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19 NOVA LEI ABUSO DE AUTORIDADE

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12
	
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Lei nº 13.869/2019
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO	4
2. ART. 1º	5
3. ART. 2º	8
3.1 SUJEITO ATIVO DO CRIME DE ABUSO DE AUTORIDADE	9
3.2 COMPETÊNCIA	11
3.2.1 FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO	11
4. ART. 3º	12
5. ART. 4º	15
6. ART. 5º	17
7. SANÇÕES DE NATUREZA CÍVEL E ADMINISTRATIVA	19
8. ART. 9º	21
9. ART. 10	24
10. ART. 12	27
11. ART. 13	30
12. ART. 15	31
13. ART. 16	33
14. ART. 18	34
15. ART. 19	35
16. ART. 20	37
17. ART. 21	38
18. ART. 22	40
19. ART. 23	42
20. ART. 24	43
21. ART. 25	44
22. ART. 27	46
23. ART. 28	48
24. ART. 29	49
25. ART. 30	50
26. ART. 31	51
27. ART. 32	51
28. ART. 33	52
29. ART. 36	54
30. ART. 37	56
31. ART. 38	57
32. ART. 39	58
DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO	59
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA	59
ATUALIZADO EM 11/01/2020[footnoteRef:1] [1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. 
Por Patrícia Lavratti.] 
NOVA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE
1. Introdução
A nova Lei de abuso de autoridade, Lei nº 13.869, de 5 de setembro de 2019, além de dispor sobre os crimes de abuso de autoridade, alterou a Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989 (Prisão temporária), a Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996 (Interceptações das comunicações telefônicas), a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do adolescente), e a Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994 (Estatuto da OAB).
A nova lei passou a regular inteiramente o tema, revogando completamente a antiga lei 4.898/65, editada no período da ditadura militar.
A principal função da Lei nº 13.869/2019 é a prevenção e repressão de comportamentos abusivos de poder, protegendo os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos contra quaisquer abusos e arbitrariedades praticadas por agentes públicos, impondo maior rigor na observância do princípio da legalidade pelo agente público, sob pena de punição em todas as esferas (civil, penal, administrativa). 
Dessa forma, a atual lei de abuso de autoridade, além de criar novos tipos penais, reformar outros e incrementar penas, estabelece também sanções cíveis e administrativas.
O princípio da legalidade, consagrado na Constituição Federal, prestigia a autonomia privada, de modo que ao particular é dado fazer tudo aquilo que não esteja expressamente proibido por lei, porém, para o agente público é permitido fazer somente aquilo que a lei determina ou autoriza.
O bem jurídico tutelado é o normal funcionamento da administração pública e os direitos fundamentais do cidadão, como a liberdade, honra, privacidade, imagem, dentre outros. A proteção do cidadão frente ao abuso de poder tem expressa previsão constitucional: 
Art. 5°, inc. XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; (...)
#SELIGANATABELA:
	BEM JURÍDICO PROTEGIDO
	O regular funcionamento da Administração Pública e os direitos e garantias fundamentais previstos na CF/88.
	SUJEITO ATIVO
	Agentes públicos. Crime próprio. É possível o concurso de pessoas com particular, desde que tenha conhecimento da qualidade do agente público.
	SUJEITO PASSIVO
	Dupla subjetividade passiva:
Mediato/ indireto ou permanente = Estado.
Imediato/ direto ou eventual = pessoa física ou jurídica vítima do abuso.
	COMPETÊNCIA
	Se o agente público que praticou o abuso não possui foro por prerrogativa de função, a competência será da Justiça de 1º grau: Estadual (agente público estadual ou municipal), Federal (agente público federal) ou Militar (por militar em serviço).
	ELEMENTO SUBJETIVO
	Dolo + especial fim de agir.
	AÇÃO PENAL
	Pública incondicionada.
	PRAZO PARA DENÚNCIA
	Estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial;
Réu solto ou afiançado, o prazo é de 15 dias.
#OLHAOGANCHO: Os delitos de abuso de autoridade constituem expressão do “Direito Penal Subterrâneo”, terminologia proposta por Zaffaroni para se referir aos crimes decorrentes do exercício arbitrário do direito de punir por determinados agentes públicos, a exemplo de torturas e homicídios cometidos pelas agências executivas de controle. Este fenômeno surge e ganha corpo notadamente em face da ineficácia dos órgãos estatais (Polícias, Ministério Público, Poder Judiciário, etc.). 
*#ATENÇÃO O Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos estados e da União (CNPG) e o Grupo Nacional de Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM), a fim de contribuir com a atividade-fim dos membros do Ministério Público na interpretação da Lei de Abuso de Autoridade (Lei n.º 13.869/2019), emitiu enunciados, os quais foram inseridos nos respectivos artigos.
2. Art. 1º
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agente público, servidor ou não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha sido atribuído.
O abuso de autoridade pode ser praticado por qualquer agente público, servidor ou não, que abusa do poder que lhe foi conferido em virtude de uma função que ocupa, ainda que no momento do abuso não esteja exercendo a função. 
Para Hely Lopes Meirelles, “as funções são os encargos atribuídos aos órgãos, cargos e agente. O órgão normalmente recebe a função in genere e a repassa aos seus cargos in espécie ou a transfere diretamente a agentes sem cargo, com a necessária parcela de poder público para o seu exercício. Toda função pública é atribuída e delimitada por norma legal. Essa atribuição e delimitação funcional configuram a competência do órgão, do cargo, e do agente, ou seja, a natureza da função e o limite de poder para o seu desempenho. Daí por que, quando o agente ultrapassa esse limite, atua com abuso ou excesso de poder”.
É pelo princípio da supremacia do interesse público que poderes administrativos são conferidos aos agentes públicos para o desempenho de sua função pública, devendo ser exercidos na estrita medida que sejam necessários para atingir o interesse público. 
Se o agente público desempenhar sua função desrespeitando direitos e garantias fundamentais, como o princípio do devido processo legal, bem como os princípios gerais de direito e os limites estabelecidos em lei, haverá caracterização do abuso de poder. 
Importante lembrar que, em direito administrativo, o abuso de poder se desdobra em:
- Excesso de poder: o agente atua fora dos limites de sua competência. 
- Desvio de poder: embora dentro de sua competência, o agente contraria a finalidade geral ou especifica do ato. 
Em ambos os casos, é possível que a atuação com abuso de poder também caracterize crime de abuso de autoridade, no entanto, as condutas que configuram o crime estão expressamente tipificadas em lei.
*#GRUPO NACIONAL DE COORDENADORES DE CENTRO DE APOIO CRIMINAL – GNCCRIM 
 - ENUNCIADO #1 (art. 1º.) Os tipos incriminadores da Lei de Abuso de Autoridade exigem elemento subjetivo diverso do mero dolo, restringindo o alcance da norma.
ENUNCIADO #2 (art. 1º.) A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas, salvo quando teratológica, não configura abuso de autoridade, ficando excluído o dolo. 
§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando praticadas pelo agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfaçãopessoal.
Todos os delitos aqui previstos são dolosos, mas ainda se exige um elemento subjetivo especial (especial fim de agir, “dolo específico”), isto é, agir animado por um dos elementos subjetivos descritos no parágrafo:
 
	Elemento subjetivo especial dos crimes de abuso de autoridade
	
O agente só comete crime de abuso de autoridade se
	1) ao praticar a conduta tinha a finalidade específica de:
• prejudicar alguém; ou
• beneficiar a si mesmo ou a terceiro; OU
	
	2) tiver praticado a conduta por mero capricho ou satisfação pessoal.
- Capricho: vontade desprovida de qualquer razão anterior.
- Satisfação pessoal: para agradar interesses pessoais.
Exemplo: A decretação da prisão preventiva sempre será em prejuízo de alguém, pois a pessoa será tolhida de sua liberdade, no entanto, a finalidade do ato não poderá ser prejudicar alguém, mas sim impedir a reiteração da prática criminosa, garantia da ordem pública e econômica, assegurar a aplicação da lei penal etc.
#APROFUNDANDO: Para Rogério Sanches Cunha e Rogério Greco, a exigência deste elemento subjetivo em todos os tipos incriminadores restringe a norma de tal forma que o dolo eventual fica descartado, devendo a finalidade específica ser apontada na peça inaugural, sob pena de ser rejeitada, pois o réu não conseguirá se defender das acusações. 
§ 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso de autoridade.
A atuação dos operadores do Direito envolve constantemente a interpretação de leis e atos normativos e a apreciação de fatos e provas, por isso o § 2º deixa claro que a lei de abuso de autoridade não trata de crimes de hermenêutica, divergências na interpretação da lei ou na avaliação dos fatos e provas. Tais condutas, por si só, não poderiam ser punidas como abuso de autoridade. Exemplo: o Promotor de Justiça denuncia o acusado por furto por entender que ele é o único que estava no local quando o bem foi subtraído, tendo ele sido visto pelas testemunhas com um objeto escondido debaixo da camisa. Durante a instrução ficou demonstrado que o acusado não estava com a res furtiva e que, portanto, ele era inocente. A simples divergência na avaliação dos fatos e das provas não gera a conclusão de que o membro do MP tenha agido com abuso de autoridade.
O objetivo deste dispositivo foi o de evitar aquilo que Rui Barbosa chamou de “crime de hermenêutica”, que ocorre quando o operador do Direito (em especial o magistrado) é responsabilizado criminalmente pelo simples fato de sua intepretação ter sido considerada errada pelo Tribunal revisor.
#CUIDADO: Há casos em que não haverá como alegar “divergência na interpretação”, nas hipóteses em que a ordem é manifestamente ilegal. Exemplo: decretação da prisão preventiva em 2019 pela prática de um crime que ocorreu em 2010 por alguém que não exerce mais cargo público ou função de poder, além disso, não há notícia de reiteração criminosa. Nesses casos não há divergência, pois são matérias pacificadas. A decisão foi teratológica.
#ATENÇÃO: Qual a natureza jurídica do § 2º do art. 1? Há divergência. Para uma corrente, trata-se de exclusão de ilicitude. No entanto, para Rogério Greco e Rogério Sanches, trata-se de excludente do fato típico, pois elimina o dolo da conduta, razão pela qual o § 2º foi colocado logo em seguida, topograficamente, ao artigo 2º que trata da finalidade especial que deve animar o agente público.
Por fim, lembre-se: não existe infração penal culposa na lei de abuso de autoridade. Eventual imprudência, imperícia ou negligência devem ser apuradas no âmbito civil e ou administrativo. 
3. Art. 2º
CAPÍTULO II
DOS SUJEITOS DO CRIME
Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou não, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo, mas não se limitando a:
I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas;
II - membros do Poder Legislativo;
III - membros do Poder Executivo;
IV - membros do Poder Judiciário;
V - membros do Ministério Público;
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas.
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo.
3.1 Sujeito ativo do crime de abuso de autoridade
Para os fins da Lei de Abuso de Autoridade, é utilizado o conceito de agente público previsto na Lei de Improbidade Administrativa, que o conceitua como “todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou entidade da Administração Pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes, em todas as esferas”.
O caput do art. 1º deixa claro que o agente público pode ser servidor público ou não e para a prática do crime de abuso de autoridade é desnecessário que o sujeito esteja no exercício das suas funções, bastando que ele abuse do poder a ele conferido a pretexto de exercer essas funções. 
#ATENÇÃO: Segundo a doutrina, o funcionário aposentado não pode praticar o crime, pois se desvinculou funcionalmente. 
#OLHAOGANCHO: Qual a diferença entre agente público, agente político, servidor público, empregado público?
O agente público em sentido amplo é todo aquele que presta qualquer tipo de serviço ao Estado, que exerce funções públicas, no sentido mais amplo possível dessa expressão, significando qualquer atividade pública. 
A Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/1992) conceitua agente público como “todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior”. Trata-se, pois, de um gênero. 
Vamos relembrar algumas de suas espécies, para compreender a abrangência do conceito trazido pela Lei de Abuso de Autoridade: 
#NÃOCONFUNDA
1. Agente político: é aquele investido em seu cargo por meio de eleição, nomeação ou designação, cuja competência advém da própria Constituição, como os Chefes de Poder Executivo e membros do Poder Legislativo, Judiciário, Ministério Público, Tribunais de Contas, além de cargos de Diplomatas, Ministros de Estado e de Secretários nas Unidades da Federação, os quais não se sujeitam ao processo administrativo disciplinar.
2. Servidor estatal: são aqueles sujeitos à hierarquia funcional e submetidos ao regime jurídico do ente federado ao qual pertencem (seja estatutário ou celetista). São ocupantes de cargos, empregos e funções públicas na Administração Direta e Indireta, nas três unidades da federação e nos três Poderes. 
2.1 Servidor público: aquele que atua na Administração Direta ou Indireta (autarquia e fundação de direito público), estando sujeito ao regime jurídico único, que pode ser:
a) estatutário: titular de cargo público, tem estabilidade e dispensa motivada.
b) celetista: titular emprego público, regido pelas regras da CLT, mas com algumas regras específicas de direito público (ex.: não possuem estabilidade, mas a dispensa deve ser motivada).
2.2 Servidor de ente governamental de direito privado: aquele que atua na Administração Indireta privada (empresa pública, sociedade de economia mista, fundação privada), sendo detentor de emprego. É submetido ao regime trabalhista da CLT, mas equipara-se ao servidor público em diversos aspectos.
2.3 Temporários: são contratados por tempo determinado para atender à necessidade temporária de excepcional interesse público. O processo seletivo é simplificado e são titulares de uma função pública – desvinculados de emprega ou cargo, sujeitos a um regime contratual(é uma relação funcional jurídico-administrativa). 
3. Particulares em colaboração: Aquele que colabora com o Estado exercendo função pública, mas não perde a condição de particular. Exemplos: 
• Requisitados (convocado a trabalhar): Jurados, mesários;
• Voluntários/honoríficos: participam por livre e espontânea vontade;
• Delegação de função: Não é delegação de serviço, mas delegação de função. Há exigência de concurso público, mas o serviço é PRIVATIZADO. Exemplo: serviços notariais (art. 236 CF).
#NÃOESQUEÇA: os crimes previstos na Lei nº 13.869/2019 são crimes próprios, ou seja, só podem ser praticados por “agentes públicos”, nos termos do art. 2º. 
#SELIGA: Admite-se concurso de pessoas na prática do crime de abuso de autoridade? Sim. Embora sejam crimes próprios, os delitos previstos na Lei nº 13.869/2019 admitem a coautoria e a participação. Isso porque a qualidade de “agente público”, por ser elementar do tipo, comunica-se aos demais agentes, nos termos do art. 30 do Código Penal, desde que eles tenham conhecimento dessa condição pessoal do autor.
3.2 Competência 
Inicialmente deve se analisar se a autoridade que praticou o abuso é detentora de foro por prerrogativa de função. Deve-se verificar se a Constituição Federal prevê foro por prerrogativa de função para aquele agente público que praticou o delito.
3.2.1 Foro por prerrogativa de função
Se a autoridade que praticou o delito no exercício das suas funções goza de foro por prerrogativa de função, deverá ser julgada pelo respectivo Tribunal. Exemplo: Juiz Federal que pratique abuso de autoridade será julgado pelo Tribunal Regional Federal, nos termos do art. 108, I, a, da CF/88.
#DEOLHONAJURIS:
Lembre-se da interpretação restritiva do STF: O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. STF. Plenário AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018 (Info 900).
As hipóteses de foro por prerrogativa de função perante o STJ restringem-se àquelas em que o crime for praticado em razão e durante o exercício do cargo ou função. STJ. Corte Especial. AgRg na APn 866-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 20/06/2018 (Info 630). Mas atenção: Os Desembargadores dos Tribunais de Justiça continuam sendo julgados pelo STJ mesmo que o crime não esteja relacionado com as suas funções. Assim, o STJ continua sendo competente para julgar quaisquer crimes imputados a Desembargadores, não apenas os que tenham relação com o exercício do cargo. STJ. APn 878/DF QO, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 21/11/2018.
Sendo a competência do juízo de 1ª instância, será necessário analisar se a competência é da Justiça Estadual ou Federal. A competência para julgar o delito será, em regra, determinada pela esfera ao qual estiver vinculado o agente público que praticou o crime. 
Portanto, se o delito foi praticado por autoridade (agente público) federal no exercício dessa função: o crime será de competência da Justiça Federal, considerando que, neste caso, o delito terá sido praticado em detrimento de um serviço público federal, nos termos do art. 109, IV, da CF/88.
#DONTFORGET: Para configurar a competência da Justiça Federal, o crime deve estar relacionado com as funções federais exercidas pelo agente público.
Súmula 147-STJ: Compete à justiça federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função. 
Por outro lado, se o delito foi praticado por autoridade (agente público) estadual ou municipal no exercício dessa função: o crime será, em regra, de competência da Justiça Estadual, que é residual.
E quanto à justiça militar? Ela julga crime de abuso de autoridade?
#MUITAATENÇÃO:
Atualmente, o crime de abuso de autoridade praticado por militar é da competência da Justiça Militar, tanto estadual quanto da União.
 A súmula 172 do STJ - “Compete à justiça comum processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço” - foi superada pela Lei n° 13.491/2017 que promoveu reformas no Código Penal Militar.
#AJUDAMARCINHO: A súmula foi superada pela Lei nº 13.491/2017, que alterou o art. 9º, II, do CPM. Antes da alteração, se o militar, em serviço, cometesse abuso de autoridade, ele seria julgado pela Justiça Comum porque o art. 9º, II, do CPM afirmava que somente poderia ser considerado como crime militar as condutas que estivessem tipificadas no CPM. Assim, como o abuso de autoridade não está previsto no CPM), mas sim na Lei nº 4.898/65, este delito não podia ser considerado crime militar nem podia ser julgado pela Justiça Militar. Isso, contudo, mudou com a nova redação dada pela Lei nº 13.491/2017 ao art. 9º, II, do CPM. Com a mudança, a conduta praticada pelo agente, para ser crime militar com base no inciso II do art. 9º, pode estar prevista no Código Penal Militar ou na legislação penal “comum”. Dessa forma, o abuso de autoridade, mesmo não estando previsto no CPM pode agora ser considerado crime militar (julgado pela Justiça Militar) com base no art. 9º, II, do CPM.
4. Art. 3º
CAPÍTULO III
DA AÇÃO PENAL
Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.
A ação penal pública incondicionada é a regra quando a lei nada diz. Isso significa que o titular da ação penal é o Ministério Público: esse órgão recebe os autos do inquérito policial; se o réu estiver preso ele tem 5 dias para oferecer denúncia, se o réu estiver solto ele tem 15 dias para oferecer a denúncia; não é necessária a representação de quem quer que seja.
#NÃOSEESQUEÇA: a ação penal é pública, por isso a representação do ofendido não se trata de condição de procedibilidade, mas apenas de notitia criminis, não obrigatória.
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
O membro do MP que recebeu os autos de um inquérito policial que apurou a prática de um crime de abuso de autoridade pode promover o arquivamento, se não houver crime, requisitar novas diligências, se forem necessárias, ou oferecer denúncia. Somente no caso em que o MP não adotar nenhuma das posturas anteriormente mencionadas é que surgirá a legitimidade do particular. No caso em que o MP promove o arquivamento dos autos não há que se falar em ação penal privada.
O prazo para o oferecimento da denúncia é de 5 dias quando o réu estiver preso e 15 dias quando o réu estiver solto. Esgotado esse prazo sem a manifestação do MP a ação privada subsidiária poderá ser promovida no prazo de 6 meses, contado da data em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia.
*#GRUPO NACIONAL DE COORDENADORES DE CENTRO DE APOIO CRIMINAL – GNCCRIM 
ENUNCIADO #3 (art. 3º.) Os crimes da Lei de Abuso de Autoridade são perseguidos mediante ação penal pública incondicionada. A queixa subsidiária pressupõe comprovada inércia do Ministério Público, caracterizada pela inexistência de qualquer manifestação ministerial.
 § 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia.
Trata-se de prazo decadencial impróprio considerando que, mesmo após o seu esgotamento, o Ministério Público pode ajuizar a denúncia ou tomar outras providências. O simples decurso do prazo de 6 meses não gera a extinção da punibilidade. A única consequência é o fato de o ofendido não poder mais ajuizar a ação privada subsidiária.
A ação penal privada subsidiária é instrumento para suprir eventual inércia do MP, não para se contrapor à providência adotada pelo órgão ministerial. Ao final do prazo legal previsto no art. 46 do CPP, o membro do Ministério Público tem, basicamente, quatro possibilidades:
a) oferecer denúncia;b) requisitar a realização de novas diligências;
c) pedir o arquivamento;
d) requerer a declinação de competência.
Para que o ofendido possa ajuizar a ação penal privada subsidiária, é necessário que o membro do MP fique completamente inerte no prazo legal do art. 46 do CPP, ou seja, que não adote nenhuma dessas quatro providências. Assim, se o Promotor de Justiça/Procurador da República pedir o arquivamento do inquérito policial, o ofendido, mesmo que discorde disso, não poderá ajuizar a ação privada subsidiária considerando que não houve inércia do MP. Se o ofendido oferecer ação privada subsidiária neste caso, o juiz deverá rejeitar a queixa substitutiva por ilegitimidade de parte.
Contudo, a vítima pode ir até a delegacia e registrar uma ocorrência, pode também requerer a instauração de um inquérito policial ou de um procedimento administrativo disciplinar. 
Nos casos em que a vítima do crime de abuso de autoridade morre quem terá legitimidade para a ação penal privada subsidiária da pública será o CADI (cônjuge, ascendente, descendente e irmão). A preferência é na seguinte ordem: cônjuge (ou companheiro), ascendente, descendente e irmão. Portanto, se dois legitimados intentarem a ação penal privada subsidiária da pública será observada essa ordem de preferência; caso qualquer dos legitimados se mostre displicente e inerte o outro legitimado pode assumir a titularidade da ação.
A posição defendida por Samer Agi é pela impossibilidade de retroatividade do casamento ou união estável para prejudicar o suposto autor do fato delituoso. Exemplo: na época em que foi praticado o abuso de autoridade contra a vítima ela era solteira, tendo se casado um mês depois do crime. Passado algum tempo, a vítima faleceu. Nesse caso, não há legitimidade do cônjuge para a propositura da ação privada.
Ademais, o juiz nomeará um curador especial para verificar a conveniência ou não do ajuizamento da ação penal quando a vítima for menor de idade, deficiente mental, doente mental e retardado mental (essas são expressões utilizadas pelo Código de Processo Penal). A nomeação do curador especial poderá ser de ofício ou a requerimento do MP. Nesses casos em que há a presença de uma pessoa absoluta ou relativamente incapaz, o juiz poderá nomear um curador especial que não está obrigado a oferecer a ação penal privada subsidiária da pública.
É possível que o juiz nomeie o curador especial quando houver conflito de interesses entre a vítima do abuso de autoridade e o seu representante legal. Exemplo: um adolescente é vítima do abuso de autoridade praticado por um policial que coincidentemente era namorado de sua mãe. O MP está inerte e a mãe do menor não quer oferecer a queixa crime, porque seu namorado é o policial. Nesse caso, há um conflito de interesses, hipótese em que o juiz nomeará um curador especial para a mãe do menor.
#DEOLHONAJURIS: 
Somente é possível a ação penal subsidiária da pública quando restar configurada inércia do Ministério Público, não sendo cabível nas hipóteses de arquivamento de inquérito policial promovido pelo membro do Parquet e acolhido pelo juiz. No caso concreto, não houve desídia do órgão acusador que, conforme reconhecido pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, propôs o arquivamento do inquérito policial, entendendo não haver condições de procedibilidade para o oferecimento da denúncia em razão da inexistência de relevância jurídica na conduta investigada. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1508560/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 06/11/2018.
A ação privada subsidiária da pública só é possível quando o Órgão Ministerial se mostrar desidioso e não se manifestar no prazo previsto em lei. Se o Ministério Público promove o arquivamento do inquérito ou requer o seu retorno ao delegado de polícia para novas diligências, não cabe queixa subsidiária; se oferecida, a rejeição se impõe por ilegitimidade de parte, falta de pressuposto processual da ação. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1049105/DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/10/2018.
É incabível a impetração de mandado de segurança por parte da vítima contra decisão que determina o arquivamento de inquérito policial, seja por considerá-la desprovida de conteúdo jurisdicional, seja devido ao fato de que o titular da ação penal pública incondicionada é o Ministério Público, não sendo cabível o eventual oferecimento de ação penal privada subsidiária sem a prova de sua inércia. STJ. 5ª Turma. AgRg no RMS 51.404/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 14/05/2019.
5. Art. 4º
CAPÍTULO IV
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO E DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
Seção I - Dos Efeitos da Condenação
Sabe-se que a principal consequência do trânsito em julgado é o cumprimento da pena prevista no tipo penal. No entanto, existem também os efeitos secundários da pena, que vêm previstos no art. 4º, onde o legislador fundiu o art. 91 e 92 do CP, mesclando efeitos extrapenais genéricos com específicos, e efeitos automáticos com não automáticos, ambos convivendo com a antecipação da reparação dos danos, vejamos: 
Art. 4º São efeitos da condenação:
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos; 
A primeira parte deste inciso (“tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime”) é um efeito automático da condenação, de modo que não precisa ser prevista expressamente na sentença.
A segunda parte (“a requerimento do ofendido fixar valor mínimo para reparação dos danos...”) é um efeito específico e não automático, que deve ser expressamente mencionado na sentença. Se a vítima não requerer, caberá a ela tão somente liquidar no juízo cível seu título executivo judicial, isto é, a sentença penal condenatória. Portanto, prevalece que este pedido deve constar expressamente na denúncia ou queixa. 
#ATENÇÃO: o momento adequado para o pedido de indenização será o da oitiva da vítima na audiência de instrução. A vítima é a primeira a ser ouvida na audiência de instrução, momento que deverá comunicar ao juiz seu interesse na indenização pelos prejuízos sofridos, caso em que fica caracterizado o requerimento do ofendido. Caso haja o requerimento do ofendido, o réu e seu advogado poderão se manifestar na forma do art. 402 do CPP, em interrogatório (autodefesa) ou em alegações finais, de maneira a respeitar os princípios da congruência, do contraditório e da ampla defesa.
*#GRUPO NACIONAL DE COORDENADORES DE CENTRO DE APOIO CRIMINAL – GNCCRIM 
ENUNCIADO #4 (art. 4º.) O requerimento do ofendido para a reparação dos danos causados pela infração penal dispensa qualquer rigor formal.
II – a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos;
Trata-se de efeito específico e não automático, que depende de expressa motivação, sendo condicionado à reincidência em crime de abuso de autoridade. Se o agente se exonerou, foi demitido ou renunciou, antes da condenação, pode o juiz aplicar apenas este efeito. 
#ATENÇÃO: se o juiz decidir por inabilitar para o cargo por um período superior a 1 ano é preciso fundamentar em concreto novamente a razão de a inabilitação ter um prazo superior ao mínimo legal.
III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública.
Trata-se de efeito específico e não automático, que depende de expressa motivação, sendo condicionado à reincidência em crime de abuso de autoridade. É efeito alternativo ou cumulativo com o inciso II. 
#NÃOCONFUNDA: A perda se refere ao cargo que já era ocupado pelo autor do delito. Já a inabilitação se refere à impossibilidade de o agente público ocupar qualquer outra função pública.
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput deste artigo são condicionados à ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser declarados motivadamente na sentença.
#ATENÇÃO: O agente pode receber três espéciesde sanção: administrativa, cível e penal, sem que isso configure bis in idem. Tais sanções são autônomas e podem ser aplicadas cumulativamente.
#SELIGANATABELA:
	ADMINISTRATIVA
	Advertência;
	
	Repreensão;
	
	Suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e vantagens;
	
	Destituição de função;
	
	Demissão;
	
	Demissão, a bem do serviço público.
	CÍVEL
	Pagamento de indenização.
	PENAL
	Multa;
	
	Detenção
	
	Perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função pública por prazo 1 a 5 anos.
6. Art. 5º
Seção II - Das Penas Restritivas de Direitos
Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de liberdade previstas nesta Lei são:
A Lei de Abuso de Autoridade segue a política de penas alternativas. 
#ATENÇÃO: 
Lembre-se que as penas restritivas de direitos têm duas características:
a) Autonomia: elas existem por si só.
b) Substitutividade: ocorre a fixação de uma pena privativa de liberdade e depois há a substituição desta pela pena restritiva de direito.
 As penas restritivas de direitos aplicadas aos condenados pela Lei de Abuso de Autoridade são as previstas nos incisos do art. 5ª i, o que significa que outras penas restritivas de direitos dispostas em outras leis penais, especialmente no Código Penal, não são aplicáveis à Lei 13.869/19.
 A Lei traz quais são as penas restritivas de direitos, mas não define quando haverá a substituição dessas penas. Portanto, para saber quando se dará a substitutividade das penas restritivas de direitos é necessário se valer das regras gerais do Código Penal.
#OLHAOGANCHO:
Requisitos de ordem objetiva:
1) Se for crime doloso, a pena não poderá ser superior a 4 anos. 
Obs.: Na Lei de Abuso de Autoridade não existem crimes culposos, todos os crimes são dolosos e a pena máxima prevista é de 4 anos;
2) O réu, em regra, não pode ser reincidente em crime doloso, mas caso a reincidência em crime doloso não seja específica é possível a substituição quando a medida se mostrar socialmente recomendável; 
3) O crime de abuso de autoridade não pode ter sido praticado com violência ou grave ameaça.
Requisito de ordem subjetiva:
4) A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias devem indicar que a substituição seja suficiente (não se exige a análise das consequências do crime e do comportamento da vítima). 
Caso haja o preenchimento de todos os requisitos presentes no Código Penal é possível a substituição pela pena restritiva de direitos. 
I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;
A pena restritiva de direito de prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas consegue cumprir as funções da pena estabelecidas no discurso oficial, porque conjuga a punição com a função retributiva e ressocializadora (função preventiva especial positiva).
#ATENÇÃO: Caso o sujeito tenha sido condenado a 2 anos por um crime de abuso de autoridade, e tenha havido a substituição por 2 penas restritivas de direito, ele vai prestar serviços à comunidade e ficar suspenso do exercício do cargo. O período da prestação de serviços é o mesmo da pena privativa de liberdade fixado, ou seja, 2 anos, mas o réu pode cumprir em um tempo inferior, pois cada dia de pena privativa de liberdade corresponde a uma hora de prestação de serviços à comunidade.
Código Penal. Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações superiores a seis meses de privação da liberdade. 
§ 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada. 
II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens;
Diferente da prestação de serviços que terá a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, esta suspensão será de no máximo seis meses, com a perda dos vencimentos e vantagens. 
III - (VETADO).
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas autônoma ou cumulativamente.
7. Sanções de natureza cível e administrativa
Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas independentemente das sanções de natureza civil ou administrativa cabíveis.
Em regra, as penas (sanções criminais) previstas na Lei nº 13.869/2019 devem aplicadas independentemente das sanções de natureza civil ou administrativa cabíveis. Assim, em regra, as responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, podendo um sujeito ser absolvido criminalmente, condenado administrativamente e obrigado a indenizar civilmente. 
#ATENÇÃO #EXCEÇÕES:
1) Se o juízo criminal decidir sobre a existência ou a autoria do fato, essas questões não poderão mais ser questionadas nas esferas cível e administrativa.
2) Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que descreverem falta funcional serão informadas à autoridade competente com vistas à apuração.
Em caso de falta funcional, o órgão correcional deverá ser informado: As notícias de crimes previstos na Lei nº 13.869/2019 que descreverem falta funcional deverão ser informadas à autoridade competente com vistas à apuração (é uma obrigação das autoridades). 
Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, não se podendo mais questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando essas questões tenham sido decididas no juízo criminal.
Consoante jurisprudência dos tribunais superiores, a sentença criminal, ante a relativa independência entre as instâncias cível e criminal, vincula o juízo cível quando reconhecer a (in)existência do fato ou atestar ter sido (ou não) o demandado seu autor. No entanto, não é obrigatória a suspensão do processo cível até o julgamento do processo penal. 
Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
O que este artigo veda é a rediscussão sobre a existência ou não da excludente de ilicitude, porém, nada impede que na análise do caso concreto, ainda que reconhecida a excludente no âmbito criminal, se busque no cível a devida reparação.
Ademais, no caso de estado de necessidade agressivo, em que o bem sacrificado é de terceiro e não do causador do perigo, embora seja reconhecido no âmbito penal o estado de necessidade, no âmbito cível é sempre possível a cobrança de indenização.
8. Art. 9º
CAPÍTULO VI
DOS CRIMES E DAS PENAS
Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses legais: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Este crime havia sido vetado pelo Presidente da República, mas o Congresso Nacional discordou e rejeitou o veto.
#SELIGA:
Medidas de privação de liberdade previstas no ordenamento jurídico e que podem ser objeto deste crime: 
• Prisão flagrante, prisão cautelar (prisão temporária, prisão preventiva); 
• Prisão para cumprimento da execução provisória da pena; 
• Prisão para cumprimento da execução definitiva da pena; 
• Medida de segurança detentiva (internação) (art. 96, I, do CP); 
• Semiliberdade (art. 120 do ECA); 
• Internação (art. 121 do ECA); 
• Internação psiquiátrica (art. 6º da Lei nº 10.216/2001).
Sujeito ativo: parte da doutrina defende ser a autoridade judicial (Juiz, Desembargador, Ministro). 
#APROFUNDANDO: Para Rogério Greco e Rogério Sanches Cunha, o verbo “decretar” tem sentido de determinar, decidir, ordenar, não se restringindo a autoridade judiciária,pois se quisesse restringir, o legislador teria se dirigido aos membros do Poder Judiciário, como o fez no parágrafo único. Portanto, seria sujeito ativo todo aquele com atribuição ou competência para determinar medida de privação de liberdade em manifesta desconformidade com a lei. Ex.: autoridade policial, militar e judiciária. 
*#GRUPO NACIONAL DE COORDENADORES DE CENTRO DE APOIO CRIMINAL – GNCCRIM 
ENUNCIADO #5 (art. 9º.) O sujeito ativo do art. 9º., “caput”, da Lei de Abuso de Autoridade, diferentemente do parágrafo único, não alcança somente autoridade judiciária. O verbo nuclear “decretar” tem o sentido de determinar, decidir e ordenar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses legais.
Sujeito passivo: é o Estado e também a pessoa que teve privada a sua liberdade.
Elemento subjetivo: dolo acrescido do elemento subjetivo especial (finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal). Não se pune a conduta culposa.
#ATENÇÃO A manifesta desconformidade prevista nesse artigo é uma desconformidade que não é passível de dúvida ou questionamento, o artigo exige que o juiz tenha decidido de maneira manifestamente contrária ao disposto em lei. Exemplos: juiz decreta a prisão preventiva pela prática de um crime culposo; juiz decreta a prisão de um depositário infiel; juiz decreta a prisão preventiva de alguém que cometeu um crime em 2010 no ano de 2019, sem haver ou existir qualquer notícia de reiteração da prática criminosa, risco de fuga ou coação de testemunhas.
Consumação: o crime se consuma com a decretação, ou seja, com a prolação da decisão determinando a medida de privação da liberdade, ainda que ela não se consuma. Trata-se, portanto, de crime formal, que não depende da produção de resultado naturalístico. 
Pena: a detenção de 1 a 4 anos é uma infração de médio potencial ofensivo. A pena mínima é de 1 ano, ou seja, se estiverem presentes os requisitos o réu pode ser beneficiado com a suspensão condicional do processo. A pena é de detenção, o que significa que o regime inicial mais gravoso, mesmo em caso de reincidência, é o semiaberto, mas o réu pode passar para o regime fechado a título de regressão se praticar uma falta grave.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável, deixar de:
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;
É o caso, por exemplo, em que o juiz recebe o auto de prisão em flagrante e constata que o indivíduo foi preso por conta de um fato atípico ou percebe que não havia situação de flagrância. Nestas hipóteses, cabe ao juiz relaxar a prisão do indivíduo, colocando-o em liberdade, salvo se houver algum outro motivo determinante para o cárcere.
II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade provisória, quando manifestamente cabível;
	RELAXAMENTO DA PRISÃO
	REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA
	LIBERDADE PROVISÓRIA
	É a decisão do magistrado reconhecendo que a prisão é ilegal, ou seja, que não atende aos requisitos formais.
	É a decisão do magistrado reconhecendo que não há motivos para a prisão preventiva, devendo, portanto, ser revogada.
	É a decisão do magistrado reconhecendo que a prisão em flagrante foi legal, mas que não há motivos para convertê-la em prisão preventiva, motivo pelo qual o flagranteado deve ser solto, com ou sem a imposição de outras medidas cautelares.
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível.
Este inciso III é extremamente amplo. Isso porque ele não se limita aos casos de prisão em flagrante. Na verdade, não se restringe nem mesmo aos casos de prisão. 
No Brasil, o habeas corpus apresenta uma feição bem ampla, sendo cabível mesmo quando o paciente não está preso e mesmo quando o ato impugnado não implicar risco imediato de prisão. Para o STF, cabe habeas corpus mesmo nas hipóteses que não envolvem risco imediato de prisão, como na análise da licitude de determinada prova ou no pedido para que a defesa apresente por último as alegações finais, se houver a possibilidade de condenação do paciente. Isso porque neste caso a discussão envolve a liberdade de ir e vir. STF. 2ª Turma. HC 157627 AgR/PR, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 27/8/2019 (Info 949). 
#SELIGA: apesar de ser mais comum a impetração de habeas corpus nos Tribunais, existe também a possibilidade de o juízo de 1ª instância julgar habeas corpus. É o caso, por exemplo, em que o impetrante questiona um ato do Delegado de Polícia.
As hipóteses do parágrafo único do art. 9º trazem crimes omissivos, crime próprio e crime omissivo próprio, de maneira que não é admitida tentativa. 
#ATENÇÃO: 
Sujeito ativo: Somente autoridades judiciárias
Elemento normativo: Dentro de prazo razoável: conceito aberto que deverá ser analisado com base nas peculiaridades do caso concreto.
9. Art. 10
Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado manifestamente descabida ou sem prévia intimação de comparecimento ao juízo: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
*#GRUPO NACIONAL DE COORDENADORES DE CENTRO DE APOIO CRIMINAL – GNCCRIM ENUNCIADO #6 (art. 10) Os investigados e réus não podem ser conduzidos coercitivamente à presença da autoridade policial ou judicial para serem interrogados. Outras hipóteses de condução coercitiva, mesmo de investigados ou réus para atos diversos do interrogatório, são possíveis, observando-se as formalidades legais. • Enunciado de acordo com as ADPFs 395 e 444
ENUNCIADO #7 (art. 10) A condução coercitiva pressupõe motivação e descumprimento de prévia notificação.
#CONDUÇÃOCOERCITIVA #AJUDAMARCINHO #DIZERODIREITO
Conceito
Condução coercitiva consiste em capturar a testemunha, o perito, o ofendido, o investigado ou o réu e levá-lo, ainda que contra a sua vontade, à presença de uma determinada autoridade para que seja ouvido, identificado ou pratique outros atos de interesse da investigação ou da ação penal.
Natureza jurídica
Embora não listada no rol das medidas cautelares diversas da prisão dos arts. 319 e 320 do CPP, também funciona como medida cautelar de coação pessoal (LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. Salvador: Juspodivm, 2019, p. 694).
Espécies
A legislação prevê a possibilidade, em tese, da condução coercitiva de:
a) testemunha: 
Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá requisitar à autoridade policial a sua apresentação ou determinar seja conduzida por oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio da força pública.
b) perito: Art. 278. No caso de não-comparecimento do perito, sem justa causa, a autoridade poderá determinar a sua condução.
c) ofendido (vítima): Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se por termo as suas declarações. § 1º Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da autoridade.
d) investigado (fase pré-processual) ou réu (fase processual): Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença. Parágrafo único. O mandado conterá, além da ordem de condução, os requisitos mencionados no art. 352, no que lhe for aplicável.
A condução coercitiva é sempre determinada pelo magistrado? 
Não. A legislação prevê a possibilidade de que outras autoridades também determinem a condução coercitiva. Veja alguns exemplos: • autoridade policial; • membros do Ministério Público; • Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI).
Condução coercitiva do investigado na deflagração de operações policiais
 Nos últimos anos temos visto diversas “operações” da Polícia Federal nas quais há ordens judiciais decondução coercitiva de investigados para que sejam interrogados. Vamos entender como isso funcionava:
A condução coercitiva para interrogatório nas operações policiais é a ordem judicial, materializada em um mandado, por meio do qual a polícia fica autorizada a levar o investigado, compulsoriamente, para a Delegacia (ou outro lugar escolhido) a fim de que ali ele seja interrogado, no dia e horário escolhidos pela autoridade policial.
Em geral, o objetivo idealizado para a condução coercitiva é que o órgão de investigação criminal atue com o “fator surpresa”, fazendo com que o investigado preste suas declarações no interrogatório sem ter tido muito tempo para refletir naquilo que irá responder e sem ter tido a oportunidade de conversar com os outros investigados ou ainda de conhecer quais os outros elementos informativos que a polícia já dispõe contra ele.
Por isso, normalmente, o mandado de condução coercitiva é cumprido logo no início do dia, por volta das 6h, ao mesmo tempo em relação a todos os investigados naquela operação. A polícia chega à residência do investigado, explica o mandado, pede que ele se vista e já segue com ele imediatamente para a Delegacia, onde já há um Delegado esperando para conduzir o interrogatório.
Vale ressaltar que, na condução coercitiva, o investigado é obrigado a comparecer à Delegacia, mas lá poderá permanecer em silêncio e não responder a qualquer das perguntas formuladas. Importante destacar também que o investigado, durante o interrogatório, poderá se fazer acompanhar por advogado ou Defensor Público.
O caso mais famoso de condução coercitiva ocorreu com o ex-Presidente Lula. O Juiz Federal Sérgio Moro, a requerimento da Polícia Federal, deferiu a condução coercitiva de Lula, que foi efetivada em 04/03/2016, tendo o ex-Presidente sido levado para prestar interrogatório em uma sala no aeroporto de Congonhas.
Inconstitucionalidade da condução coercitiva para interrogatório
 O STF, recentemente, decidiu que não é válida a condução coercitiva do investigado ou do réu para interrogatório no âmbito da investigação ou da ação penal. O CPP, ao tratar sobre a condução coercitiva, prevê o seguinte:
Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença.
O STF declarou que a expressão “para o interrogatório” prevista no art. 260 do CPP não foi recepcionada pela Constituição Federal.
Assim, caso seja determinada a condução coercitiva de investigados ou de réus para interrogatório, tal conduta poderá ensejar:
• a responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade
• a ilicitude das provas obtidas
• a responsabilidade civil do Estado.
STF. Plenário. ADPF 395/DF e ADPF 444/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 13 e 14/6/2018 (Info 906).
#DEOLHONATABELA:
	CONDUÇÃO COERCITIVA E ABUSO DE AUTORIDADE (ART. 10 DA LEI)
	Decretar condução coercitiva de...
	• testemunha ou
• investigado
	1) de forma manifestamente descabida; ou
	
	
	2) sem que a testemunha ou investigado tenham sido previamente intimados para comparecerem espontaneamente ao juízo.
Sujeito ativo: existem duas hipóteses:
1) “quando a condução coercitiva for manifestamente descabida”: pode ser praticada por outras autoridades, além das autoridades judiciárias, como é o caso do Delegado de Polícia, do membro do Ministério Público e do presidente de CPI.
2) “quando a condução coercitiva for decretada sem prévia intimação de comparecimento ao juízo”: hipótese restrita às autoridades judiciais.
#ATENÇÃO: Juiz que decreta condução coercitiva do investigado na deflagração de operações policiais.
Se o juiz decretar condução coercitiva do investigado para interrogatório em desacordo com o que decidiu o STF nas ADPF 395 e 444: comete o crime do art. 10. Isso porque o STF já afirmou que não cabe condução coercitiva nesses casos.
Sujeito passivo: além da Administração da Justiça é possível identificar duas vítimas:
• A testemunha: não importa se tem o dever ou não de depor. 
• O investigado: cuidado! O tipo penal não abrange a condução coercitiva de perito ou do ofendido. Mas e o acusado?
#FICADEOLHO: Márcio Cavalcante acredita que o STJ responderá que o termo investigado abrange o acusado. Isso porque existem precedentes daquele Tribunal analisando o crime do art. 2º, § 1º da Lei nº 12.850/2013 e dizendo que a palavra “investigação” não se limita à fase do inquérito policial. A “investigação” da infração penal se prolonga durante toda a persecução criminal, que abarca tanto o inquérito policial quanto a ação penal iniciada com o recebimento da denúncia:
 (...) 3. A tese de que a investigação criminal descrita no art. 2º, § 1º, da Lei n. 12.850/13 cinge-se à fase do inquérito, não deve prosperar, eis que as investigações se prolongam durante toda a persecução criminal, que abarca tanto o inquérito policial quanto a ação penal deflagrada pelo recebimento da denúncia. Com efeito, não havendo o legislador inserido no tipo a expressão estrita "inquérito policial", compreende-se ter conferido à investigação de infração penal o sentido de persecução penal, até porque carece de razoabilidade punir mais severamente a obstrução das investigações do inquérito do que a obstrução da ação penal. Ademais, sabe-se que muitas diligências realizadas no âmbito policial possuem o contraditório diferido, de tal sorte que não é possível tratar inquérito e ação penal como dois momentos absolutamente independentes da persecução penal. (...) STJ. 5ª Turma. HC 487.962/SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 28/05/2019.
#ATENÇÃO: Lembre-se que a condução coercitiva pode ser decretada não apenas em investigações ou processos criminais. É possível que isso ocorra em outros casos, como, por exemplo:
• em inquérito civil;
• em procedimentos do ECA;
• em processos cíveis;
• em processos trabalhistas.
Consumação: O crime se consuma com a decretação, ou seja, com a prolação da decisão determinando a condução coercitiva, ainda que ela não se consuma. Trata-se, portanto, de crime formal, que não depende da produção de resultado naturalístico.
O crime do art. 10 também é instantâneo, porque se consuma no momento em que o juiz decreta a condução coercitiva. 
É crime comissivo, não sendo possível a modalidade omissiva. 
Pena: 	a pena é de detenção, o regime inicial mais gravoso possível é o semiaberto, ainda que o sujeito seja reincidente. A pena mínima é de 1 (um) ano, sendo possível a suspensão condicional do processo.
Competência: a competência para julgamento deste crime dependerá das funções desempenhadas pela autoridade que determinou a condução coercitiva.
10. Art. 12
Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade judiciária no prazo legal: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Sujeito ativo: o delegado de polícia é o autor dessa infração, e em regra ele não goza de foro por prerrogativa de função. Deste modo, a infração será apurada no Juizado Especial Criminal.
Elemento normativo: a expressão “injustificadamente” exige uma valoração a ser feita pelo magistrado para ver se essa não comunicação possui algum fundamento.
Crime omissivo: Esse crime é omissivo e próprio.
O art. 12 é uma norma penal em branco, porque a Lei afirma que é crime deixar de comunicar injustificadamente a prisão em flagrante à autoridade judiciária no prazo legal. Logo, a norma exige o complemento normativo para se aferir qual seria esse prazo. Na verdade, esse complemento se dá pelo Código de Processo Penal que estabelece um prazo de 24 horas. Tem-se, pois, que se trata de uma norma penal em branco imprópria, em sentido amplo e homogênea, já que é outra lei que traz o complemento.
Consumação: entende-se que o prazo legal é de 24 horas; após esse prazo, se consuma o abuso de autoridade se presente o dolo específico. 
*#GRUPO NACIONAL DE COORDENADORES DE CENTRO DE APOIO CRIMINAL – GNCCRIM 
ENUNCIADO #8 (art. 12) Com o fim de preservara sua identidade, imagem e dados pessoais, é possível, nas exceções legais, que da nota de culpa não conste o nome do condutor, das testemunhas e das vítimas.
ENUNCIADO #9 (art. 12) A execução imediata do alvará de soltura deve ocorrer após o cumprimento dos procedimentos de segurança necessários, incluindo a checagem sobre a existência de outras ordens de prisão e da autenticidade do próprio alvará.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão temporária ou preventiva à autoridade judiciária que a decretou;
II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontra à sua família ou à pessoa por ela indicada;
Esse inciso possui a mesma ideia do inciso anterior, vale dizer, também que esse inciso cumpre uma garantia constitucional, isto é, deve ser comunicada a prisão à autoridade judiciária e à família do preso, tão logo seja possível. Consuma-se no exato instante em que o agente deixa de comunicar.
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas;
A nota de culpa que é entregue ao preso traz o nome da autoridade policial que lavrou o auto de prisão em flagrante, quem foi o condutor que levou o preso, quem são as testemunhas e qual foi o motivo da prisão. O preso deve receber a nota de culpa no prazo de 24 horas, por isso trata-se também de um crime a prazo. Com a nova lei, o atraso na entrega da nota de culpa, mais que constrangimento ilegal, será considerado abuso de poder. 
IV - prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão temporária, de prisão preventiva, de medida de segurança ou de internação, deixando, sem motivo justo e excepcionalíssimo, de executar o alvará de soltura imediatamente após recebido ou de promover a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou legal.
O crime do inciso IV, diferente dos incisos anteriores e do caput, é um crime permanente, porque a autoridade prolonga a execução da pena privativa de liberdade, deixando, sem motivo justo, de executar o alvará de soltura ou de promover a soltura do preso. 
Este inciso IV engloba também a hipótese em que o sujeito foi internado e submetido à medida de segurança detentiva que é a internação em hospital de custódia.
#ATENÇÃO: O art. 12 caput e os incisos do seu parágrafo são crimes de menor potencial ofensivo, sendo cabíveis os institutos da transação penal e da suspensão condicional do processo.
#SELIGANAJURIS: E se houver omissão da realização da audiência de custódia? Configura crime de abuso de autoridade? Não! Os tribunais superiores não tem reconhecido ilegalidade, sequer passível de concessão de HC. Sendo assim, qualquer nulidade do flagrante fica superada com a decretação da prisão preventiva.
A falta da audiência de custódia não enseja nulidade da prisão preventiva, superada que foi a prisão em flagrante, devendo ser este novo título de prisão aquele a merecer o exame da legalidade e necessidade. STJ. 6ª Turma. RHC 99.091/AL, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 04/09/2018. A alegação de nulidade da prisão em flagrante em razão da não realização de audiência de custódia no prazo legal fica superada com a conversão do flagrante em prisão preventiva, tendo em vista que constitui novo título a justificar a privação da liberdade. STJ. 5ª Turma. HC 444.252/MG, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 23/08/2018. Por força do Pacto dos Direitos Civis e Políticos, da Convenção Interamericana de Direitos Humanos e como decorrência da cláusula do devido processo legal, a realização de audiência de apresentação (“audiência de custódia”) é de observância obrigatória. Esta audiência não pode ser dispensada sob a justificativa de que o juiz já se convenceu de que a prisão preventiva é necessária. A audiência de apresentação constitui direito subjetivo do preso e, nessa medida, sua realização não se submete ao livre convencimento do Juiz, sob pena de cerceamento inconvencional. A conversão da prisão em flagrante em preventiva não traduz, por si, a superação da flagrante irregularidade, na medida em que se trata de vício que alcança a formação e legitimação do ato constritivo. Desse modo, caso o juiz não tenha decretado a prisão preventiva, o Tribunal deverá reconhecer que houve ilegalidade e determinar que o magistrado realize a audiência de custódia. STF. 1ª Turma. HC 133992, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 11/10/2016.
11. Art. 13
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a:
Trata-se de uma modalidade especial de constrangimento ilegal. No momento em que a lei usa a expressão constranger o preso a fazer alguma coisa, para fins de consumação é necessário que essa coisa ocorra; não ocorrendo não haverá crime, podendo haver tentativa. O crime é, portanto, material. 
Destaca-se que o constrangimento do art. 13 pode se dar mediante violência, grave ameaça ou violência imprópria.
Sujeito ativo: qualquer autoridade ou agente, em sentido amplo.
Consumação: trata-se de crime material.
Admite tentativa: é crime plurissubsistente. 
*#GRUPO NACIONAL DE COORDENADORES DE CENTRO DE APOIO CRIMINAL – GNCCRIM ENUNCIADO #10 (art. 13) Constranger o preso ou o detento, mediante violência ou grave ameaça, a produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro pode configurar delito de abuso de autoridade (Lei 13.869/19) ou crime de tortura (Lei 9.455/97), a depender das circunstâncias do caso concreto.
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública;
II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei;
III - (VETADO). (Promulgação partes vetadas)
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência.
O inciso III é o mais importante do art. 13, pois consagra o direito fundamental a não incriminação, prevê o direito de não produzir prova contra si mesmo, conhecido através do brocardo nemo tenetur se detegere. 
No entanto, aqui na Lei de Abuso de Autoridade o legislador vai além e afirma que haverá crime também quando o preso é forçado a produzir prova contra terceiro.
Em razão do princípio da legalidade estrita, se o constrangimento se der em face de uma pessoa que está respondendo a um processo em liberdade, não há crime. Portanto, constranger um investigado, sob grave ameaça, a produzir prova contra terceiro não caracteriza este crime.
#ATENÇÃO #NÃOCONFUNDA:
	LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE
	LEI DE TORTURA
	A condutas constrangem mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência.
	As condutas causam maior sofrimento físico ou mental na vítima.
	Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência:
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência.
	Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
a) a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
	Crime material
	Crime formal
12. Art. 15
Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Trata-se de crime de ação vinculada. Há crime quando a pessoa constrangida efetivamente depõe; se apesar do constrangimento a pessoa não depõe há crime tentado. 
O art. 15 não englobaSenadores e Deputados, porque estes não possuem o dever de guardar o sigilo e não são obrigados a depor. Portanto, eventual constrangimento sofrido por eles não se amolda ao descrito neste artigo.
O constrangimento previsto no art. 15 é sob grave ameaça de prisão. Esse constrangimento não pode ser por meio de violência ou qualquer outra ameaça de mal injusto e grave que não a de prisão.
A pena é de detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Portanto, a infração é de médio potencial ofensivo, com regime inicial mais gravoso semiaberto, sendo admitidas a suspensão condicional do processo e a transação penal.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório:
I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou
O juiz ou o delegado cientificam o acusado ou o investigado do seu direito constitucional ao silêncio antes do início do interrogatório. Portanto, se o acusado ou o investigado diz que fará o uso do seu direito constitucional ao silêncio, não pode haver qualquer questionamento.
Esse inciso é muito importante especialmente no Tribunal do Júri: se o réu decidiu exercer o direito ao silêncio o membro do Ministério Público não pode fazer perguntas, mesmo que o réu não responda, pois os jurados podem ser influenciados.
#SELIGA: Pode o réu optar por responder as perguntas de forma seletiva, respondendo apenas as perguntas de seu advogado e silenciando quanto ao demais? Sim. Atualmente o interrogatório tem natureza de meio de defesa, mas também é fonte de prova.
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a presença de seu patrono.
Esse crime só pode ser praticado por delegado de polícia ou em fase pré-processual pelo Ministério Público, se este estiver presidindo o procedimento investigatório, porque se for na seara judicial do processo penal a pessoa, necessariamente, estará assistida por advogado ou defensor público. 
Portanto, na fase processual não existe essa opção. O defensor ou o advogado estarão presentes devido ao princípio da ampla defesa, sendo somente na seara pré-processual, possível o interrogatório sem a presença do advogado ou defensor.
O inciso II afirma que se a pessoa tiver optado por ser assistida por advogado ou defensor, o interrogatório não pode prosseguir sem a presença do patrono. Caso a pessoa não tenha advogado deve ser providenciado um defensor público. Se na cidade não houver defensor público, será nomeado um defensor dativo.
Sujeito ativo: o agente ou a autoridade pública que constrange a pessoa ouvida ou interrogada. 
Sujeito passivo: a pessoa que sofre o constrangimento. 
Consumação: com o ato constrangedor, independentemente de ter começado ou não o seu depoimento. 
13. Art. 16
Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso por ocasião de sua captura ou quando deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Cuida-se de forma especial de falsa identidade. No art. 16 temos um tipo misto alternativo, há dois núcleos do tipo:” deixar de identificar-se” ou “identificar-se falsamente”. Se no mesmo contexto fático, inicialmente, o policial deixa de se identificar e, logo depois, se identifica falsamente, há crime único.
A lei impõe a obrigação de durante a captura do preso o policial já se identificar, o que parece de difícil aplicação prática, especialmente em grandes operações, de modo que a comunicação deve ser feita tão logo seja possível, desde que haja segurança para o agente policial.
A falta de identificação ou a identificação falsa durante a detenção ou prisão é a ideia já comentada na nota de culpa. Essa nota já cumpre toda a exigência, pois havendo a comunicação do preso em 24 horas com a entrega da nota de culpa ele saberá quem foi o condutor da sua prisão.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como responsável por interrogatório em sede de procedimento investigatório de infração penal, deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si mesmo falsa identidade, cargo ou função.
Tem alcance distinto do caput, pois pune não só aquele que deixa de se identificar, ou se atribui identidade falsa, mas também aquele que deixa de informar seu cargo ou função ou informa falsamente.
A infração penal prevista nesse parágrafo engloba as infrações penais militares. Vale ressaltar que este crime deve ocorrer em sede de procedimento investigatório de ação penal. Se o investigado está sendo interrogado em processo administrativo disciplinar e a autoridade responsável por interrogá-lo se identifica falsamente não há esse crime.
Sujeito ativo: o agente ou a autoridade que atua na capturação, detenção ou prisão da pessoa (caput), ou no ato de seu interrogatório na investigação (parágrafo; delegados e promotores).
Sujeito passivo: na figura do caput é o preso. 
Consumação: quando o agente deixa de se identificar ou se atribui identidade falsa. 
Trata-se de crime de menor potencial ofensivo, sendo aplicáveis todos os institutos da Lei 9.099/95.
14. Art. 18
Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial durante o período de repouso noturno, salvo se capturado em flagrante delito ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar declarações: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
O crime do art. 18 é um crime próprio, pois exige uma especial qualidade do sujeito ativo. Como se trata de um interrogatório policial, a conduta deve ser praticada por um delegado de polícia.
O verbo submeter é núcleo do tipo e ele consagra um crime permanente: enquanto o interrogatório policial ocorrer o preso está sendo submetido a ele, por isso a situação de flagrância se protrai no tempo.
Sujeito ativo: o agente ou a autoridade responsável policial, responsável pelo interrogatório. 
Sujeito passivo: o sujeito passivo dessa infração penal é o preso, não necessariamente devido ao crime atual, pois a prisão pode decorrer de outra infração criminal, já que não há vedações nesse sentido para a aplicabilidade do art. 18.
Consumação: com o início do interrogatório, durante o repouso noturno. 
Trata-se de crime de menor potencial ofensivo, sendo aplicáveis todos os institutos da lei 9.099/95.
#ATENÇÃO: o interrogatório previsto no art. 18 não se aplica àquele realizado na fase judicial.
#OLHAOGANCHO: Repouso noturno.
Para entender em que consiste o repouso noturno é necessário se valer de critérios objetivos. Em relação ao crime de furto, o horário de repouso noturno é importante porque implica em incidência ou não da causa de aumento de pena. Conforme art. 155, § 1º, no crime de furto o horário de repouso noturno varia de lugar, de zona urbana ou zona rural. Porém, na Lei de Abuso de Autoridade essa distinção não possui pertinência. É preciso adotar o critério objetivo que confere segurança jurídica ao delegado de polícia para que ele saiba se está submetendo o preso ao interrogatório durante o período noturno ou não. Portanto, o horário noturno é entre 22h e 6h, conforme critério objetivo. A finalidade da norma é evitar que o preso seja submetido ao interrogatório no momento de maior vulnerabilidade, momento em que o exercício da ampla defesa está comprometido.
*#GRUPO NACIONAL DE COORDENADORES DE CENTRO DE APOIO CRIMINAL – GNCCRIM ENUNCIADO #11 (art. 18) Para efeitos do artigo 18 da Lei de Abuso de Autoridade, compreende-se por repouso noturno o período de 21h00 a 5h00, nos termos do artigo 22, § 1°, III, da mesma Lei.
ENUNCIADO #12 (art. 18) Ressalvadas as hipóteses de prisão em flagrante e concordância do interrogado devidamente assistido, o interrogatório extrajudicial do preso iniciado antes, não pode adentrar o período de repouso noturno, devendo ser o ato encerrado e, se necessário, complementado no dia seguinte.
#ATENÇÃO: Excludentes de tipicidade.
O artigo prevê dois elementos negativos do tipo. 
	
EXCLUDENTES DE TIPICDIADE
	Prisão em flagrante delito: nesse caso é permitido o interrogatório durante o repouso noturno.
	
	Preso assistido por advogado:particular, advogado público, advogado dativo ou defensor público que consente em prestar declarações, nesse caso há alguém com conhecimento técnico que pode entender ser uma melhor estratégia ao preso ser interrogado durante o repouso noturno.
#CUIDADO: Se o preso fizer uso do seu direito constitucional ao silêncio e o delegado de polícia prosseguir no interrogatório, também haverá crime.
Trata-se de crime de menor potencial ofensivo, sendo aplicáveis todos os institutos da lei 9.099/95. A pena privativa de liberdade é de detenção, de forma que o regime inicial mais gravoso possível é o semiaberto.
15. Art. 19
Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de pleito de preso à autoridade judiciária competente para a apreciação da legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de sua custódia: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Este artigo visa concretizar o direito constitucional de o cidadão peticionar perante qualquer autoridade em face de um abuso ou de uma ilegalidade cometida. Igualmente, busca dar concretude ao habeas corpus, que é uma ação autônoma de impugnação que pode ser ajuizada por qualquer pessoa e independe de capacidade postulatória.
Núcleos: impedir ou retardar o envio de pleito de preso. Nesse caso há um tipo misto alternativo, de modo que a prática de mais de um núcleo do tipo não implica pluralidade criminosa.
Elemento normativo: “Injustificadamente”. Esse termo significa que não há motivo idôneo para que o pleito tenha demorado tanto para chegar até a autoridade judiciária competente. Exige-se um juízo de valor do magistrado para verificar se esse impedimento ou retardamento do envio do pleito se deu de forma justificada ou não.
Sujeito ativo: o sujeito ativo dessa infração penal pode ser qualquer agente público que tenha o preso sob sua custódia.
Sujeito passivo: o sujeito passivo desse crime é o preso, pois é ele que tem o seu direito de petição atingido pela conduta da autoridade. 
Consumação: ocorre no momento que o agente, injustificadamente, impede ou retarda o envio do pleito. 
Via de regra, essa infração penal será praticada de forma omissiva, de maneira que não é admitida a tentativa, mas vale dizer que o crime omissivo pode ser praticado de forma comissiva: basta que dolosamente a autoridade que tenha o preso sob custódia remeta o pedido para uma autoridade judiciária incompetente como forma de retardar o envio do pleito a autoridade judiciária competente. Nesse caso, o crime omissivo é praticado de forma comissiva (e, nessa situação, será admitida tentativa).
O pleito do preso está ligado à legalidade de sua prisão ou às circunstâncias da sua custódia. 
A pena é de detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, e, sendo assim, o regime mais gravoso será o semiaberto. A infração é classificada como de médio potencial ofensivo.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que, ciente do impedimento ou da demora, deixa de tomar as providências tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para decidir sobre a prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade judiciária que o seja.
Sujeito ativo: o magistrado competente (1ª parte do artigo); o magistrado incompetente (2ª parte do artigo).
Sujeito passivo: o preso. 
A 1ª parte do artigo cria um dever jurídico de evitar o resultado: o juiz percebe a demora e tem o dever jurídico de fazer cessar a demora ou o impedimento. Já na 2º parte, o crime pode ser praticado apenas pela autoridade judiciária incompetente. 
Ademais, o crime desse parágrafo é omissivo próprio, o que significa que não é admitida a tentativa.
As condutas descritas no parágrafo único recebem igual sanção da conduta descrita no caput, sendo uma infração penal de médio potencial ofensivo.
16. Art. 20
Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso com seu advogado: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Núcleo do tipo: Impedir, o que significa que, em razão da conduta da autoridade que tem o preso sob sua custódia, a entrevista pessoal e reservada do preso com o advogado não ocorreu.
Elemento normativo: sem justa causa. Se houver justa causa não há crime; trata se de um elemento normativo do tipo que exigirá juízo de valor por parte do magistrado.
Sujeito ativo: esse crime pode ser cometido por qualquer autoridade que tenha um preso sob sua custódia. 
Sujeito passivo: o preso, réu solto, investigado e o seu advogado.
Ademais, a entrevista deve ser pessoal, o que significa que o preso e seu advogado devem estar frente a frente. Ela também deve ser reservada, isto é, devem estar presentes apenas o advogado e o preso. Caso não haja sala para que o advogado e seu cliente possam conversar de maneira reservada, eles poderão conversar ao fim do corredor com o agente da escolta presente, por exemplo (se por motivos de estrutura e segurança for necessária a presença de agentes prisionais durante a conversa entre o advogado e seu cliente).
A pena é de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Trata se de uma infração penal de menor potencial ofensivo, cuja competência é, em regra, do Juizado Especial Criminal.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso, o réu solto ou o investigado de entrevistar-se pessoal e reservadamente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável, antes de audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele comunicar-se durante a audiência, salvo no curso de interrogatório ou no caso de audiência realizada por videoconferência.
Sujeito ativo: ocorrendo o crime durante o ato judicial, o sujeito ativo é o juiz. Quando o interrogatório ocorre por videoconferência, pode ser o servidor público onde está o interrogando.
Sujeito passivo: réu preso, solto, investigado e, ainda, o advogado. 
Elemento normativo: a norma afirma que a entrevista deve ser por prazo razoável. Porém, a lei não estabelece o que seja prazo razoável, de modo que deve ele ser fixado segundo critérios objetivos.
Ademais, incorre na mesma pena quem impede o preso, o réu solto ou o investigado de sentar-se ao lado de seu advogado e com ele se comunicar durante a audiência. 
#ATENÇÃO: Não há crime quando o preso não pode se sentar ao lado do seu defensor em razão da audiência ser realizada por videoconferência, porque nesse caso há um impedimento de natureza física, de modo que o advogado está no fórum e o réu ou investigado no presídio.
17. Art. 21
Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço de confinamento: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
O núcleo do tipo do art. 21 é o verbo manter. Isso significa que se trata de um crime permanente: enquanto presos de sexos diferentes estiverem na mesma cela a situação é de flagrante delito que se protrai no tempo.
Cela é o local destinado a presos provisórios ou definitivos; Espaço de confinamento é qualquer área não projetada para ocupação contínua de presos. 
O art. 21, caput, não abrange as pessoas submetidas a medidas de segurança (não se fala em medida de segurança detentiva, nem em menor de idade).
Lembre-se que a depender das circunstâncias pode estar configurado o crime de tortura, art. 1º, §1º, da Lei 9.455/97.
Sujeito ativo: pode ser o juiz, o diretor presidio ou a autoridade policial.
Sujeito passivo: os presos. 
*#GRUPO NACIONAL DE COORDENADORES DE CENTRO DE APOIO CRIMINAL – GNCCRIM ENUNCIADO #13 (art. 21) A violação à regra de separação de custodiados, acompanhada de sofrimento físico ou mental do preso, conforme as circunstâncias do caso, não tipifica o crime do art. 21 da Lei de Abuso de Autoridade, mas o delito de tortura (art. 1º, caput, inciso I, da Lei nº 9.455/97), infração penal equiparada a hediondo, sofrendo os consectários da Lei 8.072/1990.
#ATENÇÃO: RESOLUÇÃO CONJUNTA CNCD/LGBT.
Transexuais: pessoas que são psicologicamente de um sexo e anatomicamente de outro, rejeitando o próprio órgão sexual biológico – deverá ser recolhido ou recolhida na cela que diga respeito ao seu gênero, a não ser que opte pela cela

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