Buscar

Texto 1 - Gênese e DIP atualmente

Prévia do material em texto

O
bras do A
utor 
Coletânea de direito internacional (C
oleção RT M
ini C
ódigos). O
rganizador. 9. ed. rev., am
pl. e 
atual. São Paulo: R
T,2011. 
Com
entários à Convenção Am
ericana sobre D
ireitos H
um
anos -
Pacto de San JOSé da Costa Rica 
(com
 Luiz Flávio G
om
es). 3. ed. rev., atuaL e am
pl. C
oleção "C
iências C
rim
inais", voI. 4. 
São Paulo: RT, 2010. 
Com
entários à reforma crim
inal de 2009 e à Convenção de Viena sobre o D
ireito dos Tratados (com
 
Luiz Flávio G
om
es e Rogério Sanches C
unha). São Paulo: RT, 2009. 
Díreito à liberdade religiosa: desafios e perspectivas para o século XXI. Coordenação (com
A
ldir 
G
uedes Sariano). Belo H
orizonte: Fórum
, 2009. 
D
ireito internacional dos direitos humanos: estudos em
 hom
enagem
 à Professora Flávia Piovesan. 
C
oordenação (com
 M
aria de Fátim
a R
ibeiro). C
uritiba:Juruá, 2004. 
D
ireito internacional público: pane geraL 5. ed. rev., atuaL e am
p1. São Paulo: R
I, 2010. 
D
ireito internacional: tratados e direitos hum
anos fundam
entais na ordem
 jurídica brasileira. Rio 
deJaneiro: A
m
éricaJuridica, 200L
 
D
ireitos hum
anos e cidadania à luz do novo direito internadonal. C
am
pinas: M
inelli, 2002. 
Direitos humanos, Constituição e os tratados internacionais: estudo analitico da situação e aplicação 
do tratado na ordem
 jurídica brasileira. São Paulo:Juarez de O
liveira, 2002. 
D
ireito supraconstitudonal: do absolutism
o ao Estado C
onstitucional e H
um
anista de D
ireito 
(com
 Luiz Flávio G
om
es). São Paulo: R
I, 2010. 
Natureza jurídica e eficâda dos acordos stand-by com o FM
I. São Paulo: RT, 2005. 
Novas perspectivas do direito am
biental brasileiro: visões interdisciplinares. O
rganização (com
 
C
arlos TeodoroJosé H
ugueney lrigaray). C
uiabá: C
athedral, 2009. 
Novasvertentes do direito do comércio 
(com
Jete J ane Fiorati). B
arueri: 
M
anoIe, 2003. 
Novos estudos de direito internadonalcontem
porâneo, vols. I e 11. O
rganização (com
 H
elena A
randa 
B
arrozo e M
árcia Teshim
a). Londrina: ED
U
EL, 2008. 
O
 Brasil e os acordos econômicos internacionais: perspectivas jurídicas e econôm
icas ã luz dos 
acordos com
 o FM
I. C
oordenação (com
 R
oberto Luiz Silva). São Paulo: R
I, 2003. 
O
 controle-jurisdícional da convencionalidade das leis. C
oleção "D
ireito e C
iências Afins", voI. 4. 
São Paulo: R
T,2009. 
Prisão civil por dívida e o Pacto de SanJosé da Costa Rica: especial enfoque para os contratos de 
alienaçãO
 fiduciária em
 garantia. Rio deJaneiro: Forense, 2002. 
Tratadosinternadonaís: com
com
entâriosà C
onvenção de V
ienade 1969. 2. ed. rev.,am
pl eatual. 
SãO Paulo:Juarez de O
liveira, 2004. 
Tratados internacionais de direitos hum
anos e direito interno. São Paulo: Saraiva, 2010. 
Tribunal Penal Internacional e o direito brasileiro. 2. ed. rev. e atuaL ColeçãO
 "D
ireito e C
iências 
A
fins", vaI. 3. São Paulo: R
T,2009. 
D
ados Internacionais de catalogação na Publicação (CIP) 
(C
âm
ara Brasileira do livro, Sp' Brasil) 
10-11842 
M
azzuoli, V
aleria de O
liveira 
_ Curso de direito internacional público !V
alerio de O
liveira 
M
azzuoli. -5
. ecL rev., atual. e am
pl. -S
ão Paulo: Editora Revista 
dos Tribunais, 2011. 
Bibliografia. 
ISBN 978·85-203-3822-3 
1. D
ireito internacional público 
!. Título. 
CD
U
-341 
fndices para catálogo 
1. D
ireito internacional público 
341 
I I 
Valerio de O
liveira M
azzuoli 
C
U
R
SO
 D
E D
IR
EITO
 
I NTERNACIO
NAL PÚ
B
LIC
O
 
5." edição revista, atualizada e am
pliada 
ED
ITO
R
A
 ('ijI 
REVISTA D
O
S TR
IB
U
N
A
IS 
i 
! 
50 CURSO DE DIREITO INTERNACIONAL PúBLICO 
que o art. 41 da Carta das Nações Unidas prevê que o Conselho de Segurança poderá. 
adotar medidas destinadas a tornar efetivas suas decisões, nelas podendo incluir-se "a 
interrupção completa ou parcial das Jelações econômicas, dos meios de comunicação 
ferroviários, marítimos, aéreos, postais, ou de outra qual-
quer espécie, e o rompimento das relações diplomáticas", complementando o art. 42 
da mesma Carta que, caso tais medidas sejam inadequadas, o Conselho de Segurança . 
"poderá levar a efeito, por meio de forças aéreas, navais ou terrestres, a ação que julgát 
necessária para manter ou restabelecer a paz e a segurança internacionais", podendo 
tais medidas compreender "demonstrações, bloqueios e outras operações, por parte 
das forças aéreas, navais ou terrestres dos membros das Nações Unidas". 
A 
à sua volta. 
BIBLIOGRAFIA: TÓNNIES, Ferdinand. Gemeinschaft und Gesel/schaft: Abhandlung des Com-
munismus und des Socialismus aIs empirischer Culturformen. Leipzig: Verlag Fues, 1887; 
ROUSSEAU, Charles. Príncipes généraux du droit international public, Tome I (Introduction, 
Sources). Paris:A. Pedone, 1944; l'HUllUER,Jean. tlémentsde droitlnternationaJ public. Paris: 
Rousseau, 19S0i ACCIOlY, H i Idebrando. Tratado de direito internacional público, vaI. I, 2a ed. 
Rio de Janeiro: MRE, 1956; QUADRI, Rolando. Cours général de droit intemational public. 
Recuei! des Cours, vaI. 113 (1964-111), pp. 237-483; PEDERNEIRAS, Raul. Direito internacio-
nal compendiado, 13a ed. rev. e aum. por OscarTenório. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1965; 
BRIERlY, J. L Direito internacional, 2a ed. Trad. M. R. Crucho de Almeida. Lisboa: Fundação 
• Calouste Gulbenkian, 1968; CUNHA, J. Silva. Direito internacional público, vaI. 1,.3a ed. 
l,isboa: Centro do livro Brasileiro, 1981; RUSSOMANO, Gilda Maciel Corrêa Meyer. Direito 
internacional público, 1 <) vol. Rio de Janeiro: Forense, 1989; AKEHURST: Michael. A modem' 
introduction to internationaf Jaw. London: Allen & Unwin, 1990; HAlLlDAY, Fred. Rethinking 
international relations. london: Macmillan, 1994; CAETANO, Marcello. Manual de ciência 
política e direito constitucional, Tomo I, 6a ed. rev. e ampl. por Miguel Galvão Teles. Coimbra: 
Almedina, 1996; ARISTÓTELES. A política, 3' ed. Trad. Mário da Gama Kury. Brasília: Editora 
UnS, 1997; TRUYOl Y SERRA, Antonio. La sociedad internacional, 2a ed. Madrid: Alianza, 
1998; S0RENSEN, Max [Editor]. Manual de derecho internacional público, l'ed. em espanhol, 
7a reimpr. Trad. Dotación Carnegie para la Paz Internacional. México: Fondo de Cultura Eco-
nómica,2000;AllAND, Denis (coord.). Droitinternational public. Paris: PUF, 2000; CASTRO, 
Amilcar de. Direito internacional privado, Sa ed. aum. e atual. por Osiris Rocha. Rio deJaneiro: 
CAPÍTIJLO I - INTRODUÇÃO AO DIREITO INTERNACIONAL PúBLICO 51 
Forense, 2001; REZEK, José Francisco. Direito internaCional público: curso elementar, 9a ed., " 
rev. São Paulo: Saraiva, 2002; DEl(OlMO, Florisbal de Souza:'..Curso de direito ihternaciona( 
público. Rio de Janeiro: Forense, 2002; QUVEIRA, Odete Maria de. Relações internacionais:' 
estudos de introdução, P ed., V tiro Curitiba: Juruá, 2003; lITRENTO, Oliveiras. Curso de 
direito internacional público, sa·ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003; lAMBERT, )ean-Marie. 
Curso de direito internacional público, valo 11 (Fontes e 3a ed. Goiânia: Kelps, 2003;. 
plNH, Nguyen Quoc, DAllUER, Patrick & PElLET, Alain. Direito internacional público, 2aed .. 
Trad. Vítor Marques Coelho. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003; MELLO, Celso. 
-D. de Albuquerque. Curso de dire/to internacional públic:o, vaI. I, 153 ed., rev. e ampL Rio de 
Janeiro: Renovar, 2004; CARREAU, Dominique. Droit international, 8a ed. Paris: A. Pedone, 
. 2004; DUPUY, Pierre-Marie. Oroit international public, 73 "ed. Paris: Dalloz, 2004; 
Hans. Teoria pura do direito, 7a ed. Trad. João Baptista Machado. Silo Paulo: Martins Fontes,' 
2006; CASSESE,"Antonio. Diritto internazionale (a cura di Paola Gaeta). Bologna: I/·Mulioo, 
2006; HAlUDAY, Fred. Repensando as relações internacionais, 2a ed. Trad. Cristina Soreanu 
Pecequilo. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2007; PEREIRA, André Gonçalves & QUADRQS, 
Fausto de. Manual de direito internacional público; 3a ed., rev. e aum. (8a reimpressão)."Coim-
bra: Almedina, 2009. 
SEÇAO II - GÊN.ESE E ESTADO ATUALDO DIREITO INTERNACIONAL PúBLICO 
1. Introdução. Não é nosso propósito desenvolveraqui um esmdo histórico apro-
fundado da formação do Direito Internacional Püblico e da emergênc;" da sociedade 
internacionaL A nossa intenção ésomente mostrar que o Direito Internacional Público 
vem, ao longo do tempo, desde a época provável de seu nascimento, ganhando novos 
contornos e evoluindo pari passu ao avanço da internacionaL 
Assim, nas linhas.que seguem pretendeu-se tratar, de forma sucinta, da 
do Direito Internacional Público, de suas tendências evolutivas e do atual estágio pelo 
qual ele atravessa. Foram propositadamente deixados de lado os acontecimentos e 
percalços históricos pelos quais passou esse Direito até chegar à sua maturidade, bem 
como as escolas do Direito Internacional e cada um dos seus respectivos defensores.13 
Por fim, algumas palavras diremos sobre o ensino do Direito Internacional Público, 
sobretudo no Brasil. 
2. Origens históricas do Direito Internacional Público. O Direito Internacio-
nal Público, contrariamente do que pensa boa parte da doutrina, não é uma criação 
recente. Mas também não é tão antigo como pretendem alguns autores. Sem se poder 
determinar uma data precisa para o seu nascimento. tem-se como certo que o Direito 
13. Para uma boa visão histórica do Direito Internacional Público, v. Arthur Nussbaum,Aconcise 
history of the law of nadons, 2a ed. rev., New York: Macmillan. 1954. eL, ainda, os clássicos 
GeorgStadtmüller,Histonadel derechointernadonalpúblico, Madrid:Aguilar, 1961; eAntonio 
Truyol y Serra, deZ derecho internacional público, Madrid: Tecnos, 1998. 
.. , , , / 
'ti , , 
, , 
1';. 
,';. 
52 CURSO DE DIREITO INTERNACIONAL PúBLICO 
obstante os ensinamentos do Barão SergeA. Korff, no 
sentido de o Direito Internacional é tão antigo como a civilização em geral e con-
sequência necessária e inevitável de toda a civilização, H temos como correta a.assertiva 
de que na Antiguidade Clássica não existia um Direito Internacional propriamente 
"'- dito, como O concebemos hoie, mas apenas um Direito que se aplicava às relações en,.-
tre cidades vizinhas, de língua comum, da mesma raça e com a mesma religião, como 
e dava com as anfictionias e as ( ue eram ligas pacíficas de caráter religioso; cuja 
finalidade era evitar as guerras e julgar as infrações à santi a e 05 temp os e com as 
confederações etruscas. Mas afora esses casos, nao exIstia um Dlfeuo propnamente 
internacional entre nações estrangeiras, porque não existia lei comum entre tais nações, 
nem sequer igualdade juridica entre elas." 
A evolução do Direito Internacional durou varios séculQS e se desenyQlyeu de 
enonne queaenn.nam 
os senh.or,es jreulda,isness, época - e.das alianças Çjue celebravam entre si, muitas delas 
-.relacionadas às questões de segurança externa. Durante esse período (situado entre 
os anos 200 depois de Cristo e a queda de Constantinopla, em 1453) todos os tratados 
passaram a ser celebrados sob a égide da Igreja e do Papado, e as decisões do Papa 
passaram a ser respeitadas em todo o continente, principalmente naquilo que dizia 
respeito à esfera espiritual de homenS e mulheres. Nesse mesmo momento histórico 
.formam-se as Cidades-Estados italianas,já no quadro da transição para a Idade Moder-
na, as quais passaram a manter frequentes intercâmbios políticos e econômicos entre 
si, dando início ao esboço dos contornos normativos de um Direito menos doméstico 
e mais internacional já nesse período. 
@V Foi o holandês nascido em Delft, chamadoIHlIgiÍ}<:>rg!iU's (1585-1645), quem 
. deu a,o direito das entes como" o interesse 
"'íru . arte e 
lure Praedae), publicada em Leyde em 1609, e De Jure Bel!i ac Pacis,16 inspirada na 
14. 
15. 
16. 
Cf. Serge A. Korff. Introduction à l'histoire du droit international, in Recueil des Cours, voI. I 
(1923-1), p. 21. 
V. Pedro Baptista Martins. Da unidade do direito e da supremacia do direito internacional. Rio 
deJaneiro: Forense, 1998?.p. 7. 
Existe tratlução para o espanhol desta obra de Grotius, Del derecho de la guerra y de la paz, 4 
Tomos, trad.]aime Torrubiano Ripoll, Madrid: EditorialReus, 1925. OTomo I contém o Livro 
primeiro e os capitulos l-lU do Livro segundo; o Tomo II contém os capítulos IV-XVI do Livro 
segundo; o Tomo lU contém os capítulos XVII-XXVI do Livro segundo e os capitulos I-lU do 
Livro terceiro; e o Tomo IV contém os capítulos do Livro terceiro, todos da referida 
obra. Nesta obra de Hugo Grotius é que foram lançadas as bases do direito das gentes, 
dando-lhe um fundamento cientifico, o que lhe valeu a fama de precursor do positivismo 
jurídico e fundador do Direito Internacional. 
CAPÍTULO 1- INTRODUÇÃO AO DIREITO INTERNACIONAL PúBLICO 53 
.Guerra dos Trinta Anos, publicada em 1625.'7 Sua contribuição foi de tal importãn-
. ue o tomou mundialmente conhecido como o-pai do Direito Internacional e do 
ireito Natural, não obstante os rimei:rospassos a cip ma terem SI o ospe o 
dominicano e anhol Francisco de Vitoria (1486-1546, ue escreveu e ectlO e ure 
llelli) e pelo jesuíta (também espanhol) Francisco Suárez (1548-1617, com a o ra De 
• LegíbusacdéDeoLegislatore).18 
0) 
protestantes), fortalecido pela Franca. Foi a protestante a motivadora da insur-
gência que mais tarde acabaria na Guerra dos Trinta Anos, quando desmontou a unidade 
católica na Europa medieval, fomentando o início do conflito. O que a rej(Jl7f1(l puguou 
foi derrotar delinitivamente o poder católico, a fim de atribuir á autoridade civil o poder 
supremo dentro do território.Esuamissão foi tão bem sucedida que, comoexplicaBrierly, 
"mesmo naqueles proses que rejeitaram o protestantismo como religião, a Igreja ficou tão 
profundamente abalada que não pôde competir mais com o Estado como força política", 
fato esse responsãvel por dar "um golpe mortal á ideia, já moribunda, de que o mundo 
cristão, apesar de todas as suas, constituía ainda em certo sentido uma unidade" .19 
Estados 
passaria a ser conhecido como ramo autônomo Direito modemo.22 Mas, por 
motivo? Pelo fato de pela primeira vez. se ter reconhecido. no plano internacional, o • 
princípio da igualdade formal dos Estados. Então, mais do que colocar fim á Guerra dos 
Trinta Anos, os tratados de Wesúália criaram um "'sistema pluralista e secular de uma 
sociedade de Estados independentes, substituindo, desde então, a ordem providencial 
e hierarquizada da Idade Média".23 Assim é que muitos autores consideram que antes 
17. Cf. Hildebrando Accioly &: Nascimento e Silva. Manuàl de direito internacional público, lY 
ed. São Paulo: Saraiva,1998, p. 9. 
18. Sobre o assunto, v. Guido Fernando Silva Soares, Curso de direito internacional público, voL 
1, São Paulo: Atlas, 2002, pp. 27-29. 
19. J L Bnerly. Direito internacional, cit., p. 5. 
20. Ou seja; o Império e a França, com seus aliados (entre os quais a rainha 
da Suécia) e confederados. 
21. Ou seja, o Império e a Suécia, com seus aliados (entre os quais a França) 
e confederados. 
22. Cf. Oliveiros Litrento. Curso de direito internacional público, cit., p. 24. 
23. Charles de VlSScher. Thtories et réa1ités en droit ínternational publico Paris: A. Pe,done, 1953, 
p. 19. Como leciona pUido Soares, a paz de Westfália "nada mais quer significar d? que: na 
! 
54 
CU
RSO
 D
E D
IR
EITO
 IN
TER
N
A
C
IO
N
A
L PúB
LIC
O
 
_da paz de W
estfália não existia um
 DireitÇ> Internacional propriam
ente dito, com
o 
. conhece nos dias atuais (não obstante já se conhecer, desde o século X
V
I, a codificaçãp 
. das leis m
arítim
as, a instalação de em
baixadas perm
anentes, a form
ação de exércitos. 
bem
 com
o as navegações e as conquistas). 
internacional 
m
o-. 
que com
 os tem
peram
entos 
nonnas 
lim
itaçao -
da autoridade absoluta dos m
onarcas). O
 Estado nasceria, então, com
 a característica 
fundam
ental de possuir, com
o elem
ento essencial de sua existência, um
a base terri-
torial sobre a qual se assenta a sua m
assa dem
ográfica de indivíduos. Posteriorm
ente, 
passariaa ter por elem
entos caracterizadores um
a unidade política estabelecida no 
tem
po e no espaço, a existência de instituições perm
anentes im
pessoais, a condução 
dos seus negócios por um
a autoridade e a aceitação da ideia de que esta autoridade 
conta com
 a lealdade substancial dos seus súditos. 24 Esse tipo de Estado, desenvolvido 
e dos tratados de W
estfália, deu origem
 à cham
ada 
(que já contava com
 sua form
ulação teórica desde 1576, no D
ç 
Republica de Jean B
odin), segundo a qual a força capaz de agregar seres hum
anos em
 
. um
 dado território é a unidade do poder (sum
m
a potestas), sem
 a qual o Estado seria 
-
expressão de B
odin -
com
o um
 barco sem
 quilha. 25 
região (leia-se: no território) sob o im
pério de um
 príncipe, esteja vigente unicam
ente um
a 
ordem
 jurídica, sua ordem
 jurídica (claro está, subentendendo-se que religio, segundo as 
discussões da época, queria significar m
uito m
ais a im
posição de um
 ordenam
ento leigo e 
altam
ente operante, e m
enos um
a visão religiosa das m
aneiras de alguém
 salvar a própria 
alm
a!). N
a verdade, trata-se da definitiva consagração do princípio que passaria a dom
inar 
todaaconcepçãom
odernasobre eficácia (existênciaeaplicabilidade) dasnorm
asdossistem
as 
jurídicos nacionais: a territorialidade do direito" (Curso de direito"internaáonal público, cit., 
p_ 29). 
24. 
Cf. A
ntonio C
assese. D
iritto internazionale, cit., p. 30, nota nO 1, citando j. R. Strayer. 
25. 
C
f.j. L. Brierly. D
ireito internacional, cit., pp. 7-8. N
a defesa da teoria de B
odin, assim
 leciona 
B
rierly: "A
 doutrina da soberania estatal tal com
o B
odin a defendeu não levantou problem
as 
especiais para o direito internacional. Para ele, a soberania era um
 princípio essencial da 
ordem
 política interna. E ficaria certam
ente surpreendido se pudesse prever que, m
ais tarde, 
ela viria a ser falsam
ente ttansfonnada num
 princípio de desordem
 internacional e invocada 
para dem
onstrar que os Estados estavam
, por natureza, acim
a da lei. É evidente que B
odin 
não pensava assim
, pois incluiu naRepúblíca norm
as relativas à conduta dos Estados, a partir 
das quais outros autores contem
porâneos principiaram
 a construir a nova ciência do direito 
C
A
PÍTU
LO
 i -IN
TR
O
D
U
Ç
Ã
O
 A
O
 D
IR
EITO
 IN
TER
N
A
C
IO
N
A
L PúB
LIC
O
 
55 
@
 O
 0prtgIe$Sôl.dêVfeiiil'&1815V foi. depois dQ,5 tratados de W
estfália o segundo· 
grande m
arco do D
ireito Internacional e das relações internacionais. 26 Q
 "Congresso 
m
arcou o fim
 das guerras napoleônicas e estabeleceu um
 noyo sistem
a m
ultilateral" 
..de cooperacão política e econôm
ica na Europa. além
 de ter agregado novos princípios 
de D
irejto 
com
o a proibicão do tráfico de negros. a liberdade irrestrita. 
.. de navegação nos rios 
da região e?S prim
eiras re-gras do protocolo 
diplom
ático. O
s aspectos principais desse sis.tem
a perduraram
 até quase o início c4t 
'Prim
eira G
uerra M
undial. 27 E de m
aneira ainda m
ais nítida, essas novas caracterís-
, 
: 
do D
ireito Internacional vieram
 a 
finda a Segunda G
uerra, 
a Europa entre 1939 e 1945. 
. 
.Em
 conclusão, pode-se dizer que a afinnaç'ão histórica do direito das "gentes e, " 
conseq.urntem
ente a prova de sua existência. decorreu da convicção e do reconheci-
m
ento p
o
r parte dosrsrados-rnem
brO
s da sociedade jnternacional de q1l e os-precei4'S 
do D
ireito Internacional obrigam
 tanto interna com
o internacionalm
ente devendo 
... 05 Estados de boa-fé respeitar Ce exigir Q
ue se respeite) aquilo quê contrataram
 no 
cenário exterior. 
i· 
3. A
s tendências evolutivas do D
ireito·Internacional. Q
 D
ireito Internacional 
l?úblico atual (contem
porâneo) é fruto de um
 desencadear de fendências guese podem
 
cham
ar.de evolutivas. Tais tendências podem
 ser agrupadas, segundo Jorge M
iranda 
(em
 quem
 
nos fundam
 
em
 
E
to
s
: a itf{iversaliz 
-; a re 
nal{ 
ão' a 
·a 
um
anização; a 
b etiv 
00; a codi 
ção; e, fipalm
ente, a jurisdici 
ização. 78 
<5)" Á
 prim
eira dessas 
cham
ada de uhWéfs'ii!iZl:iliâÔ, tem
 Q
 seu'foco voltado 
para aautodeterm
inação dos povos, decorrente, segunãõjorge M
iranda, da desagrega-
ção, prim
eiram
ente dos im
périos m
arítim
os europeus, depois do im
pério continental 
soviético e, m
ais recentem
ente, de alguns m
ovim
entos de independência, com
o foi 
o caso de Tim
or Leste. A
 universalização então significa gu.e o D
ireito Internacional 
não é m
ais Cç nem
 poderia continuar sendo) um
 D
ireito euro-am
ericano, m
as sim
 um
 
Internacional universal. 
-;;. 
-
. internacional. 
lhe' terá ocorrido que a sua doutÍina da soberania pudesse im
plicar a ' 
destruição de tais norm
as. N
o entanto, é esta a acusação que se lhe faz" (Idem
, p. 10). Para 
detalhes, v.Jean B
odin, Les six libres de la rtpublique, Paris, 1576. Cf., tam
bém
, M
areeI D
avid, 
Lasouverainité et les lim
ites juridíques dupouvoirm
onarchiqueduIXtm
eauXVtm
esiécles, Paris: 
D
alloz,1954. 
26. 
V., por todos, O
. N
ippold, Le développem
ent historique du droit international depuis le 
congrés de V
ienne, in Recueil des C
ours, voI. 2 (1924-1), pp. 1-12l. 
27. Cf. Thom
as B
uergenthal (et all.). M
anual de derecho internacional público. M
éxico: Fondo de 
C
ultura Econôm
ica, 1994, p. 23. 
28. V
.Jorge M
iranda. A
 incorporação ao direito interno de instrum
entos jurídicos de direito 
internacional hum
anitário e direito internacional dos direitos hum
anos, in
 Revista C
E}, nO 
11, Brasília: CJF, 2000, pp. 23-26. 
, , 
56 
C
U
R
SO
 D
E
 D
IR
EITO
 IN
TER
N
A
C
IO
N
A
L púB
uC
O
 
· (j) À universalização segue-se 
,-
U
nião EnTo eia. 
Il? 
Em
 terceiro lugar aparece 
a qual o D
ireito 
"",nal deixa de ser um
 direito das ielâçÕesblJateiáiS ou m
ultilaterais entre os Estados. 
para se tornar um
 direito cada vez m
ais presente nos organism
os internacioriais, na 
O
n!anizacão das N
acoes U
nidas, bem
 com
o em
 suas agências especializadas, poden-
do até m
esm
o chegar à criação de um
 órgão supranacional com
 poderes decisórios, 
com
o é o caso da citada U
nião Europeia. O
 grau de instituciÇ
)nalização da sociedadé 
· internacional pode ser aferido pelo núm
ero de órgãos criados e respeitados pela 
dos Estados, m
otivados pelo interesse em
 sedim
entar a existência de polos .' 
decisórios das relações internacionais. C
om
o destaca a m
elhor doutrina, a experiência . 
c 
interno assum
e 
regulam
entação e 
com
o a saúàe, 
o trabalho, o m
eio am
biente etc. A
 partir desse m
om
ento 
ultrapassada qualquer 
doutrina que venha entender (com
o outrora) que o D
ireito Internacional cria norm
as 
de regulação das relaçÕ
es de Estados entre si, não interferindo na obrigatoriedade das 
· norm
as internas. 3o E
m
 segundo lugar, essa funcionalízação acom
panha a criação de 
· organism
os internacionais capazes de pennitir essa solução, um
a espécie de m
inistérios 
f:H
)em
acionais que fazem
 o 
dos m
inistérios nacionais. 
\$' 
E
m
 quinto lugar 
'
.
.
.
 
. 
'
.
 
29. Cf., por tudo, O
dete M
aria de O
liveira, Relações internacionais ... , cit., pp. 165-166. A
 recí-
proca é tam
bém
 verdadeira. C
om
o leciona essa m
esm
a internacionalista: "'A crise do sistem
a 
institucionalaum
entaadescon6.ançaeainsegurançaentreosatoresintem
acionais, trazendo 
dificuldades às relações de cooperação, conduzindo aos conflitos. A
 intensificação desse 
quadro poderá levar a um
a crise geral junto à ordem
 internacional e ao desaparecim
ento da 
sociedade internacional, m
otivando a em
ergência de um
a nova sociedade internacional» 
(Idem
, ibidem
). 
30. N
esse sentido, Y
. D
ionisio A
nzilotti, Cours de droit intem
ational, trad. G
ilbert G
idel, Paris: 
Editions Panthéon-A
ssas, 1999, p, 56. 
C
A
PÍTU
LO
 1
-IN
TR
O
D
U
Ç
Ã
O
 A
O
 D
IR
EITO
 IN
TER
N
A
C
IO
N
A
L púB
uC
O
 
57 
,Segunda G
uerra,desde a C
arta das N
acÕ
es U
nidas (945) desenyolvendo-se com
 
a D
eclaracão U
niversal dos D
ireitos H
um
anos (1948) e com
 'os hiúm
eros tratados 
internacionais de proteção desses m
esm
os direitos surgidos no cenário internacionaÍ 
após esse períodQ
 31 
. 
próprio Estado perante as instânC
ias internacionais; trata-se da necessária sujeição 
dos órgãos do Estado às decisões provenientes de órgãos jurisdicionais internaC
Íonais 
ainda crescentes, criados por tratados tam
bém
 ratificados pelos m
esm
os Estados de' 
queÍX
.osas. Por fi:n' o r.erceiro 
é 
ongem
 nos TnbunalS de N
urem
Jjerg e T O
gU
lO
 e, m
ais 
nos Tribunais para crÍI1:1es com
etidos nos territórios da Ex-Iugoslávia 
..e..d,e R
nanda 
C
o
m
 ª criação do Tribunal Penal InternacionaL ó D
ireito Internacional 
dos D
ireitos H
um
anos se deserivolve. se concretiza e se enrigüece. alargando-se cadati 
.V
ez m
ais (' seu âm
bito de proteção 32 
• 
U
rna sexta tendência do D
ireito Internacional colocada por Jorge M
iranda é a, 
W
etiyaçãO
, ou seja, a superacão definitiva do dogm
a "voluntarista". segundo o qual. 
YQ
ntade dos atores internacionais é o fundam
ento único da existência do D
ireito 
Internacional Público. N
este m
om
ento histórico pelo qual passa.a hum
anidade, 
presencia-se cada vez m
ais a fonnação de regras internacionais livres e independentes 
"da vontade dos Estados -
desde a positivação da norm
a pacta sunt servanàa pela C
on-
venção de V
iena sobre o D
ireito dos Tratados de 1969 -, justificando e fortalecendo 
a existência e validade dê inúm
eros tratados internacionais de proteção dos direitos 
hum
anos presentes na atualidade. Pijra Jorge M
iranda? o papel crescente dos trata-
dos m
ultilaterais pªssa a dar suporte ao desenyg]yim
ento de 11m
 verdadeiro reifuje 
31. Cf. H
enry Steiner & Philip A
lston. International hum
an rights ín contexto O
xford: C
larendon 
Press, 1996, p. 1.026, para quem
 "o ritm
o da legislação internacional neste cam
po tem
 
aum
entado rapidam
ente desde a Segunda G
uerra M
undial". V. ainda, A
ntônio A
ugusto 
C
ançado Trindade, Internationallaw
 for hum
ánkind: tow
ards a new
 jus gentium
 (1): general 
course on public internationallaw
, inRecueil des Cours, voI. 316 (2005), pp. 9-439; e tam
bém
 
o seu A hum
anização do direito intem
adonal, Belo H
orizonte: D
el Rey; 2006, 423p. 
32. Sobre o tem
a, V
. V
aleriode O
liveiraM
azzuoli, TribunalPenallnternactonaleodiieitobrasíleiro, 
2 a ed. rev. e atuaL, São Paulo: RT, 2009, 142p. N
este Curso estudarem
os o TPI na Parte IV, 
Capítulo 1, Seção V
III, infra. 
58 
CU
RSO
 D
E D
IREITO
 IN
TERN
A
CIO
N
A
L PúB
LIC
O
 
destaque o que prescreve art. 
C
arta d
a
s
. 
de 1945, segundo o qual um
 dos propósitos da 
G
em
I da O
N
U
 é o de "incentivar o desenvolvim
ento progressivo do direito 
. 
nare sua codificação". Para a ré"alização de tais finalidades a O
N
U
 tem
 im
puliionado 
os trabalhos da sua C
om
issão de D
ireito Internacional e de seu C
onselho de D
ireitos 
H
um
anos. foram
 vários os textos internacionais contem
porâneos concluídos sob os 
aU
Sl'ícios desses órgãos com
o as grandes convencões de D
ireito InternacionalPúblico, 
D
ireito Internacional PrivadQ
 e de D
ireito Internacional dos pireitQ
S H
um
anos. 
'® 
Por últim
o,lom
o oitava 
do D
ireito Internacional colocada 
pelo jurista português, tem
-se a 
33 que passa a ser a consequência. 
lógica da acum
ulação de todas essas tendências vistas anteriorm
ente. º fenôm
eno da _ 
. 'urism
cionaliza ão decorre do desenvolvim
ento rogressivo do D
ireito Internacional 
Público fato 
ue veio ocorrer c m
 m
aior ênfase' rinci 
lm
e 
e o 
a 
.,.....m
etade do século XX. N
ão obstante existirem
 tribunais internacionais de toda sorte, 
• .() certo é que m
ais da m
etade da atividade âessas corteS' está hoje ligada a questões 
• de direitos hum
anos. O
 que atualm
ente se tem
 procurado, principalm
ente na seara 
. . .. 
.... ... 
da jurisdicionalização do 'D
ireito Internacional já passou por 
três ;m
om
entos bem
 nítidos na história das relacões internacionais:@
 o da criação 
e tribunais internacionais de vencedores contra vencidos, D
;lostra de um
a justiça. 
'nternacional 
rim
itiva e arcaica de 
e foram
 exem
 
os os tn unaIS m
l 1 ares 
o 
ós-
erra
34, b) o da cria ão de tribunais internacionais ad hoc 
elo C
onselho d 
• Segurança da O
N
U
 (por m
eio de resoluções, e não por m
eio de tratados), de que são 
exem
plos os tribunais penais para crim
es com
etidos na antiga Iugoslávia e em
 R
u-
..... anda; e@
o da institucionalização de tribunais internacionais de caráter pennanente 
(criados no m
odelo m
ais condizente de tratqdo) de que é exem
plo m
aiS
 
atual o já citado Tribunal Penal Internacional 
4. O
 D
ireito Internacional Público nos dias atuais. O
 D
ireito Internacional PÚ-
blico, dentre todos os ram
os jurídicos, é o que atualm
ente m
ais tem
 se desenvolvido, 
principalm
ente depois da m
udança do cenário internacional pós-Segunda G
uerra, 
quando com
eçam
 a aparecer, com
 m
ais vigor, as O
rganizações Internacionais inter-
governam
entais, seguidas de um
a avalanche de tratados a versar m
atérias das m
ais 
33. Para um
 estudo do assunto, v. D
élber A
ndrade l.age, A jurísdicionalização do direito interna-
cional, Belo H
orizonte: D
el Rey; 2009, 194p. 
34. 
Cf. D
anilo Zolo. La justiciade los vencedores: deNurem
berg aBagdad. T
rad Elena Bossi. M
adrid: 
Trotta, 2007, pp. 157-183. 
CA
PÍTU
LO
 l-IN
T
R
O
D
U
Ç
Ã
O
 A
O
 D
IREITO
 IN
TERN
A
CIO
N
A
L púB
L
ico 
59 
diversas com
o a terra, o m
ar, os fundos m
arinhos, o espaço ultraterrestre etc. A
dem
aiS, 
m
atérias novíssim
as Com
o a proteção internacional dos direitos hum
anos, o direito 
internacional do m
eio am
biente e o direito internacional penal, que estão na pauta do 
dia da agenda internacional, tam
bém
 vêm
 trazendo grandes m
udanças para o D
ireito 
Internacional Público contem
porâneo. 
O
 atual direito das gentes (ou D
ireito Internacional Público pós-m
oderno) 
encontra-se ainda. em
 construcão. E a dificulda.de de com
preendê-lo aum
enta cada vez 
que os interesses (sem
pre díspares) dos Estados se chocam
 com
 os ideais m
ais nobres 
da hum
anidade, o que o coloca sem
pre e.m
 m
eio a um
 fogo cruzado, entre a ordem
 
e a desordem
, notadam
ente em
 face dos particulaiisffios culturais que atualm
ente 
com
petem
 com
p que num
 duelo de "culturas". 35 Por isso, o tem
a da m
ultiplicÚ
lade . 
cultural no D
ireito Internacional Público, cujos reflexos m
ais m
arcantes se:· fazem
 
sentir no cam
po· da-proteção internacional dos direitos hum
anos, é um
 dos m
ais 
com
plexos de se 
Sobre ele falarem
os oportunam
ente (v. Parte IV, C
apítulo I, 
Seção llI, item
 nO 4). 
ro lado 
uestões de ordem
 econôm
ica, 
olítica, científica e técnica tam
-
bém
 repercutem
 no D
ireito Internacional Público. A
 form
ação·e desenvolvim
ento 
e 
..blocos 
ao lado das políticas m
undiais de aw
ansão de m
ercados. têm
 trazido 
consequênc1as nem
 sem
pre felizes para a ordem
 internacional do nosso tem
po. a co-
..,;]lJeçaTpclos problem
as que têm
 gerado nos países em
 desenvolvim
ento reI.ativam
ente 
""-às dificuldades de negociacão com
 países econom
icam
ente m
ais fortes, sem
 falar nos 
percalcos para os pagam
entos de d1vidas avalizadas· pelo sistem
a financeiro interna-
ciopal, e assim
 por d
i
a
n
t
e
·
 
-
l-----l/ _O D
ireit? Internacional Público passa, assim
, por um
 duplo problem
a, visto sob 
esse angulo: e anngtdo por regulam
entos nem
 sem
pre Jun 
.cos 
10 
_ 
'to 
rá rio de atua ão e ao m
esm
o tem
 o, 
assa a ter de fitera 'r com
 eles e tentar 
(quando isso é possível) r&
!!ulam
entã-Ios. Trata-se de consequência do fenõm
eno 
conhecido com
o.globalizacão. N
ão é aqui, entretanto, o lugar de estudá-lo. 
5. O
 ensino do D
ireitoInternacional Público. Parece relevante encerrar esta 
Seção II com
 um
a breve nota sobre o estado atual do ensino do D
ireito Internacional 
Público, sobretudo no B
rasil. 
Sobre este tem
a algum
as observações podem
 sei-feitas, bem
 assim
 algum
as crí-
ticas. A
 prim
eira delas diz respeito ao tratam
ento curricular que ainda tem
 o D
ireito 
Internacional Público entre nós. Pois bem
, é com
um
 nos program
as universitários 
encontrar um
 roteiro de D
ireito Internacional Público que não m
ais condiz com
 a 
realidade das relações juridico-internacionais, notadam
ente na pós-m
odernidade, 
em
 que m
atérias estão a surgir quase que dia a dia, dem
andando do internacionalista 
35. V. A
lberto do A
m
aral Júruor. Entre ordem
 e desordem
: o direito internacional em
 face da 
m
ultiplicidade de culturas, in Revista de D
ireito Constitucional e Internacional, ano 8, nO 31, 
São Paulo: RT, abrJjun.12000, pp. 27-38. 
, ,. 
60 
CU
RSO
 D
E D
IR
EITO
 IN
TER
N
A
O
O
N
A
L PÚ
B
LIC
O
 
perene atualização.36 Tal tem
 sido assim
 no B
rasil com
o tam
bém
 em
 outros países. <;t 
exem
plo de PortugaL
" O
 program
a ultrapassado que ainda se tem
 é reflexo do largo 
período de tem
po que o D
ireito Internacional Público perm
aneceu com
o disciplina 
apenas optativa nas Faculdades de D
ireito no B
rasil, tendo voltado aserm
atéria obriga-
tória aos program
as universitários som
ente a partir de 1997. por ordem
 da Portaria do 
M
inistério da Educação nO L886, de 30 de dezem
bro de 1994, que fixou as D
iretrizes 
Curriculares do Curso de D
ireito. 3S A
 parfu dai o estudo ao D
ireito Internacional Públi-
co passou a ser retom
ado com
 m
aior fôlego. M
esm
o aSsim
, m
uitos desses program
as 
(ainda hoje) não se ocupam
 de tem
as considerados principais na arena internacional 
contem
porânea, tais com
o a proteção internacional dos direitos hum
anos, o direito 
internacional do m
eio am
biente, o direito internacional do trabalho, o direito inter-
nacional penal, dentre outroS. 39 D
a m
esm
a form
a, o m
oderno tratam
ento jurídico das 
questães hum
anitárias, bem
 assim
 das controvérsias C
em
especial,o caso do terrorísm
o) 
tem
 passado ao largo dessas m
esm
as grades e da doutrina em
 geraL'" O
ra, são poucas 
as disciplinas jU
rídico-científicas que possibilitam
 um
a abertura tão grande de análise 
com
o o D
ireito Internacional Público, cujo desenvolvim
ento (m
ais do que acelerado) 
.tem
 sido observado ao redor de todo o m
undo. Proporcionalm
ente a esse crescim
ento 
desenfreado (e tam
bém
, de cer", m
aneira, desordenado) tem
 ocorrido aquilo que se 
,cham
ou de sua "expansão program
ática" ,.;:_ quando então certos tem
as do program
á' 
ganharam
 m
ais autonom
ia e profundidade (com
o é o caso, v.g., do relativo à proteçãO 
internacional dos direitos hum
anos). 
. 
Este, portanto, é o prim
eiro ponto que deve ser m
udado no ensino do D
ireito 
Internacional Público em
 nosso país: faz-se necessário alargar os horizontes da m
a-
36. V. Luiz Flávio G
om
es &: V
alerio de O
liveira M
azzuoli. C
aracterísticas gerais do direito' (espe-
cialm
ente do direito internacional) na pós-m
odernidade, in Suplem
ento Trabalhista LTr, ano' 
46, voL 112, São Paulo, 2010, pp. 505-515. 
37. V.Jorge B
acelar G
ouveia. Ensinar direito internacional públiéo. C
oim
bra: A
lm
edina, 2006, p. 
27, que dem
onstra "a im
portância de trazer para0 ensinodo.D
ireito Internacional Público em
 
Portugal novosconteúdos,sendo certo que este éum
dosdolllÍl1ios jurírucosquem
ais 
tem
 sofrido no estrangeiro e ao nível das m
ais relevantes universidades". E arrem
ata: "E que 
tenho o propósito de introduzir no plano de estudos da Faculdade de D
ireito da U
niversidade 
N
ova de lisboa novos tem
as que insistentem
ente não têm
sidoversados nosplanos de estudos 
de outras Faculdades, ainda que o panoram
a português esteja em
 acelerada transform
ação e 
no bom
 sentido. H
á m
uito que a concepção clássica do D
ireito Internacional Público, m
,ercê 
do alargam
ento de m
atérias que tem
 sofrido, não se apresenta suficiente, justificando-se 
m
ultiplicar algum
as dessas disciplinas e abrindo-as a novos conteúdos" (Idem
, pp. 27-28). 
38. A
 Portaria refere-se apenas a "D
ireito Internacional", sem
 discrim
inar entre o Público e o 
Privado (art. 6°, inc. Il). N
o seu art. 16 (redação originária) ordenou que "as diretrizes cur-
riculares desta Portaria são obrigatórias aos novos alunos m
atriculados a partir de 1997 nos 
cursos jurídicos, que, no exerCicio de sua autonom
ia, poderão aplicá-las im
ediatam
ente". 
39. V. a crítica que fizem
os na Nota do Autorã la Edição (supra). 
40. 
C
f.]orge B
acelar G
ouveia. Ensinar direito internacional público, cit., pp. 144-148 (especifica-
m
ente sobre o ensino do D
ireito Internacional Público no B
rasil). 
4 L 
V
.Jorge B
acelar G
ouveia Idem
, p. 49. 
C
A
PíTU
LO
 I -
IN
TR
O
D
U
Ç
Ã
O
 A
O
 D
IR
EITO
 IN
TER
N
A
C
IO
N
A
L PÚ
B
U
C
O
 
61 
téria, a fim
 de com
preender tam
bém
 outros tem
as,. que hoje têm
 sido até m
ais rele-
vantes que os constantes do program
a tradicional. Som
ente com
 a am
pliação desse 
program
a (para que atenda às novas exigências da disciplina num
 contexto global) é 
que se poderá ter estudantes e profissionais atualizados com
 esses novos problem
as 
e capa:zes de enfrentá-los. Frise-:se que o roteiro de D
ireito Internacional"Piíblico que 
elaboram
os especiahnente para este C
ursol,retendeu contem
plar, além
 de todos os 
tópicos tradicionais da 
tam
bém
 os tem
as atuais. e pertencentes à ordem do 
dia das 
jurídico-internacionais. 42 N
ossa intenção tam
bém
 foi a de dispensar 
tratam
ento aprofundado a cada ponto desse novo program
a, perm
itindo ao leitor 
encontrar respostas (tanto teóricas ·com
o práticas) para as questões jurídicas que ó 
desafiam
. 
N
ão é aqui o lugar de revisitar o ensino do D
ireito Internacional Público no B
rasil 
desde a instituição dos cursos jurídicos no paÍs, tam
pouco é a nossa intenção fazê-lo:';3 
M
as se é possível tecer. um
a segunda crítica ao ensm
o da nossa disciplina no B
rasil, 
esta está ligada à cultura que ainda se tem
 de que o D
ireito InternacionaLPúblico não 
im
pactua diretam
ente na vida dos nossos com
patriotas (bem
 assim
 dos estrangeiros 
e apátridas que aqui Se encontram
) e não se liga diretam
ente à nossa "brasilidade". D
e 
qualquer sorte, alguns m
otivos existem
 para se alegrar. U
m
 deles é a percepção que 
vem
 tendo o Suprem
o Tribunal Federalda im
portãncia prática do D
ireito Internacional 
Público para a vida dos cidadãos. A
o longo deste Curso o leitor perceberá esse avanço 
da jurisprudência do STF sobre o tem
a.+!. 
B
IB
U
.oG
R
A
flA
: KORFF, SergeA. Introduction à I'histoire du droit international. Recuei! des Cours, 
vaI. 1 0923-1), pp. 5-23; N
IPPO
LD
, O
. Le développem
ent historique du droit international 
depuis le congres deVienne. Recuei! des Cours, vol. 2 (1924-1), pp. 1-121; PO
llTIS, N
icolas. 
Les nouve/Jes tendances du droit international. Paris: H
achette, 1927; VISSCH ER, Charles de. 
Théories et réalités en droit international public. Paris: A. Pedcine, 1953; D
AVID
, M
areeI. La 
souverainité et leslim
ites juridiques du pouvoir m
onarchique du IXem
e au XVem
e siécles. Pa-
ris: D
alloz, 1954; N
U
SSBAU
M
, Arthur. A concise history of the law
 of nations, 2
a ed. rev. N
ew
 
York: M
acm
illan, 1954; O
LlVER
, C
oveyT. H
istorical deve!opm
ent of internationallaw
: con-
tem
porary problem
s oftreaty law. Recuei! des Caurs, vol. 88 (1955-11), pp. 417-508; ACClO
LY, 
Tratado de direito internacional público, vol. I, 2
a ed. R
io de Janeiro: M
RE, 1956; 
STAD
TM
U
lLER
, G
eorg. Historia deI derecho internacional público. M
adrid: Aguilar, 1961; FARO
 
JU
N
IO
R
, Luiz P .. F. D
ireito internacional público,4 a ed. rev. e aum
. Rio deJaneiro:Borsoi, 1965; 
BRIERLY, J. L. D
ireito internacional, 2 a ed. Trad. M
. R. C
rucho de Alm
eida. Lisboa: Fundação 
C
alouste C
ulbenkian, 1968; ITUASSÚ, O
yam
a Cesar. C
urso de direito internacional público. 
R
io de Janeiro: Forense, 1986; AKEHURST, M
ichael. A m
odem
 introduction to international 
42. V. o Sum
ário deste livro, supra. 
43. Para um
 histórico com
pleto do ensino do D
ireito Internacional Público em
 Portugal, v.Jorge 
B
acelar G
ouveia, Ensinar direito internacional público, cit., pp. 59-123. 
;.44'. A
penas a titulo 
v. nesla: 
o .C
apítulo V, Seção IV, itens 2 e 3 (ainda que 
com
 críticas a respeito). 
.

Continue navegando