Buscar

Provas no âmbito dos Juizados Especiais

Prévia do material em texto

Provas no âmbito dos Juizados Especiais
INTRODUÇÃO
Nossa Constituição Federal de 1988 assegurou ao cidadão de forma ampla e irrestrita, conforme disposto no art. 5 inciso LV, o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. A utilização de provas permite as partes tentem demonstrar que um fato ou afirmação são verdadeiros ou não; uma vez que o juiz não está adstrito as mesmas. 
O Código de Processo Civil de 2015 em seu artigo 371 apresentou a seguinte redação acerca da relação do juiz e da prova produzida nos autos: “O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento”. Na mesma esteira o Código de Processo Penal em seu artigo 155 aduz: “O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas”.
Importante esclarecimento nos traz NUCCI (2017, p.356), com relação aos sistemas de avaliação da prova, os quais ele elencou em três possibilidades: a) livre convicção, onde o magistrado está vinculado apenas a sua convicção íntima, sem necessidade de motivar sua decisão, essa forma é a que existe dentro do Tribunal do Júri, especialmente no que se refere a decisão dos jurados; b) prova legal, onde existe um valor atribuído a cada prova produzida, não aplicada no Brasil; c) convencimento racional, onde o juiz decide de acordo com seu convencimento porém de forma fundamentada, expondo as suas razões de tal convencimento. 
Não menos importante é notar que, de acordo com o art. 374 do novo CPC, certos fatos independem de prova: “I - notórios; II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; III - admitidos no processo como incontroversos; IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade”.
Brevemente fizemos menção a alguns diplomas legais que de forma direta ou indiretamente estão presentes dentro do âmbito da Lei 9099/95, a lei que implantou os Juizados Cíveis e Criminais.
O Juizado Especial detém algumas características singulares em relação a outras instâncias judiciais. Princípios como oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, além ainda da busca pela autocomposição em seus diversos momentos processuais, causam reflexos na prestação jurisdicional. 
DAS PROVAS NOS JUIZADOS ESPECIAIS
Nos Juizados Especiais, o magistrado dispõe de maior liberdade nos que se refere a prova, seja ela na sua produção ou em seu convencimento acerca das provas que foram produzidas, assim, o juiz poderá valorá-las conforme critério de experiência comum ou técnico. Devemos lembrar que, nos Juizados Especiais é contemplado dentre vários princípios, o da celeridade e sobre esse prisma deve o magistrado atentar-se para as provas que tenham cunho meramente protelatórios, pois, a busca da verdade real é mais importante que a verdade formal.
	 Assim sendo, acerca desse tema (provas) abordaremos as espécies de provas que são utilizadas nos Juizados Especiais, quais sejam; prova testemunhal, prova pericial, prova documental, a inspeção de coisas e pessoas, prova emprestada e ata notarial.
	No procedimento sumaríssimo admite-se todos os meios de produção de prova, as legítimas e as provas atípicas, como prevê no artigo 32 da lei 9.099/95. No que tange a prova atípica ensina Alexandre Freitas Câmara que, a prova atípica pode ser produzida de forma testemunhal, por meio de declaração escrita feita por terceiro estranho à lide.
Na admissão prova testemunhal nos Juizados Especiais Cíveis, a lei limitou ao máximo de 3 testemunhas para cada parte, bastando apenas que elas compareçam à audiência de instrução e julgamento, é o que está disposto do artigo 34 da lei 9.099/95, apesar de ser dispensável o arrolamento prévio das testemunhas, Alexandre Câmara defende que é necessário que as testemunhas devam ser previamente arroladas para respeitar o contraditório. Seguindo essa linha, o momento para que a parte requeira a produção de prova testemunhal e arrole as suas testemunhas é feito na petição inicial ou após a audiência de conciliação.
A prova pericial segundo a lei 9.099/95, prevê que o perito não precisa, necessariamente formular um laudo por escrito, contudo, limitando-o a responder, em audiência, as perguntas feitas pelo magistrado e pelas partes. 
O juiz não é um ser supremo que detém o conhecimento sobre todas a coisas, e por isso, ele necessita de um perito para auxiliá-lo quando a prova em questão demandar conhecimento técnico ou científico, a previsão está disposta no artigo 156, do CPC. O perito a ser nomeado é de confiança do magistrado, e em contrapartida pode as partes se assim quiserem, nomear assistente para que rebata algo que ache estar errado sobre o ponto de vista técnico. A prova pericial ela consiste em exame, vistoria ou avaliação.
O exame diz respeito à análise de fatos e circunstâncias, e recaí sobre coisas móveis ou pessoa, já a vistoria é feita em bens imóveis e a avaliação é feita para aferir o valor de algo, ou seja, sua expressão pecuniária.
Na inspeção de coisas ou pessoa, o juiz pode de ofício ou a requerimento das partes designar que seja feita uma inspeção em determinada pessoa ou determinada coisa, nesse ponto o juiz pode determinar que alguém de sua confiança faça a inspeção e posteriormente esta relatará ao magistrado de forma informal o que foi inspecionado. Quando o fato não depender de perito para a análise da prova e esta puder ser feita por qualquer um, o magistrado então estará dispensado de nomear um perito para que lhe assista com conhecimento técnico ou científico.
	A respeito da prova documental, a parte informa em sua inicial a prova constante do fato que alega ou do fato que contesta. A exemplo de uma prova documental podemos citar a Ata Notarial, onde a parte leva o documento para que o tabelião faça o registro daquela informação que servirá de meio de prova, haja vista, que ela será dotada de fé pública. No entanto, é válido ressaltar que referente a Ata Notarial, o tabelião não dever fazer nenhum juízo de valor sobre o teor do documento, tampouco alterar ou suprimir informações que estão a sua disposição para serem transcritos. 
No tocante a prova emprestada sua previsão legal está disposta no artigo 372 do CPC. A parte pode se valer da prova produzida em outro processo distinto, porém, o juiz atribuirá a essa prova o valor que achar pertinente. A prova emprestada pode ser documental, testemunhal ou mesmo um laudo perícia.
Referências
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em abril de 2020.
_____________. Código de Processo Penal. Decreto-lei n. 3.689 de 03 de outubro de 1941. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm>. Acesso em abril de 2020.
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo e execução penal. 14 ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2017.
SILVA,Thiago de Moraes, Manual de Juizados Especiais Estaduais, 1.ª ed, Revista dos Tribunais, Thomson Reuters, 2020. Disponível em: Online. Acesso em abril de 2020.

Continue navegando