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Teoria da Cegueira Deliberada e sua aplicação em casos práticos no Brasil

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INSTITUTO APHONSIANO DE ENSINO SUPERIOR – IAESup
FACULDADE DE DIREITO
TEORIA DA CEGUEIRA DELIBERADA E SUA APLICAÇÃO EM CRIMES ECONÔMICOS DA PÓS-MODERNIDADE.
PESQUISADORAS: LÓIDE RAVANA M. E PAIVA E SABRINA M. DE OLIVEIRA
 ORIENTADOR: PROF. MSC. LUIZ HENRIQUE BORGES DE AZEVEDO SILVA
TRINDADE
MAIO-2018
 
	LÓIDE RAVANA M. E PAIVA 	
SABRINA MENDANHA DE OLIVEIRA 
TEORIA DA CEGUEIRA DELIBERADA E SUA APLICAÇÃO EM CRIMES ECONÔMICOS DA PÓS-MODERNIDADE. 
Projeto de pesquisa apresentado como requisito parcial para conclusão da disciplina de Metodologia da Pesquisa Cientifica do curso de Direito do Instituto Aphonsiano de Ensino superior sob a orientação do prof. Msc. Luiz Henrique Borges de Azevedo Silva. 
TRINDADE
MAIO-2018
RESUMO 
Visa-se no presente artigo conceituar, explicar e distinguir sobre as aplicações da Willfull Blindness (Cegueira Deliberada) em casos de crimes de lavagem de dinheiro. De modo que sua execução em delitos como: Lavagem de dinheiro, crimes de corrupção e crimes eleitorais geram divergências em sentenças proferidas no Brasil.
 	 Destarte, que para a aplicação da Teoria é necessário que o agente alegue um falso desconhecimento da ilicitude proveniente dos valores, bens e direitos com desígnios de adquirir vantagens.
Palavras-chave: Cegueira deliberada. Dolo eventual. Direito Penal. Lavagem de dinheiro.
ABSTRACT
This article is not intended to conceptualize, explain and distinguish the applications of Deliberate Blindness in cases of money laundering crimes. So that its execution in crimes like: money laundering, crimes of corruption and electoral crimes in divergences in hands dictated in Brazil.
Thus, it is an indicator of performance that allows to define the effectiveness of values, goods and rights with the criteria of obtaining advantages.
	Keywords: Deliberate blindness. Eventual pledge. Criminal Law. Money laundry.
SUMÁRIO
	INTRODUÇÃO.........................................................................................................
	06
	1.TEORIA DA CEGUEIRA DELIBERADA...................................................................
	06
	1.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO......................................................................................
	07
	1.2 A CHEGADA DA TEORIA NO BRASIL.................................................................
	08
	3.CRIMES DE LAVAGEM DE DINHEIRO..............................................................
	09
	3.1 O QUE É E QUAIS SÃO OS CRIMES....................................................................
	09
	3.2 ELEMENTOS DO TIPO .......................................................................................
	10
	CONCLUSÃO...........................................................................................................
	11
	REFERÊNCIAS.........................................................................................................
	12
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
1. Introdução 
Neste artigo será trabalhado um instituto ainda pouco conhecido, trata-se da Teoria da Cegueira Deliberada ou Teoria do Avestruz, nos moldes dos crimes de lavagem de capitais ocorridos no Brasil. Será relatado especificadamente suas características, desde de sua origem, evolução e seus modos aplicação nos casos práticos. 
A Teoria criada pela Suprema Corte dos Estados Unidos, carrega em seu poder diferentes nomes, tais como “Ostrich Instructions” (Instruções de avestruz), “ Willfull Blindness” (Cegueira Deliberada) entre outros, porém, buscando uma única acepção: 
“ Tratando-se da hipótese em que o agente, deliberadamente, decide “ fechar os olhos” para os indícios de atividades delituosas. Aplica-se no tocante aos crimes de colarinho branco em que o agente, visando lucro oriundo daquela atividade, ignora a ocorrência do delito, por livre vontade, assumindo os riscos e possíveis benesses oriundas daquela pratica, num paralelo com o dolo eventual. ”[footnoteRef:1] [1: JUNIOR, Leonardo de Tajaribe R.H da Silva. Responsabilidade do agente financeiro no crime de lavagem de dinheiro, Willfull Blindness e domínio do fato. Mar. 2018, disponível em: http://iccs.com.br/responsabilidade-agente-financeiro-no-crime-de-lavagem-de-dinheiro-willfull-blindness-e-dominio-fato-leonardo-de-tajaribe-R.H-da-silva-junior. Acesso em: 08 jun. 2018. ] 
A lei 9.613/98 refere-se aos crimes de Lavagem de dinheiro ou Ocultação de Bens, Direitos e Valores. A qual suas características e práticas delituosas tem correlação com os requisitos necessários para a aplicação de tal Teoria. Dentre estas ações delituosas, temos como casos de grande repercussão, a ação penal n°470 (Caso Mensalão) e ação penal n° 5083838-59.2014.404.7000 (Operação Lava Jato). 
Por fim, o presente escrito tem por objetivo trazer ao leitor um vasto conhecimento a respeito do determinado assunto, buscando sanar dúvidas no meio jurídico, assim como, influenciar e despertar o interesse dos acadêmicos do curso de Direito e demais envolvidos. De maneira que o Ordenamento Jurídico não seja taxativo ao que está expresso nos Códigos e Leis, mas, faça jus de jurisprudências e acórdãos, fundamentados em Teorias. 
2. Teoria da Cegueira Deliberada 
2.1. Origem e Evolução Histórica
A Teoria da Cegueira Deliberada, foi originada na Suprema Corte dos Estados Unidos, no presente caso ‘In re Aimster Copyright Litigation” compondo-se de uma disputa sobre violação de direitos autorais, como decisão o entendimento da Corte teve como percepção a ideia de que não caberia ao acusado alegar em sua defesa o não conhecimento proveniente da violação autoral. Segue o trecho da contígua decisão: 
"Nós também rejeitamos o argumento de Aimster no sentido de que o recurso de criptografia do serviço oferecido por Aimster o impedia de saber quais músicas estavam sendo copiadas pelos usuários de seu sistema. Dessa forma, não pode prosperar a alegação de que ele não tinha o conhecimento da atividade ilícita, o que é uma exigência para a responsabilização pela conduta de contribuir para a infração de direitos autorais. Cegueira voluntária é o conhecimento(...)é a situação em que o agente, sabendo ou suspeitando fortemente que ele está envolvido em negócios escusos ou ilícitos, toma medidas para se certificar que ele não vai adquirir o pleno conhecimento ou a exata natureza das transações realizadas para um intuito criminoso. Em United States v. Giovannetti (1990) restou estabelecido que o esforço deliberado para evitar o conhecimento da ilicitude é tudo que a lei exige para estabelecer a culpa do acusado. Em United States v. Josefik (1985), restou estabelecido que não querer saber porque se suspeita, pode ser, se não for o mesmo estado de espírito, o mesmo que a prática de uma conduta culposa. Em United States v. Diaz, o acusado deliberadamente isola-se da transação de drogas real para que pudesse negar o conhecimento da transação ilícita, o que fez, por vezes, ao se afastar da entrega efetiva da droga(...)O acusado não pode fugir as suas responsabilidades pela manobra, não pode sustentar a alegação de que o software de criptografia o impede de ter conhecimento da violação de direitos autorais, que ele fortemente suspeita que ocorre(...) suspeita essa de que todos os usuários do seu serviço são, de fato, infratores de direitos autorais”.[footnoteRef:2] [2: SANNINi NETO, Francisco. Teoria da Cegueira Delibera e os crimes de Receptação. Out. 2013 disponível em: https://franciscosannini.jusbrasil.com.br/artigos/121943696/teoria-da-cegueira-deliberada-e-o-crime-de-receptacao. Acesso em: 8 Jun.2018. ] 
A Teoria do ato de ignorância consciente consiste no falso desconhecimento da ilicitude dos fatos por parte do agente, afim de esquivar-se da justiça e obter privilegio em seus atos, dessa forma a problemática em torno do tema, faz referência as apostas opiniões dos atuantes no âmbito jurídico, pelo fato da difícil comprovação prática. 
Após seu surgimento no estrangeiro vários nomes foram designados para representa-la, um deleschamando atenção por seu nome curioso, sendo “ Teoria das Instruções da Avestruz”, por comparar o ato de ignorar e esconder-se a “ cabeça na terra” para não tomar conhecimento da origem e da grandeza ilícita dos fatos. 
Em meados do século XX, a doutrina da cegueira deliberada teve sua aplicação também em tribunais inferiores no ordenamento jurídico norte americano, destacando seu uso em delitos relacionados à falência, expandindo-o, logo após, nos crimes de tráfico de drogas. Dentre alguns exemplos de julgados, a jurisprudência consolidada foi a da igualdade de tratamento sobre o sujeito que tem plena certeza sobre o crime e de quem é consciente da alta probabilidade da existência de um crime e não faz o necessário para confirmar tal existência.
No final do século XX, outros delitos começaram a entrar no rol de aplicação da referida teoria, especificamente os crimes contra o meio ambiente, de informática e de lavagem de capitais, tendo como finalidade de fundamentar a responsabilidade das pessoas jurídicas nos casos de algum de seus dirigentes tenha se colocado em uma situação de desconhecimento. 
2.2 A chegada da Teoria no Brasil 
	No Brasil, o primeiro caso em que um tribunal aplicou a teoria da cegueira deliberada foi no julgamento Apelação Criminal ACR n° 5520/CE pelo TRF da 5° Região. Tratando-se de decisão que julgou uma concessionária que teria vendido cerca de onze automóveis aos responsáveis pelo furto ao Banco Central na cidade de Fortaleza, no valor de 164.755.150,00 (cento e sessenta e quatro milhões, setecentos e cinquenta e cinco mil, cento e cinquenta reais), o juiz da primeira instância compreendeu que os gerentes da concessionária teriam deliberadamente fechado os olhos para tal situação, ou seja, deveriam ter presumido que os valores eram de origem ilícita e rapidamente tomado alguma providência. 
 Em recurso, a Segunda Turma do TRF da 5° Região tomou a decisão do magistrado, depreendendo que:
[...] a imputação do crime de lavagem em face da venda, por loja estabelecida em Fortaleza, de 11 veículos, mediante o pagamento em espécie: a transposição da doutrina americana da cegueira deliberada (willful blindness), nos moldes da sentença recorrida, beira, efetivamente, a responsabilidade penal objetiva. [footnoteRef:3] [3: BRASIL. Tribunal Regional Federal (5. Região). Processo nº 200581000145860, ACR5520/CE – 2ª Turma. Relator: Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira. Julgado em: 09 de setembro de 2008. Diário da Justiça, 22 out. 2008, p. 207.
] 
Embora ter sido rejeitada em primeiro plano a hipótese da Teoria, entendendo como responsabilidade penal objetiva, a Segunda turma teve decisão contrária, colocando como impossibilidade a condenação dos agentes pelo crime de lavagem de dinheiro, justificando não existir a arguição de furto expressa no rol taxativo desse delito.
Por fim, após a grande repercussão da aplicação da teoria no caso acima citado, expandiu-se, e passou a ser aceita e adaptada em outros casos no Direito penal brasileiro, trata-se de uma interessante teoria que deve ser bem estudada para que promova em curto prazo uma melhor delineação de seus atributos e consequências à luz da Constituição Federal, para que seja possível um aproveitamento de sua eficiência no combate contra a impunidade no Brasil. 
3. Crimes de Lavagem de Dinheiro 
3.1 O que é e quais são os crimes de lavagem de dinheiro? 
Em primeiro momento, a expressão “lavagem de dinheiro” teve sua origem nos Estados Unidos, sendo definida como “ Money laundering”. Uma expressão muito conhecida por envolver crimes de grande repercussão mundial, muito presente no meio político, sendo sempre um assunto atual, especialmente no Brasil por afetar tanto o meio econômico quanto social. 
 Sendo definida e conceituada no artigo 1° da Lei 9.613/98 (Lei de Lavagem de dinheiro), como “ Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valor provenientes, direto ou indiretamente, de crime”. Denominando-se como a prática de tornar lícito um capital ou bem de fonte ilícita e dele fazer uso, fato esse que colabora para a aplicação da referida teoria. 
Em parâmetro doutrinário os crimes de lavagem de capitais são distribuídos em três fases, sendo estas: ocultação, dissimulação e integração dos bens, direitos e valores. A ocultação, tem por base o afastamento da origem ilícita, impossibilitando o rastreamento do delito. Segundo parcela da doutrina, a ocultação pode ocorrer de forma mais singela, quando, por exemplo, o cidadão simplesmente esconde o dinheiro, enterrando-o ou guardando em fundo falso (BADARÓ e BOTTINI, 2013, p. 67), mas desde que tenha a intenção futura de conferir aparência de licitude ao ativo.
A segunda etapa da lavagem de capitais denomina-se dissimulação, consiste no conjunto de atos afim de encobrir a origem da ilicitude, através do uso de movimentações, conversões e transações. É um ato um pouco mais sofisticado do que o mascaramento original, um passo além, um conjunto de idas e vindas no círculo financeiro ou comercial que atrapalha ou frustra a tentativa de encontrar sua ligação com o ilícito antecedente. São exemplos de dissimulação as transações entre contas correntes no país ou no exterior, a movimentação de moeda via cabo, a compra e venda sequencial de imóveis por valores artificiais (...) (BADARÓ e BOTTINI, 2013, p. 66).
A última etapa chamada de integração, o sujeito beneficia-se financeiramente do ativo, como se lícito fosse. Nessa etapa, o dinheiro é incorporado na economia formal, geralmente através da compra de bens, criação de pessoas jurídicas, inversão de negócios, tudo com registros contábeis e tributários capazes de justificar o capital de forma legal (CALLEGARI e WEBER, 2014, p. 23, e também GODINHO COSTA, 2007, p. 32).
No Brasil, os casos concretos com mais impacto nacional foram, o caso Mensalão (ação penal n°470) ocorrido no ano de 2007, caracterizou-se pelo esquema de compra de votos de parlamentares no primeiro mandato do ex Presidente Luís Inácio Lula da Silva. Fazendo com que o uso da teoria da cegueira deliberada e a presença de dolo eventual fossem questionadas no julgamento pelo Ministro Marco Aurélio de Mello em desfavor do Ministro Celso de Mello que presumiu ao menos a presença de dolo eventual devido as condutas delituosas dos réus. 
Logo após, no ano de 2010 outro caso se repercutiu, em caso de corrupção eleitoral, também com a aplicação da teoria, segue o seguinte julgado: 
“Corrupção eleitoral. Eleições 2004. Materialidade e autoria comprovadas. Prova testemunhal abundante. Dolo configurado. Teoria da cegueira deliberada. Crime formal. Condenação mantida. Recurso desprovido. I - Corrupção eleitoral comprovada: entrega a eleitor de senha, tipo vale-brinde (telefone celular), para obtenção de voto. II - Materialidade constituída pela apreensão da senha, de par à prova oral. III - Autoria apoiada na confissão extrajudicial da acusada e nos depoimentos colhidos em juízo, sob o crivo do contraditório. IV - Retração parcial em juízo, em si, é inservível a espargir qualquer efeito, exatamente por contrastar uma declaração precedente. Não basta alegar. Faz-se mister comprovar. Eficácia da confissão policial, em sua integralidade, dêsque não demonstrado, no crivo do contraditório, o seu caráter ilegítimo.V - Ausência de resquícios de propalada "armação" contra a acusada, supostamente urdida pela oposição a então candidato.VI - "Dolus directus" presente. Imputação viável, no mínimo, a título "dolus eventualis" (CP, art. 18, I, 2ª parte): mesmo seriamente considerando a possibilidade de realização do tipo legal, o agente não se deteve, conformando-se ao resultado. Teoria da "cegueira deliberada" ("willful blindness" ou "conscious avoidance doctrine"). VII - A corrupção eleitoral, em qualquer de suas modalidades, inclui-se no rol dos crimes formais. Para configurá-la, "basta o dano potencial ou o perigo de dano ao interesse jurídico protegido, cuja segurança fica, destarte, pelo menos, ameaçada",segundo Nélson Hungria.VIII - Condenação mantida. Recurso conhecido e desprovido. (872351148 RO, Relator: ÉLCIO ARRUDA, Data de Julgamento: 30/11/2010, Data de Publicação: DJE/TRE-RO - Diário Eletrônico da Justiça Eleitoral, Data 06/12/2010) ”. 
Atualmente o Brasil sofre ainda com grandes esquemas de corrupção, mas, com o surgimento de novos estudos, adaptações em teorias e pesquisas, é iminente uma melhora na transparência do Poder Público e Judiciário, afim de que cada cidadão possa ter conhecimento do meio político-social ao qual está inserido. 
3.2 Elementos do Tipo: Dolo e Culpa. 
De acordo com a doutrina os elementos que integram o tipo penal, se dividem em duas categorias: elementos objetivos e elementos subjetivos. 
O elemento objetivo do tipo, tem a finalidade de descrever a ação, o objeto que compõe a ação, em certos casos expor os resultados, as circunstâncias externas do ocorrido e também o autor. Através do elemento objetivo é possível que o agente conheça todos os dados que caracterizam a infração penal os quais farão parte do dolo. 
Já o elemento subjetivo do tipo penal, tem como principal elemento o dolo, que diz respeito ao elemento psicológico da ação, ou seja, preconiza a vontade do agente. 
Dois institutos compõe a conduta humana, sendo eles o dolo e a culpa. O dolo é a vontade e total consciência dirigidas a realização da conduta prevista e presumida no tipo penal incriminador, possuindo dois momentos o intelectual (tendo a consciência da ação que queira praticar) e o momento volitivo (decisão de querer executar o delito). Os que formam o dolo do tipo. 
A culpa se dá quando o agente com uma conduta involuntária, não querendo praticar o crime, age com imprudência, imperícia ou negligência. Quando o agente abstém do seu dever de cuidado. Porém, o estudo em questão tem como foco especifico o uso do Dolo Eventual dentro da aplicação da teoria da cegueira deliberada, pelo fato de serem correlacionados. 
O dolo eventual o agente se dirige a um resultado especifico, prevendo a possível ocorrência de um segundo resultado danoso por ele não desejado, mas, assumido. Ainda nessa percepção Muñoz Conde preleciona: 
“ No dolo eventual, o sujeito representa o resultado como de produção provável e, embora não queira produzi-lo, continua agindo e admitindo a sua eventual produção. O sujeito não quer o resultado, mas conta com ele, admite sua produção, assume o risco etc.” (MUÑOZ CONDE, Francisco. Teoria Geral do Delito, p.60.)
Vale ressaltar que no dolo eventual, diferente de outras modalidades do dolo, não se é exigido o elemento volitivo, ou seja, não é necessário haver vontade do agente. 
Por fim, a relação desta modalidade de dolo entre a teoria até aqui estudada, está no fato de que da mesma forma em que na Teoria da Cegueira Deliberada o infrator assume o risco de alegar o falso desconhecimento da ação, no dolo eventual o agente também assume o risco de produzir um resultado por ele não esperado. Pois, pelo fato da teoria não se enquadrar aos crimes culposos, a finalidade voltasse justamente para o dolo eventual do agente, como por exemplo, evitar conhecer a fonte ilícita dos bens, direitos e valores envolvidos na transação comercial. 
CONCLUSÃO
O presente artigo tem por objetivo trazer a conhecimento uma Teoria ainda pouco discutida e usada no âmbito jurídico, mas que com o passar do tempo vem ganhando espaço na jurisprudência pátria, principalmente em crimes econômicos da pós-modernidade. Facilitando a persecução penal por parte do Estado, a fim de garantir a segurança da sociedade. 
Concluímos o trabalho propondo que os bancos acadêmicos a amadureçam e a ajustem adequadamente, para a realidade brasileira, para que seu uso não seja unicamente alusivo e que possa ser aplicado de forma justa em casos concretos. 
Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, cegos que vêem, cegos que, vendo, não vêem. (SARAMAGO,1995)
REFERÊNCIAS
BADARÓ, Gustavo Henrique; BOTTINI, Pierpaolo Cruz. Lavagem de Dinheiro: aspectos penais e processuais penais. 2ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.
BRASIL, Código Penal brasileiro. Vade Mecum, 25. ed. Saraiva, 2018.
BRASIL. Decreto n°. 2.799, de 03 de mar. De 1998. Dos Crimes de “Lavagem” ou Ocultação de Bens, Direitos e Valores, Brasília DF, mar 1998. 
GRECO, Rogério. Curso de direito penal. Parte geral, Rio de Janeiro: Impetus, 2002.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – Parte Especial. Vol. III, p.341.
JUNIOR, Leonardo de Tajaribe R.H da Silva. Responsabilidade do agente financeiro no crime de lavagem de dinheiro, Willfull Blindness e domínio do fato. Mar. 2018, disponível em:http://iccs.com.br/responsabilidade-agente-financeiro-no-crime-de-lavagem-de-dinheiro-willfull-blindness-e-dominio-fato-leonardo-de-tajaribe-R.H-da-silva-junior. Acesso em: 08 jun. 2018.
OLIVEIRA, Fabiana de. A Teoria da Cegueira Deliberada. Julho,2013. Disponível em: http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,a-teoria-da-cegueira-deliberada,44465.html. Acesso em: 01 jun.2018. 
(TRF-5-ACR:5520 CE 0014586-40.2005.4.05.8100, Relator: Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira, Data de julgamento: 09/09/2008, Segunda Turma, data de publicação: fonte: Diário da Justiça- Data: 22/10/2008-página:207-N°: 205- Ano: 2008).

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