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Caso Clínico: Febre e Fisiologia da Temperatura Corporal

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FEBRE - 14/08/2019 
Caso clínico: 
JRS, 63 anos, sexo feminino, branca, casada, brasileira, advogada, natural do rio de janeiro e 
reside em Petrópolis há 20 anos. 
QP: “febre”
HDA: paciente relata febre… 
O que perguntar? (eu escrevi isso na aula)
- Febre aferida ou não 
- Acompanha calafrios?
- Inicio súbito ou insidioso
- Duração 
- Hora do dia 
- Sintomas acompanhados (náusea, vomito, mialgia, cefaleia, dispneia, tosse com ou sem 
secreção, desmaio, sudorese, vertigem)
- Fatores de melhora/piora 
- Faz uso de algum medicamento de forma continua 
- Alguma doença autoimune conhecida
- Já teve episódios de AVC?
Fisiologia da temperatura corporal 
—> Temperatura corporal
- Depende da regulação fisiológica e da regulação comportamental: a regulação fisiológica 
depende de alguns estímulos sejam endógenos ou exógenos (bacteria, virus…). A regulação 
comportamental é o que a gente faz com nosso corpo. Se por ventura eu me aqueço de mais 
ou de menos, o meu corpo vai entender que tá um pouco mais quente ou um pouco mais frio. 
- Maior no inicio da noite e menor de madrugada/manhã cedo 
- Como? 

*Hormônios da tireoide (pp), catecolaminas, GH

*Roupas, ambientes 
—> Hipotálamo: centro regulador
O hipotálamo recebe estimulo por hormônios e nele possui receptores pró ou anti-inflamatórios. 
Se eu produzo mais ou menos dessas substancias a temperatura vai variar. 
- Receptores pró-inflamatorios: IL-1, IL-6, TNF-alfa -> PG
- Receptores anti-inflamatórios: ADH, serotonina, dopamina. 
Definições: 
—Febre— 
- Elevação do termostato hipotalâmico por pirógenos endógenos ou exógenos. Endógeno é 
quando a gente produz alguma substancia que vai elevar a temperatura, como por exemplo o 
que ocorre quando se tem algumas doenças endócrinas que pode acabar aumentando 
catecolaminas… ex.: hipertireoidismo que vai aumentar temperatura porque produz mais HT.
Exógeno o principal fator importante são as bactérias, vírus e fungos. Quando elevamos o nosso 
termostato o corpo entende que a nossa temperatura deveria estar mais alta do que ela esta. 
Então se agora eu tô com 36 graus e meu corpo passa a entender que deveria estar com 37, ele 
vai fazer um calafrio por exemplo (vasoconstrição inicial intensa) pra que a temperatura possa se 
elevar rapidamente. 
- Vasoconstrição inicial -> calafrio -> aumento temperatura interna pela diminuição da perda de 
calor pela periferia. 
- Tecido adiposo + muscular -> produção de calor -> mialgia pela lesão muscular por causa do 
aumento do calor +/shivering (tremor muito intenso, quando há mudanças bruscas de 
temperatura, diferente do calafrio). 
- Redução da atividade pela permanência da temperatura elevada -> prostração devido a 
presença de citocinas inflamatórias. 
Semiologia I - Gabriella Grabikoski Aula 2
—Hipertermia: terminologia com controvérsias — 
- Definição: elevação da temperatura sem mudança do termostato. Ex.: passar o dia todo na 
praia e a noite sentir frio. Acontece também quando estamos em um ambiente muito frio e 
colocamos muita roupa, a nossa temperatura aumenta bastante, mas não porque nosso 
hipotálamo entende que ela precisa estar elevada pelo contexto pró-inflamatório. Existem 
também algumas doenças endócrinas que não afetam o hipotálamo mas que podem levar a 
produção excessiva de calor e dessa forma pode se ter uma hipertermia, sem a mudança do 
termostato.
- Causas: exposição exógena ou produção endógena
- Consequência: elevação acima da capacidade de perda de calor 
- Obs.: investigação pra febre é diferente de investigação pra hipertermia. 
—Hiperpirexia— 
- Febre acima de 41,5 graus (incompatível com a vida - faz rabdomiólise, lesão renal…)
- Causas: infecções graves ou AVC hemorrágico (por causa de uma lesão hipotalâmica, onde o 
hipotálamo passa a entender que a temperatura tem que ficar muito mais alta do que deveria 
estar)
Grandes grupos de doenças que causam febre: 
- Infecciosa: principal
- Neurológica: hipotálamo é centro regulador. Se tiver tumor cerebral, AVC hemorrágico/
isquêmico, infecção no SNC, sangramento por traumas por exemplo…
- Por drogas: alguns fármacos aumentam a temperatura normalmente ou como um efeito 
adverso. 
- Autoimune: são doenças inflamatórias e produzem proteínas pró-inflamatórias como 
prostaglandinas. 
- Neoplásica 
Obs.: temperatura mais baixas na faixa de 38, pode ser qualquer coisa. Quando tem um 
temperatura mais elevada como 39,5/40 a gente vai pensar em infecção ou quando tiver um 
quadro neurológico muito mais grave.
O que perguntar do ponto de vista semiológico em relação a febre? 
1. Valor: se foi aferida ou não. Paciente pode ter tido um aumento da temperatura corporal sem 
se manifestar no termômetro. Paciente usa muito o termo “febre interna”, que não existe. 
2. Padrão: febre que sempre acontece em determinados momentos, ou que da dia sim ou dia 
não, periodicidade… hoje é muito difícil definir isso pelo grande uso de antitérmicos. Mas 
ainda pode-se ver se a febre é mais frequente de manhã, a noite… sem muita especificidade. 
3. Usa remédios? Não adianta dizer que a febre vai embora, se isso só acontece depois de 
tomar remédios. A febre passa com medicamento? Antes da próxima dose a febre já voltou? 
Então por exemplo, a febre da dengue, das arboviroses de uma maneira geral, antes da 
próxima dose do antitérmico geralmente a febre já voltou. Ou seja, o contexto pró-
inflamatório inicial é tão importante que não da tempo do remédio fazer o efeito completo 
pelas 4/6 horas que o antitérmico tem na prescrição. 
4. Usou antitérmico?
5. Sintomas constitucionais? Sintomas associados (mialgia, artralgia, prostração, cefaleia…?). 
são sintomas que não dizem que a infecção tá em nenhum lugar mas vem junto com a febre 
na maior parte dos quadro inflamatórios. 
6. Sintomas “etiológicos”: se o paciente diz que tem febre mas ele tem tosse, expectoração 
purulenta, dor torácica ao respirar pensa-se em pneumonia… se o paciente diz que tem 
disúria, polaciúria, dor lombar que irradia pra região do flanco, náuseas e vômitos eu penso 
em uma pielonefrite… se o paciente diz que tem nauseas, vômitos e diarreia com sangue e 
pus pensa-se em uma diarreia invasiva… então abordar se o paciente tem algum sintoma que 
indique a localização daquele processo inflamatório infeccioso que por ventura possa 
justificar a presença da febre. Perguntar se teve sintoma respiratório, urinário… pra restringir o 
quadro e as opções diagnósticas.
7. Viagens (pelo menos do ultimo mês): causas de febres em diferentes nos lugares. Perguntar 
sobre viagens em ultimo mês. As causas de febre mudam de acordo com cada localidade do 
brasil e do mundo. Consultar CDC (centro de controle de doenças americano) e la tem 
direitinho cada região do mundo indicando qual o perfil das infecções daquela região. 
8. Imunizações: tem 2 fatores. O primeiro é que a vacina pode causar febre; vacinas de vírus 
vivo atenuado podem causar febre porque causam a própria infecção de uma forma mais 
branda. Então saber se o paciente tomou alguma vacina pode te dizer se aquilo é alguma 
reação vacinal ou a própria doença se manifestando. 
E a outra questão é que se o paciente é vacinado pra febre amarela ou pra sarampo e tem 
sintomas que são compatíveis com sarampo eu vou pensar menos em sarampo, embora não 
possa excluir, porque ele já foi vacinado. 
9. Alguém próximo tem os mesmos sintomas? Doenças infecciosas a maior parte delas são 
transmissíveis; então se tem varias pessoas em casa com o mesmo sintoma eu praticamente 
fecho o diagnostico como sendo uma doença infecciosa. 
Acrescentando dados ao caso clinico inicial… 
HDA: paciente relata febre de ate 38,9 com inicio súbito há 2 dias, aliviada com dipirona, mas 
com retorno antes da próxima dose, associada a mialgia, prostração e calafrios. Nega artralgia, 
sintomas respiratórios, urinários ou gastrointestinais. Nega viagens recentes. 
Comentário: Se em um caso a paciente mora no rio e nega viagens recentes eu possopensar em 
uma arbovirose. 
Se eu mudo esse caso falando que ela viajou durante 15 dias para o interior da Amazonia com 
retorno há 1 semana eu posso abrir o diagnostico e pensar em malária, febre amarela…
Mas se eu colho mais a história da paciente e vejo que ela se vacinou há 1 ano pra febre amarela, 
teoricamente ela é imune a febre amarela. Então a probabilidade de ser malária aumenta e a de 
ser febre amarela diminui. 
Outro caso: 
HDA: paciente relata febre de 37,8, com inicio ha 4 semanas, mais comum no final do dia, que 
cessa com antitérmico, associada a prostração, emagrecimento de 2 quilos, hiporexia e discreta 
tosse seca. Nega dispneia, mialgia ou dor torácica. 
Comentário: se eu paro nessa parte do caso, penso logo em tuberculose. 
Continuando com a anamnese: refere que seu marido foi diagnosticado com tuberculose e iniciou 
tratamento há 3 semanas. 
Comentário: já que o marido foi diagnosticado com tuberculose a chance de realmente ser 
aumenta bastante. Ou seja, pode-se ter mais certeza do diagnóstico com essa informação. 
Achados ao exame clínico: 
— Sinais vitais —
- Taquicardia: a cada grau que sobe aumenta aproximadamente 10bpm. Não tem como 
quantificar certinho porque não da pra saber a freqüência basal do paciente. 
- Ausência de taquicardia: dissociação pulso-temperatura (sinal de Faget). Ou seja, mesmo com 
a elevação da temperatura o paciente permanece com baixa FC.

Causas: febre amarela, dengue, febre tifoide, malária, leptospirose

Diferencial: bloqueios AV
- Taquipneia: acontece pelo contexto inflamatório mas também é uma forma de liberar o 
excesso de calor produzido. 
— Ectoscopia —
- Piloereção, sudorese: se eu produzir muito calor eu suo, se eu produzir pouco calor eu 
aumento a ereção dos pelos pra tentar manter o máximo de calor possível. 
— Exame clínico —
- Boca seca, sopros: sopros vai aparecer em vários focos porque o sangue esta circulando com 
velocidade maior, chama-se de sopro funcional ou hipercinético, que tem varias causas, uma 
delas é a febre. Boca seca pode vir da desidratação (perde calor -> perde água). 
Como aferir a temperatura? 
- Local: culturalmente no brasil usa-se o axilar 
Evitar: excesso de pelos, edema na região, desnutrição grave, suor…. 

Outras alternativas: embaixo da língua ou retal 
- Preparo: 
Mercúrio: balançar até estar na temperatura mínima 
Digital: verificar instruções/ligar e aguardar até que esteja piscando
- Limpeza do termômetro com álcool 70
- Inserção da ponta metálica no oco axilar em intimo contato com a pele
- Tempo: 
Mercúrio: 2-5 minutos 
Digital: até o bip sonoro 
- Nova limpeza do termômetro. 
Qual o valor para definição? 
Controverso pela bibliografia e pela variação ao longo do dia, mas… 
Axilar: > 37
Oral: > 37,4
Retal: > 37,8 
Valores retirados do livro vieira romeiro. 
E na prática? Deve-se valorizar principalmente a febre acima de 37,8 (valor mais “consenso” 
entre estudos). Não quer dizer que o paciente que tá com 37,2 não esteja com febre, mas usa-se 
mais o valor de 37,8 para tomar medidas pois é essa que vai apresentar mais sintomas 
constitucionais, impedir paciente de trabalhar…
Tipos de febre: 
- Contínua: oscilação diária de ate 1 grau, sem retornar a normalidade
- Remitente: oscilação diária > 1 grau sem retornar a normalidade
- Intermitente: alterna períodos com e sem febre

Cotidiana: ocorre diariamente 

Terçã: febre a cada 2 dias

Quartã: febre a cada 3 dias 
Obs.: terçã e quartã ocorre muito na malária porque essa doença da febre qual faz hemólise. 
Associar com região geográfica para diagnóstico. 
- Recorrente: episódios de alguns dias alternados por outros sem febre. Acontece mais em 
doenças autoimunes e neoplásicas.

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