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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO GROSSO - CAMPUS SÃO VICENTE - NÚCLEO AVANÇADO DE JACIARA DEPARTAMENTO DE GRADUAÇAO E PÓS GRADUAÇAO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS DA NATUREZA PLANTAS MEDICINAIS COMO PROPOSTA INTERDISCIPLINAR NO SEGUNDO SEGMENTO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DA ESCOLA ANTÔNIO JOSÉ DE LIMA DE JUSCIMEIRA - MT DIVINO OLIVEIRA SILVA ELIANE MARIA SANTOS DA CRUZ JACIARA – MT 2014 i DIVINO OLIVEIRA SILVA ELIANE MARIA SANTOS DA CRUZ PLANTAS MEDICINAIS COMO PROPOSTA INTERDISCIPLINAR NO SEGUNDO SEGMENTO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DA ESCOLA ANTÔNIO JOSÉ DE LIMA DE JUSCIMEIRA - MT Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso - Campus São Vicente – Núcleo Avançado de Jaciara como parte das exigências do Curso de Licenciatura em Ciências da Natureza para conclusão do curso de graduação. Orientador: Prof. M.Sc. Arnaldo Gonçalves de Campos JACIARA – MT 2014 ii DIVINO OLIVEIRA SILVA ELIANE MARIA SANTOS DA CRUZ PLANTAS MEDICINAIS COMO PROPOSTA INTERDISCIPLINAR NO SEGUNDO SEGMENTO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DA ESCOLA ANTÔNIO JOSÉ DE LIMA DE JUSCIMEIRA – MT Trabalho de Conclusão de Curso defendido e aprovado em: / / BANCA EXAMINADORA ____________________________________________________________________________ Prof. M.Sc. Arnaldo Gonçalves de Campos ____________________________________________________________________________ Prof. Esp. Susel Taís Coelho Soares ____________________________________________________________________________ Prof. M.Sc. Jorge Luís da Silva JACIARA – MT 2014 iii DEDICATÓRIA Dedicamos esse trabalho as nossas famílias e amigos pela paciência, compreensão e contribuição na realização desse trabalho. iv AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar agradecemos a Deus, que nos possibilitou ser criativos, nos sustentando com suas mãos poderosas, dando-nos coragem para sempre propor novas possibilidades, na tentativa de vencer os desafios. Ao nosso orientador, prof. M.Sc. Arnaldo Gonçalves de Campos, por acreditar no nosso potencial, pela disponibilidade, pelo incentivo, pelos conselhos e pelo apoio durante todo o percurso de elaboração deste trabalho de Conclusão de Curso e por quem gostaríamos de expressar nossa admiração profissional. A Profª. Mayara Carlotto de Novais e aos alunos da 1º fase do 2º segmento da EJA da Escola Estadual Antônio José por terem acreditado em nosso trabalho e pelo apoio incondicional na realização da nossa intervenção. A nossa família, a qual acreditou em nossos sonhos e por estar ao nosso lado em todas as circunstâncias, também pela compreensão e carinho. Aos amigos da turma V, pela força, pelos momentos de descontração, pelas trocas de experiências, angústias e anseios compartilhados. Aos professores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso – Campus São Vicente/Núcleo Avançado de Jaciara. A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho. v RESUMO Este trabalho apresenta os resultados de uma intervenção pedagógica visando pesquisar e resgatar saberes sobre Plantas Medicinais (PM), bem como a valorização do conhecimento popular dos alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA), da Escola Estadual Antônio José de Lima, localizada no município de JUSCIMEIRA-MT. Os dados foram coletados através de entrevistas com 13 alunos. Depois das entrevistas e contextualizando os conhecimentos prévios, várias aulas foram ministradas nesta turma visando ampliar os conhecimentos desses alunos no Ensino de Ciências promovendo uma ação interdisciplinar. Trabalhando esse tema buscou-se também propiciar uma aprendizagem significativa baseada na Teoria de Ausubel. Nestas aulas foram utilizados vários recursos didáticos bem como a proposta de realização de uma oficina de PM e ao final um QUIZ. Esse QUIZ é jogo de perguntas e respostas, que foi realizado na intenção de averiguar o grau de aprendizado dos alunos que participaram dessa intervenção pedagógica. Os resultados obtidos nas entrevistas demonstram que as PM são adquiridas principalmente nos quintais de casa, usadas essencialmente na forma de chás, cuja parte da planta mais utilizada são as folhas. Com os resultados do QUIZ obteve-se 93,75% de acertos, num total de 32 perguntas os alunos erraram somente 2 questões. Ao analisar os resultados obtidos percebeu-se que esse tema é de grande relevância para realização em projetos de educação. PALAVRAS-CHAVE: EJA, Ensino de Ciências, Interdisciplinaridade. vi ABSTRACT This paper presents the results of an educational intervention aimed at search and rescue knowledge about Medicinal Plants (PM), as well as the appreciation of popular knowledge of students of Youth and Adults (EJA) School Antônio José de Lima, city of JUSCIMEIRA- MT. Data were collected through interviews with 13 students. After the interviews and contextualizing prior knowledge, several lessons were taught in this class aimed at increasing the knowledge of these students in Science Teaching promoting an interdisciplinary approach. Working this subject also sought to provide a more meaningful learning based on theory of Ausubel. In these classes various teaching resources as well as the proposal to hold a workshop for PM and one at the end QUIZ were used. QUIZ This is game of questions and answers, which was conducted in an attempt to ascertain the degree of the students who participated in this learning pedagogical intervention. The results from the interviews show that the PM are acquired mainly in the backyards of the house, used mainly in the form of teas, whose most used part of the plant are the leaves. With the results of QUIZ obtained 93.75% accuracy in a total of 32 questions students missed only two questions. When analyzing the results it was noticed that this topic is of great relevance to achievement in education projects. KEYWORDS: EJA, Science Education, Interdisciplinary. vii SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO . ................................................................................................ 12 2 REFERENCIAL TEÓRICO . .............................................................................. 14 2.1 Histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil. ............................ 14 2.2 Sujeitos da EJA. ........................................................................................... 18 2.3 Ensino de Ciências na EJA ......................................................................... 20 2.4 Interdisciplinaridade. ................................................................................... 21 2.5 As plantas medicinais como instrumento de aprendizagem. .................. 22 2.6 Aprendizagem significativa contextualizando com o tema PM. ............... 23 3 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. 24 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO. ........................................................................ 26 5 CONCLUSÃO. ...................................................................................................38 6 REFERENCIAS. ................................................................................................ 39 7 APÊNDICES . .................................................................................................... 42 viii LISTA DE SIGLAS EJA – Educação de Jovens e Adultos FUNDAÇÃO EDUCAR - Fundação Nacional para a Educação de Jovens e Adultos LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MEC – Ministério da Educação e Cultura MOBRAL – Movimento Brasileiro de Alfabetização PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais PNE – Plano Nacional de Educação PM – Plantas Medicinais PNPMF – Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápico ix LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: Escola onde foi realizada a intervenção. ........................................... 25 FIGURA 2: Aluna da EJA sendo entrevistada. ..................................................... 27 FIGURA 3: Alunos participando das aulas sobre PM. .......................................... 31 FIGURA 4: Alunos participando da trilha pedagógica .......................................... 32 FIGURA 5: Alunos preparados para iniciar a apresentação da oficina ................ 33 FIGURA 6: Alunos que prestigiando a oficina. ..................................................... 34 FIGURA 7: Alunos que apresentaram a oficina .................................................... 35 FIGURA 8: Alunos participando do QUIZ. ............................................................ 36 x LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1: Percentual do conhecimento sobre PM .......................................... 28 GRÁFICO 2: Percentual de utilização das PM pelos entrevistados ..................... 29 GRÁFICO 3: Percentual sobre o conhecimento de efeito colateral das PM ........ 30 GRÁFICO 4: Percentual de acertos e erros no QUIZ ........................................... 36 xi LISTA DE TABELAS TABELA 1: Percentual em relação ao gênero dos alunos entrevistados ............. 27 TABELA 2: Percentual das espécies de PM citadas pelos alunos da EJA .......... 28 12 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho aborda o uso de Plantas Medicinais (PM) no âmbito escolar como instrumento de aprendizagem, no ensino de Ciências. Nos dias atuais o que se sabe sobre PM provém principalmente do conhecimento popular e de pesquisas etnobotânicas. O uso de medicamentos caseiros para curar moléstias como gripes, problemas de digestão, resfriado entre outros. Esse hábito de se usar as PM é considerado uma tradição passada de geração em geração através da oralidade ao longo do tempo. O uso de PM, designadamente para fins medicinais, surgiu com as sociedades primitivas. O conhecimento científico em muito tem se expandido, contudo ainda existem muitas pessoas que recorrem a métodos alternativos para curar determinadas doenças usando plantas. Isso talvez aconteça em virtude dos elevados custos dos remédios industrializados e/ou pela facilidade em se obter essas plantas. Para Amico (2013) ―PM são todas aquelas que possuem princípios ativos que ajudam no tratamento das doenças podendo levar até mesmo a sua cura‖. Para abordar esse tema em sala de aula procurou-se trabalhar de maneira interdisciplinar. A prática da interdisciplinaridade tem como intenção colaborar na reorganização do conhecimento partindo de uma dinâmica investigativa que envolve a participação de diferentes disciplinas sobre um eixo integrador que propicie a necessidade de trabalhar em conjunto (SILVA, 2012). Fazenda (2008) define ―interdisciplinaridade como atitude de ousadia e busca frente ao conhecimento, cabe pensar aspectos que envolvem a cultura do lugar onde se formam professores‖. Dessa forma, o tema PM, foi adotado como instrumento interdisciplinar de aprendizado para a 1ª fase do 2º segmento da Educação de Jovens e Adultos da escola Antônio José de Lima do município de Juscimeira – MT. O interesse pelas PM surgiu após a realização de uma pesquisa junto à população Juscimeirense para avaliar as plantas mais conhecidas e plantadas pela população da cidade. 13 Por intermédio da familiarização com o tema PM esse assunto foi escolhido como objeto de estudo e especialmente pelo fato de muitos docentes evidenciarem a falta de material didático/pedagógico para se trabalhar com o público EJA. Partindo do pressuposto que o aluno da EJA já tenha conhecimento prévio da medicina popular, o tema: Plantas Medicinais como proposta interdisciplinar no segundo segmento da Educação de Jovens e Adultos da escola Antônio José de Lima MT é proposto como instrumento de ensino buscando contribuir com uma aprendizagem significativa. ―A aprendizagem é muito mais significativa à medida que o novo conteúdo é incorporado às estruturas de conhecimento de um aluno e adquire significado para ele a partir da relação com seu conhecimento prévio‖ (PELIZZARI et al 2002).O objetivo geral do presente trabalho foi: Pesquisar conhecimentos populares sobre as PM com o público da EJA, bem como socializar os respectivos conhecimentos. Como objetivo específico teve-se os seguintes: Diagnosticar os saberes dos alunos e relacioná-los aos conteúdos abordados em Ciências; Elaborar e desenvolver aulas interdisciplinares; Realizar oficina com PM entre os alunos e a comunidade escolar; Identificar e nomear as partes das plantas usadas para fins medicinais; Compreender a relação da importância do tema para a vida, e; Desenvolver atividade lúdica intencionando avaliar o nível de aproveitamento do trabalho realizado. 14 2 REFERENCIAL TEÓRICO Esse tópico tem como finalidade realizar revisão de literatura sobre as idéias de teóricos que já estudaram e escreveram sobre o assunto apresentando um embasamento da literatura sobre o tema. 2.1 Histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil A história da EJA no Brasil enfrentou muitas lutas para se consolidar como modalidade de ensino. No entanto, para fazer uma retrospectiva da EJA necessita se que conhecer um pouco da história da educação brasileira que se iniciou com catequização dos jesuítas no Brasil colônia. De acordo com Ghiraldelli Jr. (2001) a educação na época dos colonizadores passou por três fases: a fase de predomínio dos jesuítas1; a fase das reformas realizadas pelo Marquês de Pombal; e o período em que D. João VI, então rei de Portugal, trouxe a Corte para o Brasil (1808-1821). A Companhia Missionária de Jesus tinha o papel de transmitir conhecimentos escolares básicos (ler e escrever) e de difundir a fé cristã. Contudo o ensino proposto pelos jesuítas foi desorganizado após a expulsão dos mesmos, iniciando assim o período pombal. Marquês de Pombal2, ministro de estado em Portugal, executou várias reformas a fim de adaptar as escolas fundadas pelos jesuítas de acordo com os interesses do estado. ―Assim, a partir de 1759, o Estado assumiu a educação em Portugal e no Brasil, de modo a verificar a literatura que deveria ser usada e a que deveria ser censurada e assim por diante‖ (GHIRALDELLI JR, 2001). 1 Os jesuítas eram padres da Igreja Católica que faziam parte da Companhia de Jesus. Esta ordem religiosa foi fundada em 1534 por Inácio de Loiola (VAZ, PANAZZO, 2012). 2 Sebastião José de Carvalho e Melo passou à história conhecido por seu título de nobreza, Marquês de Pombal. Sua família era nobre, mas os pais de Sebastião não tinham muito dinheiro. O rapaz estudou Direito por um ano na Universidade deCoimbra e não gostou. Entrou para o serviço militar, como cadete e também não se adaptou. Depois de uma vida de solteiro bastante agitado, casou-se com Teresa de Noronha e Bourbon, dama da rainha Maria Ana de Áustria (VAZ, PANAZZO, 2012). 15 O período pombal teve seu fim quando em 1807 as tropas de Napoleão3 invadiram Portugal deslocando a corte portuguesa para o Brasil escoltado pelos ingleses, por isso algumas mudanças aconteceram na educação ―uma série de cursos, tanto profissionalizantes em nível médio como em nível superior, bem como militares, foram criados para fazer do local algo realmente parecido com uma Corte‖ (GHIRALDELLI JR, 2001). No período imperial a educação foi estruturada em três níveis: primário, era a ―escola de ler e escrever‖; o secundário se manteve dentro do esquema das ―aulas régias‖, mas recebeu várias novas ―cadeiras‖ (disciplinas); e superior. (GHIRALDELLI JR, 2001). Logo que a corte portuguesa voltou para o Portugal um ano após D. Pedro primeiro liderou a independência e outorgou a primeira Constituição Federal de 1824, sendo que em um de seus tópicos se referia à educação brasileira: ―A instrução primária é gratuita a todos os cidadãos‖ (GHIRALDELLI JR, 2001). Soek et al (2009), faz menção a essa constituição de 1824 dizendo que durante um longo tempo da História do Brasil essa educação só foi designada aos ricos, uma pequena parte da população. Aumentando assim o percentual de pessoas não alfabetizadas. A constituição de 1934 constituiu o Plano Nacional da Educação (PNE) que indicava pela primeira vez a educação de adultos, onde constavam as seguintes normas: ―ensino primário integral gratuito e de freqüência obrigatória extensivo aos adultos‖. Ghiraldelli Jr (2001) diz: que essa constituição de 1934 não teve muito êxito, pois Getúlio Vargas, o presidente da época, tornou se ditador através de um golpe militar, com isso Vargas criou um novo regime denominado por ele ―Estado Novo‖ sendo assim criou uma nova constituição escrita por Francisco Campos. Segundo Ghiraldelli Jr (2001) a constituição de 1937 surgiu para favorecer o estado, pois o mesmo abriu mão da responsabilidade com a educação pública e desempenharia um papel subsidiário, e não central, em relação ao ensino. Assim um ordenamento democrático foi estabelecido em 1934 onde à educação tida como 3 ―Napoleão Bonaparte, foi um dos mais famosos generais dos tempos contemporâneos e um extraordinário estadista nascido em Ajácio, na Córsega, ilha do Mediterrâneo sob administração da França, desde o ano do seu nascimento, que deixou marcas duradouras nas instituições da França e de grande parte da Europa ocidental‖. Disponível em http://www.brasilescola.com/biografia/napoleao- bonaparte.htm, acessado em 15 de junho de 2014. 16 direito de todos e obrigação dos poderes públicos, fora substituído por um texto que isentou o Estado de expandir e manter o ensino público. De acordo com Soek et al (2009) quando findou a ditadura de Getulio Vargas, em 1945, o país vivenciou um alvoroço político de redemocratização. Era necessário expandir os alicerces eleitorais para sustentar e fortalecer o governo central, integrar as massas populacionais de imigrantes e ampliar a produção. A primeira campanha da Educação de Jovens e Adultos, inspirada nas idéias de Laubach4 contemplava desde a alfabetização intensiva, seguido pelo curso primário, culminando na etapa final chamada ação em profundidade. Nesse período foi criado o primeiro material didático para os adultos, a cartilha. ―No decorrer do tempo, outras campanhas foram organizadas pelo Ministério da Educação e Cultura: em 1952, Campanha Nacional de Educação de Rural e, em 1958, a Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo‖ (SOEK et al 2009). Na final da década de 50 várias críticas dirigiram se á Campanha de Educação de Jovens e Adultos tanto ás deficiências administrativas e financeiras quanto à sua orientação pedagógica. Críticas também surgiram direcionadas ao uso das cartilhas, que foi caracterizada como inadequada para a população adulta (SOEK et al 2009). Todas essas críticas corroboraram para uma nova visão sobre o problema do analfabetismo e para consolidar um novo paradigma pedagógico para a educação de adultos que teve como referência principal Paulo Freire. (SOEK et al 2009). O método Paulo Freire não se caracterizou pela transmissão de conhecimentos, mas criou possibilidades para sua produção ou construção (FREIRE, 1996). Com isso o método buscava conhecer o cotidiano das pessoas envolvidas, colocando o adulto como sujeito de sua aprendizagem, não negando sua cultura e transformando-a por meio do diálogo. Com esse método Paulo Freire alfabetizou 300 adultos em 45 dias. João Goulart o presidente do Brasil na época convidou Paulo freire para organizar o Plano Nacional de Educação que foi aprovado em janeiro de 1964, que previa a disseminação de programas de alfabetização (BRANDÃO, 2005). 4 Frank Charles Laubcak nasceu na Cidade de Benton, Pensilvânia,Estados Unidos.Formou-se na Universidade de Princeton.Formulou um método baseado no conhecimento prévio dos adultos, alfabetizando 60% do total da população nativa.Seu método foi adaptado para os 17 dialetos falados nas Filipinas.(SOEL et al 2009). 17 No entanto, neste mesmo ano, ocorreu o Golpe Militar e os programas de alfabetização foram reprimidos e Paulo freire foi acusado de subversão, por isso foi preso e depois exilado. E em 1967 foi instituído pelo governo militar o Movimento Brasileiro de alfabetização (MOBRAL) (SOEK et al 2009). O MOBRAL surgiu com o objetivo de erradicar o analfabetismo possibilitando a educação continuada aos jovens e adultos, para atingir os objetivos desse programa foram criados alguns materiais didáticos: livro-glosário, livro-texto, livro do alfabetizador, livro para exercitar o calculo, e um conjunto de cartazes. E em 1971 foi implantado pela LDB o ensino supletivo (SOEK et al 2009). Com a instituição do ensino supletivo pelo MEC, em 1971, a escolaridade se ampliou para a totalidade do ensino de 1º grau. Foram então redefinidas as funções desse ensino, e o MEC promoveu a implantação dos Centros de Ensino Supletivo (CES), a fim de atender todos os alunos – inclusive os egressos do Mobral – que desejassem completar os estudos fora da idade regulamentada para as séries iniciais do ensino de primeiro grau (BRASIL, 2002). Em 1985, com o fim do período militar o MOBRAL foi extinto sendo substituído pela Fundação Nacional para a Educação de Jovens e Adultos (Fundação Educar). A Fundação Educar promovia a execução dos programas de alfabetização apoiando financeiramente e tecnicamente as ações de organizações não governamentais (SOEK et al 2009). No ano de 1988 foi promulgada uma nova constituição que ampliava o dever do estado com a EJA, pois de acordo com o artigo 208 da Constituição de 1988: ―o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I – ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria‖ (BRASIL, 1988). Na década de 90, a LDB nº 9394/96 define a EJA como uma modalidade de ensino, ―destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria‖ (BRASIL, 2013). De acordo com a Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEDUC-MT) o objetivo dessa modalidade de ensino é promover a inclusão social, inserção dos jovens e adultos no mercado de trabalho, construircidadania e aumentar as taxas de escolarização. Tendo como funções: reparadora, equalizadora e qualificadora. Essa modalidade de ensino abre as portas para aqueles que querem elevar 18 seu índice de conhecimento, retomando os estudos, com isso podem melhorar a qualidade de vida e recuperar o tempo que passou. 2.2 Sujeitos da EJA A modalidade de ensino EJA propõe o atendimento a um público que lhe fora impossibilitado o acesso a escolarização na idade certa, podendo ser por irregularidades de vagas e condições econômicas desfavoráveis. A EJA não surgiu de repente, mas sim entre lutas e conquistas que essa modalidade de ensino concretiza se no país. Diante disso, é indispensável questionar: quem são os sujeitos da EJA? De acordo com o MEC (2006a) os alunos da EJA são ―protagonistas de histórias reais e ricos em experiências vividas, os alunos jovens e adultos configuram tipos humanos diversos. São homens e mulheres que chegam à escola com crenças e valores já constituídos‖ (BRASIL, 2006a). Gadotti (2002) define o perfil dos alunos da EJA da rede pública como: maioria trabalhadores proletariados, desempregados, donas de casa, jovens, idosos, portadores de deficiências especiais. São alunos com suas diferenças culturais, etnias, religião e crenças. Para esses alunos, ―a escola é um espaço de sociabilidade, de transformação social e de construção de conhecimentos‖. ―Os alunos e alunas de EJA trazem consigo uma visão de mundo influenciada por seus traços culturais de origem e por sua vivência social, familiar e profissional‖ (BRASIL, 2006a). Logo, a escola não é o único local de produção e socialização dos saberes. Por isso, os docentes devem considerar o conhecimento já possuído por esses alunos. Freire (1996) diz que ―ensinar exige respeito aos saberes dos educandos‖. Oliveira (2004) divide os sujeitos da EJA em três especificidades identificando as em: ―a etária, a sociocultural e a ético-política‖. Na especificidade etária corresponde à idade das pessoas que não tiveram acesso a escola na idade adequada, podendo ser jovens, adultas e idosas. A especificidade sociocultural está relacionada a um olhar concentrado em atividades educativas predominando em apontados grupos de pessoas em relação a sua cultura e posição social, ou seja, os Jovens e Adultos de renda média baixa. ―A EJA também se caracteriza por uma 19 especificidade ético-política, porque está no centro das relações de poder existente entre os escolarizados e os não-escolarizados‖ (OLIVEIRA, 2004). Assim, ao analisar os aspectos e as especificidades da EJA percebe se que essa modalidade de ensino precisa ter olhar diferenciado, pois segundo Cavaglier (2011) ―muitos dos sujeitos da EJA são trabalhadores, donas de casa, outros jovens que não se adequaram ao ensino regular, mas todos parecem ter em si um objetivo comum: a busca pelo seu espaço na sociedade". De acordo com o MEC (2006a) ―muitos alunos dizem estar na escola para poder ―arrumar um emprego‖, ―conseguir um trabalho melhor‖, ―crescer na profissão‖. Portanto, ―a conclusão do nível básico de ensino significa, para muitos, a abertura de novas possibilidades, mas para outros pode significar apenas um reconhecimento de ser capaz, de alcançar a escolaridade mínima para se inserir no mercado de trabalho‖ (CAVAGLIER, 2011). Para Soek et al (2009) o perfil da EJA também é caracterizado devido a localização geográfica, onde há distinção entre regiões rurais e urbanas, pois no meio rural segundo ela a taxa de analfabetismo no Brasil chega a ser três vezes maior que nas regiões urbanas. ―È evidente também a questão da renda infelizmente num país como o nosso, a desigualdade social é tamanha e os anos de estudo estão diretamente relacionados á renda familiar‖ (SOEK et al 2009). Como se percebe a maioria dos sujeitos da EJA estão preocupados em concluir o nível básico de ensino, visando a oportunidade de se inserir no mercado de trabalho e/ou mesmo buscando um reconhecimento diante da sociedade. Contudo, o ensino básico não deve significar uma etapa finalizada, pois de acordo com a LDB (2013) é dever do poder público estimular e proporcionar ao trabalhador a permanência na escola, mediante ações integradas e complementares entre si que são indispensáveis para o exercício da cidadania. Os alunos da EJA devem ter acesso aos conhecimentos que poderão promover e ampliar suas interpretações sobre aspectos individuais e coletivos como um todo. Questões que pautam a formulação desta proposta para o currículo de Ciências Naturais para o público da EJA. 20 2.3 Ensino de Ciências O ensino de Ciências Naturais vem sofrendo grandes mudanças nas últimas décadas. Pires et al (2002) diz que o ensino tradicional prioriza a descrição dos fenômenos naturais e a transmissão de definições, regras, nomenclaturas e fórmulas, o que muitas vezes não estabelece vínculos com o cotidiano do aluno, para ele esse fator tem dificultado a aprendizagem dos alunos. A mesma onda de mudanças tem sido conferida no campo da EJA, com o surgimento de novas propostas, de modo que a área de Ciências possa cooperar com a melhoria da qualidade de vida do aluno e a ampliação da compreensão do mundo de que participa profundamente marcado pela Ciência e pela Tecnologia (PIRES et al 2002). De acordo com Krasilchik (1987) o ensino de Ciências é um campo do conhecimento que emerge a partir de um conjunto de atividades sendo elas: (...) análises teóricas sobre o papel da Física, Química, Biologia e Ciências na educação, pesquisas sobre a forma de aprendizagem dos conceitos científicos, produção de materiais didáticos, desenvolvimento de metodologias, estudos do papel da linguagem, da motivação e do interesse, em alunos de diferentes faixas etárias (KRASILCHIK, 1987). Atualmente o ensino de Ciências não se restringe apenas a uma disciplina, mas sim um conjunto de disciplinas que se ligam entre si e o ensino de Ciências Naturais para jovens e adultos fundamenta-se nos mesmos objetivos gerais do ensino voltado para crianças e adolescentes, uma vez que a formação para a cidadania constitui meta de todos os segmentos e modalidades da escolaridade (BRASIL, 1997b). Compreender a ciência como um processo de produção de conhecimento e uma atividade humana, histórica, associada a aspectos de ordem social, econômica, política e cultural (BRASIL, 1997b). Diante disso, ―o papel das ciências naturais é o de colaborar para a compreensão do mundo e suas transformações, situando o homem como indivíduo participativo e parte integrante do universo‖ (BRASIL, 2001). Por sua vez, ―o ensino de Ciências Naturais, ao longo de sua história na escola fundamental, tem se orientado por diferentes tendências, que ainda hoje se expressam nas salas de aula‖ (BRASIL, 1997b). 21 A partir da década de 70 o ensino de Ciências começou a dar lugar a um ensino que integrasse diversos conteúdos, buscando uma atitude interdisciplinar, o que tem representado importante desafio para a didática da área (BRASIL, 1997b). 2.4 Interdisciplinaridade A interdisciplinaridade é um tema bastante discutido no universo educacional. Desde a década de 60 esse termo tem sido objeto de estudo de pedagogos, pesquisadores, cientistas e professores. Ela começou a ser abordada no Brasil a partir da LDB Nº 5.692/71. Desde então, sua presença no cenário educacional brasileiro tem se tornado mais presente e, recentemente, mais ainda, com a nova LDB Nº 9.394/96 e com os PCNs. Além da sua grande influência na legislação e nas propostas curriculares, a interdisciplinaridade tornou-se cada vez mais presente no discurso e na prática de professores. Na perspectiva escolar, a interdisciplinaridade nãotem a pretensão de criar novas disciplinas ou saberes, mas de utilizar os conhecimentos de várias disciplinas para resolver um problema concreto ou compreender um determinado fenômeno sob diferentes pontos de vista. (BRASIL, 1997a) Oliveira (2010) diz que a prática interdisciplinar consiste num diálogo com as próprias produções e um compartilhamento de informações entre professores com o objetivo de buscar recursos, técnicas e novos horizontes a partir daquilo que já foi utilizado um dia para crescer seu conhecimento e poder passá-lo com mais eficiência ao educando. Fazenda (2008) define ―interdisciplinaridade como atitude de ousadia e busca frente ao conhecimento, cabe pensar aspectos que envolvem a cultura do lugar onde se formam professores‖, ou seja, ela apresenta uma nova atitude diante do conhecimento, pois busca o contexto do conhecimento promovendo a interação das disciplinas. A interdisciplinaridade surgiu na tentativa de auxiliar de forma simples e precisa a compreensão de um determinado tema dentro de várias disciplinas, interagindo com as mesmas. Portanto, para um melhor desenvolvimento da intenção interdisciplinar, é necessário organizar, programar, delimitar, debater a questão ou 22 tema escolhido. 2.5 As PM como instrumento de aprendizagem Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2004) ―PM são aquelas capazes de aliviar ou curar enfermidades e têm tradição de uso como remédio em uma população ou comunidade‖. A utilização de PM é uma das mais antigas práticas empregadas para tratamento de enfermidades humanas. Muito do que se sabe hoje a respeito de tratamentos com plantas provém do conhecimento popular (VASCONCELOS et al, 2010). O Brasil é o país de maior biodiversidade do planeta. Além disso, apresenta uma rica diversidade étnica e cultural e possui valioso conhecimento tradicional relacionado ao uso de PM, e dispõe de potencial necessário para o desenvolvimento de pesquisas que resultem em novas tecnologias e benefícios terapêuticos apropriados (BRASIL, 2006b). Diante desse grande potencial do Brasil em termos de cultura popular sobre as PM o Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Plantas Medicinais (PNPMF) por meio do Decreto Nº 5.813, de 22 de junho de 2006. O objetivo geral desse decreto é promover o uso sustentável da biodiversidade, desenvolver a cadeia produtiva e a indústria nacional bem como garantir a população brasileira o acesso seguro e o uso racional das PM (BRASIL, 2006b). Logo, observa se a importância das PM no cotidiano do povo brasileiro. Especialmente, depois deste decreto que formaliza a intenção de utilização das PM pelo SUS, que objetiva o emprego da Fitoterapia5 com base científica, extraída do conhecimento popular, para uma grande parcela da população com acesso restrito a um sistema de saúde de qualidade. Com isso valoriza se a sabedoria popular sobre plantas medicinais, contudo vale ressaltar que esse conhecimento só deve ser repassado depois de confirmado à ação terapêutica dessa planta existe bem como se o seu uso é seguro (CAVAGLIER, 2011). 5 Fitoterapia é um estudo aprofundado das PM nas quais as aplicações estão diretamente ligadas a curas de doenças (SILVELLO 2010). 23 Os princípios ativos produzidos pelas PM se distribuem pelos órgãos de maneira desigual e estão concentrados em maior quantidade em diferentes partes que podem ser caule, folhas, flores ou sementes (BOBATO et al 2003). A etnobotânica estuda as inter‐relações direta entre pessoas de culturas viventes e as plantas do seu meio, aliando fatores culturais, ambientais e as concepções desenvolvidas por essas culturas sobre as plantas e o aproveitamento que se faz delas‖ (ALBUQUERQUE, 2005). Ao estudar a utilização e o conhecimento a respeito das PM na prática de ensino, temos a possibilidade de estabelecer uma relação com o aluno que parte de seus conhecimentos prévios e de seu cotidiano, além da busca de suas raízes familiares. 2.6 Aprendizagem significativa contextualizando com o tema Plantas Medicinais O tema PM proposto neste trabalho busca contribuir com o desenvolvimento de uma aprendizagem significativa. Com isso, torna-se necessário conhecer um pouco mais sobre a temática, para tanto, faz necessário discorrer-se sobre a teoria do autor David Ausubel. A teoria de aprendizagem de Ausubel et al (1980) apud Moreira (2001) é baseada no estudo e aplicação de mapas conceituais, ou seja, essa teoria baseia-se na suposição de que as pessoas pensam com conceitos. A aprendizagem significativa ocorreria quando uma nova informação ancora-se em conceitos relevantes preexistentes na estrutura cognitiva do aprendiz. Através dessa ancoragem, Moreira (2001) esclarece que ocorrem crescimento e modificação de um conceito dito subsunçor que por sua vez pode ser um conceito abrangente e bem desenvolvido ou um conceito limitado e pouco desenvolvido. Dessa maneira, há a necessidade da interação das novas informações com conceitos já existentes no cognitivo do aprendiz, justificando-se a necessidade de que o processo de ensino-aprendizagem tenha como ponto de partida as informações ou conceitos prévios do aluno na promoção de uma aprendizagem significativa. 24 3. MATERIAL E MÉTODOS Os processos metodológicos dessa pesquisa fundamentaram se na abordagem qualitativa tipo exploratório. Gil (2002) diz que ―nas pesquisas qualitativas, o conjunto inicial em geral é reexaminado e modificado sucessivamente, com vista em obter ideais mais abrangentes e significativos‖. A utilização desse método de pesquisa possibilitou uma reflexão e o levantamento das opiniões dos alunos sobre o uso das plantas medicinais. A pesquisa exploratória de acordo com Gil (2002) permite maior familiaridade sobre o problema e podem envolver ―levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado‖. O primeiro método utilizado foi à realização de um levantamento bibliográfico que continuou ao longo de todo trabalho. Esse procedimento possibilitou a ampliação do conhecimento teórico, bem como a fundamentação dos pontos importantes que permearam o estudo. As principais fontes enfocadas foram: livros; publicações; artigos; textos on-line; revistas reforçando dessa forma a compreensão da questão em pauta. Para a coleta de dados utilizou se entrevistas com uso de gravadores, para levantar informações sobre o nível de conhecimento e o envolvimento com o tema. De acordo com Gil (2002) ―entrevista pode ser entendida como a técnica que envolve duas pessoas numa situação "face a face" e em que uma delas formula questões e a outra responde‖. Segundo Marconi e Lakatos (2010) ―A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional‖. A entrevista foi realizada a fim de levantar informações sobre os conhecimentos populares dos alunos da EJA, onde individualmente, responderam perguntas relacionadas a dados pessoais como sexo, idade. E principalmente perguntas referentes às plantas utilizadas na medicina popular. Evidenciando qual parte da planta é utilizado, como preparar e qual a sua finalidade para a saúde. A entrevista foi pré-elaborada e continha 10 questões. O período da realização desta pesquisa abrange de novembro de 2013 á setembro de 2014. Esse período compreende dois semestres da graduação, pois 25 em um elabora o pré-projeto e no outro executa o mesmo e prepara o TCC para ser defendido. A intervenção ocorreu na Escola Estadual de Ensino Fundamental e EJA, "Antônio José de Lima"(FIG.1), situada na Rua Emanuel Pinheiro, nº 183, na cidade de Juscimeira, Estado de Mato Grosso (FIG.1). Fundada em 1978 com a denominação de Escola Estadual de 1º Grau "7 de Setembro‖, criada pelo Decreto 1.551/78, Diário Oficial 06/10/78. Mais tarde, no ano de 1984, a Escola recebeu nova denominação passando a chamar-se Escola Estadual de Grau "Antônio José de Lima, através de Decreto nº 4.643 de 11/01/84, em homenagem a um dos fundadores da Cidade (PPP, 2013). FIGURA 1: Escola onde foi realizada a intervenção. A clientela dessa escola caracteriza-se por filhos de trabalhadores rurais, canavieiros, donas de casas, trabalhadores autônomos, motoristas e funcionários públicos na faixa etária de 6 a 14 anos no Ensino Fundamental / Ciclo de Formação Humana e acima de 16 anos na Modalidade EJA, de classe econômica baixa e média. Essa pesquisa e, bem como a intervenção foi desenvolvida com os alunos da 1ª fase do 2º segmento da EJA da referida escola que corresponde ao 6º e 7º ano. A partir dos resultados das entrevistas e para ampliar os conhecimentos sobre o tema algumas aulas foram ministradas utilizando se de alguns recursos didáticos, quadro, giz, trilha pedagógica, data show abordando a interdisciplinaridade em biologia, física, matemática e química. Abordagem interdisciplinar: na Biologia o foco foi as Plantas Medicinais bem como aquelas que se utilizadas de maneira incorreta podem causar danos à saúde e 26 as consideradas tóxicas ao organismo humano, bem como também as partes principais das plantas, a fotossíntese, nome popular e nome científico. Na química, as substâncias que compõe as plantas medicinais dando a ela o efeito curador, ou seja, o princípio ativo. Na física, foram trabalhadas a formas de conservar e guardar essas plantas, utilizando se de um método bem prático com a secagem das plantas. E na matemática viu se a importância da dosagem correta na fabricação dos chás, pois a diferença entre remédio e veneno na maioria das vezes é a dose. As aulas expositivas foram realizadas no período de 5 de maio a 17 de junho de 2014 sendo trabalhado três aulas semanais. O início das aulas conforme o horário escolar inicia-se ás 18:20h e segue 21:30h. Durante as aulas foi proposta uma oficina de PM onde cada aluno ficou responsável em levar um exemplar de alguma planta com fins terapêuticos com a confecção de cartazes reportando sua indicação, parte utilizada, e qual a forma de preparo do medicamento. Após a realização dessa oficina, foi realizado um ―QUIZ‖ com intenção de identificar o nível de aproveitamento do trabalho. O QUIZ é uma atividade que permite o aluno descontrair uma pouco na sala de aula e serve como avaliação de aprendizagem. Carvalho et al (2010) define QUIZ como uma espécie de jogo de perguntas e resposta, que pode proporcionar aos participantes uma experiência envolvente usando elementos de disputas. Este recurso pode representar uma importante ferramenta no processo de ganho de autonomia e valorização de diferentes formas de aprendizagem dos alunos. O Quiz realizado continha 32 perguntas referente ao conteúdo estudado, com quatro alternativas de múltipla escolha. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Os resultados obtidos através das entrevistas (FIG.2) em relação ao gênero demonstraram que dos trezes alunos entrevistados 69,24% são do sexo feminino e 30,76% são do sexo masculino (TAB.1) com faixa etária entre 30 e 68 anos de idade. 27 TABELA 1: Percentual em relação ao gênero dos alunos entrevistados Sexo Quantidade Percentual Masculino 4 30,76 % Feminino 9 69,24 % Total 13 100 % Fonte: Dados da pesquisa. 2014. Segundo uma pesquisa realizada pelo IBGE no ano de 2007, 54% dos alunos da EJA são mulheres, frequentando principalmente o segundo segmento do ensino fundamental. Durante grande parte da história as mulheres, tiveram o acesso restrito a escolarização, elas eram educadas para ser mãe, esposa e a fazer trabalhos domésticos. No entanto, para Soek et. al, (2009), no decorrer dos anos as mulheres tem se inserido no mercado de trabalho e com isso tem buscado a escolarização. FIGURA 2: Aluna da EJA sendo entrevistada. Ao serem questionados sobre o tema PM os alunos da EJA demonstraram vivenciar essa realidade em seu cotidiano. Para constatar esse fato foi perguntado ainda se os mesmos sabiam o que são PM 69,23 % afirmaram positivamente que sim, inclusive alguns alunos citaram exemplos de plantas com fins medicinais (GRÁF.1). 28 GRÁFICO 1: Percentual do conhecimento sobre PM As plantas que foram citadas na entrevistas estão descritas na tabela 2 abaixo. Tabela 2: Percentual das espécies de PM citadas pelos alunos da EJA NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA FREQÜÊNCIA PERCENTUAL Alfavaca Ocimum basilicum Lamiaceae 3 3,80% Acerola Malpighia glabra Malpighiaceae 1 1,27% Alecrim Rosmarinus officinalis Lamiaceae 1 1,27% Algodão Gossypium hirsutum Malvaceae 1 1,27% Alho Allium sativum Alliaceae 1 1,27% Babosa Aloe vera Asphodelaceae 1 1,27% Barbatimão Stryphnodendron adstringens Fabaceae 1 1,27% Boldo Plectranthus barbatus Lamiaceae 5 6,33% Caferana Tachia guianensis Gentianaceae 3 3,80% Cajá Spondias mombin Anacardiaceae 1 1,27% Camomila Matricaria recutita Asteraceae 2 2,53% Canela Cinnamomum zeylanicum Lauraceae 1 1,27% Capim Cidreira Cymbopogon citratus Poaceae 9 11,39% Colônia Alpinia zerumbet Zingiberaceae 1 1,27% Couve Brassica oleracea Brassicaceae 1 1,27% Crista de Galo Celosia argêntea Amaranthaceae 1 1,27% Erva Cidreira Melissa officinalis Lamiaceae 6 7,59% Gengibre Zingiber officinal Zingiberaceae 1 1,27% Guapo Mikania glomerata Asteracea 1 1,27% Guiné Petiveria alliacea Phytolaccaceae 2 2,53% Hortelã Mentha spicata Lamiaceae 9 11,39% Hortelã Gorda Coleus amboinicus Lamiaceae 4 5,06% Jiló Solanum gilo Solanaceae 1 1,27% Laranja Citrus sinensis Rutaceae 1 1,27% Lima Citrus limettioides Rutaceae 1 1,27% Limão Citrus limon Rutaceae 2 2,53% 29 Losna Artemisia absinthium Asteraceae 1 1,27% Melancia Citrullus lanatus Cucurbitaceae 1 1,27% Melão São Caetano Momordica charantia Cucurbitaceae 2 2,53% Mastruz Coronopus didymus Brassicaceae 1 1,27% None Morinda citrifolia Rubiaceae 1 1,27% Ora Pro Nobis Portulaca oleracea Portulacaceae 1 1,27% Poejo Mentha pulegium Lamiaceae 5 6,33% Quina Quassia amara Simaroubaceae 1 1,27% Sabugueiro Sambucus nigra Adoxaceae 2 2,53% Seriguela Spondias purpúrea Anacardiaceae 1 1,27% Terramicina Alternanthera brasiliana Cucurbitaceae 1 1,27% Vick Mentha arvensis Lamiaceae 1 1,27% TOTAL 79 100% Entre todas as plantas citadas pelos alunos, foi verificado que capim cidreira e hortelã foram às espécies que manifestaram em maior frequência (TAB.2) pelos alunos da EJA, indicadas respectivamente como calmante e resfriado. GRÁFICO 2: Percentual de utilização das PM pelos entrevistados. Quando questionados sobre a utilização das PM 76,92% disseram que utilizam essas plantas. Em relação às diversas formas de utilização foram identificadas (Infusão, decocção, banho, maceração e sucos), porém a mais frequente é em forma de chá (infusão), sendo as folhas (92,3%) a parte mais utilizada para a preparação dos chás. A frequência de uso das PM pelos alunos da EJA varia entre sempre (46,15%), às vezes (23,07%) ou quase não usam (30,76%). A maioria dos entrevistados relatou que cultiva alguma espécie medicinal em casa, e 30 o conhecimento sobre as plantas adquiriram entre os familiares, ou seja, essa cultura tem sido passada de geração a geração. (GRÁF.2) GRÁFICO 3: Percentual sobre o conhecimento de efeito colateral das PM Quando esses alunos foram questionadossobre o conhecimento de algum efeito colateral que tenha ocorrido com alguém próximo e/ou mesmo distante 84,61% responderam que até o momento nunca tinham ouvido falar sobre intoxicação com plantas medicinais (GRÁF.3), e 100% afirmaram que a utilização de chás com PM é recomendada que se tome no dia preparado. Considerando o conhecimento desses alunos nota se que esse tema é relevante para se promover um projeto em educação. Pois sugere uma maneira de trazer o conhecimento prévio desses alunos para a sala de aula e com isso abordar conteúdos das áreas de Biologia, Química, Física e Matemática que podem ter ligações entre si, mas que talvez tenham sido tratado de modo abstrato, não trazendo nenhum sentido aos alunos da EJA. Após as entrevistas, em outra oportunidade, voltou se a escola para observar uma aula sendo ministrada na EJA. Essa visita veio com o objetivo de averiguar o funcionamento das aulas na EJA bem como observar como as atividades eram desenvolvidas, quais as dificuldades existentes, entre outros. Para tanto, a observação não se restringiu somente em um dia, pois durante todo o decorrer da intervenção as atuações dos alunos foram observadas. As aulas expositivas tiveram início no dia 05 de junho, no começo percebeu- se que a receptividade dos alunos foi diferente, ficavam quietos, quase não 31 participaram das aulas. Contudo no decorrer das mesmas o envolvimento voltou ao normal. Como citado antes o tema da intervenção foi PM, que faz parte do conteúdo do segundo segmento da EJA 1ª fase, porém esse conteúdo seria trabalhado posteriormente, mas para facilitar à abordagem do tema em sala de aula a professora ao ser informada sobre a intervenção adiantou o assunto introduzindo medicina científica. Com esse tema foi proposto um trabalho interdisciplinar envolvendo quatro disciplinas: biologia, química, física e matemática. Onde um diálogo ocorre entre essas disciplinas envolvendo o mesmo tema (OLIVEIRA, 2010). A intervenção foi pensada com o objetivo de ser realizada em no máximo quatro aulas, contudo observou se que trabalhar com a EJA exige um pouco de paciência, pois os conteúdos devem ser trabalhados bem mais devagar porque o desenvolvimento na sala é um pouco lento. De maneira geral, observou se que os alunos estavam bem interessados em aprender. Tudo que foi proposto eles realizaram com êxito e o funcionamento das aulas foi bem tranqüilo. Os alunos questionavam, participavam e alguns mostraram dificuldades em transcrever atividades extensas no caderno, pois copiam devagar. Recursos didáticos foram desenvolvidos visando facilitar o processo de ensino- aprendizagem e para tornar as aulas mais dinâmicas e atrativas (FIG.3). Os recursos utilizados foram: atividades impressas (Cruzadinha, Caça Palavras), Slides, Quadro de Giz, trilha pedagógica, pois os recursos didáticos usados pela professora são os livros didáticos que só ela possui, pois o PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) não enviou livros específicos para a EJA da referida escola. FIGURA 3: Alunos participando das aulas sobre PM 32 De acordo com Costoldi e Polinarski (2009), ―os recursos didáticos são de fundamental importância no processo de desenvolvimento cognitvo do aluno‖, ou seja, ajuda a ampliar a capacidade de observação, aproximando o aluno de sua realidade e permitindo com maior facilidade a fixação do conteúdo e consequentemente a aprendizagem, onde o educando poderá utilizar este conhecimento em situações do cotidiano. Todos esses recursos foram bem aceitos pelos alunos da EJA. A utilização dos mesmos promoveu interação entre os alunos, percebeu se interesse e envolvimento com o tema, com isso ficou explícito um alto índice de aprendizagem. Mas um recurso em questão ultrapassou as expectativas, a trilha pedagógica. Esta atividade foi feita no ultimo dia de aula antes das férias escolares, ela foi montada na quadra de esporte da escola e era composta de perguntas e informações sobre tema PM estudadas em sala. .......... . FIGURA 4: Alunos participando da trilha pedagógica O mais interessante da trilha e das outras atividades propostas é que quase tudo era novo pra eles, com isso eles reclamavam dizendo que não sabiam fazer, estavam com vergonha de fazer e/ou falar algo errado. No entanto, no decorrer da atividade a participação foi unânime e eles mostravam empolgação, entusiasmo e interesse. Resultante disso esta atividade foi repetida três vezes no dia, pois um aluno disse que: ―só paro de jogar quando ganhar‖ (FIG.4). As perguntas presentes na trilha foram respondidas corretamente e este jogo venceria quem chegasse ao final da trilha primeiro. Isso mostra que com atividades diferenciadas além de 33 promover uma interação entre os alunos contribui para uma aprendizagem mais significativa. Pelizari et al (2002) diz que ―quando se incorpora um novo conteúdo criando estratégias para que o aluno consiga adquirir o significado a partir do conhecimento prévio a aprendizagem é mais significativa. Com o regresso das férias a intervenção prosseguiu por mais alguns dias. Uma oficina tinha sido proposta no início da intervenção onde cada aluno ficou responsável em trazer um exemplar de PM que cultivassem em casa ou que conhecessem seu efeito medicinal e confeccionar cartazes reportando: nome popular, nome científico, forma de preparo, parte da planta utilizada e indicação, bem como também explicar sobre a planta para os participantes da oficina. Como cada aluno havia escolhido uma planta para apresentar, percebeu-se que era preciso buscar mais informações, pensando nisso agendou-se uma aula no LIED (Laboratório de Informática Educacional). Os alunos foram convidados a irem até o mesmo, com a proposta de pesquisarem sobre a planta escolhida por eles. Todas as informações levantadas foram descritas no caderno para poderem estudar para a oficina, alguns encontraram dificuldades no manuseio do computador, porém isso não os impediu de realizarem o objetivo principal da aula. ........... FIGURA 5: Alunos preparados para iniciar a apresentação da oficina. Todas as turmas do noturno participaram da oficina totalizando 135 alunos. O trabalho foi organizado e apresentado por 3 professores e 13 alunos. Antes de dar início ás atividades algumas dúvidas surgiram por parte dos alunos. Entre as principais dúvidas manifestadas citam-se algumas tais como: como deveriam se 34 portar como deveriam explicar (FIG.5). As respostas aos questionamentos feitos pelos alunos consistiram-se basicamente em explicar-lhes que só falariam aquilo que soubessem e que poderiam ler no caderno sobre o uso das plantas. Logo após o início da apresentação das oficinas, os alunos das turmas convidadas começaram a chegar para participarem das atividades. Quando a primeira turma entrou na sala, os alunos que estavam apresentando (FIG.7) ficaram um pouco apreensivos e no olhar deles surgia um pedido de socorro, eles estavam com medo de errar, estavam presos aos cadernos, inclusive alguns gaguejavam nas explicações. Percebia se, portanto, que eles se encontravam bastante inseguros. Contudo todos estavam preparados para responder qualquer questionamento e tudo correu como o esperado. ........... FIGURA 6: Alunos prestigiando a oficina. Quando as outras turmas participantes foram se aproximando os apresentadores da atividade já estavam mais tranqüilos, houve troca de informação entre os alunos, e percebeu se a valorização de suas vivências, de seus conhecimentos que foram adquiridos principalmente de gerações anteriores, pais e avós (CAVAGLIER, 2011)(FIG.6). Uma das plantas apresentadas na oficina que chamou muito a atençãode todos foi o Ora Pro Nobis, pouco conhecida na região, mas que é bastante indicada para problemas digestivos de acordo com aluno da EJA. 35 FIGURA 7: Alunos que apresentaram a oficina. A receptividade dos alunos durante a apresentação da oficina foi bem mais calorosa com as últimas turmas em relação às primeiras, pois eles perceberam que estavam falando de algo que eles conheciam, algo presente na vida da maioria deles, com isso percebeu-se também, a valorização da auto-estima desse alunos ao finalizar o trabalho. Freire (1996), fala da importância de valorizar o conhecimento prévio desses alunos. Já a Teoria de Ausubel diz que com isso promove uma aprendizagem mais significativa. A oficina sobre PM demonstrou que ao trazerem conhecimentos importantes do seu cotidiano os alunos demonstraram capacidade e contribuíram significativamente para o aprendizado em sala de aula, tendo como conseqüência a valorização da auto-estima de todos os indivíduos envolvidos, direta ou indiretamente na atividade (FIG.7). As principais plantas utilizadas pelos alunos na oficina foram: Erva Cidreira (Melissa officinalis), Hortelã (Mentha spicata), Boldo (Plectranthus barbatus), Cana de Macaco (Costus spicatus), Coco da Bahia (Cocos nucifera), Capim Cidreira (Cymbopogon citratus), Terramicina (Alternanthera brasiliana), Babosa (Aloe vera), Poejo (Mentha pulegium), Fedegoso (Senna occidentalis), Goiaba (Psidium guajava), None (Morinda citrifolia), Ora Pro Nobis (Portulaca oleracea), Acerola (Malpighia glabra), Alecrim (Rosmarinus officinalis), Tansagem, Anador, Camomila (Matricaria recutita), Mastruz (Coronopus didymus), Goiaba (Psidium guajava), Jurubeba (Solanum paniculatum) e Hortelã Gordo (Coleus amboinicus). Ao finalizar a oficina essas plantas foram plantadas na horta da escola pelo professor de matemática e pela professora de Ciências, juntamente com os alunos do período matutino. 36 Com intuito de averiguar se os conteúdos abordados anteriormente em sala de aula tinham sido bem absorvidos, procedeu-se a aplicação um QUIZ que foi realizado como atividade avaliativa após finalizar a intervenção. FIGURA 8: Alunos participando do QUIZ. No dia da aplicação do QUIZ (FIG.8) os alunos ficaram tímidos talvez por nunca terem realizados uma atividade como essa anteriormente, mas no decorrer da realização do mesmo, os alunos foram se habituando. O QUIZ foi composto por 32 questões, com quatro alternativas, onde apenas uma era a correta. Participaram desta atividade seis alunos, divididos em dois grupos A e B. As perguntas eram aleatórias, onde algumas eram representadas por imagens, já as outras por textos. Das 32 questões 30 foram respondidas corretamente. Como visto no GRÁF. 4 o índice de acerto no QUIZ foi significativamente alto, podendo concluir que os alunos entenderam o conteúdo. GRÁFICO 4: Percentual de acertos e erros no QUIZ. 37 A intenção dessa intervenção era pesquisar o conhecimento popular sobre as PM e promover aulas interativas e dinâmicas abordando conceitos de Biologia, Física, Química e matemática visando uma ação interdisciplinar com os sujeitos da EJA visando alcançar uma aprendizagem mais significativa. Percebeu-se que com um pouco de esforço e dedicação é possível ensinar o aluno de uma forma simples na qual o mesmo esteja usando os conhecimentos que já possui. Para Freire (1996), a alfabetização deve partir daquilo que o aluno já sabe, ou seja, do seu contexto ou da sua historia de vida, ele reforça a função social do aprendizado, em um dos seus livros ele argumenta ―a leitura de mundo precede a da palavra, dai que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquela‖. 38 CONCLUSÃO Para realizar este trabalho buscou-se analisar algumas das principais dificuldades encontradas no ensino de Ciências Naturais da EJA. Entre as principais dificuldades encontradas, a mais preocupante é a falta de literatura direcionada ao ensino de Ciências para esta modalidade. É importante ressaltar que os materiais didáticos existentes e as metodologias de ensino continuam sendo, em sua maioria, adaptações produzidas para atender aos objetivos do ensino regular. Diante da situação encontrada pensou se em utilizar uma metodologia que pudesse ser trabalhada para atender a estes alunos. O tema PM surgiu como proposta interdisciplinar, e que poderia ser facilitadora do processo de ensino-aprendizagem nas disciplinas de Física, Química, Matemática e Biologia. Após ministrar as aulas identificou-se que os alunos possuíam um conhecimento prévio do assunto, pois quando era aplicada alguma atividade neste sentido, os alunos se prontificavam a participar e a responder. Ter trabalhado com o tema Plantas Medicinais na EJA foi muito prazeroso, pois os alunos participaram da aula, e as atividades propostas foram realizadas com perseverança e dedicação, no dia do QUIZ identificou-se que os alunos haviam aprendido o conteúdo, pois os índices de acertos alcançaram resultados acima de 90%, com isto é possível concluir que a intervenção proporcionou uma nova perspectiva profissional, haja vista que a atividade ampliou os conhecimentos ao se aliar a teoria e a prática na construção dos saberes da docência, em relação à interação coletiva, e a maneira de ver o professor como orientador e pesquisador. Ao termino da execução da atividade proposta conclui-se que o tema PM pode ser utilizado como ferramenta educacional para a proposição de atividades dentro do ensino de Ciências na EJA. Por fim percebeu-se que relação entre os sujeitos envolvidos no processo ensino aprendizagem (professor e alunos), é de suma importância para que estes se vejam como atores principais na construção de seus conhecimentos e por sua vez se interessem mais pelos conteúdos propostos para a disciplina. 39 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE, U. P., 2002 "Introdução à Etnobotânica", Editora Bagaço, Recife, Brasil. AMICO,D..Para que servem as plantas medicinais. 2013. Disponível em http://www.dihitt.com/barra/para-que-servem-as-plantas-medicinais. Acessado dia: 18/04/2014. ANVISA Brasil. Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n 48, de 16 de março de 2004. Dispõe sobre registro de medicamentos fitoterápicos. BOBATO, A. C.; BOSCO, C. B. ; SAVARIZ, F. C. ; BOCARDI, J. M. B.; SCHNEIDER, M. B. ; CUNHA, M. B. ; SILVA – LUCCA., R. A. S.. 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D , POR UMA PROPOSTA CURRICULAR PARA O 2º, Congresso Brasileiro de Qualidade na Educação Formação de Professores volume SEGMENTO NA EJA- Brasília-2002 disponível em http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/vol1a.pdf, acessado em 30 de abril 2014 SILVA, M. S. C. Interdisciplinaridade no Ensino de Ciências Naturais: Estudo de Plantas Medicinais no Ensino Fundamental. Trabalho de conclusão de curso (Licenciado em Biologia) – Universidade de Brasília. SILVELLO, C. L. C. , O uso das plantas medicinais e de fitorerápicos no SUS: uma revisão bibliográfica, Porto Alegre - 2010 SOEK, A. M. Mediação Pedagógica na Alfabetização de Jovens e Adultos. Curitiba: Ed. Positivo, 2009. VASCONCELOS, D. A. ALCOFORADO, G. G. LIMA, M. M. O. Plantas medicinais de uso caseiro: conhecimento popular na região do centro do municipio de floriano/PI, 2010. VAZ, PANAZZO; VAZ M.L , PANAZZO, S.. Jornadas,Historia 8º ano/—2ed.—São Paulo.Saraiva 2012. http://www.brasilescola.com/biografia/napoleao-bonaparte.htm, acesso em 15 de junho de 2014. 42 APÊNDICES Questionário utilizado na entrevista MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO GROSSO - CAMPUS SÃO VICENTE – NÚCLEO AVANÇADO DE JACIARA DEPARTAMENTO DE GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS DA NATUREZA Questionário para ser aplicado aos (as) discentes do segundo segmento da Educação de Jovens e Adultos da Escola Estadual Antônio José de Lima em Juscimeira- MT. 1. Você Sabe o que são Plantas Medicinais? 2. Quais Plantas você conhece? 3. Qual o modo de preparo (chá fervido, infusão, molho, etc)? 4. Qual a parte da planta que o (a) senhor (a) utiliza? 5. Frequência de uso (por dia/mês/ano): 6. Quem indicou ou recomendou o uso da planta? 7. Como o (a) senhor (a) reconhece a planta? 8. Onde o (a) senhor (a) obtém a planta? 9. O (a) senhor (a) sabe se tem alguma contra-indicação para esta planta? 10. Como o (a) senhor (a) conserva o chá pronto ou a planta fresca? 43 Atividade Utilizada em uma das aulas. 44 PERGUNTAS UTILIZADAS NO QUIZ. 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56
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