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Responsabilidade civil em odontologia

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Responsabilidade civil em odontologia 
É imprescindível que o cirurgião-dentista conheça todas as suas obrigações, não só as pertinentes à Odontologia, mas também as que estão relacionadas a ela.
Por mais que a responsabilidade civil esteja ligada a processos judiciais, indenizações e danos, trata-se sem dúvida de uma intercorrência comum da vida em sociedade, por isso, a importância do seu estudo e entendimento.
Diz respeito à obrigação do indivíduo responder pelas próprias ações;
Em sociedade, a civilidade sustenta o respeito às normas de convívio.
Responsabilidade civil: Obrigação de reparar um dano oriundo do descumprimento de um dever jurídico; Disciplinada pelos Código Civil e Código de Proteção e Defesa do Consumidor.
Responsabilidade penal ou criminal: Originário do ilícito penal ou delito (crime); Disciplinada pela Legislação Penal (Código Penal, Código de Processo Penal etc.)
Infrações éticas: Disciplinadas pelos Códigos Éticos das Profissões; Odontologia: Código de Ética Odontológica.
Responsabilidade civil
Para detectar a responsabilidade civil, é necessário averiguar a conduta daquele que possui o dever jurídico (cirurgião-dentista), por nexo de causa ao dano injusto verificado. 
Exemplo: A atitude do cirurgião-dentista foi causadora do dano, ou culpado por não tê-la evitado. O profissional será responsabilizado e obrigado a reparar o prejuízo.
Condutas culposas 
Culpa: Estado de vontade que caracteriza uma conduta de alguém que atua de forma inadequada e/ou imprópria, terminando por causar um dano, ou simplesmente não o evitando.
A conduta omissiva ou comissiva que torna fato o descumprimento de um dever jurídico, dando origem a um prejuízo (dano), em se tratando de profissionais da saúde, ocorre quase sempre de forma culposa.
Modalidades de culpa 
Negligência: Conduta Omissiva Inadequada: Causa dano por omissão. Não presta atenção necessária, deixa de fazer o que se deve.
Imprudência: Conduta Comissiva: Mantém conduta sem devida moderação. Faz o que não deveria ser feito.
Imperícia: Tanto Negligência Como Imprudência: provoca dano por não utilizar cuidados e habilidades que dele são esperados. Existe incapacidade, incompetência ou inaptidão.
Exemplo: O profissional que inicia um tratamento sem os devidos cuidados profiláticos e preventivos é NEGLIGENTE, se mesmo assim dá continuidade ao tratamento é IMPRUDENTE, e se a conduta for um erro crasso, é IMPERITO.
INDEPENDENTE EM QUAL MODALIDADE DE CULPA ESTEJA O DANO CAUSADO, FICA A AQUELE QUE O CAUSOU, OU NÃO O EVITOU, OBRIGADO A REPARAR O ERRO!
Culpa concorrente: Prejuízo causado com a colaboração do paciente, não só o profissional manteve conduta imprópria.
Fixação do valor da reparação: Conforme o Art. 944 do Código Civil Brasileiro, a indenização mede-se pela extensão do dano.
Danos materiais e morais
Dano: é todo e qualquer prejuízo sofrido por alguém, neste caso, oriundo do ilícito.
Danos materiais: Prejuízos de ordem física. Exemplo: perda de um elemento dentário.
Danos morais: Quaisquer sensações e/ou sentimentos que signifiquem um abalo, constrangimento, piora psíquica naquele que o sofreu. Afeta o paciente no campo emocional.
O cirurgião-dentista, para evitar que o paciente alegue ter sofrido danos morais, precisa também cumprir obrigações que não são próprias da Odontologia, um exemplo, é seguir fielmente o Código de Defesa do Consumidor.
Código de Defesa do Consumidor
O CDC entrou em vigor no Brasil pela Lei nº 8.078/90, em 1991. 
Lei de ordem pública e de interesse social, proveniente da intervenção estatal no mercado de consumo;
Favorece o consumidor e determina normas de relações de consumo que se aplicam a área da saúde.
Relações de consumo 
Obrigação de meio: Profissional deve empregar todos os meios técnicos para alcançar um resultado, sem porém, garanti-lo.
Obrigação de resultado: Profissional deve obrigatoriamente alcançar o resultado prometido e esperado pelo consumidor.
Na área da saúde cada caso se caracteriza como uma situação particular, mediante a especialidade do tratamento realizado. Em geral, a relação de consumo entre dentista-paciente deveria ser de meio.
Inversão do ônus da prova
Relaciona-se com a vulnerabilidade do consumidor;
Na área da saúde, em casos de litígio, geralmente o profissional é considerado como a parte favorecida das relações sociais.
Processos Cíveis em Odontologia 
O paciente tem favorecida a defesa dos seus direitos (Art. 6º CDC);
Passa ser do profissional a responsabilidade de se desincumbir das alegações feitas pelo paciente;
Dentista deve arcar com o ônus de apresentar provas que justifiquem a diligência de sua conduta clínica.
Prontuário odontológico
Prioritário: importância clínica e jurídica;
Em casos de litígio, o prontuário representa meio de prova, por onde o profissional irá sustentar sua diligência de conduta clínica.
Deve responder aos critérios: Execução, guarda, legalidade, autenticidade e confidencialidade.
Processos indenizatórios em odontologia 
Para iniciar um processo indenizatório contra o cirurgião-dentista, é preciso o paciente evidenciar um conjunto de fatores: agente, ato, culpa, dano e nexo de causalidade. A ausência de um deles descaracteriza a responsabilidade civil do dentista. Sendo assim, é necessário que: 
O cirurgião-dentista seja habilitado para exercer a profissão;
O dano seja resultado de um ato profissional ilícito;
Exista a execução do tratamento sem cautela, de forma descuidada e sem a prevenção de possíveis resultados lesivos;
Comprove que o resultado lesivo seja uma consequência de negligência, imprudência e imperícia;
Exista relação entre a ação do dentista e o dano sofrido pelo paciente.

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