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LPE - ABUSO DE AUTORIDADE 2020 1

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2020.1
@cadernossistematizados contato@cadernossistematizado.com
Lei Especial
Abuso de Autoridade
(Lei 13.869/2019)
. 
 
CS – ABUSO DE AUTORIDADE 1 
 
APRESENTAÇÃO................................................................................................................................ 3 
PARTE GERAL .................................................................................................................................... 4 
1. ORIGEM DA NOVA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE ............................................................ 4 
2. BEM JURÍDICO TUTELADO ....................................................................................................... 4 
3. ELEMENTO SUBJETIVO ESPECIAL .......................................................................................... 5 
 PREJUDICAR OUTREM ....................................................................................................... 5 
 BENEFICIAR A SI MESMO OU A TERCEIRO .................................................................... 6 
 MERO CAPRICHO OU SATISFAÇÃO PESSOAL ............................................................... 6 
 ESPECIAL FIM DE AGIR DO ART. 29 DA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE ................. 6 
 INDICAÇÃO DO ELEMENTO SUBJETIVO.......................................................................... 7 
 CRIMES DE INTENÇÃO ....................................................................................................... 7 
 ESPECIAL FIM DE AGIR x DOLO EVENTUAL ................................................................... 7 
4. VEDAÇÃO DO CRIME DE HERMENÊUTICA............................................................................. 8 
5. SUJEITOS DOS CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE ....................................................... 10 
 SUJEITO ATIVO ................................................................................................................. 10 
5.1.1. Concurso de agentes públicos com particulares (extraneus) ..................................... 11 
 SUJEITO PASSIVO ............................................................................................................ 11 
6. COMPETÊNCIA CRIMINAL ....................................................................................................... 11 
7. AÇÃO PENAL ............................................................................................................................. 12 
8. EFEITOS DA CONDENAÇÃO ................................................................................................... 13 
9. PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO ......................................................................................... 14 
10. PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE ....................................................................................... 15 
11. SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E ADMINISTRATIVA ...................................................... 15 
CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE .......................................................................................... 17 
1. DECRETAÇÃO DE MEDIDA DE PRIVAÇÃO DA LIBERDADE EM MANIFESTA 
DESCONFORMIDADE COM AS HIPÓTESES LEGAIS .................................................................. 17 
 PREVISÃO LEGAL ............................................................................................................. 17 
 SUJEITO ATIVO ................................................................................................................. 17 
 MEDIDA DE PRIVAÇÃO DA LIBERDADE ......................................................................... 17 
 MANIFESTA DESCONFORMIDADE COM AS HIPÓTESES LEGAIS.............................. 18 
 PENA ................................................................................................................................... 18 
 CONDUTAS EQUIPARADAS ............................................................................................. 20 
 NÃO REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA ........................................................ 21 
2. DECRETAÇÃO DE CONDUÇÃO COERCITIVA DE TESTEMUNHA OU INVESTIGADO 
MANIFESTAMENTE INCABÍVEL OU SEM PRÉVIA INTIMAÇÃO .................................................. 22 
 PREVISÃO LEGAL ............................................................................................................. 22 
 CONCEITO DE CONDUÇÃO COERCITIVA ...................................................................... 22 
 SUJEITO ATIVO ................................................................................................................. 22 
 SUJEITO PASSIVO ............................................................................................................ 23 
 INCONSTITUCIONALIDADE DA CONDUÇÃO COERCITIVA PARA INTERROGATÓRIO
 24 
 PRÉVIA NOTIFICAÇÃO ..................................................................................................... 24 
3. OMISSÃO QUANTO À COMUNICAÇÃO DA PRISÃO EM FLAGRANTE À AUTORIDADE 
JUDICIÁRIA NO PRAZO LEGAL E FIGURAS EQUIPARAS ........................................................... 25 
4. CONSTRANGIMENTO DE PRESO OU DETENTO .................................................................. 26 
5. CONSTRANGIMENTO AS DEPOR, SOB AMEAÇA DE PRISÃO, DE PESSOA QUE DEVA 
GUARDAR SEGREDO OU RESGUARDAR SIGILO EM RAZÃO DE FUNÇÃO, MINISTÉRIO OU 
PROFISSÃO, E FIGURAS EQUIPARADAS ..................................................................................... 28 
6. OMISSÃO DE IDENTIFICAÇÃO OU IDENTIFICAÇÃO FALSA AO PRESO ........................... 29 
7. SUBMISSÃO DE PRESO A INTERROGATÓRIO POLICIAL DURANTE O PERÍODO DE 
REPOUSO NOTURNO ...................................................................................................................... 30 
. 
 
CS – ABUSO DE AUTORIDADE 2 
 
8. IMPEDIMENTO OU RETARDAMENTO DO ENVIO DE PLEITO DO PRESO À AUTORIDADE 
JUDICIÁRIA COMPETENTE ............................................................................................................. 31 
9. RESTRIÇÃO, SEM JUSTA CAUSA, DA ENTREVISTA PESSOAL OU RESERVADA COM 
SEU ADVOGADO .............................................................................................................................. 31 
10. MANUTENÇÃO DE PRESOS DE AMBOS OS SEXOS NA MESMA CELA OU ESPAÇO DE 
CONFINAMENTO .............................................................................................................................. 32 
11. VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO EM UM CONTEXTO DE ABUSO DE AUTORIDADE .............. 33 
12. FRAUDE PROCESSUAL EM ESPECIAL CASO DE ABUSO DE AUTORIDADE ............... 35 
13. CONSTRANGIMENTO DE FUNCIONÁRIO OU EMPREGADO DE INSTITUIÇÃO 
HOSPITALAR PÚBLICA OU PRIVADA A ADMITIR PARA TRATAMENTO PESSOA MORTA ..... 36 
14. OBTENÇÃO DE PROVA POR MEIO MANIFESTAMENTE ILÍCITO .................................... 36 
15. REQUISIÇÃO OU INSTAURAÇÃO DE PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO SEM 
QUAISQUER INDÍCIOS .................................................................................................................... 37 
16. DIVULGAÇÃO DE GRAVAÇÃO SEM RELAÇÃO COM A PROVA QUE SE PRETENDA 
PRODUZIR, EXPONDO A INTIMIDADE OU A VIDA PRIVADA DO INVESTIGADO OU ACUSADO
 38 
17. FALSA INFORMAÇÃO SOBRE PROCEDIMENTO JUDICIAL, POLICIAL, FISCAL OU 
ADMINISTRATIVO ............................................................................................................................ 38 
18. DEFLAGRAÇÃO DE PERSECUÇÃO PENAL, CIVIL OU ADMINISTRATIVA SEM JUSTA 
CAUSA FUNDAMENTADA OU CONTRA QUEM SABE INOCENTE .............................................. 39 
19. PROCRASTINAÇÃO INJUSTIFICADA DE INVESTIGAÇÃO EM PREJUÍZO DO 
INVESTIGADO ................................................................................................................................... 39 
20. NEGATIVA DE ACESSO AOS AUTOS DE PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO E DE 
EXTRAÇÃO DE CÓPIAS DE DOCUMENTOS ................................................................................. 4021. EXIGÊNCIA DE INFORMAÇÃO OU DO CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO SEM 
EXPRESSO AMPARO LEGAL .......................................................................................................... 41 
22. DECRETAÇÃO DA INDISPONIBILIDADE DE ATIVOS FINANCEIROS EM QUANTIA QUE 
EXTRAPOLA EXACERBADAMENTE O VALOR ESTIMADO PARA A SATISFAÇÃO DA DÍVIDA E 
SUBSEQUENTE NEGATIVA DE CORREÇÃO DO EXCESSO ....................................................... 41 
23. DEMORA DEMASIADA E INJUSTIFICADA NO EXAME DE PROCESSO DE QUE TENHA 
REQUERIDO VISTA EM ÓRGÃO COLEGIADO .............................................................................. 42 
24. ANTECIPAÇÃO DE ATRIBUIÇÃO DE CULPA POR MEIO DE COMUNICAÇÃO, 
INCLUSIVE REDE SOCIAL, ANTES DE CONCLUÍDAS AS APURAÇÕES E FORMALIZADA A 
ACUSAÇÃO ....................................................................................................................................... 42 
25. APLICAÇÃO DO CÓDIGO PENAL, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL E DA LEI N. 
9.099/95 AOS CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE .................................................................. 42 
26. DEFESA OU RESPOSTA PRELIMINAR ............................................................................... 43 
27. VIOLAÇÃO DE DIREITOS E PRERROGATIVAS DO ADVOGADO ..................................... 43 
28. VIGÊNCIA DA NOVA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE .................................................... 44 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
. 
 
CS – ABUSO DE AUTORIDADE 3 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Olá! 
Inicialmente, gostaríamos de agradecer a confiança em nosso material. Esperamos que seja 
útil na sua preparação, em todas as fases. Quanto mais contato temos com uma mesma fonte de 
estudo, mais familiarizados ficamos, o que ajuda na memorização e na compreensão da matéria. 
A Lei Especial Abuso de Autoridade possui como base as aulas do Professor Renato 
Brasileiro, bem como as explicações do Professor Márcio Cavalcante (Dizer o Direito) e, ainda, o 
Livro Nova Lei de Abuso de Autoridade (Renato Brasileiro) 
Na parte jurisprudencial, utilizamos os informativos do site Dizer o Direito 
(www.dizerodireito.com.br), os livros: Principais Julgados STF e STJ Comentados, Vade Mecum de 
Jurisprudência Dizer o Direito, Súmulas do STF e STJ anotadas por assunto (Dizer o Direito). 
Destacamos: é importante você se manter atualizado com os informativos, reserve um dia da 
semana para ler no site do Dizer o Direito. 
Ademais, no Caderno constam os principais artigos de lei, mas, ressaltamos, que é 
necessária leitura conjunta do seu Vade Mecum, muitas questões são retiradas da legislação. 
Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina 
+ informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você 
faça uma boa prova. 
Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito 
importante!! As bancas costumam repetir certos temas. 
Vamos juntos!! Bons estudos!! 
Equipe Cadernos Sistematizados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.dizerodireito.com.br/
. 
 
CS – ABUSO DE AUTORIDADE 4 
 
PARTE GERAL 
1. ORIGEM DA NOVA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE 
A Nova Lei de Abuso de Autoridade está relacionada à Operação Lava-Jato, foi sancionada 
com 33 vetos, sendo que 18 vetos foram derrubados pelo Congresso Nacional, com o claro intuito 
de “frear” a Polícia, o Ministério Público e o Poder Judiciário. 
Importante consignar que a antiga Lei de Abuso de Autoridade, vigente desde 1965, já 
estava ultrapassada, previa apenas pena de detenção de 10 dias a seis meses. Portanto, perceba 
que eram infrações de menor potencial ofensivo, consequentemente, a competência era dos 
Juizados Especiais Criminais. Além disso, como a pena prevista era inferior a um ano, a prescrição 
ocorria em apenas três anos, nos termos do art. 109, VI do CP. Por isso, a maioria dos crimes de 
abuso de autoridade prescrevia, sem que fosse imposta uma sanção penal. 
CP Art. 109, VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) 
ano. 
 
Segundo Renato Brasileiro, por mais que a intenção do Congresso Nacional tenha sido 
barrar a Operação Lava-Jato, a lei é bem-vinda e serve para otimizar o trabalho de todo agente 
público. 
2. BEM JURÍDICO TUTELADO 
Ao criminalizar a decretação de uma medida privativa de liberdade em manifesta 
desconformidade com a lei ou ao criminalizar a demora demasiada em órgão colegiado para 
analisar um processo, o legislador está tutelando (protegendo) mais de um bem jurídico. Por isso, 
a doutrina afirma que os crimes previstos na Lei de Abuso de Autoridade são PLURIOFENSIVOS. 
Perceba, então, que crime pluriofensivo é aquele que tutela mais de um bem jurídico. 
Importante consignar que o primeiro bem jurídico tutelado SERÁ SEMPRE o dever de 
lealdade/probidade do agente público. Em outras palavras, ao desempenhar a função pública, o 
agente público deverá respeitar os princípios basilares (legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência). 
Já o segundo bem jurídico dependerá do crime em questão, poderá ser: 
a) Liberdade de locomoção 
b) Honra objetiva e honra subjetiva 
c) Liberdade individual 
d) Assistência de advogado 
. 
 
CS – ABUSO DE AUTORIDADE 5 
 
3. ELEMENTO SUBJETIVO ESPECIAL 
Observe a redação do art. 1º, §1º da Lei 13.869/2019: 
Art. 1º, § 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de 
autoridade quando praticadas pelo agente com a finalidade específica de 
prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero 
capricho ou satisfação pessoal. 
 
Os crimes de abuso de autoridade são compostos por um elemento subjetivo geral do tipo 
(dolo genérico) e um elemento subjetivo especial do tipo (dolo específico ou especial fim de agir). A 
ausência do elemento subjetivo especial é causa de atipicidade da conduta. 
Imagine a seguinte situação hipotética: Joana, Promotora de Justiça do Estado de Rio 
Grande do Sul, deixa de oferecer denúncia dentro do prazo legal. Joana incorreu no crime de 
prevaricação (art. 319 do CP), já que deixou de praticar ato de ofício? Apenas com as informações 
do nosso exemplo, percebe-se que não houve o crime de prevaricação, tendo em vista que ausente 
o elemento subjetivo especial do tipo: “para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”. 
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou 
praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou 
sentimento pessoal: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
Com isso, fica fácil perceber que, assim como na prevaricação usada em nosso exemplo, 
os crimes previstos na Lei de Abuso de Autoridade também são dotados de um especial fim de agir. 
 
 PREJUDICAR OUTREM 
A conduta de um agente público, em regra, irá prejudicar alguém. Por isso, a doutrina 
entende que o prejuízo deve transcender/ir além do exercício regular da função do agente público. 
Por exemplo, o Delegado de Polícia instaura um Inquérito com o intuito de prejudicar o 
síndico do seu prédio, pois estavam possuem desavenças. 
ES
P
EC
IA
L 
FI
M
 D
E 
A
G
IR
Prejudicar outrem
Beneficiar a si ou 
a terceiro
Mero capricho
Satisfação pessoal
. 
 
CS – ABUSO DE AUTORIDADE 6 
 
 BENEFICIAR A SI MESMO OU A TERCEIRO 
Considera-se qualquer benefício, pouco importando se é de ordem material, patrimonial ou 
moral. 
Obs.: a depender do benefício em questão, pode-se estar diante de uma vantagem indevida quando 
o agente público exigir algo. Por exemplo, o Desembargador pede vistas do processo e demora 
para analisar, está incorrendo no crime previsto no art. 37 da Lei da Abuso de Autoridade e, ao 
mesmo tempo, exige uma vantagem indevida para dar prosseguimento ao processo. Neste caso, 
haverá concurso de crimes, responderá tanto pelo art. 37 da Lei 13.869/2019 quanto pelocrime de 
corrupção passiva (art. 317 do CP). 
 MERO CAPRICHO OU SATISFAÇÃO PESSOAL 
De acordo com a doutrina, “capricho” é vontade repentina desprovida de qualquer 
justificativa, uma obstinação arbitrária. Já a satisfação pessoal é o sentimento pessoal capaz de 
causar um contentamento ao agente público, a exemplo da amizade, do ódio, da vingança etc. 
Salienta-se que a satisfação pessoal não pode ser a causa da conduta do agente público, 
mas sim a consequência. 
 ESPECIAL FIM DE AGIR DO ART. 29 DA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE 
Importante consignar que o art. 1º, §1º da Lei de Abuso de Autoridade é considerada uma 
regra geral, ou seja, será aplicada para todos os crimes previstos na referida lei (em tese). Assim, 
por exemplo, o crime previsto no art. 9º deve ser conjugado com o §1º do art. 1º ambos da Lei 
13.869/19. 
Contudo, a doutrina aponta situações específicas, a exemplo do crime previsto no art. 29, 
em que haverá outra finalidade específica (elemento subjetivo do tipo), mais restrita, diversa da 
“prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação 
pessoal”. 
Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal 
ou administrativo com o fim de prejudicar interesse de investigado: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
 
Neste caso, considera-se o art. 29 uma norma especial quando comparada ao art. 1º, §1º, 
fica restrito ao “prejudicar”. Por isso, por exemplo, quando prestar informação falsa sobre 
procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo com o fim de beneficiar o interesse de 
investigado não haverá a incidência da Lei de Abuso de Autoridade, mas sim do crime de 
prevaricação previsto no art. 319 do Código Penal. 
O Enunciado 19 do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos 
Estados e da União e do Grupo de Coordenadores de Centro de Apoio Criminal, apesar de não 
possuir efeito vinculante, elucida o tema perfeitamente. 
Enunciado n. 19 O legislador, na tipificação do crime do art. 29 da Lei de 
Abuso de Autoridade, optou por restringir o alcance do tipo, pressupondo por 
. 
 
CS – ABUSO DE AUTORIDADE 7 
 
parte do agente a finalidade única de prejudicar interesse do investigado. 
Agindo com finalidade de beneficiar, pode responder por outro delito, como 
prevaricação (art. 319 do CP), a depender das circunstâncias do caso 
concreto. 
 INDICAÇÃO DO ELEMENTO SUBJETIVO 
Ressalta-se que o elemento subjetivo especial deve constar na denúncia, sob pena de 
inépcia e, consequentemente, rejeição. Além disso, deve constar nos casos de representação 
(notitia criminis), sob pena da configuração do crime de denunciação caluniosa. 
Observe o Enunciado 29 do CNPG e GNCCRIM: 
Enunciado n. 29 do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos 
Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG) e do Grupo Nacional de 
Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM): Representações 
indevidas por abuso de autoridade podem, em tese, caracterizar crime de 
denunciação caluniosa (CP, art. 339), dano civil indenizável (CC, art. 953) e, 
caso o reclamante seja agente público, infração disciplinar ou político-
administrativa. 
 CRIMES DE INTENÇÃO 
Como todos os crimes da Lei de Abuso de Autoridade demandam um especial fim de agir, 
pode-se afirmar que são crimes de intenção (delito de tendência interna transcendente). Ou seja, 
são crimes que requerem um agir com ânimo, uma intenção de obter um resultado ulterior distinto 
do tipo penal. 
Consequentemente, o abuso de autoridade é considerado um delito de resultado cortado. 
Ou seja, o crime é praticado visando determinado resultado, mas este fica fora do tipo penal e não 
conta com a intervenção do autor, a exemplo do que ocorre na extorsão mediante sequestro (a 
vantagem econômica não precisa ocorrer para que o crime esteja caracterizado). 
Perceba, portanto, que no abuso de autoridade a conduta deve ser praticada com a 
finalidade específica, mas a finalidade em si não precisa ser alcançada. 
 ESPECIAL FIM DE AGIR x DOLO EVENTUAL 
Em decorrência do especial fim de agir, há vozes na doutrina sustentando a 
incompatibilidade dos crimes de abuso de autoridade com o dolo eventual (o agente não quer o 
resultado, mas assume o risco de produzi-lo). 
Salienta-se que NÃO prevalece. Os crimes de abuso de autoridade, em regra, podem ser 
punidos a título de dolo direto ou de dolo eventual, não há restrição, salvo nos casos expressamente 
previsto em lei, como ocorre com os art. 19, parágrafo único, art. 25, parágrafo único e art. 30 todos 
da Lei 13.869/19 em que serão punidos apenas a título de dolo direto. 
Art. 19. Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que, ciente 
do impedimento ou da demora, deixa de tomar as providências tendentes a 
. 
 
CS – ABUSO DE AUTORIDADE 8 
 
saná-lo ou, não sendo competente para decidir sobre a prisão, deixa de 
enviar o pedido à autoridade judiciária que o seja. 
Art. 25. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso de prova, em 
desfavor do investigado ou fiscalizado, com prévio conhecimento de sua 
ilicitude. 
 
Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa 
sem justa causa fundamentada ou contra quem sabe inocente: 
 
Não há modalidade culposa nos crimes de abuso de autoridade. 
4. VEDAÇÃO DO CRIME DE HERMENÊUTICA 
O agente público, no desempenho de suas funções, ora fará uma interpretação da norma 
ora fará uma avaliação de fatos e de provas. Perceba que, inevitavelmente, em ambos os casos 
haverá subjetivismo e poderá haver interpretações distintas, principalmente quando os dispositivos 
legais possuem conceitos jurídicos indeterminados, bem como em relação aos princípios. 
Diante disso, o art. 1ª, §2º da Lei 13.869/19 é expresso ao afirmar que interpretações legais 
e avaliações de fatos e provas de maneiras diversas, por si só, não caracterizam abuso de 
autoridade. 
Art. 1º, § 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e 
provas não configura abuso de autoridade. 
 
Trata-se de normal geral, devendo ser aplicada a todos os crimes da lei de abuso de 
autoridade. 
Veda-se, claramente, o crime de hermenêutica (nomenclatura cunhada por Rui Barbosa) 
que ocorre quando o operador do Direito (em especial o magistrado) é responsabilizado 
criminalmente pelo simples fato de sua intepretação ter sido considerada errada pelo Tribunal 
revisor. 
Observe os exemplos trazidos pelo Professor Márcio Cavalcante1, do site Dizer o Direito, ao 
comentar a Lei de Abuso de Autoridade: 
Exemplo 1: Membro do Ministério Público denuncia o acusado afirmando que sua conduta 
configura o crime “X”. Ocorre que existe uma segunda corrente – diversa daquela sustentada pelo 
MP – que defende que essa conduta é atípica. O juiz adota essa segunda posição e rejeita a 
denúncia por entender que a situação não se amolda àquele tipo penal. O simples fato de haver 
essa divergência de interpretação não gera a conclusão de que o integrante do Parquet tenha agido 
com abuso de autoridade. 
Exemplo 2: Promotor de Justiça denuncia o acusado por furto por entender que ele é o único 
que estava no local quando o bem foi subtraído, tendo ele sido visto pelas testemunhas com um 
objeto escondido debaixo da camisa. Durante a instrução ficou demonstrado que o acusado não 
estava com a res furtiva e que, portanto, ele era inocente. A simples divergência na avaliação dos 
 
1 Disponível em: https://www.dizerodireito.com.br/2019/11/lei-de-abuso-de-autoridade-parte-1.html 
https://www.dizerodireito.com.br/2019/11/lei-de-abuso-de-autoridade-parte-1.html
. 
 
CS – ABUSO DE AUTORIDADE 9 
 
fatos e das provas não gera a conclusão de que o membro do MP tenha agido com abuso de 
autoridade. 
Importante consignar que os Tribunais Superiores, na vigência da antiga Lei de Abuso de 
Autoridade, já vedavam ocrime de hermenêutica. 
STJ: “(...) AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. ABUSO DE AUTORIDADE. ART. 4º, 
“A”, DA LEI N.º 4.898/65. DESEMBARGADOR. DECISÃO JUDICIAL. 
CONFRONTO COM DECISÃO DE RELATOR DO STF. CONDUÇÃO 
COMPULSÓRIA PARA LAVRATURA DE TERMO CIRCUNSTANCIADO. 
QUESTÕES ATINENTES À ATIVIDADE JUDICANTE. ATRIBUTOS DA 
FUNÇÃO JURISDICIONAL. 1. Faz parte da atividade jurisdicional proferir 
decisões com o vício in judicando e in procedendo, razão por que, para a 
configuração do delito de abuso de autoridade há necessidade da 
demonstração de um mínimo de “má-fé” e de “maldade” por parte do julgador, 
que proferiu a decisão com a evidente intenção de causar dano à pessoa. 2. 
Por essa razão, não se pode acolher denúncia oferecida contra a atuação do 
magistrado sem a configuração mínima do dolo exigido pelo tipo do injusto, 
que, no caso presente, não restou demonstrado na própria descrição da peça 
inicial de acusação para se caracterizar o abuso de autoridade. 3. Ademais, 
de todo o contexto, o que se conclui é que houve uma verdadeira guerra de 
autoridades no plano jurídico, cada qual com suas armas e poderes, que, ao 
final, bem ou mal, conseguiram garantir a proteção das instituições e dos seus 
representantes, não possibilitando a esta Corte a inferência da prática de 
conduta penalmente relevante. 4. Denúncia rejeitada”. (STJ, Corte Especial, 
APn 858/DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 24/10/2018, DJe 
21/11/2018). 
 
No mesmo sentindo o Enunciado 2 do CNPG e do GNCCRIM: 
Enunciado n. 2 do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios 
Públicos dos Estados e da União (CNPG) e do Grupo Nacional de 
Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM): “A divergência na 
interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas, salvo quando 
teratológica, não configura abuso de autoridade, fixando excluído o dolo”. 
 
Salienta-se que não é toda interpretação divergente que será causa de atipicidade da 
conduta de abuso de autoridade, deverá haver razoabilidade e não poderá haver limitação literal ou 
limitação jurisprudencial. 
• Limitação Literal – trata-se de hipótese de interpretação que atenda contra a literalidade 
da norma. Por exemplo, 2h da manhã o Delegado decide cumprir o mandado de busca 
e apreensão. Neste caso, estando presente o especial fim de agir, responderá pelo 
abuso de autoridade, tendo em vista que a lei é clara em relação aos horários para o 
cumprimento, não há que se falar em interpretação distinta. 
• Limitação Jurisprudencial – trata-se de casos em que não há mais espaço para 
interpretações, eis que já há decisões, em caráter vinculante, dos Tribunais Superiores. 
Por exemplo, o juiz determina a prisão do depositário infiel, contrariando a Súmula 
Vinculante 25 do STF. Neste caso, estando presente o especial fim de agir, estará 
caracterizado o abuso de autoridade. 
. 
 
CS – ABUSO DE AUTORIDADE 10 
 
5. SUJEITOS DOS CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE 
 SUJEITO ATIVO 
Os crimes previstos na Lei de Abuso de Autoridade só podem ser praticados por AGENTES 
PÚBLICOS. Como exigem uma qualidade especial do seu autor (ser agente público), são chamados 
de crimes PRÓPRIOS. 
A definição de agente público encontra-se no art. 2º da Lei 13.869/2019. Observe: 
Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente 
público, servidor ou não, da administração direta, indireta ou fundacional de 
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos 
Municípios e de Território, compreendendo, mas não se limitando a: 
I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas; 
II - membros do Poder Legislativo; 
III - membros do Poder Executivo; 
IV - membros do Poder Judiciário; 
V - membros do Ministério Público; 
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas. 
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo 
aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por 
eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de 
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou 
entidade abrangidos pelo caput deste artigo. 
 
Importante consignar que para configurar o crime de abuso de autoridade é necessário nexo 
funcional (crime propter officium), ou seja, o agente público deve estar no exercício de suas funções 
ou a pretexto de exercê-la. Portanto, os arts. 1º e 2º da Lei 13.869/2019 devem sempre ser 
conjugados. 
Imagine, por exemplo, que Fernando, policial militar, realiza um “bico” de segurança no 
Supermercado JC. Determinado dia, percebe que Guilherme está furtando alguns produtos do 
estabelecimento comercial e resolve prendê-lo, mas extrapola os limites da força. Neste caso, não 
haverá o crime de abuso de autoridade, tendo em vista que Fernando não estava no exercício de 
suas funções. 
Destaca-se que, apesar da redação do parágrafo único do art. 2º da Lei 13.869/2019 ser 
semelhante à redação do caput do art. 327 que define funcionário público, a figura do funcionário 
público por equiparação (art. 327, §1º do CP) não será considerada como agente público para fins 
de incidência da Lei de Abuso de Autoridade, tendo em vista que seria uma analogia in malam 
partem. 
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, 
embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou 
função pública. 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou 
função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora 
de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da 
Administração Pública. 
. 
 
CS – ABUSO DE AUTORIDADE 11 
 
 
5.1.1. Concurso de agentes públicos com particulares (extraneus) 
É perfeitamente possível o concurso de pessoas nos crimes de abuso de autoridade, desde 
que seja demostrado que o particular tinha consciência de que estava ao lado de um agente público. 
De acordo com Márcio Cavalcante, embora sejam crimes próprios, os delitos previstos na 
Lei 13.869/2019 admitem a coautoria e a participação. Isso porque a qualidade de “agente público”, 
por ser elementar (dados essenciais da figura típica, cuja ausência poderá produzir uma atipicidade 
absoluta ou relativa) do tipo, comunica-se aos demais agentes, nos termos do art. 30 do CP, desde 
que eles tenham conhecimento dessa condição pessoal do autor: 
Art. 30. Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter 
pessoal, salvo quando elementares do crime. 
 SUJEITO PASSIVO 
Os crimes de abuso de autoridade possuem uma dupla subjetividade passiva, ou seja, há 
dois sujeitos passivos. 
Sujeito passivo secundário ou mediato – é o Estado (Poder Público), já que sua imagem, 
sua credibilidade e, até mesmo, o seu patrimônio pode ser lesado pela conduta do agente público. 
Sujeito passivo principal ou imediato – pessoa física ou jurídica prejudicada pela conduta. 
6. COMPETÊNCIA CRIMINAL 
Em regra, o abuso de autoridade será julgado na primeira instância federal ou estadual. 
• Se o delito foi praticado por autoridade (agente público) federal no exercício dessa 
função: o crime será de competência da Justiça Federal, considerando que, neste caso, 
o delito terá sido praticado em detrimento de um serviço público federal, nos termos do 
art. 109, IV, da CF/88. 
Art. 109 (...) IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em 
detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades 
autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada 
a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; 
 
Obviamente, para a competência ser da Justiça Federal, o crime deve estar relacionado 
com as funções federais exercidas pelo agente público, conforme se aprende pela 
súmula 147 do STJ. 
 Súmula 147-STJ: Compete à justiça federal processar e julgar os crimes 
praticados contra funcionário público federal, quando relacionados como 
exercício da função. 
 
. 
 
CS – ABUSO DE AUTORIDADE 12 
 
• Se o delito foi praticado por autoridade (agente público) estadual ou municipal no 
exercício dessa função: o crime será, em regra, de competência da Justiça Estadual, que 
é residual. 
Contudo, ficando demostrado que o crime foi praticado durante o exercício funcional e em 
razão das funções por agente público com foro por prerrogativa, a competência será dos tribunais 
(competência originária). 
STF Info 900 - O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes 
cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções 
desempenhadas. 
 
Obs.: A Súmula 172 do STJ previa a competência da justiça comum para processar e julgar o militar 
que praticasse abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço. Contudo, após o advento da 
Lei 13.491/2017 este entendimento encontra-se superado, tendo em vista que a conduta praticada 
pelo agente, para ser crime militar com base no inciso II do art. 9º, pode estar prevista no Código 
Penal Militar ou na legislação penal “comum”. Dessa forma, o abuso de autoridade, mesmo não 
estando previsto no CPM pode agora ser considerado crime militar (julgado pela Justiça Militar) com 
base no art. 9º, II, do CPM. Portanto, a Justiça Militar poderá julgar o crime de abuso de autoridade. 
Importante consignar que segundo o atual entendimento do STF, a Justiça Eleitoral possui 
força atrativa “universal”, o que autoriza julgar, inclusive, crimes que são da competência da Justiça 
Federal quando conexos com crimes eleitorais. Portanto, em tese, poderá julgar crime de abuso de 
autoridade quando praticado em conexão ou continência com um crime eleitoral. 
Compete à Justiça Eleitoral julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhes 
forem conexos. Cabe à Justiça Eleitoral analisar, caso a caso, a existência 
de conexão de delitos comuns aos delitos eleitorais e, em não havendo, 
remeter os casos à Justiça competente. STF. Plenário. Inq 4435 AgR-
quarto/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13 e 14/3/2019 (Info 933). 
7. AÇÃO PENAL 
Conforme previsto no art. 3º da Lei 13.869/2019, a ação penal nos crimes de abuso de 
autoridade é pública incondicionada. Além disso, no caso de inércia do Ministério Público será 
admitida ação penal subsidiária da pública. 
Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública 
incondicionada. 
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no 
prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e 
oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, 
fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de 
negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. 
§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis) meses, 
contado da data em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia 
 
Salienta o Professor Márcio Cavalcante que “para que o ofendido possa ajuizar a ação 
privada subsidiária, é necessário que o membro do MP fique completamente inerte no prazo legal 
. 
 
CS – ABUSO DE AUTORIDADE 13 
 
do art. 46 do CPP, ou seja, que não adote nenhuma dessas quatro providências. Assim, se o 
Promotor de Justiça/Procurador da República pedir o arquivamento do inquérito policial, o ofendido, 
mesmo que discorde disso, não poderá ajuizar a ação privada subsidiária considerando que não 
houve inércia do MP. Se o ofendido oferecer ação privada subsidiária neste caso, o juiz deverá 
rejeitar a queixa substitutiva por ilegitimidade de parte”. 
8. EFEITOS DA CONDENAÇÃO 
A Lei de Abuso de Autoridade regula os efeitos da condenação em seu art. 4º. Observe: 
Art. 4º São efeitos da condenação: 
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo 
o juiz, a requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para 
reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos por 
ele sofridos; 
II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo 
período de 1 (um) a 5 (cinco) anos; 
III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública. 
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput deste artigo 
são condicionados à ocorrência de reincidência em crime de abuso de 
autoridade e não são automáticos, devendo ser declarados motivadamente 
na sentença. 
 
EFEITOS DA CONDENAÇÃO 
CÓDIGO PENAL LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE 
Tornar certa a obrigação de indenizar o dano 
causado pelo crime (art. 91, I do CP); 
Tornar certa a obrigação de indenizar o dano 
causado pelo crime (efeito obrigatório de 
qualquer sentença penal com trânsito em 
julgado), devendo o juiz, a requerimento do 
ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para 
reparação dos danos (material, moral, estético) 
causados pela infração, considerando os 
prejuízos por ele sofridos (semelhante ao art. 
384, IV do CPP, a única diferença é a 
necessidade de requerimento do ofendido). 
A perda em favor da União, ressalvado o direito 
do lesado ou de terceiro de boa-fé: a) dos 
instrumentos do crime, desde que consistam 
em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou 
detenção constitua fato ilícito; b) do produto 
do crime ou de qualquer bem ou valor que 
constitua proveito auferido pelo agente com a 
prática do fato criminoso. 
A inabilitação para o exercício de cargo, 
mandato ou função pública, pelo período de 1 
(um) a 5 (cinco) anos. 
Não é efeito automático, deve ser declaro na 
sentença. E, ainda, o agente público deverá ser 
reincidente em crime de abuso de autoridade. 
. 
 
CS – ABUSO DE AUTORIDADE 14 
 
A perda de cargo, função pública ou mandato 
eletivo: a) quando aplicada pena privativa de 
liberdade por tempo igual ou superior a um ano, 
nos crimes praticados com abuso de poder ou 
violação de dever para com a Administração 
Pública; b) quando for aplicada pena privativa 
de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) 
anos nos demais casos. 
A perda do cargo, do mandato ou da função 
pública. 
Não é efeito automático, deve ser declaro na 
sentença 
Além disso, aqui, não há exigência de 
condenação a pena privativa de liberdade e 
nem tempo de pena. Contudo, o agente público 
deverá ser reincidente em crime de abuso de 
autoridade. 
9. PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO 
O art. 5º da Lei 13.869/2019 trata das penas restritivas de direito, vejamos: 
Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de 
liberdade previstas nesta Lei são: 
I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas; 
II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo 
de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos e das 
vantagens; 
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas 
autônoma ou cumulativamente. 
 
Destaca-se que o art. 5º é uma norma especial em relação ao art. 43 do CP. 
Consequentemente, as únicas penas restritivas de direito passiveis de aplicação para os crimes de 
abuso de autoridade são a prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicos e a 
suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 a 6 meses, com perda 
dos vencimentos e das vantagens. Não serão aplicadas as penas restritivas de direito do Código 
Penal. 
CP - Art. 43. As penas restritivas de direitos são: 
I - prestação pecuniária; 
II - perda de bens e valores; 
III - limitação de fim de semana. 
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; 
V - interdição temporária de direitos; 
VI - limitação de fim de semana. 
 
Por outro lado, a Lei de Abuso de autoridade nada dispõe sobre os requisitos de aplicação 
das penas restritivas de direito, o que enseja a aplicação do art. 44 do CP, já que as regras gerais 
do Código Penal se aplicam à legislação especial quando esta nada dispor e houver 
compatibilidade. 
Art. 44. As penas restritivasde direitos são autônomas e substituem as 
privativas de liberdade, quando: 
. 
 
CS – ABUSO DE AUTORIDADE 15 
 
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime 
não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que 
seja a pena aplicada, se o crime for culposo; 
II – o réu não for reincidente em crime doloso; 
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do 
condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa 
substituição seja suficiente. 
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita 
por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena 
privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos 
e multa ou por duas restritivas de direitos. 
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, 
desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente 
recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática 
do mesmo crime. 
§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando 
ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da 
pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da 
pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de 
detenção ou reclusão. 
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, 
o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de 
aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior. 
10. PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE 
A Lei de Abuso de Autoridade prevê apenas a pena de DETENÇÃO. Não há previsão de 
pena de reclusão na Lei 13.869/2019. 
11. SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E ADMINISTRATIVA 
Em regra, as penas previstas na Lei 13.869/2019 devem ser aplicadas independentemente 
das sanções de natureza civil ou administrativa cabíveis. 
Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas independentemente das 
sanções de natureza civil ou administrativa cabíveis. 
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que descreverem 
falta funcional serão informadas à autoridade competente com vistas à 
apuração. 
 
Há, contudo, duas ressalvas. 
a) Se o juízo criminal decidir sobre a existência ou a autoria do fato, essas questões não 
poderão mais ser questionadas nas esferas civil e administrativa. 
b) Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a sentença 
penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em 
estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. 
. 
 
CS – ABUSO DE AUTORIDADE 16 
 
Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são independentes da 
criminal, não se podendo mais questionar sobre a existência ou a autoria do 
fato quando essas questões tenham sido decididas no juízo criminal. 
 
Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-
disciplinar, a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em 
estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever 
legal ou no exercício regular de direito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
. 
 
CS – ABUSO DE AUTORIDADE 17 
 
CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE 
1. DECRETAÇÃO DE MEDIDA DE PRIVAÇÃO DA LIBERDADE EM MANIFESTA 
DESCONFORMIDADE COM AS HIPÓTESES LEGAIS 
 PREVISÃO LEGAL 
Está tipificado no art. 9º da Lei 13.869/2019. 
Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta 
desconformidade com as hipóteses legais: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 SUJEITO ATIVO 
Em relação ao sujeito ativo, podemos citar duas correntes doutrinárias. 
1ª C – apenas o juiz poderá ser o sujeito passivo, tendo em vista que é o único capaz de 
decretar uma medida de privação de liberdade. 
2ª C – para o caput do art. 9º qualquer agente público, a lei não restringe. Entende que 
decretar foi utilizado em sentindo amplo, devendo ser entendido como determinar, decidir, ordenar. 
Ademais, apenas o parágrafo único se refere à autoridade judiciária, não houve restrição no 
caput. Nesse sentindo, o Enunciado 5 do CNPG e do GNCCRIM: 
Enunciado n. 5 do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos 
Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG) e do Grupo Nacional de 
Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM): “O sujeito ativo do 
art. 9º, caput, da Lei de Abuso de Autoridade, diferentemente do parágrafo 
único, não alcança somente autoridade judiciária. O verbo núcleo ‘decretar’ 
tem o sentido de determinar, decidir e ordenar medida de privação da 
liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses legais”. 
 
 MEDIDA DE PRIVAÇÃO DA LIBERDADE 
Trata-se de uma expressão ampla que abrange: 
• Prisão cautelar (prisão temporária, prisão preventiva); 
• Prisão para cumprimento da execução provisória da pena; 
• Prisão para cumprimento da execução definitiva da pena; 
• Medida de segurança detentiva (internação) (art. 96, I, do CP); 
• Semiliberdade (art. 120 do ECA); 
. 
 
CS – ABUSO DE AUTORIDADE 18 
 
• Internação (art. 121 do ECA); 
• Internação psiquiátrica (art. 6º da Lei nº 10.216/2001). 
 MANIFESTA DESCONFORMIDADE COM AS HIPÓTESES LEGAIS 
Novamente, estamos diante de um conceito vago e indeterminado. 
Imagine, por exemplo, que Amanda é chefe de uma organização criminosa. O juiz, a 
requerimento do MP, decreta a prisão preventiva de Amanda. O Tribunal, no julgamento do habeas 
corpus impetrado por Amanda, entende que a prisão é desnecessária pois os indícios são fracos. 
Neste caso, não está configurado o crime do art. 9º da Lei 13.869/2019, já que se trata de 
divergência de interpretação (veda-se o crime de hermenêutica). 
Por outro lado, quando o juiz de ofício decreta prisão temporária durante o processo criminal 
pela prática de furto simples. Neste caso, presente o especial fim de agir, estará caracterizado o 
crime do art. 9º, uma vez que a prisão temporária não pode ser decretada de ofício e, muito mesmo, 
durante o processo (com o pacote anticrime, nem a prisão preventiva pode ser decretada de ofício 
na fase processual), bem como não cabe temporária em caso de furto simples. Perceba que a 
prisão está completamente em desconformidade com as hipóteses legais. 
 PENA 
A pena será de detenção de 1 a 4 anos e multa. Portanto, a competência será do juízo 
comum, aplica-se o procedimento comum ordinário, observada a defesa preliminar (art. 514 do 
CPP). 
Em tese, será cabível acordo de não persecução penal (art. 28-A do CPP), desde que o 
crime não tenha sido praticado com violência. 
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado 
formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou 
grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério 
Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que 
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as 
seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente: (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019) 
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de 
fazê-lo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério 
Público como instrumentos, produto ou proveito do crime; (Incluído pela Lei 
nº 13.964, de 2019) 
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período 
correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois 
terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do 
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código 
Penal); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos doart. 45 do 
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade 
pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art46
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art46
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art46
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art45
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art45
. 
 
CS – ABUSO DE AUTORIDADE 19 
 
tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou 
semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou (Incluído pela Lei 
nº 13.964, de 2019) 
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério 
Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal 
imputada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere 
o caput deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e 
diminuição aplicáveis ao caso concreto. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) 
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes 
hipóteses: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais 
Criminais, nos termos da lei; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que 
indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se 
insignificantes as infrações penais pretéritas; (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019) 
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao 
cometimento da infração, em acordo de não persecução penal, transação 
penal ou suspensão condicional do processo; e (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019) 
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou 
praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor 
do agressor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será 
firmado pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu 
defensor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada 
audiência na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da 
oitiva do investigado na presença do seu defensor, e sua 
legalidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições 
dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá os autos ao 
Ministério Público para que seja reformulada a proposta de acordo, com 
concordância do investigado e seu defensor. (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019) 
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz 
devolverá os autos ao Ministério Público para que inicie sua execução 
perante o juízo de execução penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos 
requisitos legais ou quando não for realizada a adequação a que se refere o 
§ 5º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público 
para a análise da necessidade de complementação das investigações ou o 
oferecimento da denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução 
penal e de seu descumprimento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não 
persecução penal, o Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins 
de sua rescisão e posterior oferecimento de denúncia. (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019) 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
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CS – ABUSO DE AUTORIDADE 20 
 
§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado 
também poderá ser utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o 
eventual não oferecimento de suspensão condicional do processo. (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não 
constarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins 
previstos no inciso III do § 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) 
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo 
competente decretará a extinção de punibilidade. (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019) 
§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo 
de não persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos 
a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código. 
 
Não sendo cabível o acordo de não persecução penal, poderá haver suspensão condicional 
do processo, já que requisito básico é a pena mínima de 1 ano. 
Lei 9.099/95 - Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual 
ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao 
oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a 
quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não 
tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que 
autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal). 
 CONDUTAS EQUIPARADAS 
Estão previstas no parágrafo único do art. 9º, observe: 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro 
de prazo razoável, deixar de: 
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal; 
II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder 
liberdade provisória, quando manifestamente cabível; 
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamentecabível.’ 
 
Perceba que se trata de um crime omisso próprio, tendo em vista que o verbo do tipo é 
“deixar de”, a autoridade deveria ter praticado determinada conduta, mas se omitiu. 
Apenas o juiz poderá ser sujeito ativo, podendo ser o juiz das garantias (decisão proferida 
na fase investigatória – embora esteja com eficácia suspensa) ou o juiz da instrução e do 
julgamento. 
Por exemplo, o réu está preso preventivamente a 90 dias sem que tenha sido reavaliada a 
necessidade da restrição de liberdade, o que poderá acarretar uma prisão manifestamente ilegal. 
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão 
preventiva se, no correr da investigação ou do processo, verificar a falta de 
motivo para que ela subsista, bem como novamente decretá-la, se 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art77
. 
 
CS – ABUSO DE AUTORIDADE 21 
 
sobrevierem razões que a justifiquem. (Redação dada pela Lei nº 13.964, 
de 2019) 
Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da 
decisão revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, 
mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão 
ilegal. 
 
Em relação ao PRAZO RAZOÁVEL, na doutrina aponta algumas soluções, uma vez que se 
trata de um termo indeterminado. 
• Deixar de relaxar a prisão manifestamente ilegal e de substituir a prisão preventiva por 
medida cautelar diversa ou conceder liberdade provisória, assemelham-se as previsões 
do art. 310, I e III do CPP que são concedidas na audiência de custódia. Portanto, o 
prazo é de 24h. 
Caso não tenha ocorrido audiência de custódia, a doutrina entende que o prazo será de 
até 48h, nos termos do art. 322, parágrafo único do CPP, já que a fiança é uma das 
cautelares diversas da prisão, portanto, seria possível aplicar para as demais hipóteses. 
CPP 
Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 
24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover 
audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído 
ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa 
audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: (Redação dada pela Lei nº 
13.964, de 2019) 
I - relaxar a prisão ilegal; ou 
(...) 
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. 
 
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de 
infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 
(quatro) anos. 
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que 
decidirá em 48 (quarenta e oito) horas. 
 
• Deixar de deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível, 
no início (liminar) e no final (ordem) do julgamento do HC 
 NÃO REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA 
O art. 310 do CPP, com a redação dada pelo pacote anticrime, prevê a realização da 
audiência de custódia. Por sua vez, o §3º determina que a autoridade que deixar de realizar a 
audiência de custódia, sem motivação idônea, responderá administrativa, civil e penalmente. 
Vejamos: 
Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 
24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover 
audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
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CS – ABUSO DE AUTORIDADE 22 
 
ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa 
audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: 
(...). 
§ 3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da 
audiência de custódia no prazo estabelecido no caput deste artigo 
responderá administrativa, civil e penalmente pela omissão. 
§ 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo 
estabelecido no caput deste artigo, a não realização de audiência de 
custódia sem motivação idônea ensejará também a ilegalidade da prisão, a 
ser relaxada pela autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade de 
imediata decretação de prisão preventiva. 
 
Diante disso, indaga-se: a não realização de audiência de custódia configura crime de abuso 
de autoridade? 
1ªC – o parágrafo único do art. 9º da Lei 13.869/2019 não previu a não realização de custódia 
como crime de abuso de autoridade, por isso não poderá ser tipificado. Além disso, é possível 
conceder liberdade provisória, o que não causará prejuízo à pessoa presa. 
2ªC – de fato a Lei de Abuso de Autoridade não previu a não realização de audiência de 
custódia. Contudo, o §4º prevê que transcorrido o prazo de 24h após o decurso do prazo em que 
deveria ter sido realizada a audiência de custódia (24h da prisão), a prisão passa a ser ilegal, 
devendo ser relaxada. Perceba, portanto, que estaremos diante da hipótese prevista no inciso I, do 
parágrafo único, do art. 9º da Lei 13.869/2019. 
Conclui-se, assim, que o crime, em si, não seria a não realização da audiência de custódia, 
mas sim o fato da não realização da audiência de custódia acarretar a ilegalidade da prisão, e o juiz 
se omitir quanto ao dever de relaxamento. 
2. DECRETAÇÃO DE CONDUÇÃO COERCITIVA DE TESTEMUNHA OU INVESTIGADO 
MANIFESTAMENTE INCABÍVEL OU SEM PRÉVIA INTIMAÇÃO 
 PREVISÃO LEGAL 
Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado 
manifestamente descabida OU sem prévia intimação de comparecimento ao 
juízo: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 CONCEITO DE CONDUÇÃO COERCITIVA 
Trata-se de uma medida cautelar pessoal, diversa da prisão, em que há a condução de 
determinada pessoa contra a sua vontade para prática de um ato que depende da sua presença. 
 SUJEITO ATIVO 
. 
 
CS – ABUSO DE AUTORIDADE 23 
 
O STF, em julgado antigo, entendeu que o Delegado de Polícia poderia decretar condução 
coercitiva. Consequentemente, poderia ser sujeito ativo do crime do art. 10 da Lei 13.869/2019. 
Importante consignar que o Professor Márcio Cavalcante sustenta que se tratando da 
primeira parte do art. 10 “quando a condução for manifestamente descabida” poderá ser praticada 
por outras autoridades, como é o caso do Delegado de Polícia, do membro do Ministério Público e 
do presidente de CPI. Assim, se o Delegado de Polícia decretar condução coercitiva 
manifestamente descabida, poderá ser responsabilizado pelo crime do art. 10 da Lei. 
Contudo, Renato Brasileiro afirma que este entendimento isolado do STF é errôneo, uma 
vez que, por se tratar de uma medida cautelar pessoal, à luz do art. 282, §2º do CPP, com redação 
dada pelo Pacote Anticrime, apenas o juiz poderá determinar a condução coercitiva, portanto, será 
o único sujeito ativo. 
CPP - Art. 282, § 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a 
requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal, por 
representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério 
Público. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 SUJEITO PASSIVO 
Inicialmente, salienta-se que de acordo com o CPP, poderão ser conduzidos 
coercitivamente: 
• O ofendido 
Art. 201. Sempre que possível,o ofendido será qualificado e perguntado 
sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, 
as provas que possa indicar, tomando-se por termo as suas declarações. 
§ 1o Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo justo, o 
ofendido poderá ser conduzido à presença da autoridade. 
 
• O perito 
Art. 278. No caso de não-comparecimento do perito, sem justa causa, a 
autoridade poderá determinar a sua condução. 
 
• As testemunhas 
Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de comparecer 
sem motivo justificado, o juiz poderá requisitar à autoridade policial a sua 
apresentação ou determinar seja conduzida por oficial de justiça, que poderá 
solicitar o auxílio da força pública. 
 
• O investigado 
Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, 
reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, 
a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
. 
 
CS – ABUSO DE AUTORIDADE 24 
 
Entretanto, de acordo com a Lei de Abuso de Autoridade o crime do art. 10 só estará 
caracterizado quando a condução coercitiva for determinada contra o investigado ou contra as 
testemunhas. 
 INCONSTITUCIONALIDADE DA CONDUÇÃO COERCITIVA PARA 
INTERROGATÓRIO 
Salienta-se que o STF, na ADPF 395/DF, firmou entendimento de que não é válida a 
condução coercitiva do investigado ou do réu para interrogatório no âmbito da investigação ou da 
ação penal. 
O CPP, ao tratar sobre a condução coercitiva, prevê o seguinte: 
Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, 
reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, 
a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença. 
 
O STF declarou que a expressão “para o interrogatório” prevista no art. 260 do CPP não foi 
recepcionada pela Constituição Federal, tendo em vista o princípio do nemo tenetur se detegere 
(ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo), o acusado possui direito ao silêncio. 
Assim, caso seja determinada a condução coercitiva de investigados ou de réus para interrogatório, 
tal conduta poderá ensejar: 
• a responsabilidade disciplinar e civil do agente ou da autoridade 
• a ilicitude das provas obtidas 
• a responsabilidade civil do Estado 
• crime de abuso de autoridade previsto no art. 10. 
Portanto, manifestamente descabida será a condução do investigado para fins de 
interrogatório. Como a decisão do STF possui efeito vinculante não se aplica o art. 1º, §2º da Lei 
13.869/2019. 
 PRÉVIA NOTIFICAÇÃO 
A condução coercitiva só poderá ser determinada com a notificação prévia, sua ausência 
poderá ensejar abuso de autoridade. 
Enunciado n. 7 do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios 
Públicos dos Estados e da União (CNPG) e do Grupo Nacional de 
Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM): “A condução 
coercitiva pressupõe motivação e descumprimento de prévia notificação”. 
 
 
. 
 
CS – ABUSO DE AUTORIDADE 25 
 
3. OMISSÃO QUANTO À COMUNICAÇÃO DA PRISÃO EM FLAGRANTE À AUTORIDADE 
JUDICIÁRIA NO PRAZO LEGAL E FIGURAS EQUIPARAS 
Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à 
autoridade judiciária no prazo legal (24h): 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: 
I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão temporária ou 
preventiva à autoridade judiciária que a decretou; 
II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o local 
onde se encontra à sua família ou à pessoa por ela indicada; 
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a nota 
de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do 
condutor e das testemunhas; 
IV - prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão temporária, 
de prisão preventiva, de medida de segurança ou de internação, deixando, 
sem motivo justo e excepcionalíssimo, de executar o alvará de soltura 
imediatamente após recebido ou de promover a soltura do preso quando 
esgotado o prazo judicial ou legal. 
 
Trata-se de crime omisso próprio, que tutela a liberdade de locomoção, com pena de 06 
meses a 2 anos e multa. Portanto, trata-se de infração de menor potencial ofensivo, a competência 
será do JECrim, caberá transação penal e suspensão condicional do processo. 
O sujeito ativo será o Delegado de Polícia que possui a obrigação de comunicar a prisão em 
flagrante à autoridade judiciária. 
Obs.: A comunicação deverá ser feita ao juiz das garantias, nos termos do art. 3º-B, II do CPP 
(atualmente está com a eficácia suspensa em razão da decisão do Min. Fux) 
(Eficácia suspensa) Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle 
da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos 
individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder 
Judiciário, competindo-lhe especialmente: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) 
I - receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII 
do caput do art. 5º da Constituição Federal; 
II - receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da 
prisão, observado o disposto no art. 310 deste Código; 
 
Importante consignar que o caput do art. 12 da Lei 13.869/2019 é uma norma penal em 
branco homogênea heterovitelina, tendo em vista que a expressão “prazo legal” é complementada 
pelo art. 306, §1º do CPP. 
Art. 306. § 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, 
será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso 
o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a 
Defensoria Pública. 
 
Portanto, de acordo com a doutrina, o prazo legal a que se refere o art. 12 da Lei 13.869/2019 
será de 24h. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
. 
 
CS – ABUSO DE AUTORIDADE 26 
 
Obs.: Em relação a expressão “imediatamente”, contida nos incisos I e II, do art. 12 da Lei 
13.869/2019, há na doutrina quem sustente que seriam 24h (mesmo período do caput). De acordo 
com Renato Brasileiro, não é a melhor interpretação, devendo ser feita sem interrupção, uma vez 
que o legislador utilizou outro termo. 
A Constituição garante ao preso o direito de identificação dos responsáveis por sua prisão, 
visando inibir a tortura e abusos, através do recebimento da nota de culpa nos casos de prisão em 
flagrante. 
Em regra, na nota de culpa deverá constar o nome do condutor e de testemunhas. Porém, 
as Lei 12.880/13 e 9.807/99 preveem a possibilidade de ocultar os nomes das testemunhas com o 
intuito de protegê-la. A ausência da entrega da nota de culpa, presente o especial fim de agir, 
caracterizará o crime de abuso de autoridade. 
Salienta-se que a Lei 7.960/89 em seu art. 2ª, §4ª-A (com redação dada pela Lei de Abuso 
de Autoridade) prevê que o mandado de prisão deverá conter o seu período de duração, incluindo 
o dia de cumprimento do mandado de prisão, e a data específica em que haverá a soltura do 
investigado. 
Lei 7.960/89 Art. 2º, § 4º-A O mandado de prisão conterá necessariamente 
o período de duração da prisão temporária estabelecido no caput deste 
artigo, bem como o dia em que o preso deverá ser libertado. 
 
Por fim, colacionamos o Enunciado 9 do CNPG e GNCCRIM que se refere à execução do 
alvará de soltura. 
Enunciado n. 9 do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios 
Públicos dos Estados e da União (CNPG) e do Grupo Nacional de 
Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM): “A execução 
imediata do alvará de soltura deve ocorrer após o cumprimento dos 
procedimentos de segurança necessários, incluindo a checagem sobrea 
existência de outras ordens de prisão e da autenticidade do próprio alvará”. 
4. CONSTRANGIMENTO DE PRESO OU DETENTO 
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave 
ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a: 
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública; 
II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado 
em lei; 
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena 
cominada à violência. 
 
O verbo “constranger” significa obrigar alguém a fazer algo que não deseja, seja mediante 
violência, grave ameaça ou reduzindo sua capacidade de resistência. 
Perceba que a lei utilizou duas palavras “preso” ou “detento” há diferença entre elas ou são 
sinônimas? 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7960.htm#art2%C2%A74a
. 
 
CS – ABUSO DE AUTORIDADE 27 
 
PRESO DETENTO 
A prisão da pessoa está formalizada, 
ou seja, foi lavrado APF. 
A prisão ainda não foi formalizada, 
mas a pessoa está privada de sua 
liberdade de locomoção. 
 
a) Exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública 
Em regra, não há nenhuma finalidade pública que justifique a exibição do preso. Visa evitar 
o “show midiático” promovido por determinados programas de televisão e por certos agentes 
públicos que, até pouco tempo, faziam publicações em suas redes sociais particulares sobre a 
prisão de algumas pessoas. 
Contudo em determinados crimes, a exemplo dos crimes sexuais, a exibição da imagem do 
preso pode fazer com que outras vítimas compareçam para fazer o seu reconhecimento. 
b) Submeter-se a situação vexatória ou constrangimento não autorizado em lei 
Refere-se, principalmente, as situações que os agentes públicos submetem determinados 
presos, a exemplo da prisão no aniversário de 18 anos e a filmagem dos parabéns, a obrigação de 
andar pela rua e pedir desculpas, tudo sendo filmado e compartilhado em grupos de Whatsaap. 
Salienta-se que a prisão em flagrante, por si só, já é um constrangimento, mas autorizado 
por lei. 
Obs.: Apesar de não haver na Lei de Abuso de Autoridade o crime autônomo de uso de algemas 
(foi vetado), pode configurar um constrangimento não autorizado por lei (art. 13, II). 
c) Produzir prova contra sim mesmo ou contra terceiro 
Como exemplo, cita-se o constrangimento do preso para fornecer a senha do celular para 
que o agente público tenha acesso as suas mensagens. 
Importante consignar que o art. 3º-F, do CPP (eficácia suspensa pelo Min. Fux), confere ao 
juiz das garantias a obrigação de assegurar o cumprimento das regras de tratamento dos presos, 
inclusive em relação a exibição de imagens na imprensa. 
(Eficácia Suspensa) Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o 
cumprimento das regras para o tratamento dos presos, impedindo o acordo 
ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos da imprensa para explorar a 
imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena de responsabilidade civil, 
administrativa e penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades deverão 
disciplinar, em 180 (cento e oitenta) dias, o modo pelo qual as informações 
sobre a realização da prisão e a identidade do preso serão, de modo 
padronizado e respeitada a programação normativa aludida no caput deste 
artigo, transmitidas à imprensa, assegurados a efetividade da persecução 
penal, o direito à informação e a dignidade da pessoa submetida à 
prisão. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
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CS – ABUSO DE AUTORIDADE 28 
 
Por fim, o crime do art. 13, III da Lei 13.869/2019 não se confunde com o art. 1º, I da Lei de 
Tortura. 
Lei 9.455/97 Art. 1º. Constitui crime de tortura: 
I – constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, 
causando-lhe sofrimento físico ou mental: 
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de 
terceira pessoa; 
 
ABUSO DE AUTORIDADE 
(art. 13, III) 
TORTURA -CONFISSÃO 
(art. 1º, I, a) 
Crime próprio, nos termos do art. 2º, ou 
seja, praticado por agente público. 
Crime comum (pode ser praticado por 
qualquer pessoa) 
Praticado com violência, grave ameaça ou 
violência imprópria (retira a capacidade de 
resistência da vítima). 
Praticado com violência ou grave ameaça. 
Não há necessidade de produzir 
sofrimento físico ou mental 
Necessário que o resultado cause 
sofrimento físico ou mental 
Deve estar presente o especial fim de agir 
de prejudicar outrem ou beneficiar a si 
mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero 
capricho ou satisfação pessoal. 
Deve estar presente o especial fim de 
obter informação, declaração ou confissão 
da vítima ou de terceira pessoa. 
 
5. CONSTRANGIMENTO AS DEPOR, SOB AMEAÇA DE PRISÃO, DE PESSOA QUE DEVA 
GUARDAR SEGREDO OU RESGUARDAR SIGILO EM RAZÃO DE FUNÇÃO, MINISTÉRIO 
OU PROFISSÃO, E FIGURAS EQUIPARADAS 
Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão 
de função, ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo ou 
resguardar sigilo: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o 
interrogatório: 
I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou 
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor 
público, sem a presença de seu patrono. 
 
O Código de Processo Penal, em seu art. 207, lista as pessoas que são proibidas de depor. 
Observe: 
. 
 
CS – ABUSO DE AUTORIDADE 29 
 
CPP - Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, 
ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, 
desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. 
 
O crime do art. 15 da Lei 13.869/2019 reforça a proibição contida no art. 207 do CPP. 
As figuras equiparadas do parágrafo único são autônomas em relação ao caput, uma vez 
que não há constrangimento. O tipo penal refere-se apenas ao interrogatório, que poderá ser policial 
(fase investigatória) ou judicial (fase processual), configurando crime de abuso de autoridade 
quando: 
a) A pessoa decidiu exercer o seu direito ao silencio, mas o interrogatório prossegue. 
Por exemplo, na primeira pergunta a pessoa afirma que fará uso do seu direito ao silêncio 
e, mesmo assim, continuam sendo feitas outras indagações e em todas é necessário reafirmar que 
não irá responder. 
Portanto, presente o especial fim de agir, ao prosseguir com o interrogatório de pessoa que 
invocou o seu direito ao silêncio estará configurado o crime de abuso de autoridade. 
O direito ao silêncio não contempla a identificação e a qualificação. 
b) A pessoa optou por ser assistida por advogado ou defensor público, mas o interrogatório 
prossegue sem a presença do patrono 
O Estatuto da OAB, em seu art. 7º, XXI, prevê que o advogado possui o direito de assistir 
os seus clientes no interrogatório. 
• Interrogatório judicial – presença obrigatória; 
• Interrogatório policial ou ministerial – presença, até o advento da Lei de Abuso de 
Autoridade, era facultativa, mesmo que a pessoa solicitasse, o interrogatório prosseguia. 
Atualmente, se a pessoa optar pela assistência do advogado o interrogatório não pode 
ser feito. 
6. OMISSÃO DE IDENTIFICAÇÃO OU IDENTIFICAÇÃO FALSA AO PRESO 
Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso por 
ocasião de sua captura ou quando deva fazê-lo durante sua detenção ou 
prisão: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como responsável por 
interrogatório em sede de procedimento investigatório de infração penal, 
deixa

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