagonista ou um modelo de orienta- ção oclusal com o uso de resina acrílica fotopolimerizável com a cor dos dentes, compósitos da cor dos dentes, superfícies oclusais fundidas ou dentes novos. De qualquer maneira, uma nova oclusão deve ser estabelecida para a base existente. O reembasa- mento neste caso seria a solução errada para o problema. A perda de suporte também pode ser avaliada clinicamente por outros métodos. Uma camada de hidrocoloide irreversível fluido, cera ou material para condicionamento de tecidos pode ser espalhada na porção interna da base da prótese seca e levada à boca do paciente. Deve-se tomar todo o cuidado para se asse- gurar de que a prótese seja corretamente posicionada (apoios e retentores indiretos nas posições planejadas). A prótese deve ser removida quando da presa do hidrocoloide. Uma espessura significativa de hidrocoloide sob a base indica a falta de contato íntimo da base com o rebordo, sugerindo a necessidade de um reembasamento. Mais frequentemente, todavia, a perda da oclusão é acompa- nhada pelo reposicionamento da prótese de tal forma em que é possível a observação de rotação sobre a linha de fulcro. Uma vez que o reembasamento é a solução que deve ser tomada antes de se refazer uma nova base, o uso de bases de resina acrílica desde o início é geralmente recomendado para facilitar os reembasamen- tos. Por essa razão, as bases de resina acrílica nas próteses removí- veis de extremidade livre são geralmente a melhor escolha. A pergunta que persiste é quando, se há alguma situação, as bases metálicas com suas várias vantagens devem ser usadas para próteses de extremidade livre. É discutível qual tipo de rebordo será mais propenso a permanecer estável sob o carre- gamento funcional sem mudança aparente. Certamente a idade e as condições gerais de saúde do paciente influenciarão a capa- cidade do rebordo de se manter em função. Uma oclusão mínima e harmoniosa e a precisão com que a base está ajustada aos tecidos subjacentes influenciará a quantidade de trauma que ocorrerá quando a prótese está em função. A ausência de trauma desempenha papel preponderante na capacidade do rebordo de manter sua forma original. A melhor indicação para o uso de metal em próteses com extremidade livre é para aquele rebordo que já suportou uma prótese removível anteriormente sem ter se tornado afilado ou achatado ou que não seja um rebordo que sofreu grandes alte- rações em seus tecidos moles. Quando essas mudanças ocorre- ram sob uma prótese utilizada anteriormente, mudanças posteriores devem ser previstas por causa da possibilidade de os tecidos orais em questão não serem capazes de sustentar uma base da prótese sem transformações indesejáveis. A despeito de cada vantagem a seu favor, aparentemente existem alguns pacientes cujo rebordo responde de modo desfavorável quando solicitado a sustentar qualquer base de prótese. Em outros casos, como quando uma nova prótese removível deve ser confeccionada em função da perda de outros dentes, os rebordos podem ainda estar firmes e sadios. Nestes casos, já que o rebordo sustentou previamente uma base de prótese e a oclusão, as trabéculas ósseas se rearranjaram para melhor sus- tentar as cargas verticais e horizontais, o osso cervical pode ter sido formado e os tecidos se tornaram mais favoráveis a oferecer suporte a uma base de prótese. Em apenas poucos casos em que a necessidade para o reem- basamento da base na extremidade livre não foi prevista, as bases metálicas podem ser usadas. Existem, porém, vários casos que podem ser considerados limites. Nestes casos, as bases metálicas podem ser empregadas com a completa concordância por parte do paciente de que uma nova prótese pode se tornar necessária se no futuro ocorrerem transformações teciduais não previstas. A técnica demonstrada na Figura 9-6 permite a substituição apenas das porções distais da extremidade livre sem ser obrigatória a confecção de toda uma nova prótese. Este método deve ser forte- mente considerado todas as vezes em que uma prótese removível de extremidade livre for confeccionada com base de metal. Pelas razões anteriormente descritas, a possibilidade de que os tecidos permaneçam mais sadios sob uma base de metal que sob uma base de resina pode justificar o uso mais amplo de bases de metal em próteses de extremidade livre. Por meio de um planejamento cuidadoso, uma ótima educação do paciente quanto aos fatores envolvidos com a confecção de uma prótese de extre- midade livre e a observação de todos os cuidados durante a confecção das bases, o metal pode ser preferivelmente usado em situações em que a base de resina é comumente usada. BA Os capítulos anteriores que trataram dos componentes inte- grantes de uma prótese removível presumem a rigidez abso- luta de todas as partes da armação da prótese, com exceção do braço de retenção do retentor direto. Todas as forças verticais e horizontais aplicadas aos dentes da prótese são distribuídas por todas as estruturas de sustentação do arco dental. Uma ampla distribuição de forças é conseguida por meio de conectores maiores e menores rígidos. O efeito dos componentes de estabilização são tornados possíveis pela rigidez dos conectores. No caso de uma prótese de extremidade livre, o uso de conexões rígidas entre a base da prótese e os dentes de suportes deve levar em consideração que os eventuais movimentos da base não devem causar nenhum tipo de dano aos dentes e aos tecidos. Nessas situações, a aplicação de forças ao dente pilar e ao rebordo remanescente pode ser minimizada pelo uso de uma moldagem funcional, uma ampla cobertura, harmonia oclusal e escolha correta de retentores diretos. Geralmente dois tiposprincipais de braços são usados em próteses de extremi- dade livre por causa do seu desenho que rompe forças. Braços de retenção podem ser fundidos somente se atingem áreas retentivas nos dentes pilares de tal maneira que o movimento da base com extremidade livre transmita apenas uma fração mínima deste movimento ao suporte. Por outro lado, um braço de retenção em fio trefilado pode ser utilizado por causa de sua maior flexibilidade. Apesar da sua flexibilidade, o braço de fio trefilado, redondo e afilado atua como um rompe-forças entre a base da prótese e o dente-suporte. Outro conceito de rompe-forças enfatiza a separação dos elementos retentivos do movimento da base por possibilitar movimentos independentes da base da prótese (ou da sua estrutura de armação) e dos retentores diretos. Essa forma de rompe-forças, também denominada equalizador de tensão, tem sido usada como uma forma de compensar desenhos inadequados de próteses parciais removíveis. A Figura 9-14 mostra um exemplo de um conector maior, que é um rompe-forças frequentemente utilizado. Independentemente do seu desenho, quase todos os rompe-forças efetivamente dissipam as cargas verticais, que é a razão pela qual eles são usados. Entretanto, isto ocorre às expensas da estabilidade horizontal e dos efeitos nocivos de uma estabilidade horizontal diminuída (absorção excessiva do rebordo, traumas ao tecido, mastigação ineficiente), que, de longe, compensam os benefícios de um rompe-forças ver- tical. É a natureza rígida das próteses parciais removíveis mais convencionais que permite o cumprimento de todos os requi- sitos para o suporte, estabilidade e retenção sem sobrevalori- zação de um princípio em detrimento dos tecidos orais. Ao estudante são indicados dois livros-texto que descrevem com detalhes o uso de rompe-forças e desenhos de próteses parciais removíveis articuladas: (1) Precision Attachments in Dentisty, ed. 3 de H.W. Priskel; e (2) Theory and Practice of Precision Attachment Removable Partial Dentures, de J.L. Baker e R.J. Goodkind. Quando se prepara uma prótese parcial fixa (PPF), é preciso controlar a orientação da ponta diamantada da broca para remover uma quantidade de estrutura dentária necessária para satisfazer as exigências do eixo de inserção da prótese. Verifica-se, finalmente, a realização dos preparos paralelos por meio do assentamento completo da prótese, porém seria possível verificar o mesmo no modelo de trabalho ou nos modelos de estudo pelo uso do delineador. Uma vez que a PPF é fabricada e completamente assentada, assegura-se o envol- vimento total de toda a circunferência e do suporte oclusal dos pilares retentores. Caso se forneça uma forma de resis- tência e um ajuste da prótese adequado, é boa a chance de haver estabilidade funcional equivalente àquela dos dentes naturais. Não se pode assegurar isso a menos que a relação entre a prótese fixa e os dentes preparados tenha sido cuida- dosamente controlada. Para a prótese removível, é igualmente importante a neces- sidade de um preparo dental apropriadamente planejado e executado, seguido por uma verificação do bom encaixe da prótese aos dentes, como planejado. Como mencionado sucin- tamente no Capítulo 7, um delineador dentário é de extrema importância no planejamento, execução e verificação de modi- ficações bucais apropriadas para uma prótese parcial removível. Embora não necessariamente afete os preparos oclusais dos des- cansos nos dentes pilares, o uso do delineador é crítico para planejar as modificações em todas as superfícies dos dentes envolvidos no suporte, na estabilização e na retenção da prótese. Nesta situação, o uso de um delineador para determinar o preparo bucal necessário é extremamente importante para se obter uma prótese removível estável e confortável. Definiu-se um delineador dentário como um instrumento usado para determinar o paralelismo relativo de duas ou mais superfícies dos dentes ou outras partes do modelo de uma arcada dentária. Portanto, o principal objetivo do delineamento é identificar as modificações de estruturas bucais necessárias para a confecção de uma prótese parcial removível que terá um prognóstico bem-sucedido. A modificação das superfícies do dente para acomodar a colocação de partes componentes da prótese parcial na posição designada ideal aos dentes pilares é o que facilita este prognóstico. Qualquer um dos diversos delineadores de preço moderado existentes no mercado servirá para realizar adequadamente os procedimentos necessários no desenho e na construção da prótese parcial. Além disso, é possível usar estes delineadores para paralelizar os descansos internos e os retentores intracoro- nários. Acoplando-se uma peça de mão aos delineadores, torna-se possível usá-los para retificar os descansos internos e tornar paralelas as superfícies de planos-guia das restaurações pilares. Os delineadores mais amplamente utilizados são o tipo Ney (Figura 11-1) e o tipo Jelenko (Figura 11-2). Ambos são ins- trumentos de alta precisão. Diferem principalmente no fato de o braço do Jelenko girar enquanto que o braço do Ney é fixo. A técnica de delineamento e fresagem do bloqueio é, portanto, de algum modo diferente. Outros delineadores também diferem nesse aspecto, e, por esse motivo, o dentista pode preferir um em vez do outro. As principais partes do delineador tipo Ney são as seguintes: 1. Plataforma na qual se move a base 2. Braço vertical que suporta a superestrutura 3. Braço horizontal do qual se suspende as pontas de delineamento 4. Mesa à qual se anexa o modelo 5. Base em que a mesa gira 6. Pontas para paralelizar ou para marcar linhas-guia (essa ferramenta entra em contato com a superfície convexa para que se faça um estudo de maneira tangencial; assim, pode-se determinar o paralelismo relativo de uma superfície com outra; com a substituição pela ponta grafite é possível deli- near a altura dos contornos nas superfícies dos dentes pilares e nas áreas de interferência que requerem redução de bloqueio) 7. Mandril para segurar instrumentos especiais (pontas aces- sórias) (Figura 11-3) As partes principais do delineador tipo Jelenko são essencial- mente as mesmas que as partes do delineador tipo Ney, exceto quando se afrouxa a porca no topo do braço vertical, tornando possível girar o braço horizontal. O objetivo deste atributo, ori- ginalmente desenvolvido pelo Dr. Noble Wills, é possibilitar certa liberdade ao movimento do braço em um plano horizon- tal em vez de depender inteiramente do movimento horizontal do modelo. Para alguns isso é confuso, pois assim, torna-se necessário coordenar dois movimentos horizontais. Para aqueles que preferem mover o modelo somente em relação horizontal ao braço vertical fixo, devem apertar a porca e usar o braço horizontal em uma posição fixa. Outra diferença entre os delineadores tipo Ney e tipo Jelenko é o braço vertical, que no delineador tipo Ney se retém dentro de um rolamento fixo por atrito. Dentro desse rolamento, pode-se mover o eixo para cima ou para baixo, mas ele per- manece em uma posição vertical até que seja movido nova- mente. É possível fixar o eixo em qualquer posição vertical desejada apertando um parafuso. Em contraste, o braço vertical do delineador tipo Jelenko é de mola e retorna à posição inicial ao ser liberado. É necessário segurá-lo contra a tensão da mola durante o processo de utilização, o que para alguns é uma des- vantagem. A mola pode ser removida, mas o atrito dos dois rolamentos que suportam o braço não o prende na posição de forma tão segura quanto um rolamento projetado para essa finalidade. Essas pequenas diferenças nos dois delineadores podem levar a preferências pessoais, mas não diminuem a efi- cácia de qualquer um deles se usados corretamente. Devido à estabilidade do eixo do delineador tipo Ney em qual- quer posição vertical — ainda que possa se mover verticalmente com facilidade —, este se presta bem à função de uma broca quandouma peça de mão é adicionada (Figura 11-4). Assim, é possível usar a peça de mão para cortar rebaixos com precisão em restaurações fundidas com fresas ou pontas de carborundum de diversos tamanhos em uma peça de mão dentária. Vários outros tipos de delineadores foram desenvolvidos e estão em uso atualmente. Muitos destes são bem elaborados e caros, contudo fornecem pouca vantagem sobre os tipos mais simples de delineadores. A B C D F GE Calibragem da retenção do tipo Ney Ponta de carbono e estojo metálico do tipo Ney Ponta de carbono do tipo Jelenko Ponta calibradora da retenção do tipo Jelenko 0, 03 (0 ,7 6 m m ) 0,03 (0,76 mm) 0,02 (0,51 mm) 0,02 (0,51 mm) 0,01 (0,25 mm) 0,0 1 ( 0,2 5 m m) Eixo de inserção Recortador para cera do tipo Ney Cera de bloqueio Ponta cônica de 2° Ponta cônica de 6° Lâmina do delineador tipo Ney É possível utilizar o delineador para delinear o modelo de diag- nóstico, recontornar os dentes pilares no modelo de diagnós- tico, recortar os padrões de cera, medir uma profundidade específica de um corte, delinear as coroas metalocerâmicas tipo Venner fresadas, posicionar retentores intracoronários, posicio- nar descansos internos, retificar as restaurações metálicas fun- didas e bloquear o modelo de trabalho ou mestre. Delinear o modelo de diagnóstico é essencial para um diagnós- tico eficaz e um plano de tratamento. Os objetivos são os seguintes: 1. Determinar o eixo de inserção mais favorável que eliminará ou minimizará a interferência na instalação e remoção (Figura 11-5). O eixo de inserção é a direção em que a prótese se move do ponto de contato inicial de suas partes rígidas com os dentes pilares até sua posição de assentamento final, com apoios encaixados e a base (ou sela) protética em contato com os tecidos. O trajeto de remoção é exatamente o inverso porque é a direção do movimento da prótese da sua posição de assentamento final para o último contato de suas partes rígidas com os dentes pilares. Quando se desenha a prótese corretamente, tendo planos-guia positivos, o paciente poderá colocar e remover a prótese com facilidade em um só sentido. Isso é possível somente por causa da influência guiadora das superfícies do dente (planos-guia), feitas paralelas ao eixo de inserção. 2. Identificar as superfícies proximais do dente que são ou precisam ser colocadas em paralelo, para que ajam como planos-guia durante a inserção e remoção. 3. Localizar e medir as áreas do dente que possam ser usadas para a retenção. 4. Determinar se as áreas dentárias e ósseas de interferência terão necessidade de ser eliminadas cirurgicamente ou por meio da seleção de um eixo de inserção diferente. 5. Determinar o eixo de inserção mais apropriado que irá pos- sibilitar a localização dos retentores e dos dentes artificiais para que forneçam a melhor vantagem estética. 6. Permitir um planejamento exato dos preparos bucais a serem feitos. Isto inclui o preparo das superfícies proximais dos dentes, fornecendo planos-guia e redução dos contornos excessivos dos dentes para eliminar as interferências e pos- sibilitar uma localização mais favorável para os braços de retenção e de reciprocidade dos grampos. Ao marcar estas áreas no modelo de diagnóstico em vermelho, usando um calibrador de corte para estimar a quantidade de estrutura dentária que pode seguramente ser removida (sem expor a dentina) e então aparando as áreas marcadas no modelo de gesso com a lâmina do delineador, torna-se possível estabe- lecer a angulação e a extensão da redução do dente antes que sejam preparados na boca (Figura 11-6). Com o modelo de diagnóstico no delineador no momento do preparo bucal é possível realizar a redução dos contornos dentários com aceitável precisão. Eixo de inserção 7. Delinear a altura do contorno em dentes pilares e localizar as áreas de recortes dentários indesejáveis que devem ser evita- das, eliminadas ou bloqueadas. Isto incluirá áreas dos dentes que entrarão em contato com conectores rígidos, com a posição dos braços não retentivos recíprocos e estabilizadores e com a posição das extremidades retentivas dos grampos. 8. Gravar a posição do modelo para referência futura em relação ao eixo de inserção selecionado. Pode-se fazer isso localizando três pontos ou linhas paralelas no modelo, assim estabelecendo o plano horizontal em relação ao braço verti- cal do delineador (Figuras 11-6 e 11-16). Ao longo dessa fase de preparo bucal, usa-se a lâmina de corte do delineador como instrumento de recorte da cera, de modo que se possa manter o eixo de inserção proposto nas restaura- ções fundidas para os dentes pilares (Figura 11-7). Planos-guia devem ser realizados em todas as superfícies proximais de padrões de cera adjacentes às áreas edentadas, paralelos ao eixo de inserção previamente determinado. Do mesmo modo, todos os outros contornos de dente que entra- rão em contato com componentes rígidos devem ficar para- lelos. Devem-se contornar as superfícies das restaurações em A B B CA que se colocarão componentes recíprocos e estabilizadores para permitir seu posicionamento bem abaixo das superfícies oclusais e das áreas não retentivas. É preciso contornar aquelas superfícies das restaurações que devem fornecer retenção para os braços dos grampos para que seja possível colocar os grampos de retenção no terço cervical da coroa e para que seja possível ter a melhor vantagem estética. Geral- mente, uma pequena quantidade de corte de 0,250 a 0,50 mm (0,01 a 0,02 polegadas) ou menos é suficiente para finalidades retentivas. Usam-se frequentemente coroas metalocerâmicas tipo veneer para restaurar dentes pilares em que se colocarão os retentores extracoronários diretos. O delineador é usado para fresar todas as áreas do padrão de cera da coroa veneer, exceto as superfícies vestibulares. É preciso lembrar que um dos princi- pais objetivos de se usar uma coroa veneer de porcelana é desen- volver uma réplica estética de um dente natural. É improvável que se possa confeccionar a faceta de cerâmica exatamente na forma exigida para a colocação planejada dos braços retentivos dos grampos sem que se faça alguma remodelagem com pedras e borrachas de desgaste. Antes de realizar o glazeamento final, é preciso retornar as coroas veneer pilares ao delineador em um modelo completo da arcada para assegurar um contorno correto das facetas ou para localizar aquelas áreas que necessitam de recontorno (Figura 11-8). O glazeamento final é realizado somente após o recontorno das coroas. Na colocação de retentores intracoronários, usa-se o deli- neador da seguinte maneira: 1. Selecionar um eixo de inserção em relação ao longo eixo dos dentes pilares que devem evitar as áreas de interfe- rência em outras partes da arcada 2. Preparar os dentes de gesso do modelo de diagnóstico para estimar a proximidade do desgaste até a polpa (usado em conjunto com informações da radiografia para estimar o tamanho e a localização da polpa) e para facilitar a fabricação de gabaritos de metal ou resina para guiar os preparos dos desgastes na boca 3. Gravar os desgastes em padrões de cera, colocar os moldes de encaixes internos em padrões de cera ou recortar encaixes nas fundições com um suporte de peça de mão (qualquer método é válido) 4. Colocar a matrix do encaixe no modelo antes de incluir e soldar; todos os encaixes devem localizar-se paralelos entre si em qualquer lugar da arcada O estudante deve consultar a seção “Recursos de Leitura Selecionados” no livro-texto para fontes de informação sobre retentores intracoronários (encaixes internos). Pode-se usar o delineador com uma broca de desgaste, aco- plado com uma peça de mão dentária anexada ao braço vertical. Pode-se moldar nos padrões de cera os descansos dos apoios internos e refiná-los com a peça de mão após a fundição, ou é possível fresar todo o descanso do apoio na restauração fundida com a peça de mão. O melhor é esculpir a forma do contornodo descanso do apoio na cera e após a fundição da restauração refinar a forma com a peça de mão. Um descanso interno difere de um encaixe interno no fato de que se encera e funde uma parte da estrutura metálica da prótese para caber dentro do descanso, chamado apoio em vez de se usar uma matrix de encaixe e um trilho de inserção (Figuras 6-13 e 6-14). O primeiro geralmente é não retentivo, mas fornece um apoio definitivo para a prótese parcial removível ou um apoio para uma prótese parcial fixa com rompe-força. Quando usados com prótese parcial fixa, permite-se colocar os pedaços separadamente, pois os pilares não estão paralelos. O apoio interno na construção da prótese parcial fornece um suporte oclusal positivo que se localiza mais favoravel- mente em relação ao eixo rotativo do dente pilar do que o apoio oclusal convencional em formato de colher. Fornece também estabilidade horizontal por meio do paralelismo das paredes verticais, desse modo servindo ao mesmo propósito de braços de estabilização e reciprocidade colocados extra- coronariamente. Por causa do movimento de uma base de extensão distal, é possível aplicar mais torque ao dente pilar por um tipo de apoio interligado, e por essa razão considera- - se contraindicado o seu uso em conjunto com uma prótese parcial de extensão distal. Deve-se usar em desenhos de prótese parcial de extensão distal um apoio oclusal em formato de colher ou o encaixe tipo esfera e soquete, ou não travante. É preciso limitar o uso do apoio interno em formato articulado ou interligado a restaurações removíveis com suporte de dente, exceto quando usado em conjunto com algum tipo de rompe-força entre os pilares e a base removí- vel. Discutiu-se o uso dos rompe-forças no Capítulo 9. Pode-se fazer descansos de apoios internos na forma de uma caixa não retentiva, de uma caixa retentiva cujo desenho baseia-se no encaixe interno ou de uma caixa semirretentiva. Nesta última, as paredes são normalmente paralelas e não retentivas, mas um rebaixo no chão da caixa impede movi- mento proximal da parte macho. Cortam-se os assentamen- tos de descanso interno com brocas dentárias de diversos tamanhos e formatos. Usam-se brocas com pontas de fissura cônicas ou cilíndricas para formar as paredes verticais, e usam-se pequenas pontas de broca redondas para cortar rebaixos no chão do descanso do apoio. Com um suporte de peça de mão acoplado (Figura 11-4), é possível retificar as superfícies axiais das restaurações metálicas fundidas e das cerâmicas utilizando um micromotor com uma fresa cilíndrica de carborundum apropriada. É possível melho- rar as superfícies proximais das coroas e das restaurações metá- licas fundidas, que servirão de planos-guia, e as superfícies verticais acima das bordas das coroas utilizando o micromotor, mas somente se a relação de uma coroa com outra estiver correta (Figura 14-9). A menos que o assentamento de instru- mentos removíveis esteja exato e eles sejam mantidos no lugar por pedra ou gesso adicional, deve-se primeiro experimentar as restaurações metálicas fundidas na cavidade bucal e depois transferi-las, por meio de uma moldagem indicativa de gesso ou resina acrílica, para um modelo de gesso duro reforçado por motivos relativos à usinagem. Posiciona-se então o novo modelo no delineador, adequando-o ao eixo de inserção da prótese parcial, e utiliza-se nas superfícies verticais um micromotor com uma ponta cilíndrica de carborundum em verdadeiro funcionamento. Embora se considere o paralelismo feito com micromotor ideal e pouco possível na esfera da aplicação diária, seus méritos mais do que justificam os passos adicionais necessários para realizá-lo. Quando se realiza e se reproduz tal paralelismo no modelo-mestre (ou de trabalho) é essencial que se direcione os passos laboratoriais subsequentes para o uso destas superfícies de planos-guia paralelas. Como o delineamento do modelo-mestre ocorre após os pre- paros bucais, deve-se saber o eixo de inserção, a localização de áreas retentivas e a localização de interferências restantes antes que se complete o desenho final da estrutura da prótese. Os objetivos do delineamento do modelo-mestre são os seguintes: 1. Selecionar o eixo de inserção mais apropriado, seguindo os preparos bucais que satisfazem os requisitos de planos-guia, retenção, não interferência e estética. 2. Possibilitar a calibragem das áreas retentivas e identificar a posição das extremidades dos grampos em proporção à fle- xibilidade dos braços do grampo que estão sendo usados; a flexibilidade dependerá de vários dos seguintes fatores: do metal usado no grampo, do desenho e tipo de grampo, se a sua forma é redonda ou semirredonda, se o seu material é fundido ou forjado e do comprimento do braço do grampo do seu ponto de origem à sua extremidade final; a retenção então dependerá (a) da flexibilidade do braço do grampo, (b) da magnitude do dente cortado e (c) da profundidade da extremidade do grampo colocada neste corte. 3. Localizar áreas de corte indesejáveis que serão cruzadas por partes rígidas da restauração durante a instalação e a remoção; estas devem ser eliminadas por bloqueio. A B 4. Aparar o material de bloqueio paralelo ao eixo de inserção antes da duplicação (Figura 11-9). É preciso desenhar a prótese parcial de modo que (1) não cause estresse aos dentes pilares além da sua tolerância fisioló- gica; (2) o paciente possa facilmente colocá-la e retirá-la; (3) ela se retenha contra consideráveis forças de deslocamento; e não se crie uma aparência desfavorável. É necessário delinear o modelo do diagnóstico com estes princípios em mente. Deve-se, portanto, planejar o preparo bucal de acordo com certos fatores que influenciarão o eixo de inserção e remoção. Os fatores que determinarão o eixo de inserção e de remoção são planos-guia, áreas retentivas, interferências e estética. É preciso encontrar ou criar superfícies proximais do dente que tenham uma relação de paralelismo umas com as outras para agirem como planos-guia durante a instalação e a remoção da prótese. Os planos-guia são necessários para assegurar a pas- sagem de partes rígidas da prótese por áreas de interferência existentes. Assim, é possível para o paciente colocar e remover a prótese facilmente sem causar tensão aos dentes com quem mantém contato ou à própria prótese e sem causar dano aos tecidos moles encontrados abaixo. Planos-guia são também necessários para assegurar um conjunto de funções previsíveis aos grampos, incluindo reten- ção e estabilidade. Para um grampo ser retentivo, é preciso forçar o seu braço retentivo a flexionar. Portanto, planos-guia são necessários para dar uma direção positiva ao movimento da restauração, que deve sair e voltar à posição final. As áreas retentivas devem existir para um dado eixo de intalação e devem entrar em contato com os braços retentivos dos grampos que são forçados a se flexionarem sobre superfícies convexas durante a colocação e a remoção. A retenção satisfató- ria do grampo nada mais é do que a resistência do metal à deformação. Para um grampo ser retentivo, seu trajeto de escape deve ser um que não seja paralelo ao trajeto de remoção da própria prótese; caso contrário, ele não será forçado a se flexio- nar e, desse modo, gerar a resistência conhecida como retenção. A retenção do grampo depende, portanto, da existência de um eixo de inserção e de remoção definidos. Embora seja desejável, a retenção em cada pilar principal pode não estar equilibrada em relação ao dente que se encontra no lado oposto da arcada (exatamente igual e oposto em mag- nitude e posição relativa); entretanto, deve estar presente a reci- procidade positiva da arcada cruzada para com os elementos retentivos. A retenção deve ser apenas suficiente para resistir às consideráveis forças de deslocamento. Em outras palavras, deve ser o minimamente aceitável para retenção adequada contra consideráveis forças de deslocamento. É possívelobter retenção razoavelmente igual por um de dois meios. Um é mudar o eixo de inserção para aumentar ou dimi- nuir o ângulo de convergência cervical das superfícies retentivas de oposição dos dentes pilares; o outro meio é alterar a flexibi- lidade do braço do grampo por meio de uma mudança em seu desenho, tamanho e comprimento ou no material de que é feito. É possível desenhar a prótese de modo que ela possa ser colo- cada e removida sem encontrar a interferência dos dentes e dos tecidos moles. Pode-se selecionar um eixo de inserção que encontre interferência somente quando a interferência puder ser eliminada durante o preparo bucal ou no modelo-mestre por uma quantidade moderada de bloqueio. As interferências podem ser eliminadas em preparos bucais por meio de cirurgias, exodontias, modificações de superfícies de interferências dentá- rias ou alterações dos contornos dentários com restaurações. Geralmente, a interferência que não puder ser eliminada por um motivo ou outro tomará precedência sobre os fatores de retenção e planos-guia. Algumas vezes estas áreas podem ser feitas áreas de não interferência somente por se selecionar um eixo de inserção diferente à custa de áreas retentivas existentes e planos-guia. Deve-se, então, modificar estes com restaurações que fiquem em harmonia com o trajeto ditado pela interferên- cia existente. Por outro lado, se áreas de interferência puderem ser eliminadas por diversos meios consideráveis, isto deve ser feito. Quando isso ocorre, é possível usar frequentemente os contornos axiais de pilares existentes com pouca alteração. Por meio de um eixo de inserção, torna-se possível a melhor posição estética dos dentes artificiais e se expõe menos grampo de metal e material de base. A posição das áreas retentivas pode influenciar o eixo de inserção selecionado; portanto, deve-se sempre selecionar as áreas retentivas com as posições mais esteticamente agradáveis para os grampos em mente. Quando precisam ser feitas res- taurações por outros motivos, deve-se contorná-las para pos- sibilitar a menor exposição do metal do grampo. Geralmente, menos metal ficará exposto se o grampo retentivo for colocado em uma área mais distogengival da superfície do dente, o que se torna possível por meio do eixo de inserção selecionado ou pelo contorno das restaurações. A estética também pode ditar a escolha do trajeto selecio- nado quando dentes anteriores precisam ser substituídos pela prótese parcial. Nestas situações, um eixo de inserção mais ver- tical é normalmente necessário para que não se modifique excessivamente nem os dentes artificiais nem os dentes naturais adjacentes (Figura 11-10). Neste caso, a estética pode ter prece- dência sobre outros fatores. Isso torna necessário o preparo dos dentes pilares para eliminar interferências e para fornecer planos-guia e retenção em harmonia com aquele eixo de inser- ção ditado pelos fatores estéticos. Como a consideração principal deve ser a preservação dos tecidos bucais remanescentes, não se deve possibilitar que a estética ameace o sucesso da prótese parcial. A substituição dos dentes anteriores que faltam deve, então, ser realizada por meio de próteses parciais fixas quando possível, especialmente se a eficácia mecânica e funcional da prótese parcial precisar de um preparo dental significativo. Anexe o modelo à mesa ajustável do delineador com um grampo. Posicione a mesa ajustável de modo que as superfícies oclusais dos dentes estejam aproximadamente paralelas à plataforma (Figura 11-11). Tal orientação é uma maneira provisória, porém prática, para começar a considerar os fatores que influenciam o eixo de inserção e remoção. Determine o paralelismo relativo das superfícies proximais de todos os dentes pilares potenciais pelo contato das superfícies proximais do dente com a lâmina do delineador ou com o esti- lete de diagnóstico. Altere a posição do modelo anteroposterior- mente até que essas superfícies proximais estejam o mais próximo possível de uma posição paralela com relação uma à outra ou próximas o suficiente para que possam ser tornadas paralelas por recontorno. Para modificações posteriores de espaços, isto determinará a inclinação anteroposterior do modelo em relação ao braço vertical do delineador (Figura 11-12). Embora a mesa do delineador seja universalmente ajustável, deve-se pensar nela como tendo somente dois eixos, assim permitindo unicamente inclinações anteroposteriores e laterais. A B C Quando se faz uma escolha entre ter contato com uma superfície proximal somente na área cervical ou contato somente no cume marginal, prefere-se o último porque é possível então estabelecer um plano por meio do recontorno (Figura 11-13). É óbvio que, quando existe somente contato gengival, uma res- tauração é o único meio de estabelecer um plano-guia. Portanto, se uma inclinação que não fornece contato proximal está apa- rente, deve-se estabelecer a superfície proximal com algum tipo de restauração. O resultado final ao estabelecer uma inclinação anteropos- terior apropriada deve ser de fornecer as maiores áreas reunidas de superfícies proximais paralelas que podem agir como planos- guia. Também se usam outras superfícies axiais de dentes pilares como planos-guia. Isto é feito normalmente pelo contato do componente estabilizador do conjunto retentor direto em sua totalidade com a superfície axial do pilar, que se encontrou ou se fez paralela ao eixo de inserção (Figuras 14-7 a 14-9). Portanto, também é preciso considerar uma inclinação lateral do molde para o braço vertical do delineador, assim como a inclinação anteroposterior, quando se usam planos-guia. Por meio do contato das superfícies vestibular e lingual dos dentes pilares com a lâmina do delineado, é possível determinar a quantidade de retenção existente abaixo da sua altura da con- vexidade. A melhor forma de realizar esta tarefa é direcionando para o modelo uma pequena fonte de luz vinda do lado oposto ao do dentista. Observa-se melhor o ângulo de convergência cervical como um triângulo de luz entre a lâmina do delineador e o ápice da superfície do dente sob estudo (Figura 7-41). Altere a posição do modelo inclinando-o lateralmente até que existam áreas retentivas semelhantes nos principais dentes pilares. Se somente dois dentes pilares se envolverem, como em uma arcada parcialmente edentada da Classe I de Kennedy, serão ambos os pilares principais. No entanto, se quatro dentes pilares se envolverem (como estão em uma Classe III de Kennedy, modificação 1), eles serão todos pilares principais, e áreas reten- tivas devem ser posicionadas em todos os quatro. Contudo, se três dentes pilares se envolverem (como estão em uma Classe II de Kennedy, modificação 1), o pilar posterior no lado em que o dente tem suporte e o pilar no lado da extensão distal são considerados os pilares principais, e é preciso igualar a retenção adequadamente. É possível considerar o terceiro pilar secundá- rio, e espera-se menos retenção dele do que dos outros dois. Ocorre uma exceção quando o pilar posterior no lado em que o dente tem suporte aparece com um prognóstico ruim, e desenha-se a prótese para ser, por fim, uma Classe I. No caso desta situação, consideram-se os dois pilares mais fortes os pilares principais. Quando se inclina o modelo lateralmente para estabelecer uma uniformidade razoável de retenção, torna-se necessário girar a mesa em um eixo longitudinal imaginário sem perturbar a inclinação anteroposterior previamente estabelecida. A posição resultante é uma que fornece ou torna possível que os planos- guia fiquem paralelos e forneçam a retenção aceitável nos dentes pilares. Deve notar-se que esta posição mais desejada sempre requererá algumas modificações nos dentes para ser atingida. Note que uma possível interferência a este eixo de inserção provisório não foi, até agora, levada em consideração. Caso se esteja delineando um modelo mandibular, verifique assuperfícies da língua que serão cruzadas por um conector maior do tipo barra lingual durante a colocação e a remoção. Proemi- nências ósseas e dentes pré-molares com inclinações para lingual A B são as causas mais comuns de interferência em um conector do tipo barra lingual. Se a interferência for bilateral, a cirurgia ou o recontorno das superfícies linguais do dente, ou ambos, podem ser inevitáveis. Se a interferência for apenas unilateral, uma mudança na incli- nação lateral pode evitar uma área de interferência no dente ou no tecido. Ao mudar o eixo de inserção para impedir interfe- rência, é possível perder os planos-guia previamente estabeleci- dos e a posição ideal para os elementos retentivos. Então, será preciso tomar uma decisão sobre remover a interferência exis- tente por qualquer meio necessário ou recorrer às restaurações nos dentes pilares, desse modo mudando as áreas proximais e retentivas para se conformar ao novo eixo de inserção. De maneira semelhante, é preciso avaliar os cortes ósseos que oferecerão interferência ao assentamento das bases da prótese e tomar uma decisão sobre removê-los cirurgicamente; mudar o eixo de inserção à custa de modificar ou restaurar os dentes para conseguir planos-guia e retenção; ou desenhar as bases da prótese para evitar tais áreas retentivas. O último pode ser feito encurtando-se as bordas das bases das próteses por vestibular e na extensão distolingual. Contudo, é importante lembrar que se deve usar a área máxima disponível para o apoio da base da prótese sempre que possível. Raramente existe interferência nos conectores maiores na arcada maxilar. Áreas de interferência normalmente encontram-se em dentes posteriores com inclinação vestibular e naquelas áreas ósseas no rebordo alveolar edentado por vestibular. Assim, como com o modelo mandibular, é necessário tomar a decisão sobre o caso de eliminá-las, de mudar o eixo de inserção à custa de modificar ou restaurar dentes para obter os planos- guia e a retenção exigida ou de redesenhar os conectores e as bases para evitá-las. Outras áreas de possíveis interferências a serem avaliadas são aquelas superfícies dos dentes pilares que suportarão ou serão cruzadas por conectores menores e pelos braços dos grampos. Embora seja possível bloquear a interferência nos conectores menores verticais, fazer isso pode causar desconforto à língua do paciente e pode criar espaços desagradáveis, que poderiam resultar em aglutinação de comida. É também desejável que superfícies do dente em contato com conectores verticais sejam usadas como planos-guia auxiliares sempre que possível. Um grande alívio talvez seja melhor do que um pequeno por causa da possibilidade de irritação dos tecidos moles. É sempre melhor colocar o alívio com algum objetivo em mente. Se possível, um conector menor deve passar verticalmente ao longo de uma superfície do dente que seja paralela ao eixo de inserção (que é considerado ideal) ou afilar-se oclusalmente. Se existirem cortes do dente que precisem usar uma quantidade desagradável de bloqueios, eles podem ser eliminados ou diminuídos por meio de sutis mudanças no eixo de inserção e/ou eliminados durante os preparos da cavidade bucal. A necessidade para tal alteração deve estar indicada no modelo de diagnóstico em lápis verme- lho após aceitação final do eixo de inserção. As superfícies do dente em que se colocarão os braços dos grampos recíprocos e estabilizadores devem ser estudadas para ver se existem áreas suficientes acima da linha-guia equatorial para a colocação destes componentes. A adição de um braço de grampo no terço oclusal de um dente pilar acrescenta à sua dimensão oclusal e, consequentemente, à carga oclusal daquele dente. Os braços dos grampos não retentivos e estabilizadores são mais bem posicionados entre o terço médio e gengival da coroa do que no terço oclusal. É possível eliminar as áreas de interferência à colocação apropriada dos braços dos grampos por meio da remodelação das superfícies do dente durante os preparos da cavidade bucal. Estas áreas devem estar indicadas no modelo de diagnóstico. Áreas de interferência à colocação de grampos podem precisar de pequenas mudanças no eixo de inserção ou mudanças no desenho do grampo. Por exemplo, um braço de grampo do tipo barra que se origina da porção mesial do conector maior para fornecer reciprocidade e estabilidade pode ser substituído por um braço circunferencial que se origine na porção distal. Áreas de interferência normalmente negligenciadas são as dos ângulos da linha distal de dentes pilares pré-molares e dos ângulos da linha mesial de pilares molares. Essas áreas frequen- temente oferecem interferência à origem dos braços dos grampos circunferenciais. Se não forem detectadas no momento da ava- liação inicial, não serão incluídas no plano de preparo de boca. Quando tal corte existe, é possível considerar as três alternativas seguintes: 1. É possível bloqueá-las como qualquer outra área de interfe- rência. Isso é sem dúvida o método menos satisfatório, porque a origem do grampo precisa então ficar afastada do dente em proporção a quantidade de bloqueio usado. Embora este método seja talvez menos condenável do que se colo- cado oclusalmente, pode ser desagradável para a língua e para bochecha e pode criar um local de aglutinação de comida. 2. É possível contorná-las por meio de uma aproximação da área retentiva de uma direção gengival com um braço de grampo do tipo barra. Esta geralmente é uma solução satis- fatória ao problema se não estiverem presentes outras con- traindicações ao uso de um braço de grampo do tipo barra, como um corte severo do tecido ou uma área retentiva que é muito alta no dente. 3. É possível eliminá-las por meio de uma redução no contorno ofensivo do dente durante o preparo bucal. Isto possibilita o uso de um braço de grampo circunferencial originando bem abaixo da superfície oclusal de uma maneira satisfató- ria. Se o dente precisar ser modificado durante os preparos da boca, deve-se indicar no modelo de diagnóstico com um lápis colorido. Quando a área retentiva localiza-se em uma altura não favo- rável do dente pilar ou o corte é muito severo, podem existir interferências também em superfícies do dente que fazem suporte aos grampos retentivos. Tais áreas de extrema ou alta convexidade devem ser consideradas áreas de interferência e devem ser reduzidas adequadamente. Essas áreas são também indicadas no modelo de diagnóstico para redução durante os preparos da boca. Deste modo, o eixo de inserção estabelecido deve ainda ser considerado do ponto de vista estético, tanto quanto à posição dos grampos como a distribuição dos dentes artificiais. Normalmente, é possível selecionar desenhos de grampos que forneçam estética satisfatória para qualquer eixo de inser- ção selecionado. Em alguns casos, é possível usar os braços dos grampos do tipo barra posicionados gengivalmente de forma vantajosa; em outros, pode-se usar os braços dos grampos cir- cunferenciais posicionados cervicalmente. Isto se torna espe- cialmente verdadeiro quando outros dentes pilares localizados mais posteriormente podem carregar a maior responsabilidade pela retenção. Ainda em outras situações, é possível utilizar um braço de grampo retentivo de fios forjados com mais vantagem estética do que um braço de grampo fundido. A colocação dos braços dos grampos por motivos estéticos normalmente não justifica alterar o eixo de inserção à custa de fatores mecânicos. Contudo, é preciso considerá-la simultaneamente com outros fatores, e se a escolha entre dois trajetos de inserção de méritos iguais permitirem uma colocação mais esteticamente agradável dos braços dos grampos de um sob o outro, deve-se dar prefe- rência a esse trajeto. Quando estão envolvidas reposições anteriores, a escolha do trajeto é limitada a uma mais vertical por razões já indicadas. Somente nesta situação deve-se dar consideração principalà estética, mesmo à custa de alterar o eixo de inserção e de fazer todos os outros fatores conformarem-se. Deve-se lembrar deste fator quando se considerar os outros três, para que se façam acordos no momento que estiverem considerando outros fatores. O eixo de inserção final será a posição do modelo anteropos- terior e lateral, em relação ao braço vertical do delineador, que melhor satisfaz todos os quatro fatores: planos-guia, retenção, interferência e estética. É preciso marcar com lápis vermelho todas as mudanças bucais sugeridas no modelo de diagnóstico, com a exceção das restaurações a serem feitas. Estas também podem estar indica- das em uma ficha em anexo se desejado. Dá-se prioridade a exodontias e cirurgias para dar tempo à cicatrização. As marcas vermelhas restantes representam modificações efetivas dos dentes que ficam para serem feitas, o que consiste no preparo das superfícies proximais, na redução das superfícies vestibular e lingual e no preparo dos assentamentos de descanso. Exceto quando são colocados no padrão de cera para restauração fundida, o preparo dos assentamentos de descanso deve sempre ser adiada até que se completem todos os outros preparos bucais. A posição real dos descansos será determinada pelo desenho proposto da estrutura da prótese. Por isso, deve-se desenhar o projeto provisório no modelo de diagnóstico a lápis após decisão sobre o eixo de inserção. Isto é feito não só para localizar as áreas de descanso, mas também para gravar graficamente o plano de tratamento antes do preparo bucal. No tempo entre as consultas do paciente é possível que se tenha considerado outras restau- rações na prótese parcial. O dentista deve ter o plano de trata- mento prontamente disponível a cada consulta subsequente para evitar confusão e para manter um lembrete daquilo que vai ser feito e a sequência que irá requerer. O plano de tratamento deve incluir (1) o modelo de diagnós- tico com os preparos bucais e o projeto da prótese demarcado nele; (2) uma ficha mostrando o projeto proposto e o trata- mento planejado para cada pilar; (3) uma ficha de trabalho mostrando todo o tratamento envolvido que permitirá uma breve revisão e a checagem de cada passo já concluído com o progresso do trabalho; e (4) um registro do orçamento dado para cada fase do tratamento que pode ser excluído da lista ao ser registrado no cadastro permanente do paciente. Usam-se marcações feitas com lápis vermelho no modelo de diagnóstico para indicar a localização dos descansos (Figura 11-14). Embora não seja necessário o preparo de áreas de descanso no modelo de diagnóstico, aconselha-se ao estudante novato que tenha isso feito antes de prosseguir na alteração dos dentes pilares. Isto se aplica igualmente aos preparos das coroas e das restaurações nos dentes pilares. É aconselhável, no entanto, mesmo para o dentista mais experiente que tenha aparado os dentes no modelo de gesso com a lâmina do delineador onde quer que se precise fazer redução do dente. Isto identifica não só a quantidade a ser removida em uma dada área, mas também em qual plano se deve preparar o dente. Por exemplo, pode ser preciso recontornar uma superfície proximal somente A B no terço superior ou no terço médio para estabelecer um plano-guia que será paralelo ao eixo de inserção. Este não é normalmente paralelo ao eixo longo do dente, e se instrumento giratório for colocado o contra a lateral do dente, o ângulo de superfície existente será mantido, evitando assim a necessi- dade de estabelecer um novo plano que seria paralelo ao eixo de inserção. É possível usar a lâmina do delineador, que representa o eixo de inserção, de forma vantajosa para aparar a superfície do dente pilar sempre que aparecer uma marca vermelha. A super- fície resultante representa a quantidade de dente a ser removida na boca e indica o ângulo que se deve segurar a peça de mão. A superfície cortada no dente do modelo de gesso não está nova- mente marcada com lápis vermelho, mas está delineada em lápis vermelho para que se localize corretamente a área que deverá ser preparada. É preciso usar algum método de registro da relação do modelo com o braço vertical do delineador para que se possa retornar o modelo ao delineador como referência futura, especialmente durante os preparos de boca. O mesmo se aplica à necessidade de retornar qualquer modelo de trabalho ao delineador para enceramento e recorte dos padrões de cera, aparar bloqueios no modelo-mestre ou posicionar os braços dos grampos em relação às áreas retentivas. Obviamente, a base recortada variará com cada modelo; por isso, gravar a posição da mesa do delineador não tem valor algum. Se tivesse, seria possível incorporar calibragens à mesa do delineador, o que permitiria o restabelecimento da mesma posição. Em vez disso, a posição de cada modelo precisa ser estabelecida separadamente e qualquer registro de posição aplica-se somente àquele modelo. Dos diversos métodos, dois parecem ser os mais convenien- tes e exatos. Um método é colocar três pontos amplamente divergentes com a ponta de um marcador de grafite na super- fície de tecido gengival do modelo com o braço vertical do delineador em uma posição travada. Preferivelmente, não se deve colocar estes pontos nas áreas do modelo envolvidas no desenho da estrutura. Os pontos devem estar circundados com um lápis colorido para uma fácil identificação. Quando o modelo retornar ao delineador, será possível incliná-lo até que a ponta da lâmina do delineador ou da ponta de diagnóstico toque novamente os três pontos no mesmo plano. Essa aborda- gem, que produzirá a posição original do modelo e, assim, o eixo de inserção original, é conhecida como tripoidismo do modelo (Figura 11-15). Alguns dentistas preferem fazer peque- nas marcas redondas no modelo na posição dos pontos do tripé para preservar a orientação do modelo e para transferir esta relação ao modelo refratário. Haste de carbono substituída para marcar a altura do contorno (também chamada de linha-guia equatorial) A D C B O segundo método é marcar os dois lados e a face dorsal da base do modelo com um instrumento afiado segurado contra a lâmina do delineador (Figura 11-15). Quando se inclina o modelo até que todas as três linhas estejam novamente paralelas à lâmina do delineador, a posição original do modelo pode ser restabelecida. Felizmente, as linhas riscadas serão reproduzidas em qualquer duplicação, permitindo assim qualquer molde duplicado se relacionar com o delineador de uma maneira semelhante. Enquanto não se pode fazer um modelo de diag- nóstico e um modelo-mestre para serem intercambiáveis, um modelo refratário, que é uma duplicação do modelo-mestre, pode ser reposicionado no delineador a qualquer momento. É preciso advertir ao técnico para não recortar os lados do modelo no recortador de modelos e, desse modo, perder as marcas de referência para o reposicionamento. É preciso lembrar que reposicionar um modelo em um deli- neador em qualquer momento pode envolver certa quantidade de erro humano. Estimou-se que um erro de 0,2 mm pode ser antecipado quando se reposiciona um modelo pelo método do tripoidismo. Esse erro de reposicionamento pode influenciar na colocação adequada da cera de bloqueio e pode resultar na colocação ineficaz dos retentores diretos nas áreas retentivas predeterminadas e contatos impróprios dos conectores menores com os planos-guia. Consequentemente, é preciso fazer o repo- sicionamento do modelo ao delineador utilizando qualquer método com grande cuidado. É preciso delinear o modelo-mestre como um novo modelo, mas as superfícies proximais de planos-guia preparadas indica- rão a inclinação anteroposterior correta. Alguns acordos podem ser necessários, mas a quantidade de superfícies de planos-guia remanescentes após o bloqueio deve ser máxima para cada dente. Não se consideram como parte da área de plano-guia as áreas acima do ponto de contato com a lâminado delineador nem as áreas de cortes gengivais, que serão bloqueadas. A inclinação lateral será a posição que fornecerá áreas reten- tivas iguais em todos os pilares principais em relação ao desenho de grampo planejado. É preciso considerar fatores de flexibilidade, inclusive a necessidade de flexibilidade extra em pilares de extensão distal, quando se está decidindo o que fornecerá igual retenção em todos os dentes pilares. Por exemplo, deve-se ponderar o uso do grampo de retenção fundido circunferencial ou tipo barra no dente suporte em um desenho tipo Classe II contra uma retenção de fio de aço calibre-18 em um pilar distal somente se o grampo fundido mais rígido abraçar uma porção menor do que o braço do grampo de fio de aço. Portanto, o grau de retenção sozinho não asse- gura uma retenção relativamente igual, a menos que se usem os braços do grampo de igual comprimento, diâmetro, forma e material. A interferência bruta deverá ter sido eliminada durante o preparo bucal. Assim, para um dado eixo de inserção que fornece planos-guia e retenção equilibrada, qualquer interfe- rência restante precisa ser eliminada com bloqueio. Se os pre- paros bucais tiverem sido adequadamente planejados e executados, os alívios restantes a serem bloqueados devem ser mínimos. A base do modelo está agora marcada ou o modelo está com o registro do tripodismo (três pontos) como descrito previa- mente. É possível, então, substituir a lâmina do delineador ou a ponta de diagnóstico por uma ponta grafite, e podem-se deli- near os contornos da altura da convexidade de cada dente pilar e tecido mole. De igual modo, deve-se indicar com o grafite quaisquer áreas de interferência nas partes rígidas da estrutura durante o assentamento e a remoção para que se possa localizar áreas de retenção ou alívio. É importante descartar os grafites que ficarem, mesmo que levemente desgastados pelo uso. Um grafite desgastado (afilado) indicará alturas de contornos mais oclusalmente localizadas do que aquelas que de fato existem. O grafite deve estar paralelo ao eixo vertical do delineador (Figura 11-16). Deve-se sempre verificar a ponta de diagnóstico para assegurar que este não esteja curvado ou distorcido. Usa-se o delineador com o modelo-mestre (ou de trabalho) por duas razões: (1) para delinear a altura do contorno dos dentes pilares para localizar os braços dos grampos e também para identificar a localização e a magnitude das áreas retentivas; e (2) para livrar o bloqueio de qualquer interferência que interfira na colocação e na remoção da prótese. As áreas envolvidas são aquelas que partes rígidas da estrutura da prótese cruzarão no eixo de inserção. É preciso medir e marcar no modelo-mestre a localização exata que as extremidades dos grampos retentivos irão ocupar (Figura 11-17). É possível medir essas áreas com um instru- mento de calibragem, como aqueles fornecidos pelos delinea- dores Ney e Jelenko. A quantidade de retenção é medida em centésimos de polegada, com os instrumentos permitindo medidas até 0,76 mm (0,03 polegada). Teoricamente, a quanti- dade de retenção usada pode variar com o grampo que será usado, até no máximo 0,76 mm (0,03 polegada). No entanto, calibragens de 0,25 mm (0,01 polegada) são frequentemente adequadas para retenção em retentores fundidos. A retenção por meio de fios de aço pode seguramente usar até 0,51 mm (0,02 polegada) sem induzir torque indesejável no dente pilar, desde que o braço retentivo do fio seja longo o suficiente (pelo menos 8 mm). O uso de 0,76 mm (0,03 polegada) raramente é justificável (se alguma vez é) com qualquer grampo. Quando se requer maior retenção, como quando dentes pilares permane- cem somente em um lado da arcada, é melhor que se usem pilares múltiplos, em vez de aumentar a retenção em apenas um único dente. Quando se direciona uma fonte de luz para o dente que está sendo delineado, torna-se visível um triângulo de luz. Delimita- - se o triângulo por meio da superfície do dente pilar em um lado e da lâmina do delineador no outro, sendo o ápice o ponto de contato na altura da convexidade e a base do triângulo sendo os tecidos gengivais (Figura 11-18). A retenção será determinada pela (1) magnitude do ângulo de convergência cervical abaixo do ponto de convexidade; (2) pela profundidade na qual se coloca a extremidade do grampo no ângulo; e (3) pela flexibilidade do braço do grampo. A aplicação inteligente de grampos com desenhos diversos e suas relativas flexibilida- des é mais importante do que a habilidade de calibrar a retenção com precisão exata. Após esta etapa é possível desenhar o projeto final no modelo-mestre com um lápis fino de cera, preferivelmente um que não saia durante a duplicação. O grafite normalmente se mexe na duplicação, mas algumas marcações feitas com lápis de cera resistirão à duplicação sem borrar nem transferir. Dimen- sionar e pulverizar o modelo-mestre para proteger tais marca- ções de lápis não é normalmente aconselhável, a menos que seja feito com extremo cuidado para evitar obliteração dos detalhes da superfície. A B Após estabelecer o eixo de inserção e a localização de áreas de retenção no modelo-mestre, é preciso eliminar com o bloqueio quaisquer áreas retentivas que serão cruzadas por partes rígidas da prótese (que são todas as partes da estrutura da prótese exceto as extremidades do grampo retentivo). Em um sentido mais amplo do termo, bloqueio não inclui somente as áreas cruzadas pela estrutura da prótese durante a inserção e a remoção, mas também (1) aquelas áreas não envolvidas que são bloqueadas por conveniência; (2) as bordas em que serão colocadas os enceramentos dos grampos; (3) o alívio abaixo dos conectores para evitar com- pressão do tecido; e (4) o alívio para fornecer o encaixe da base da prótese à estrutura. Saliências ou degraus (bloqueio com formato) podem ou não ser usados para localizar os enceramentos dos grampos (Figura 11-19). Contudo, não se deve confundir isto com o verdadeiro bloqueio de áreas retentivas que ofereceriam interferência na instalação da estrutura da prótese. Somente a última é feita no delineador, com a lâmina do delineador ou o estilete do diagnóstico usados como um dispositivo de paralelismo. Pode-se usar satisfatoriamente a colocação de cera rígida como material de bloqueio. É facilmente aplicada e aparada com a lâmina do delineador. Facilita-se o aparamento aque- cendo levemente a lâmina do delineador com uma lampa- rina de álcool. Embora seja verdade que qualquer cera derreterá mais rapidamente que uma mistura de argila com cera se a temperatura do material de duplicação estiver muito alta, deve-se presumir que o material de duplicação não será usado em uma temperatura tão elevada. Se a tem- peratura do material de duplicação for alta o suficiente para causar dano ao bloqueio de cera, podem ocorrer outras dis- torções e a duplicação será imprecisa. O bloqueio paralelo é necessário para as áreas cervicais às superfícies de plano-guia e para todas as áreas retentivas que BA os conectores maiores e menores cruzarão. Outras áreas que devem ser bloqueadas por conveniência ou para evitar difi- culdades na duplicação devem ser bloqueadas com lâminas de cera rígida ou argila de moldagem a óleo (argila de mol- dagem para artista). Tais áreas incluem as faces vestibulares e as áreas retentivas vestibulares que não estão envolvidos no desenho da prótese e as áreas sublinguais e distolinguais além dos limites do desenho da prótese. Estas são bloqueadas arbi- trariamente com lâminas de cera rígida ou argila, mas por não terem nenhuma relação com o eixo de inserção, elas não requerem o uso do delineador. Não é indicado o uso da argila de moldagem quando se envolvem procedimentos de dupli- cação, pois a argila é solúvel em água. Por outro lado, as áreas que os conectores rígidos cru- zarão devem ser aparadas com a lâmina do delineador ou alguma outra ferramenta do delineador paralela ao eixode inserção (Figura 11-20). Isto impõe uma responsabilidade considerável ao técnico. Se o bloqueio não estiver suficien- temente aparado para expor as superfícies do plano-guia, os efeitos destes planos-guia, que o dentista estabeleceu cuidadosamente, serão anulados. Se, por outro lado, o técnico for excessivamente zeloso em paralelizar o blo- queio, é possível que o modelo de gesso se desgaste por meio do contato pesado com a lâmina do delineador. Embora o resultado da fundição da estrutura resultante do molde pudesse assentar no modelo-mestre sem interferên- cia, a interferência ocorreria no momento da instalação na boca. Isto tornaria necessário desgastar a estrutura metá- lica no momento da prova no paciente, o que não é somente uma operação indesejável e demorada, mas também uma que pode ter o efeito de obliterar as superfí- cies de planos-guia. As áreas retentivas do tecido que precisam ser bloqueados devem estar paralelas às áreas retentivas bloqueadas dos dentes. A diferença entre bloqueio e alívio precisa ser clara- mente entendida (Figuras 11-21 e 11-22). Por exemplo, áreas retentivas de tecido que ofereceriam interferência ao assentamento de um conector do tipo barra lingual são bloqueados com cera de bloqueio e são aparadas paralela- mente ao eixo de inserção. Isto em si mesmo não necessaria- mente proporciona um alívio para evitar a compressão do tecido. Além de tal bloqueio, usa-se às vezes um alívio de espessura variante, dependendo da posição do conector, da inclinação relativa do processo alveolar e do efeito previsível da rotação da prótese. Deve-se supor que se fornecem reten- tores indiretos, como este, ou retenção indireta no desenho da prótese para impedir a rotação da barra lingual inferior- mente. Uma rotação vertical e para baixo das bases da A B prótese em volta de pilares posteriores coloca a barra ainda mais longe do aspecto lingual do processo alveolar quando esta superfície se inclina inferiormente e posteriormente (Figura 11-23). Nesses casos, obtém-se o alívio adequado dos tecidos moles adjacentes à barra lingual pelo acabamento e polimento iniciais da estrutura. Contudo, a rotação exces- siva vertical e para cima da barra lingual se chocará contra os tecidos linguais se o processo alveolar estiver quase verti- cal ou com corte para com o eixo de inserção (Figura 11-24). A região do modelo envolvendo a colocação proposta da barra lingual deveria, nessa situação, ser primeiro aliviada pelo bloqueio paralelo e depois por uma tira de cera calibre 32. Não se deveria usar cera de moldagem de baixa fusão, como a cera de moldagem verde da marca Kerr®, para esta finalidade: ela se funde muito facilmente durante a adapta- ção e pode ser afetada pela temperatura do material de duplicação. Deve-se usar cera de moldagem rosa, mesmo que seja difícil de adaptá-la uniformemente. Prefere-se uma cera de moldagem sensível a pressão e revestida de adesivo porque se adapta prontamente e adere à superfície do modelo. Qualquer cera, até do tipo adesivo, deve ser fundida nas bordas, por todos os lados, com uma espátula quente para impedir a sua soltura quando o modelo for umedecido antes ou durante a duplicação. Tendências de rotação horizontal da extensão distal man- dibular de próteses parciais removíveis levam a muitas das irritações de tecido vistas adjacentes a um conector maior lingual-mandibular. Normalmente é possível evitar estas irritações por meio do bloqueio de todas as áreas retentivas adjacentes à barra paralela ao eixo de inserção e, depois, a inclusão de componentes de estabilização adequados no desenho da estrutura para resistir à rotação horizontal. Um alívio judicioso do lado do tecido da barra lingual com rodas de borracha no local da irritação geralmente corrigirá a dis- crepância. Sob nenhuma circunstância deve-se ameaçar a rigidez do conector maior desgastando qualquer parte dele. Ainda outras áreas que requerem alívio são as áreas em que partes componentes cruzam a gengiva e as cristas gen- givais. É preciso proteger todas as áreas gengivais cercadas pela estrutura da prótese de possíveis compressões resul- tantes da rotação da estrutura da prótese. Cera dura de fundição pode ser usada para bloquear as cristas gengivais (Figura 11-21). A Tabela 11-1 demonstra as diferenças entre bloqueio para- lelo, bloqueio modelado, bloqueio arbitrário e alívio. Aplicam-se os mesmos fatores a ambas as arcadas, maxilar e mandibular, exceto que o alívio não é comumente usado abaixo de conectores maiores palatinos, como é com conectores do tipo barra mandibular-lingual, exceto quando não se pode contornar o tórus maxilar, ou quando se encontram rafes palatinas medianas elevadas. Exame do paciente; obtenção dos modelos de estudo e tratamento Prévio a Realização da PPR Perceber a importância de um bom exame clínico EXAME DO PACIENTE SAUDE Ao estudarmos este capitulo, devemos entender que o assunto, exame do paciente, deve ser abordado com maior profundidade no exame inicial (Geral – Anamnese) e através da análise do paciente como um todo poderemos identificar doenças pré-existentes. Esta identificação resulta na necessidade de obtermos um relacionamento multiprofissional (Ex. Médicos, Psicólogos, Fonoaudiólogos, Fisioterapeutas etc.) com o objetivo de amenizarmos algumas interferências que podem ocorrer no tratamento odontológico proposto. Já no exame específico iremos avaliar o paciente em relação ao aspecto atual da cavidade bucal, onde teremos a necessidade de mantermos um relacionamento interdisciplinar (Ex. Cirurgia, Endodontia, Dentística, etc) No exame Geral, queremos deixar claro que não é nossa pretensão abordarmos todas as doenças pré-existentes, mas algumas que são mais incidentes serão discutidas. DIABÉTES - CARACTERíSTICAS XEROSTOMIA - A falta de saliva provoca sintoma de boca seca, interfere na retenção de próteses mucosa suportadas e mucosa dento suportadas, a saliva altera o efeito tampão e seu Ph alterado(ácido) provoca uma maior incidência de cáries. FORMA/VOLUME - É alterada devido ao acúmulo de líquidos na submucosa quando o diabético se encontra descompensado provocando a alteração do volume da fibromucosa, por exemplo, moldagem funcional deve ser realizada quando o paciente diabético se encontra compensado evitando um desajuste da futura Prótese. MENOPAUSA - Alteração hormonal pode provocar ardor na abóboda palatina e dorso da língua DOENÇA REUMATOLÓGICA ( Artrites ) - geram alterações na ATM provocando problemas de oclusão. PACIENTES IRRADIADOS – Tratamentos de lesões em pacientes submetidos à radioterapia diminuem a quantidade de saliva (xerostomia), favorece a incidência de cáries, doenças periodontais, dificultando a utilização de próteses. Esses pacientes devem ser submetidos ao tratamento odontológico antes de iniciarem o tratamento com radiação. Obs.: a quantidade de estreptococos em pacientes portadores de próteses aumenta consideravelmente. A saliva como tem um efeito lubrificante, na sua falta, poderá provocar cisalhamento (atrito entre prótese e fibromucosa) causando pequenas ulcerações. As regiões ulceradas podem se tornar porta de entrada para uma endocardite em pacientes cardiopatas. IDADE DO PACIENTE Ainda no aspecto geral, a idade do paciente tem grande importância pois determina o tipo de procedimento. Exemplo: Mantenedores de espaço (Herbiatria) são próteses temporárias com o objetivo de preservar espaço até a fase adulta, momento que será indicado o tipo de prótese adequada. No idoso, devemos diferenciar o aspecto patológico do envelhecimento (Gerontológico). O exemplo que nos permite entender é boca seca de paciente idoso. Não podemos afirmar que o paciente idoso tem boca seca, mas podemos afirmar que o paciente idoso esta com a boca seca. No envelhecimento não existe esta relação de boca seca, mas a maioria de pacientes idosos que fazem uso de medicações como anti-depressivos, anti- hipertensivos,podem apresentar sintomas de xerostomia. É muito importante conhecer como o ser humano envelhece, daí a Gerontologia (estudo do envelhecimento). Pacientes idosos, com alguma debilidade não devem ser submetidos a um tratamento odontológico prolongado, devemos adequar se possível a prótese já existente proporcionando uma melhora na função e do conforto. COMPORTAMENTO EMOCIONAL À medida que realizamos a anamnese, durante o exame geral, iremos identificar o comportamento emocional dos pacientes, fato de extrema importância no sucesso das próteses indicadas. Abaixo apresentamos alguns tipos de pacientes. CRÍTICO METÓDICO: relutante em aceitar o tratamento (exige explicações). O prognóstico será positivo se o profissional adotar procedimentos equilibrados, com inteligência e compreensão. HISTÉRICO: Temem o tratamento dentário, culpam os dentistas pelo estado da boca, e acham que ninguém pode ajudá-los. Prognóstico desfavorável. INDIFERENTE: Não se importam com a estética e acham que a prótese é desnecessária para a mastigação, não reconhecem o esforço do profissional. Dependendo do momento o prognóstico pode ser favorável ou desfavorável. EXAME CLÍNICO ESPECÍFICO • Visa analisar todas as estruturas e componentes do sistema estomatognático no que diz respeito às suas características anatômicas e funcionais. • Exame da ATM e dos músculos mastigatórios; • exame intra-bucal; • exame radiográfico completo No aspecto atual da cavidade bucal, durante o exame específico, devemos estabelecer uma avaliação dentária, periodontal, da área de suporte fibromucoso (rebordo) e do exame radiográfico. AVALIAÇÃO DENTAL Exame das arcadas dentárias direcionado para: -Suporte Dentário: Na avaliação dentária, devemos direcionar o exame clinico para avaliação da higiene, estado atual dos dentes, estado periodontal, quantidade e disposição dos dentes no arco dental. - Qualitativo: ( forma/ estado – relação coroa/raiz / implantação alveolar) Devemos avaliar o elemento dental no seu aspecto de integridade, que pode se apresentar parcialmente destruído, exigindo a sua restauração para receber de forma conveniente elementos da PPR. A relação coroa/raiz é fundamental para um bom pilar, não poderemos selecionar dentes cuja implantação alveolar se apresente em desvantagem em relação à coroa dental. Exemplo: raízes menores que as coroas dentais, dentes extruídos, inclinados com mobilidades devem ser avaliados. - Quantitativo: ( No. de dentes) Em relação aos números de dentes suporte remanescentes, o prognóstico de uma PPR será mais favorável quanto maior for o número de dentes presentes no arco parcialmente edentado. Periodonto: - Exame radiográfico: Cáries – periodontopatias – endodontias – raízes – áreas desdentadas - dentes inclusos – focos de infecção – qualidade do tecido ósseo. Suporte Mucoso (Exame área de suporte fibromucoso - Rebordo) - Fibromucosa :-Para avaliarmos a área de suporte fibromucoso(Rebordo) devemos compreender o conceito de resiliência. Resiliência: É a capacidade do tecido fibromucoso se deformar e voltar a sua posição inicial depois de cessado o estímulo. Se o fato ocorrer, podemos afirmar que o rebordo se apresenta em boas condições, fato citado na literatura como o melhor tipo de suporte fibromucoso (Resiliente). A fibromucosa pode se apresentar com outros aspectos como lisa e dura, e flácida. A fibromucosa do tipo lisa e dura pouco se deforma com uma resiliência baixa, classificando-se como o pior tipo de suporte fibromucoso. Finalmente o tecido fibromucoso flácido, que apresenta uma camada espessa de tecido fibromucoso oriundas de reabsorções ósseas mostra-se inadequado, necessitando de alívios evitando modificações da superfície anatomica durante a moldagem na obtenção dos modelos. Quando estivermos diante de fibromucosas com alto grau de flacidez, recomenda-se a sua remoção (Cirurgia). Fibromucosa - Resiliente: - Lisa e Dura: - Flácida: Forma do Rebordo - Triangular: – Quadrado: – Oval: Altura do rebordo - Normal - Alto - Reabsorvido - Misto Inclinação do rebordo - Horizontal : Comportamento biomecânico da prótese é favorável. - Ascendente distal: Melhor tipo de rebordo para receber a ação das cargas mastigatórias. - Descendente distal: Pior tipo de rebordo para receber a ação das cargas mastigatórias Analise Funcional da Oclusão - (PO) - (MIC) - Guias de desoclusão : Lado de Trabalho/Lado de Balanceio - Plano oclusal - Dimensão vertical de oclusão - Bruxismo Análise das próteses existentes - Análise intrabucal: Oclusão biomêcanica, suporte, retenção, estabilidade, elementos constituintes e estética. - Análise extrabucal: Aparência facial, seleção dos dentes artificiais e opinião do paciente. Modelos de Estudo A análise dos modelos de estudo deve ser uma reprodução detalhada de aspectos que nos auxiliem potencialmente no diagnóstico e plano de tratamento , auxilie no exame intra-oral, análise topográfica, apresentação ao paciente (Necessidades), como orientador do preparo de boca, Planejamento e desenho da PPR, confecção de moldeiras individuais etc. Especificamente: - Determinação da trajetória de inserção - Delineamento - Perpetuação da trajetória - Confecção da guia de inserção - Localização dos retentores diretos - Planos de Guia - Localização dos 0.25 das áreas retentivas ( calibradores ) - Localização dos apoios Tratamento Prévio à PPR Preparo de boca é o conjunto de procedimentos clínicos e laboratoriais com a finalidade de construir uma PPR confortável e duradoura para o paciente, envolvendo a Estética, Fonética, Função mastigatória restabelecendo o equilíbrio do Sistema estomatognático proporcionando, conforto e o mais importante, preservando os dentes remanescentes. Para iniciarmos este plano de tratamento, devemos estabelecer algumas prioridades: 1ª. Fase: Devemos realizar alguns procedimentos curativos, equacionarmos a saúde das estruturas Remanescentes,envolvendo algumas áreas interdisciplinares como por exemplo: Cirurgia, Endodontia, Dentistica e etc, estabelecendo uma ordem de conveniência. Estes procedimentos realizados são chamados também de Preparo de Boca I. 2ª. Fase: Nesta fase, iremos efetuar uma série de procedimentos diretamente relacionados à Reabilitação Protética dos dentes, cuja finalidade é receber posteriormente a Prótese Parcial Removível. Estes procedimentos envolvem diretamente o preparo dos dentes para receber a PPR. Exemplos: coroas fresadas, preparo de descansos, determinação do eixo de inserção, equador protético enfim procedimentos que melhoram a biomecânica da PPR. Esta fase é denominada também de preparo de Boca II. Plano de Tratamento Integrado-Fase Curativa ( Preparo de Boca I ) - Emergências – Dor e/ou estética. Muitos pacientes que utilizam prótese parcial removível necessitam de algumas intervenções cujo objetivo é adequarmos a boca do paciente frente a algumas inflamações e irritações da mucosa da área chapeável. Não podemos comprometer o planejamento da futura PPR sem antes corrigirmos estas alterações. - Exodontias – Devem ocorrer no inicio do tratamento, sendo contraindicadas tentativas heroicas de salvar dentes seriamente comprometidos ou com prognóstico duvidoso não servindo com dente pilar de PPR. - Cirurgias – Intervenções planejadas através de exames clinico e exames complementares (Radiografias)onde podemos encontrar raízes residuais, dentes impactados, cistos e tumores odontogênicos, exostoses e tórus, tecidos hiperplásicos, inserções musculares e freios, espículas ósseas e etc. - Endodontias – Dentes, cuja imagem radiográfica detecte lesões, cáries profundas, dentes tratados endodonticamente, porém de forma inadequadas, podem comprometer futuramente todo o planejamento, devem ser tratados e retratados.- Dentística – De posse dos modelos de diagnósticos (Estudo), exame clinico intrabucal e exames complementares (RX), o dentista esta apto a iniciar o preparo dos dentes remanescentes cariados ou com infiltrações. Esta fase podemos denominar de fase 01 ou Preparo de Boca 1. Já o preparo dos dentes pilares cujo objetivo é receber os descansos é denominado de fase 02 ou Preparo do Boca 2. - Ortodontia – Algumas correções devem anteceder à confecção de PPR, vislumbrando no futuro uma relação de oclusão funcional satisfatória e uma estética favorável com um único objetivo de estabelecer um equilíbrio do sistema estomatognático e facilitar o planejamento das PPRs. - Periodontia – O tratamento da doença periodontal realizado antes da confecção da PPR apresenta algumas vantagens: a)Eliminação da doença periodontal (fator causal da perda dentária); b) Periodonto livre de doença apresenta um ambiente melhor para correção restauradora; c) A resposta de elementos dentais estratégicos, porém questionáveis ao tratamento periodontal podem dar uma importante oportunidade para reavaliarmos seus prognósticos antes da decisão final. Plano de Tratamento Integrado-Fase Protética (Preparo de Boca II) Analise funcional da oclusão. ( Montagem em Articulador ) - Delineamento - Eixo de inserção - Planos guias - Descansos ( Aplicação Direta /Indireta ) - PPF conjugadas ( Fresagens ) - Contenções - Retentores intra-coronários - Implantes Classificação dos casos de pacientes parcialmente desdentados Aprender as classificações dos arcos parcialmente desdentados A classificação dos arcos desdentados é importante pelas seguintes razões: • Finalidade didática - Facilita ao estudante determinar a solução mais indicada para os casos de uma mesma classe de uma forma geral; • Comunicação Inter-profissional – Possibilita a comunicação entre dentista e entre o técnico laboratorial e o dentista; • Modelo universal de trabalho - O desenho/planejamento base de uma classificação com o acréscimo de pequenas variações pode ser aplicada a todos os casos de uma mesma classe. Existem diversos tipos de classificações, as mais conhecidas são: Kennedy, Cummer, Wild, Beckett, Godfrey, Swenson, Friedman, Wilson, Skinner, Applegate, Avant, Miller e Outros Requisitos de um Método de Classificação ideal A classificação das arcadas parcialmente desdentadas deveria satisfazer os seguintes requisitos: 1. Possibilitar uma visualização imediata do tipo de arcada parcialmente desdentada que está sendo considerada; 2. Possibilitar a diferenciação imediata entre a prótese dentossuporta da e dentomucosossuportada; 3. Ser universalmente aceita; 4. Simples e abrangente. A classificação de Kennedy é a classificação mais amplamente aceita de arcadas parcialmente desdentadas. Com o objetivo de simplificar o problema e encorajar uma utilização mais universal de uma classificação, e no interesse de comunicação adequada, neste capítulo e no curso de prótese parcial removível da Uninove utilizaremos dois tipos de classificação: a classificação pelas vias de transmissão de força e a classificação de Kennedy. Classificação pelas Vias de Transmissão de Força A classificação pelas vias de transmissão de força é a classificação mais antiga e leva em consideração a biomecânica de como a força mastigatória é transmitida da PPR às estruturas de suporte. - Dento suportada: A PPR é suportada apenas pelos dentes suporte, ou seja, toda carga mastigatória é transmitida para o osso através dos dentes. - Dento-muco-suportada: A maior parte da força mastigatória é transmitida para o osso pelos dentes suporte e uma menor parte é transmitida pela fibromucosa. - Muco-dento-suportada: A maior parte da força mastigatória é transmitida para o osso pela fibromucosa e uma menor parte é transmitida pelos dentes suportes As próteses dento-suportadas são próteses reabilitadoras de espaços intercalares. As próteses dento-muco-suportadas, geralmente, são próteses reabilitadoras de espaços protéticos de extremidades livres unilaterais pequenos. As próteses muco-dento-suportadas, geralmente, são próteses reabilitadoras de espaços protéticos de extremidades livres bilaterais de médio à extensos. Prótese dentosuportada Fonte: Prótese dento-muco-suportada Fonte: Prótese muco-dento-suportada Fonte: Classificação de Kennedy O método de classificação de Kennedy foi originalmente proposto pelo Dr. Edward Kennedy em 1925. A classificação de Kennedy toma como base a topografia da arcada, por isso chamada de método topográfico, ou seja, toma como base a distribuição dos dentes remanescentes e dos espaços protéticos. Kennedy dividiu todas as arcadas parcialmente desdentadas em quatro classes básicas. Classe I – Desdentado posterior bilateral Classe II – Desdentado posterior unilateral Classe III – Desdentado intercalar Classe IV – Desdentado anterior cruzando a linha média A classificação de Kennedy não considera o numero de dentes presentes e nem a dimensão dos espaços desdentados. Classe I de Kennedy Classe II de Kennedy Classe III de Kennedy Classe IV de Kennedy No início a Classificação de Kennedy não abrangia todos os caso, por isso, em 1935, Applegate sugeriu algumas regras para a classificação de Kennedy. Essas regras foram bem aceitas e utilizadas até hoje. Regras de Applegate para a classificação de Kennedy 1- Deve ser posterior ao preparo da boca, visto que novas extrações poderá alterá-la; 2- Se o terceiro molar estiver ausente, e NÃO for reposto, a área desdentada não será levada em consideração; 3- Se estão presentes os terceiros molares e vão ser usados como suportes, devem ser considerados como suporte; 4- Regra válida para os segundos molares; 5- Áreas desdentadas mais posteriores determinam a classificação; 6- Áreas desdentadas adicionais são denominadas de modificações; 7- A extensão da modificação não é considerada, mas apenas o número de áreas desdentadas; 8- A classe IV não apresenta modificação. A classificação principal é determinado por números romanos e as modificações por números arábicos, exemplo: Classe III modificação 1. Classe III de Kennedy modificação 1 Classe II de Kennedy mod 1 Classe II de Kennedy mod 2 Classe III de Kennedy Mod 2 Elementos constituintes das PPRs Introduzir os componentes da PPR e sua função principal. Elementos Constituintes da PPR 1. Retentores 1. apoio 2. braço de retenção 3. braço de oposição 4. placa proximal 2. Conector Menor 3. Conector Maior 4. Sela 5. Dentes artificiais Retentores Os retentores serão os responsáveis por: a. Retenção – impedem que a Prótese se desloque no sentido gengivo - oclusal b. Suporte – Impedem que a Prótese se desloque no sentido ocluso – gengival c. Estabilidade – evitam que a Prótese se movimente lateralmente Retentores Diretos São aqueles que se relacionam diretamente com os dentes vizinhos ao espaço protético e que serão pilares da Prótese. Sua principal função é retenção e suporte. Retentores Indiretos São aqueles que se relacionam com os dentes distantes ao espaço protético. Sua principal função é de estabilização da Prótese. Dependendo de sua localização e de sua função um retentor pode ser classificado ao mesmo tempo em Retentor Direto e Retentor Indireto. Isto irá depender do planejamento dado pelo profissional ao caso em questão. Os retentores diretos ou indiretos podem ainda ser classificados como: Retentores extracoronários e intracoronários Retentor extracoronário retentor intracoronário Retentores Extracoronários São os retentores mais utilizados em geral, compostos por estruturas metálicas popularmente conhecidas como grampos. Estes retentores relacionam-se com as superfícies dentais, e executam a função de suporte, retenção e estabilidade atravésde componentes conhecidos como braço de retenção, apoio e braço de oposição, respectivamente. Os retentores extracoronários possuem ainda um outro componente denominado corpo. Apoio É o elemento responsável pelo suporte da PPR, impedindo que a mesma exerça ação de esmagamento sobre os tecidos gengivais que estão próximos aos dentes pilares. O apoio ainda exerce a função de transmissão das cargas mastigatórias sobre o longo eixo dos dentes pilares e evita a impacção alimentar. Os apoios, em geral estão alojados em cavidades preparadas sobre os dentes pilares, localizadas na maioria das vezes na crista marginal da superfície oclusal dos dentes posteriores ou no cíngulo dos dentes anteriores. Estas cavidades são conhecidas como nichos ou descansos e devem ser preparadas através de desgastes que englobem apenas o esmalte dos dentes pilares. Apoio Braço de Retenção dos Grampos O Braço de Retenção é o elemento constituinte dos grampos responsável pela retenção da PPR. Sua função é evitar que a Prótese se desloque no sentido gengivo – oclusal quando em função. Indiretamente são responsáveis também pela estabilidade da PPR. O Braço de Retenção, em geral, é confeccionado de tal maneira que no momento do assentamento da Prótese, seu terço final apresente elasticidade suficiente para ultrapassar o equador protético previamente estabelecido, de tal maneira que a retenção da prótese se dará pelo travamento desta porção do braço de retenção abaixo da região de maior perímetro do dente. Braço de retenção Braço de Oposição dos Grampos São braços rígidos, largos responsáveis pela estabilização do dente pilar e da PPR. Conferem estabilidade ao dente suporte, na medida em que anulam as forças exercidas pelo braço de retenção, quando seu terço final entra em contato com o equador protético. Neste momento, forças laterais surgem a fim de ativar a elasticidade do braço retentor, as quais devem ser anuladas pelo braço de oposição, evitando assim, que exista torque sobre o dente suporte, o que resultaria em desequilíbrio funcional e consequente mobilidade futura. Os braços de oposição, em geral, estarão em contato com áreas planas, preparadas nas faces palatinas e linguais dos dentes suporte. Braço de oposição Corpo Retentor É o elemento responsável pela união dos apoios e os braços de retenção e oposição entre si. Será responsável também pela união entre o grampo e o conector menor. Retentores Intracoronários São os retentores confeccionados através de componentes que se encaixam através do sistema macho-fêmea e que estão interligados com coroas que reconstroem os dentes suporte. Estes encaixes são conhecidos como attachment e apresentam a porção fêmea confeccionada internamente na coroa e a porção macho ligada à armação metálica ou vice versa. Este tipo de retentor não se utiliza de grampos para exercer a função de retenção, sendo mais estéticos. Podem ser classificados como encaixes de precisão ou de semi-precisão. De acordo com o caso, estes retentores intracoronários poderão ser: Rígidos – utilizados em casos de PPR dento-suportados Semi-Rígidos – utilizados em ca sos de PPR dento-muco ou muco-dento suportadas. CONECTOR MAIOR Os conectores maiores são barras de metal que unem todas as estruturas da PPR bilateralmente. Deve ser rígido e respeitar os tecidos bucais subjacentes. Irá distribuir uniformemente os esforços incididos sobre a PPR. Conector maior CONECTOR MENOR Os conectores menores, por sua vez, são pequenas barras metálicas responsáveis por unir os retentores à sela e, muitas vezes, ao conector maior. Sela As selas são as estruturas da PPR responsáveis pela união dos dentes artificiais com a armação metálica. Biomecanicamente irão, nos casos dento-muco e muco-dento suportados, transmitir os esforços mastigatórios ao rebordo do paciente. Caso o paciente a ser rebilitado pela PPR apresente grande perda óssea na região edentada, as selas poderão, ainda, devolver o preenchimento labial, satisfazendo os requisitos de conforto, estética e fonética. As selas podem ser: Metálicas – o contato com a fibromucosa é realizado por uma base metálica (são utilizadas em geral para substituir apenas um dente) Metaloplásticas – quando o contato com a fibromucosa é misto, ou seja, será realizado pela resina acrílica, fixada à prótese por retenções na armação metálica. Plásticas – utilizadas em PPRs provisórias, onde não existe armação metálica. Dentes Artificiais Irão substituir a estética, a função mastigatória e fonética dos dentes que foram perdidos pelo paciente, devolvendo à arcada dental a normalização das suas curvas funcionais. Podem ser confeccionados em diversos tipos de materiais como porcelana e resina acrílica. Serão fixados à sela da PPR. Sela e dentes artificiais Delineadores e Delineamento Aprender sobre o principal aparelho para o planejamento de PPR e suas funções Introdução As PPR são próteses que podem ocasionar danos aos tecidos bucais e aos dentes suporte caso sejam mal planejadas. Isto ocorre devido à característica rígida da armação. Esta rigidez faz com que seja necessário que as estruturas com as quais os componentes da PPR irão se relacionar e estar em íntimo contato, estejam paralelas entre si e a trajetória de inserção e remoção da prótese. A trajetória de inserção e remoção de uma PPR é o caminho percorrido pela prótese desde o primeiro contato de suas partes rígidas com os dentes suporte até a sua posição de assentamento final. A trajetória de inserção ideal é aquela em que exista retenção balanceada, menor desgaste dos dentes suporte, menor quantidade de interferências durante o assentamento e proporcionando um posicionamento adequado e estético dos componentes da PPR. O instrumento utilizado para determinar qual a melhor trajetória de inserção para cada planejamento de PPR é o delineador. Definição Delineador é o aparelho utilizado para determinar o paralelismo entre duas ou mais superfícies dentais ou estruturas biológicas adjacentes de interesse protético. (DI Fiori, 1993) Delinear é o procedimento utilizado para estudar o paralelismo ou sua falta entre as superfícies de um mesmo dente, entre os dentes suporte e entre os dentes e o rebordo. Partes Constituintes de um Delineador Delineador Haste Vertical Móvel É nela que serão fixadas as diversas pontas acessórias. Representa a trajetória de inserção Platina A platina será onde os modelos serão fixados para se estudar a trajetória de inserção ideal e para se fazer o delineamento. Permite que o modelo seja inclinado nos sentidos antero-posterior e látero-lateral livremente. A relação entre a inclinação da platina e a haste vertical móvel, representará a Trajetória de inserção da PPR. Pontas acessórias Existem quatro tipos de pontas acessórias Porta grafite (Delineadora) – substitui a ponta analisadora e seu paralelismo com a haste vertical móvel. Permite que o equador protético seja demarcado graficamente. Analisadoras – são cilíndricas e representam a continuação da haste vertical móvel. Calibradores – Permitem determinar onde o terminal retentivo do braço de retenção irá se assentar e o grau de retenção presente nesta posição. Em geral possuem três tamanhos distintos, cada um relacionado a um tipo de material a ser utilizado para a confecção da armação. São eles: 0,25 ou 0,01 polegada – Ligas de CoCr, 0,50 0u 0,02 polegada – Ligas de Au 0,75 ou 0,03 polegada – Fios trefilados Faca para recorte – São pontas utilizadas para a análise e a confecção dos planos guias. Possuem cortes laterais ou em sua ponta ativa, dependendo do modelo. Pontas acessórias - porta grafite, analisadora, três calibradores, duas facas Braçadeira Permite que a peça reta seja acoplada ao delineador, em posição paralela à haste vertical móvel.Braçadeira - Suporte para peça reta Princípios Matemáticos dos delineadores Os delineadores seguem o princípio matemático que define que: “ As linhas perpendiculares a um plano são paralelas entre si. ” Deste modo e considerando que a haste móvel estará perpendicular à base do delineador, pode-se afirmar que todas as posições no espaço em que a haste móvel seja posicionada serão paralelas entre si. Se levarmos esta afirmação para o modelo do paciente, podemos afirmar que se duas estruturas de suporte (dentes, por exemplo) forem paralelas à haste móvel do delineador, serão paralelas entre si, também. Se considerarmos um dente unitário e posicionarmos o seu longo eixo perpendicular ao plano horizontal, poderemos descrever a linha em que o porta grafite toca a área mais bojuda do dente, a qual será denominada de equador dentário. Todas as áreas acima desta linha serão expulsivas e todas as áreas abaixo desta linha serão retentivas. Representação das áreas expulsivas e retentivas em um dente - Equador Dentário No momento em que posicionamos o modelo do paciente na platina e inclinamos a mesma em qualquer posição, estaremos mudando a posição dos dentes do paciente em relação à base do delineador. Para cada inclinação em que a platina é posicionada, poderemos encontrar uma área de tangência máxima para cada dente, a qual receberá a denominação de equador protético. Da mesma maneira que o equador dentário, o equador protético irá determinar áreas expulsivas e retentivas para àquela determinada inclinação. A partir do momento em que se muda a inclinação da platina, cria-se um novo equador protético e novas áreas retentivas e expulsivas, consecutivamente. Equador protético Função dos delineadores As principais funções dos delineadores são: • Determinação da trajetória de inserção • Localização de interferências • Determinação e localização da necessidade de planos guia • Indicação e localização dos terminais retentivos • Localização das áreas de alívio • Posicionamento dos encaixes de precisão e semi-precisão Determinação da trajetória de Inserção Método Seletivo de Applegate ou das tentativas De acordo com este método, a trajetória de inserção baseia-se no equilíbrio das retenções, nos planos guia, nas interferências e na estética. Será escolhida a inclinação da platina em que se obtenha o menor desgaste de dentes para a confecção dos planos guia, a melhor localização e obtenção da retenção necessária, a menor interferência com o rebordo e a melhor estética (nos casos anteriores). Equilíbrio das retenções Sabendo-se que o terço final do braço retentivo do grampo é a única parte da armação da PPR que deve ficar abaixo do equador protético, e que, dependendo do material escolhido para a confecção da armação, devemos achar uma quantidade de retenção pré-definida, a melhor trajetória de inserção será aquela que encontrar a melhor posição para o assentamento do terço final do braço de retenção. Além disso, esta trajetória deverá encontrar ou criar retenção em todos os dentes que servirão de retentores diretos para a PPR, de maneira equilibrada. Ao se pré-determinar uma trajetória de inserção, deve-se delinear o modelo por completo e posteriormente, analisar-se todas as faces dos dentes, verificando-se a posição do equador protético, a presença, a quantidade e a localização de retenção. Além disso, deve-se analisar ambos os lados da arcada em conjunto para verificar se existem equilíbrio de retenção entre os diferentes dentes suporte da PPR. Caso a trajetória de inserção pré-determinada não ofereça os requisitos descritos acima, deve-se destravar a platina e determinar uma nova trajetória, até se encontrar aquela que ofereça a maior quantidade de requisitos relacionados ao equilíbrio das retenções. Algumas situações podem ocorrer, no momento de escolha da trajetória de inserção, baseando-se no equilíbrio das retenções. Podemos, por exemplo, encontrar uma trajetória em que o equador protético esteja muito “alto” em relação ao dente. Isto aumenta as chances de que, no momento em que a prótese for inserida, sejam gerados componentes horizontais de força, o que poderá ocasionar mobilidade ao dente suporte e desconforto no futuro. Ao se encontrar tal situação, deve-se procurar uma nova trajetória, movimentando-se a platina em outra inclinação, na tentativa de deixar o equador protético “mais baixo” em relação ao dente. Uma outra situação, também pode ser encontrada, quando ao se pré-determinar a trajetória de inserção, o equador protético esteja muito baixo, em relação ao dente suporte. Isto irá determinar uma trajetória de pouca retenção, a qual deve ser modificada para se encontrar uma trajetória que apresente um equador protético mais “alto” e que ofereça mais retenção para o grampo da PPR. Ao se modificar a inclinação da platina e determinar-se uma nova trajetória de inserção, deve-se ter consciência de que a nova inclinação, modificará a posição do equador protético de todos os dentes em ambos os lados da arcada. Deste modo, nem sempre o favorecimento do equador a um dente favorece aos outros dentes e ao rebordo desdentado. Quando isto acontece, o profissional deverá analisar o planejamento e muitas realizar procedimentos como o desgaste das faces em que estará localizado o braço retentivo (com o propósito de localizar o equador protético em uma posição mais cervical) ou acrescentar resina nesta mesma face (com o propósito de posicionar o equador protético mais próximo da face oclusal do dente). Ao se encontrar a posição em que se alcance o equilíbrio de retenção entre ambos os lados da arcada e o melhor posicionamento dos braços retentivos, deve-se fixar a platina e iniciar a análise dos outros fatores que irão determinar a trajetória de inserção ideal. Planos Guia Ao se analisar a trajetória de inserção de uma PPR, devemos encontrar a inclinação na qual, os preparos de plano guia sejam confeccionados desgastando-se a menor e mais equilibrada quantidade de estrutura dentária dos dentes suporte possível. As principais funções dos planos guia são: • Guiar a prótese quando do assentamento e retirada de acordo com a trajetória de inserção • Irá impedir a tentativa de introdução da PPR em uma direção diferente à trajetória de inserção. • Ativação elástica do grampo • Eliminar forças tangenciais nocivas aos dentes suporte • Aumentar a estabilidade da Prótese • Retenção adicional através da criação de uma superfície friccional • Impedir a retenção ou impacção alimentar Interferências dentárias e Fibromucosas Ao se escolher a trajetória de inserção ideal, devemos considerar aquela que também evite que a PPR ao ser inserida atinja áreas de interferência dentária e de fibromucosa. As áreas de interferência dentária são todas as superfícies relacionadas às estruturas rígidas da prótese. A trajetória de inserção ideal, deve permitir que a PPR seja inserida em uma única trajetória, sem nenhuma tentativa de movimento de inserção ou remoção diferente daquele estabelecido. Caso o paciente necessite modificar a direção da inserção da PPR devido às interferências dentárias, deve-se realizar desgastes que eliminem estas interferências. Se estes desgastes forem extensos e nocivos para o dente em questão, será necessário modificar a trajetória de inserção. As áreas desdentadas também podem causar interferência sobre a inserção e remoção da PPR. É muito comum nos casos de extremidade livres e nos casos de desdentado anteriores que o rebordo remanescente interfira com a trajetória de inserção. Se este detalhe não for considerado, os tecidos poderão ser lesionados no momento de inserção e remoção da PPR. Estética O posicionamento dos grampos de retenção também deve ser considerado na escolha da trajetória de inserção ideal. Se possível, os grampos deverão ser posicionados de maneira que não estejam tão aparentes quando o paciente estiver utilizandoa Prótese Removível. O requisito estético, porém, não deve ser o principal no momento de escolha da trajetória de inserção. Será muito mais benéfico ao paciente uma prótese que respeite os princípios biológicos e não danifique ou cause forças danosas ao dente suporte, do que uma prótese extremamente estética e que em pouco tempo cause mobilidade e lesões às estruturas de suporte. Confecção de placa de transferência de trajetória de inserção de modelo para modelo Quando a trajetória de inserção ideal é encontrada, ela deverá ser registrada para que se possa enviar ao laboratório e para que o modelo possa ser posicionado corretamente futuramente, mesmo que tenha sido removido do delineador após o delineamento. Essa placa poderá devolver a trajetória para o mesmo modelo e para qualquer modelo obtido posteriormente da mesma arcada. Forma de realização da Placa de transferência: 1- Deve ser criada uma placa acrílica do tamanho do arco dentário. 2- Passar isolante dos dentes do modelo de estudo 3- Colocar resina acrílica em pequenas porções apenas na oclusal/incisal dos dentes. Três ou quatro dentes distantes entre si são suficientes para criar um plano e estabilizar a placa. A resina deve ser colocada na fase plástica em que não haja fácil escoamento da resina. Tomar cuidado para que a resina acrílica não abrace todas as faces dos dentes e que atinja as áreas retentivas. 4- Posicionar a placa sobre as porções de resina. A placa irá capturar a porção sobre os dentes. As porções sobre os dentes estão copiando a face oclusal e estabilizando a placa. 5- Fixar um prego no delineador e encostar sobre a placa. 6- Fixar o prego na placa com uma porção de resina acrílica. placa de transferência de trajetória de inserção placa de transferência de trajetória de inserção Referências KLIEMANN C., Oliveira W. Manual de Prótese Parcial Removível. São Paulo: Santos, 1999 Apoios e preparo de apoios Ensinar funções dos apoios e seus preparos Apoio - Definição É o elemento constituinte da PPR cujas funções principais são fixação e suporte da mesma. Fixação é a característica biomecânica da PPR em mantê-la na posição de assentamento final impedindo o movimento ocluso cervical da peça protética. Suporte é a característica biomecânica que permite transmitir a força mastigatória recebida pela prótese aos dentes de suporte. Preparos de Apoio - Definição São cavidades especialmente preparadas para alojar os apoios, para proporcionar ao dente suporte e aos tecidos de sustentação, condições biomecânicas favoráveis à manutenção de seu estado de saúde. Os preparos de apoios podem ser chamados também de nichos ou descansos. Os preparos de apoio variam de acordo com o dente que vai recebê-lo. Pela necessidade de alojar os apoios, os preparos de apoios devem ter espaço suficiente para que o apoio fique contido dentro do preparo, sem que interfira com a oclusão. Tanto os apoios quanto os preparos de apoios devem ter formatos adequados para que a força mastigatória recebida pela prótese seja direcionada ao longo eixo do dente para garantir a saúde periodontal. Geralmente os apoios fazem parte dos grampos, porém em alguns planejamentos eles podem estar isolados para proporcionar apenas suporte ou suporte e retenção indireta. Funções dos apoios 1- Impedir o deslocamento ocluso-cervical da prótese, garantindo assim a fixação; Apoio de um grampo posicionado em um dente suporte 2- Direcionar as forças paralelamente ao longo eixo dos dentes suporte; 3- Manter o terminal retentivo e o braço de oposição nas posições planejadas; 4- Mantém relações oclusais; 5- Prevenir impactação alimentar, entre o dente natural e o adjacente artificial; Apoio ao lado do dente artificial 6- Fechar pequenos diastemas Extensão do apoio fechando pequeno diastema 7- Prevenir a extrusão de dentes suportes 8- Retenção indireta – o apoio é o principal elemento constituinte da PPR que possibilita a retenção indireta. Retenção indireta é uma propriedade de impedir que a prótese rotacione no momento de uma rotação mesial de uma prótese de extremidade livre. Rotação mesial ocorre no momento de abertura da boca durante a mastigação, principalmente de alimento pegajosos, ou seja, no momento que a sela é forçada a desgrudar da fibromucosa em um movimento de rotação. O apoio será retentor indireto quando posicionado a frente e perpendicular ao eixo de rotação em próteses de extremidade livre. Apoio posicionado perpendicular ao eixo real de rotação com a função de retenção indireta Classificação dos apoios • Apoios oclusais – estão localizados nas superfícies oclusais de molares e pré-molares; • Apoios palatinos ou linguais – estão localizados na região de cíngulo; • Apoios interdentais – são dois apoios posicionados entre dois dentes vizinhos quando planejado um grampo gêmeos. Planejamento para posicionar apoios • Todos os dentes vizinhos aos espaços protéticos recebem apoios (elementos de suporte); • Nos extremos livres o apoio deve ser posicionado na ocluso-mesial, isso porque há uma sobrecarga maior nos dentes suporte nesses casos, então esse apoio na mesial vai possibilitar uma melhor distribuição das forças na coroa, melhorando assim o sistema de alavanca; • Nas áreas dentossuportadas, o apoio fica vizinho ao espaço protético. Classificação dos preparos oclusais Quanto a localização: • Preparos oclusais; • Preparos em cingulo; • Preparos interdentais ou preparos de passagem. Quanto a natureza da superfície: • Esmalte; • Amálgama ou resina – quando o dente suporte tem restauração; • Coroas fresadas – se trata de uma prótese conjugada entre PPR e PPF. Quando o dente suporte precisa de uma coroa unitária, está deve ser fresada. Essa coroa realizada pelo laboratório de prótese possui o preparo de apoio e o local para posicionar o braço de oposição. Dimensões e formas dos preparos de apoio 1. Preparos oclusais • Para sua confecção usa-se uma ponta diamantada esférica 1014, com profundidade de 1,5mm, ou seja, entra todo o diâmetro da broca e mais um pouco, uma vez que essa broca tem diâmetro de 1,4mm. Quanto à localização e dimensão dos preparos de apoios oclusais, se for um molar, divide a face oclusal de mesial para distal em 4 quadrantes e de vestibular para a lingual em 3 quadrantes. O preparo se localizará no quadrante proximal central; já quando se tratar de um pré-molar, a face oclusal será dividida em 3 terços, tanto no sentido mesio-distal quanto vestíbulo-lingual. O preparo se localizará no quadrante proximal central. Caso a extensão do nicho seja menor que a necessária, as forças não serão distribuídas adequadamente em direção ao longo eixo dos dentes suporte, perdendo suporte. Divisão da face oclusal de um pré-molar formato e dimensão de um preparo de apoio oclusal de molar - Forma de V com o vértice arredondado; - Parede pulpar em forma de colher; - Ângulos internos arredondados; - Paredes circundantes levemente expulsivos; - Ângulos cavo-superficiais arredondados; - A parede pulpar tem uma inclinação para o centro do dente, ou seja, o vértice do preparo é mais profundo. Vista oclusal com as divisões para o posicionamento e para as dimensões de um preparo de apoio oclusal Visão proximal do preparo de apoio oclusal do molar Como preparar Pré molares a. Ponto de eleição para execução do preparo; Fossetas marginais mesial e/ou distal ponto de eleição para o início do desgaste do preparo de apoio oclusal b. Posicionar a broca sobre o ponto de eleição e aprofundar metade do diâmetro da broca; Aprofundamento da broca esférica em uma visão proximal c. Romper a crista puxando a broca com o cuidado de deixar a parte central do preparo mais profunda Após aprofundar a broca, puxara broca até o rompimento da crista d. A broca deve voltar ao centro e ser puxada para a próxima para deixar o preparo expulsivo para oclusal. Broca com inclinação em sentido para proximal para que o preparo fique expulsivo para proximal e. Arredonde também o ângulo cavo superficial deixando f. Deixar o preparo expulsivo para oclusal Premolar com preparo expulsivo para oclusal g. Centro do preparo inclinado para o centro do dente. corte do premolar e do apoio, mostrando a inclinação do preparo para o centro do dente 2. Preparos interdentais ou preparos de passagem– usados para molares e pré-molares quando indicado grampo gêmeos. Chama-se apoio de passagem pois há a necessidade de preparar a passagem do braço de retenção e oposição pela crista marginal dos dentes suportes, para que estes não interfiram a oclusão. Molares com preparos de passagem O preparo de passagem serve para receber o grampo gêmeos 3- Preparos em cíngulo • Broca utilizada – tronco cônica invertida • Serão preparados em dentes anteriores na região de cíngulo. A largura mesio-distal deve ser de 2,5 a 3mm, enquanto de cervical para incisal ele deve ter 1mm. Nesse caso, o preparo deve ter olhando por lingual ou palatina o formato de sorriso invertido. • Sorriso invertido • Centro mais aprofundado Obs.: Apenas caninos superiores e centrais superiores volumosos podem ser preparados diretamente em esmalte. Já demais dentes anteriores devem receber resina composta em cíngulo para que aumente o volume desse e possa receber o preparo com as dimensões adequadas. Preparo de apoio em cingulo - em amarelo resina composta Depois que os nichos são confeccionados é necessário realizar polimento, que pode ser feito com pedra pomes e escova de Robson, branco-espanha e taça de borracha e também deve ser feita aplicação tópica de flúor pois há risco de desmineralização, sensibilidade, etc Conectores Maiores, Selas e dentes artificiais Entender os conectores maiores, sela e dentes artificiais CONECTOR MAIOR Conector maior é o elemento constituinte da Prótese Parcial Removível que tem como função principal a união direta ou indireta, de todos os outros elementos constituintes da Prótese, entre si. Possuem também algumas funções secundárias como suporte, retenção direta e indireta e estabilização da Prótese. Estas funções secundárias ocorrem somente com os conectores maiores para a maxila e somente para aqueles que recubram o palato em uma área de extensão considerável, mantendo um íntimo contato com a fibromucosa. A função de suporte do conector maior é obtida através do íntimo contato com a fibromucosa e não se torna prejudicial desde que esteja adequadamente suportada pelos apoios que limitam esta tendência de intrusão sobre os tecidos. A retenção direta é obtida pelos mesmos princípios físicos que possibilitam a retenção às Próteses Totais: adesão, coesão, tensão superficial e pressão atmosférica. A retenção indireta, também depende do íntimo contato do conector com a fibromucosa, impedindo que a prótese rotacione através do eixo real de rotação formado pelos dois principais apoios oclusais. A fibromucosa que se encontra perpendicular ao eixo de rotação atua como retentor indireto toda vez que o paciente abrir a boca durante o ato mastigatório, tendo um alimento pegajoso entre os dentes. A retenção indireta oferecida pelo conector maior é auxiliar à proporcionada pelo retentor indireto mecânico e não deve ser utilizada com a intenção de substituí-lo. A estabilidade da Prótese está relacionada com uma estabilização no sentido horizontal e da mesma forma, é oferecida pelo conector maior como uma ação secundária, auxiliar, uma vez que a principal estabilidade é o resultado do contato da armação metálica com os dentes de suporte. A porção lateral do palato, os chamados flancos linguais do palato são os responsáveis pela estabilização. Quanto mais profundo for o palato, maior a ação de estabilização horizontal. Todas estas características dependem do relacionamento de íntimo contato entre o conector maior e a fibromucosa, o que somente é obtido por meio de moldagens funcionais que registrem fielmente os tecidos e por uma armação metálica com bases ou selas que se adaptem perfeitamente. Características dos Conectores Maiores Para que os conectores maiores possam exercer suas funções, sem causar injúria e desconforto ao paciente, devem apresentar como características principais, a rigidez e a compatibilidade biológica, proporcionando comodidade ao paciente através de uma relação passiva com os tecidos mucosos adjacentes. Rigidez: é fundamental para que a PPR possa exercer um bom funcionamento biomecânico, associado à preservação dos tecidos remanescentes e conforto do paciente. A rigidez de toda a armação, com exceção apenas do terço terminal do braço de retenção, é responsável pela distribuição correta das forças verticais e horizontais que atingem a prótese. Se o conector maior não for rígido e sofrer qualquer deflexão quando estiver em função, poderá instruir-se no tecido fibromucoso, traumatizando-o. Os dentes, como são abraçados pelos retentores diretos, podem receber ação de torque, caso haja deformação do conector maior, com consequências lesivas ao periodonto. Compatibilidade Biológica: assim como todos os elementos constituintes da PPR, os conectores maiores devem possuir esta característica, apresentando uma relação passiva em relação ao tecido fibromucoso independente da relação de contato íntimo ou não. Nos casos superiores, normalmente temos uma relação de íntimo contato entre o conector maior e a mucosa da região palatina que oferece um bom suporte, pois apresenta um tecido firmemente aderido nessa região. Daí a importância de realizarmos, nestes casos, moldagens funcionais antes da confecção da armação metálica da PPR. Os conectores maiores para a maxila devem manter-se sempre o mais afastado possível da margem gengival livre, idealmente de 4 a 6 mm. Nos casos inferiores, a mucosa que reveste as vertentes mandibulares é fina, móvel e bastante sensível, devendo ser aliviada para não sofrer injúria. Assim realizamos a moldagem funcional após a confecção da armação metálica da PPR. Conectores Maiores para a Maxila • Barra palatina simples: anterior, média e posterior. • Dupla barra palatina • Recobrimento parcial palatino: anterior, médio e posterior. • Recobrimento total palatino Barras palatinas simples São conectores maiores pouco rígidos e pouco confortáveis, que infelizmente ainda hoje são bastante utilizados devido a sua facilidade de confecção. A sua denominação está relacionada de acordo com sua localização no palato. As barras anteriores localizam-se sobre as rugosidades palatinas, as médias localizam-se logo atrás das rugosidades e as posteriores encontram- se a frente do limite palato duro e mole. Possuem uma secção transversal em forma de “D” ou “meia cana”. A falta de conhecimento por parte do Cirurgião dentista, em relação à Biomecânica que regem as Próteses Parciais Removíveis, faz com que ele transfira ao técnico de laboratório a responsabilidade do planejamento destas próteses. Assim ocorre uma escolha intuitiva pelo mais fácil de ser executado, que tecnicamente são as barras palatinas, mesmo sabendo que não é o conector maior correto a ser utilizado. Portanto devido à sua pouca rigidez, as barras palatinas devem ser indicadas apenas em casos onde temos a presença de pequenos espaços protéticos, nas Classes III e IV de Kennedy. Barra palatina simples Dupla barra palatina É constituída pela combinação de duas barras, uma anterior e outra posterior, unidas bilateralmente por barras mais estreitas. Barra palatina anterior - a borda anterior da barra anterior coincide com a linha que determina o limite da área de suporte mucoso nessa região, mantendo uma distância de5 a 6 mm dos dentes naturais quando presentes, a fim de que não comprometa a saúde da gengiva marginal nessa região, tendo o cuidado de contornar a papila palatina para evitar a presença de forças compressivas sobre suas estruturas vasculares e nervosas. A borda posterior da barra anterior é delimitada por uma linha que apresenta igual conformação e curvatura que o contorno da borda anterior, se estendendo bilateralmente, distando dela cerca de 7 a 9 mm. Essa largura é suficiente para lhe conferir rigidez. Barra palatina posterior – a delimitação da borda posterior, nos casos de extremidade livre bilateral, Classes I, coincide com o limite de suporte mucoso nessa região ou também chamada linha divisória palato duro palato mole A borda anterior é determinada por uma linha que se estende bilateralmente e que apresenta igual conformação e curvatura que o contorno da borda posterior, distando deste cerca de 7 a 9 mm. Essa largura tem o mesmo propósito que o apresentado para a barra palatina anterior, ou seja, para lhe conferir rigidez. A forma e secção das barras podem variar de acordo com a distribuição dos espaços protéticos e do planejamento. A barra anterior normalmente deve se ter a secção transversal em cinta plana para conferir maior conforto ao paciente, passando mais despercebido pela língua que se acomoda nessa região e a barra posterior pode ser em forma de “D” alongada ou em cinta plana. Indicações da Dupla barra palatina: o Casos Classe I (não modificada), com a presença de dentes pilares bem implantados e rebordo residual pouco reabsorvido. o Casos de Classe II, toda vez em que houver necessidade de instituir total rigidez para o conector maior em sua região posterior. o Casos de classe III com modificação posterior. o Classe IV, toda vez que houver necessidade de instituir total rigidez para o conector maior em sua região posterior. A Dupla barra palatina caracteriza-se por sua excelente rigidez e pode ter uma utilização universal nas Classes I, II, III e IV de Kennnedy, mas não para todos os casos clínico Dupla barra palatina Recobrimentos Parciais Palatinos Assim como as barras palatinas, os recobrimentos parciais palatinos são divididos didaticamente, de acordo com a posição que ocupa no palato. Recobrimento Parcial Palatino Anterior: é frequentemente usado de modo arbitrário e raramente justificado. É também chamado de Ferradura, meia lua ou ainda, Barra Palatina em “U”. É indicado para casos com ausência dos dentes anteriores, em situações excepcionais, onde existe a presença de tórus palatino avantajado, que se estenda até o limite posterior da área de suporte mucoso, sem condições de ser eliminado cirurgicamente ou ainda em pacientes respiradores bucais que possuem palato profundo. Recobrimento Parcial Anterior Recobrimento Parcial Palatino Médio: É também chamado de Placa palatina, Strap ou Cinta plana. Os recobrimentos parciais possuem uma maior largura em relação aos demais conectores maiores, o que possibilita uma menor espessura, que chega em torno de 0,3 a 0,4 mm para as ligas de Cromo Cobalto ( CoCr) sem que comprometa a rigidez. Devido a sua forma na secção transversal, são também chamados por alguns autores de cinta plana. São indicados para os casos dento suportados, Classes III de Kennedy. Recobrimento Parcial Palatino Médio Recobrimento Parcial Palatino Médio - Posterior: São indicados para os casos de extremidade livre, Classes I e II de Kennedy, quando a região palatina for utilizada como área de suporte mucoso auxiliar. Apresenta-se achatada e fina, unindo os retentores diretos e se estendendo por toda a área de suporte médio posterior mucoso do palato, não sendo aliviada adaptando-se perfeitamente, em íntimo contato com a fibromucosa desta região. Nas suas partes laterais, relacionadas ao rebordo residual, são fixadas as grades retentivas metálicas, onde se prendem as selas ou bases acrílicas. São mais delgados e cômodos para as funções de fonação, mastigação e deglutição. Recobrimento Parcial Palatino Médio - Posterior Recobrimento Palatino Total: Recobre toda a área de suporte do Palato. Pode ser de metal ou de resina Está indicado nos casos em que houver poucos dentes remanescentes e a necessidade de o Conector maior participar do suporte, das retenções direta e indireta e da estabilização horizontal da Prótese. É o conector de eleição quando da presença somente dos dentes anteriores dispostos em linha reta. Recobrimento total metálico do palato Recobrimento total de resina do palato Conectores Maiores para a Mandíbula • Barra Lingual Clássica • Chapeado Lingual • Splint Lingual • Barra Vestibular Barra Lingual Clássica É o conector maior de eleição para a mandíbula, utilizado na maioria dos casos, nas Classes I, II,III e IV de Kennedy, desde que se tenha espaço suficiente entre a margem livre de gengiva e o assoalho da boca. Assim a barra lingual deve estar localizada em um ponto equidistante entre estas duas estruturas. Alguns autores preconizam uma distância mínima de 2 mm da gengiva marginal livre, idealmente 3 a 4 mm ou até mesmo mais, quando possível. Quanto a sua localização inferior, deve se manter acima dos tecidos móveis do assoalho da boca (músculos milo-hioídeo e genioglosso). A barra lingual não deve ter contato com a mucosa, devendo estar ligeiramente afastada para evitar a intrusão nos tecidos quando submetida a forças de alavancas rotacionais nos casos em extremidade livre e nos casos de PPR dentosuportada, o alívio visa uma possível intrusão do conector nos tecidos, devido à migração fisiológica mesial dos dentes. A Barra Lingual Clássica está contra indicada nos casos de inclinação excessiva para lingual dos dentes remanescentes quando não houver espaço suficiente entre a margem livre da gengiva e o assoalho da boca e ainda quando houver a presença de Tórus mandibular. A secção é em forma de meia pêra, com a parte mais espessa localizada inferiormente para garantir rigidez e conforto. Barra lingual Chapeado Lingual: Também chamado Recobrimento Parcial Lingual, Placa Lingual Este Conector se localiza desde o cíngulo dos dentes anteriores, n limite superior, até pouco além da gengiva marginal livre no limite inferior. Sua forma e secção devem contornar os dentes anteriores de forma mais delgada e anatômica possível para que não interfira na comodidade do paciente, tornando-se o menos perceptível possível à língua. A sua posição inferior deve possuir uma secção em forma de meia pêra para proporcionar rigidez ao conector. Devem-se aliviar as ameias para que o conector não invada áreas retentivas interdentais, assim como toda a extensão sobre as gengivas, marginal, livre e inserida. O Chapeado Lingual está indicado para todos os casos em que não existe espaço suficiente para a colocação de uma barra lingual clássica, nas situações em que os tecidos do assoalho bucal apresentam inserções muito altas ou com rebordos remanescentes com alturas reduzidas provenientes de doenças periodontais avançadas. Chapeado lingual Splint Lingual: É um conector que ocupa todo o terço médio e/ou cervical dos dentes anteriores, na região de cíngulo, sem atingir a gengiva marginal. Sua secção é em forma de “D” ou meia cana alongada e deve ser aliviado nas regiões das ameias. Suas indicações são as mesmas para os casos de Chapeado Lingual, principalmente nas situações em que haja a expectativa de grande movimentação da prótese, nos casos de extremidade livre e se deseja retenção indireta adicional. Splint Lingual SELAS A Sela é o conjunto da grade metálica da armação e o acrílico, juntamente com os dentes artificiais, são os elementos responsáveis pela reconstrução funcional e estética dos tecidos perdidos, ósseo, mucoso e dentário. Nas próteses dentossuportadas, a sela se relaciona passivamente com a mucosaalveolar, não participando diretamente do sistema de suporte. Já nos casos mucosodentossuportado, ela participa diretamente do suporte da prótese juntamente com os retentores fazendo com que parte da força mastigatória seja transmitida ao rebordo residual através da sua superfície basal. A sua extensão e os seus limites devem ser determinados pela extensão do suporte mucoso da área edêntula. Podem ser confeccionado em resina acrílica, metal ou ainda com ambos os materiais. Nos casos dentossuportados, a utilização de um ou outro material é indiferente. Pela facilidade de trabalho e confecção, o metal é preferido nos casos de espaços protéticos reduzidos, onde não temos a necessidade repor tecidos de suporte. Nestes casos são indicadas as selas metálicas que apresentam como principal vantagem o alto grau de polimento que podem adquirir tornando-as menos irritantes aos tecidos bucais. As selas metálicas têm como principais funções, a fixação dos dentes artificiais, que irá proporcionar o preenchimento do espaço protético, a eliminação da impacção alimentar e injúria dos tecidos mucosos e a recuperação das condições estéticas e fonéticas do paciente. Nos casos mucosodentossuportados as selas terão as mesmas funções descritas além da transmissão de parte da força mastigatória ao rebordo residual. Esse tipo de relação também pode ser estabelecido nos casos de próteses dentossuportadas, quando o espaço protético for muito extenso. Nestes casos o tipo de sela utilizada são as selas plásticas com reforço metálico. Nesse caso quem estará em contato com a fibromucosa será o acrílico, ou seja, no meio do acrílico estará a grade metálica da armação. Além das selas metálicas e plásticas com reforço metálico, temos ainda as selas ou bases totalmente Plásticas, confeccionadas única e exclusivamente em resina acrílica, sendo indicada somente nos casos de próteses terapêuticas, provisórias, imediatas, em que vemos a necessidade de um período de espera para que ocorram as remodelações teciduais, já que possibilitam correções futuras para manter a sua adaptação ao rebordo residual. Sela Metálica Fonte: Sela Metálica Sela plástica com reforço metálico Fonte: DENTES ARTIFICIAIS São os componentes protéticos idealizados para repor os dentes naturais ausentes. A escolha dos dentes artificiais utilizados na PPR depende de alguns fatores. • Natureza da superfície oclusal antagonista • Propriedades mecânicas do material do dente artificial • Estabilidade dimensional de cor • Forma oclusal Em relação aos materiais empregados, para a confecção de dentes artificiais utilizados nas PPRs, destacam-se as porcelanas, as resinas e as superfícies metálicas. Os dentes de porcelanas eram utilizados há mais de dois séculos pela alta beleza estética e grande resistência a abrasão. Por possuírem um alto módulo de elasticidade, isto se traduziu em desvantagem na sua utilização para os casos mucosodentossuportados, devido a um aumento na transmissão de esforços mastigatórios para o rebordo residual. A alta dureza das porcelanas, também ocasionavam ruídos incômodos durante os contatos funcionais nos atos mastigatórios. Outro fator negativo para a utilização dos dentes artificiais de porcelana era a dificuldade de retenção destes dentes à base da prótese devido a falta de compatibilidade química entre a porcelana e a resina acrílica, havendo a necessidade de criar retenções mecânicas para possibilitar essa união. Por volta da década de 40, surgiram no mercado, os dentes de resina, que no início não tinham a mesma condição estética, quando comparado aos dentes de porcelana e não possuía a mesma resistência à abrasão. Com o passar do tempo estes dentes foram evoluindo tanto do ponto de vista estético, quanto funcional em relação a suas propriedades mecânicas. Além da vantagem de possuir uma coesão química entre os dentes de resina com a base da prótese, também possuem um módulo de elasticidade menor, sendo mais confortável para o paciente e absorvendo parte dos esforços oclusais transmitidos aos tecidos de suporte fibromucoso. Isso tudo aliado à simplicidade da técnica laboratorial faz com que os dentes de resina sejam hoje os dentes artificiais eleitos para uso universal nas Próteses Parciais Removíveis. Quase na totalidade das situações clínicas é necessário ajuste também na superfície oclusal dos dentes artificiais. Este desgaste no que se refere ao “esmalte” do dente artificial elimina a porção de resina acrílica fabricada com cadeia cruzada, que proporciona resistência ao desgaste. Quando o desgaste do dente artificial atingir o que corresponde a “dentina” do dente, a ligação existente na resina será fraca e facilmente susceptível ao desgaste. As principais consequências deste desgaste são: • Diminuição da eficiência mastigatória • Diminuição da dimensão vertical de Oclusão do paciente • Maior reabsorção do osso alveolar • Disfunção Para tentar minimizar este problema, uma opção é a confecção de uma superfície oclusal metálica nos dentes artificiais. Estas superfícies oclusais metálicas aliam sob o ponto de vista mecânico as vantagens das resinas e das porcelanas. Possuem resistência à abrasão, módulo de elasticidade semelhante ao do esmalte natural e a possibilidade de se confeccionar uma anatomia oclusal funcional. Os estudos mostram que a superfície oclusal metálica nos dentes artificiais em resina faz com que haja uma diminuição da reabsorção óssea do rebordo alveolar, que leva a uma diminuição da necessidade de reembasamentos ao longo dos anos, além de aumentar a eficiência mastigatória e proporcionar a manutenção da dimensão vertical de oclusão do paciente. Tem como desvantagem a perda parcial da estética e aumento do custo clínico-laboratorial. Referências FIORI, S.R. de . Atlas de Prótese Parcial Removível. 4.ed. São Paulo: Pancast, 1993 KLIEMANN C., Oliveira W. Manual de Prótese Parcial Removível. São Paulo: Santos, 1999 TODESCAN R., Silva da B.E. , Silva da J. Atlas de Prótese Parcial Removível Santos, 2009 MCCRACKEN – Prótese Parcial Removível – 12 Ed. 2012- Brown, David T.; Carr, Alan B.