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CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
JOHANNA LINDSEY – 
Série: Família Ly-san-Ter 
01 – A mulher do 
guerreiro 
 
 
 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
 
EQUIPE PL 
 
ENVIO: SORYU 
TRADUÇÃO: SORYU 
EQUIPE DE REVISÃO INICIAL: 
SOO JEONG, KRIS, LUKITA, SANDRA P, RUTE, GILMA 
REVISÃO FINAL: NATHALIA D., RAFAELA VIEIRA 
LEITURA FINAL E FORMATAÇÃO: CAROL 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
RESUMO 
 
No planeta Kystran, no ano 2139, um lugar onde as regras de 
tecnologia não dão nenhum espaço para a paixão, a guarda de segurança de 
primeira linha – Seg 1, Tedra De Arr, é uma força a ser reconhecida. 
Escultural, de uma beleza surpreendente e a altura da perfeição física, Tedra 
nunca conheceu o toque de um homem, só porque nenhum homem, em seu 
planeta, pode vencê-la na batalha ou na cama. 
Quando o planeta é tomado por um déspota do mal, Tedra consegue 
fugir com sua amiga Martha, um computador rabugento. Juntas, elas 
encontram refúgio em um mundo exótico, onde os poderosos guerreiros 
reinam supremos, num planeta alienígena, no qual, a inocente e insolente, 
Tedra, desafia um bronzeado bárbaro chamado Challen. 
Infelizmente para Tedra, ela perde e deve se tornar escrava de 
Challen, cumprindo cada desejo seu "mesmo quando ele dorme". Mas o que 
começa como uma punição logo se torna alegria sensual, quando ela 
descobre o que significa desejo, enquanto tenta, sem sucesso, extinguir a 
sua paixão a fim de salvar o seu mundo. 
 
Série: 
01 – A Mulher do Guerreiro 
02 – Keeper of the Heart 
03 – Heart of a Warrior 
 
 
 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
 
 
“A tradução em tela foi efetivada pelo Grupo Pégasus Lançamentos de forma 
a propiciar ao leitor o acesso à obra, incentivando-o à aquisição integral da 
obra literária física ou em formato e-book. O grupo tem como meta a 
seleção, tradução e disponibilização apenas de livros sem previsão de 
publicação no Brasil, ausentes qualquer forma de obtenção de lucro, direto 
ou indireto. 
No intuito de preservar os direitos autorais e contratuais de autores e 
editoras, o grupo, sem prévio aviso e quando julgar necessário poderá 
cancelar o acesso e retirar o link de download dos livros, cuja publicação for 
veiculada por editoras brasileiras. 
O leitor e usuário ficam cientes de que o download da presente obra destina-
se tão somente ao uso pessoal e privado, e que deverá abster-se da 
postagem ou hospedagem do mesmo em qualquer rede social e, bem como 
abster-se de tornar público ou noticiar o trabalho de tradução do grupo, sem 
a prévia e expressa autorização do mesmo. 
O leitor e usuário, ao acessar a obra disponibilizada, também responderá 
individualmente pela correta e lícita utilização da mesma, eximindo o grupo 
citado no começo de qualquer parceria, coautoria ou coparticipação em 
eventual delito cometido por aquele que, por ato ou omissão, tentar ou 
concretamente utilizar da presente obra literária para obtenção de lucro 
direto ou indireto, nos termos do art. 184 do código penal e lei 9.610/1998." 
 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Capítulo 01 
Kystran, 2139 D.C. (Depois da Colonização) 
A manifestação contra a matança de boskratas já levava três dias 
seguidos com os estudantes de ecologia partindo diante do Laboratório 
Científico de Fanya, enquanto acendiam e apagavam as luzes de néon 
multicoloridas dos seus estandartes projetados em protesto contra a 
necessidade de extinguir outra espécie animal em nome da ciência. Os 
distúrbios previstos já tinham começado e estavam agora em seu apogeu, 
suas filas aumentadas com os cidadãos aborrecidos e frustrados na busca de 
um pouco de excitação e liberação de suas tensões. 
Se estivessem envolvidos unicamente os ecologistas que tinham feito 
uma arte do protesto, não existiria nenhum problema sério, mas a Clínica 
Antitensão estava fechada há uma semana, para sua remodelação e 
ampliação, os cidadãos solteiros de Fanya, que não se registraram para a 
dupla ocupação se mostravam mais agressivos que de costume. 
— Se não receberem diariamente seu tratamento sexual nas clínicas, 
acreditam que chegará o fim do mundo -queixou-se o chefe de ciências de 
Fanya ao atual representante do Kystran, Garry C. Bernn- Estes jovens não 
recordam como era a vida antes que tivéssemos clínicas antitensão em todas 
as cidades. 
— Nós tampouco! -replicou o representante, gélido, mas apesar disso, 
tinha acessado o requerimento de enviar um guarda de segurança para lhe 
apaziguar. 
Tedra de Arr foi a afortunada voluntária que recebeu a ordem de 
deslocar-se a Fanya para dirigir-se a seção de segurança local. Logo depois 
de uma hora no lugar tinha compreendido que, se a multidão crescente se 
debandava, não teria alternativa que dominá-la com graves riscos para os 
ossos e até a vida de alguns dos revoltosos. A Divisão de Segurança de 
Fanya não era outra coisa que um grupo de novatos que não distinguiam as 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
unidades phazor das unidades de comunicação, razão pela qual nunca lhes 
tinham entregado as unidades combinadas. E se os cidadãos decidiam se 
converter em seres destrutivos, ao tentar resgatar às horríveis e diminutas 
boskratas, não via nenhuma possibilidade de detê-los com a sorte da ajuda 
disponível nesta pequena cidade. 
Com apenas quarenta homens sob seu comando e pelo menos cem 
cidadãos que já estavam derrubando as portas de acesso, Tedra considerou 
a ideia de escapulir silenciosamente pela porta traseira. Isso era, 
precisamente, o que tinham feito esses cientistas assustados e não lhe 
importava um maldito caminho dessas pequenas criaturas escamosas que 
tinham deixado para trás para que ela as defendesse. As defender, nem 
pensar! Não podia suportar essas coisas horripilantes, assim por que 
quereria as defender? 
Murmurava maldições ao homem que a tinha mandado realizar esta 
tarefa temporária antes de desprender de seu cinturão o rádio transmissor 
que a comunicava diretamente com Martha, seu computador Mock II de uso 
pessoal. 
— Conhece as estatísticas, Martha. Que probabilidades têm de 
arrebatar as boskratas e fugir? 
— Em torno de sessenta por um -ouvia a voz extremamente feminina 
através da pequena unidade de rádio que cabia em uma mão. Contudo a 
ouviu forte e claro- se não fosse pela Clínica Antitensão estar fechada... 
Tedra cortou a comunicação com um grunhido e devolveu a unidade 
compacta a seu cinturão. 
— Maldito sexo! -resmungou baixo- Quando se converteu em 
essencial, em curar tudo, em obrigatório para não desmoronar-se... ou 
voltar-se violento? 
— Você disse algo, Seg 1? 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Tedra deu a volta e olhou o jovem que estava as suas costas. Na 
realidade era um menino. Não podia ter mais de dezoito anos. Obviamente, 
quando tinha essa idade havia estado à frente de sua classe, trabalhando 
ativamente durante um ano embora continuasse seu treinamento, já era 
incomparável em sua especialidade. Isso já fazia cinco anos. Quatro anos 
atrás tinha ganhado seu cargo atual, Seg 1, o cargo mais alto para um perito 
em combate mano a mano ou com armas. O jovem que lhe tinha falado nem 
sequer chegara a Seg 5, o cargo mais baixo, embora tinha que ser atribuído 
a ela. Não deveriam lhes enviar para cumprir tarefas ativas até que 
estivessem preparados, mas não se podia dizer isso à administração, 
especialmente quando havia tal escassez de elementos de segurança 
disponíveis. A grande maioria destas últimas ninhadasde estudantes 
escolhia treinar para carreiras menos arriscadas, as que lhes 
proporcionassem mais satisfações, sobretudo em um planeta que não estava 
em guerra e que pertencia a uma liga de planetas dedicados à paz e ao 
comércio lucrativo. 
— Não, não disse nada, Seg 5, mas direi agora. Deixaremos que os 
cidadãos obtenham o que desejam, porque não acredito que um edifício e 
um punhado de horríveis boskratas fedorentos valham tanto para matar 
alguém. Mantenha-se afastado, fora do caminho e rogue que se conforme 
com as boskratas, caso dirijam-se a você, dispare o raio paralisador e se isso 
não for suficiente, corra como o demônio. Passe a ordem para que 
dispararem somente para paralisar. Se no final tiver sequer um cidadão 
morto, quando tudo tiver se passado, os seguranças se verão comigo! 
Não teve que acrescentar que, desejariam eles serem os mortos se 
algo assim chegasse a acontecer. Não se devia contrariar a um Seg 1, já que 
qualquer um deles podia utilizar um ajudante como trapo para esfregar o 
chão, como mínimo. E o segurança sabia disso. 
Quando Tedra atravessou a última porta e entrou no amplo laboratório 
abobado, havia pouco estudante ecologista entre eles, desgraçadamente. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Estas pobres criaturas eram cidadãos solteiros a quem tinham negado sua 
ração diária de terapia sexual durante toda uma semana e não estavam 
interessados nas malditas boskratas, exceto como desculpa para descarregar 
tensões e frustrações do velho modo, com uma grande violência. Dirigiram-
se diretamente às equipes, os segs, rompendo e atacando o que podiam. Os 
raios paralisadores serviram pouco depois da primeira horda. 
Tedra de Arr passou a meia hora seguinte atacando e rompendo alguns 
ossos e rostos. Os médicos locais estariam ocupados o resto da tarde, mas 
ao menos ninguém tinha ficado gravemente ferido. Mesmo assim, ela estava 
ainda furiosa. Não lhe agradava romper ossos e ouvir os gritos dos homens 
enquanto o estava fazendo, sobretudo por essas malditas boskratas. Ficava 
um consolo: ao menos as mulheres do grupo só se dedicaram a destroçar 
móveis e equipamentos, porque gostava menos ainda de ouvir gritos de 
mulheres e não necessitava nada mais para piorar seu mau humor. 
Contudo, era um fiasco e um desperdício de talento. Ainda estava 
furiosa quando, momento depois, retornou ao alojamento temporário que 
lhe tinham atribuído. O rapaz que havia conhecido à tarde não tinha tido por 
que estar ali e para o cúmulo, disparou um raio no próprio pé com a unidade 
phazor. O que ela não daria para ter seu instrutor cinco minutos sob seu 
comando. Certamente depois disso, não se arriscaria a soltar estudantes, 
antes que estivessem preparados para o combate. 
Indo para a porta deu bateu no identificador e sem parar e se bateu 
contra o obstáculo imóvel. Soltou um palavrão antes de se acalmar o 
suficiente para apoiar a palma da mão sobre a fechadura durante os dois 
segundos requeridos para sua identificação. A porta abriu deslizando 
silenciosamente sob seu olhar carrancudo, mas nem sequer isso fez com que 
se acalmasse. A próxima vez que ocorresse a Garr Ce Bemn. a ideia de que 
ela apreciaria as poucas fichas de troca extra que lhe reportaria uma tarefa 
alheia às suas específicas, ia dizer o que ele mesmo podia fazer com elas, 
sem se importar que fosse o líder máximo de todo o planeta. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Ela era Seg 1 e a tarefa de um Seg 1 consistia em proteger e defender 
os líderes máximos do planeta, não ir trabalhar em qualquer departamento. 
O posto que ela ocupava era o melhor remunerado em sua especialidade, 
visto que estava atribuído ao Edifício Governamental e ao diretor em pessoa, 
mas para ser justa, ele sabia que acabava de comprar uma casa nos 
subúrbios da capital e certamente acreditava que necessitaria de alguma 
ajuda para pagá-la. Considerou que estava lhe fazendo um favor. Uma vez 
que se tranquilizasse, ela também veria desse modo e até chegaria a 
agradecê-lo quando retornasse à cidade de Galeão, mas primeiro tinha que 
recuperar a calma. 
Retomou rapidamente e foi direta para a parede sanitária, em um 
canto do seu quarto de alojamento, apertou o botão e começou a se despir, 
enquanto painéis deslizavam para fora para incluir-se dentro de uma área de 
três metros quadrados. As luzes acenderam automaticamente quando o 
ambiente foi criado, fechando completamente com um clique suave. 
Apareceu um banheiro, também viu a mudança de cabelo e olhos e ainda 
uma gaveta cheia de loções e algumas colônias masculinas deixadas pelo 
ocupante anterior. No entanto, a única coisa que lhe interessava no 
momento era o banheiro. 
Despiu o uniforme de uma só peça, feito de tecido solar cinza 
prateado, que correspondia a seu cargo. A sua esquerda, uma parede 
espelhada refletiu a imagem de um corpo em excelente estado físico com 
pernas longas, esbeltas e músculos rígidos. Tudo nele falava de força, sem 
necessidade de aparentar protuberâncias musculares, que pelo contrário, 
mostrava curvas muito femininas e enganosas. Era, em realidade, um corpo 
que tinha sido submetido a quinze anos de duro treinamento e exercícios 
intensivos até se converter em uma máquina de briga. Tedra ainda 
lamentava os três anos de sua vida que tinha esbanjado estudando 
Descobrimento Mundial, a carreira alternativa que tinha elegido, antes que 
alcançasse sua estatura atual e lhe permitissem retomar a carreira que tinha 
elegido em primeiro lugar. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Parou uns segundos quando se viu refletida no muro espelhado e 
observou o sobrecenho ainda franzido, que afetava o rosto de feições 
deliciosas. Necessitava de um relaxador de tensões e sabia que o banho não 
cumpriria essa função. O que precisava era seu massagista, mas como essas 
máquinas não eram muito comuns e só as utilizavam alguns residentes do 
Kystran, não era comum encontrá-las nos alojamentos temporários. O 
apartamento estava equipado com a maioria das outras comodidades que 
podia encontrar em seu próprio lar, mas um massagista não era uma delas. 
Sabia muito bem o que aconselharia Martha sobre o assunto e se 
alegrava que a Clínica Antitensão da Fanya estivesse fora de serviço, porque 
pela primeira vez em sua vida se sentia tentada a visitar uma. Os benefícios 
seriam os mesmos, obtidos apenas com um tipo diferente de batimento 
corpotal, o tipo que ela teria ainda que experimentar, embora não por falta 
de ofertas. Os homens se sentiam atraídos por ela, apesar de sua altura, e 
era apenas sua posição de Sec 1 que os impedia de incomodá-la com este 
assunto. Ela sempre quis saber o quão ruim seria, caso não fosse tão alta 
quanto ela, mas ela estava acima da média de altura, cerca de três 
centimetros acima da média masculina que girava em torno de um metro e 
setenta e cinco centímetros. Um metro e oitenta centímetros era o máximo 
alcançado pelos homens de Kystran, mas era algo raro, e todos eram Segs, 
o que teria sido agradável, caso ela estivesse interessada, mas não estava. 
Algum dia chegaria a sua vida o homem que não pudesse vencer em 
combate e só então se alegraria de que seu próprio corpo fosse elástico e 
bem proporcionado, os seios bem formados, a cintura mais estreita que a da 
maioria das mulheres e os quadris curvados. Tampouco podiam passar 
despercebido o saudável tom dourado de sua pele, os grandes olhos 
amendoados, o nariz pequeno e a boca carnuda de tom coral suave. O 
severo tom café do cabelo e dos olhos se devia só às atividades que tinha 
tido que desenvolver nesse dia, mas não era natural. Entretanto, não 
tiravam o atrativo das belas feições que estavam em acordo com o resto do 
corpo. Tedra não se queixava desse físico perfeito. Só nunca tinha tido 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter01 – A mulher do guerreiro 
motivos para apreciá-lo com justo valor, exceto sua estatura que era um dos 
principais requisitos para ingressar na carreira de Segurança. 
Deixou o uniforme no chão já que sabia, que um robô assistente sairia 
em disparada para recolhê-lo, assim que abrisse a porta e saísse. Ninguém 
podia acusar Tedra de ser ordeira, mas por outro lado, a existência de robôs 
assistentes era muito anterior à época de seu nascimento e estes tendiam a 
consentir demais às pessoas, mantendo tudo reluzente, higiênico e 
ordenado. A máquina não era mais alta que seus quadris e deslizava por 
meio de rodinhas silenciosas, portanto jamais resultava um incômodo. De 
fato, a maioria das vezes, nem sequer sentia sua presença enquanto 
trabalhava a seu redor. A unidade que tinha em sua casa estava programada 
para receber suas ordens e levar sua comida à cama, se estivesse cansada 
demais para pressionar o botão de seu fornecedor de comidas. Demônios, 
essa maldita coisa até lhe escovaria os dentes se deixasse. 
O banheiro de raio solar era uns trinta centímetros menor que a 
unidade que tinha em sua casa, e a banheira tubular media meio metro de 
diâmetro, logo era adequada para alguém de seu tamanho. A porta curva se 
fechou silenciosamente assim que os dois pés pisaram no chão da unidade, 
uma luz vermelha inundou todo o alto cilindro, banhando-a em tinturas 
escarlate. O raio de luz durou só três segundos e apagou ao mesmo tempo 
abriu automaticamente a porta, como um convite para que saísse. Tedra o 
fez. Limpa agora dos pés a cabeça. Até a opaca cor café do cabelo brilhava 
com suave brilho depois do banho. Em realidade, não tinha ideia de como 
funcionava, mas o banho de raio solar era usado há mais de cinquenta anos 
após a Grande Escassez de Água e permaneceu em uso devido a sua eficácia 
para economizar tempo. Sua unidade doméstica, um modelo novo, estava 
projetada para ser compatível com o tecido solar dos uniformes e limpá-los 
também. O uniforme era bastante fino e cômodo para dormir, ou seja, 
economizaria ainda mais tempo não tendo que trocar de roupa para ir ao 
trabalho. Muito poucos habitantes do planeta recordavam como era banhar-
se de outro modo que não com o raio solar. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Ao sair do banho marcou um traje de duas peças no disco seletor e o 
guarda-roupa apresentou calças e jaqueta sem mangas, os únicos objetos de 
vestir que havia trazido para sua breve visita a Fanya, foram os uniformes. 
Fazia uma semana que se perfumou com sua loção favorita e não seria 
necessário reforçá-la, a pouca maquiagem que usava nos olhos, uma fina 
linha de delineador preto como suas pestanas e o tênue rubor que lhe coloria 
as bochechas eram permanentes. Finalizada a tarefa, já não tinha 
necessidade de usar essa indescritível cor de cabelo, assim dedicou os vinte 
segundos seguintes, para trocá-lo por um vibrante amarelo limão, que só se 
poderia usar com a maquiagem café que tinha nas pálpebras. Conservou o 
comprido cabelo enroscado no coque regulamentar, já que era desnecessário 
soltá-lo para lavar ou tingir. Tirou a franja da frente com rápidas passadas 
de escova e enfim estava pronta para partir, cinco minutos depois de sua 
entrada ao apartamento. 
O robô assistente rodava em sua direção tão logo se abriram os 
painéis e desapareceram suas ranhuras. 
— Empacote minhas coisas para viajar, companheiro. -não tinha se 
incomodado em nomear a unidade temporária, por temer o possível ciúme 
de sua unidade doméstica se o fizesse, embora esta última não fosse um 
modelo que pudesse pensar por sua conta, como o fazia Martha e não queria 
correr o risco de alterar o perfeito funcionamento de suas servidoras 
domésticas. 
Enquanto esperava que a unidade, reunisse seus pertences e os 
empacotasse devidamente, dirigiu-se ao console audiovisual para chamar 
seu chefe e informar que sua missão tinha fracassado. Todas as boskratas, 
sem exceção, tinham desaparecido do laboratório, quando os estudantes 
ecologistas finalmente tinham entrado, tropeçando com os corpos cansados 
no chão, para resgatar suas amigas escamosas. Em realidade, não havia 
fracassado. O edifício ainda se mantinha sobre seus alicerces, ninguém tinha 
morrido e só o interior do laboratório tinha sofrido danos menores. Ninguém 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
a tinha comunicado que não devia permitir que as boskratas abandonassem 
o edifício. 
Deixou-se cair na poltrona adaptável diante do console, que 
imediatamente se adaptou a sua estatura e contorno. Estava a ponto de 
ativar o canal de larga distância com acesso direto à cidade de Galeão, há 
quinze quilômetros de distância, quando a tela de um metro acendeu e um 
homem, a quem reconheceu vagamente, encheu a tela com vívidas cores. 
Sua mão ficou suspensa no ar e Tedra, na poltrona, ficou um tanto 
sobressaltada pelo fato da tela ter se acendido sem ter recebido a ordem 
"Responda", em voz alta. Ninguém aparecia nos consoles audiovisuais sem 
permissão, já que a visão era bilateral e seria invadir a intimidade se o fazia. 
Contudo, ali estava esse homem, olhando-a, sentado detrás de um 
escritório, que reconheceu, como escritório do diretor de Kystran, mas ele 
não era Garr Ce Bernn. 
Recuperou o ânimo antes que ele falasse ou que ela mesma, se desse 
conta de que, na verdade, ele não podia vê-la. Era só uma entre milhões de 
espectadores em uma transmissão múltipla. Sabia que se podia fazer, a que 
todas as unidades audiovisuais, sem exceção, transmitissem 
simultaneamente a todo o planeta, mas nunca tinha sido feito antes, assim 
não podia se culpar por ter se desconcertado no princípio. Voltou a 
sobressaltar-se no instante em que ele começou a falar. 
— Bem vindos, cidadãos! -a voz era bem modulada, parecia um 
homem feliz e certamente o era, se acreditasse em sua mensagem- É 
provável que alguns de vocês me recordem como candidato ao cargo de 
diretor em 2134 DC., há cinco anos. 
Agora sabia onde o tinha visto antes, com cabelos mais claros do que 
os que ela acabava de trocar e olhos cinza, como aço. A luta pelo cargo de 
diretor tinha tido lugar antes que a enviassem ao Edifício Governamental, 
quando ainda era Seg 2, mas recordava a indignação dos cidadãos pelas 
táticas turvas e ocultas deste homem, ao comprar votos do Conselho dos 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Nove, que eram todos poderosos unicamente durante a época de eleições, a 
cada dez anos, quando seu dever era decidir a questão de meros 
conselheiros durante a década seguinte. 
— Seja que me recordem ou não, não tem maior importância. -
continuou- Tudo o que precisam saber é que sou Crad Ce Moerr, seu novo 
representante. 
— Ao demônio, com o que diz! - exclamou ela, deixando escapar quase 
o resto da mensagem, já que ele não se deteve para lhe permitir esse 
acesso de fúria. 
— Pelo uso da força, no dia de hoje, tomei o controle do Edifício 
Governamental e não tenho intenções de renunciar a ele. A tirada do poder 
se realizou sem dificuldades e um mínimo de baixas. Sentirão prazer ao 
saber que seu anterior representante está livre de perigo, enquanto não se 
tente tirá-lo do Edifício Governamental, onde desfrutará de um cômodo 
confinamento, para garantir seu bom comportamento durante a transição do 
comando, assim como também nos anos futuros. Permitam-me lhes 
assegurar que não sobrevirão mudanças importantes durante minha direção. 
Suas carreiras e vidas, bons cidadãos, continuarão como até agora, inclusive 
para aqueles que pertencem a Segurança. A diferença será seu novo 
representante, para guiá-los em paz e prosperidade, um novo representante 
a quem proteger e reverenciar. Esse sou eu, Crad Ce Moerr. -terminou. 
A tela ficou em branco e os pensamentos de Tedra explodiram de 
indignação e incredulidade. Era uma brincadeirae de muito mau gosto. Essa 
palavra "reverenciar", seguia soando em seus ouvidos, semeando a dúvida 
que começava a torturá-la. Irá exigir reverência? Que espantosamente 
autocrático. Garr Ce Bemn era amado e reverenciado pelo povo. Não tinha 
que exigi-lo. Pelo uso da força? Segurança contra segurança? Não! 
Impossível! Mas, era a verdade. 
Abriu rapidamente o canal de longa distância e entrou na linha direta 
com o Edifício Governamental. Enquanto aguardava que reacendesse a tela, 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
cravava as unhas nos braços da poltrona. O corpo de segurança do Edifício 
Governamental era o melhor, como puderam derrotá-lo? Teriam subornado? 
Teriam prometido alguma recompensa especial? Podia ter trabalhado tanto 
tempo com esses homens e não os conhecer absolutamente? Maldição e 
malditas as estrelas! Por que ela não estava ali? Poderia ter feito algo, 
mudar em algo a situação. A tela permaneceu em branco se negando a dar 
respostas. Tentou se comunicar com outro lugar imediatamente enquanto o 
canal continuava ainda aberto. A tela se acendeu com o rosto de um de seus 
amigos, Rourk C Dell, chefe do Museu de Relíquias. 
— Graças às estrelas do céu! Tedra. Tínhamos tanto medo de que 
houvesse... -não concluiu a frase e passou a mão pelo rosto em um gesto de 
extremo cansaço e alívio. O coração de Tedra acelerou, esperando o pior 
depois dessas palavras- Escute com atenção e não me interrompa! É 
verdade, se viu como o resto de nós, que o Edifício Governamental está 
fechado e se apropriaram dele. Quão último soubemos sobre o diretor Bernn, 
era que ainda estava com vida, mas o resto... nada mais que mentiras. Não 
poderia acreditar em algumas das notícias que ouvimos! Esse maldito traidor 
está expedindo ordens à direita e esquerda, milhares de mudanças e se está 
saindo com a sua. 
— Só me diga como, Rourk. -disse Tedra. 
— Te direi assim que chegar aqui. 
— Rourk! 
— Agora não há tempo, Tedra! -disse, frustrado e ansioso, igual a 
como ela mesma sentia- Devo manter aberta esta linha para o Slaker. Está 
fazendo maravilhas no laboratório de computadores. Quando não pude me 
comunicar contigo, pensei que ainda estivesse na Fanya e corri o risco de 
pedir que a inscrevesse na lista das baixas desde ontem, assim não 
suspeitariam de nada. Elaboramos um novo estado para você, mas surgiram 
alguns problemas com o computador de documentação e registro de 
pessoas, como se eles tivessem considerado a possibilidade de que 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
tentássemos alterar alguns dados e travaram os arquivos, mas Slaker está 
se ocupando disso e já sabe quão bom é. 
— Sim, eu... 
— Retorne assim que puder, Tedra, e se dirija diretamente a minha 
casa. Nem pense sequer, em se aproximar do Edifício Governamental, 
Complexo de Segurança ou até mesmo de sua nova casa. Não fale com 
ninguém mais e tente não se preocupar muito. De alguma forma Slaker e eu 
a tiraremos do planeta. 
— Do planeta? -disse Tedra, faltando-lhe a voz- Devo abandonar o 
planeta? 
— Isso ou algo pior, Tedra. Crad Ce Moerr deve pagar seus 
mercenários de alguma forma. Todas as mulheres Seg, que caírem em suas 
mãos, serão a primeira cota. 
— Mercenários não seguranças? -Tedra tentou articular- Como? 
— Os Sha-ka’ari1 -respondeu. 
Mas os Sha-ka’aris só empunham sabres e espadas, pensou 
incredulamente e finalmente desligou a tela. 
 
1
 Shak’ara – Grupo étnico de Kan-is-Tran (várias cidades). 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Capítulo 02 
Em seu cruzeiro aéreo de quatro lugares, Tedra levou menos de vinte 
minutos para chegar a Gallion. Entretanto, levou várias horas para encontrar 
um lugar em que pudesse estacionar, uma vez que o apartamento de Rourk 
estava situado bem no coração de Gallion e encontrar um lugar adequado 
para estacionar um cruzador aéreo nunca foi fácil, mas hoje era quase 
impossível. Desejou se atrever a voar aos subúrbios para trocar o cruzador 
por sua muito menor aeronave, Fleetwing II, que normalmente usava para 
viajar pela cidade, mas depois das advertências de Rourk, seria louca se 
tentasse. Ainda não sabia o que diabos tinha acontecido no Edifício 
Governamental, e até que soubesse, seguiria suas sugestões, ao pé da letra. 
Finalmente, outro cruzador decolou de um telhado de estacionamento 
a três quarteirões de distância, e antes que várias aeronaves pudessem 
ocupar o espaço, pousou sua nave. Era muito provável que semelhante 
congestionamento na cidade se devesse à transmissão do Crad Ce Moerr. 
Tedra não seria a única ansiosa por descobrir o que estava realmente 
acontecendo. 
Sua cabeça estava cheia de ideias, de perguntas sem resposta e nada 
parecia ter sentido. Conhecia muito pouco aos Sha-Ka’ari, mas tinha que 
haver toneladas de informação, armazenadas no arquivo do computador já 
que Kystran estava traficando com Sha-Ka’ari desde que tinham descoberto 
esse pequeno planeta, oculto no setor norte do sistema Estelar Centuria 
fazia alguns anos. Tudo o que recordava era que era habitado por gigantes, 
que se aferravam a muitas crenças e costumes antigos. Uma prova disso 
era, que ainda existia escravidão entre eles, e que continuavam fazendo 
guerra em seu próprio planeta. Entretanto, cobiçavam as tecnologias 
avançadas de outros mundos para poder melhorar as condições de vida de 
seus habitantes, o que tinham obtido em grande medida. Mas a última 
notícia que tinha ouvido sobre esses gigantes, era que continuavam com 
suas práticas escravagistas e que ainda eram guerreiros que lutavam com 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
espadas como únicas armas, o qual não tinha sentido, a menos que Ce 
Moerr, os tivesse adestrado e provido de armamento moderno para a tomada 
do poder. 
No mesmo momento em que a ideia cruzava por sua cabeça e parecia 
ser a única explicação possível, Tedra viu os demônios em questão pela 
primeira vez. Eram dois e foram pela avenida deslizante, que levava os 
transeuntes a qualquer parte, em uma velocidade três vezes maior que a 
caminhada. Ela, por sua parte, estava cruzando essa avenida uns metros 
mais adiante, por seus próprios meios, já que desejava se manter distante 
das avenidas lotadas de gente, embora fossem só uns metros, pois tinha 
bem presente a advertência de Rourk de não falar com ninguém. 
Simplesmente ver suas cabeças se sobressaindo acima da multidão, 
fez que seu organismo bombeasse adrenalina por todo seu corpo. Eram 
realmente maiores do que tinha imaginado, mesmo que tivessem fama de 
gigantes. Os homens de Kystran podiam chegar a ser altos; ao menos 
alguns, mas não adquiriam força muscular. Em comparação, os dois 
guerreiros Sha-Ka’ari eram autênticos colossos, até o que não parecia medir 
mais de um metro oitenta. Seu companheiro tinha uns dez centímetros a 
mais de estatura, mas ambos eram tão musculosos que dava vontade de 
chorar amargamente. Estrela celestial! Eram todos assim? Mas usavam 
espadas, por amor às estrelas! Uma vez mais não tinha sentido. Ao lutar 
contra um phazor pareceriam desarmados. Suas próprias armas estavam na 
maleta, mas poderia empunhá-las imediatamente, se tivesse que fazê-lo. 
Contra simples espadas nem sequer as necessitaria. Anos atrás tinha 
avançado mais à frente do treinamento regular de segurança, continuando 
se autotreinando em algumas das mais mortíferas técnicas de luta sem 
armas. Rourk, que trabalhava no Museu de Relíquias, proporcionava todas as 
fitas de vídeo gravadas que pudesse necessitar. Até tinha se entusiasmado 
com a história antiga geral, que se converteu em sua segunda paixão, logo 
depois de seu trabalho. 
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Acreditou que não aconteceria nada, mas ao simplesfato de ver estes 
dois guerreiros, o bombeamento de adrenalina a tinha feito compreender 
que não seria assim. De fato, ambos desembarcaram da avenida deslizando 
na sua frente, certamente porque sua elevada estatura tinha chamado 
atenção. Como os corpos eram tão grandes e largos, não haveria espaço 
para rodeá-los e seguir seu caminho, a menos que subisse na avenida, mas 
eles não estavam bloqueando seu caminho em vão, e que a perseguissem 
pelas avenidas deslizando, não era o que ela considerava divertido, nenhuma 
forma de manter um perfil baixo. 
Estavam sorrindo como se ela fosse algo que tivessem perdido e 
reencontrado, enquanto falavam entre si em uma língua infernal, 
provavelmente Sha-ka’ari, que era uma amostra de descortesia, posto que 
não poderia acreditar que viessem lhes invadir, sem antes ter feito um curso 
de hipnose do sono com os tradutores Kystrani para, pelo menos, aprender o 
idioma do planeta alvo do ataque. Mesmo que não tivessem chegado 
preparados para que nos entenderem, poderiam ter aprendido o idioma na 
primeira noite enquanto dormiam. Dormiam iguais a todos, não era assim? 
Os guerreiros usavam uniformes similares aos de Seg, de mangas largas, 
pernas largas e uma só peça de um material azul que não reconheceu. Era 
algo grosso, provavelmente para conter toda essa musculatura que parecia 
estar a ponto de fazer saltar todas as costuras disponíveis. As botas eram de 
material comum, como os cinturões que se diferenciavam unicamente por 
estar desenhados para conter as espadas e nada mais. 
Ao mesmo tempo em que conversavam animadamente a observavam 
com o mesmo cuidado que ela os observava. A língua que falavam já 
começava a incomodá-la. Podia falar as setenta e oito línguas dos Planetas 
Confederados da Liga Centuria do sistema Estelar. Kystran ocupava o décimo 
segundo lugar em importância na liga, por ser o principal exportador de 
artigos de luxo, tais como banhos de raio solar, trocadores de cabelo e 
olhos, poltronas, camas adaptáveis, mantas de ar e todas as pequenas 
coisas que faziam a vida mais confortável e eficiente. Kystran recebia uma 
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grande quantidade de visitantes da Liga Centuria, mas o planeta ShaKa'ar 
não estava confederado, assim não tinha tido nenhum motivo para aprender 
em sonhos a tradução dessa língua, se por acaso estivesse registrada nos 
arquivos do Kystran. 
Quando estava a ponto de dizer que era uma descortesia falar em uma 
língua estranha diante dela, o mais alto começou a lhe dirigir a palavra 
usando um kystrani, idioma falado por Tedra, muito preciso e pausado como 
se desconfiasse do idioma que falava, o que resultava num sotaque 
divertido. Poucas pessoas dos mundos subdesenvolvidos tecnologicamente, 
acreditavam possível, que pudessem aprender uma nova língua em sua 
totalidade, só em umas poucas horas, sobretudo quando não era necessário 
estar acordado e escutando-a. Os que experimentavam pela primeira vez, 
sempre se mostravam céticos e não confiavam, que as novas palavras 
guardadas no subconsciente, saíssem de acordo com seus pensamentos 
conscientes. Demoravam mais tempo para poder pensar, também, na língua 
nova. 
— Pertence a Segurança, não é assim, mulher? -por todas as estrelas! 
Era por sua atitude como se estivesse pronta para derrubá-los ao primeiro 
movimento em falso ou era por sua estatura? É obvio que só estavam 
adivinhando. Para se salvar teria que fazê-los pensar outra coisa dela. 
— Eu, da segurança? Só pode estar brincando, querido! Na verdade, 
pareço da segurança? -esticou os braços ao lado do corpo, o máximo que 
pôde, para que a parte inferior do colete se abrisse e deixasse descoberto 
boa parte do torso nu, e ali pousaram imediatamente os olhares de ambos, 
como tinha esperado, lhes desviando a atenção da segurança- Sou 
programadora na Bolsa de Exportações! -continuou, se por acaso restasse 
alguma dúvida- Fui transferida faz três anos, mas ainda não me acostumei a 
viver na cidade. Por todas as estrelas, e todas as vantagens que tem! Tudo 
isto é péssimo para o corpo, se compreenderem o que quero dizer. Em meus 
dias livres tenho que sair da cidade e fazer exercício ou ficaria louca! 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Dias livres são dias de feriado escolar -disse um guerreiro ao outro. 
Não estavam realmente seguros. Uma língua nova sempre tinha algumas 
palavras ou expressões que careciam de sentido, porque não podia comparar 
com as do seu próprio mundo. Nesses casos, era necessária uma explicação 
verbal, caso fosse usar a língua por um tempo prolongado. 
— Certamente estão de visita em nossa bela cidade, não é assim? -era 
o comentário lógico nessas circunstâncias e, depois de tudo, Ce Moerr não 
tinha mencionado os Sha-ka’aris em sua mensagem, assim que o cidadão 
comum não tinha por que saber que estes guerreiros eram a "força" que, de 
certo modo, faziam possível a usurpação do poder. Não responderam e não 
tinha esperado que o fizessem. Além do fato que, deviam estar sob ordens 
estritas de não alarmar os cidadãos fazendo-os saber quem eram e por que 
estavam ali, quem não fosse segurança insistiria em obter uma resposta? Ela 
tinha negado pertencer a segurança e tinha a esperança de havê-los 
convencido plenamente. 
O mais alto se aproximou mais e a obrigou a jogar a cabeça para trás 
para seguir olhando em seus olhos, uma experiência absolutamente nova e 
bastante assustadora. Nunca tinha tentado medir suas forças e habilidade na 
luta com um ser desse tamanho. Embora, na realidade, o tamanho carecesse 
de importância com a maioria de seus movimentos, mas sempre existia 
alguma remota possibilidade de que seu competidor tivesse sorte e se ela 
não pudesse usar suas mãos e pés livremente, a força física inclinaria a 
balança para o outro lado. Devido a seu intenso treinamento, sabia que não 
devia permitir que se aproximasse tanto para utilizar essa força contra ela, 
mas se retrocedesse nesse momento poderia reavivar as suspeitas desse 
homem. 
— Nos alegra saber que tem tempo livre, mulher. Nós também temos, 
assim que o compartilhará conosco. -não haviam dito "quer?" nem "o que te 
pareceria?", a não ser "fará". Acabava de aprender algo novo sobre os Sha-
ka’aris. Sua arrogância era realmente incrível. Além disso, era óbvio que ela 
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tinha atuado muito bem em seu papel de jovenzinha despreocupada, alegre 
e absolutamente inofensiva. Com muita dificuldade sufocou um grito de 
assombro quando uma mão enorme cobriu virtualmente toda a pele do seu 
peito, que tinha ficado descoberta e nesse instante não coube nenhuma 
dúvida do que eles queriam fazer, enquanto compartilhavam o tempo com 
ela. Então assim, teve uma desculpa para retroceder e fingir indignação. 
— Compartilhar? Os três? Por quem me tomam meninos, por uma 
empregada da Clínica Antitensão? -o guerreiro foi incrivelmente rápido e 
agarrou seu pulso antes que pudesse se afastar muito. Em dois segundos 
poderia liberar o pulso, mas mostraria o que podia fazer e o jogo acabaria. 
— Ouça...! -começou a dizer, mas só escutou 
— Então... Escolhe. -podiam ser razoáveis se um deles obtivesse o que 
propunha. Bem, isso era melhor e preferível à primeira insinuação. Já tinha 
cometido um grave engano se mostrando tão cordial e frívola, mas era muito 
tarde para mudar. Os olhares destes homens diziam bem às claras, que suas 
libidos se exacerbaram ao máximo, e que por mais que ela tentasse mudar 
de atitude, não serviria para nada. Teria que suportar um deles e enquanto 
não tivesse alternativa, não correria riscos. Sorridente, voltou o olhar ao 
guerreiro que só era alguns centímetros mais alto que ela, com a esperança 
de que fosse mais fácil de dominar. 
— É tão bom como parece, riqueza, ou terei que provar seu 
companheiroem outro momento? -seu pulso ficou livre assim que escolheu, 
mas só para que seu "eleito" desse um passo adiante e rodeasse sua cintura 
com o braço. 
— Se for tão boa como parece, neném, nenhum dos dois ficará 
desiludido. -não havia nada como se meter no papel que se estava 
representando, pensou Tedra, se lamentando interiormente, mas em voz 
alta, disse: 
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— Então, o que estamos esperando? Minha casa está só a uma rua 
daqui. -seu companheiro disse algo ao mais alto em sua língua 
incompreensível e ambos se puseram a rir. Tedra teve a sensação de que 
ainda tinham a intenção de compartilhá-la, já que a consideravam um 
achado pessoal de ambos e acordaram para fazê-lo separadamente. O mais 
alto voltou a subir à avenida deslizante, tranquilizando-a, mas seu problema 
atual não afrouxava o braço musculoso de sua cintura e lhe ocorria uma 
nova ideia. 
— Estarei mais cômodo se formos a minha nave. 
Remotamente improvável, esteve a ponto de grunhir, recordando o 
que Rourk havia dito sobre o pagamento que receberiam. Temia que esse 
pagamento não fosse temporário. Depois de tudo, os Sha-ka’aris eram 
escravagistas, mas o olhar que cruzou com ele não tinha nada do ódio 
crescente que sentia. 
— A estação de lançamento está do outro lado da cidade. De verdade, 
deseja esperar tanto tempo? -quase lhe triturara as costelas como resposta. 
— Depois irá visitar minha nave. 
— Estarei muito esgotada, certamente -respondeu com dobro de 
intenção- mas já veremos. 
O guerreiro deve ter considerado que era tudo o que obteria no 
momento pois assentiu, e começaram a caminhar na direção que ela tinha 
indicado. Tedra voltou a respirar mais tranquila enquanto se perguntava 
como sairia sem lutar. Não era para menos já que enfrentava um guerreiro 
de um metro e oitenta, seguro de si mesmo, arrogante e namoradeiro. A 
primeira técnica poderia ser sua melhor aposta, ele nem sequer poderia 
imaginar um ataque de parte dela. Assim foi quando chegaram ao 
apartamento de Rourk. Ela pousou a palma sobre o identificador que obtinha 
seu rastro no arquivo, passou o braço ao redor do pescoço do gigante, 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
colocou os dedos no lugar certo e pressionou enquanto ele estava distraído 
vendo a porta abrindo. 
O único problema foi não ter caído no chão imediatamente, pois voltou 
a cabeça para olhá-la e durante quase quatro segundos, Tedra sentiu que 
seu sangue gelava nas veias. Logo caiu estrepitosamente ao chão. Para 
alguém de seu tamanho, demorou um tempo provavelmente pelos grossos 
músculos do seu pescoço. Estrelas, que susto! Mas não tanto quanto o susto 
que deu ao pobre Rourk, apresentando-se em seu apartamento com um 
guerreiro Sha-ka’aris atrás. 
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Capítulo 03 
— O que quer dizer com: não desejo matá-lo? -exclamou Rourk, 
gritando. 
— Não sei. -respondeu Tedra, suspirando- Me disse seu nome quando 
estávamos chegando aqui. Se não houvesse dito isso... 
— Tedra! 
— Este homem passou suas mãos por quase todo meu corpo e não me 
incomodou muito. Sabe quanto tempo esperei que algo assim me 
acontecesse? -disse Tedra. 
Por ouvi-la, Rourk ficou olhando fixamente. De todo o tempo, tinha 
que ser este, precisamente, o momento para que Tedra de Arr se lembrasse 
de que era mulher. Por quê? Durante anos esteve tentando comprometê-la 
com um homem ou outro e tudo o que ela tinha feito era desafiá-los a um 
duelo, vencê-los e não voltar a mencionar seus nomes. 
Ele conhecia o problema de sua amiga, pois a conhecia há uns cinco 
anos e não podia ignorá-lo. Para falar a verdade, se compadecia disso. Ele 
mesmo não se sentiria cômodo se inscrevendo para a dupla ocupação com 
uma mulher que poderia derrubá-lo em questão de segundos, se alguma vez 
chegasse a irritá-la. Os parceiros do ato sexual brigavam de vez em quando, 
era algo inevitável, mas a qualquer homem desgostaria saber que poderia 
terminar gravemente ferido ou talvez morto, se sua companheira perdesse a 
cabeça. A Tedra tampouco agradava. Ainda estava esperando pelo homem 
que lhe impusesse certo respeito. Fazia muito tempo que esperava. 
— Não esta pensando em se associar ao inimigo, não é mesmo? 
— Não o derrubei? -bufou ela- Não teve possibilidade alguma! -ali 
estavam os quatro segundos que acreditou que a primeira técnica tinha 
falhado e também estavam esses sentimentos sobre onde Kowal a tinha 
beijado, uns metros antes de chegar à casa do Rourk. Maldito guerreiro. Por 
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que tinha que beijá-la?- Não tenho vontade de matá-lo, ok? -resmungou, 
zangada, não estava acostumada a se sentir desta forma. 
— Muito bem, muito bem -aceitou rispidamente Rourk. Por um 
momento olhou fixamente o guerreiro desmaiado, apoiado contra uma 
cadeira- Existem outras possibilidades, é obvio. Agentes que poderiam fazê-
lo esquecer completamente estas últimas vinte e quatro horas, mas não 
tenho acesso... 
— Martha tem! -disse. Rourk olhou-a com o rosto iluminado. 
— Isso! Sempre me esqueço de que é um Mock II. Estrelas celestiais! 
Sabe que só há três Mock II em todo o planeta? Que tenha um e em 
pagamento de uma aposta... 
— Garr jamais deixa de cumprir sua palavra e aceitou a aposta, mas 
não lhe custou muito, só a suspensão de todos os impostos de importação 
dos artigos do Morrilian durante todo um ano. -Rourk sufocou a risada 
enquanto passava a mão por seu cabelo avermelhado. 
— Não muito, né, quando a sede do Morrilian custa uma fortuna? Bem, 
isso soluciona o problema de seu amigo. Pensando bem, provavelmente, 
Martha poderia se meter nos Registros com mais facilidade que Slaker. Tem 
aí um radio frequência? 
— Sim, mas quer dizer que estivemos aqui falando pelos cotovelos 
todo este tempo quando meu futuro ainda está no ar? 
— Slaker terá forçado a entrada esta noite. No mais tardar terá um dia 
ou dois para aprovisionar a nave que usará ... 
— Já conseguiu uma nave? -perguntou Tedra. Ele negou com a cabeça. 
— Temos que te inscrever primeiro em Explorações, antes de solicitar 
uma nave. -ao ver que ela tinha intenções de interrompê-lo novamente, fez 
um gesto com a mão- Não tem importância. Envia Martha ao console do 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
computador de Slaker e deixe que ele cuide dos últimos detalhes. Enquanto 
isso, contarei o que sabemos até agora. 
Assim fez Tedra, mas primeiro, Martha teve que conhecer as razões 
para isso, como era de esperar. As duas discutiram brevemente sobre quem 
mandava e quem devia obedecer, antes que Martha se conectasse com o 
computador de Slaker, lhe causando, provavelmente, um susto enorme já 
que não tinha ideia de quem apareceria. Enquanto isso, Rourk gargalhava 
ouvindo-as discutir. 
Às vezes, o computador pensante, ultramoderno e de última geração 
de Tedra, levava a mais problemas que soluções. Demônios, a maioria das 
vezes, tinha tido que suportar alguns debates para conseguir o que 
precisava, pois deviam programá-la para que fosse compatível com seu 
temperamento. Naturalmente tinha se escandalizado ao descobrir que essa 
coisa discutia suas ordens com muita frequência, incomodando-a e 
provocando-a. O que tinha acontecido com a compatibilidade que lhe tinham 
garantido? Mas depois tinha compreendido que provavelmente essas 
discussões eram o que necessitava, como um desafogo para as tensões de 
seu trabalho, já que não usava a Clínica Antitensão como os outros e tinha 
sido sincera sobre o tema nos exames. 
— Conte como fizeram os Sha-ka’aris para tomar o poder? Como 
conseguiram invadir a guarda de segurança de Garr? Que tipos de armas 
usaram? -questionou Tedra. Rourk ficou sério imediatamente ao recordar o 
acontecido. 
— Essas espadas ... 
—Não me venha com essas! Não poderiam aproximar-se de um Seg 
com apenas umas espadas, e você sabe. 
— Se me deixasse contar o que aconteceu, então saberia que isso foi 
precisamente o que fizeram. Essas espadas e escudos são feitos de um tipo 
de aço desconhecido para nós, embora para falar a verdade, já não usamos 
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muito aço no planeta. Chama-se Toreno e unicamente seus armeiros 
conhecem o segredo para fabricá-lo. Estava ali nos Registros para qualquer 
um que se interessasse em revisá-los e Crad Ce Moerr deve tê-lo feito antes 
de ter que abandonar, em desgraça, o planeta. Nada pode penetrar este aço 
Toreno, Tedra. Todos os disparos que fizeram ricochetearam nos escudos. -
Tedra se encolheu na cadeira, deprimida e pensou: Assim tão fácil? Sem 
armas secretas, nenhuma estratégia brilhante, só escudos para se proteger. 
E então se mexeu no assento, envergonhada. Tinham derrotado sua própria 
unidade de segurança. 
— Assim que as armas resultaram inúteis? Mas os Seg 1 não 
necessitam de armas -recordou Rourk- O dia em que eu não possa dançar 
ao redor de uma espada, em uma luta corpo a corpo, me retirarei, assim 
como... 
— Não te ponha agora na defesa. Olhe com atenção a uma dessas 
espadas. Medem pelo menos um metro e vinte centímetros de comprimento, 
sem mencionar a folha de duplo fio. Esta esquecendo os escudos que são 
mais compridos ainda. Some a isso a força desses gigantes, o maior alcance 
de seus braços além da longitude das espadas, o lugar estreito para lutar e, 
por último, por mais que te agradaria que fosse de outra maneira, ninguém 
em sua unidade é tão bom lutador quanto você. 
Rourk não disse expressamente, mas deixou entrever que ela não teria 
tido possibilidade alguma de mudar os acontecimentos. Pôde se imaginar no 
combate, onde uma maldita parte de metal rechaçava cada golpe ou patada 
que lançasse, onde todas as técnicas que conhecia se voltavam inúteis como 
as armas. Desabou na cadeira. 
— Como brigamos contra algo como isso? Como recuperamos nosso 
planeta, Rourk? 
— Não o fazemos... por agora. Até pode acontecer alguns anos antes 
que Crad Ce Moerr se sinta o bastante seguro para não se rodear de 
guardas. Tampouco permitirá aos Seg que se aproximem do Edifício 
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Governamental. Provavelmente ainda os utilize em outras cidades, mas no 
Edifício Governamental, onde têm Garr Ce Bemn, como refém, estão só os 
Sha-ka’aris. 
— Ele também será um prisioneiro, se espera seguir com vida -grunhiu 
ela. 
— Mais ou menos -concordou Rourk- Não cruzaremos os braços 
fingindo que tudo está bem. Quando se apresentar a primeira oportunidade 
de nos desfazer do maldito lixo, faremos. 
— Mas se não ficarem Segs na cidade... 
— Acredita por acaso que os homens têm que ser Segs para combater, 
Tedra? – ela ruborizou um pouco. Não quis insinuar que ele era um covarde, 
mas demorariam uma eternidade se dependessem dos cidadãos para vencer 
os Sha-ka’aris. 
— Alegra-me saber que ao menos ninguém toma isto com indiferença. 
— Oh, pode estar certa de que há muitos que não dão importância. O 
novo diretor e suas ordens não prejudicarão a todos. Até haverá alguns aos 
quais agradarão as mudanças. Pode ser que os computadores, dado todos os 
fatos com que os alimentou até agora, se equivoquem nos objetivos que 
sugeriram como possíveis, mas parece ser que a C Moerr, havia gostado do 
estilo de vida dos Sha-ka’aris. Uma das possibilidades é que pretenda 
subjugar as nossas mulheres, deslocá-las de seus atuais postos de poder e 
retroagi-las à posição servil da que escaparam faz milhares de anos. 
— Que demônios têm feito, que possa sugerir tal coisa? 
— Em Gallion já despediram todas as mulheres que ocupavam algum 
posto de importância e até algumas em posições secundárias. 
Imediatamente subiram aos homens que as seguiam em fila. 
— Sem motivo? -ofegou ela. 
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— Não se necessita nenhum quando a ordem vem do Edifício 
Governamental, sabe bem. 
— Que mais? -exigiu ela, paralisada pela cólera. 
— Já foram classificadas nos arquivos como inaceitáveis para qualquer 
emprego. 
— Então, o que se supõe que façam para conseguir as fichas de troca? 
Como podem manter-se... ? 
— Precisamente, Tedra, não podem. Terão que violar a lei, em cujo 
caso passará ao poder dos Sha-ka’aris ou terão que depender de um homem 
que as mantenha, o que não é uma situação fácil de aceitar para algumas 
mulheres. 
Não, por certo. Sabia que ela não poderia. Ver-se obrigada a pedir a 
um homem tudo o que necessitava ou queria, quando sabia perfeitamente 
bem que podia obter ela mesma, receber um não por resposta se a ele lhe 
desejava muito ou se vir forçada a suplicar e adular para consegui-lo. Tedra 
estremeceu e rapidamente passou à alternativa que ele tinha mencionado. 
— O que quer dizer com isso de violar a lei e que passem o poder aos 
Sha-ka’aris? 
— Não vai gostar, Tedra, mas isso me disse, Dexal, que esteve 
observando o Edifício Governamental. Esta manhã levou três mulheres ali 
por infrações leves, que não mereciam outro castigo que uma palmada e 
uma advertência, entretanto, pouco depois levaram as três a uma das naves 
dos Sha-ka’aris. Essa nave já abandonou o planeta. Parece que as mulheres 
segurança não são as únicas que prometeram aos Sha-ka’aris como 
pagamento por sua ajuda. Aí estava, o que tinha temido. 
— Tavra e Prish, de minha unidade? 
— Ambas nessa mesma nave. Parece que os Sha-ka’aris querem para 
si todas as mulheres segurança, por isso estava me voltando louco de 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
angústia por ti, antes que chamasse. Acredito que lhes agrada a ideia de 
converter em escravas as que consideram guerreiras. Já saiu a ordem para 
que todas as mulheres de segurança do planeta se apresentem no Edifício 
Governamental imediatamente. Se apresentarão sem suspeitar nada, a 
menos que as façamos saber de algum modo o que está acontecendo, mas 
interromperam toda circulação fora da cidade e não se permitem as 
comunicações interurbanas. Nossa única esperança é poder as acautelar 
quando chegarem. -Tedra fechou os olhos se entregando a terríveis 
pensamentos. 
— Têm a intenção de escravizar todas as mulheres kystranis? 
— Acredito que levarão todas as que possam, de todos os modos, 
podem obtê-las sem necessidade de alertar à população em geral sobre o 
que estão fazendo. As infratoras da lei são presas fáceis. Podem trazê-las 
sem que se formulem perguntas e se alguém, pede informe sobre elas, 
podem responder que foram condenaram. Já trocaram várias leis que 
converterão em infratoras numerosas mulheres, sem que elas saibam 
sequer. Você é uma delas. 
— Seriamente? -perguntou Tedra. 
— Ce Moerr reduziu de vinte e cinco para dezoito anos, a Idade de 
Consentimento das mulheres. Agora é virgem ilegalmente. 
— Não podem fazer isso! -exclamou pálida como a morte- Não sou a 
única mulher que nunca aceitou ter relações com um homem antes! 
Há muitos anos decidiu que não devia se permitir às mulheres negar-
se a manter relações sexuais, pois era prejudicial para a saúde. Tedra era 
um exemplo vivo de que isto não era uma verdade absoluta, mas quem era 
ela para se opor às leis em vigência? Assim que se fixou uma idade limite, 
vinte e cinco anos, considerado como um tempo suficientemente longo, para 
que as mulheres se inscrevessem na dupla ocupação ou se registrassem em 
uma ou mais clínicas antitensão. Se nesta idade ainda não se aventuravam a 
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averiguar os supostos benefícios das relações sexuais, escolhiam um 
parceiro, por computador, para que convivessem perfeitamente e com 
permissão, forçando-as legalmente, se ainda se mostrassemindecisas. 
Uma onda de pânico tinha ido se apoderando dela ao se aproximar da 
Idade de Consentimento, já que nem sequer uma Seg podia burlar a lei. 
Claro que poderia ter escolhido qualquer um antes desse momento, 
preferentemente a Rourk, só para encher os requisitos de uma lei injusta, 
mas não tinha pensado muito nisso. Rourk interrompeu seus pensamentos. 
— Não franza tanto a testa, Tedra. Seu novo histórico a incluirá entre 
as mulheres violadas e como membro de pelo menos quatro clínicas 
antitensão. 
Ruborizou-se violentamente. Não pôde remediá-lo. Não tinha muitos 
amigos íntimos como Rourk, mas esses poucos que tinha, encontravam 
muito divertidos seu modo de reagir, com respeito às relações sexuais, 
sobretudo porque a apavorava sem reserva, e porque seu único problema 
era a eleição do parceiro Felizmente, Martha reapareceu na linha nesse 
momento. 
— Já está tudo sob controle, querida. -Martha estava falando com uma 
voz sensual e ronronou em consideração a Rourk- A partir de agora é 
Tamber De Lhes, piloto de Descobridores Mundiais, dependente de 
Explorações. Suponho que agora você gostaria de ter uma nave de 
Descobridores Mundiais. 
— Não estaria mau -respondeu Tedra, seca- E se não fosse um grande 
problema, poderia se conectar com os computadores de Provisões e 
requisitar provisões suficientes para uma comprida viagem. 
— Não há problema, querida. Algo mais? 
— Sim, quero... -Rourk a interrompeu com uma palmada no ombro. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— É melhor que faça algo com seu amigo. Eu direi a Martha o que mais 
necessita. 
Tedra já estava cruzando a habitação a passo firme, se ajoelhando ao 
lado do guerreiro que começava a dar sinais de vida. Maldição, não tinha 
perdido a consciência por muito tempo. 
— Solicite a Martha que procure esse agente e que o enviem aqui o 
quanto antes -gritou por cima do ombro enquanto rechaçava a mão do 
guerreiro que queria tocá-la assim que a ouviu falar- Calma, querido. -
desenroscou os dedos do guerreiro de seu cabelo e se agachou para lhe falar 
no ouvido- Está ébrio. Bebeste muitas taças do bom vinho Antury, mas o 
estamos ajudando a ficar bem. 
Deve ter pensado o mesmo porque virou a cabeça e a beijou nos 
lábios, enquanto os dedos acariciavam seu pescoço. Torvelinhos de desejo e 
necessidade longamente reprimidos surgiram à superfície, e ela quase 
esqueceu de aplicar pressão no lugar devido, para desacordá-lo novamente. 
Quando aplicou, seus lábios continuaram juntos aos do guerreiro, uns 
segundos mais, antes que cabeça dele caísse para o lado. 
Tedra sentou sobre os calcanhares, soltou um suspiro e ficou olhando-
o fixamente. Tinha o cabelo curto e negro, como a cor original do de Tedra. 
Os olhos eram de uma adorável cor ambarina. Não acreditava ter visto em 
sua vida um homem tão atraente, talvez com a exceção do outro guerreiro 
mais alto. Era uma verdadeira vergonha que tivessem que ser seus inimigos. 
Tinha sido capaz de derrubar este, mas teria sido tão fácil se não o 
tivesse surpreendido? Acariciou seu braço forte, duro como uma rocha até 
em estado de relaxamento total. Se esses braços tivessem lhe rodeado em 
meio a uma luta, poderia estar em uma nave a caminho da escravidão. 
Tinha tentado levá-la à nave e teria tentado outra vez, depois de terminada 
sua relação sexual. Se perguntava quantas mulheres teriam roubado dessa 
forma. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— É uma pena, querido. -acariciou a bochecha- Mas não me interessa 
a escravidão, por mais atraente que seja o amo. Teríamos terminado nos 
matando. 
— O que está dizendo? -perguntou Rourk a suas costas. 
— Nada. 
— Está segura de que não recordará nada depois do que fará o 
agente? 
— Nada, absolutamente, e doerá a cabeça para se convencer de que 
bebeu muito, se não o fizer a perda da memória. 
— Quando me detiveram na rua havia outro guerreiro com ele. É 
provável que recorde de Kowan... 
— Então, por que não lhe faz algum arranhão ou algo ao estilo para 
que tenha algum motivo para desejar poder recordar o acontecido? 
Tedra sorriu e voltou a se reclinar sobre o guerreiro estendido no chão. 
Aproximou os lábios da garganta do homem dormindo, e quando terminou, 
viu um pequeno chupão parecido ao que tantas vezes notou no pescoço de 
Rourk, depois de ter compartilhado uma relação sexual com Xeta. 
— Isso deve fazê-lo renunciar às bebidas alcoólicas por bastante 
tempo -declarou Rourk- Está certa de não querer que a viole antes de se 
perder no espaço? 
Tedra o olhou e ficou sobressaltada ao ver que falava a sério. 
— Rourk! 
— Sinto muito -disse, envergonhado- É que nunca te vi tão terna e 
suave. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Teria influenciado tanto nela o beijo do guerreiro? Estava demais 
irritada. Depois de tudo, esse maldito lixo tinha tentado escravizá-la. Ficou 
em pé abruptamente, resmungando. 
— Escolhi um bom momento para recordar que sou uma mulher. -ele 
sufocou um risinho ao ver que a Seg tinha retornado. 
— Suponho que a ocasião é espantosa. 
— Conseguiu uma nave de Descobridor Mundial? 
— Não, mas consegui um posto prioritário, assim não terá problema 
para partir do porto. 
— Poderei partir do porto? Que outra espaçonave pode pilotar uma só 
pessoa...? 
— Tive que tomar a que estava disponível, Tedra. Os Descobridores 
estão todos fora do planeta ou em reparos. Consegui um Vagamundo de 
Transporte, em troca, pode voar tão distante como um Descobridor, até 
mais longe, já que é mais veloz também. É maior, isso é tudo. 
— Muitíssimo maior, Rourk. Como supõe que eu possa pilotar sozinha 
uma nave semelhante? Não conheço nada sobre os Vagamundos. Meus 
estudos, breves como foram, se dedicaram aos Descobridores. 
— Não se preocupe. -sorriu com malícia- diga, Martha. 
— Ele tem razão, querida -a voz de Martha flutuou através da 
habitação, provando que estava escutando a conversa- Tudo o que tem que 
fazer é ligar-me ao computador a bordo do Vagamundo e assumirei tudo. 
Estou programada para pilotar o que tenham. Por que acredita que sou tão 
cara? 
— Sempre me perguntei isso -replicou Tedra, cortante e só ouviu o que 
pareceu um bufo de parte do computador feminino. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Vamos! Não é para tanto! -interveio Rourk olhando Tedra e rindo 
em silêncio. Tedra lançou um suspiro. 
— Se encarregou das provisões? 
— As provisões estão reguladas para um Vagamundo -disse Martha- 
Somente tive que dar a data de partida e eles se encarregam de provisionar 
a nave por completo. 
— Para uma tripulação completa? Como bem sabe, um Vagamundo 
geralmente leva uma tripulação completa. E o que me diz disso? Os 
encarregados da estação de lançamento me deixarão sair sem cumprir esse 
requisito? 
— Conforme os informes que têm, supõe-se que recolherá a tripulação 
em Tara Tey e uma vez que tenha partido farei que Slaker apague todas as 
entradas -acrescentou Rourk- As provisões adicionais possivelmente possam 
ser uteis. -ante o olhar de surpresa de Tedra, recordou-lhe- Poderia passar 
muitos anos antes que pudesse retornar ao planeta sem correr perigo. Bem, 
poderia se dedicar um pouco em descobrir outros mundos enquanto está no 
espaço. 
Anos, pensou Tedra, abatida. Recordou a nova casa nos subúrbios 
onde se mudou fazia só uma semana, todos os pertences que deveria deixar 
atrás, seus amigos. 
— Pelas estrelas, todas minhas coisas! -ofegou ela- Quem vai recolher 
as placas controladoras de Martha? Ela só está aqui através de um link. Seu 
corpo e alma estão em minha nova casa, 
— Não pensará que me esqueceria desses pequenos detalhes de tanta 
importância, verdade? -perguntou Martha com vaidade presumida- Slaker, o 
amigo do Rourk, está se encarregando de tudo isso neste mesmo momento. 
Estarei a bordo do Vagamundo muitoantes que você. -Tedra chiou os 
dentes. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Lembrou-se de Corth e de Bolt quando enviou a alguém para que te 
recolhesse? 
— Esquecer meus pequenos amigos? Não sou eu quem se esquece de 
que uma identificadora requer pelo menos dois segundos para fazer uma 
identificação. -ardeu as bochechas de Tedra- Nenhum comentário, querida? -
ronronou Martha. 
— Não, nenhum diante de companhia. -respondeu mordendo as 
palavras e lançou um olhar a Rourk, desafiando-o a dizer uma só palavra. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
CAPÍTULO 04 
 
— Onde estamos agora, Martha? 
— Ainda no meio do espaço, querida, igual à última vez que 
perguntou. Se fosse para ficar tão impaciente, deveria ter ficado em nosso 
próprio sistema Estelar. Ainda restam centenas de planetas inexplorados 
com os quais você poderia ter se divertido. 
— E em um alcance de frequência pelo qual poderiam ter me chamado 
de volta. Não se esqueça que sou piloto feminino. 
— Eu sou o pilo... -começou Martha. 
— Não discuta! -interrompeu Tedra perdendo a paciência- Entendeu 
perfeitamente bem o que quero dizer. Está dentro da lei de probabilidades e 
por um tempo, preferiria não correr o risco de aparecer em Kystran na lista 
dos procurados, por não responder a uma ordem de retorno. Enquanto 
sobrar tempo... 
— Iremos saltando de um sistema estelar a outro. -disse Martha. 
— Do que se queixa? Na semana passada acreditava que era uma 
grande ideia! 
— Isso porque ainda estávamos na cauda de asteróides e podíamos 
brincar de esconder ou de desviar deles. Este espaço está tão vazio que um 
cego poderia navegar tranquilamente por ele. -debochou Martha. 
— Não me diga que a aborrece, Martha. -Tedra conteve a risada- Tem 
que vigiar todas as estações de controle da dotação espacial que não temos 
a bordo. Não acredito que tenha tempo para se aborrecer. 
— Isso é um jogo de crianças! 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Não me venha com essa, você adora estar no controle de tudo! Está 
tratando de começar uma discussão e isso não vai acontecer. Ainda estou 
muito encantada por você ter saqueado o Museu de Relíquias antes de nossa 
partida, foi realmente simpático e considerável de sua parte. 
Um profundo silêncio foi a resposta. Tedra riu internamente. Martha 
ficava aborrecida que suas táticas não dessem resultado e Tedra tinha 
descoberto que era muito divertido acabar com os planos dela, mas, além 
disso, tinha dito a verdade. Sua alegria tinha sido imensa ao descobrir 
centenas de vídeos de história, armazenados na memória de Martha, já que 
tinha acreditado que teria que renunciar a seu passatempo favorito, até que 
passasse o perigo em seu planeta e pudesse retornar ao seu lar. Contava 
com vídeos para vários anos se não os passasse em tradução. 
— Você dormiu, Tedra? -voltou a ouvir a voz de Martha, quinze 
minutos depois. 
— Ainda não. 
— Você tem razão, querida. Provavelmente estou aborrecida. Por que 
não discutimos um pouco sua vida amorosa? 
Tedra se levantou abruptamente, a ponto de morder a isca, mas voltou 
a se deitar em seu leito adaptável, que logo se alargou para que Corth 
pudesse se deitar junto a ela e acomodar-se novamente entre seus braços. 
Ao fazê-lo, o surpreendeu sorrindo para ela, demonstrando ter ouvido 
a sugestão impertinente de Martha. Quando o andróide pareceu a ponto de 
falar, Tedra lhe lançou um olhar severo e se dirigiu a Martha. 
— Por que não discutimos sua vida amorosa, companheira? O que me 
diz de suas relações com o computador de vôo da nave? -zombou Tedra. 
Ouviu-se então um bufo categórico. Martha estava ficando uma perita nesse 
som. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Falemos a sério? Não há nenhuma máquina nesta nave que esteja à 
altura de minha excelência, mas você sim, tem uma ali a altura de suas 
expectativas. Trouxe o homem comigo para que você pudesse se servir dele. 
Então, por que não o faz? 
— Estou fazendo -respondeu Tedra, ao tempo que colocava com mais 
força os braços de Corth ao redor de seu corpo. Isso era tudo o que 
necessitava de vez em quando da parte de Corth, que ele a abraçasse. 
Crescer nos Centros Infantis de Kystran deixava um grande vazio na vida de 
algumas pessoas e era provável que fosse a causa de que tantos jovens 
começassem a recorrer às clínicas antitensão, assim que alcançavam a idade 
regulamentar, em busca do amor que tinha faltado na infância. Os Centros 
Infantis eram onde se ia unicamente para aprender. Ali recebia aprovação, 
motivações, auto-estima e muitas boas qualidades, mas não davam amor. 
Algumas vezes essa carência afetava profundamente Tedra e era a 
razão pela qual tinha comprado Corth há um ano. Era um andróide de 
entretenimento, desenhado para entreter uma mulher por qualquer meio 
possível. Podia pensar por sua conta até certo ponto, já que era capaz de 
seguir e participar de uma conversação quando requeresse respostas lógicas 
e o tema estivesse armazenado em seus bancos de dados. Não podia tomar 
decisões como Martha, carecia de sentimentos aos que se pudesse ferir ou 
excitar e, que as estrelas não permitissem jamais, que pudesse discutir com 
alguém. Ao fabricá-lo, tinha sido suprimida a agressividade, mas não a 
espontaneidade. Tedra só teria que acariciá-lo sensualmente para que se 
convertesse no amante ideal, totalmente consagrado a lhe dar amor e 
prazer. Conseguir, em troca, que a abraçasse com ternura sem que 
interviesse o lado sexual, não era tão fácil, tinha que solicitá-lo verbalmente. 
— Martha está certa, Tedra do Arr -disse Corth com doçura às suas 
costas- Não aproveita devidamente todas minhas habilidades. 
— Me aproveito delas tanto e até onde quero, carinho. 
— Seria gentil ao te deflorar. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Tedra se sentou e o olhou com certo receio. 
— Desde quando insiste em um tema que se deixou de lado, Corth? -
não esperou a resposta e seus olhos se cravaram no console de 
comunicações que estava no próprio centro do vasto salão de recepção onde 
passava a maior parte do tempo- Martha! Esteve se intrometendo na 
programação de Corth? 
— Eu? -sua voz de inocência ultrajada soou totalmente falsa- Por que 
eu faria isso? 
— Bem, será melhor retornar o que modificou, dama de metal, ou... -
parou Tedra quando Corth a atraiu a sua posição anterior. 
— Relaxe, Tedra do Arr. Sou incapaz de te machucar. -Tedra escapou 
de seus braços e saltou fora do leito, bastante acovardada pela mudança que 
ele tinha sofrido. Afinal de contas, como máquina, tinha a força de dez 
homens juntos e Martha tinha lhe dado uma grande dose de agressividade. 
— Vou te matar, Martha! -ameaçou Tedra. 
— Vamos querida, só é um pouquinho mais natural agora, isso é tudo -
foi a resposta do computador Mock II- Estava me atacando os nervos sua 
constante submissão a você. 
— Você não tem nervos, pedaço de sucata sem mãe, só tem circuitos. 
E esses podem se desconectar! -bravou. 
— Você não pode me parar, querida. -Martha escolheu um tom mais 
razoável agora que tinha obtido uma reação de Tedra- Recorde que eu dirijo 
a nave, te provenho de oxigênio, comida e muitas outras coisas 
indispensáveis. Se me desconectar, morre comigo. Não sabia que era 
propensa ao suicídio. 
— Se cale de uma vez! -explodiu Tedra- E quanto a você -exclamou 
fulminando o andróide com o olhar- não se aproxime nem um centímetro de 
mim ou terei que arruinar seu funcionamento com um chute. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Vamos, Tedra, não o faça -rogou Martha com sua voz 
tranquilizadora- Se quebrá-lo, quem o arrumará aqui no espaço? Como sabe, 
a unidade do Vagamundo só trabalha com humanos. 
— Então, é melhor que volte a deixá-lo como estava. Nãome deixarei 
violar por uma máquina. 
— Ele não faria semelhante coisa -insistiu Martha- Só atua com um 
pouquinho mais de energia. Tranquilize-a, Corth.- o andróide ficou em pé, 
mas não para tranqüilizá-la. 
— Minha aparência não mudou, Tedra do Arr. Acaso já não a atraio 
tanto desde que conheceu o guerreiro Sha-ka'ari? 
— Então também carregou sua memória com isso, companheira? -
inquiriu Tedra, bem mais irritada. 
— Falamos bastante deles! -respondeu Martha alegremente- Pensei 
que não devia ignorá-lo. 
— Esse é seu problema. Pensa muito. -e agora tinha que devolver a 
Corth a confiança em si mesmo. Isto sim que era grotesco- Eu adoro seu 
aspecto, Corth. É mais atraente que qualquer homem que conheço! -
tranquilizou-o. O que era verdade, a estrutura exterior era o resultado das 
indicações precisas de Tedra, cabelo negro com um comprimento moderado, 
adoráveis olhos verdes, uns quinze centímetros mais alto que ela e de 
aparência juvenil. Se fosse humano, certamente ela suplicaria para se 
inscrever na dupla ocupação, mas jamais perdeu contato com a realidade de 
que não era humano, nem sequer quando se servia dele para cobrir sua 
necessidade de fantasiar que a amava e a mimava- É só que não quero que 
me persiga pela nave, carinho -continuou ela e então escutou o suspiro 
longo e profundo de Martha- E quanto a você, já basta! -ordenou ao Mock II- 
Fez isso de propósito para me incomodar e não acredite que não sei! 
Martha não respondeu, mas Corth estava teimando em demonstrar 
quão efetiva era sua nova programação. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Mas comigo desfrutará mais seu defloramento, Tedra do Arr. -disse 
Corth. 
— Sem te ofender, Corth, mas... -fez uma pausa ao lhe ocorrer um 
pensamento desagradável- Martha, ele pode se ofender agora? 
— Não, o que é uma pequena vantagem. -respondeu Martha. 
— É deste modo, carinho. Preferiria que minha primeira relação sexual 
fosse com um homem de carne e osso. É um ato emocional que quero 
compartilhar com alguém que sinta as mesmas emoções que eu sinto. 
— Martha pode me dar emoções. -disse Corth. 
— Será melhor que não o faça -grunhiu Tedra perdendo a paciência- 
Agora se conecte a Martha e se livre da necessidade de discutir comigo ou 
vou desligar sua bateria. 
O andróide vacilou por uns instantes, mas ainda era impossível 
desobedecer uma ordem direta de sua ama. Quando retornou a seu lado um 
momento depois. 
— Voltou para sua anterior forma de ser? -perguntou Tedra. 
— Sou como deseja que seja, Tedra do Arr. -respondeu Corth. Tedra 
suspirou, aliviada. 
— Estou encantada em saber disso. O que te parece se jogarmos uma 
partida de simulado de Guerra, para me esquecer deste desgosto? 
Assentiu com a cabeça e se dirigiu imediatamente ao console da tela 
de imagens, para ativar os módulos de jogo e fazer sair à tela da ranhura no 
céu raso, onde o guardava quando não usava. Como o simulado de Guerra 
era um jogo que parecia real em tudo, até com pessoas que pareciam 
verdadeiras em um mundo real, só podia jogar em uma tela de imagens. A 
única escolha que podia fazer antes de começar a jogar era o armamento da 
época que se devia usar. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
A tela do Vagamundo tinha uma superfície de seis metros quadrados, 
mas algumas telas podiam medir várias centenas de metros quadrados, 
segundo a localização e a quantidade do público assistente. Como estas telas 
se usavam principalmente para ver contos e histórias dramatizadas, o 
computador de imagens podia criar um retrato visual de qualquer dos 
milhões de histórias e contos antigos armazenados em seus bancos de 
memória, com pessoas de aparência absolutamente real atuando como 
intérpretes. Claro que todos os contos e histórias até aqueles escritos 
milhares de anos atrás estavam modernizados e atualizados, o que era uma 
verdadeira vergonha, posto que se tivessem ficado em sua forma original 
teria sido como ver a história viva. Mas a maioria dos cidadãos de Kystran 
não estava familiarizada com a história antiga e tinham estudado a história 
moderna do planeta só a partir da colonização, se é que o tinham feito. 
Então, quase nenhuma, das histórias mais antigas teria tido algum sentido 
para eles se as vissem em sua forma original. 
Tedra sentou em uma das seis cadeiras para jogar diante da tela. 
Certamente a bordo de um Vagamundo não havia nada mais que fazer para 
se divertir. Outra coisa teria sido se estivesse em um Descobridor, porque 
tinha tido suficiente treinamento em seus três anos de estudo com essas 
naves, para poder pilotá-las posto que eram pequenas, só requeriam um 
piloto para guiá-las e nenhum navegante a bordo. No Vagamundo, tinha que 
se conformar com o papel de embaixatriz e negociadora comercial, se 
chegasse a descobrir algum novo mundo. Claro que tinha a intenção de 
cumprir essas tarefas o melhor possível, já que desejava demonstrar em sua 
volta ao planeta, que, ao menos, não tinha perdido tempo. Mas qualquer 
contrato comercial que pudesse conseguir para Kystran não seria para 
benefício do novo diretor, então não o informaria. Esperaria até que Garr Ce 
Bemn retornasse ao poder. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
CAPÍTULO 05 
 
— Possivelmente teria sido melhor comprar um modelo inteligente e 
programá-lo para entretenimento. -murmurou Tedra para si mesma 
enquanto seguia Corth com o olhar, ele se deslocava pelo amplo ginásio 
onde a equipe o estava alistando para seus exercícios diários- Embora seus 
corpos não estejam desenhados para ser tão... atraentes. 
— Ouvi corretamente? -ronronou a voz de Martha do pequeno 
intercomunicador audiovisual da nave, instalado na parede atrás dela- 
Mudou de ideia em relação a nosso doce Corth? 
— Não. -Tedra suspirou se deixando cair pesadamente sobre o 
colchonete, desejou que Martha reduzisse seu nível de audição- Mas se 
pudesse passar um tempo com o guerreiro Kowan, a resposta poderia ser 
diferente. 
— Bom, bom. -disse Martha com presunção- Então teria deixado que o 
Sha-ka'ari a violasse... Me pergunto por que? Talvez porque ele poderia tê-la 
vencido? 
— Duvido que pudesse, mas pela primeira vez poderia ter estado perto 
de fazê-lo. 
— E pensa que terá que se conformar com essa possibilidade e nada 
mais? Já que esperou todo este tempo, querida, o que são uns quantos anos 
a mais? 
— Caramba, como você muda! -Tedra conteve a risada- Então, me 
diga, quanta compatibilidade teria tido com esse guerreiro? 
— Como parceiro sexual, teria sido ideal para você, se gostar da 
musculatura excessiva, o que sei bem que gosta, entretanto, não a teria 
convencionado para a dupla ocupação. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Nem sequer se não fosse o inimigo? 
— Nem sequer! Esquece que não há mulheres livres em Sha-Ka'ar. Os 
homens Sha-ka’aris não conhecem outras mulheres que não sejam escravas 
e é assim há centenas de anos. 
— Então quer dizer que teria tentado me tratar como escrava? 
— Tentado não, querida. O teria feito sem dúvida nenhuma e não tem 
precisamente um caráter que te permita aceitar um trato semelhante... Não 
por um tempo longo. 
— O que supõe que significa isso? 
— Poderia aceitar a situação por um tempo! Até poderia desfrutar um 
par de vezes como diversão e jogo, sempre e quando o visse desse modo. 
— Maldito sistema multipropósito de circuitos mal conectados, está 
teimando em procurar briga? -Tedra grunhiu baixo ao se levantar do 
colchonete e jogar um olhar furioso pela pequena tela do intercomunicador 
que mostrava a sala de controle e o computador principal onde Martha se 
alojava. 
— Só estava brincando, querida! Me interessa ver que estaria disposta 
a se associar com o inimigo. 
— As mulheres estiveram fazendo isso desde o começo da 
humanidade, por uma razão desesperadaou outra. 
— Devo supor que "desesperada" é a palavra chave? 
— Tedra do Arr jamais tem que se sentir desesperada -disse uma nova 
voz a suas costas- ao sentir as mãos de Corth em seus quadris, Tedra ficou 
rígida, ele rapidamente a atraiu contra seu corpo para lhe recordar quão 
funcional ele podia ser. 
Com o rosto vemelho girou completamente e lhe deu um tranco para 
se liberar. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Martha! -ao olhá-la, viu que a pequena tela do intercomunicador se 
apagou. Ao ser descoberta em falta, Martha tinha preferido sair de cena. 
Esse intrometido pesadelo de metal, como se atrevia a desobedecer 
uma ordem direta? Tedra voltou a olhar para Corth com certo receio, mas 
ele só a estava observando. 
— Acreditava que não podia mentir! -declarou Tedra, acusando-o. 
— Não posso! - respondeu ele, plácido. 
— Sério? Disse que ela o tinha retornado para a normalidade, mas não 
o fez! 
— Eu sou como você quer que seja, Tedra do Arr. -ele voltou a repetir 
o que havia dito há dois dias. 
— E o que Martha o tem feito acreditar que espero de você, Corth? 
— Que seja paciente. Martha acrescentou paciência a minha nova 
programação e agora posso esperar até que esteja disposta a me usar. 
— Mas, enquanto isso, vai seguir me pressionando, não é? 
— Se não recordá-la constantemente que estou ansioso para te 
proporcionar prazer, não considerará a possibilidade de mudar de opinião 
sobre meu uso. 
Tedra pôs os olhos em branco. Por todas as estrelas! Como desejava 
que Martha tivesse pescoço para torcer. 
— Paciência, não é? Eu vou necessitar paciência se devo repetir uma e 
outra vez que me deixe em paz. Se te ordenar que me deixe em paz, me 
obedecerá? 
— Claro. 
— Então, me deixe em paz, carinho. Estou aqui para me exercitar com 
as máquinas, não com você. -ele apenas sorriu. Demorou até ela se dar 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
conta do que havia dito e então sua risada encheu o salão. O súbito e forte 
bater de grandes tambores fez tremer até as paredes, e Tedra estava a 
ponto de saltar da cama quando compreendeu que não era uma invasão e 
sim a música, que tinha programado para despertá-la, no mais alto volume. 
— Mais baixo, por favor! -teve que gritar antes que o ruído baixasse a 
um nível suportável. 
— Como pode aguentar esses ruídos infernais dos antigos? –disse 
Martha ao silêncio da música. 
Demorava certo tempo para se acostumar à música dos antigos com 
acompanhamento de palavras, que a maior parte das vezes não tinham 
sentido, e ritmos enlouquecedores. A música de Kystran não incluía palavras 
e muito menos essas coisas chamadas tambores. A música dos antigos 
provocava dor de cabeça na maioria dos kystranis, entretanto Tedra a 
achava estimulante e geralmente sentia a necessidade de seguir o ritmo com 
pequenos golpes de seus pés no chão ou mover o corpo de algum modo 
quando a escutava. Nesse momento o que faria era ignorar Martha. 
— Ontem não se animou a me responder, covarde. Hoje não estou 
falando com você! -rapidamente afundou a cabeça debaixo do travesseiro. 
— Seg 1 estão acima de todo mau humor, querida. 
Assim que ouviu essa afirmação teve que aceitar que era verdade. 
Jogou o travesseiro no chão e imediatamente, Bolt, seu robô assistente, 
apareceu de um nada para recolher. Ela quase não percebeu sua presença. 
— Sinto falta do meu companheiro de cama, Martha. 
— Então, por que o mandou embora? 
— Porque já não confio que só me abrace desde que você se 
intrometeu em sua programação. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Tedra pediu os serviços de massagista e subindo ao aparelho se 
encerrou na caixa que tinha a forma de seu corpo. Se parecia mais a uma 
unidade médico-técnica, só que não possuía tantas vantagens a não ser 
uma, aliviar a dor dos músculos. Doíam alguns depois dos exaustivos 
exercícios que tinha realizado no dia anterior, quando o silêncio de Martha a 
tinha encolerizado. 
As centenas de paus de macarrão e dedos mecânicos que 
pressionavam pontos chave de seu corpo dos pés a cabeça, quase a fizeram 
dormir outra vez, mas a unidade estava desenhada para se abrir sozinha 
depois de ter afrouxado por completo, primeiro os músculos superiores e 
logo os inferiores. 
Ao abrir o aparelho ela só ouviu música, mas uma olhada ao console 
áudio visual que estava no camarote do comandante confirmou que a luz de 
recepção ainda estava acesa. Soube então que Martha aguardava algumas 
palavras a mais de sua parte. 
Tedra a deixou esperando enquanto tirava o traje de dormir e tomava 
um banho de raio solar. Deixou abertas as paredes sanitárias, se por acaso, 
Martha demonstrasse alguns sinais de impaciência. É obvio que não 
demorou muito em fazer tudo isso e ela também seguia esperando ouvir a 
explicação de Martha. 
— Muito bem -disse finalmente ao se dirigir ao trocador de cabelos e 
olhos que tinha saído automaticamente quando tinha ativado o banho- Por 
que não voltou Corth para a normalidade como ordenei? 
— Porque necessitava a excitação que te produziu a perseguição, 
criatura. 
Tedra soprou. Para ser um computador tão inteligente e pensante, 
Martha, decididamente, podia ser muito teimosa quando lhe ocorria uma 
ideia. 
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— Então teria que ter tramado para subir Kowan a bordo do 
Vagamundo antes da partida -replicou Tedra, sem falar muito a sério, com a 
esperança de enfatizar o fato de que desejava um homem de carne e osso, 
antes de chegar a considerar sequer o uso de um homem artificial. Embora a 
tinha realçado antes, os bancos de dados de Martha se faziam de esquecidos 
- Poderia tê-lo mantido preso e ter gozado dele tudo o que quisesse. 
— Pensei nisso -admitiu Martha. Era muito provável que o tivesse feito, 
o que finalmente fez que Tedra compreendesse que seria melhor se dar por 
vencida. Martha seguiria se metendo na vida sexual de Tedra até que tivesse 
uma verdadeira relação sexual e então, certamente, sairia com uma dúzia de 
boas razões pelas quais Tedra deveria se abster. Teria que escolher entre 
não fazer caso do computador ou ficar louca. Decidiu pela primeira 
possibilidade. 
— Me surpreenda -disse ao trocador de cabelo e sim, ficou 
surpreendida pelos resultados- Que antiquado! -exclamou ao ver a cabeleira 
de cor negra lustrosa, que era a sua própria, caindo pelos ombros. 
— O que me diz de um par de olhos prateados com brilhos de ouro 
combinando com esse cabelo? –ouviu a voz de Martha. Tedra deu uma 
olhada ao console para comprovar se a tela acendeu e Martha podia estar 
vendo-a. Tinha esquecido que Martha também podia ver, um dos requisitos 
indispensáveis para guiar naves espaciais. 
— Não, como comecei com um estilo bem antiquado, bem poderia 
completá-lo com minhas próprias cores para variar- E ordenou ao trocador 
de olhos que apagasse a tintura artificial que tinha brilhante até esse 
momento. O que ficou foi uma maravilhosa e limpa cor verde água. Sorriu ao 
se olhar no espelho- Tinha esquecido o quão chamativas são minhas próprias 
cores quando estão juntas. O que te parece, Martha? 
— Ninguém acreditaria que é uma Seg, querida. 
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— Então agora se dá conta por que devo ficar irreconhecível quando 
estou trabalhando. -replicou Tedra. 
— É uma pena. A teriam deflorado faz anos se... 
— Suficiente. 
— Bom, mas é assim. 
— Teriam tentado, mas não teriam conseguido sem meu 
consentimento. Bem, o que te parece me deixar a sós um momento para 
poder me vestir em paz? 
— Com outro uniforme do Vagamundo de enfadonha cor cinza escuro, 
que é o único que você usou desde que saímos de Kystran? Hoje não, minha 
querida. Ficaria melhor em um desses vestidos longos e elegantes com que 
Fornecimentos encheu seu guardaroupa, algo suntuoso coalhado de 
cintilantes pedras de Canture. As minas de Canture produzem as pedras de 
melhor qualidade do sistema É-tear. 
— O que passa com você esta manhã, Martha? Sabe muito bem que 
jamais uso roupa feminina que possa travar minhas pernas e estorvar meus 
movimentos. 
— Então, o que me diz de um desses trajes muito curtos que deixam 
pele descoberta? Esses sim não são restritivos. 
— Quer me dizer por que deseja me pôr num desses trajes especiais 
para climas tórridos quando a nave tem ar condicionado? Está planejando 
elevar a temperatura... ou programou Corth para que me assalte se mostrar 
um pouco de minha pele? 
— Nenhuma das duas coisas. -ouviu o que pareceu um suspiro- Parece 
que encontrei um planeta para você, isso é tudo. Pensei que gostaria de 
deslumbrar aos possíveis comerciantes. Para isso estão em seu roupeiro 
todos esses trajes chamativos e suntuosos. 
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— Por todos os...por que não disse logo em vez de dar voltas para me 
chatear? Já sei para que Fornecimentos enviou essa roupa tão escandalosa. 
É um procedimento normal de Descobridores Mundiais tratarem de 
impressionar aos nativos com um pouco de brilho. Já estamos o bastante 
perto para a transferência? 
— Faz duas horas que entramos em órbita ao redor deste planeta. 
— E deixou que eu seguisse dormindo! 
— O planeta não vai a nenhuma parte, querida! -a tela se apagou e 
Tedra ficou amaldiçoando sem que ninguém a escutasse. 
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CAPÍTULO 06 
— Não está nada mal, garota -comentou Martha quando Tedra entrou 
na sala de controle, o centro vital do Vagamundo, que com suas numerosas 
redes cintilantes e monitores de todas as classes, controlava constantemente 
as funções da nave- Devo reconhecer que tem muito bom gosto! 
Tedra elevou a xícara de café que levava na mão para agradecer o 
elogio. Tinha escolhido um apertado traje de duas peças de calças e túnica 
de mangas largas, que a cobria inteiramente dos tornozelos ao pescoço, de 
uma malha opalescente muito brilhante, que parecia resplandecer como uma 
jóia sob luzes intensas, mas se tudo isto não bastasse para causar 
admiração, o tinha adornado com um colar de duas voltas de grandes 
kystrales, o diáfano cristal extraído das minas da única lua de Kystran, que 
era mais prezado que às famosas gemas de Canture, pois estes cristais vivos 
mudavam de cor a pedido, para se parecer com qualquer gema imaginável. 
Tedra tinha solicitado um tom vermelho sangue, mais brilhante e intenso 
que o vermelho fogo, que se usava habitualmente como complemento dos 
outros tons do traje opalescente. 
Uma larga tira de várias voltas de pérolas retinha a longa cabeleira 
negra no alto do cocuruto, deixando seu rosto espaçoso ao mesmo tempo 
em que permitia que caísse, como uma grossa cascata ondulante sobre as 
costas. As botas baixas eram prateadas assim como também o cinturão 
utilitário de onde pendurava uma combinação de phazor e unidade de 
comunicação com o computador, que atenderia a todas suas necessidades, 
apesar de ser uma caixinha retangular de aspecto inofensivo. Dentro do 
cinturão levava um pequeno aparelho direcional de sinais, para que Martha 
não perdesse seu rastro no meio de uma multidão. 
Corth tinha permanecido sentado na poltrona do comandante 
acompanhando Martha. Ao ver a entrada de Tedra ficou em pé, mas indicou 
que voltasse a sentar-se com um gesto da mão, posto que estava muito 
nervosa para sentar. Agora que efetivamente tinha que investigar um novo 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
planeta, utilizaria o famoso aparelho Transfer pela primeira vez. Voltaram 
para sua memória os pesadelos que tinha sofrido durante dois anos 
aproximadamente depois de ter conhecido a existência da transferência 
molecular, o meio moderno para se deslocar de uma nave para um planeta, 
e retornar a ela sem necessidade de utilizar uma astronave ou aterrissar. A 
transferência era tão rápida que alguém entrava e se encontrava rodeado de 
paredes metálicas e redes cintilantes a bordo da nave, e num abrir e fechar 
de olhos tinha os pés firmemente plantados em qualquer planeta ao que o 
tivessem mandado. Transfer não demorava sequer um segundo completo na 
operação, simplesmente um estalo, e a pessoa se encontrava em outro 
lugar. 
Este tipo de transferência só era possível nas naves espaciais 
propulsadas a crysillium como o Vagamundo, precisamente. O crysillium era 
a fonte de energia mais potente conhecida pelo homem e o único que 
permitia uma transferência sem perigo. Era essa palavra "perigo" que tinha 
afetado à criatura de sete anos que era ela, quando estava em seu segundo 
ano de estudos de Explorações e a classe recebeu a primeira informação 
sobre a transferência. Desde esse instante sua ativa imaginação concebeu 
toda sorte de acidentes que poderiam acontecer, que ela seria a única com 
quem falharia o aparelho Transfer, que terminaria perdida entre o Transfers, 
fosse isso o que fosse, e que ninguém jamais a encontraria. Ao fazer oito 
anos mudou para Artes Marciais e acreditou que nunca teria que 
experimentar uma transferência, mas ainda seguiu com seus pesadelos por 
um ano mais. 
Neste momento podia ser adulta e reconhecer que aqueles temores 
infantis tinham sido tolos, mas mesmo assim o nervosismo estava presente. 
Tudo andaria bem contanto que Martha não percebesse e a atormentasse 
com seus sarcasmos. E uma vez que realizasse a transferência poderia 
relaxar até que tivesse que passar por ela novamente. 
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— Onde está? -perguntou enquanto se aproximava das quatro telas de 
observação que dividiam a área que rodeava à nave em quadros que eram 
vistos com atenção, mas todas estavam vazias. E então, a tela superior 
esquerda revelou uma imensa esfera azul e verde. 
— Tem vegetação! -exclamou Tedra. 
— Estamos bastante longe de nosso sistema Estelar para entrar em 
negociações por mantimentos, garota -Martha precisou assinalar. 
— Não estava pensando nisso, precisamente. Somente quero vê-lo, 
pois sempre acreditei que era uma injustiça, que os cidadãos de Kystran 
fossem proibidos de visitar seus próprios jardins espaciais. 
— A contaminação, querida. Se quiser contê-la, deve se manter longe 
disso. 
— Sei -suspirou Tedra- Mas observa toda essa folhagem verde. Daqui 
de cima é muito mais bonito e agradável de olhar, que os tons cinza opacos 
de Kystran. Agora, me diga: se houver vegetação devem coexistir outros 
tipos de vida. Alguma delas é humanoide? 
— O explorador de grande alcance indica que não é um planeta 
excessivamente povoado, mas há muitos habitantes reunidos em pequenos 
grupos, provavelmente no que consideram cidades, assim não terá 
problemas para fazer contato com eles. 
— Tenho a sorte de poder me comunicar com eles em alguma língua 
que tenha em sua memória ou terei que me dirigir trabalhosamente 
mediante a comunicação universal? 
— Realizei algumas sondagens acústicas com o explorador de curto 
alcance em ambos os hemisférios, recolhendo as vozes desses seres vivos e 
a língua parece ser a mesma em todo o planeta. Embora possam ter certas 
diferenças no acento. -o explorador de curto alcance podia recolher 
conversações com toda claridade, mas só em um raio de dois metros. Se 
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realizada numa escala maior, o resultado seria uma mescla de sons 
ininteligíveis- É, também, uma língua que você aprendeu ultimamente... 
Sha-ka’aris. 
Tedra ficou rígida e logo deu a volta para fulminar com o olhar o 
computador gigante que ocupava toda uma parede, além de um imenso 
console principal localizada no centro da sala de controle. 
— Perdi algo enquanto dormia? Algo como uma viagemde volta a casa 
não prevista? -disse Tedra. Martha mostrou seu tom ofendido. 
— Sabe perfeitamente bem que Kystran está a três semanas, quatro 
dias, dezoito horas, onze... 
— Sei a que distância está, maldita seja! Só me diga que esse planeta 
que está ali abaixo não é sha-Ka'ar. 
— Não é. 
— Mas está recebendo essa língua. -perguntou Tedra- Não está 
equivocada? 
— Não cometo equívocos. -o tom ofendido foi mais evidente esta vez. 
Tedra soltou um suspiro e voltou a olhar a tela de observação. 
— Martha, eu sinto muito. 
— Aguarde um momento! Vou entrar em curto-circuito. 
— Oh, cale a boca -ordenou Tedra rindo- Iriam acreditar que nunca me 
desculpei com alguém. 
— Eu só acredito porque é a verdade. 
— Por favor, não saiamos do tema. Este planeta que temos em frente, 
acaso pode ser o planeta mãe dos sha- k'aris? 
— Essa é uma boa possibilidade. 
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— Não exatamente boa -grunhiu Tedra. 
— Não, necessariamente -Martha discordou- Deve recordar que os 
Sha-ka’aris apareceram no sistema Estelar de Centura há aproximadamente 
trezentos anos. Eles se esqueceram de onde provinham pois não levaram os 
arquivos, e se lembram muito pouco de como chegaram a seu novo planeta. 
A única coisa que recordam vagamente é que os capturaram para servir de 
escravos nas minas de prata e que terminaram matando seus captores e 
tomando o poder, inclusive o planeta. Nós não podemos saber como evoluiu 
este outro mundo em todo esse tempo. Além disso, os sha- k'aris eram 
conquistadores e os conquistadores tendem a escravizar aos vencidos. Isso 
vai com o território. Não quer dizer que os arrancaram de um planeta cheio 
de escravos. Assim não sabemos com certeza o que temos ali abaixo, exceto 
não seria difícil imaginar que haverá uma classe dominante de guerreiros e 
eu não gosto absolutamente desta expressão que vejo em seu rosto. 
— Está brincando, Martha! -replicou Tedra, excitada. A idéia floresceu 
em sua mente. 
Tinha estado a ponto de estar louca de frustração, pensando em todas 
essas mulheres de Kystran forçadas à escravidão, suas amigas, mulheres 
como ela mesma que lutariam contra isso e seguiriam lutando até que as 
matassem ou sucumbissem à loucura. Tinham que ser resgatadas de algum 
modo, e antes que perdessem totalmente a razão. E aqui, milagrosamente, 
tinha a solução. 
— Crad Ce Moerr utilizou os Sha-ka’aris para se apoderar de Kystran -
continuou ela- seria justiça divina se pudéssemos utilizar seus antepassados 
para recuperá-lo. Afinal de contas, nossas armas são inúteis contra eles e 
não somos espadachins, mas guerreiros como eles... 
— Só disse que podia ser uma boa hipótese. 
— Mas se são... 
— Possivelmente não se deixem comprar. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— E talvez sim. Deixe de discutir comigo. Averiguarei uma ou outra 
forma quando chegar ali. 
— Eu, em seu lugar, não me jogaria no vazio com essa grande 
incógnita. Solicitar ajuda a eles para lutar contra os de sua mesma raça, 
poderia não cair muito bem. 
— Sei como provar as águas, velha amiga. Depois de tudo, tenho outro 
motivo para estar aqui. 
— E se depois de se aventurar, tudo for inútil? 
— Então, talvez, possa comprar o aço Toreno. O manejo da espada se 
aprende com a prática. 
Se Martha tivesse olhos, os teria posto em branco, mas se conformou 
lançando uns brilhos desnecessários em seus ralos de exposição. 
— A gravidade é ligeiramente menor, mas você foi se aclimatando 
lentamente desde que entrou em meus domínios, assim não a pegará 
despreparada quando chegar ali. O ar é mais puro do que está acostumada, 
mas isso não será nenhum problema. 
— Como é o clima? 
— Moderadamente quente, diretamente debaixo de nós que é no 
hemisfério austral. Sugeriria a você uma transferência secreta a uns 
quilômetros de distância de qualquer assentamento humano. Não vejo a 
necessidade de deixá-los boquiabertos. Poderiam cortar sua cabeça a 
machadadas se o fizesse. 
— Muito divertido. 
— É o que pensei -disse Martha. 
— E que horas são? 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Meio dia, mas posso te deixar do outro lado do planeta, num abrir e 
fechar de olhos se prefere chegar à noite, quando correrá menos risco de 
que a vejam fazendo a transferência. 
— Certamente não me veriam, mas tampouco eu veria muito. 
Precisamente aqui me parece bom e se isso for... 
— Não tão depressa, garota. Onde está sua unidade lazor? 
— O combo phazor servirá. 
— Não se tiver que usá-lo repetidamente. 
— Oficialmente estou aqui para tratados de comércio, Martha, não 
para apagar o planeta do espaço. E se começo matando, jamais conseguirei 
sua ajuda. O phazor durará muito mais tempo se só o usar apenas para 
aturdir. O poder se esgota somente quando fixá-lo para aniquilar. Além 
disso, o lazor se assemelha mais a uma arma. Descobridores Mundiais não 
aconselham seu uso e por agora eu sou uma descobridora, não uma Seg 1. 
Se me meter em problemas a farei saber isso para que me transfira de 
retorno a nave. 
— Então, se assegure de manter aberto o link. 
— Não se preocupe, velha amiga. Esse é um procedimento padrão na 
primeira transferência. E seus exploradores deveriam tê-la informado que 
ativei o aparelho direcional de sinais, que não pode se apagar. Não poderia 
me perder embora quisesse. Assim siga em frente e me transfira. Estou 
preparada. 
— Seriamente? E essa careta? 
Tedra suspirou e abriu os olhos que tinha fechado com força. Ao fazê-
lo deu de cara com Corth que estava diante dela. 
— Te desejo uma transferência sem perigo, Tedra do Arr. 
— Gostaria que não tivesse dito isso, Corth. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Mas ele estava em um programa de um só pensamento. -E até que 
retorne... 
Elevou-a em seus braços e a beijou. Tedra teve a ideia absurda de que 
esses não eram lábios mecânicos, não podiam ser. Quando ele a depositou 
novamente no chão, estava sorrindo. Tedra não pôde ser tão cruel para se 
enfurecer com ele. 
— Muito bem, carinho, estabeleceu seu ponto de vista, pensarei nisso 
quando retornar. - virou para Martha- Estou preparada! 
Voltou a fechar os olhos e aguardou, mas não aconteceu nada. Quando 
voltou a abri-los estava em outro mundo. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Capítulo 07 
 
O grosso ramo de árvore já estava ficando desconfortável para se 
estar estendido sobre ele, mas não teria que continuar ali por muito mais 
tempo. Um grande taraan ia se aproximando cada vez mais e nesse 
momento estava apenas a quarenta metros de distância. Taraan era um 
animal de quatro patas, de um marrom ameno, grande o bastante para 
haver carne suficiente para dar por terminada a caçada e retornar a Sha-Ka-
Ra ao amanhecer do dia seguinte. 
Challen Ly-San-Ter tinha cada vez menos tempo para desfrutar da caça 
junto de seus guerreiros. Desde que tinha se convertido no shodann de Sha-
Ka-Ra, seu dever era permanecer na cidade e estar sempre disponível para 
cobrir as necessidades de seu povo, não para se divertir com seus 
guerreiros. As caçadas como esta tinham sido sua única diversão antes de 
assumir o governo. 
O taraan seria sua terceira caça desde o amanhecer, mas os dois 
pequenos kisraks, um animal de porte médio e de pouca carne, agora preso 
em seu hataar, forneceria alimento apenas até ao meio-dia. Challen, de fato, 
sentia fome apenas pensando nos kisraks assados e pôs toda sua vontade 
para que o taraan apertasse o passo, mas fracassou em seu intento. Estava 
a vários metros de distância do acampamento, assim passaria ainda um bom 
momento antes que pudesse saciar seu estômago, embora pudesse derrubar 
o taraan nos próximos minutos. 
Foi talvez por ter seus pensamentos concentrados em se alimentar, 
que deixou de ver a mulher entrar na clareira,de repente estava lá, em pé, 
no caminho entre ele e o taraan. Como foi possível para ele não ter notado 
sua chegada, quando os bracs e comtoc que usava, brilhavam como as 
pedras gaali, ele não poderia dizer. Não encontrava uma resposta, mas ela 
estava ali agora. Não podia duvidar do que via por que estava vendo, mas as 
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mulheres não se vestiam com as roupas de guerreiros, nem se aventuravam 
a sair sem a companhia de um homem, entretanto, esta mulher estava 
sozinha. 
Podia apostar seu instrumento de caça, hataar, que ela não pertencia à 
servidão. Nenhum servo possuiria tais roupas inusitadas ou jóias próprias ao 
redor do pescoço. Estava seguro de que ela não pertencia a nenhuma cidade 
de Kan-é-Tra. O cabelo negro era diferente de Kan-é-Tra e suas roupas 
também pareciam estrangeiras. Possivelmente era de Ba-Tar-ah, no extremo 
norte do planeta. Sabia que esse país era conhecido por ter costumes 
estranhos e talvez, permitisse que suas mulheres usassem as roupa de um 
guerreiro. Mas o que ela fazia ali? 
Ainda estava meditando quando o taraan, também notou a presença 
da mulher, deu um salto e começou a fugir aterrorizado. Ela deu a volta ao 
ouvir o ruído produzido pelo animal e apontou o braço na direção do taraan e 
ele simplesmente caiu ao chão. Um grunhido surdo escapou da garganta de 
Challen. Uma coisa era sua estranha presença no lugar, outra muito maior 
era que roubasse sua caça. Embora, na realidade, não podia sequer imaginar 
como o tinha derrubado. 
Estava a ponto de se fazer notar de uma maneira muito agressiva 
quando ela falou, nada que ele entendesse e certamente, tampouco se 
dirigindo a ele, pois ainda olhava o animal abatido. O fato de que não se 
aproximasse do taraan o tranquilizou e quando se voltou para ele, Challen já 
estava mais calmo. Então, ela não desejava se apoderar de seu taraan, mas 
por que o tinha matado? E como o tinha matado? Essa era a incógnita. 
Ela estava de frente para ele novamente, olhando as árvores que 
cercavam a área, possivelmente a procura de mais animais. O estranho era 
que seguia falando sozinha. Desta vez, Challen viu a pequena caixa branca 
que segurava na mão. Fina e retangular, isso poderia ser o que tinha matado 
o taraan? Não, tal coisa era impossível. As caixas não podiam matar e 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
mesmo se pudessem, as leis proibiam que mulheres caregassem armas. Era 
hora de averiguar quem ela era. 
Tedra estava nervosa depois de ter se assustado com o animal. Seu 
instinto de conservação tinha anulado o sentido comum, paralisando a pobre 
criatura antes de sequer vê-la. Demoraria um tempo antes que acordasse e 
pudesse se converter em comida para outros animais. 
— Não entendo por que se culpa, garota -comentou Martha. Tinha 
visto o incidente através do diminuto visor na parte anterior do phazor e 
tinha ouvido Tedra praguejar pelo que tinha feito- Não tinha outra solução. 
— Eu não deveria ter dado tanta voltagem ao raio paralisador -disse 
Tedra ao visor bilateral de maior tamanho no lado plano da unidade 
enquanto reduzia a voltagem- Eu estou no meio do nada, pelo amor às 
estrelas! Posso ver qualquer coisa que se aproxime, com tempo para 
levantar o raio paralisador, se for necessário. Se essa criatura fosse menor a 
teria aniquilado. 
— Olhe, é a primeira vez que põe o pé em outro mundo. É lógico que 
se sinta nervosa. Isso é natural, mas por desgraça, não é provável que 
tenham clínicas antitensão nesse planeta para remediá-lo. 
— Fala sério, não é? -retirou o dedo do botão do raio paralisador e 
tratou de respirar profundamente, umas quatro vezes, antes de sua próxima 
reação. 
— Farei... Oh, caramba! 
— O que aconteceu? 
— Falando de perder a cabeça -começou Tedra com voz que denotava 
assombro e admiração de uma só vez. 
— Caiu, querida? 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Parece bastante com isso. Dê uma olhada. -apontou a unidade que 
havia caído embaixo de uma árvore a uns dez metros de distância. 
— Esse "oh, caramba!" subestima a realidade, me parece. -a voz da 
caixa refletia uma total admiração- É tão alto como parece daqui? 
— Muito mais. Estrelas do espaço! Deve medir mais de dois metros! O 
que supõe que é, além de ser um gigante? 
— Uma hipótese bastante exata seria um bárbaro, exatamente como 
seriam ainda os Sha-ka’aris, se não tivessem tido contato com os mundos 
avançados de nosso sistema Estelar. 
— Um bárbaro... Malditos infernos! -demarcou Tedra, desiludida. Um 
guerreiro arrogante era uma coisa e outra bem distinta era um guerreiro 
bárbaro- Possivelmente é melhor que retorne ao Vagamundo. 
— Não está desistindo muito rápido? 
— A espada que leva na mão é terrivelmente grande, Martha. 
— Essa caixinha que tem na mão é um phazor terrivelmente potente, 
garota! 
Tedra sorriu então. 
— Tem toda a razão. Com o que tenho que me preocupar? E é um 
espécime magnífico. 
Isso foi um eufemismo. Ele superava em muito o atraente Kowan, em 
altura, musculatura e aparência. Até Corth, cujos traços eram artificialmente 
perfeitos, perdia, se comparado a este bárbaro. Ele era a arrogante 
masculinidade personificada, braços, pernas, peito, tudo muito maior do que 
já tivesse visto alguma vez. Grossas sobrancelhas da cor de ouro escuro, 
muito baixas sobre os olhos, quase em linha reta. O queixo quadrado e 
agressivo com uma muito leve fenda no centro; os lábios finos como talhos, 
sem indícios de humor. Pele de intensa cor de ouro era apenas um pouco 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
mais clara que a do cabelo comprido e ondulado, que caíam até seus ombros 
maciços e nus. A única vestimenta que usava era uma calça negra de fino 
couro, que se aderia a sua pele e moldava suas grossas pernas musculosas. 
As botas altas eram do mesmo couro suave, e do pulso ao cotovelo tinha 
preso por correias um escudo com um desenho esculpido muito intrincado. 
Seus únicos outros acessórios eram um largo cinturão em seus quadris, 
aonde se pendurava a espada, e um grande disco de ouro do tamanho de 
seu punho, se destacando no meio do seu peito largo e fornido. Tedra não se 
deu conta de que tinha estado olhando-o profundamente ou por tanto 
tempo, até que seus olhares se cruzaram. 
— Por que ele está me olhando dessa forma, Martha? -perguntou, 
inquieta. O bárbaro não estava carrancudo, mas sua expressão era de 
grande desagrado. 
— Possivelmente porque não entende nenhuma palavra do que esteve 
dizendo, ou talvez porque nunca viu falarem com uma caixa. Pode apostar 
suas riquezas em que jamais se encontrou com algo como eu, e você mesma 
tampouco encaixa na categoria de normal. É melhor se apresentar, garota, 
antes que ele creia que é uma visão maléfica que deve tentar banir. Afinal, 
não sabemos se suas crenças são muito primitivas. -enquanto Martha falava, 
os olhos escuros do guerreiro se dirigiram à unidade phazor. A espada se 
elevou um pouco mais no ar e Tedra deu um passo atrás. 
— Acredito que acertou em cheio, amiga -disse Tedra, pensativa- Vou 
te desconectar por um momento, para que não se sinta tentada a se 
intrometer. 
— Ouça, espere... 
Tedra cortou a ligação e sorriu. Não podia fazê-lo no Vagamundo já 
que Martha controlava as saídas e entradas de absolutamente todas as 
comunicações. Era um verdadeiro prazer poder fazê-lo nesse momento. 
Martha ainda podia ouvir o que acontecia através do scanner de curto 
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alcance encerrado no aparelho direcional de sinais, só que não poderia 
replicar. 
O bárbaro tinha visto o sorriso de Tedra e embora não fosse para ele, 
baixou a ponta da espada, voltando a cravá-la na terra. Ela relaxou um 
pouco ao perceber esse movimento. Ele não havia dito uma só palavra,ainda assim Tedra se perguntava se a teria visto se materializar do nada. Se 
esse fosse o caso, teria que estar em estado de comoção ou pensar que era 
um tipo de bruxa ou demônio... se é que esta gente ainda acreditava em tais 
coisas ou seus equivalentes. Mais valeria dissipar essa idéia, se lhe tinha 
ocorrido realmente. 
— Minhas saudações, guerreiro -disse em Sha-Ka’ari para que ele a 
entendesse e assim, ao dirigir-se a ele dessa forma, não o ofenderia- Espero 
não tê-lo surpreendido com minha presença. Se o fiz, posso explicar, embora 
seja um pouco complicado e, portanto, melhor deixar para depois. -não 
houve nenhuma resposta que pudesse interpretar de qualquer modo- Meu 
nome é Tedra de Arr. –e então elevou a mão no sinal universal de amizade. 
Foi um gesto desperdiçado porque o bárbaro não o reconheceu. Mas, a 
expressão de seu rosto demonstrou que tinha compreendido as palavras. 
Depois de ouvi-la falar em uma língua tão estranha, mostrou uma ligeira 
surpresa quando ela começou a falar em Sha-ka’ari, mas obviamente ela não 
lhe tinha tranquilizado o suficiente para que deixasse a espada de lado. Ela 
fez outro intento - Venho como amiga... 
— Por que está vestida desse modo, mulher? -ele disse. O som de sua 
voz a sobressaltou bastante. Era uma voz grave, autoritária e arrogante. 
Havia dito seu nome, mas ele ainda a chamava de mulher. Tinha suposto, e 
com razão, que seria fácil tratar com os bárbaros, mas se reprovou 
amargamente de não haver se dado conta de que, um ser tão primitivo 
como este, veria nela um ser extravagante e quimérico com essa roupa. 
— É a roupa que usa meu povo! -explicou. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— É a roupa que usam os guerreiros. -então era isso. Não o 
assombrava a malha, mas sim que ela usasse o que ele considerava roupa 
de uso exclusivo dos homens. Conhecia pelos vídeos do Museu de Relíquias, 
que tinha havido uma época em que os antigos do planeta mãe de Kystran, 
haviam sustentado a mesma crença primitiva que as mulheres não deviam 
usar calças. A ela não interessava travar uma longa discussão sobre o 
progresso e muito menos com ele. Precisava impressionar os shodani, 
mestres em artes marciais e líderes deste planeta, com as maravilhas dos 
mundos avançados, não a um simples guerreiro. 
— Me vi na necessidade de tomar emprestados estes objetos. 
— Tire isso. -mandou ele. 
— Ouça... Aguarda um... -começou Tedra. 
— Tire isso, mulher. -ele disse calmamente. 
Não tinha que dizer com esse tom. Era uma ordem que esperava que 
ela obedecesse imediatamente e Tedra esteve por um triz de fazê-lo 
rapidamente, o que era uma loucura. Não era nenhuma jovem indefesa 
sujeita à vontade de um homem. Lamentava muito se seu traje o tinha 
ofendido, mas não podia remediar. Não tiraria nenhum objeto, nem por ele e 
nem por ninguém. 
— Vai dizer que suas mulheres não usam roupa? -perguntou com 
receio. Se tal era o caso, partiria nesse mesmo instante. 
— Elas usam o chauri. 
— Tudo bem! -replicou Tedra, complacente- Se encontrar um chauri 
para mim, poderia considerar a possibilidade de trocar de roupa. De outro 
modo, conservarei a que... -as palavras morreram em sua garganta quando 
ele levantou a espada do chão e a fez girar no ar para introduzi-la na bainha, 
antes de começar a avançar para ela. Nesse instante, não teve a menor 
dúvida das intenções desse gigante. Nem sequer tinha considerado sua 
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razoável proposta. Tinha ordenado que tirasse a roupa e como não tinha 
obedecido, ia tirar ele mesmo. 
— Guerreiro, eu não posso deixar... Pare, neste momento! Exijo que se 
detenha! -ele não parou e a distância entre eles ia diminuindo rapidamente. 
Tedra não sabia como falar com ele usando as palavras, se é que havia 
palavras para se comunicar com alguém que parecia tão resolvido. Mas não 
permitiria que alguém tão enorme se aproximasse muito para lhe pôr as 
mãos em cima- Maldito tolo! -vaiou ela sem fôlego antes de apontar o 
phazor e apertar o botão. O gigante ficou paralisado instantaneamente, mas 
continuou em pé por conta de seus pés grandes e largos. Estava muito 
furiosa para apreciar essa circunstância, pois esta não era a forma de 
começar uma relação amistosa. O bárbaro não compreenderia o que tinha 
feito quando voltasse em si, mas essa não era a questão. Reabriu a caixa. 
— Ouviu todo isso, Martha? Pode supor tanta arrogância em um 
homem? 
— Teve que o deter com o raio? -questionou Martha. 
— Que mais podia fazer? Estava a ponto de me arrebatar a roupa do 
corpo! 
— Possivelmente deveria ter deixado que o fizesse, garota. Quase, 
garantiria umas negociações muito mais amistosas. 
— Muito graciosa -replicou Tedra, embora a possibilidade não tenha lhe 
repugnado. Não podia negar a forte atração que tinha experimentado por 
esse bárbaro. Sentou estranhamente sacudida pela mesma sensação 
experimentada quando Kowan a beijou. Entretanto, o bárbaro sequer havia 
olhado para ela. Enquanto o observava, voltou a perceber a sensação, e 
como já era perigosa, ficou tentada com a ideia de se aproximar para 
contemplá-lo mais atentamente. 
Toda essa pele nua e esses músculos à vista eram realmente 
irresistíveis. Cedeu ao desejo de tocá-lo, primeiro com dedos vacilantes e 
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logo com mais firmeza. A pele era suave e quente ao tato, mas sem 
flexibilidade, como uma rocha recoberta de veludo. Depois de apalpar o peito 
largo e maciço, seus dedos desceram, quase inconscientemente, até os 
quadris onde descobriu o couro de suas calças. Era tão fino e suave como 
tinha imaginado. Sem saber por que, se encontrou pensando em, como era 
possível uma civilização tão atrasada como esta, poder produzir artigos de 
excelente qualidade industrial como esse couro. 
O aço que enrolado em torno do antebraço esquerdo parecia, 
efetivamente, Toreno, mas não poderia provar se estava certa, sem disparar 
contra ele quando o gigante estivesse acordado, para ver se desviava o raio 
paralisador ou se voltaria a imobilizar o bárbaro. Era indubitável que ele se 
desgostaria enormemente se chegasse a ser submetido a essas provas e, 
por outro lado, Tedra já se sentia muito mal por ter tido que paralisá-lo. 
Tinha violado seu sentido de igualdade e jogou limpo, ao golpeá-lo com algo 
desconhecido e inesperado para ele, especialmente em um enfrentamento 
entre dois combatentes, onde ela poderia tê-lo abatido, de mil formas 
distintas, se o grande tamanho desse homem não a tivesse aterrorizado. Ao 
examinar os braços do gigante seu assombro não conheceu limite, já que 
suas mãos não chegavam a abranger a metade da circunferência de seus 
músculos. Ficou diretamente diante dele se sentindo pequena e vulnerável, 
uma sensação estranha e difícil de se livrar. A cabeça de Tedra chegava à 
altura dos ombros do bárbaro e seu peito era tão largo que não podia 
compará-lo com nada. 
Era realmente uns trinta centímetros mais alto que ela e para poder 
olhá-lo tão de perto, precisava erguer a cabeça torcendo o pescoço com 
grande esforço. Quando retrocedeu uns passos para examinar seu rosto, os 
olhos escuros a inquietaram. Eram provavelmente marrons, mas uma 
sombra muito escura apareceu, dando a sensação de que estava olhando-a 
com vivacidade, o que era absolutamente impossível que refletisse, estando 
ele inconsciente como devia estar. 
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— Me permita analisar o que significa seu silêncio tão prolongado. -o 
tom seco e cortante de Martha se fez ouvir através da unidade. As 
bochechas da Tedra arderam. Maldito computador. Como, demônios, 
conseguia fazer isso, quando a unidade estava apontada apontando outro 
lugar, longe do bárbaro, para que não pudesse ver o que Tedra estava 
fazendo? 
— Sou simplesmentehumana -resmungou Tedra. Era inútil negar que 
tinha abusado do estado inconsciente do bárbaro- Não pode se ofender por 
algo que ignora. Não te parece lógico? -só houve silêncio como resposta e 
Tedra sentiu medo ao observar que seus olhos escuros, devolviam um olhar 
fixo e alerta- Martha? 
— Lamento ter que te estragar a festa, querida, mas tenho sérias 
dúvidas que o raio funcione apropriadamente em um espécime tão grande e 
menos ainda com a voltagem tão baixa quanto a que leio em sua unidade. 
Há algo estranho na atmosfera desse planeta... 
— Como não funcionou? -interrompeu-a Tedra, gritando- Está 
imobilizado! 
— Sim, mas não acredito que esteja inconsciente. Parece-me que pode 
te ouvir, te sentir... 
— Está a caminho de ir diretamente ao parque de sucata, Martha, juro-
lhe isso! Por que diabos, não me disse isso imediatamente? Quer acaso que 
me viole? -gritou Tedra, amedrontada. 
— Seria uma violação? -replicou Martha, plácida. 
Tedra estava tão furiosa que deu um murro no botão de transmissão 
temendo jogar a unidade no chão e inutilizá-la, se ouvisse uma palavra a 
mais de Martha. Pior que sua fúria era sua mortificação, que chegou ao 
limite quando cruzou novamente o olhar com os olhos negros e comprovou 
que ele a estava vendo com absoluta claridade. Consciente. O bárbaro 
estava consciente e sabia exatamente tudo o que lhe tinha feito. Esse 
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pensamento fez com que desse um salto atrás, com tanta rapidez e força 
que tropeçou e caiu, mas cair de costas no chão não a envergonhou tanto 
quanto o que fez a tinha envergonhado. Nada podia ser pior do que o que já 
estava sentindo. 
Ao elevar a vista uma vez mais, viu que os olhos a tinham seguido ao 
chão e só desejou rolar e afundar a cabeça na terra. Ao invés disso, se 
levantou e retornou ao lado do gigante imóvel. Uma vez mais aproveitaria de 
seu estado para se explicar, enquanto estivesse forçado a escutá-la. 
— Olhe, sinto muito. Seriamente o sinto. Não devia ter te examinado 
dessa forma, guerreiro. Não tinha nenhum direito e minha única desculpa 
é... a curiosidade... sim, isso foi o que aconteceu. Deixei-me arrastar pela 
curiosidade. De onde venho, os homens não chegam a ser tão grandes como 
você. São mais ou menos da minha estatura, o que pode não significar muito 
para você, mas era bastante grande para mim, até que topei com os 
guerreiros Sha-ka’ari, porém sequer eles eram tão colossais como você! Não 
despertaria sua curiosidade algo que jamais tinha visto antes? 
Ele estava escutando. Não tinha mais remédio que escutar, e isso 
trazia outro problema. As pessoas que saíam do atordoamento e paralisia, 
geralmente ficavam um pouco desorientadas, mas não restava lembrança 
alguma desse estado, nem sequer do tempo que o tinham sofrido. Poderia se 
perguntar sobre as diferenças que encontravam a seu redor, como sentirem 
falta de pessoas que tinham estado antes ali, mas a menos que vissem o 
phazor de antemão e o reconhecessem pelo que era, consideravam 
inexplicável esse incidente e o esqueciam. 
O bárbaro, entretanto, ao estar consciente, sabia que não podia se 
mover, sabia que lhe tinha feito algo e provavelmente experimentaria uma 
grande confusão e até um pouco de temor. Certamente nunca em sua vida 
tinha estado tão reduzido à impotência, e não gostaria absolutamente, mas 
ele o tinha procurado. Não ia se culpar por isso também. 
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— Se tivesse se detido quando pedi, guerreiro, não teria sido obrigada 
a paralisá-lo, mas logo passará. Quando sair desse estado estará como 
novo. Supunha que devia te deixar inconsciente, mas a voltagem era muito 
baixa e você muito grande... Calculo que provavelmente tentará me tirar 
isso, embora eu não possa permitir. Já elevei a voltagem. A próxima vez te 
deixará inconsciente por completo e estou dizendo isso para que não haja 
uma próxima vez. Desagrada-me paralisar as pessoas tanto como lhes 
desagrada que as paralisem. Agora, se mantiver uma distância prudente até 
que possamos chegar a algum tipo de acordo, não terei que voltar a usar o 
phazor contigo. Estou pedindo muito? Não vim aqui para causar problemas 
ou para machucar alguém. Estou aqui para comercializar com seu povo ou 
talvez algo mais, mas isso quem tem que decidir é seu shodan. Se fosse tão 
amável de aceitar me levar até... -Tedra chiou assustada. Ele se moveu com 
tal rapidez ao se recuperar, muito rápido para os reflexos de Tedra, que só 
pôde se esquivar, mas tampouco teve êxito nisto. Ele obteve o que 
procurava, arrancando a unidade phazor da sua mão, e a jogou em grande 
distancia, enquanto ela tropeçava novamente e caía ao chão. Normalmente 
Tedra não era tão lenta em seus movimentos e era odioso que fosse 
justamente nesse momento. Ficou deitada numa posição bastante 
desajeitada e desta vez olhava um bárbaro acordado, consciente e que podia 
se mover normalmente. 
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Capítulo 8 
Challen estava muito furioso para falar, mas mais que nada, sua fúria 
estava dirigida a ele mesmo. Entretanto, não demonstrava absolutamente 
nada disto. Tinha atuado como um verdadeiro tolo ao se aproximar dessa 
mulher, depois de ter visto o que tinha feito ao taraan com sua caixinha. 
Que fizesse exatamente o mesmo com ele, sem mais nem menos, merecia 
sua estupidez. Ele permitiu que o ligeiro desgosto que tinha causado a roupa 
da jovem o transtornasse por completo, algo que um shodan não devia ter 
feito. 
O exame que ela realizou em seu corpo era outra questão. Tinha lhe 
aborrecido, mas só porque não podia reagir na devida forma, e a maior parte 
de sua cólera se apoiava no simples feito de que, ainda não podia dar à 
mulher o que sua audácia demandava dele. Se não tivesse bebido o suco da 
dhaya essa manhã, como acostumados a fazer os guerreiros quando a 
caçada se prolongava muito tempo, ela já estaria debaixo dele, recebendo a 
adequada instrução de como tratar um guerreiro. Mas ao ser bebido sem 
diluir, o suco da dhaya impedia que sentisse necessidade de uma mulher, de 
fato impossibilitava por completo de tomar uma mulher, razão pela qual se 
usava durante invasões para que as cativas não distraíssem os guerreiros e 
também durante as caçadas. Se bebesse misturado com vinho cumpria outro 
propósito, o de impedir de engravidar a qualquer mulher, porque somente a 
companheira de toda a vida podia levar seus filhos no ventre e lhes dar a 
luz. 
Esta mulher o intrigava com sua estranha forma de falar unindo as 
palavras e sua outra língua que não conseguia entender. Também era muito 
bela e dava gosto olhá-la. Algo que não tinha indicado antes de tê-la perto 
era o quão distraído ficou por sua vestimenta e audácia. Pelas pedras de 
gaali! Nunca tinha visto algo semelhante. As mulheres expressavam suas 
necessidades e desejos com palavras e olhares e punham suas esperanças 
em que um guerreiro se interessasse nelas. Não tocavam um homem sem 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
receber previamente o consentimento para fazê-lo, nem que seu papel era 
dar, não tomar para si. 
Challen finalmente sorriu, se lembrando que a mulher estava ali diante 
dele sem a companhia de um homem, o que a convertia em reclamável, se 
chegasse a desejar oferecer-lhe seu amparo. Se deixasse se guiar por sua 
vestimenta, a mulher devia pertencer à classe alta, mas as leis concerniam a 
todas as mulheres por igual, de servas a aristocratas. Poderia reclamá-la ou 
usá-la, tudo dependeria de sua própria eleição, se ela não fazia uso da lei 
perderia seu direito de se libertar. 
Ele nunca tirou proveito antes desta lei. As mulheres chegavam ante 
ao shodan para solicitar amparo, sejam anciãs, viúvas e órfãs. Jamais se 
tinha visto na necessidade de encontrar alguma parareclamar, quando tinha 
mais que suficientes mulheres em seu lar para levar uma vida tranquila e 
sem sobressaltos. Claro que aquelas que solicitavam seu amparo, não podia 
utilizar, se não se oferecessem elas mesmas para isso, mas uma mulher 
reclamada não tinha voz no assunto. 
Tedra não gostava nada do sorriso que via no rosto do gigante. Era um 
sorriso de satisfação que não pressagiava nada bom para ela. O bárbaro 
acreditava que tinha ganhado a partida? Então teria que desenganá-lo 
rapidamente. 
— Pode ter jogado longe meu phazor -disse ao se recompor- Mas isso 
não significa que sou indefesa, assim não crie ilusões ou ambos 
lamentaremos. -o sorriso dele não se alterou e era fácil ver que o divertiam 
suas palavras. 
— Está sozinha, mulher, sem a companhia de um guerreiro, o que, 
sem dúvida nenhuma, te torna indefesa... e reclamável! Deveria ter 
solicitado meu amparo imediatamente, porque então eu teria sido obrigado a 
lhe proporcionar isso, como não o fez, declaro-te reclamável! -disse Challen. 
Tedra franziu o sobrecenho. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Se isso significar o que acredito, pode esquecer. Não me declararei 
absolutamente nada e não necessito do amparo de ninguém! -disse Tedra. 
Isso apagou o sorriso dos seus lábios, embora não havia outros sinais 
de que as palavras o chateassem. 
— Estou te reclamando, mulher. Vai resistir a minha reclamação? 
— Não vou permitir que me viole, se isso for ao que chama resistência. 
— Não há violação em uma reclamação. Sua falta de amparo te nega o 
direito de resistir! 
— Mas eu não estava desprotegida. Esse phazor que jogou longe de 
mim era todo o amparo que necessitava. Parou você, não é assim? -
provocou Tedra. Não lhe agradou que o recordasse. 
— Sua arma é desconhecida para mim, mas é uma arma e às mulheres 
são proibidas de usá-las. Como a lei proíbe, só o amparo de um homem 
pode impedir uma reclamação. -Challen explicou. 
Ela sentiu que não estava se comunicando com ele como deveria, 
apesar de falar a mesma língua, mas isso não a impediu de tentar outra vez. 
— E se puder te impedir eu mesma? -ele se agachou junto aos pés de 
Tedra para tê-la ao alcance das mãos. Ao recordar a rapidez de movimentos 
que ele tinha mostrado antes, sentiu o desejo urgente de encolher as pernas 
e escapar de seu lado. Entretanto, permaneceu sentada no chão tal como 
estava, com as pernas bem estendidas, como se não tivesse com o que se 
preocupar. Embora, para falar a verdade, estava mais preocupada do que 
queria admitir. Martha, que podia ouvir o que estava acontecendo, poderia 
transferi-la e tirá-la desta situação, mas Tedra estava convencida de que não 
o faria. Martha aprovaria sem reservas que este bárbaro a violasse, 
pensando, provavelmente, que era exatamente o que ela necessitava. 
Precisamente, quando se tratava das necessidades de sua ama, esse maldito 
computador sempre acreditava saber o que mais lhe convinha. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Tem outras armas estranhas que ainda não vi? -perguntou o 
bárbaro. 
— Estranhas segundo seu nível de conhecimentos, mas não segundo 
os meus. -ao falar isso, tinha despertado sua curiosidade. 
— Mostre essas armas, mulher. 
— E arruinar a surpresa? Pareço tão estúpida, guerreiro? -ela 
perguntou. Ele soltou uma gargalhada e lhe agradou sua risada. Também lhe 
agradava inteiro, mas era uma pena que seguisse insistindo em sua 
reclamação. Não podia permitir que um homem a reclamasse neste mundo, 
quando não passaria um tempo muito prolongado nele, e quando devia 
realizar negociações que poderiam ser a salvação de seu planeta. Não podia 
se permitir o luxo de que, seus caprichos, gostos e desgostos, estorvassem 
sua missão. Quando o momento de diversão passou, e o bárbaro voltou a 
olhá-la com um novo brilho demonstrando certa admiração. 
— Qualquer surpresa que tenha oculto à vista aparecerá assim que nos 
ocupemos de suas roupas e acessórios! -ele disse, olhando-a. Tedra nem 
sequer tentou dissimular seu gemido. Foi comprido e forte. 
— Isso outra vez? Acreditei que tinha sido clara a esse respeito! Não 
recebeu um golpe antes por tentar tirar minha roupa? Ficará com ela e não 
há nada mais que dizer. De todos os modos, não te serviria. 
Com um suspiro de irritação fez que soubesse o que pensava dessa 
última piada, mas ela sabia de antemão que não queria usar sua roupa, 
somente queria que ela não a usasse e ele estava nesse momento olhando-a 
pensativamente, o que aumentava o nervosismo de Tedra em tê-lo tão 
perto. 
— Te reclamei, mulher. Como bem sabe, isto significa que deve ceder 
a minha vontade. Entretanto, continua me desafiando e se expondo ao 
castigo. Nunca conheci uma mulher que procurasse com tanto afinco que a 
castigassem. -ou ele estava realmente perplexo por sua atitude ou lhe 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
estava dando a entender sutilmente o que poderia esperar se não se 
dobrasse ante suas demandas. Tedra apostou na última e jamais havia 
gostado das ameaças, sutis ou não. 
— Ainda não encontraste, guerreiro. O que não entendo é o fato de 
que nunca antes ouvi falar de sua maldita reclamação. Então, como diabos 
eu poderia conhecer as regras ou regulamentações correspondentes? É uma 
palavra que os Sha-Ka’ari usam, ao menos um que conheço, mas não no 
sentido em que a está usando, mas muito além disso, simplesmente não 
deixarei que me reclamem. Soa suspeitosamente a escravidão e matarei o 
homem que tente me escravizar... o que me recorda algo que devia ter 
perguntado no começo. É verdade que têm escravos aqui? -Tedra podia ver 
claramente que o guerreiro morria por responder antes alguns dos outros 
temas, mas contudo, se dignou a responder a sua pergunta. 
— Não, em Kan-is-Tra não há necessidade da escravidão. Temos 
serventes em abundância de Darasha, de uma terra conquistada há séculos. 
Há países ao leste que escravizam seus cativos, mas os guerreiros de 
Kan-is-Tran lidam de forma diferente com os prisioneiros. 
— De que outra forma? 
— Como tratam as mulheres reclamadas. 
— Muito bem. -suspirou- Que diferença há entre as duas? 
— A uma mulher reclamada não se pode maltratar, vender ou amarrar, 
como se faz frequentemente com os escravos. Também pode se converter 
na mãe dos filhos de um guerreiro, se ele decidir lhe conceder essa honra. O 
que ela não pode fazer é descumprir a vontade de seu guerreiro. 
— E se descumprir? 
— Eu lhe disse quais são as consequências de uma ação semelhante. 
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— O castigo, quando acaba de dizer que não poderiam maltratá-la! -
exclamou. 
— Existem diversas formas de castigo que não causam muito dano. 
— Alegra-me que tenhamos esclarecido isso. Tinha a sensação de que 
sua famosa reclamação não seria de meu agrado e tinha razão. 
Forçosamente terá que passar por cima do fato de que eu tenha vindo aqui 
desacompanhada por... Aguarda um minuto! -sorriu subitamente- Não me 
considere descortês, mas... -ela mudou para Kystrani- Martha, envie Corth 
aqui, imediatamente. Não tenho por que aceitar as ofensas deste bárbaro! 
Devo realizar uma tarefa e não posso cumpri-la se tiver que lutar contra 
cada guerreiro que desejar me reclamar. Corth preencherá os requisitos de 
amparo que eles consideram apropriados... Martha? Vamos, maldição! Sei 
muito bem que está me ouvindo! -aguardou mais um momento e ergueu a 
mão quando o guerreiro quis falar- Martha, se me contrariar nisto, juro que 
me vingarei! Não estou aqui para que me violem, por muito que você queira 
ver de outro modo. Agora, deixe de tolices e envie Corth! -nada aconteceu e 
o bárbaro se cansou de esperar. 
— Por que fala sozinha e com palavras sem sentido? -ele perguntou, 
confuso. 
— Estou falando com Martha. É possível que tenha ouvido suavoz 
saindo de minha unidade phazor. 
— Mas você apagou a voz, te vi fazendo isso. 
— Mas ela ainda pode me ouvir. 
— Embora não esteja aqui presente? É algum Deus, por acaso? 
— Sim, suponho que poderia dizer que Martha é como um Deus -disse 
Tedra, amargurada e se dirigiu a Martha- Não se engasgue de risada pelo 
que acabo de dizer, maldita traidora! -voltou-se para bárbaro uma vez mais- 
Se ela quisesse poderia me fazer desaparecer ou enviar um homem que 
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passaria por ser o amparo que você diz que necessito. Obviamente, ela 
decidiu não fazer nenhuma das duas coisas a não ser me abandonar a minha 
própria sorte para tratar contigo. -as dúvidas se refletiam claramente no 
rosto do homem, praticamente dizendo que não acreditava em uma só 
palavra de tudo isso. 
— Tinha acreditado que vinha de Ba-Tar-ah, no remoto norte do 
planeta, mas eles falam como nós. De que país você vem, mulher, que as 
outras palavras não têm significado? Deste Sha-Ka’ari de que falar? 
— Sha-Ka’ari é sua língua, meu grande amigo, não a minha. Eu venho 
de Kystran, não de outro país deste planeta, mas sim de outro planeta. 
Estou aqui para negociar com seu povo, para oferecer as maravilhas de meu 
mundo. 
— Outro planeta. -seu sorriso foi mais uma careta zombadora e Tedra 
soube que ainda não acreditava em absolutamente nada- Como é possível 
vir de outro planeta? 
— Em uma espaçonave -resmungou Tedra e logo acrescentou em voz 
mais alta- Que Martha poderia te mostrar caso notasse que estou fazendo 
um avanço aqui. 
— A mulher de Kystran tem muito talento para narrar histórias. -o 
bárbaro riu entre dentes- Não me desgosta, pelo contrário, esperarei 
ansiosamente ouvir mais de seus contos tão divertidos. 
— Maldito seja, na realidade estou aqui para negociar e talvez 
contratar alguns mercenários, se alguns dos guerreiros estivessem 
interessados. Preciso falar com seu shodan. Poderia, ao menos, parar um 
pouco com essa tolice da reclamação até ter tido uma oportunidade de 
provar... -ele a reduziu ao silêncio com um movimento da mão. 
— Não confiaria semelhante tarefa a uma mulher, nem com a 
negociação, nem com a contratação de guerreiros. Acredito que usa essas 
roupas de guerreiro durante muito tempo. Têm-lhe feito acreditar que pode 
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fazer o que te agrade, mas não é assim. -ele não voltou a insistir em que as 
tirasse. Estirou o braço para ela com a intenção de tomar a mão para ajudá-
la a levantar e assim se encarregar ele mesmo de fazê-lo, mas Tedra não 
toleraria isso. Agarrou seu braço com ambas as mãos e deu um puxão, caiu 
para trás para dar maior impulso e levantou as pernas para ajudar a fazer 
voar o bárbaro por cima de sua cabeça. A manobra funcionou apesar do 
peso colossal de homem, mas só porque tinha utilizado o chute adicional de 
suas pernas. Assim que o teve feito desejado ficou em pé imediatamente. O 
bárbaro era quem estava estendido de costas no chão nesse momento. Não 
se moveu durante uns dez segundos, depois se levantou e a olhou por cima 
do ombro. Não parecia enfurecido, nem sequer surpreso. Tedra suspeitou 
que o bárbaro quase nunca demonstrava seus sentimentos. 
— Vou supor, mulher, que não sabia o que fazia. 
— Pode acreditar o que desejar, mas não recomendaria isso. Tenho 
mais truques como esse! 
— Então, me desafie! -antes de ficar em pé soltou uma gargalhada 
curta e depreciativa- Pelas pedras de gaali, resolveste o problema de sua 
própria resistência. 
— Sério? -disse ela sem tom na voz- Espere um momento, eu não 
estou te desafiando, bárbaro. Tudo o que tenho feito é defender meu direito 
de ter a roupa sobre meu corpo! 
— Uma mulher reclamada não tem nenhum direito e certamente me 
desafiou. Eu agora aceito a provocação e indico suas armas. -falava sério. 
Ela compreendeu e com a morte na alma viu que não tinha escapatória. Por 
outro lado, ele via como a solução do problema que tinha confrontado e 
estava absolutamente encantado que ela tivesse resolvido por ele. 
— Suponho que irá me cortar em pedaços com essa espada que tem. -
ela falou. Ele apenas sorriu para ela. 
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— Você não poderia sequer levantar a espada de um guerreiro, 
kerima, se houvesse aqui uma espada para seu uso. Não, eu vou escolher o 
combate sem armas, dos quais você parece ter algum conhecimento. -falado 
isso, foi a vez de Tedra sorrir. 
— Se você insiste... -ela disse. Ele não tinha esperado que sua 
confirmação apareceria com tanta rapidez. 
— Entende bem as consequências deste desafio? 
- Não, mas tenho certeza que você está morrendo de vontade de me 
dizer. -ela provocou. O sangue frio de Tedra lhe arrancou um grunhido. 
— O vencedor pode pedir a morte ou os serviços do vencido, que não 
poderá exigir nada mais. 
— Em outras palavras, o perdedor não pode nem pensar em se livrar 
do serviço, se for o serviço a pena escolhida? 
— Se escolher não há forma de evitá-lo. 
— O que acontece se o perdedor simplesmente se recusar a cumprir a 
pena? 
— A desonra o privará de seus direitos. Muitas vezes lhe corta a mão, 
para que nunca mais desafie alguém quando não tem intenção de respeitar o 
resultado. 
— Quem decide isso é o vencedor? 
— Os desafios se regem pelas leis dos guerreiros, leis que todos os 
guerreiros fazem cumprir. Como já havia dito, não há forma de evitar o 
resultado de uma provocação. -continou ele. 
— Muito bem, posso entender como respaldarão todos os guerreiros se 
acontecer algo a eles. Agora, de que tipo de serviços se trata e quanto dura? 
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— O tipo de serviço também é da escolha do vencedor, mas só pode 
ser um serviço. Se necessitar de um novo estábulo para seus hataaris, o 
vencido receberá a ordem de construí-lo e como é uma tarefa específica, o 
serviço durará até que termine. A maioria dos serviços, entretanto, são 
geralmente trabalhos singelos, em uma granja ou uma mina ou até na casa 
do vencedor, este tipo de serviço normalmente dura um mês. 
— E só pode pedir um único serviço? Não pode lhe destinar aos 
deveres de casa e logo trocar de opinião se necessitar de um moço na 
lavoura? 
— Isso é exatamente assim. 
Depois de ouvir, ela meditou durante um minuto. Parecia muito fácil, 
um pouco de trabalho braçal por apenas um curto de tempo. O que o fazia 
tão encantado com esse desafio? Apertou os olhos ao observá-lo com 
desconfiança. 
— Um dos serviços entre os que se pode escolher não seria, por acaso, 
no quarto? -perguntou ela. 
— Jamais se exigiu semelhante serviço porque somente os homens 
desafiam ao duelo... mas pode ser considerado um serviço. 
Então era isso o que ele escondia na manga. Ele havia previsto 
corretamente, nada além de problemas ao reivindicá-la, mas com essa coisa 
de desafio, ele poderia obter exatamente o que queria dela sem qualquer 
esforço. Enfurecida com o fato de que ele sequer teria mencionado esse 
serviço se ela não o tivesse perguntado, Tedra apertou os lábios. 
— E se eu ganhar, guerreiro? 
— Você terá a mesma escolha, minha morte ou serviço. 
— Excelente, acredito que demorarei ao redor de um mês para levar a 
cabo a tarefa que devo realizar neste planeta. Estou certa de que será um 
guia simpático ou um assistente amável para mim. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Você realmente espera me derrotar, mulher? -o tom divertido da 
voz seria natural, supôs, mas mesmo assim era extremamente irritante. 
— Você não me conhece, criatura. Sou tão orgulhosa de minhas 
habilidades como você das suas e sei ser arrogante como você. 
— A arrogância está proibida em uma mulher. 
— Por que não comprova primeiro se é merecida antes de não admiti-
la? -quase ronronou com a esperança delhe tirar do sério, mas cada vez se 
convencia mais de que era impossível saber o que acontecia a cabeça do 
gigante e isso a incomodava. Ele simplesmente, inclinou a cabeça em sinal 
de assentimento, como reconhecendo a verdade dita por ela. 
— Respeitará o resultado da provocação? 
— Lamento ter que pôr reserva a seu entusiasmo e confiança, 
guerreiro, mas brigar é minha profissão e a honra é imprescindível para um 
lutador no mundo de onde venho. Sua dúvida, me insulta. 
— Jure por... oor sua Martha! -insistiu ele. 
— Por amor às estrelas! -suspirou- Jurar pela Martha não significaria 
nada posto que não é um Deus, meramente uma pilha de sucata que se 
aumentou muito para seus circuitos e a quem dá a casualidade que desprezo 
nestes momentos. Jurarei pelas estrelas do universo que é um juramento 
que me obrigo a cumprir, mas espero ganhar esta luta, criatura, assim não 
diga que não lhe adverti isso. Pode ser grande, mas não é dois. Jura você 
também respeitar o resultado? -perguntou ela. Ele se sufocava de tanta 
raiva e isso a fez rir por dentro ao ver que, depois de tudo, suas ironias 
chegavam ao destino o fazendo reagir com irritação e voltou a insistir- O 
justo é justo, criatura. Você me obrigou, então jure para mim também. 
— Juro por Droda -grunhiu- Mas também juro que lamentará por ter 
me provocado com suas brincadeiras, mulher! 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Veremos! -replicou ela, serena- Está seguro de que deseja levar a 
cabo a provocação? 
— Agora não há nada que poderia me deter, tyra. -ele tinha a 
chamado de bruxa e tinha lhe irritado tudo o que convinha e muito mais. 
Uma das primeiras regras da luta era permanecer imperturbavelmente frio. 
— Então, o que está esperando? Estou preparada! 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Capítulo 9 
Sua estratégia consistia em não permitir que ele pusesse as mãos em 
cima dela. Tedra descobriu rapidamente que o bloqueio de pouco servia 
contra esses braços sólidos, portanto qualquer ataque frontal ficava 
descartado. Conseguia conectar seus golpes dos flancos e desde atrás, mas 
isto implicava num devastador trabalho de pernas para manobrar, bailando 
ao redor de seu competidor. O bárbaro podia ser grande, mas 
desgraçadamente, não era lerdo nem torpe. De fato, seus movimentos eram 
tanto ou mais rápidos que os dela, o que não ajudava para terminar 
rapidamente a briga como tinha previsto. 
Ao descobrir no começo da luta que ele se mostrava pouco disposto a 
machucá-la seriamente, se sentiu melhor. Nos primeiros momentos ele tinha 
tido várias oportunidades para terminar a briga, mas ela teria tido vários 
ossos quebrados como prêmio. Ela não albergava uma disposição 
semelhante, embora não se iludia de poder machucar o bruto seriamente, 
com os golpes limitados pela grande distancia que devia guardar. Essas 
golpes que conseguia conectar deviam derrubar o colosso, mas 
simplesmente não conseguiam. Era possível que ele sentisse dor mais tarde, 
mas pelo que podia ver nesses momentos, não sentia absolutamente nada, 
já que todos esses músculos maciços amorteciam seus golpes. Teria que se 
decidir a utilizar uma golpe com chute e saltou apostando tudo em lhe 
alcançar a garganta, por mais alta que estivesse ou esperar a oportunidade 
para o tomar despreparado pelas costas e aplicar a primeira técnica. 
Depois de conectar dois golpes laterais, sucessivos, que ele se viu 
impossibilitado de bloquear, Tedra conectou um terceiro, que o fez 
cambalear um pouco. Entusiasmada, não perdeu tempo e saltou 
escarranchada sobre as suas costas, para tentar encontrar o ponto que devia 
pressionar no pescoço deste homem. Estando nessa posição poderia ter 
quebrado suas costas ou o pescoço, com apenas o levantar dos pés para 
fazer alavanca ao mesmo tempo em que atirava sua cabeça para trás. Teria 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
ouvido primeiro um estalo antes que o peso adicional fizesse rodar pelo chão 
a ambos, mas não teve suficiente ânimo para matar o bárbaro. Em troca, 
aplicou a primeira técnica e conteve a respiração enquanto contava os 
quatro segundos adicionais que demoraria para dar resultado em alguém de 
semelhante tamanho. Mas passaram quatro, logo seis e Tedra começou a 
suar quando tinham acontecido oito segundos e ele continuava em pé. Os 
músculos de seu pescoço eram extremamente grossos e fortes e quando 
ouviu o ruído surdo da risada contida, compreendeu que ele poderia tê-la 
detido em qualquer momento, mas que lhe tinha permitido aplicar seu 
melhor golpe. 
Pensou nesse instante em abandonar o navio, mas sabia que se 
aproximaria dele se acabasse tudo. No mesmo momento em que se soltava 
das costas, a mão do guerreiro estava ali para lhe impedir de cair ao chão e 
escapar de seu lado. Ao segundo seguinte se sentiu arrastada pela túnica até 
ficar cara a cara com ele. Só por um segundo pôde ver a expressão 
triunfante e maliciosa em seu rosto antes que a jogasse no ar. 
Tedra não gritou e isso disse muito em seu favor. Tampouco pôde cair 
ao chão livremente. O bárbaro só tinha querido sujeitá-la melhor, mas sem 
deixá-la ficar em pé ainda. Quando caía, ele a recebeu lhe aferrando os 
braços por cima do cotovelo com ambas as mãos, para sujeitar-lhe aos 
flancos do corpo o que era benéfico para ele. De tão curta distância e com as 
mãos ocupadas sujeitando-a, Tedra teria lhe rompido o nariz, lhe esmagado 
as cordas vocais ou efetuado qualquer quantidade de golpes que poderiam 
lhe haver mutilado, se tivesse podido usar livremente os braços. Contudo, 
ainda podia usar livremente as pernas, mas uma vez mais ele demonstrou 
quão rápido era para bloquear seus movimentos, e foi mais à frente ainda 
sacudindo-a com todas suas forças até que Tedra decidiu que tinha recebido 
suficiente castigo e deixou as pernas pendurando. 
— Admita que venci, mulher. -ele disse. Não foi uma pergunta e sim 
uma ordem. E realmente parecia que a tinha vencido sem ter devolvido um 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
só golpe. A força colossal tinha suas vantagens. Suas mãos a tinham bem 
presa para escapar se retorcendo e não a interessava que ele voltasse a 
sacudir seus miolos, se tentasse chutá-lo uma vez mais. Mas admitir? Não o 
faria até ter utilizado suas últimas opções e uma delas era levantar ambas as 
pernas de uma vez, plantar os pés no meio do seu peito e empurrar para 
trás. 
Deu resultado, mas só porque ele não esperava. Tedra saiu disparada 
pelo ar, para trás e aterrissou de costas sobre o chão duro, que foi menos 
doloroso se tivesse lhe arrancado os braços ao não soltá-los. Mas seu tranco 
não conseguiu derrubar seu oponente, como tinha esperado que 
acontecesse, mas só ganhou os segundos suficientes para recuperar o 
fôlego. No instante em que se recompunha, o corpo do bárbaro caiu sobre o 
dela, imobilizando-a totalmente no chão. Agarrou suas mãos, prendeu suas 
pernas entre as suas e como se isso fosse pouco, a fez sentir todo o seu 
peso, para não correr mais riscos com ela. Respirar normalmente se 
converteu em uma lembrança. Tedra tinha que lutar bravamente para 
respirar um pouco e ele sabia, mas não reduziu a pressão no mais mínimo. 
— Agora deve admitir que te venci. -repetiu ele. Uma vez mais não foi 
uma pergunta. E desta vez não cabia nenhuma dúvida em nenhum deles. 
Tedra não podia se mover nem um centímetro, exceto para inclinar a cabeça 
e assentir, e no momento em que fez, pôde voltar a respirar livremente. Mas 
tudo o que ele tinha feito foi levantar um pouco seu peito enorme e separá-
lo do de Tedra. Não a soltou, nem mostrou intenções de ficar em pé e 
parecia perfeitamente satisfeito e agradado na posição que estava, enquanto 
a olhava de acima. O olhar de Tedra estava cheio de desgosto contra si 
mesma. Tinha cometido um engano atrásde outro com o bárbaro, mas ter 
aceito a provocação tinha sido o pior. 
— Não acredito que vai me matar, não é? -ela disse. Ele moveu 
lentamente a cabeça- sou muito eficiente na limpeza de pisos -mentiu ela. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Mais uma vez ele balançou a cabeça, mas desta vez com um sorriso- Tudo 
bem, desgraçado! -ela cuspiu- Que classe de serviço exigirá de mim? 
— Isso você já sabe, kerima. -querendo ou não, ela se sentia mesmo 
uma pequena menina, como ele a havia chamado. Era tão demoniacamente 
grande e já tinha provado todo o peso de seu corpo. Jamais sobreviveria a 
um ato sexual com esse gigante, estava plenamente segura disso, 
entretanto, quem o impediria? Ela descobriu da pior maneira que não podia. 
E mesmo se pudesse, a honra exigia que nem sequer tentasse. 
— Aqui não terá mal entendidos, guerreiro. Quero que me explique 
detalhadamente. Além disso, desejo saber quanto tempo irá durar. 
— Muito bem. 
Ele rolou para o lado e Teddra respirou mais tranqüila, pois parecia que 
seu serviço não começaria ainda, e se sentiu agradecida. Estava 
completamente exausta pelo esforço sobre-humano que tinha feito para 
vencer e depois o que foi o golpe de graça para ela, ele tinha vencido. Pela 
primeira vez desde que tinha se tornado uma Seg 1, tinha sido vencida, e 
por um homem que ela achava extremamente desejável. 
Uma onde vulnerabilidade a percorreu, a emoção corou suas 
bochechas e enfraqueceu seus membros. Aqui estava um homem que não 
podia pisotear, alguém que não temeria suas habilidades ou se preocuparia 
que ela se enfurecesse. Era como se ela tivesse a vida toda esperado por 
ele, e então o olhou, com os olhos arregalados, devido a expectativa e um 
pouco de temor. Por fim ela conheceria as relações sexuais, e embora 
pudesse matá-la, desfrutaria da cada segundo enquanto durasse. 
— O que foi? –perguntou ao perceber a expressão de Tedra. 
— Eu... Nada. –ela recolheu as pernas rodeando-as com os braços. Ele 
estava sentado perto dela com as pernas cruzadas. Não podia encará-lo 
novamente, mas ele não toleraria isso. Pegou seu rosto com a mão e virou 
para ele. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Você concordou em honrar o resultado –lembrou quase 
severamente. Perturbada por seu toque empurrou sua mão com gesto 
brusco. 
— Não volte a duvidar de minha honra. Ainda estou esperando ouvir o 
que me corresponde fazer como serviço. 
— Durante um mês me dará o serviço de uma mulher reclamada. -ele 
disse com certo ar de triunfo, mas por outro lado, esse era o motivo pelo 
qual ele tinha estado tão encantado com o desafio, porque ela não poderia 
se opor a que a reclamasse. E sem se importar o quão ansiosa estava por 
compartilhar do sexo com ele, esse fato a feria em carne viva. Ele sabia 
perfeitamente que não iria perder, mesmo que ela não soubesse. Se isso não 
foi uma atitude dissimulada, ela não sabia o que podia ser. 
— Disse que isto significa que devo me dobrar a sua vontade? Em 
tudo? 
— Assim é, exatamente. 
— Parece-me um pouco excessivo, guerreiro. Você também disse que 
este serviço poderia ser uma tarefa específica ou um determinado tipo de 
trabalho, mas apenas um tipo. Se tiver que limpar sua caverna, cozinhar 
suas comidas e esquentar suas peles, receio que terei que protestar. Isso 
seria mais que um só tipo de serviço! -tinha que estar irritado com ela por 
apontar isso, mas maldito fosse, se o demonstrava. Ela queria uma reação 
dele. Em realidade, não lhe importaria muito que a reclamasse segundo seu 
estilo nesse mesmo momento, mas tudo o que fazia era considerar 
cuidadosamente o assunto. 
— Muito bem, escolherei o serviço que você mesma nomeou. Suas 
palavras foram "trabalho no quarto de dormir" portanto, onde eu dormir, 
você não poderá me negar absolutamente nada. Ficou suficientemente 
específico para você? -ele disse. Tedra quase se pôs a rir. Na realidade, 
pensava que a faria se lamentar de ter protestado contra sua primeira 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
escolha e que esta a agradaria ainda menos. Tedra tinha conseguido que 
reagisse depois de tudo, embora não fosse uma reação típica, mas, de 
qualquer forma, não se podia acusá-lo de ser um homem típico. Para não o 
desiludir, Tedra deixou escapar um comprido suspiro, fingindo sofrimento. 
— O que posso dizer, guerreiro? Mas está desperdiçando uma 
excelente varredora de pisos. 
— Teria sido melhor como mulher reclamada. Ao menos é uma posição 
que merece certo respeito. -reclamou ele. A reação da Tedra obviamente 
tinha sido muito fraca para lhe agradar. Queria vê-la zangada, tão zangada 
como aparentemente o tinha zangado ao discutir sua primeira escolha de 
serviço. 
— E a que te esquenta a cama não é tão respeitada? -Tedra riu e logo 
encolheu de ombros, desinteressada- Bom, como é um trabalho forçado, 
terá que defender minha honra, o fará? -ele moveu a cabeça negativamente. 
— Aceitará o que venha, sem recurso. O serviço devido à derrota em 
um desafio, não deve ser agradável para o perdedor. -ela não tinha a 
habilidade do colosso para dissimular sua irritação quando a sentia. 
Fulminou-lhe com o olhar e chiou os dentes 
— Muito bonito de sua parte me dizer isso depois de consumado o fato 
-disse ela,apertando os dentes- Quantas surpresas desagradáveis guardas 
para mim? Cadeias e chicotadas, possivelmente? -e então ele sorriu. 
— Não posso dizer que coisas a surpreenderiam, quando conhecia tão 
pouco dos desafios. 
Tedra esperou que continuasse, mas ao não fazê-lo, exigiu saber. 
— O que me diz das cadeias e as chicotadas? 
— Por que teria que usá-los se a tiver convencido a aceitar minha 
vontade em tudo? 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Somente no quarto -recordou-lhe ela. 
— Onde quer que eu durma -recordou ele- Mas... -ele voltou a sorrir- 
segue sendo uma mulher, não um guerreiro. -ele parecia encantado em 
extremo por esse fato. 
— Devo supor que isto significa algo em particular, em meu caso? 
— Uma mulher, qualquer mulher, de alta linhagem, faxineira... Ou 
perdedora em um desafio... Deve ceder aos guerreiros, em especial ao 
guerreiro que a protege, a quem além disso, deve obediência em todas as 
coisas. Até que seu serviço conclua e volte a ser uma mulher reclamável, 
devo te brindar com meu amparo, portanto me obedecerá em tudo. -a fúria 
deixou Tedra sem palavras por um momento. Depois se levantou de um 
salto. 
— Vai ao maldito inferno! Isso é o que disse das mulheres reclamadas. 
Vai dizer que todas as mulheres de seu planeta são reclamáveis? 
— Desconheço os costumes de todos os países -comentou no momento 
que também ficava em pé- Mas em Kan-is-Tra, pouquíssimas mulheres 
podem ser reclamadas, já que só precisam solicitar o amparo de um 
guerreiro para evitar a reclamação. Isso lhe foi dito e elas o fazem de boa 
vontade porque as mulheres de Kan-is-Tra não têm, nenhum interesse em 
perder seus direitos pela reclamação. 
— Que direitos? -exigiu ela- Parece que não têm nenhum se ainda 
devem obedecer... Pelas estrelas! Como odeio essa palavra... e a todos 
guerreiros que estalam os dedos! 
— Ceder, mulher, não obedecer! -replicou ele com um suspiro- 
Nenhum guerreiro pode exigir algo de uma mulher que está sob o amparo de 
outro guerreiro. Sim pode solicitar tal ou qual coisa dela, mas ela não tem 
por que obedecer, se considerar que a petição é pouco razoável ou 
repugnante para ela. Esse é seu direito. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Mas sim deve obedecer ao guerreiro que a protege? Não vejo 
diferença. 
— Quem a protege não pode ter dela o serviço que você me dará, a 
menos que ela declare seu desejo de oferecer tal serviço. É esta uma 
diferença substancial para você, mulher? -ao ouvi-lo, Tedra avermelhou. 
— Aindaparece uma situação muito servil para meu gosto, mas não 
vim aqui para viver e sim para negociar. Entretanto, não me esqueci que 
você me colocou no grupo das "sem direitos". -encolheu os ombros. 
— Podia ter solicitado meu amparo. 
— Eu não sabia absolutamente nada disso! 
— O desconhecimento da lei não... 
— Não pise sobre a ferida, guerreiro -estalou Tedra- se aproveitou de 
mim mais que qualquer outro homem na minha vida, assim mude o tema, 
certo? Vamos ficar aqui todo o dia ou o que? Por que não continua com o 
que estava fazendo até que eu apareci para te alegrar o dia? Em todo caso, 
o que estava fazendo sozinho neste lugar? -um olhar de mortificação 
apareceu nos olhos do homem, que foi alentador para Tedra, já que 
demonstrava que não sempre podia dissimular suas emoções. 
— Estava caçando o taraan que matou. 
— Isso é um taraan? -perguntou Tedra- Ouça, não o matei. Está 
profundamente aturdido, isso é tudo. Pelas estrelas do universo! Quem dera 
você estivesse assim e permanecido dessa forma. 
— Como é que tem conhecimento da palavra taraan, mas jamais viu 
um antes? -foi a unica reação do guerreiro. 
— Porque é uma de suas palavras que precisavam ser acompanhadas 
de uma imagem, mas os tradutores não proporcionam fotos, somente 
palavras. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Explique melhor, mulher. 
— Assim foi como aprendi sua língua, com uma fita tradutora. Conheço 
todas as palavras, mas não todos os significados. Seus animais, comidas, 
coisas como essas me darão problemas até que possa unir as palavras com 
as imagens. Teria o mesmo problema se lhe dessem minha língua. -sorriu 
então- Essa sim é uma ideia. Você gostaria que nos transferisse a minha 
nave para aprender minha língua? Só perderá umas poucas horas de seu 
tempo e o choque cultural te fará muito bem. -um bufo foi a resposta. 
— Vou me encarregar do taraan. Permanecerá aqui onde está. -
primeiro ele se encarregou da unidade phazor, com grande pesar de Tedra. 
Assim que deu a ordem a ela, o gigante recolheu seu cinturão e voltou a 
colocar a espada que prendia nele. Logo se encaminhou ao lugar onde tinha 
caído a unidade quando a lançou ao ar e a enganchou na parte traseira do 
cinturão. Tedra fez grandes esforços para não rir as gargalhadas quando o 
viu vacilar uns minutos antes de recolhê-la do chão, mas se conteve. Pelo 
menos o bárbaro não era tão parvo para deixar a unidade esquecida e lhe 
permitir que tivesse alguma oportunidade de recuperá-la. Mas a recuperaria 
apesar de tudo. Entretanto, de nada lhe serviria tê-la em seu poder durante 
o mês seguinte, já que tinha dado sua palavra de honra de aceitar as 
consequências por ter sido derrotada no desafio e contudo, esperar essas 
mesmas consequências com grande ilusão, apesar do caráter dominante do 
bárbaro. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Capítulo 10 
Uma besta enorme, espantosa e peluda era o que o bárbaro chamava 
de hataar. Era um quadrúpede de cangote larguíssimo e crinas que caíam de 
ambos os lados até as patas altas e magras, com uma cauda também de 
cerdas que quase se arrastava pelo chão. O lombo, que servia para se sentar 
sobre ele, era tão alto como Tedra. Nesse momento entendeu que ele era 
para montar e andar, mas os Sha-ka’ari deviam ter outro nome para bestas, 
se tinham algumas, porque hataar era uma palavra que estava incluída no 
tradutor. Os antigos kystranis tinham animais semelhantes que usavam 
como transporte, mas não tão grandes nem tão horríveis como este e 
estavam extinto há muitos anos. 
O hataar do bárbaro era de pelagem negra com crinas e cauda 
brancas, que assombrosamente não mostravam sinais de descoloração. 
Estava preso ao final de uma fileira de árvores, ou ao princípio, dependendo 
de onde se aproximassem dele. Tedra tinha desfrutado enormemente, a 
caminhada pelo bosque de adoráveis árvores verdes e de ramos baixos e 
frondosos. Tinha saboreado com deleite, o aroma da terra verdejante e as 
coisas que nela cresciam. 
Em Kystran toda a vegetação tinha morrido durante a época da grande 
seca, o que levou a invenção dos banhos de raios solares. Naquele tempo, 
todos os alimentos tiveram que ser cultivados nas estações espaciais, ou 
importados diretamente de outros mundos. A madeira, há muito havia se 
tornado de inferior qualidade, não podendo ser usada como material de 
construção, por isso a perda de toda a vegetação, ao longo e ao largo do 
planeta, não se constituiu numa catástrofe grave nem em um problema que 
requeresse urgente solução, e quando os cientistas, por fim, tinham 
conseguido solucioná-lo, a terra era um deserto, que só servia para que a 
pavimentassem ou construíssem sobre ela. Um parque em Kystran consistia 
em uma grande extensão de sólido pagamento marrom, erpleto de 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
estruturas de metal gigantestas, com formato de árvores e plantas, que 
nada tinha a ver com o que a rodeava nesse momento. 
O bárbaro tinha levado o pobre taraan, que ainda estava vivo, embora 
seguisse aturdido e paralisado, o que a tinha alegrado, visto que ele evitava 
deixar um rastro sangrento para tras. Tedra se conteve de perguntar que 
importância poderia ter. Ainda ficavam por ver os animais selvagens desse 
planeta, mas isso não queria dizer que não rondassem pelos arredores. O 
hataar usava um artefato semelhante a um cinto, em volta do pescoço e do 
peito que tinha sido anexado as rédeas, a parte superior do cinto poderia ser 
uma espécie de alavanca, a partir da qual se pega para montar, já que o 
animal não tinha sela e só vi uma fina manta de pele cobrindo suas costas. 
Um comprido saco de couro com dois pequenos animais parecidos com 
coelhos, pendurados por cordas amarradas ao cinto de segurança. O bárbaro 
também atou o taraan, já que não era tão longo para se arrastar pelo chão. 
Tedra não estava ansiosa para montar a coisa gigantesca e se dirigir 
aonde quer que fosse, embora o lombo fosse tão largo que haveria lugar 
para duas e até para três pessoas sentadas comodamente. Mas quando seu 
acompanhante tinha terminado de assegurar a carga, não montou para 
empreender a marcha. Em troca, se voltou para ela e depois de estudá-la 
pensativamente por um momento, abriu a mão e tocou a manga da túnica. 
— Estes trajes ainda me ofendem, mulher. -foi tudo o que disse, mas 
ficou ali esperando, como se fosse adivinho e talvez o fosse. Os lábios 
cinzelados não sorriam, mas Tedra sabia que o sorriso devia ter estado ali e 
teve muito trabalho para explicar em detalhe como era a vida em Kan-is-
Tran, portanto já sabia que não poderia se negar a nada deste momento em 
diante. Teria que tirar ela mesma a roupa ofensiva ou certamente ele o faria 
por ela e podia imaginar quão desagradável resultaria. E então lhe ocorreu 
que, caso se despisse por completo, o bárbaro poderia fazer o mesmo, até 
porque, que homem vigoroso e sensual de qualquer cultura desperdiçaria 
semelhante oportunidade? Estavam sozinhos e sobre o hataar havia um tipo 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
de manta que poderia estender debaixo de uma árvore. Não era muito difícil 
pensar que uma prazerosa relação sexual poderia melhorar em algo a 
atitude do bárbaro. Algumas concessões mútuas e em especial da sua parte 
para ela, melhoraria em muito sua própria atitude para ele. 
— Eu apostaria cinquenta fichas de troca, guerreiro, que ninguém 
jamais te acusou de ser flexível. Mas está bem, vale. A perseverança tem 
suas virtudes. É uma sorte para você que eu saiba ceder posições com 
graça. -sorriu precariamente antes de tirar uma bota e logo fez o mesmo 
com a outra. O cinturão utilitário se abriu de um só puxão e, encorajada pela 
forma em que os olhos escuros seguiam cada um de seus movimentos, o 
enroscou ao redor de seu pescoço. Riu entredentes quando os lábios do 
homem se apertaram e ele deixou cair o cinturão e as botas ao chão. O 
apertado pescoço da túnica estava desenhado para se abrir com facilidade e 
em questão de segundos, a parte superior da tunica foi se reunir com o 
restante de suas coisas junto aos pés dele. Mas ao revelar o torso quase nu 
de Tedra coberto apenas pela meia corporal, o bárbaro se perdeu vendo 
como deslizavam ao chão, suas calças. 
Estava totalmente fascinado por essa sua roupa, que de tão justa, 
parecia pintada sobre a pele. Feita de prata cintilante, cobria sua pele da 
parte superior dos seios até os dedos pés e isso o fascinava ainda mais. Um 
puxão na parte superior e se separaram as laterais por todo o corpo até os 
tornozelos, de modo que ela só teve que dar um passo fora dela e a meia 
corporal estava descartada. 
Durante longos e silenciosos minutos, os olhos escuros examinaram o 
que lhe tinha oferecido o desafio. Tedra ficou muito quieta, desaparecido seu 
estado de ânimo brincalhão e zombador. Nenhum homem antes a tinha visto 
assim e não tinha percebido quão desconcertante podia ser. Além disso, era 
impossível ler os pensamentos desse homem para saber se lhe agradava o 
que via. Esses ardentes olhos negros não revelavam nada. 
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— Essas roupas de guerreiro ocultavam mais coisas do que tinha 
pensado, kerima. -disse ele, finalmente. 
O rubor subiu dos seios até as bochechas da Tedra. Sabia que se 
referia a seus grandes seios, embora não estivesse olhando-os ao dizer isso. 
A media corporal ajudava muito a aplanar essa parte de seu corpo, uma 
medida necessária para alguém de sua profissão, que não podia permitir que 
balanços incômodos interferissem em seu trabalho. 
Desejou com toda a alma que ele não os tivesse mencionado, mas 
desejou ainda com mais ardor, que ele desse o passo que os separava e a 
rodeasse com seus braços, para diminuir a confusão que sentia por estar 
completamente nua e ele não. O que estava esperando? 
— Isto sim pode guardar -disse, recolhendo o colar de kystrales que 
tirou com a túnica. Ele se aproximou e colocou o colar cuidadosamente pela 
cabeça dela. Até tratou de soltar o cabelo que tinha ficado aprisionado no 
colar. Nesse instante, ela pensou que a beijaria, mas não o fez. Deu um 
passo atrás para admirar a forma em que as duas voltas de pedras 
acariciavam a parte superior, os seios atraindo o olhar e Tedra cravou o 
olhar cheio de perplexidade. Seu controle não era normal e ia contra todos 
seus conhecimentos sobre os homens e a prática sexual; não tinha tido 
experiências próprias a respeito, mas sabia tudo o que se devia saber. O 
bárbaro tinha exigido um serviço sexual. Isso tinha que significar que a 
desejava, mas a desejaria realmente? Significasse o que significasse, Tedra 
pressentiu que não descobriria até muito mais adiante. Subitamente ficou 
desiludida que o sarcasmo brotou em cada uma de suas palavras. 
— Os kystrales vão perfeitamente com este traje, não é assim? 
— É claro que sim! -ele disse. Tedra fulminou-o com o olhar. 
— Agora não é precisamente o momento para que seja complacente, 
guerreiro. Não me despi para ficar nua! Me dê outra coisa... Estrelas! O que 
é isso? -ofegou Tedra ao ver uma imensa besta branca se aproximando a 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
passo rápido através das árvores- Meu phazor, rápido, homem... Dê-me isso 
antes que sejamos parte do menu dessa besta, agora mesmo! 
Estendeu a mão esperando a unidade, mas seus olhos permaneceram 
fixos no animal que se aproximava mais e mais. Tinha medo que fosse 
carnívoro. Tinha grandes presas e era quase tão grande como o hataar, 
certamente era muito grande para que o bárbaro pudesse dar conta dele. A 
cabeça era redonda com orelhas peludas, o corpo era largo, gordo e coberto 
por uma pelagem curta e lustrosa e a cauda era tão larga como o tronco. Só 
suas garras tinham o dobro do tamanho do punho de Tedra e ela não tinha 
nenhum desejo de tropeçar com as largas unhas que esconderiam. Mas sua 
mão permanecia vazia e, finalmente, decidiu dar uma olhada ao bárbaro. Ele 
tinha dado a volta para observar a besta, mas não tinha reagido de 
nenhuma outra forma. Nem sequer tinha aproximado a mão ao punho de 
sua espada, muito menos de sua da unidade phazor. 
Como estava de costas a ela, a unidade phazor estava justo ante seus 
olhos e Tedra nem sequer pensou em vacilar, mas no instante em que seus 
dedos a tocavam, outros dedos os aprisionaram e desviaram brandamente a 
mão em outra direção. 
— Perdeu o juízo? -chiou ela. O bárbaro simplesmente a olhou com 
expressão impenetrável. Inclinando um pouco a cabeça, Tedra viu por um 
flanco do corpo do bárbaro que a besta seguia avançando a passo comprido 
e que já estava a menos de três metros deles e de repente, a besta rugiu 
com todas suas forças. 
— Oh, estrelas! -gritou e correu em direção da árvore mais próxima. 
Ouviu as gargalhadas ainda antes de ter alcançado um ramo que se estendia 
a uns três metros do chão. Nada disso a impediu de saltar e se pendurar. O 
ramo era bastante forte para suportar seu peso. Tedra se agarrou com 
desespero. Subir em árvores era uma coisa tão estranha para ela como as 
árvores em si mesmas. Só quando estave estendida ao longo do ramo e 
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segura de que não havia perigo de cair ao chão, olhou para ver a que se 
devia a risada. 
Era o bárbaro, é obvio, se acabando de tanto gargalhar. De certo 
modo, começou a compreender o motivo quando viu o imenso felino sentado 
no chão junto a ele, como um maldito mascote domesticado. Logo depois de 
pensar um momento, Tedra chegou à conclusão de que talvez o fosse. Podia 
ouvir seu forte ronrono por cima do ruído que ainda fazia o bárbaro com 
suas gargalhadas, que pouco a pouco se foram apagando. O animal estava 
observando-a com seus enormes olhos azuis, como se ela fosse uma simples 
curiosidade. Ela mesma se sentia estúpida, ridícula e ardia de vergonha. 
— Essa árvore que parece querer tanto, kerima, não teria servido de 
nada! -comentou ele, rindo, ao aproximar-se. 
— Como? -perguntou Tedra. 
— O fembair brinca nas árvores. Se a quisesse em seu menu, teria se 
reunido contigo no ramo! 
Ah sim, era um fembair. Ela tinha aprendido a palavra em um tradutor 
que dava a entender que era uma espécie de animal selvagem a que se 
deveria evitar. Entretanto, este já não parecia tão selvagem, só pavoroso 
como o diabo. Continuava ao lado do bárbaro e agora que estava sobre suas 
quatro patas, o lombo chegava à altura do peito de seu amo. Ambos 
estavam nesse momento olhando-a do pé da árvore que se subiu. 
— Desça e seguiremos o caminho. -pediu ele. Tedra ficou chateada. 
Isso era tudo? Nem sequer uma desculpa pela brincadeira que lhe tinha 
feito? 
— Atualmente a vista é fabulosa daqui de cima! -replicou com 
irritação. Ele não fez caso das palavras, nem do tom com que foram ditas. 
— Se deixe cair que eu a pegarei. 
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Devido à casca do ramo que lhe irritava a suave pele do ventre e entre 
as pernas, Tedra não ofereceu mais resistência, agarrou-se pelo ramo com 
ambas as mãos, depois deslizou o corpo lentamente até ficar pendurada. 
Assim que sentiu as mãos que a sustentavam pelas panturrilhas, Tedra se 
soltou e caiu de repente. Os braços do bárbaro rapidamente lhe rodearam as 
pernas e sustentou-a pelas nádegas. Durante um momento estremecedor, 
uma bochecha áspera e dura se apertou contra seu ventre e depois ela 
deslizou, lenta, muito lentamente contra o corpo do guerreiro, até que seus 
pés tocaram o chão. Este tinha que ser o momento. Essa tentadora e 
atormentadora carícia de corpo contra corpo tinha sido um pouco deliberada 
da parte do guerreiro. Ardentes espiraisde antecipação e desejo estavam se 
embrulhando em seu ventre. Se não a beijava nesse momento... 
Ele deu uma suave palmada em seu traseiro antes que seu braço a 
soltassem e ela ficou olhando-o se afastar um minuto depois. Afastou-se! 
Tedra teve vontades de gritar e golpear o chão. É obvio que ela não faria tal 
coisa. Geralmente, quando a tomava o desânimo se submetia às provas e 
exercícios mais exaustivos para se desafogar, e assim economizar, seus 
amigos e colegas de trabalho, de um mau momento de seu mau caráter, que 
sempre tendia a sair à flor da pele quando se sentia dessa forma. Mas devia 
admitir que nunca tivesse sentido este tipo de frustração e desalento em 
toda sua vida. Nunca antes tinha tido a necessidade imperiosa de 
compartilhar sexo com alguém. 
Estava em pé e nua em meio da natureza desejando-o e ele partiu de 
seu lado, ainda não podia acreditar. Era de pedra? Talvez ela só o olhava de 
sua própria perspectiva e em realidade ele não a desejava. Tinha-a 
reclamado, mas ela tinha sido, segundo ele, uma mulher a ser reclamada, 
assim que outra coisa podia fazer além de reclamá-la? Até a tinha tido em 
uma posição perfeita para manter relações sexuais, um momento antes 
quando tinha perdido o desafio, mas não se aproveitou no mais mínimo 
dessa circunstância. Aqui estava a mulher que tinha que recuperar os cinco 
anos perdidos por se negar a participar do sexo em seu planeta e o que 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
conseguia quando decidia que tinha chegado o momento para fazê-lo? Um 
homem que podia tomá-lo, ou que não o desejava absolutamente. Maldita 
sua sorte! 
— Mulher? Um requerimento? -disse ele. Maldito requerimento! Isso foi 
o que conseguiu, ao lhe esfregar uma vez mais qual era sua posição, algo 
estalou em seu interior e perdeu todo controle sobre suas frustrações. 
Seguiu andando majestosa até onde estava esperando, ao lado do hataar, 
com os olhos água-marinha, brilhantes, entrecerrados e jogando faíscas, 
sem demonstrar nenhum pingo de temor pela besta branca. 
— Suponho que deve ser seu amigo. 
— Um amigo excelente. 
O dedo indicador foi como um estilete ao se cravar no centro o peito 
do gigante. 
— Podia ter dito, mastodonte pré-histórico, em vez de me deixar 
acreditar... 
— Mulher -interrompeu-a, meio surpreso e muito mais contrariado- 
Desde em qualquer lugar que venha, agora está no Kan-is-Tran. Respeitará 
as leis e se conduzirá como uma mulher do Kan-is-Tran. 
— Em outras palavras, não posso te insultar como merece, nem indicar 
o quão infantil foi sua brincadeira? 
— Respeitará um guerreiro em todo momento! 
— Ou o que? 
— Ou quem te protege te castigará como é devido -falou calmamente, 
entretanto, nessas palavras houve uma promessa que não lhe interessou 
tomar em conta. 
— Vá amparo -grunhiu, mas com menos ardor esta vez- Realmente 
não acredita que vou me transformar, por arte de magia, em uma mulher 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
modelo ao estilo de Kan-is-Tra, que dará um salto a cada exigência de sua 
parte, verdade? 
Ele ficou olhando-a durante tanto tempo e com tanta seriedade nos 
olhos negros ,que já estava lamentando o último sarcasmo até antes que 
respondesse com uma suave ameaça na voz. 
— Você fará. 
Possivelmente o faria, pensando-o bem, no momento, mas só até 
chegasse à conclusão de que podia suportar seus castigos. Tinha 
condicionado seu corpo para padecer grandes dores e sofrimentos e poder 
funcionar adequadamente. Teria que descobrir com o tempo. 
Ele deve ter suposto que a tinha submetido no momento, posto que 
não dissesse nada mais e voltou sua atenção ao hataar. Tirou a fina manta 
de pele que tinha no lombo, tirou uma larga adaga de seu cinturão e fez um 
talho no centro; depois, antes que Tedra se percebesse conta de quais eram 
suas intenções, a pôs pela cabeça com a pele para dentro e até tomou o 
trabalho de retirar o colar, para que este aparecesse e também o cabelo, 
para que não lhe incomodasse, arrumando ambas as coisas a seu gosto. 
Tedra não sabia se agradecia ou não. A manta cheirava a hataar, mas 
a pele era suave contra seu corpo. Não era um traje muito fabuloso nem 
cobria tudo o que ela tivesse desejado, logo chegava só até a metade das 
coxas, tanto na frente como nas costas, mas era tão larga que formava 
dobras ao longo dos braços. É obvio, o último que podia dizer é que era 
melhor que nada. 
Decidiu não agradecer já que tinha estado nua por todo esse tempo, 
devido a sua insistência, não por desejo próprio. 
— Se chegar a necessitar um cinturão -mencionou razoavelmente- o 
meu cairia bem. 
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Ele nem sequer olhou a pilha de roupa que tinha ficado no chão. Abriu 
de um puxão o saco de pele que pendurava na alça do cinto e extraiu dali 
uma corda similar às que tinha usado para segurar os animais. Tedra 
resmungou para seus botões. 
— Isso é um pouquinho velho, quero dizer que é muito antiquado, não 
acha? Meu próprio cinturão não tem nada de mau. 
— Provavelmente. É um bom cinturão para um guerreiro. -respondeu 
ele. Quando os olhares se cruzaram, acrescentou gentilmente- Não necessita 
de cinturão, kerima. 
— Então o que... -ele tinha agarrado seus braços e os tinha juntado, 
sustentando com uma de suas mãos enormes, logo começou a envolver a 
corda ao redor deles, com calma assombrosa. 
— Vamos! Aguarda um maldito minuto! -exclamou Tedra com 
desgosto, mas também com um pouco de alarme- Comprometi minha honra 
ao assegurar que te serviria todo um mês, guerreiro. Isto é desnecessário! 
— Qualquer pessoa derrotada em um desafio ou qualquer cativo, dá no 
mesmo, recebe este mesmo tratamento, para afirmar sua posição ante 
todos. 
— Ninguém vai acreditar que fui derrotada em um desafio! 
— Se alegre por isso, kerima. Os vencidos só recebem brincadeiras, os 
cativos são simplesmente uma curiosidade. 
— Se me tivesse deixado a roupa posta... 
— Todos e cada um dos guerreiros de meu acampamento teriam 
exigido que tirasse isso. Não sou o único que considera ofensivo ver uma 
mulher vestida daquela forma. 
Tedra chiou os dentes, se rebelou contra a corda que lhe atava os 
braços e o fuzilou com o olhar. 
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— Tenho que reconhecer isso, menino, você conhece a forma de fazer 
com que uma mulher te odeie com paixão. 
— Este costume que tem de dizer o que não pensa me causa grande 
confusão, mulher. Melhor que se prenda à verdade, simplesmente. 
— Eu adoraria -replicou ressentida- Mas é seguro que me castigará se 
o digo, como me diz várias vezes, sem cansaço. 
— E qual é esta verdade? 
— Que estou começando a te odiar e também a seu planeta e seus 
malditos costumes, coloque isso na sua cabeça dura e aproveite. 
Quando ela virou a cabeça para o lado para não ver sua reação ante 
estas palavras, ele tomou seu queixo e a obrigou a olhá-lo. A reação do 
bárbaro a desconcertou, pois era absolutamente divertida e depois suas 
palavras a encheram de maior confusão, ao contradizer o que tinha visto 
com claridade. 
— Não se equivocou, kerima. Merece um castigo. Me encarregarei 
disso muito em breve! 
— Obrigada. Realmente precisava ouvir isso. -ele sacudiu a cabeça 
como dizendo que as observações dela eram as de uma criatura incorrigível. 
Seu olhar caiu sobre as mãos atadas, e contemplou-as durante um comprido 
momento. Franziu o cenho, o que a fez pensar que mudaria de opinião. Não 
teve essa sorte. 
Em troca, ele recolheu as calças descartadas, cortou uma parte de uns 
quantos metros da borda inferior de ambas as pernas, em meio dos gemidos 
de Tedra pela destruição de um traje tão custoso, e logo deslizou uma parte 
sobre cada braço debaixo da corda. Protegia sua pele? Que considerado e 
novamente que contraditório. Por que se preocupava com ela?A tinha 
amarrado para começar, então, que importância podia ter que a corda 
deixasse seus braços em carne viva? Era menos que uma cativa. Era a 
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perdedora de um desafio e merecedora de escárnio. Em um momento de 
puro desgosto pelo computador traiçoeiro que a tinha posto em semelhante 
problema, Tedra falou em seu próprio idioma. 
— Espero que esteja recebendo tudo isto, Martha, porque os pontos 
contra você vão se acumulando. Não só vou te vender assim que sair dessa, 
mas também vou te demolir, tirar todos os seus dados, contatos, derreter 
todos os seus circuitos e isso é só para começar! Como terei que suportar 
tudo isto durante um mês inteiro, mesmo que recupere o julgamento ou 
não, não pense que o tempo ficará de seu lado. Não me esquecerei jamais 
que podia ter me salvado antes desse maldito desafio. Um mês inteiro 
suportando humildemente tanta arrogância bárbara garantira que eu não 
esqueça. Você foi... 
O retalho de tecido que introduziu em sua boca afogou as palavras e 
os olhos dala se abriram desmensuradamente quando outra tira fixou o 
retalho em seu lugar, ficando atada sobre a nuca. As mãos atadas não a 
ajudaram a impedir que acontecesse isto. Tudo o que pôde fazer foi gritar 
furiosamente contra este último ultraje, mas o som que se ouviu foi um 
mero chiado e muito insatisfatório para continuar por muito tempo. Quando 
se deu por vencida, ele ficou uma vez mais diante dela com essa expressão 
impenetrável que já conhecia. 
— Acontecerá exatamente o mesmo cada vez que fale com essa 
Martha em uma língua que desconheço Quando tiver tido tempo para 
aprender a lição, lhe permitirei falar novamente, mas em Sha-Ka’ani. 
Sha-Ka'ani? Era assim como chamava a língua Sha-Ka’ari que tinha 
aprendido? Martha assegurou que em todo o planeta se falava uma só 
língua, embora o bárbaro não devia sabê-lo. Apesar de Tedra falar outra 
língua, ele ainda acreditava que provinha de outro país, não de outro 
planeta. Portanto, se isto era certo, seu planeta seria Sha-Ka'an. 
Não pôde dizer por que ao chegar a esta conclusão se sentiu 
reconfortada, como se tivesse obtido algo importante. Talvez porque ainda 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
desconhecia o nome de seu torturante, só seu país e nesse momento seu 
planeta. Mas que uma sensação positiva a embargasse nesses momentos, 
embora sobre um algo tão insignificante, era suficiente para rebater todos os 
pensamentos negativos que a bombardeavam. Atada e amordaçada, havia 
mais o que? 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Capítulo 11 
Estavam a vários quilômetros de distância do lugar onde tinham se 
encontrado, quando Tedra se lembrou do cinturão e do aparelho direcional 
de sinais que ocultava em seu interior. Havia se focado tanto no 
aborrecimento que lhe provocavam as cordas, além da distração que 
produzia a proximidade do bárbaro, que nem sequer tinha lembrado que 
toda sua roupa havia ficado esquecida em algum lugar. 
Ele montou o hataar sem outra ajuda que no cinto onde se sustentou 
para dar o salto. Logo, agarrando ainda a asa com uma mão, se inclinou e a 
ergueu rodeando a cintura com o braço para depositá-la sobre o lombo do 
animal diante dele. Imediatamente estalou as rédeas encostadas à cabeça 
da besta e partiram ao destino desconhecido para ela, enquanto o fembair 
doméstico seguia a curta distância. 
Passada já uma longa hora, Tedra não podia acreditar que tivesse sido 
tão descuidada para passar por cima de um fato de tanta importância para 
ela. Tinha que admitir que esteve amordaçada e, portanto, incapacitada para 
insistir em levar seus pertences, mas simplesmente esquecê-los? E por qual 
motivo o bárbaro não tinha desejado conservá-los em seu poder, embora 
que apenas para mostrá-los como uma curiosidade a seus amigos? Quando 
as tinha tirado pensou que ele faria precisamente isso; de outro modo, não 
teria sido tão dócil e rápida para tirar e desprender de seu único contato 
aberto com Martha. 
Sem vozes que rastrear provavelmente Martha teria voltado a se unir 
ao aparelho direcional de sinais, possivelmente presumindo que estava 
participando do sexo silenciosamente durante todo esse tempo e se 
regozijando maliciosamente por isso. O explorador de curto alcance era 
absolutamente inútil se não houvesse vozes que rastrear e essa era a razão 
pela que o aparelho direcional de sinais era tão importante e quem podia 
dizer quantas criaturas estranhas se moviam na área para confundir o 
explorador de longo alcance? 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Martha estaria tão desorientada em relação ao que estava 
acontecendo, que seria completamente impossível ajudar Tedra a sair de seu 
problema. Sem uma voz na qual unir-se, Martha não poderia transferi-la de 
retorno à nave. Por sua parte, sem a unidade phazor em seu poder, 
tampouco podia fazê-lo Tedra. Para dizer sem rodeios, ficaria abandonada 
indefinidamente neste mundo subdesenvolvido, e nesse preciso instante não 
tinha nenhuma dúvida que, é tudo por culpa desse homem. 
Tedra ainda seguia nestes pensamentos quando ele desamarrou a 
mordaça e tirou a parte de tecido de sua boca. Assim já tinha passado 
tempo suficiente? E ela teria que ter aprendido algo? Quão único tinha 
aprendido era não tentar ficar em contato com Martha enquanto o bárbaro 
estivesse perto, mas essa maldita mordaça não tinha proporcionado 
momentos muito agradáveis. Tinha a boca tão seca como um banho de raio 
solar, e uma das coisas que não estavam penduradas no animal era um 
cantil cheio de água, então ela teria que sofrer com a sede até que 
encontrasse água. Talvez as lições do bárbaro fossem mais engenhosas do 
que tinha pensado em um princípio. Tragou várias vezes, sem conseguir 
muito alívio. 
— Me diga uma.coisa?! Todo o tempo que passar... contigo... receberei 
um desgosto depois de outro? -ele abaixou a cabeça até apoiar o queixo 
sobre o ombro de Tedra, uma bochecha roçou contra a outra. A carícia a 
deixou tão extasiada que criou água em sua boca e quase esqueceu da sede. 
— Não terá desgostos, kerima, se simplesmente me obedecer e se 
desempenhar dignamente como uma mulher do Kan-is-Tra. 
— Mesmo que não pertença a este planeta e não seja uma mulher do 
Kan-is-Tra? 
— Será! -afirmou ele, convencido- Te ensinar será um verdadeiro 
prazer para mim. -Tedra pensou ainda quanto sofreria ela durante essa 
aprendizagem. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Olhe guerreiro, não sou aduladora, servil e tampouco sei guardar 
para mim minhas opiniões -declarou Tedra, cortante- De onde venho, 
ninguém jamais pôde me fazer o que você me tem feito. Isso mostra o tipo 
de arrogância e confiança em si mesmo, que você também possui. Não irá 
conseguir me despojar disto, apesar deste serviço que te devo. Se divertiria 
comigo tanto como parece que esta fazendo, se conseguisse, se me 
convertesse em uma cópia exata das mulheres que está acostumado? Por 
que não medita isso um momento? 
Não respondeu e tampouco retirou o queixo do ombro. De fato, 
esfregou um pouco a bochecha contra a dela, uma carícia perturbadora que 
arrepiou a pele dos braços e avivou a chama de desejo que ardia em seu 
ventre. Tedra gemeu para seus botões. Não voltaria a permitir que a 
atormentasse fazendo desejá-lo, a menos quando o maldito guerreiro não 
entregasse o que prometiam suas ações sutis. Quase tinha trocado 
completamente de opinião sobre querer que ele fosse seu primeiro 
companheiro de sexo, embora na realidade, não tivesse muitas opções a 
respeito durante o mês seguinte, se ele alguma vez chegasse a tocar no 
tema. Mas já não estava mais segura de querer que ele fosse quem a 
desflorasse, sobretudo pela forma como a estava tratando. 
O aroma deágua interrompeu seus pensamentos. Com efeito, podia 
cheirá-la. Voltou a cabeça e viu um regato que corria precipitadamente pela 
pradaria de ervas baixas que estavam atravessando, e logo serpenteava até 
se perder na distância. Tedra se endireitou sobre o hataar quando o bárbaro 
o fez girar nessa direção e já estava descendo até antes que o animal se 
detivesse por completo, aferrando-se em suas asas até que seus pés 
tocaram a terra. Tampouco esperou por permissão para saciar a sede que 
lhe apertava a garganta, mas sim caiu de joelhos na borda do regato de 
águas cristalinas e bebeu tudo o que pôde recolher nas palmas das mãos 
atadas. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Que tipo de guerreiros tem em seu país que não podem te vencer 
em um esporte de guerreiros? -assim então, esteve ruminando o que havia 
dito. Ou possivelmente não. Bem poderia ser que algum comentário o 
tivesse intrigado. Quando voltou a olhar para ver a expressão de seu rosto, 
se encontrou com o fembair muito perto dela. O monstruoso felino gigante a 
tinha seguido para olhá-la, enquanto estava de joelhos e muito mais baixa 
que ele. Não estava acostumada a tratar com animais vivos; e menos ainda 
desse terrível tamanho, mas enquanto estivesse segura de que o bárbaro 
diria se estivesse em perigo de ser comida, tratou de passar por cima de seu 
enorme mascote e se inclinou para um lado para observar ao seu redor. 
— O combate corpo a corpo e sem armas é o que vocês chamam 
esporte de guerreiros? -ao ver que ele assentia com a cabeça, Tedra sorriu- 
Não permitam as estrelas que lhes sugira que deixem participar suas 
mulheres, mas em meu mundo o fazem... e ganhamos com frequência. -ela 
disse, secou o queixo com o dorso do braço e ficou em pé. Ao enfrentá-lo 
cara a cara viu um muito leve gesto de irritação em seu semblante. Calculou 
que devia estar terrivelmente irritado para deixar transparecer tanto. 
— Segue chamando de "mundo" ao seu país. Desistirá disso, mulher. -
disse, indignado. Imediatamente, Tedra reconheceu que não era isso, 
precisamente, o que o tinha irritado dessa forma. Era o fato de que as 
mulheres, simples mulheres, pudessem vencer os homens, o que lhe corroía 
as vísceras. 
— Como queira, menino –consentiu ela, sorrindo ainda mais. 
— Também desistirá desse costume de se dirigir a mim com palavras 
destinadas aos infantes. 
— Mas são somente palavras afetuosas, doçura. -provocou Tedra. 
— Tampouco me chamará dessa forma, fingindo um afeto que ainda 
não sente. -fulminou ele. O humor da Tedra desapareceu como a água do 
regato lá no sul. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Está me irritando, guerreiro. Devo recordar que não me disse seu 
nome até agora? 
— Meu nome é Challen Ly-San-Ter -replicou, fríamente. 
— Viva! E tenho sua elevada permissão para usá-lo, oh Amo e senhor? 
— Volte ao hataar, mulher. -disse suavemente. Não gritou, mas isso 
não significava que ela não tivesse ouvido o grito implícito no tom 
autoritário. 
Retornou ao hataar e esperou para que ele a subisse, já que a assaltou 
a repugnante ideia de que era o mais apropriado para uma mulher do Kan-
is-Tran. Tinha engenhado para intimidá-la até certo sentido e disso não 
gostava absolutamente. Contudo, lhe agradava o nome, mesmo que 
faltassem as letras "G-E" para soletrar "challenge", que era provocação ou 
desafio em sua língua natal. Perguntou-se se não era todo um simbolismo. 
Fosse o que fosse, mesmo assim gostava de como soava. Challen Ly-San-
Ter de Sha-Ka'an, um bárbaro incrível. Estavam deixando a pradaria e 
entrando em outra zona de bosque antes que Tedra recuperasse o juízo para 
reatar a conversação.com outra queixa. 
— Não pôde ao menos trazer minha roupa, embora não me permitisse 
voltar a usá-la? Sei que nunca antes viu essa espécie de material. Nem 
sequer sentiu curiosidade por saber de onde vinha? 
— Pretende falar de um país chamado Kystran, dali deve vir. 
—Você não gostaria de saber onde está Kystran, então? 
— Não. 
— Não? 
— De que serve um país de mulheres guerriera e de homens que não 
podem vencê-las? Os homens não devem tirar as espadas contra mulheres, 
nem atacar ou tratar com homens que não podem controlá-las. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Desmereceria sua dignidade, né? Mas temo que me interpretaste 
errado Challen. Em Kystran superamos há tempos a ideia de um sexo 
controlando ao outro. Ali, homens e mulheres são iguais. Ensinam as 
mesmas destrezas e habilidades, e permitem que tenham as mesmas 
oportunidades nas diferentes carreiras. É verdade que nossos homens não 
chegam nem em sonhos ao seu tamanho e que não empunham espadas 
para atacar ou se defender, mas os que pertencem à segurança como eu, 
usam diferentes tipos de armas sofisticadas, que não requer tamanho e força 
colossais para dirigi-las. Já provou uma delas, mas existem outras mais 
perigosas. São armas que podem matar sem deixar rastros da vítima. - 
ouviu-o bufar e soube que não acreditava absolutamente- Você mesmo viu e 
sentiu o que pode fazer um phazor. Alguma vez viu algo parecido ou ouviu 
sequer histórias sobre tais coisas? 
— Armas como essas são necessárias unicamente para homens que 
não podem se proteger de outro modo. 
— É uma conclusão razoável, mas não responde a minha pergunta. 
Nunca antes viu tais coisas porque não existem em seu mundo. 
— Existem países remotos com os quais nunca tive contato. 
— Tem uma maldita resposta para tudo, não é verdade? -resmungou 
ela- Então, como cheguei aqui desde esses remotos lugares, e melhor ainda, 
por que viria aqui.sozinha? 
— Como você mesma diz, para negociar. 
— E como você diz, às mulheres não seria confiada semelhante tarefa. 
Acaso agora está aceitando que o fariam ao menos nos países com os quais 
não tem contato? -ele não responderia por nada do mundo, e trocou de 
tema. 
— O que quer dizer essa palavra maldito que usa tão frequentemente? 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Usa-se para expressar aversão ou aborrecimento, que é exatamente 
o que estou sentindo neste momento. -explicou. Por sorte não era do tipo de 
mulher que vivia chutando o chão para demonstrar seu descontentamento, 
pois teria havido fossas no chão nesse momento. Suspirou- Muito bem, 
voltemos às coisas que conhece profundamente... por exemplo, o serviço 
que te devo. Estou começando a suspeitar que não seja o que pensei num 
primeiro momento. Por que não me esclarece isso... em detalhes? 
— Fará muitas coisas para mim. 
— Por exemplo? 
— Quando sair a lua esta noite, procurará aliviar a dor de meus 
músculos. 
- Ah, pobre criatura! -ronronou ela em tom caramelado- É possível que 
a velha e vil Tedra tenha machucado o colossal bárbaro? -ela estava se 
felicitando por essa última chacota, que, sem sequer olhar, sabia que o 
irritaria, quando ele se inclinou para frente apertando o peito contra suas 
costas, para alcançar a alça do cinto de segurança. Viu que atou lá as rédeas 
e teve o pressentimento de estar em sérios problemas. Não sabia o que 
podia esperar quando ele tivesse as mãos livres. Imaginou que a golpearia, 
mas não podia imaginar como faria isso sobre o lombo do hataar. Quando as 
mãos deslizaram debaixo da capa de pele e por baixo de seus braços, 
surpreendeu-se por completo. 
Ficou sem fôlego e todo seu corpo ardeu quando suas mãos masculinas 
e de dedos largos, começaram a acariciar seus seios, até que cada um dos 
montículos sensíveis ficou prisioneiro de uma mão viril. Essa tênue chama 
que se agitou um tempo atrás, acendeu novamente até se converter em 
labaredas, enviando carícias de fogo sobre todos os seus nervos 
sensibilizados ao extremo. Sua cabeça caiu para trás e deu contra um ombro 
duro e fornido, onde descansou. Embora tivesse previsto, não teriapodido 
conter o suave gemido de prazer que escapou de sua garganta. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
O som repercutiu em sua cabeça, entretanto, fazendo-a compreender 
que o bárbaro estava obtendo outra vez, com indiferença, de má fé e sem 
dúvida deliberadamente, que todo seu corpo vibrasse e cantasse, quando ele 
não tinha nenhuma intenção de tocar um dueto com ela. Seus reflexos 
indicaram que o detivesse e quase levou a cabo o intento, mas recordou 
seus braços amarrados. Nem sequer podia colocar as mãos debaixo da 
manta que a cobria, muito menos apartar as dele. 
Estava indefesa. A sensação era tão alheia a ela que fez sair a luz seus 
instintos combativos. Mas, tudo o que tinha deixado para combater eram as 
palavras, e temia que essa fosse a norma desse momento em diante, em 
vez de ser a exceção. 
— Me escaparam alguns conceitos na tradução, guerreiro? Poderia ter 
jurado que meu serviço estava restrito a um lugar, sem nenhum tipo de 
trapaça seria permitido em outros lugares. Vamos, não vejo nada por aqui 
que se aproxime sequer a parecer com um quarto de dormir. A última vez 
que olhei, este era um hataar e não uma cama. Assim, pare agora ou estará 
em infração de contrato. 
— Em uma mulher se admiram a inteligência e o engenho, kerima. -ele 
disse, suavemente. 
— Obrigada... acredito. 
— Mas tanto sua inteligência como seu engenho estão desperdiçados 
comigo. Uma vez mais devo te recordar as palavras "onde eu durmo”. 
— Se for uma maneira sutil de me dizer que dorme sobre este animal, 
tente outra vez -replicou ela, cortante. 
— Quando a situação é crítica e a distância a transitar muito longa, um 
guerreiro certamente dormirá sobre seu hataar. Eu o tenho feito mais de 
uma vez, de outro modo retardaria muito seu castigo. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Tedra ficou rígida e tratou de se apartar dele, mas suas mãos a 
retiveram firmemente em seu lugar. Este era seu castigo? Compreendeu 
então por que se mostrou tão divertido quando disse que merecia um castigo 
por sua falta de respeito e prometeu encarregar-se de cumpri-lo o mais 
breve possível. O homem era diabólico. Quem, a não ser um bárbaro, 
pensaria em castigar a uma mulher fazendo que lhe desejasse? 
Não podia permitir que se saísse com a sua. Podia suportar uma ou 
duas surras com toda certeza, mas isto? O desejo era um sentimento muito 
novo para ela e descobria que todas as suas reações eram involuntárias. Tal 
perda do controle era inaceitável em uma segurança que sempre devia levar 
vantagem em qualquer situação. Não estava ali em sua função de 
segurança, mas para uma mulher orgulhosa como ela, as consequências 
poderiam ser tão más, se não piores. 
Fazendo um enorme esforço de vontade, Tedra se concentrou em não 
fazer caso das mãos que estavam acariciando os seios lenta e 
deliberadamente. Podia sentir a brisa quente no rosto, a áspera pelagem do 
hataar que montava na entreperna e até a pele suave da manta em qualquer 
lugar que lhe roçasse o corpo, mas não as mãos do bárbaro. Seu poder de 
concentração funcionou e continuou funcionando... até que uma dessas 
mãos ardilosas descobriu a união das pernas abertas da par em par e então, 
todas as sensações que tinha estado passando por cima a investiram de 
repente e as novas... Era como se fundir e se dissolver em labaredas 
ardentes. O dedo que deslizou em seu interior foi como uma tocha. Estrelas 
do universo! Jamais tinha experimentado algo assim. Roubou-lhe o fôlego e 
desenquadrou a mente. Apertou seu corpo contra o do guerreiro permitindo 
total acesso a ela, desejando com todas as forças que não se detivesse. O 
prazer era incrível, muito dentro dela, se expandindo, apressado em busca 
de alívio. Mas o alívio não figurava no argumento. 
O que começou como prazer, lenta mas inexoravelmente se converteu 
em agonia de frustração, de turbulência, que fazia em farrapos seus nervos 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
e não lhe dava um minuto de pausa. Tremeu, gemeu, retorceu-se em cima 
do hataar e contra seu torturador. Muito em breve estaria chorando... e 
suplicando. 
— Não! 
— O que opina da disciplina de Sha-Ka’an, mulher de Kystran? -
perguntou o guerreiro. A voz tinha sido a tranquilidade e a calma 
personificada, exacerbando até mais seus nervos. 
— Isto ... fede. 
— Contudo, é efetiva. 
Não foi uma pergunta, e sim uma afirmação. Tedra não importou. 
Tinha que fazer um enorme esforço de concentração para ouvir através do 
tumulto que reinava em sua mente. Fazer algum comentário era mais 
penoso ainda. 
— Basta, Challen. Eu... eu... me desculpe. 
— Esta desculpada, mas por que se desculpa? 
— Por algo... tudo... que você queira. 
— Deve ser precisa, mulher; desse modo recordará o que foi o que te 
conduziu o castigo. 
Era absolutamente improvável que alguma vez o esquecesse. 
— Não posso pensar, tampouco posso resistir mais. -um ofego a 
interrompeu subitamente. Ainda não estava pronta para suplicar que a 
tomasse, mas nesse mesmo instante quase... poderia matá-lo alegremente. 
Daria algo por um pouco de poder, ao menos para brigar contra ele, apesar 
das mãos atadas ainda ficavam várias coisas que poderia fazer, mas a honra 
comprometida a conteve e forçou a suportar sua vontade, mesmo que a 
destruísse, o que poderia acontecer. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Estalou um soluço quando seus polegares entraram em ação, um 
roçando o botão endurecido em que se converteu o mamilo e o outro 
acariciando o nó igualmente endurecido de pele hipersensibilizada entre as 
pernas. Mas assim que começou a soluçar, a tortura cessou. Entretanto, a 
agonia de desejá-lo persistia e seu corpo ainda seguia clamando de 
necessidade. Os soluços continuaram, porque sabia que só o tempo aliviaria 
o estado de desejo que tinha despertado esse bárbaro. Ele certamente não o 
faria. 
Não obstante, os braços fornidos lhe rodearam o corpo como se 
tentasse oferecer consolo. Tedra apenas notou, embora o suficiente para se 
perguntar o que traria nas mãos. Com toda segurança não se arrependia do 
que acabava de fazer. 
— O que é isso de trapaça que disse? -ele perguntou. Se tentava 
distraí-la das lágrimas, conseguiu. 
— É uma velha palavra dos antigos de Kystran. Significa galanteio, 
como a prática das carícias, mas a prática mútua e a mútua satisfação que 
deriva dela. O que você tem feito não foi isso. 
— Nem foi essa a intenção -respondeu ele simplesmente antes de 
suspirar- Não sofre o castigo como é devido, kerima. 
— Queria que suplicasse, verdade? -exigiu ela, com amargura. 
— O som teria sido doce aos meus ouvidos. 
— Te odeio -exclamou e logo o arruinou tudo soluçando. O bárbaro 
soltou uma gargalhada. 
— Um guerreiro não pode atormentar sua mulher? -ele disse. 
— Não sou sua mulher. Sou tua para te obedecer durante um mês e te 
advirto, guerreiro, no mesmo instante em que esse mês termine, 
provavelmente vou te matar. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Vá, essas são as palavras de uma mulher absolutamente mudada. 
Na verdade, está progredindo ao revelar traços tão femininos. -ele disse. 
Tinha que ver o homem que era capaz de declarar semelhante tolice e se 
voltou para lhe dar uma olhada. 
— Almejo demais te matar e você chama a isso feminino? -ela 
perguntou. Ele sorriu e aproveitou a oportunidade, enquanto estava olhando, 
para enxugar as lágrimas das bochechas. 
— É comum que uma mulher diga algo assim quando se sente 
maltratada e não pode recorrer a outra coisa. Simplesmente são palavras, 
kerima, e não as devo tomar a sério. 
— Estupendo! Segue pensando assim, menino. Quando estiver 
realmente morto, não diga que não lhe avisei isso. -ela disse, inconformada. 
O olhar que deu disse bem às clarasque tinha ouvido como o tinha 
chamado, mas que deixaria passar por essa vez, mas nem sequer se deu por 
informado da segunda ameaça. 
— O castigo tem um propósito. Aprende dele, logo não repetirá seus 
enganos. Não tem o propósito de te machucar, mas suponho que não crê 
assim; por isso devo lamentar a maneira escolhida para te corrigir. Se 
soubesse com que rapidez chegaria ao clímax, não teria tocado num lugar 
tão sensível. 
Estava-se desculpando? Mas inclusive não percebia que estivesse 
oferecendo uma compensação lhe brindando com o alívio que ainda 
necessitava, assim maldito do que servia. Ele simplesmente estava dizendo 
que não tinha tido a intenção de excitá-la até as lágrimas, só até o ponto de 
lamentá-lo. Grandioso. Quanto ao que a concernia, a excitação era excitação 
e ele a tinha forçado a senti-la, sem sentir a mais mínima ele mesmo... Em 
realidade era feito de pedra. Como malditos infernos o fazia? E então a 
assaltou uma ideia incrível que poderia explicar tudo. 
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— É de carne e osso, Challen? Sangra pelas veias? -ela o questionou. 
Ele franziu o sobrecenho. 
— Se explique, mulher. 
— Tenho um andróide em minha nave. É formoso. Quase pensa por si 
mesmo, embora não chegue a ser como Martha, que é um computador de 
última geração. Está programado para fazer o que eu queira que faça, mas 
não é um ser humano real. É uma máquina e poderia fazer o mesmo que 
você acaba de fazer, se o tivesse programado para realizar e não sentir 
absolutamente nada. Você não sentiu nada quando me acariciava. Não pode 
negá-lo. Sua voz era muito serena, desgraçado. É realmente de carne e 
osso? Ou este planeta está mais adiantado do que pensei em um primeiro 
momento? 
—Suas histórias são cada vez mais fantasiosas, mulher. -riu- Devo me 
lembrar de contar essa a Tamiron, sobre seus homens "irreais". -ele 
continuou rindo. As sobrancelhas da Tedra se uniram ameaçadoramente. 
— Me dê uma resposta direta, bárbaro, ou terei que encontrar outra 
forma de averiguar se por suas veias corre sangue vermelho ou lubrificante 
negro. 
— Sou tão real como você, kerima. Crê por acaso que um guerreiro 
tem tão pouco controle sobre si que não pode se encarregar de disciplinar 
apropriadamente sua mulher? Já comprovou que não é assim. 
— Eu não sou... 
— Você é o que eu digo que é. Não é assim? 
Formulou a pergunta em um tom tal que compreendeu que era um 
aviso de que ainda estavam "onde ele dormia", o qual devia interpretar por 
"sua vontade regia a ambos". Tedra apertou os dentes e se voltou para olhar 
à frente. 
— O que você diga... menino. 
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Isso valeu que lhe rodeasse a cintura com o braço e a estreitasse de 
novo contra seu peito enquanto mordiscava o lóbulo da orelha. 
— Deseja expressar em outra forma sua última resposta? -ele disse, se 
divertindo. De fato, ela sim o fez. 
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Capítulo 12 
Quando Tedra viu o acampamento através das árvores, compreendeu 
por que o bárbaro a tinha deixado em paz durante os últimos dez minutos do 
passeio. A "natureza brincalhona" de seu captor a tinha levado a beira das 
lágrimas e de um ataque de histeria. Nada disto tinha passado 
desapercebido a ele e por isso tinha dado esse tempo para que se acalmasse 
antes de apresentar-se ante outros membros de sua espécie. 
Esses outros resultaram ser exatamente da sua classe, um bando de 
gigantes, embora nenhum deles tão grande como seu próprio gigante. 
Todos, também, se pareciam com ele, já que nenhum levava o cabelo curto, 
nem cobriam o torso, usavam os redondos e negros acessórios e escudos 
guarnecidos com aço Toreno de diferentes comprimentos atados aos 
antebraços. Se isso não fosse suficiente para lhes dar uniformidade, as 
tonalidades de suas cabeleiras foram do castanho ao loiro, igual às dos olhos 
que variavam da cor café ao ambarino. 
Enquanto se aproximavam do grupo, Tedra calculou que se um inimigo 
atacasse esse país, com toda segurança não teria nenhum problema para 
saber quem era quem. Claro que só estava vendo oito membros dessa raça. 
Certamente, todo o país não estaria habitado só por dourados bárbaros 
gigantes. Ela os observou tratando de ver um pouco de gordura, um pouco 
de flacidez em suas carnes, mas esses homens eram todos da casta 
guerreira, sem exceção, na plenitude de seus estados físicos e bastante 
bonitos. 
— Me alegra saber que não é o único macho magnífico por estes lados, 
Challen -afirmou Tedra com a intenção de lhe incomodar por tudo o que a 
tinha feito sofrer- Aqui mesmo há vários guerreiros a quem não me 
incomodaria pedir amparo... quero dizer, assim que termine de cumprir meu 
serviço contigo. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Quando seu serviço tiver terminado, voltará a ser uma mulher a ser 
reclamada. 
— Não será assim se consiguir dizer primeiro as palavras para solicitar 
amparo. Disse-me nesta manhã, que era tudo o que tinha que fazer, para 
evitar minha situação atual. Não é provável que esqueça isso, amigo. -
provocou ela. Ele guardou silêncio por uns momentos. 
— Se eu for o único guerreiro presente quando expirar seu serviço, 
então deverá me dizer essas palavras... se eu não te reclamar primeiro. 
Podia fazer semelhante coisa? Indubitavelmente era uma questão de 
saber escolher o momento preciso, se a mantivesse presa... mas primeiro 
teria que ver a configuração do lugar, depois de tudo, o que tinha adiante 
era uma aldeia de barracas, embora supôs que era somente melhor que um 
conjunto de cavernas. Seria muito difícil sair escondida de uma barraca e 
entrar da mesma forma em outra? Então com só três palavras ditas a outro 
homem, possivelmente até mesmo ao autoritário, se estava por ali 
recuperaria alguns de seus direitos e poderia fazer que a viagem valesse a 
pena. 
Ficavam algumas perguntas pendentes que deveria formular, para se 
inteirar bem sobre esse assunto de pedido de amparo, mas isso teria que 
esperar um pouco ainda. Foram se aproximando já ao centro do grupo de 
lojas e os guerreiros que se paralisaram ao observar a chegada do Challen, 
se reuniram em torno deles. A ávida curiosidade com que observavam à 
"presa" de Challen era muito evidente para passar por alto. 
Tedra, a peça cobrada pelo bárbaro, recordou embora tarde, que 
estava quase nua, e o rubor cobriu suas bochechas. Quase ao mesmo 
tempo, o braço do Challen se apertou mais ao redor de sua cintura. Se 
perguntou se seria possível que ele também lamentasse a escassez de roupa 
com que a apresentava. Embora para falar a verdade, esse gesto 
simbolizava sua reclamação sobre ela, o gesto do macho para afirmar que 
lhe pertencia quando havia outros homens ao redor. Ou talvez presumisse 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
que ela poderia estar temerosa, levada dessa forma tão indigna, sem saber 
como seria recebida, e estava oferecendo seu apoio sutilmente? Não, tinha 
que deixar de atribuir bondade e consideração a seu caráter, depois de tudo, 
era nada mais que um bárbaro, um macho dominante e arbitrário. Que 
importância tinha que tivesse sido incrivelmente gentil com ela em todas as 
oportunidades, até destroçar sua roupa para se assegurar de que a corda, 
rugosa e áspera, não lhe machucasse os braços! Pensando-o bem, não tinha 
posto nenhuma só mão dura em cima durante toda a briga, enquanto ela 
tinha tentado derrubá-lo com cada golpe e quando por fim a tinha feito sua 
prisioneira, mostrou-se muito cuidadoso para não feri-la. Essa atitude tinha 
sido em benefício dela ou só era um hábito profundamente enraizado em um 
homem extremamente forte em seu trato com as mulheres? Teria um mês 
para averiguar, de algum modo. 
— Como chama a esse tipo de carne,Challen? -as brincadeiras 
começaram com uma gargalhada. Outro homem continuou imediatamente. 
— Doce e suculenta com a preparação adequada. 
— Que desperdício, encontrar um bocado tão tenro enquanto estamos 
em caçada -acrescentou outro mais. 
Este último sarcasmo causou uma risada generalizada, inclusive 
Challen se uniu a ela. Tedra teve que se perguntar que significado oculto 
teria essas palavras. Que importância tinha que o bárbaro a tivesse 
encontrado enquanto estavam caçando? Por que era um desperdício? 
— Um desperdício do que, Challen? -perguntou Tedra em voz alta e 
como resposta, só teve uma nova ronda de gargalhadas. 
Nada mudou durante os seguintes minutos; depois o bárbaro 
desmontou com bastante estupidez, já que seguia rindo as gargalhadas. 
Entretanto, suas mãos estavam firmes quando a fez descer do hataar. Foi 
então quando percebeu todos os animais mortos atados aos ramos das 
árvores próximas, alguns já esfolados, alguns simplesmente pendurados 
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para sangrar. Era repugnante, mas não estava totalmente despreparada, 
posto que conhecia de antemão que existiam esses métodos antiquados de 
conseguir mantimentos em outros planetas. 
Até tinha antecipado que tanto o taraan como os outros dois bichinhos 
pendurados no hataar estavam destinados a ser consumidos. Só porque 
Kystran tinha deixado de matar animais para a consumação fazia centenas 
de anos, não queria dizer que todas as culturas tivessem avançado ao uso 
de outras fontes de recursos alimentícios. 
— Seu temor chega tarde, mulher. -Tedra se voltou para ver quem 
tinha feito esse comentário. Teve que levantar a cabeça. Isso se voltaria 
tedioso depois de um tempo, mas nesse momento sorriu. O guerreiro tinha 
olhos e cabelo castanho claro e seu rosto era quase tão bonito como o de 
Challen. Certamente seu corpo era tão esbelto e bonito como de outro 
guerreiro e Tedra deixou que seu olhar passeasse lentamente, da cabeça aos 
pés e de baixo para cima, advertindo ao cruzar novamente os olhares que 
tinha dito essas palavras para lhe desconcertar. Os outros homens tinham 
retornado a seus afazeres, todos exceto este. 
— De que temor fala guerreiro? Se pensar que estive tomando a sério 
essa tolice sobre que um bocado tão doce era para guisado, equivocou-se. 
Além disso, tem o fato de que você e seus companheiros morreriam 
engasgados comigo, se fossem canibais, e o bárbaro aqui presente poderia 
se opor profundamente a perder meu serviço de um mês sob suas ordens. 
— Certamente, você não se oporia, verdade? -intercalou Challen, 
cortante. 
— Eu? -inquiriu Tedra aumentando os olhos- Discutir com bárbaros? 
Não me passaria pela cabeça, menino. -provocou e o viu ficar rígido ante sua 
persistência em chamá-lo de menino, mas foi salva pela pergunta do outro 
guerreiro. 
— De onde vem, Challen, que fala dessa maneira tão estranha? 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Essa sim que é uma excelente pergunta -falou Tedra, sorridente- 
Desafio a que lhe diga minha versão em lugar da tua. 
— Pode fazê-lo você mesma, kerima. Como já disse, Tamiron desfruta 
de um bom conto, tanto quanto eu. -Tedra fez um gesto de desgosto. 
— Não é nada divertido te provocar, guerreiro -queixou-se- Ele não vai 
acreditar em mim mais que você, então conte o que queira. Reservarei a 
verdade para teu shodan. Ao menos, ele deverá ser bastante preparado para 
me permitir provar o que digo, diferente de algumas pessoas que eu 
conheço. 
— Challen... -começou a dizer o outro guerreiro, mas ele interrompeu 
abruptamente. 
— Ela é Tedra, uma mulher de Kystran, que segundo afirma, pertence 
a outro mundo diferente de Sha-Ka'an. 
— Uma voadora espacial? -inquiriu Tamiron, assombrado. 
— Sim. -afirmou ela- Espere um maldito minuto, sou muito estúpida 
ou acabam de admitir que ouviram falar de outros viajantes espaciais? Se for 
assim, então por que você... 
— Não é um conto novo, mulher, só um conto que não pode provar-se. 
— Mas eu posso provar, me devolva o phazor e posso... 
— Isso eu não farei. 
— Mas... 
— Não. -ele disse. Tedra chiou os dentes. Reconhecia um não inflexível 
e categórico quando o ouvia, e acabava de ouvi-lo. 
— Faz como queira bárbaro -falou em tom azedo- Mas quando tiver 
terminado meu mês de serviço, retomarei ao assunto que me trouxe para 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
este planeta, negócios interplanetários e contrato de mercenários e pode 
apostar seu maldito fembair que não poderá me deter. 
— Uma vez mais menciona o serviço limitado -disse Tamiron a 
Challen- Entretanto, está atada como uma cativa. Certamente não irá 
renunciar a uma presa tão esplêndida como ela. -como Challen não 
respondeu imediatamente, Tedra sorriu satisfeita consigo mesma. 
— O que você tem, menino? Se arrepende agora de ter que admitir 
que brigamos... 
— Aquela é minha barraca, mulher -interrompeu, ao mesmo tempo em 
que indicava a barraca com um movimento de cabeça- Em seu interior é 
onde eu durmo. Não me arrependo de nada. -Tedra tinha ruborizado ao 
ouvir esse aviso, enquanto ele seguia falando em direção Tamiron- A mulher 
era reclamável, mas se negou a aceitar minha reclamação. Em troca, me 
desafiou e eu não me neguei como ela. 
— Ela te desafiou? -perguntou Tamiron e logo estalou em gargalhadas. 
Tedra soube que não estava rindo pelo fato de que Challen aceitasse o 
desafio, mas, sim porque ela havia sido, em sua opinião, bastante imbecil 
para desafiar um guerreiro. Quer dizer, se chegava a acreditar, mas já riram 
dela muitas vezes esse dia. 
— Em quantos problemas me colocaria se demonstrasse que o que 
disse não é uma piada? -perguntou a Challen completamente séria- Depois, 
o elemento surpresa é tudo, como descobriu por você mesmo. 
Ele lançou um olhar duro e severo. Deve ter se dado conta de que 
estava se referindo à facilidade com que lhe tinha feito cair de costas quando 
menos o esperava, pois logo depois de um momento a tomou com força de 
um braço e, sem dizer uma palavra a Tamiron nem a ela, tirou-a dali 
liberando-a da tentação de meter-se em problemas. 
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— Foi algo que disse? -ronronou Tedra, com sarcasmo, antes que a 
instalasse comodamente no interior da barraca e uma vez mais em um lugar 
onde ele dormia. 
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Capítulo 13 
A tenda era realmente muito espaçosa e com uma porta bem alta. As 
paredes feitas de uma espécie de tecido muito grosso, se encontravam 
firmemente cravadas ao chão por meio de estacas. Tedra chegou a conhecer 
cada centímetro quadrado, ao passear de um lado a outro, enquanto 
esperava a volta do bárbaro. Estava faminta e de muito mau humor por ter 
ficado o resto da tarde com a única companhia do fembair, e mais nervosa 
ainda porque tinha ordenado que ficasse ali, como uma prisioneira qualquer. 
Como tinha dado essa ordem em um "lugar onde dormia", devia 
obedecer, mas ao ficar a sós lhe tinha ocorrido que o lugar de dormir do 
Challen era também, a área onde vivia e passava seus momentos livres, que 
a tenda era um amplo espaço sem divisões, no qual poderia mudar daqui 
para lá durante todo o dia, em vez de fazer só de noite quando se retirasse 
para descansar como ela tinha suposto. As únicas vezes que não estaria 
sujeita a uma obediência cega e servil seria fora da tenda, mas se não a 
deixava sair teriam que manter um bate-papo sobre isto, entre outras 
coisas. Este assunto de descobrir isso quando era muito tarde para que ela 
pudesse fazer algo a respeito, não era precisamente seu modo de agir. 
O branco fembair tinha permanecido todo o tempo ao seu lado, jogado 
no chão sobre suas patas e com a cabeça para o alto em posição erguida, 
como o rei das bestas que provavelmenteera quando açoitava a larga cauda 
contra o chão, enquanto aqueles imensos olhos azuis não perdiam nenhum 
só de seus movimentos. Quando o estômago dela começou a grunhir de 
fome, se perguntou se o felino não estaria também faminto. Deste momento 
em adiante foi dominada de uma sensação de insegurança, que foi 
agonizando com o decorrer das horas e o interior da tenda já estava ficando 
obscuro. 
Quando por fim a porta da tenda abriu, um imenso alívio se apoderou 
dela, acalmando um pouco sua irritação. Diminuiu um pouco mais quando 
viu o prato de comida nas mãos de Challen, mas não o recebeu com um 
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sorriso. Depois de tudo tinha esquecido dela durante horas e horas e a tinha 
deixado sem nada que fazer, sob a vigilância de uma enorme besta. Essa 
vigilância tinha sido desnecessária. Tinha assegurado que cumpriria com a 
palavra empenhada e, segundo ela entendia as regras de jogo, significava 
nem mais nem menos que obedecer todas suas ordens, gostasse ou não. 
— Por que não destapou as pedras gaali, mulher? 
— Se quisesse que eu destampasse algo, devia ter me comunicado 
isso. Não me agrada andar xeretando as coisas de alguém que está ausente. 
-preveniu ela. Contudo, esteve tentada a fazê-lo, embora não houvesse 
muitas coisas. Um grande tapete ou manta de pele, para usar como 
preferisse, estava estendido no chão; uma bolsa de couro bem recheada 
estava de um lado e do outro, uma pequena caixa de madeira. Isto era tudo 
o que podia ver sobre o quadrado de tecido que cobria o espaço entre as 
paredes da tenda. 
— Então, te agrada a escuridão? -perguntou, se adiantando para 
colocar o prato no chão, junto à manta de pele e se sentou. 
— O que tem que ver a escuridão com pedras? -quis saber ela, mas só 
o ouviu suspirar . 
— Verdadeiramente está pondo a prova minha paciência com essa 
fingida ignorância de tudo o que é natural em nosso mundo! 
— Seu mundo. -corrigiu- Asseguro que não é o meu. 
— Isso você diz e devo supor que não sabe o que é uma caixa de 
pedras gaali? -perguntou. Tedra sorriu. 
— Certo. Essa é a que está perto de ti, já que é a única caixa que há 
neste lugar. Agora diga, o que é uma pedra gaali? -ela esperou, mas ele não 
disse, mostrou ao abrir a caixa. Tedra conteve o fôlego ao ver a luz alagando 
toda a tenda. Caiu de joelhos ao lado dele para jogar um olhar ao interior da 
caixa e viu cinco pedras redondas e lisas que irradiavam uma brilhante luz 
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azulada. Podia olhar fixamente sem que lhe machucasse a vista, entretanto 
davam tanta luz que o interior da tenda parecia iluminado pelo sol. 
— Assombroso! - exclamou ela, fascinada- É um tipo de fonte de 
energia? Pergunto se pode comparar ao crysillium, que foi descoberto faz 
uns quantos centenas de anos e antes disso, nossas naves só podiam viajar 
com hipervelocidade. Agora chegamos à velocidade estelar que é dez vezes 
mais rápida e nos facilita muito as coisas para visitar os sistemas estelares 
vizinhos, mas estas pedras parecem energia pura. Irradiam calor? 
Challen a observava com desgosto enquanto ela falava, mas não sabia. 
Então respondeu pegando uma das pedras gaali e colocando na palma de 
sua mão. Na realidade, a pedra era fria ao tato, que era ainda mais 
surpreendente e parecia quase vazia. Quando ele fechou a caixa que 
continha as quatro pedras restantes, a tenda ficou brandamente iluminada 
pela única pedra que ela tinha na palma da mão. Quanto mais pedras, mais 
luz. Tedra teve que perguntar o que poderia fazer uma pedra 
verdadeiramente grande. Subitamente, ao o olhar de novo em seus olhos, 
Tedra sentiu renascer seu espírito prático. 
— Poderíamos fazer bons negócios com estas pedras, Challen. Existe 
uma grande quantidade em sha-K'an? Obtêm-se facilmente? -quis saber. Ele 
tirou a pedra da sua mão, depositou sobre a tampa da caixa e se afastou 
dela. 
— Coma a comida que eu te trouxe! -foi tudo o que ele disse. 
— Muito bem, talvez não tenha a autoridade suficiente para negociar 
comigo, mas ao menos poderia responder minhas perguntas sobre as pedras 
gaali. 
— Não falará de negócios comigo, mulher. Comerá agora; depois se 
encarregará dos músculos do meu corpo, como mencionei antes. 
A idéia de ter que massageá-lo erradicou todos os pensamentos de 
negócios de sua cabeça. Sentiu a excitação invadir seu corpo só de pensar 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
na idéia de tocar o corpo desse homem. Resolveu se acomodar melhor sobre 
os joelhos onde estava sentada, jogou uma olhada sobre o prato coberto de 
enormes partes de carne assada e uma espécie de hortaliças, e já não tinha 
mais fome. 
— Por que não faço a massagem antes de comer? -sugeriu, mas ele só 
moveu a cabeça negativamente. A desilusão que sentiu foi quase evidente. 
Bem, o que tinha esperado? Ele era de pedra. O que a tinha feito acreditar 
que uma simples massagem poderia excitá-lo até o ponto de querer 
compartilhar um pouco de sexo com ela? Não via mais interesse em 
compartilhar sexo nesse momento que o que tinha durante todos esses dias. 
Levantou o prato e ficou contemplando a comida, se esforçando para 
não pensar se ele a desfloraria ou não nessa mesma noite. Não havia 
utensílios para comer, assim com certa vacilação pegou uma parte de carne 
com os dedos e tratou de passar por cima do fato de que tinha sido um 
animal vivo há poucas horas antes. Challen tinha se reclinado, apoiado sobre 
o cotovelo na manta de pele, mas observava, não pôde deixar de ver a 
expressão de desgosto com o primeiro bocado. 
— Não te agrada o kisrak? 
— Suponho que acostumarei ao seu sabor já que estarei aqui por um 
mês, no mínimo. 
— E onde pensa ir quando passar esse mês? -ele perguntou, 
indulgente. 
— Ordenou que não falasse disso. -ela disse. Ele apenas soltou um 
suspiro. 
— Temos outro tipo de carne assada, se não te agrada o kisrak. -ele 
sugeriu. Ela ficou surpresa ante o oferecimento. Ao menos em seus planos 
não pensava em matá-la de fome, o que a tranquilizou bastante depois de 
ter esperado tanto tempo por esse alimento. 
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— Obrigada, mas um ou outro tipo de carne não fará nenhuma 
diferença, já que é carne mesmo o que nunca comi... Nós temos substâncias 
que têm o mesmo sabor de sua kisrak. Até podemos chamar de carne e vêm 
em uma grande variedade de sabores, texturas e cores, mas não é carne de 
verdade. Faz séculos que deixamos de matar animais para nos alimentar. 
— Homens irreais e agora carne irreal. Que outras coisas irreais têm 
em Kystran? -provocou. Tedra reconheceu o motivo de esconder sua 
descrença depois de uma máscara de brandura, mas aproveitaria de todas e 
cada uma das oportunidades que lhe apresentasse, para contar as 
maravilhas dos mundos modernos. Não poderia saber quando seria capaz de 
dizer algo que pudesse lhe convencer que não estava inventando estórias 
para sua diversão. 
— Oh, há muitas coisas mais, suponho, embora em geral não dou 
muita importância, pois são coisas do cotidiano. Temos os mascotes, por 
exemplo. Como se extinguiram a maioria de nossos animais durante a 
Grande seca, os escassos vivos que ficam para mascotes são tão caros, que 
só os muito decididos estão dispostos a pagar o preço exigido, em especial 
quando mascotes mecânicos são tão mais práticos. Vejamos, não estou 
falando de mascotes como seu fembair, a não ser algo pequeno e mimoso 
com todas as qualidades de comportamentais dos animais. 
— Tem um mascote dessa espécie? 
— Eu tenho Martha que me dá todo o trabalho que posso dirigir. Que 
necessidade teria de um cão mecânico programado para rolar sobre o tapete 
uma ou outra vez? -ao ver a falta de expressão em seu rosto, fez uma 
careta- Isso foi só uma brincadeira, bárbaro. Na realidade, tive quedecidir 
entre comprar uma casa nos subúrbios ou comprar um mascote. Preferi a 
casa, pois desejava um pouco mais de intimidade em vez de companhia, e já 
que tenho Martha, que é uma espécie de companhia igual a Corth, mas eu 
adorarei ter um mascote assim que puder economizar suficientes moedas de 
troca para comprar. 
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— Um mascote vivo custa tanto como um lugar para morar? -ele já 
não ocultava mais sua incredulidade. 
— Mais ou menos. -sorriu- Os objetos estranhos não são mais caros 
que os que têm em abundância neste planeta? O que me diz de suas pedras 
gaali? São muitas? 
— Agora mudamos de assunto. -sentenciou, cortante. Tinha sido uma 
boa tentativa, mas tinha fracassado. 
— De acordo, mudarei de assunto. De qualquer forma, preciso 
perguntar algumas coisas. O que aconteceria se eu pedisse amparo de outro 
guerreiro antes de terminar meu serviço? Brigariam por mim? 
— Se causar confusões, mulher, te castigarei. -setenciou ele. Tedra 
sorriu ao ver a expressão séria. 
— Só sentia curiosidade, menino. Como conhecerei as regras se não 
perguntar? Você parece se sentir muito satisfeito esperando até que eu as 
viole para se referir a elas. Isso é um pouco de abuso para meu gosto. -ela 
falou. Ele passou a mão pelos cabelos e pela primeira vez pareceu realmente 
desconcertado. 
— É muito estranho que uma mulher não conheça as regras. Todas as 
mulheres, sem exceção, conhecem as leis, da mais terna idade. 
— Em outras palavras, não tentou deliberadamente me fazer cair em 
uma armadilha devido a minha ignorância? Caramba! Suponho que te devo 
uma desculpa então. -ela disse em um tom muito seco para que levasse a 
sério- Agora provamos estar por sua conta. O que acontece se desafiar 
alguém, enquanto ainda estou sob seu serviço, por ter perdido o desafio 
anterior? - ele se ergueu quase que de repente e foi um indício do desgosto 
que sentia pela direção que estavam tomando os pensamentos da Tedra. 
— Não fará isso, mulher. 
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— Por que não? Quem diz que não o farei? Se formos a isso, o que me 
diz se tiver vontade de te desafiar novamente? 
— Perderá; e por isso seus serviços se alongaram por um mês a mais. 
— Mas se ganhar, terá um mês para esperar até eu possa tomar a 
vingança, não é assim? Vá, essa sim é uma idéia encantadora. Faria pensar 
duas vezes antes de me castigar outra vez? 
— Não. 
— Ao menos poderia ter vacilado um pouco antes de me responder -
replicou ela, seca. 
Ele sorriu então. 
— Já te disse o que deve fazer para evitar o castigo; portanto, não 
deve haver mais castigos. 
— "Não deve" está muito longe de ser "não haverá". Agora, não me 
interprete mal -apressou a dizer, ao ver que o sorriso se desvanecer- Estou 
absolutamente resolvida a te obedecer quando me tocar... Já que falamos 
disso, esta casa terá que ser redecorada, se tiver que viver aqui por um 
mês. Teremos que fazer uma reforma provisória e umas divisões para que 
uma só parte seja seu lugar de dormir. 
— Não será necessário. 
— Então, enfrentamos um verdadeiro problema, amigo, porque não 
disse nada sobre me ter fechada o dia todo em seu quarto. Se for esse o 
caso... 
— Não é. Este é simplesmente o acampamento que usamos enquanto 
estávamos na área de caça. Amanhã ao amanhecer retornaremos a Sha-Ka-
Ra, a cidade onde vivemos. 
— Em casas, espero. 
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— Sim, em casas. -ele sorriu- Não somos tão primitivos como parece 
pensar. 
— Isso é discutível, mas estou disposta a me reservar a opinião -
respondeu olhando significativamente para os dedos gordurentos. O bárbaro 
caiu na gargalhadas ao vê-la. 
— Vamos, kerima, te levarei até o rio onde poderá se lavar. 
— Um pano bastará. Até que encontre um desses chauri para me 
vestir ou ao menos um cinturão, para que esta manta pareça um pouco mais 
decente, ficarei aqui... se para você tudo bem. -ela tentou. Ele não 
respondeu, embora não estava zangado com ela por tentar desobedecer o 
que, com efeito, tinha sido uma ordem. 
— Além disso, deve aliviar seu corpo. 
— Oh! -exclamou ela, sobrepondo-se a confusão- bom... isso muda as 
coisas. Tola de mim por acreditar que o banho ia sair subitamente das 
paredes de uma tenda. -ao ver o olhar fixo dele, sorriu- Não tem 
importância. Já te diverti bastante por um dia com as maravilhas de Kystran. 
Vamos! 
Tedra deixou o prato de lado e ficou em pé, mas antes de se reunir 
com ela, Challen pegou a bolsa de couro e tirou uma toga, ela olhou seus 
braços. E o olhou carrancuda, mas de todos os modos estendeu os braços. 
Ao ficar em pé, ele sorriu e enrolou a toga ao redor da cintura, desatou e até 
ajeitou as bordas da manta para fechá-la, fixando nessa posição. Ela elevou 
a cabeça para olhar nos olhos e até conseguiu um pequeno sorriso. 
— Obrigada, depois de tudo, acredito que não é tão antipático. 
— Me alegra ouvir dizer isso, mas voltarei a te atar para entrar -ele 
anunciou- em Sha-Ka-Ra. Os olhos da Tedra se entrecerraram de fúria. 
Tinha uma verdadeira urgência de dar uma sova nele, mas como perderia, 
conteve-se... por um fio de cabelo. 
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— Em realidade deveria aperfeiçoar sua estratégia, bárbaro -
comentou, desdenhosamente- Um homem preparado teria aguardado até 
manhã para me contar essa pequena novidade. 
Ele não se mostrou afetado pelo seu sarcasmo. 
— Entre nós reinará a sinceridade, mulher, por isso te digo isso agora. 
— E me dar toda a noite para pensar na repetição da humilhação que 
passei hoje? Muitíssimo obrigada. Posso viver perfeitamente de sua maldita 
sinceridade! -gritou ela e saiu majestosamente da tenda, mas teve que parar 
e esperar já que não sabia em que direção estava o arroio, mais combustível 
para avivar sua fúria. Nem sequer podia fazer uma higiene decente neste 
lugar. 
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Capítulo 14 
Para levar Tedra ao riacho prometido, Challen a conduziu através de 
um bosque e logo por um curto atalho cercado de plantas. Tinha lua no céu, 
um grande disco amarelado que iluminava a paisagem com luz tênue através 
de um véu de nuvens. A água escorria e borbulhava calmamente entre duas 
beiradas cobertas de ervas e guarnecidas de pequenas flores brancas, que 
pareciam de ouro prateado à luz da lua. 
Era um lugar romântico, afastado, perfumado de flores onde o regato 
proporcionava um tilintar de serenata. Era um lugar ideal para compartilhar 
sexo, mas tudo o que pensava Tedra nesse momento era cortar em 
pedacinhos seu acompanhante e alimentar os peixes com eles, se havia 
peixes. Mas, se seus pensamentos se encaminharam pelo caminho amoroso, 
teriam se desperdiçado por completo, já que o bárbaro, discretamente, a 
deixou sozinha para que levasse a cabo suas necessidades, as quais fez 
sumariamente. Viver sem comodidades era para os parvos. 
— Se está escutando o que está me acontecendo, Martha, espero com 
toda a minha alma, que queime um fusível e te desligue. Água. Efetivamente 
se lavam com água aqui e me arrumaram um lugar que não existe nem um 
mísero lavabo decente em todo este maldito planeta! Se eu não fosse uma 
fanática por história antiga e não tivesse vagas noções sobre a vida de 
nossos antepassados primitivos, em meio dos desertos e selvas do planeta 
mãe, me sentiria verdadeiramente envergonhada e inútil neste momento. -
desabafou. Não recebeu nenhuma resposta, nem a receberia sem sua 
unidade phazor, mas se Martha estivesse escutando, então poderia localizá-
la e transferi-la pra fora desse lugar. Como Tedra permaneceu onde estava, 
tinha que concordar que Martha continuava jogando com ela ou não a tinha 
localizado ainda. Teve a esperança de que fosse a primeira ideia. Duvidava 
seriamenteque pudesse aguentar mais de um mês nesta vida. 
Retornou ao acampamento sem nenhum inconveniente e voltou para 
interior da tenda onde tinha passado toda a tarde. O bárbaro estava 
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esperando ali, deitado sobre a manta de pele com os braços cruzados 
debaixo da cabeça em repouso total. 
— Correu um grande risco ao me deixar voltar sozinha depois dessa 
tão grata surpresa que me deu sobre o que me acontecerá amanhã -disse 
Tedra, fria, mas apenas olhando-a, ele pôde notar que ela estava rindo por 
dentro. 
— Decidi confiar em seu sentido da honra. É estranho em uma mulher, 
mas é uma qualidade que demonstrou possuir. -ele disse. Odiou essa calma 
em que parecia envolvido e também odiou a atitude magnânima com ela. 
Que importância tinha se ele confiasse que ela cumpriria com as condições 
de sua rendição? Maldito! o que lhe serviria ao dia seguinte quando todo 
povo de bárbaros a olhasse com a boca aberta. 
— Por isso tirou a besta daqui? Não me agradou absolutamente em 
nada o ter todo o dia como cão de guarda. 
— Sharm se tornou preguiçoso vivendo comigo. Caça suas presas à 
espreita quando sai a lua, e no resto do dia, dorme. 
— Que agradável para ele. -replicou. Ao ver sua careta de desgosto, 
Challen riu entre dentes. 
— Cada vez parece mais e mais feminina, kerima. 
— Por que? Porque me oponho ao fato de me amarrar com cordas e 
me exibir para diversão de seu povo? 
— Porque te zanga por algo que não pode mudar. Um guerreiro não 
espera que uma mulher atue de outra forma. 
— Sério? -bufou- E isso se chama ficar zangado? Eu chamaria de 
enfurecer, ao menos em meu caso e como sou uma Seg 1 e treinada para 
aniquilar gente com as mãos nuas, não me animaria a qualificar exatamente 
de femininos os sentimentos que tenho neste momento. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Mas é assim quando não pode controlar. Ou pode controlar... como 
faria um guerreiro? 
— É claro que posso. Não estou te pisoteando todo o corpo, não é? O 
que é isso, se não ser um perfeito controle? 
— Inteligente restrição, uma atitude muito louvável, mas poderia 
exercitá-la enquanto me brinda com serviços? 
— Serviços? -olhou sem compreender do que falava, logo chiou os 
dentes ao recordar a massagem que ele tinha pedido- Deve estar brincando. 
Não estou de humor para dar serviço... de nenhuma espécie. 
— Mas fará -declarou ele, simplesmente- E pode começar agora. 
Contemplou-o, incrédula, enquanto ele se virava e apoiava a cabeça 
sobre os braços cruzados. Com efeito, ele esperava que se aproximasse e 
pusesse as mãos em cima do corpo, que batesse brandamente nos músculos 
doloridos, mas e se não o fizesse? Voltaria a castigá-la? Estremeceu ao 
lembrar o tipo de castigo que lhe tinha imposto. Não estava preparada para 
suportar outra vez, a menos que lhe garantisse que receberia o alívio 
correspondente muito rápido. Se aproximou lentamente e ajoelhou junto a 
ele. 
— Existem diferentes tipos de massagens, guerreiro. A que vai receber 
provavelmente não é o que estava esperando. 
— Então pode começar com o que deseja me dar, mas terminará como 
o que diz que espero; dessa forma conhecerei a diferença! 
Por que por malditos infernos tinha lhe prevenido? Que maneira de 
arruinar uma vingança perfeitamente sutil! e ele a tinha convertido em uma 
ordem que devia obedecer. Oxalá, jamais tivesse ouvido a palavra "honra". 
Mas tinha sua permissão para vingar-se e ali estava suas costas 
dourada para que ela descarregasse suas frustrações. E assim o fez, 
golpeando, esmurrando e lhe dando tudo, exceto uma massagem agradável 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
e prazenteira. Entretanto, houve um problema, suas mãos não suportaram 
por muito tempo esse tipo de castigo, contudo não ouviu nem um só 
grunhido de dor ou de desconforto de parte de sua vítima. Pelo menos devia 
ter ficado tenso quando ela trabalhava nas partes do corpo onde tinham 
dado seus golpes essa manhã, durante a briga. 
— É verdade que te fiz mal hoje? –perguntou ela. 
— Não. 
Tedra se sentou sobre os pés, levou as mãos aos quadris e lhe 
fulminou a nuca com o olhar. 
— Então, quer me explicar por que estou fazendo isso? -ele rolou 
tranquilamente até ficar deitado de costas e esses olhos escuros refletiram 
risos contidos ao cravá-los nos dela. 
— O que fez se deve a que ainda segue brava comigo. A razão pela 
que pedi a massagem foi para que se acostumasse ao meu corpo o quanto 
antes. Agora, me ensine a diferença. 
Não soube o que dizer. A massagem tinha sido para benefício dela. Era 
realmente consideração de sua parte... caso ela se sentisse receosa e 
intimidada por seu tamanho, embora talvez ele acreditasse. Não podia saber 
que era esse mesmo tamanho tão colossal o que ela encontrava tão atraente 
e de seu gosto. Considerou-se um ser desprezível por desafogar nele as 
frustrações devidas aos costumes desse mundo. Apesar de tudo, ele em 
pessoa não tinha ditado as regras para os vencidos em combate, e não era 
nada demais um pouco de humilhação se acaso podia conseguir um exército 
destes guerreiros para salvar kystran? 
— Sinto muito. -ela desculpou-se- Desejas conhecer a diferença, e 
conhecerá, se você se virar... 
— Não. 
— Não? 
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— Fará no meu peito, para me mostrar. -antes de tocá-lo começou a 
arder suas bochechas ao olhar o peito maciço. Até antes de tocá-lo podia 
sentir esse mesmo calor descendo em espiral até seu ventre. Quando o 
tocou, a excitação chegou tão subitamente que quase gemeu. Sua pele era 
muito quente, mesmo assim cedia muito pouco sob a massagem que 
protagonizavam suas mãos; era tão sedosa ao tato e no entanto, os 
músculos eram de aço. Estrelas! Ansiava se inclinar e beijar o peito, esfregar 
as bochechas contra essa pele sedosa, morder, mas ele não dava qualquer 
indicação de desejar outra coisa que não essa massagem impessoal. Estava 
tão quente por ele que poderia ter feito fumaça, mas os olhos do guerreiro 
eram de calma personificada ao olhá-la com o corpo perfeitamente 
depravado, sem tensões... sem excitação. Lentamente virou e enfrentou 
seus olhos lhe olhando com desconcerto. 
— Estive equivocada ao pensar que o serviço em seu quarto significava 
que compartilharíamos sexo? 
— Compartilhar sexo? -ele não sabia do que estava falando. 
— Como o chamaram aqueles guerreiros? -perguntou em voz alta- Ah 
sim, usar. -mas ele ainda não compreendia e lhe ocorreu então que os Sha-
Ka’ari, sendo escravistas e estando acostumados a tomar o prazer sem dar 
nada em troca, poderiam ter outro nome para a participação no sexo que 
seria desconhecida para estes guerreiros- Que nome dão ao ato em que uma 
mulher e um homem se unem intimamente? 
— Diversão. -sorriu, ao compreender finalmente. 
— Eu gosto disso. -devolveu o sorriso- Mas é a única palavra que usam 
para isso? 
— Também temos união, emparelhamento, dar prazer. Você o 
chamaria de fazer amor. 
— Eu sim, mas você não? A que se deve isso? 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Suficientes pergunta por esta noite, kerima. Agora devemos dormir. 
-ele terminou. Por todas as estrelas, nem sequer falar disso despertava seu 
interesse. Obviamente, não a desfloraria nessa noite por mais que ela 
fizesse. Soltou um suspiro. 
— Muito bem, amigo, mostre minha cama e eu... 
— Seu leito é aqui comigo. Acreditava que seria de outro modo? 
— Com o pouco interesse que demonstra em ter "diversão" comigo, 
sim, efetivamente, claro que pensei que seria de outro modo. -ela disse. 
Poderia ter mordido a língua por deixar escapar essas palavras, em especial 
quando soavam tão parecidas como uma queixa... e com efeito eram, mas o 
bárbaro preferiu deixar passar e simplesmente se afastou um pouco paradeixar espaço sobre a pele. Não tinha outro remédio que se deitar ao seu 
lado, embora seria muito difícil conciliar o sonho o tendo tão perto. Gostaria 
que ele tivesse o mesmo problema, mas esse era seu próprio problema não 
o dele. A enfurecia que ele não se incomodava de tê-la tão perto. 
— Me abrace, kerima. -ele pediu. Ela o olhou com desconfiança. 
— Mudou de opinião e não vamos dormir? 
— Não. 
— Então, preferiria não te tocar, se dá no mesmo para você. 
— Mas o fará. -ele disse. Estrelas e planetas! Como estava começando 
a odiar essas três palavras. 
— Está me castigando, Challen? 
— Estou te ensinando a maneira como dormirá todas as noites. Por 
que não chegou o momento de nos unir, não significa que não te quero perto 
de mim. Agora faça como eu disse. 
Não tinha chegado o momento de se unir? Existiriam costumes 
específicos que deviam seguir também para isto, tantos dias, possivelmente, 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
nos que não podia aproveitar do prêmio por ter vencido em combate? Este 
pensamento a fez sentir melhor, razão pela qual não ocorreu de lhe 
perguntar diretamente. Ao menos significava que não era indiferente a seus 
encantos, que simplesmente estava praticando seu prodigioso controle de 
guerreiro. Acomodou-se rapidamente sobre a manta de pele com um braço 
no flanco do corpo do guerreiro e o outro rodeando seu peito. Um dos braços 
do bárbaro também rodeou sua cintura para mantê-la nessa posição. 
— Agora me beijará. -Tedra fechou os olhos para ouvir essas palavras 
que fizeram correr um calafrio pelas suas costas. 
— Isso faz parte do ritual noturno? 
— Sim. 
Serpenteou na cama até que seus lábios pudessem alcançar sua boca 
e se fundiram em um beijo, mas não era isso que ele tinha em mente. Se 
separou com rapidez logo que pôde provar o sabor de seus lábios. 
— Devia ser um beijo para dormir, mulher, não para nos juntar! -
arreganhou. 
— Jamais imaginei que me proporia violar alguém. -grunhiu Tedra, 
mas o disse em kystrani sem se importar se isso o incomodaria ou não e se 
virou para lhe dar as costas. Se insistisse que o abraçasse, ele passaria 
muito mal. E devia ter pressentido por que não insistiu. Não disse nenhuma 
só palavra mais, porém seu braço descansou sobre o quadril da Tedra, ainda 
a mantendo perto. 
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Capítulo 15 
Challen despertou com os movimentos da mulher. Tinha perdido a 
conta das vezes que ela tinha perturbado o seu sonho com seus suspiros, 
movimentos, e viradas, mas felizmente cada vez tinha recuperado o sono 
facilmente. Duvidava que ela tivesse dormido muito, entretanto. Mas isso 
era de esperar de uma mulher cativa recém reclamada, mas não pelos 
motivos que chateavam sua pequena perdedora do desafio. Ela não tinha 
perdido o sono por ansiedade, lágrimas ou simples temor de um novo 
guerreiro a quem devia obedecer, mas sim porque suas necessidades a 
dominavam e tinha dormido com o forte aroma de sua excitação no nariz. 
Durante muito tempo considerou se seria conveniente aliviar sua 
excitação e necessidades, sem a união. Tal coisa podia fazer facilmente, mas 
se ela não sabia, ele preferia mantê-la na ignorância a respeito do momento, 
assim não fez nada. Além disso, ela só se beneficiaria se sua necessidade 
seguisse imperiosa, quando finalmente se unisse a ela. Era melhor um 
pequeno desconforto ao longo da noite, que verdadeira dor, se não estivesse 
preparada para ele quando os efeitos do suco de data se dissipassem. 
Ao abrir os olhos descobriu que o sol já tinha começado a aparecer no 
horizonte. Quando se voltou, encontrou à mulher de frente a ele outra vez e 
também descobriu, instantaneamente, que os últimos efeitos do suco de 
dhaya se dissiparam enquanto tinha pensado nisso. Seus flancos se 
encheram de necessidade, e como era de esperar, essa necessidade era 
nesses momentos tão capitalista que até resultava dolorosa. Além disso 
nunca tinha sido pior antes, porque se amontoavam em sua mente as 
lembranças dos momentos passados, claros e concisos, lembranças de haver 
ficado louco com a Kystrani, de como o tinha deixado doido, a cada olhar 
cheio de paixão e ardor que o tinha brindado, com esses gloriosos olhos cor 
água marinha. 
Gemeu e voltou a fechar os olhos, reprimindo a necessidade imperiosa 
de atrair à mulher debaixo de seu corpo e acabar com essa dor de uma vez. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Havia ela fanfarronado antes de seu maravilhoso controle de guerreiro. Onde 
estava nesse momento? Concentrou-se mais na dor que na necessidade, 
abrindo a mente para que espairecesse, mas não era o bastante intenso para 
lhe induzir ao estado de transe em que poderia passar por cima de todos os 
sentimentos. Era suficiente para lhe dar uma sensação de calma, para que 
voltasse ao controle normal de todo guerreiro, quando não estava sob os 
efeitos da luxuria. A urgência ainda estava presente, mas já não era a 
loucura selvagem de uma besta sem consciência. 
Uma vez mais olhou à mulher que dormia de esgotamento. Até com 
essas manchas azuis debaixo dos olhos que davam testemunho da noite 
desagradável que tinha passado, parecia incrivelmente formosa. Dormia 
sobre seu braço como se fosse o travesseiro, mas o tinha agarrado com 
ambas as mãos, como se sentisse em sonhos o que ele mesmo havia 
sentido, a necessidade de se agarrar ao que tinha encontrado, o medo de 
perdê-lo se o soltasse. Os medos não eram infundados de sua parte, embora 
não queria nem pensar que a mulher pudesse escapar. Havia dito a verdade 
ao comentar que confiava em sua honra. Não havia dito o mesmo a 
nenhuma outra mulher, já que as mulheres do Kan-is-Tra podiam afirmar 
que tinham honra, mas se sabia que o deixariam de lado quando lhes 
conviesse. Estava seguro de que não aconteceria o mesmo com a Kystrani, 
porque era, de fato, um soldado. Cada uma de suas ações assim dizia, até a 
arrogância que manifestava, era tão grande como a própria. 
Não, o medo surgia de outra fonte, não iminente, mas contudo, 
presente. Tinha carinho por esta mulher em seu destino por não mais de um 
mês, e um mês era muito pouco tempo. Tinha parecido a solução ideal 
naquele momento, utilizar seu desafio imprudente contra ela, mas neste 
instante não estava tão seguro. Era verdade que tinha percebido a força de 
sua vontade, tinha reconhecido que estaria dirigida contra ele enquanto 
resistisse a sua reclamação e tinha suspeitado que essa resistência não se 
assemelharia a nada do que tinha conhecido até então. Nem sequer a 
atração que sentia para ele, a qual se via claramente, pela forma direta e 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
ousada de lhe olhar à maneira de um guerreiro, poderia vencer essa 
resistência. E apesar de tudo, tinha decidido no momento em que a tinha 
cuidado com mais calma, o que seria dela. Se tivesse aparecido subitamente 
um protetor para lhe impedir de reclamá-la, teria brigado por ela, tal era o 
desejo de uni-la a sua vida, mas não queria que lutasse contra ele, portanto, 
o desafio lhe tinha parecido o mais indicado para suas necessidades, exceto 
que era uma solução temporária. 
Se não conseguisse fazer que ela desejasse sua reclamação dentro do 
tempo que lhe tinha dado pela derrota na provocação, então ela teria o 
direito de procurar amparo em outro lugar para finalizar seu serviço e isso o 
desgostava muito. Nesses mesmos momentos, ela já estava pensando em 
fazer exatamente isso, se ele se guiasse pelas perguntas que tinha 
formulado na noite anterior, e ele já tinha começado a procurar por meios de 
evitar, mesmo que tivesse que obter manhosamente que ela voltasse a lhe 
desafiar. Desgraçadamente, se ele a desafiasse os efeitos não seriam os 
mesmos. Ela se daria conta imediatamente de que era um intento de sua 
partepara transformá-la em sua mulher e reclamada, sem limite de tempo, 
precisamente o que ela rechaçava com tanta obstinação. Era o temporário 
do acerto a que tinham chegado o que a fazia aceitá-lo sem discutir. Disso 
estava completamente seguro. 
Contemplou o rosto em repouso e observou detalhes que, o brilho dos 
olhos, e a vitalidade e ousadia de suas expressões, o tinham impedido de 
observar antes. As bochechas pareciam coloridas artificialmente luzindo um 
tom rosado muito sutil que era quase imperceptível. Uma fina linha negra 
que não era natural nas bordas dos olhos. Tocou na pálpebra de um olho 
sem despertá-la, mas não apareceu nenhuma mancha na gema do dedo. 
Tinha ouvido que as mulheres de Mau-nik, no norte, procuravam realçar sua 
beleza colorindo o rosto, mas com cores que não se desbotavam nem 
manchavam? 
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Sua pequena soldado não era de Mau-nik, mas de onde vinha? Não 
queria pensar nisso por que não desejava que fosse verdade o que 
suspeitava, e nesse mesmo momento seu corpo lhe indicava que estava 
perdendo o controle e que muito em breve desapareceria por completo. Se 
não despertasse então, ela nem se inteiraria da união de seus corpos pela 
rapidez com que tudo teria acabado. O momento do despertar dos instintos, 
uma vez passados os efeitos da luxuria, era a única vez em que um 
guerreiro perdia sua arrogância e seu orgulho das artes, que jamais 
falhavam, em satisfazer uma mulher, pois na maioria das vezes, as 
esqueciam na desenfreada necessidade. Mas sobre todas as coisas devia 
evitar que acontecesse com esta mulher. Em questão de segundos, não 
mais, Challen tinha tirado seus braços e imediatamente teve que lutar contra 
o desejo imperioso de fundir-se no corpo quente que repousava a seu lado. 
O perfume que usava era ainda potente e aspirou com um suspiro sua 
doçura floral, mas o que queria cheirar nesse momento era o perfume da 
sua excitação e com isso em mente a despertou sem mais preâmbulos. 
Um beijo frenético e intenso exigindo o desejo que ela tinha conhecido 
com tanta frequência e tão subitamente no dia anterior, terminou por 
despertá-la. Quando Challen se virou para julgar sua reação, viu o olhar 
lânguido de seus olhos abertos e o sorriso em seus lábios. 
— Acreditei que nunca encontraria a oportunidade para chegar a isto -
suspirou ela. 
— Não tem medo de se unir a mim? 
— Pareço atemorizada? 
— Suas palavras são valentes, kerima, não teria esperado menos de 
você, mas até as mulheres do Kan-is-Tra temem começar uma relação com 
um guerreiro. Tal temor é normal e continua até que a mulher se acostume 
a seu guerreiro. Esse mesmo temor é até mais frequente entre as mulheres 
capturadas ou reclamadas. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Esta é a categoria a que pertenço eu presumo? Me permita fazer um 
comentário muito pouco lógico, menino. Suas mulheres não são muito 
maiores que eu, certo? 
— Não. -ele respondeu. Ela pôs-se a rir subitamente. 
— Deve ser difícil ser um gigante. Pobre criatura... Vá, não te ofenda. 
Realmente é muito divertido do meu ponto de vista. Foi assim tão cuidadoso 
com todas as suas mulheres? 
— As mulheres são seres frágeis e as machucaria com facilidade -
replicou, brusco, irritado com o bom humor da Tedra e sua habilidade de 
distraí-lo completamente de seu propósito. 
— Algumas mulheres possivelmente, mas eu passei por um 
treinamento desenfreado e violento. Não vou quebrar se tiver vontade de se 
soltar. -desgraçadamente, ela não sabia o que estava sugerindo. 
— Temo que não poderei ser gentil com você por mais que o deseje. 
Me lembro de muitas coisas do dia de ontem. 
— Assim, agora está obcecado com todo esse controle sobre-humano 
que demonstrou? Bem, não te compadeço por isso, menino. Seu maldito 
controle me tem feito padecer como mil demônios. -ela disse. 
A falta de controle de Challen nesse momento o faria sofrer o mesmo 
se ela não se calasse e lhe permitisse excitá-la. Existia uma única maneira 
de silenciar uma mulher sem amordaçá-la e resolveu levar a cabo durante 
todo o tempo que durasse seu controle. Não foi muito. 
O fogo cresceu lentamente, mas quando chegou foi uma combustão 
que dissipou todos os rastros de esgotamento por ter perdido a noite. Sentiu 
toda sua potência quando o bárbaro se moveu para cobri-la completamente. 
Como sabia que estava pronta para recebê-lo? A quem se importava?. Por 
fim ia ser desflorada e por um homem que conhecia fazia um só dia, embora 
parecesse que se conheciam por toda a sua vida. Isso era o mais incrível, 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
não o fato de desejá-lo tanto, nem ter esperado tanto tempo para que 
acontecesse, a não ser essa sensação de completa afinidade com ele. É 
óbvio que tentou desesperadamente encontrar alguém digno dela antes, o 
que provavelmente explicaria esta afinidade, seria ter acontecido tantos 
altos e baixos, no curto tempo desde que se encontraram. Também 
contribuiria à essa sensação se o tivesse conhecido durante muito mais 
tempo, mas nada disso importava a esse torvelinho, violento e selvagem, 
que ele desatava dentro dela com tanta facilidade. 
Challen estava bem entre suas pernas, tinha levantado o corpo para 
apoiar todo seu peso sobre os braços estendidos. Inchou seus bíceps e a 
pele brilhava de suor. Havia tanto para tocar nele e Tedra ansiava por 
acariciar, contemplar, mas então só o queria sentir muito fundo dentro dela. 
Quando o fogo do corpo do guerreiro a penetrou, Tedra conteve a 
respiração. Estrelas e planetas, quanta firmeza, que plenitude! Sabia que 
seu corpo teria capacidade para ele, mas não acreditava poder esperar muito 
mais para se amoldar a ele, e tampouco poderia, como pensou. O 
autodomínio que exercitou fazia tremer todo o corpo, estremecia os 
músculos e o banhava de suor. Havia duas possibilidades, ou se sentia tão 
incômodo como ela ou estava realizando outro esforço sobre-humano. O 
esforço era um desperdício. Apesar do desconforto que produzia sua 
penetração, apesar de saber que sobreviria uma dor mais intensa ainda, 
Tedra o desejava dentro dela por completo e sem demora. 
— Está esperando minha permissão? 
— Não é necessária a permissão de uma perdedora. -ele falou entre 
um grunhido e um gemido. 
— Tem sentido. -foi o melhor que pôde dizer então, incapaz de se opor 
a nada nesse instante, exceto a essa contenção que ele mesmo se impunha- 
Então, por que te contém? -ela perguntou. Tedra pensou que ele riria, mas 
Challen não conseguiu. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Porque é muito pequena. 
— Eu, pequena? Possivelmente sou normal, é você que é muito 
grande! 
Challen não podia acreditar que estivesse mantendo esse tipo de 
conversa nesse momento tão crucial, embora tinha que admitir que o 
ajudava a se conter um pouco mais e não se soltar selvagemente. 
— Pensa que conheci tão poucas mulheres que não sei a diferença? 
Deve ter viajado durante muito tempo para chegar aqui. -ele soltou. Tedra 
não soube a que vinha essa indagação, nem lhe interessou averiguar. 
— Bem, não vou alargar até que não comecemos a fazer isto 
regularmente. Assim se está te contendo por minha causa, não o faça. 
— A paciência é uma virtude que te faria bem praticar, mulher. 
— Como você? Esquece. Se não continuar com isto, acreditarei que 
está me castigando de novo, me fazendo esperar. -ela disse, quase 
suplicando. Ele fechou os olhos e caiu sobre Tedra. Já não suportava a 
tensão nem o esforço. 
— Não quero... te machucar. -ele disse, suspirando. Ao ouvi-lo se 
sentiu invadida por uma estranha ternura por ele, mas não havia razão para 
que ambos sofressem. Tomou o rosto de entre as mãos e o obrigou a olhá-la 
nos olhos. 
— Isto é um rasgo, Challen. A dor é inevitável para mim, não 
importandoo que você faça. Eu poderia ter corrigido isse se tivesse 
antecipado... você não sabe do que estou falando, não é? Entenderá se me 
penetrar, meu gentil guerreiro. Faça agora. Garanto que posso suportar. -ela 
o tranquilizou. 
Depois de ouvir essas palavras não havia nada que o pudesse deter, 
mas também ouviu o grito que escapou da garganta da Tedra quando ele a 
penetrou fundo. Nunca em sua vida tinha arrancado um som igual de uma 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
mulher, mas instantaneamente entendeu o motivo, havia sentido sua pele 
ao ser violada descuidadamente. Rasgo... a palavra que ela tinha utilizado. 
Se soubesse que seu significado era literal, e então compreendeu que sua 
pequenez incomum, não se devia à abstinência de uma viagem muito longa 
sem um homem a seu lado, e sim pela abstinência de toda uma vida. 
Ninguém a havia tocado, uma mulher de aparência e palavras tão ousadas, 
uma mulher, não uma jovenzinha. Era a única coisa que jamais teria 
imaginado dela. 
— Me perdoe. -disse Tedra, interrompendo seus pensamentos, com 
uma voz não muito segura.- Não... não foi tão terrível como soou. 
— Não foi, pequena mentirosa? 
— Não, realmente penso ter sido uma reação do cérebro... já sabe, 
esperava que doesse com um homem de tamanho normal, mas você sabe 
que é maior que o normal e assim foi que meu cérebro supôs que ia doer um 
pouco mais contigo e quando realmente começou a doer, meu velho cérebro 
gritou: "Cuidado!" e ali tem a consequência. Uma reação completamente 
desproporcional. -ele esteve a ponto de começar a rir. As explicações que 
esta mulher lhe dava poderiam chegar a enlouquecer se tentasse 
compreender, mas pela primeira vez acreditou captar o sentido do que dizia. 
— Uma reação do cérebro? As mulheres frequentemente choram antes 
de ter uma razão para fazê-lo, choram antecipando uma razão. 
— Não prestarei atenção a essa comparação, posto que captou a idéia 
geral, mas toma nota de que não tem lágrimas em meus olhos. -ela disse. 
Ele sorriu carinhosamente. 
— Não foi minha intenção ferir seu amor próprio, soldado. Grande foi 
sua dor, entretanto, minimizou corajosamente em consideração a mim. Além 
disso trata de não me fazer sentir culpado por te machucar, ao qual te 
agradeço. Mas sou eu quem deve te pedir desculpas. Você... rasgo... não 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
tinha por que ser tão brutal... se eu soubesse... -ela selou seus lábios com 
um dedo. 
— Não tenho intenção de te faltar ao respeito, menino, mas podemos 
dar por terminada esta discussão? Se não o notou, já não dói, e por mais 
que eu goste de te sentir dentro de mim, também gostaria de saber o que 
vem depois, eu agradeceria que seguisse adiante. 
Agradeceria que seguisse adiante. Uma donzela do Kan-is-Tran teria 
passado o resto do dia chorando e gritando que a tinham feito em pedaços e 
que não deviam tocá-la nunca mais. Sua donzela Kystrani lhe agradeceria se 
ele "seguisse adiante". Ele fez precisamente isso. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Capítulo 16 
Tedra dobrou suas largas pernas e se abraçou a elas, apoiando o 
queixo sobre os joelhos enquanto os suaves movimentos compassados do 
pente ao deslizar por sua cabeleira, começavam a adormecê-la. Challen a 
estava penteando havia mais de meia hora e não dava sinais de querer 
abandonar essa tarefa. 
Quando ao finalizar a comida, ele tinha tirado o pente de ouro e 
ordenado que se sentasse sobre o tapete entre suas pernas estendidas e 
abertas, não se havia oposto. Para então seus largos cachos eram um 
matagal infernal de nós e ela não tinha mais há mínima noção de como 
desembaraçá-los sem um pente à mão. Seu guerreiro tinha desembaraçado 
em questão de minutos, mas não se contentou somente com isso. Tedra 
estava começando a acreditar que gostava de pentear às mulheres. O que 
não lhe tinha ocorrido pensar era que pudesse estar realmente fascinado por 
esses compridos e frisados cabelos negros. 
Não tinham partido essa manhã para a cidade natal do Challen como 
ele tinha programado. Tedra havia tornado a dormir depois dessa primeira 
experiência extraordinária de parceria sexual e Challen a tinha deixado 
dormir profundamente durante toda a manhã. Despertou quando o sol 
estava bem alto no céu e tornaram a se unir imediatamente sobre o tapete 
de pele. Esta foi sua segunda experiência, embora muito mais pausada e 
prazerosa. 
Nesse momento Challen se inclinou sobre ela e mordiscou seu ombro 
nu. Tedra despertou instantaneamente. Ele adorava morder. As numerosas 
dentadas que tinha recebido até então tinham sido o bastantes fortes para 
lhe chamar a atenção, mas não tanto para deixá-la marcada. Contudo, o 
suspense sempre estava presente quando esses dentes brancos e iguais lhe 
roçavam a pele. Suspirou e olhou por cima do ombro para ver se existia 
alguma razão para essa dentada. Sorriu agradada ao ver o olhar desses 
olhos tão escuros. Era um olhar que não tinha aparecido neles em todo o dia 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
anterior, mas que tinham aparecido hoje. Inúmeras vezes esse dia, em 
muitas ocasiões. Significava que a desejava outra vez. Não a incomodava, 
tampouco a surpreendia. A terceira e a quarta vez que a tinha feito rodar 
debaixo de seu corpo esse mesmo dia se surpreendeu. Entretanto, tinha 
deixado de contar e de se maravilhar por isso, aceitando o fato de ter um 
bárbaro insaciável nas mãos. Fosse qual fosse a razão pela qual se conteve 
no dia anterior, agora a compensava com acréscimo. E como negar a lhe 
agradar a necessidade, se esse homem tinha lhe dado tanto prazer? 
— Quer algo, Challen? -ronronou com ar incitante e isso lhe valeu que 
a tomasse entre seus braços e a depositasse sobre seu peito, ao cair de 
costas sobre o tapete de pele- Devo supor que essa foi uma resposta? -
inquiriu dando um beijo no queixo recém-barbeado nessa manhã. 
Sem dizer uma palavra lhe assinalou os lábios e ela obedeceu 
acolhendo a ponta da sua língua com certa indolência. Compreendendo que 
ela não faria mais que isso, Challen tentou mordê-la... e falhou. Tedra soltou 
uma risada entrecortada, logo chiou quando ele tentou de novo. O problema 
com esse jogo eram os braços fortes que a rodeavam e a tinham prendido. 
Impossível escapar, assim rapidamente estava beijando como ele desejava, 
dando o beijo apaixonado que levaria a união, o beijo que ele tinha 
rechaçado a noite anterior. Entretanto, antes que ela chegasse ao êxtase 
total, ele jogou a cabeça para trás. 
— Esta dolorida? -perguntou. A pergunta chegou um pouco tarde na 
opinião de Tedra, mas não o comentou- Não me diria isso, não é? 
— Não 
— Esta será a última vez, eu prometo isso. 
— Ouça, não se sacrifique por mim... ou é você que está dolorido? -
recebeu uma dentada no pescoço por essa insinuação- OH! Assim pode fazer 
isto dia e noite. Jamais o duvidei. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
O comentário fez com que Challen risse a gargalhadas. O homem 
realmente desfrutava da parceria sexual. Tedra descobriu que ela também, 
ao menos com ele. Fazia com que risse e as vezes a fazia querer gritar, e 
sim que gritava a maioria das vezes quando o prazer a atacava por surpresa, 
tão intenso era. 
Nesse mesmo momento ele a levantou e sentou sobre a parte inferior 
de seu peito, com os joelhos dobrados e os pés perto de seus quadris. A 
posição a deixava inteiramente a disposição de suas mãos e quando 
começou a acariciá-la não deixou de lado nenhuma parte do seu corpo 
elástico e sensual. Desta vez não queria que o tocasse, assim colocou suas 
mãos sobre os quadris e proibiu que as tirasse dali. Tudo o que Tedra podia 
fazer era olhar fixamente e observar como a paixão tornava mais intenso os 
olhos escuros. 
— Me dê seu peito. -quase choramingouao ouvir o pedido através da 
névoa que lhe nublava os sentidos provocados pelas carícias eróticas do 
Challen. 
— É ... muito... Challen. 
— Me dê seu peito -repetiu ele e foi uma ordem. Inclinou-se 
lentamente para frente, gemendo por antecipação como ele tinha afirmado 
que faziam as mulheres, mas sabia que tinha uma boa razão para fazê-lo e 
não se equivocou. Assim que chegou mais perto, a boca de Challen se 
prendeu ao mamilo e começou a sugar. Ela enlouqueceu de prazer e de 
angústia, sabendo que ele não tinha nenhuma pressa, que tomaria todo o 
tempo do mundo para desfrutar dela. A urgência que lhe dominava tinha 
passado ao esquecimento essa mesma tarde depois da quarta vez. 
Ela parecia desabrochar todas as vezes que se unia, sem importar se 
era muito cedo ou com quanta frequência. Não rogaria, não o faria por nada 
do mundo. Se afastou, mas em represália ele a atraiu outra vez para sugar o 
outro mamilo. Um fogo abrasador correu pelos nervos dos seios aos flancos 
onde pulsou febrilmente. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Tremia e ardia de necessidade. Esqueceu onde deviam permanecer 
suas mãos e arremeteu contra ele, empurrando, mas não para escapar. 
Tratava desesperadamente de se deslizar sobre seu corpo para lhe encontrar 
sem sua ajuda, mas só conseguiu que as mãos fortes a agarrassem pelos 
quadris imobilizando-a onde ele queria que estivesse. "Por favor!" gritou seu 
cérebro enquanto os dentes se cravavam nos lábios para guardar o grito em 
silêncio. 
E então se encontrou debaixo dele e ele dentro dela, fundo, muito 
fundo, e estava chegando ao limite do prazer, estalando ao redor dele, 
estremecimento atrás de estremecimento, do mais doce, do mais glorioso 
êxtase jamais alcançado, continuando sem cessar durante todo o tempo que 
ele se impulsionava dentro de seu corpo e o fazia sem parar, 
incansavelmente. OH, estrelas do universo! 
Tedra não podia calcular quanto tempo teria passado, supondo que 
tinha desmaiado, já que subitamente ao elevar a vista encontrou Challen e 
não recordava em que momento acalmou sua respiração ou seu pulso, mas 
já tinham voltado para a normalidade. Ele estava sorrindo com um ar de 
superioridade masculina que em qualquer outro instante teria feito querer 
lhe esbofetear, mas nessa ocasião imaginou que era plenamente merecida. 
Este guerreiro sabia bem o que fazia. Era possível que esta vez a tivesse 
enlouquecido muito, mas o resultado final, bem, havia valido a pena. 
— Esta noite dormirei como um bebê -anunciou ela com um suspiro. 
— Antes devemos falar. 
— Falar? -piscou. Não o tinha feito em muitas oportunidades esse dia, 
mas nesse momento?- OH, vamos, menino, está saindo a lua e eu me sinto 
tão cansada... 
De um simples puxão se encontrou sentada, as pernas cruzadas sem 
que interviesse sua vontade e com as mãos sobre os joelhos. A perfeita 
posição para um bate-papo. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Imagino que falaremos -expressou sem convencimento, mas a 
expressão de seu rosto mostrava seu desagrado- Como é possível que fosse 
uma mulher virgem, e entretanto dava a sensação de... não sê-lo? 
— É isso o que te deixa perplexo? Chama-se educação sexual e é uma 
matéria obrigatória que acontece a todo mundo sem exceção, menino. Assim 
só pelo fato de não havê-lo provado, não significa que não conhecesse os 
comos ou os porquês. -pôs-se a rir subitamente- E agora posso finalmente 
entender por que os kystranis se voltam um pouco suscetíveis quando não 
têm sua dose diária. -ao ver seu olhar de incompreensão, suspirou- Isso foi 
demais... não se importe. Respondeu sua pergunta? 
Ele negou com a cabeça 
— O que me diz de suas maneiras que pareciam indicar experiência? 
— E o que há com isso? Supunha que devia fingir que me desgostava o 
que via? Atrevida, descarada e arrogante, essa sou eu. 
— Entretanto, com uma atitude semelhante, uma mulher encontraria 
muito em breve um par para se unir. Como é que chegou à idade que tem 
sem um? 
— Porque não te tinha encontrado ainda, doçura. 
— É outra espécie de elogio? 
— Nada de "espécie" neste último. É que eu não gostava do que via... 
até que apareceu você. Na realidade, é um assunto um pouco mais 
complicado que isso. Não me sentia confortável com os homens a quem eu 
podia... Que eu... 
— Que pudesse desafiar e vencer? -imaginou que ele poderia se 
ofender, como questão de princípio com respeito às espécies masculinas, 
mas estava rindo. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Talvez devesse te explicar algo para que não tenha uma idéia 
equivocada outra vez em relação aos homens kystranis. Eu não sou uma Seg 
1 comum, que treinou com armas para a guerra. Eu levei meu treinamento 
muito mais à frente, e me dediquei, não só as técnicas do combate moderno, 
mas também aquelas de nossos antepassados. Faz tempo que todas essas 
coisas caíram no esquecimento, já que as poderosas armas modernas 
converteram essas técnicas em obsoletas. -franziu o cenho ao ver minha 
expressão- Não me parece que esteja compreendendo plenamente o que 
digo. 
— Possivelmente porque não te entendo. 
— Então, veja desta forma. Quanta confiança teria se eu estivesse aqui 
te apontando com meu phazor? Se sentiria confortável em me seduzir, 
sabendo que a qualquer momento poderia te paralisar? E tenha em conta 
que você não vai a minha cama com uma arma similar à mão... bem, quero 
dizer que eles não vão. Você, por outro lado, sim tem uma arma similar. Vê 
agora o que queria dizer? 
— Sua arma é a luta sem armas? Os homens kystranis se esqueceram 
desse tipo de luta? 
— Exatamente. OH, ainda sabem dar murros, mas isso é jogo de 
meninos comparado com o que eu posso fazer, e de todos os modos, um 
homem kystrani não levantaria a mão para uma mulher. Então, agora 
compreende por que não me tinham deflorado? 
— Por que escolheu que não o fizessem, sim, mas por que não te 
reclamaram apesar disto. 
— Tinha que introduzir a arrogância nisto? -perguntou, desgostada- 
Você pode assumir essa atitude, mas não um homem de Kystran, e a sua 
arma, amigo, é seu tamanho realmente incrível e esses músculos como 
vasos de aço. -e acrescentou uma dose de sua tão própria arrogância- sem 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
isso te teria vencido, exatamente como o fiz com Kowan, um camarada 
guerreiro dos teus. -ele bufou e soprou. 
— Este Kowan não pode ter sido um guerreiro do Kan-is-Tran. 
— Não o é -admitiu e decidiu não seguir com o tema se isso o 
acalmava e o fez- Já podemos dormir? 
— Primeiro me explicará o significado de "arrumá-lo". Implica que 
podia ter diminuído a dor de uma primeira união? 
— Sim. 
— Isso é impossível -estalou. 
— Não só é possível, como também se converteu no procedimento 
padrão no Kystran. Tudo o que demora são uns quantos segundos no interior 
de uma unidade médico-técnicas técnica, e essa pequena membrana que fez 
em farrapos, teriam extirpado sem sentir absolutamente nada. 
— Mas o chamou de rasgo, o que significa uma abertura. 
— "Rasgo” é uma palavra antiga usada antes que as mulheres fossem 
listadas e começasse a visitar primeiro uma unidade médico-técnica, quando 
estavam preparadas para iniciar a parceria sexual. Agora a palavra significa 
nada mais que "primeira experiência". 
— Me diga então por que não te encarregou de passar por essa 
extirpação indolor quando ficou maior de idade. 
— Porque teria ficado registrado e seria esperado que aceitasse meu 
primeiro homem muito em breve depois disso, mas como, também, teria 
ficado devidamente registrado em meu histórico. Ao menos já não tenho que 
me preocupar com a Idade de Consentimento nunca mais, embora na 
realidade não sei como vou provar um rasgo em velho uso, sem um 
computador de testemunha. Suponho que o terei que fazer outra vez diante 
CarolJohannaLindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
de Martha quando me encontrar. Essa maldita máquina jamais acreditará só 
em minha palavra. 
— Mulher... 
— Sei, sei, isso não te diz absolutamente nada, mas certamente não 
quer ouvir nem pensar em uma de nossas leis mais ridículas, não é verdade? 
— Se essa lei te corresponder, sim. 
— Mas já não me corresponde mais. 
— Proteger a minha mulher é meu direito e não poderei exercitá-lo 
adequadamente se ela estiver sujeita a leis que desconheço, portanto 
deixará que eu julgue. 
— Assim que o tirano se reuniu conosco. Deixá-lo sair é um mau 
hábito que tem... muito bem! -ofegou quando ele esticou a mão para tomar 
o peito. Fulminou-lhe com o olhar ao recordar que tinha prometido que não 
compartilhariam mais do sexo essa noite e portanto tinha a intenção de 
castigá-la por tratar de evitar o tema- Briga sujo, guerreiro. Não creio que 
não recordo... muito bem! –esquivou-se da mão que voltava a carga. 
— Agora me explicará. 
— É uma lei estúpida, promulgada por homens estúpidos há muito 
tempo. Nessa época se decidiu que a parceria sexual era a maldita cura de 
todos os males menores e obrigava a todas as mulheres a beneficiar-se 
utilizando-a, lhes importasse ou não. Mas só se aplica a mulheres que não se 
rasgou, e já não o sou mais. 
— Isso era tão difícil para me dizer? 
— Sim, é obvio, já que é um tema que me preocupou durante muito 
tempo, mas esse não é o ponto, Challen. Eu disse que já não me 
corresponde, por que não aceitou minha palavra e trocou de tema? 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Também disse que deve provar que a rasgaram. Até que dê essa 
prova, não está sujeita a essa lei? 
Tinha um pouco de razão. Seu novo histórico como Tamber De Lhes e 
rasgada não se aplicava a Tedra do Arr, ainda sem rasgar nos registros. 
Certamente que não poderia recuperar sua própria identidade no Kystran até 
que Garr reassumisse o poder, mas mesmo assim lhe agradaria que este 
assunto ficasse encerrado, agora que ela mesma havia resolvido por sua 
conta. 
— É muito improvável que algum membro de Seg se apresente por 
aqui para me entregar ao dilacerador eleito por computadores, Challen, e 
sob nosso novo governo eu terminaria sendo escrava se o conseguissem, 
mas essa é outra história, e ao diabo com esse brilho estranho em seus 
olhos. Não te contarei nada disso a menos que esteja disposto a admitir que 
Kystran é outro planeta e não outro país de Sha-Ka'an. 
Ele cuidadosamente observou as belas facções da mulher por uns 
momentos e deve ter chegado à conclusão de que tinha insistido muito para 
uma noite. 
— Não deve se zangar com um guerreiro por seguir seu instinto 
natural de proteger a sua mulher de todo perigo. 
Era uma desculpa ou uma repreensão? Ou acaso estava insinuando 
sutilmente que era ela quem devia desculpar-se? Mas não mordeu o anzol. 
— Um sentido elementar de cortesia aconselharia esperar até que se 
solicitasse ajuda. 
— Não no Kan-is-Tran. 
Essa afirmação foi na verdade inquestionável. Os costumes de Sha-
Ka'ari não eram os costumes dos Kystran 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Capítulo 17 
Tedra viu a montanha no meio da manhã, quando por fim deixaram 
atrás a região de floresta, e entraram numa zona de colinas baixas e 
arredondadas que flanqueavam férteis vales. Challen a tinha chamado Monte 
Raik e a vista era realmente magnífica. Elevava-se a grande altura no sul e 
rematava em um pico tão alto que estava coberto de gelo e neves eternas, 
até em um clima subtropical como o dessa parte do planeta. Para o norte 
também havia algumas montanhas que foram deixando atrás, a Cordilheira 
Bolcar, além da qual se encontravam as terras desconhecidas entre as que, 
supostamente, se encontraria Kystran. Era uma larga massa cor púrpura que 
até podia se ver facilmente por cima das copas das árvores atrás deles, 
embora não tenha picos tão altos e imponentes como o Monte Raik para 
onde se dirigiam nesse momento. 
Em torno do meio-dia começaram a diminuir os vales de ervas e Tedra 
passou a ver terras cultivadas com grãos e vegetais, mas nenhuma casa e 
nem celeiro pelos arredores. As árvores, imensas e majestosas, tinham 
reaparecido em fileiras, cortando o vento e protegendo uma horta em plena 
floração, um bosque de dourada folhagem rodeando pela metade um 
pequeno lago azul, e uma floresta de vívidas cores, onde o alaranjado, o 
amarelo e o brilhante vermelho das folhas, se mesclavam com toda a gama 
de verde e marrom. 
Dirigiram-se a esta última e entraram por um caminho de terra calcada 
que serpenteava entre os troncos das árvores, demonstrando que nada se 
destruiu para abri-lo. Tudo era natural. Tedra amava isso, que não se 
destruiu nada para fazer lugar aos homens. De fato, agradava-lhe tudo desta 
terra, o clima agradável e temperado, as paisagens maravilhosas e, se o 
pensasse bem, os homens tampouco estavam tão mal. 
Os que viajavam com o Challen compartilhavam uma cálida 
camaradagem, brincando e se acotovelando uns aos outros, rindo com 
frequência de piadas que Tedra ainda não compreendia muito bem embora o 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
faria com o tempo. Essa manhã a tinha envergonhado muitíssimo sair da 
tenda de Challen e se encontrar subitamente com aqueles guerreiros 
montados em seus enormes hataaris, e outros hataaris carregados com o 
fruto da caçada e todos eles lhes esperando. A situação ficou mais 
intolerável para ela ao compreender que tinha acontecido outro dia mais de 
caçada porque Challen esteve esse dia com ela e, em consequência, todos 
eles tinham que saber o verdadeiro motivo pelo qual ele tinha demorado a 
partida. 
Challen, esse caipira super desenvolvido, não tinha aliviado em nada 
seu desconforto ao demonstrar excessiva familiaridade com ela quando a 
subiu em seu hataar, deixando que suas mãos se atrasassem mais do que 
devido sobre a cintura e logo deixando escorregar pelas pernas nuas diante 
de todos os olhares. Claro que acabava de compartilhar o sexo da manhã 
com ela e ainda se sentia terno e amoroso. Ela, em troca, havia retornado 
rapidamente a seu mau humor da véspera antes de ir dormir. Sua irritação 
se devia principalmente a que Challen não tinha se dado conta da irritação 
que sentia contra ele e tivesse ordenado que o abraçasse e dormisse muito 
junto do seu corpo, depois de dar o beijo de boa noite. E tudo depois dessa 
famosa conversação que tinham mantido. 
Mas a última irritação tinha durado muito pouco nesta manhã, pois o 
dia era muito bonito e a companhia estava de muito bom humor para poder 
continuar mais de meia hora. Até as cordas que rodeavam seus pulsos não a 
machucavam tanto como tinha suposto que o fariam. Provavelmente era 
porque ele tinha saído cedo da cabana, retornando com outra corda que 
converteu em cinturão para a curta manta que cobria o seu corpo, com isso 
conseguiu que ficasse mais apropriado e decente que alguns dos trajes para 
climas quentes que ela possuía. Ficou realmente agradecida por esse 
cinturão, sobretudo por que o tinha recebido sem ter que pedir. Vá, entre 
seu despotismo da noite anterior e esta atitude benévola da manhã, seu 
bárbaro ocultava muito mais coisas do que tinha acreditado em um princípio. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Pouco depois de meio-dia se param junto a um riacho sinuoso, e 
compartilharam a carne fria da noite anterior, além de pequenos bolos 
redondos de um doce pão branco chamado crumos. Estavam no meio da 
floresta em uma clareira sombreada pelas árvores antigas. A folhagem 
estava povoada de pássaros que tagarelavam sem cessar e de pequenas 
criaturas peludas que quase não descendiam das árvores. Essa manhã Tedra 
tinha descoberto, pelo menos, uma dúzia de animais novos, mas todos 
inofensivos,já que desaparecia rapidamente ao ver se aproximar os grandes 
hataaris. 
Challen não a desatou para esta comida ligeira, mas ela nem se 
alterou, já que ele se viu forçado a ajudá-la, demorando ainda mais sua 
própria alimentação, o que, em certo sentido, pareceu ser a justa retribuição 
que encontrou divertida. Sentado no chão ao lado dela usou a larga adaga 
para cortar os bocados de carne de uma parte maior e entregar a ela. A 
princípio tinha tentado lhe dar na boca, mas ela mordeu seu dedo como 
prêmio por esse esforço degradante, mas Tedra não se sentiu tão satisfeita 
consigo mesma e nem divertida, pelo fato de saber que isso o agradou, se 
tivesse se dado conta de que ele estava tomando seu tempo 
deliberadamente, para encontrar uma desculpa e assim fazer que outros se 
adiantassem, teria se desconcertado por completo. 
Tal como estavam as coisas, não suspeitou de nada, nem sequer para 
perguntar por que nenhum dos guerreiros se ofereceu para esperar, o que 
ela considerava seriam uns poucos minutos, posto que Challen já estava 
limpando sua adaga quando o resto começou a se por em marcha. Antes que 
desaparecesse de vista o último homem, ele ficou em pé; ela também o fez 
e se dirigiu diretamente ao hataar para que ele não tivesse que ordenar, 
mas quando ele se colocou às suas costas não foi para subi-la ao lombo do 
animal. 
Ela aceitou o abraço inesperado e o gentil apertão que recebeu. Depois 
de tudo, sentia-se saciada e até feliz sem saber a que atribuir. Além disso, já 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
estava acostumada ao fato de que a seu guerreiro simplesmente agradava 
estreitá-la entre seus braços e apertá-la contra seu corpo. Mas depois de um 
momento ele a fez girar e ela nem sequer foi consciente de que lhe tinha 
tirado o cinturão, até que sentiu as mãos debaixo da manta, cobrindo suas 
nádegas para estreitá-la mais contra ele e logo deslizar para cima, 
acariciando a pele nua das costas sem encontrar nenhum impedimento. 
Quando tentou perguntar o que estava fazendo, lábios ardentes 
selaram sua boca, respondendo a pergunta que esqueceu imediatamente. O 
guerreiro sabia beijar pondo no jogo os lábios, a língua e até os dentes, e o 
fogo, estrelas! O fogo que disparava faíscas acesas por todo seu corpo. 
Poucos segundos depois se encontrou deitada sobre o suave tapete de ervas, 
perdida no reino das sensações puras. 
Logo depois dos excessos do dia anterior, seu corpo havia sentido 
desconforto sem que ela o advertisse, apesar de ter despertado essa mesma 
manhã para dançar ao som desta toada. Mas isso tinha acontecido fazia 
horas e o prazer que sentiu foi completo quando chegou e bastante intenso 
para arrancar um grito da sua garganta, que desatou uma extraordinária 
gritaria entre os pássaros posados nos ramos. 
A volta à realidade foi lenta, mas o primeiro olhar claro lhe devolveu a 
expressão de Challen que fez soar sinos de alarme em sua mente. Era a 
expressão de um homem que tinha ganho uma batalha de alguma espécie e 
levou uns momentos até se dar conta de que não se encontravam em um 
lugar "onde ele dormia", que poderia ter se negado a esta união, que tinha 
perdido essa opção no mesmo momento em que ele começou a beijá-la, 
não porque não a tivesse ou a tivesse perdido, mas sim porque lhe resultava 
impossível pensar com claridade, quando ele estava prendendo fogo a seu 
corpo que acabava de despertar ao fazerem sexo. 
— Por que fez isso? -perguntou só para estar segura. Ele não tentou 
fingir que não lhe entendia. 
— Para ver se podia. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Quer dizer, para ver se eu permitia isso. 
— Não sejamos sofistas em um tema discutível. 
— Serei sofista se eu quiser ser sofista -replicou ela ao serpentear para 
sair de debaixo de seu corpo- Estamos falando aqui de um verdadeiro abuso 
de autoridade, Challen. Algo que é da maior importância para mim. –ouviu-o 
rir entre dentes. 
— Mulher, o que é que desaprova, que não pensou em dizer não ou 
que não quis dizer não? -ele disse. O rubor subiu subitamente do pescoço às 
suas bochechas. 
— Isso não é justo. Não me deu a oportunidade de pensar nisso nem 
em nenhuma outra coisa. 
— Essa foi, precisamente, minha intenção. 
— Está tentando me converter em uma mulher reclamada, não é 
assim? -acusou- Uma mulher em que pode mandar em qualquer lugar já 
qualquer hora? 
— Não se pode fazer durante seu serviço, porque enquanto for uma 
perdedora em um desafio está sob meu amparo e só se pode reclamar uma 
mulher desprotegida. 
— Isso é fazer rodeios, guerreiro. Ambos conhecemos a preferência do 
outro e acaba de provar que tentará se sair com a sua sem se importar 
minha condição oficial. 
— Talvez. -encolheu os ombros e sorriu como um menino pego em 
falta- Mas essa é a natureza de um guerreiro. Se não tivesse tentado, não 
teríamos desfrutado um do outro, mas se não desejava o prazer que te 
acabo de oferecer, kerima, só tinha que dizer. 
— Em outras palavras, posso esperar com toda segurança que volte a 
fazer? 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Certamente. 
— E não é violar as regras? 
— Quando o assunto depende de sua decisão? E é sua decisão que 
conta. Violaria as regras unicamente se não te desse outra alternativa. 
Sentia que não ficava outra alternativa, especialmente quando ele a 
beijava primeiro, mas compreendeu seu ponto de vista. Se suas demandas 
não fossem razoáveis não teria que obedecer fora de seu "lugar de dormir". 
Tudo o que ele exigia então era respeito e ela poderia se negar com o maior 
respeito. Tampouco teria que suportar ou aceitar seus requerimentos 
amorosos, embora ele estivesse assegurando que esses requerimentos 
fossem, bastante simpáticos e agradáveis para ser rechaçados. 
— Desta vez fui uma idiota. Não espere que essa seja a regra, menino. 
— Entretanto desfrutou. 
— Isso não vem ao caso. A abundância de algo bom poderia fazer que 
me agradasse ficar aqui. Não quer que eu me apegue a você, vejamos, te 
agrada o nosso compromisso ser temporário? 
— Sim. -ele franziu o sobrecenho. 
— Por que? Assim poderia pensar em mim e me ver definhar por você 
quando eu já tiver ido? Não é essa a atitude mais machista...? -calou na 
hora ao ver que Challen se levantava precipitadamente e agarrava a espada. 
Tedra também se levantou, mas com major cautela. 
Embora não tivesse ouvido nada que explicasse a tensão alerta de seu 
corpo, enquanto os olhos exploravam os arredores, não acreditou que fosse 
uma mutreta para mudar de tema. O hataar soltava sons de inquietação e 
parecia nervoso, mas... talvez percebesse algo que eles não podiam sentir, 
ou que ela sozinha não podia. Challen estava esperando que acontecesse 
algo sem dúvida alguma, e ela foi o bastante preparada para não distraí-lo 
fazendo perguntas desnecessárias. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Chegou tão velozmente que nem sequer o viu vir. De repente estava 
ali e saltando à garganta de Challen. Falhou, graças às estrelas, visto que ele 
se esquivou no último momento. A coisa passou voando do lado do guerreiro 
e caiu na terra muito mais longe, mas girou em volta instantaneamente para 
continuar lutando, provando sua incrível velocidade de movimentos. Incrível! 
Por que não era uma besta pequena, fosse o que fosse, era uma coisa larga 
e horrível, com mais de um metro e meio de altura, grandes orelhas 
pontudas, virtualmente nada de nariz, amarelados olhos enviesados e 
grandes queixadas com dentes afiadíssimos. A parte traseira do corpo era 
maior e mais pesada que a anterior, com patas poderosas e especialmente 
preparadas para os saltos com que surpreendia as suas presas e uma cauda 
larga, com arame farpado que usava em qualquer ataque. 
Não pensou muito antes de voltar a atacar. Demorou só o tempo de 
dar unspoucos passos, antes que essas muito poderosas patas traseiras 
voltassem a impulsioná-lo para cima no ar, uma vez mais, mas outra vez 
falhou. Embora nesta oportunidade Challen conseguiu golpear com sua 
espada quando a criatura passou voando a seu lado, não conseguiu feri-la e 
nem lhe fazer um arranhão sequer. O couro que lhe cobria todo o corpo era 
cinza, sem cabelos, rugoso e tão grosso e elástico que a lâmina da espada 
pareceu ricochetear nele. Estes ataques se repetiram várias vezes com os 
mesmos resultados, até que o animal compreendeu que seguindo desta 
maneira não chegaria a cumprir seu objetivo e trocou de tática. 
Tedra tinha retrocedido lentamente, mas a criatura não estava 
interessada nela, apenas lhe dispensou um olhar carente de todo interesse. 
Ou preferia enfrentar o homem primeiro, era mais inteligente do que 
aparentava, pois parecia pressentir que Challen era o perigo que devia tirar 
do meio, antes de poder fazer um banquete com seu achado. 
Então avançou devagar simulando sigilo e cautela. Tinha o corpo 
completamente inclinado para frente quase tocando o chão e soltando uns 
grunhidos estranhos como se não pudesse decidir-se entre estalar a língua 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
de antecipação ou demonstrar sua irritação porque a presa demorava muito 
em cair entre suas garras. 
Tedra conteve a respiração temendo que saltasse quando estivesse tão 
perto que Challen não teria tempo de sair do seu caminho. Mas ele deve 
estar pensando o mesmo, porque tomou a iniciativa. Lançou estocada a 
direita e esquerda, com o que conseguiu que a besta retrocedesse e pôde 
assim mantê-la a raia. O animal selvagem tentou girar ao redor dele, mas o 
braço armado com a larga espada se manteve estendido, sem lhe dar 
nenhuma oportunidade para o ataque, coisa que teria ocorrido caso se 
lançasse a investir fracamente, e já não fazia esse estalo estranho, só 
grunhia nesses momentos como se o dominasse a frustração. 
Isto poderia ter continuado indefinidamente se Challen não tivesse 
tropeçado em uma raiz que se sobressaía da terra. Recuperou o equilíbrio 
antes de cair ao chão, mas a espada se desviou durante uns segundos 
terríveis e a criatura aproveitou a oportunidade, saltando em sua garganta e 
com essa incrível velocidade que possuía, esteve muito perto quase 
instantaneamente. 
Tedra gritou com desespero e deu um passo adiante, embora não 
soubesse o que poderia fazer, sem contar com uma arma em seu poder para 
ajudar, mas os fortes dentes não se fecharam sobre o pescoço brando de 
Challen e sim no antebraço protegido pelo escudo de aço, que levantou no 
último segundo para rechaçar o animal. E antes que aquelas horríveis 
mandíbulas pudessem morder sua carne, levantou a espada e a afundou na 
pança da besta, seu único ponto vulnerável. Um grito espantoso se ouviu por 
toda a floresta, mas logo parou voltando a reinar o silêncio, enquanto o 
sangue vital emanava em abundância da ferida. As mandíbulas afrouxaram, 
soltando o braço de Challen, quão único seguia sustentando-o ereto. Ao 
soltar, caiu ruidosamente no chão, sacudiu brusca e lastimosamente durante 
uns segundos e logo ficou quieto. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Quando Challen se voltou e a olhou, Tedra tratava de controlar o 
ligeiro tremor de todo o corpo. Alguma reação retardada, supôs, mas 
preferiria que ele não notasse. De sua parte, ela por fim percebeu que ele 
tinha lutado com a besta, completamente nu e estava salpicado de sangue, 
mas sorrindo. 
— Desta vez deveria ter corrido e subido numa árvore, mulher. -
sufocou a risada e isso a exasperou. Ele não estava incomodado ao mínimo 
pelo que acabava de passar, enquanto seu coração seguia palpitando 
loucamente contra as costelas. 
— Quer dizer que essa coisa não era outro de seus mascotes? Poderia 
ter me enganado. De todos os modos, o que é ou devesse dizer, era? 
— Um dos caçadores da floresta, que esteve entre nós desde que 
podemos recordar, um caçador que, felizmente não come demais. 
Chamamos de sa‘abo. Sua extraordinária velocidade geralmente lhe permite 
cair sobre sua presa antes que a vítima note sua presença. 
— Parecia realmente afeiçoado ao seu pescoço -realçou se 
aproximando um pouco mais para observar o sa‘abo morto. 
— Essa é sua única forma de matar, destroçando a garganta da presa. 
Se fosse preparado para matar de outro modo ou se usasse a cauda como 
arma, seria mais perigoso. 
— Mais perigoso ainda? Foi suficiente para meu gosto. É provável que 
tope com mais assassinos como este? 
— Não é provável a tão curta distância da Sha-Ka-Ra. Geralmente 
Sharm me avisa, mas ao perceber a cercania ao lar, correu apressadamente 
para junto de sua companheira. 
— Típico de um mascote não estar perto quando poderia ser útil -
replicou, fria. 
— Esteve preocupada comigo, kerima? 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Claro que não -disse com um bufido- Era grande, mas você é ainda 
maior. 
— Então, não foi seu grito o que ouvi? 
— Deve ter sido algum pássaro –zombou e para sua maior irritação, 
Challen jogou a cabeça atrás e soltou uma gargalhada estridente ante a 
mentira flagrante que havia dito. Então avançou para ela e Tedra começou a 
acreditar que podia ler sua mente, porque estava quase segura de saber o 
que estava pensando nesse momento. Estendeu o braço para detê-lo. 
— Pode ficar onde está, guerreiro. Está todo cheio de sangue, se por 
acaso não tenha notado. E já se aproveitou muito de mim para um dia, dê 
meia volta e se enfie na água para se lavar. Eu gostaria de chegar a sua 
cidade antes que escureça e apareçam mais sa‘abo, se há igual. 
Ele não respondeu, mas surpreendentemente, fez o que lhe tinha 
sugerido. Entretanto continuava sorrindo, muito de bem consigo mesmo e 
com o rumo dos acontecimentos, virando em volta e encaminhando seus 
passos ao riacho. Tedra acreditou saber por que. Ao maldito guerreiro 
agradava a idéia de que ela se preocupava por ele. A ela, em troca, não 
agradava absolutamente. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Capítulo 18 
Sha-Ka-Ra definitivamente não era o que Tedra tinha pensado que 
fosse. Situada em uma meseta no alto da ladeira do Monte Raik, seu acesso 
era através de um íngreme caminho tortuoso, em cujos lados se elevavam 
escarpadas ladeiras de terras estéreis. Sua localização era a ideal para a 
defesa, em especial por estar recostada contra a ladeira maciça da 
montanha. Contudo, sentiu um grande alívio ao comprovar que não a 
rodeavam altos muros fortificados, por isso, obviamente, não necessitava 
defesa. Não tinha estado ali muito tempo para considerar que simplesmente 
pudessem desdenhar a defesa da cidade. 
Tedra pôde ver Sha-Ka-Ra da distância, já que foi visível assim que 
abandonaram a floresta e se internaram por grandes planícies cultivadas que 
se estendiam por vários quilômetros antes de chegar ao pé do monte. Pôde 
julgar seu tamanho, que era realmente impressionante, e os diferentes tipos 
de moradias, quase todas de um ou dois pisos, exceto uma delas. 
Exatamente no centro da cidade se elevava um imponente castelo de pedras 
brancas, por todas as estrelas, com algumas seções arredondadas, outras 
quadradas ou retangulares, mas todas dando a sensação de ser de 
diferentes formas e alturas, como se cada habitação que continham tivesse 
que ser única em sua espécie. A seção mais elevada era uma torre quadrada 
no mesmo centro, coberta em espiral e arrematando num corredor 
aumentado. Certamente dali poderia ver toda a campina até a Cordilheira 
Bolcar e talvez mais à frente. 
Tedra tinha visto castelos similares por computadores, criados graças 
às detalhadas descrições dessas construções realizadas pelos antigos e que 
correspondiam às épocas remotas do planeta, mas nada parecido a esta 
magníficaestrutura bárbara, que sobressaía em meio da cidade como um 
guardião benevolente. Talvez seu interior fosse frio, sombrio e 
extremamente primitivo, mas essas pedras brancas davam uma aparência 
de calidez e de bem-vinda. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Só podia ser a residência do shodan local, o que entusiasmou Tedra 
porque certamente veria o interior desta maravilha primitiva, já que se 
apresentaria ante o nobre líder para discutir as negociações e a contratação 
de seus guerreiros. Mas nesse momento, ao se aproximar dos primeiros 
edifícios na entrada da Sha-Ka-Ra, só sentia o temor nervoso por ter que 
enfrentar novamente as pessoas, que a veriam como estava, com as mãos 
atadas, o cabelo desarrumado, os pés e as pernas nuas e com apenas uma 
capa de pele para cobri-la. Não era assim como tinha imaginado que entraria 
na primeira cidade de seu primeiro planeta descoberto, embora devia admitir 
que, de todos os modos, causaria sensação, embora não a mais adequada. 
Os guerreiros, que tinham retornado antes que eles, devem ter 
avisado que chegaria alguém de suma importância, porque todos os 
habitantes da cidade estavam saindo para ver Challen cavalgando 
lentamente ao longo da ampla avenida principal. Havia bárbaros por toda 
parte, nas janelas, nos portais, tanto em pequenos como em grandes 
grupos. E se tinha acreditado que o pequeno grupo de guerreiros de Challen 
era único em a altura e musculatura, nesse momento lhe demonstravam 
quão equivocada tinha estado. Todos os homens da sha-K-Ra eram iguais, 
centímetros mais, centímetros menos, a mesma cor de pele do dourado ao 
torrado, tanto nos cabelos como nos olhos e também tanto nos homens 
como nas mulheres. 
As mulheres pareciam muito interessantes a primeira vista. Não podia 
saber o que tinha esperado encontrar, mas não era precisamente tal 
evidente feminilidade, que retratava uma imagem de suavidade, 
acanhamento e desamparo, com suas vestes finas semelhantes a xales, 
flutuando ao redor delas em partes e que só acentuava esta imagem. Muitas 
poderiam ter a estatura requerida para ser Seg, mas não se via nem um 
músculo firme ou ossos agressivos entre elas. E as crianças! Estrelas! Fazia 
tanto tempo que Tedra não tinha visto crianças, de fato, desde que ela 
mesma tinha sido menina. Entretanto, aqui via dúzias deles, de todas as 
idades, alguns nos braços das mulheres, alguns na mão de guerreiros, 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
alguns maiores até luzindo suas espadas. Contemplou-os com a mesma 
curiosidade como que eles faziam, ao ver uma estrangeira de cabelo negro e 
olhos cor de água marinha. 
— O que te parece Sha-Ka-Ra, mulher? 
Quem dera não tivesse perguntado. Via ruas limpas bordadas de 
árvores e postes com pedras gaali, negociantes ordenados onde se vendiam 
mantimentos e mercadorias de todo tipo, um adorável parque verde cheio de 
árvores que davam sombra e um pequeno lago onde pulavam as crianças. 
As casas ostentavam arcadas belamente esculpidas, amplos janelas de vidro, 
de distintas formas e tamanhos, algumas tinham balcões com corrimões de 
ferro e outros terraços expostos ao sol e cada uma possuía seu próprio 
jardim, com grama e flores, sua própria horta e estábulo. 
A cidade era civilizada, mas contudo primitiva. Seus habitantes de tez 
dourada, eram bonitos e elegantes, com suas roupas de formosos tecidos e 
suas jóias. Todos os homens sem exceção, levavam espada, fossem 
mercadores, artesãos ou guerreiros; todas as mulheres e crianças estavam 
acompanhadas de um homem, sem permitir lhes arriscar a sair sozinhos, 
nem sequer na segurança de sua própria cidade. Então como responderia 
Tedra a um homem , que tinha demonstrado que os costumes de seu povo 
eram as mais primitivas de todas? Ao lado do Kystran, isto era medieval. 
— A cidade é... bom, é formosa, é obvio, aberta, higiênica, muito mais 
que o que eu tinha esperado. 
— Por que percebo certa reserva em sua resposta? 
— É por pura surpresa. Recorde que esperava me encontrar com 
cavernas. Ao menos suas mulheres não andam correndo por ali só cobertas 
com peles de animais como vós os homens. 
Foi injusta. O couro de zaalskin de seus bracs estava tão perfeitamente 
curtido que poderia ter saído de algum curtume de alta tecnologia. Na 
cidade, todos os homens usavam o mesmo, mas com camisas, ou para ser 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
mais precisa, uma espécie de túnica sem mangas por consideração ao clima 
quente, supunha, que caía até debaixo dos quadris simplesmente envoltos 
ao redor do corpo e presas à cintura com um cinturão, formando um amplo e 
profundo decote em V, que deixava à vista os enormes medalhões redondos 
pendurados em seus pescoços e que todos pareciam preferir. O que lhe 
recordou... 
— Queria perguntar algo referente aos guerreiros. Como é que saem 
para enfrentar o perigo, quase nus, mas usam mais roupa na cidade? -
quanto menos restrições, melhor. Como se ela não soubesse. 
— Poderia não aceitar isto como certo, pela maioria dos guerreiros, 
soldados, ou como quer chamar os lutadores, preferem levar um pouco de 
amparo, alguma armadura ou armas de comprido alcance. De algum modo 
isso tende a aumentar as expectativas de vida. 
— Então, a esses guerreiros deve faltar destreza. -o tom frio da Tedra 
o fez sorrir. 
— Grandioso. A vaidade antes que a preservação. Devia sabê-lo. -
desta vez ele passou por cima de seu sarcasmo- Para a guerra ou durante 
ataques surpresas levamos nossos escudos. Isso é suficiente. 
— Sua gente guerreia contra a outra? -mas respondeu sua própria 
pergunta- sim, claro que sim. De que outro modo obteria os cativos que 
mencionaste. Essas pobres criaturas que as regras exigem que estejam 
atadas como o tem feito comigo? -atacou-a um rancor surdo que não pôde 
remediar- Deveria estar agradecida. Ao menos a regra não diz, nua e 
encadeada. Nossos próprios antigos estavam acostumados a fazer isso, levar 
os vencidos arrastados pelas cidades desse modo tão ignóbil. 
— Nós também fazemos. -mudou o rosto enquanto seus olhos 
percorriam a multidão que observava avidamente a chegada de ambos. 
— Vai... vai fazer isso comigo? 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Se tivesse pensado, kerima, já o teria feito. 
Girou a cabeça e lhe olhou, surpreendida. 
— Está violando essa regra por mim? 
— Não é um adversário derrotado comum. Nunca antes o há de ser 
uma mulher . 
Isso sim que era o cúmulo. 
— Assim não violaria duas regras para me deixar entrar livre de 
ataduras? 
— E deixar que os Sha-Ka-Ran duvidem do que significa para mim? -
replicou. 
— Oh, naturalmente -exclamou, desgostada- Com toda segurança que 
nós não queríamos que duvidassem. Depois até poderiam pensar que sou de 
outro planeta e que vim aqui para melhorar a qualidade de suas vidas se 
lhes chegasse a interessar. 
— O que pensariam é que é reclamada... a minha mulher. Não lhes 
ocorreria outra coisa. 
— Nem sequer que sou uma mulher livre sob seu amparo? -exigiu ela. 
Acreditou tê-lo apanhado ali, mas ele a desenganou rapidamente. 
— Uma mulher livre não se apresentaria em público com essa 
vestimenta que leva. Exigiria que lhe proporcionasse o chauri de minha casa 
antes que a trouxesse para a cidade. 
E ele também a agradaria. Isto ele demonstrava com maior claridade 
que qualquer outra coisa, a diferença que existia entre uma mulher livre 
deste mundo e outra reclamada, a que não podia exigir nada impunemente 
igual a uma cativa e ela estava abaixo de todas elas. Mortificada, ouviu uma 
nova aspereza em sua própria voz. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Alguma vez ouviu sua gente dos anúncios públicos? Uma simples 
declaração de sua parte esclareceria o que sou. 
— É o que quer que faça? 
— É obvio -masa sensatez que ele demonstrava a fez pensar duas 
vezes e então lhe ocorreu que ele ainda não acreditava em nada do que 
tinha contado de si mesma, que para ele não era nada mais que uma 
desafiadora vencida, isso era o que com tanta magnanimidade se oferecia a 
anunciar aos quatro ventos, até depois de haver contado como se ludibriava 
e maltratava os perdedores de provocações, pior que aos cativos- Para falar 
a verdade, guerreiro, às vezes é ruim. -soltou com indignação antes de 
voltar a cabeça e olhar à frente rigidamente. 
— Porque eu brinco com você? Fazemos anúncio só em caso de guerra, 
ataque surpresa ou a segurança de nossa cidade. Jamais se realizam para 
esclarecer a posição de uma mulher. 
— Porque somos tão insignificantes? 
— Porque a posição de uma mulher não concerne a ninguém, salvo ao 
seu protetor e sua família. 
— Essa não é exatamente a verdade em meu caso, mas não vou 
elaborar mais sobre esse tema. Em troca, me permita perguntar algo. O que 
aconteceria se a um desses guerreiros, ante quem me faz desfilar, agradar o 
que vê e desejar me oferecer dobro ocupação? 
— Dobro o que? 
— O equivalente de um homem e uma mulher compartilhando a vida 
juntos. Os Sha-Ka’ari não tinham uma palavra para nomeá-lo porque todas 
suas mulheres são escravas, mas deve chamar de algum modo a união de 
duas pessoas para a parceria exclusiva do sexo. 
Isto arrancou uma gargalhada dele, que ela não apreciou de forma 
alguma. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Sim, temos tais uniões, mas você esta presa como o estaria uma 
cativa. E às cativas, não é comum oferecer união semelhante. 
Teve o pressentimento que esta e só esta era a razão pela qual tinha 
violado uma única regra por ela. Não queria que o incomodassem com 
oferecimentos por ela, que necessitariam de uma explicação detalhada sobre 
a sua verdadeira situação. 
— Para não seguir repisando no tema, por que não me diz tudo, sem 
me ocultar nada, de uma vez por todas? Classificar estas sutis diferenças 
entre suas mulheres estão me tirando do sério, em especial as diferenças 
entre reclamada e cativa, que só parecem ser uma maldita corda ao redor 
dos pulsos. 
— Uma mulher reclamada é aquela que não tinha protetor. Se a 
oferece, converte-se em uma mulher livre e devolvem todos seus direitos. 
Uma cativa é aquela que toma um protetor; portanto sua situação é só 
temporária. 
— Por que? 
— Isso teria que ser óbvio, mulher. Se for bastante apetitosa e 
desejável para que a tomem cativa, é quase certo que seu verdadeiro 
protetor buscará seu retorno, seja por roubo ou por compra. Por isso um 
guerreiro medita longamente antes de se oferecer por uma mulher que, 
provavelmente alguém roubará, então ele terá que roubá-la de volta, se 
ainda a quiser, e isso pode continuar indefinidamente, ano detrás ano. 
— Quer dizer que vocês, os poderosos guerreiros, preferem brincar de 
cabo-de-guerra com a pobre mulher, antes de solucionar o assunto com suas 
espadas? 
— Não brigamos por mulheres, kerima. 
— Oh, me perdoe! Continuo esquecendo quão insignificantes somos. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Os guerreiros têm suficientes motivos para brigar sem ter que 
acrescentar... 
— Esqueça isso Challen -interrompeu friamente, embora não estivesse 
certeza do porque suas palavras a aborreciam tanto - As explicações não vão 
melhorar essa afirmação. Mesmo os Kystrani não desejam compartilhar sexo 
com um parceiro diferente a cada dia, ainda que por vezes, briguem por 
uma mulher ou homem, se formos a isso. Não até a morte, pois iria contra 
as leis de apreciação da vida, mas solucionamos nossos problemas, 
portanto, te parabenizo por ter superado uma emoção básica como o ciúme. 
Pouquíssimas culturas podem dizer o mesmo. 
Caso esperasse que ele retrucasse e assegurasse que errou, se 
decepcionou. Ele não disse nada mais, assim ela tampouco o fez. Em troca, 
ruminou esta incomum revelação. Por isso tinha observado até então, que 
poderia ser que aos bárbaros carecessem muitas das emoções que 
produziam mais frustrações às espécies humanóides do universo, tais como 
ira, ciúmes, desilusão ou exasperação, e se esse fosse o caso, também 
poderiam carecer de algumas das melhores e mais agradáveis.como o amor. 
Teriam descido para viver ao nível dos animais, onde só contava o instinto 
de conservação, a procriação e nada mais? Mas eles possuíam humor, uma 
emoção puramente humana. Aferrou-se a esse pensamento. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Capítulo 19 
Tedra se animou um pouco quando dobraram a esquina e ali, ao final 
da rua, viu o castelo branco. Estava rodeado de altos muros da mesma 
pedra branca com um imenso arco de acesso, que se estendia em todo o 
tamanho da rua e cujas portas estavam abertas ao público nesse momento. 
Era uma oportunidade que não podia desperdiçar, já que não sabia quando 
teria outra. 
— Por que não paramos aqui e apresentamos nossos receios a seu 
shadon antes de me levar a sua casa? Eu adoraria conhecê-lo. 
— Para que? 
A pergunta era mera formalidade, considerando que ambos sabiam 
que ele já conhecia a resposta. Assim não considerou necessários detalhes, 
só devia tranquiliza-lo. 
— Prometo que não mencionarei uma palavra sobre minhas 
procedências, negociações comerciais ou benefícios mútuos. Só desejo 
conhecê-lo. 
— Sua promessa é tão confiável como sua honra no combate? 
— Exatamente igual. -replicou, indignada. Incomodava imaginar que 
duvidasse de sua integridade. Até juro ser uma modelo de feminilidade do 
Kan-is-Tran, obediente ao pé da letra. 
— Muito divertido. –replicou. 
Ele devia pensar isso mesmo, porque estava rindo enquanto passava 
pelo grande arco de entrada. Tedra não deu importância, pois focava todo 
seu interesse no movimento que se desenvolvia no amplo pátio murado, no 
que rodeava o castelo e em seu primeiro olhar a ele. Na verdade, era um 
verdadeiro conglomerado de edifícios, únicos em seu estilo, com casas ou 
edifícios de formas diferentes, um em cima de outro, com torres quadradas 
ou cilíndricas, separando ou flanqueando, ou simplesmente espaços abertos 
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entre o que poderiam ser terraços ou pátios altos. O castelo subia quase 
como uma pirâmide, com a torre mais alta de teto cônico em seu centro. 
Diante do castelo havia um longo edifício retangular de frente para a 
entrada, com teto plano e iluminado, aparentando antigas fortalezas. Em 
toda a distância deste edifício se estendiam seis degraus, que podia subir de 
qualquer ponto, mas conduziam a uma única entrada, com portas duplas 
feitas de, se não estava enganada, de aço toreno. 
Certamente tinha mais acessos de entrada ao interior de uma 
estrutura de semelhante tamanho, mas Tedra não podia vê-las. As portas 
estavam fechadas e havia dois guerreiros em posição de sentido, um cada 
lado e para ali se dirigiu Challen. Mas as demais pessoas, que circulavam 
pelos arredores e que tinham passado pela grande porta de acesso ao 
castelo, já se foram em hataaris ou conduzindo veículos puxados por 
grandes bestas de carga levando mantimentos ou mercadorias, se dirigiam 
para as laterais, indo à parte posterior do castelo. 
No pátio dianteiro ficava um estábulo, com uma grande superfície 
cercada e sombreada, onde se encontravam uma dúzia de hataaris sem 
carga, se alimentando em enormes manjedouras. Tendra acreditou 
reconhecer alguns deles... ao menos o do Tamiron, mas não pôde mencionar 
isso ao ser surpreendida pela presença súbita de um homem pequeno, que 
cruzava o pátio rapidamente para ir recebê-los, na realidade não era tão 
pequeno, embora jamais pudesse passar por um guerreiro. Tampouco usava 
roupa de couro como um guerreiro, e sim, um fino tecido branco tanto nas 
calças como na camisa, que parecia frescae cômoda, mas que, no tudo, era 
absolutamente comum. 
Não podia ser outro senão um homem Darash, da classe de servos que 
tinha mencionado Challen e alguém que, a julgar, pela aparência, trabalhava 
no estábulo, já que vinha em busca do hataar. Não falou, mas tampouco se 
comportou de modo servil. Challen recebeu uma saudação com a cabeça e 
um sorriso de sua parte, Tendra nem sequer recebeu um olhar fugaz de 
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curiosidade devido a suas pernas e pés nus. Foi tão estranho que teve que 
perguntar a Challen. 
— Não se interessa pelas mulheres? 
— Pelas mulheres Darash, sim! -respondeu o guerreiro 
tranquilamente- Mas, todas as demais estão proibidas. 
— Assim nem se incomoda olhar. Inteligente de sua parte, eu 
suponho, mas é a recíproca? Às mulheres Darash estão proibidas aos 
guerreiros? -sorriu sem demonstrar arrependimento. 
— Não. 
— Era de se esperar. -comentou, desgostosa. Enquanto observava o 
criado retornar ao estábulo, voltou a notar os hataaris.- Me diga uma coisa, 
Challen. Tinha que vir aqui de qualquer jeito, não é? Era necessário ou algo 
assim? 
— Era necessário que eu viesse aqui, sim. 
— Não poderia ter dito isso simplesmente? 
— Você parece preferir fazer barganhas, kerima. 
— Abusado, bem como um idiota. -resmungou. Ele soltou uma 
gargalhada ao ouvi-la, enquanto soltava seus braços e a levava escada 
acima. 
Nenhum dos dois guerreiros sentinelas, se moveu para abrir as portas, 
mas não foi necessário, já que uma das partes abriu antes que chegassem a 
elas. Eles deviam conhecer Challen, pois não perguntaram o que queria ali. 
Não disseram nada, mas como o servo, o saudaram com uma inclinação de 
cabeça e um sorriso. Diferente do servo, a comeram com os olhos, até 
passarem pela porta, o que a fez sentir como se as coisas voltassem ao 
normal. Então sua mente ficou completamente em branco ao dar o primeiro 
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olhar ao interior do castelo. Castelo? Talvez parecesse um castelo do 
exterior, mas dentro se parecia muito mais a um maldito palácio. 
Um vasto hall de entrada, de teto trabalhado e muito alto, que era tão 
luminoso e bem ventilado como o exterior. Um tapete azul ao redor de 
quatro metros de largura se estendia com no centro do ambiente, em ambos 
os lados, pisos brilhantes como de mármore branco. Paredes que não 
pareciam paredes e sim grandes arcadas abertas, se viam em ambos os 
lados deste vestíbulo, deixando aparecer outros ambientes mais longe com 
compridos balcões sem respaldo, mesas baixas, pequenas árvores tolhidas 
de flores, em grandes urnas e altas janelas abertas, que explicavam o 
frescor e a luminosidade do ambiente. Supôs que eram lugares para comer 
ou para reuniões, mas havia razão para que estivessem divididos? 
Segregação de classes... ou de sexos? 
Estava para perguntar a Challen quando viu que o homem que tinha 
aberto a porta estava saudando-os. Tinha a estatura de um guerreiro e 
também a vestimenta, mas era muito maior que qualquer um já visto até 
então. Parecia notavelmente com Challen e era incrivelmente tão alto como 
ele; o mesmo queixo agressivo, o mesmo nariz forte e os olhos tão escuros 
como os de seu guerreiro. Tão escuros que ainda não sabia bem se eram 
café ou negros. Só o cabelo era diferente, mais curto e de um tom castanho, 
não dourado como os de Challen. 
— Tudo esteve tranquilo? -perguntou Challen ao ancião. 
— Tão tranquilo como pode ser possível com tantas mulheres sob o 
mesmo teto, entretanto nos traz outra mais. -a expressão do velho guerreiro 
era de absoluta reprovação- Será melhor que me encarregue de... 
— Sei, Lowden, sei... -interrompeu com um suspiro- Nos 
encarregaremos disso quando tivermos tempo para tais assuntos, mas esta 
mulher é especial e não a tratará como às demais. É uma perdedora de um 
desafio. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Uma... -foi tudo o que pôde dizer Lowden antes de se desmanchar 
em risadas. Uma cópia exata da reação jocosa de Tamiron, que Tedra teria 
que engolir. Ficou firme, golpeando um pé no chão, e se perguntando com 
que força poderia golpear com as mãos amarradas se as usasse como um 
pau. Só a ideia de que este sujeito pudesse pensar que era um presente 
para o shodan fazia ferver o seu sangue, e seu guerreiro sorridente e 
divertido não havia dito nada em contrário, salvo que deviam tratá-la de 
maneira diferente. Se ele se atreveria... 
— Estou muito cansada de ser o motivo desta piada singular! 
— Eles riem de mim, mulher, não de você! -disse Challen antes que ela 
pudesse gritar- Para ser uma perdedora de um desafio, eu tinha que ter 
aceitado a provocação. Isso é o que os diverte, que eu tenha aceitado. 
— Bem, isso era melhor. -pensou ela e foi fácil aceitar. 
— Que alternativa teria depois que te fiz voar pelo ar? -ela perguntou. 
Lowden deixou de rir abruptamente, mas Challen continuou falando depois 
de ver sua expressão de incredulidade. 
— Melhor... é melhor que explique... -parou. Challen não pôde 
continuar, mas ela compreendeu o que queria dizer. 
— Acredito que ele quer que eu admita que o peguei de surpresa. -
contou ao guerreiro de mais idade, e logo baixou o tom até sussurrar 
misteriosamente- Claro que só um bobo poderia pegá-lo desprevenido com 
essa jogada em particular. 
— Mulher! -o grito saiu da boca de ambos, embora só Lowden parecia 
realmente indignado pelo que havia dito. Os olhos de Challen seguiam 
sorridentes e como ele era o único que a preocupava, olhou com os olhos 
bem abertos. 
— Eu disse algo errado? –perguntou e ele tratou de se mostrar severo, 
e pareceu seriamente. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Sabe perfeitamente o que insinuou. O que aconteceu com o respeito 
que me prometeu? 
— Estará presente quando você... Estrelas! -ofegou- Ele não é seu 
shodan, ou sim? -voltou seus olhos arregalados a Lowden que parecia até 
mais indignado. 
— Eu? -soprou Lowden- Mulher, é a habilidade do shodan a que 
menospreza. 
— Veja como parece isso quando estou falando de... -fez uma pausa e 
girou em torno, entrecerrando apenas os olhos já a ponto de pular - Espero 
estar equivocada nisto, menino. Você não deixaria de me dizer que era o 
shodan, se realmente fosse o shodan, faria isso? 
— A questão era de pouca importância para nosso entendimento, 
kerima. -declarou com absoluta calma. 
— Não me chame de kerima, seu filho de um tubo quebrado! -
desatando sua fúria incontida- Como ousou me enganar, quando sabia que 
eu tinha que negociar com o shodan e você sabia que procurava por ele? 
Que cinismo o teu! Até me fez prometer atuar com a maior formalidade 
possível para poder conhecê-lo! Bom, isso acabou, se por acaso não notou. 
De fato, maldito seja, deveria te desafiar outra vez! 
Ele permaneceu imóvel escutando seus insultos, mas quando Tedra fez 
uma pausa para respirar antes de seguir falando, tomou seus pulsos atados 
e se inclinou para passá-los sobre sua cabeça e pendurá-la em seu pescoço. 
Quando se endireitou, seu corpo estava imobilizado contra o dele, e sem 
nenhuma possibilidade de tirar os braços desse abraço forçado que lhe tinha 
imposto. Não era a posição ideal para escândalos e gritos, que era 
precisamente com o que ele tinha contado, e de fato, ela já tinha deixado de 
gritar. Apesar de tudo, não estava amedrontada nenhum pouco, por esta 
nova limitação. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Há algo que deveria saber, guerreiro. -comentou com absoluta 
serenidade ao olhá-lo sem expressão alguma no rosto- Quando lutamos 
antes não me aproveitei de certos golpes, porque pensei que você sendo um 
homem e eu uma mulher, não teria sido justo e nem decente. Ideia errada. 
Essa foi a única advertência que ele recebeu. O joelho da Tedrachegou 
de repente investindo entre suas pernas, liberando-a instantaneamente 
quando ele se dobrou em dois pela dor. Lowden, ao ver isso, agarrou 
rapidamente seu braço, pensando que o tinha feito para escapar, mas como 
ela não tinha essa intenção e nem poderia ir a nenhuma parte se desejasse 
cumprir com a palavra empenhada, coisa que ainda queria fazer, se sentiu 
mais que irritada ao ser retida por outro guerreiro. Alguém a quem não 
devia qualquer obediência, e igual ao Challen, que tinha sido fácil 
surpreender antes que soubesse tudo o que ela podia fazer, seria o mesmo 
com este Lowden. 
Com uma rápida contorção do corpo bateu um pé atrás do joelho do 
guerreiro, que dobrou, fazendo-o perder o equilíbrio, e foi o suficiente para 
fazê-lo se inclinar para ela. O braço que ele tinha agarrado serviu para que 
ela o empurrasse até cair ao chão. Caiu, mas se levantou imediatamente e 
ficou instantaneamente diante dela outra vez. Poderia ser velho, mas ainda 
era um guerreiro, alto e fornido como Challen, e a expressão em seu rosto 
dizia bem às claras que gostaria que ela tentasse outra vez, mas não era tão 
estúpida. 
— Diga a ele que retroceda, Challen. Não vou a nenhum lugar e jamais 
chuto um homem quando está no chão, assim não havia necessidade de me 
ameaçar. -Challen se levantou pela metade, mas a dor ,não tinha passado 
por completo. 
— Meu tio... não considerou... desse modo. 
— É por acaso minha culpa? -disse, ofendida- E a propósito, se tivesse 
te desafiado, eu diria que acabou de perder. -acompanhou o comentário com 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
um sorriso de satisfação- Se alegre de que só disse "deveria te desafiar" e 
deixemos assim. -ela disse. 
— A mulher merece um castigo! -falou Lowden, ao ver que Challen 
nada dizia. 
— Quem disse isso? -exigiu saber Tedra, girando em circulo e lançando 
chamas nos olhos cravados em Lowden- E, de todo o modo, de onde vem 
toda sua maldita intromissão? Isto é entre o guerreiro e eu. O guerreiro que 
recebeu exatamente o que merecia pelo mau comportamento de me usar e 
não dizer quem realmente é. 
— Mulher... 
— Esquece, tio Lowden -interrompeu bruscamente- Neste caso o 
castigo é inapropriado e não o aceitarei, assim guarde suas sugestões, faça o 
favor, e só ele pode me chamar impunemente de mulher, mas para você sou 
Tedra do Arr. 
Challen se interpôs entre ambos nesse momento já bastante 
recuperado para tomar o controle da situação. 
— Deixe-a em paz, Lowden. A mulher considera ter razões de sobra 
para estar furiosa comigo e em parte é assim. Não me interessava discutir 
com ela o que devia conversar com o shodan, assim não disse que eu era 
quem procurava. Não foi, precisamente, uma atitude que corresponde a um 
verdadeiro shodan, a não ser a de um guerreiro muito mais interessado em 
outras coisas. -o olhar que depositou em Tedra nesse momento, fez 
desnecessário que alguém perguntasse "em outras coisas?"- Eu admito o 
meu erro, mulher. Sua honra fica satisfeita com isso? 
Se não tivesse usado a palavra "honra", ela teria respondido 
toscamente que não, mas essencialmente estava exigindo brilhantemente 
seu próprio sentido de jogo limpo, assim que outra coisa podia fazer a não 
ser assentir? 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Quanto a erros, suponho que um anula o outro, enquanto eu não 
ouvir mais falar de punição. 
— Por isso não receberá nenhum. -assegurou- Se no futuro merecer 
ser castigada... 
— Entendo perfeitamente! -mordeu as palavras. O aviso desnecessário 
voltou a enfurecê-la e a levou a responder:- E quando meu serviço terminar, 
eu encontrarei outro shodan, a quem contarei minha história, assim você 
não terá que se preocupar mais que eu volte a te importunar com discussões 
que não o interessam. De qualquer forma, é bastante liberal para satisfazer 
minhas necessidades. 
— Como quiser. -respondeu, mas ela teve a sensação de que ele tinha 
um ponto vulnerável. Ela só queria que ele demonstrasse! 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Capítulo 20 
O caminho que seguiram para ir ao quarto foi direto. Subiram por uma 
majestosa escada e dobraram logo à direita para cruzar outro amplíssimo 
vestíbulo, em cujo centro também havia um entupido tapete azul; e ali 
estavam as portas, duas portas realmente gigantescas de madeira esculpida, 
que só a força de um guerreiro poderia abrir conforme suspeitava Tedra com 
certa inquietação. Seu guerreiro não teve nenhum problema para fazê-lo e 
de repente se encontrou no meio do quarto. Também descobriu 
imediatamente qual tinha sido a razão para que o guerreiro mais velho, 
Lowden, tinha acompanhado eles até ali. 
— Agora deverá se desculpar com meu tio! -ordenou Challen em um 
tom que não admitia réplica. -ela quase se pôs a rir. Não o fez, mas sim 
sorriu. Era absolutamente impossível que não tivesse visto o enorme leito ao 
entrar no quarto, antecipadamente, sabia perfeitamente onde se encontrava 
e que ele tinha a intenção de aproveitar desse fato. 
— O que acontece, menino? Acredita que esse pedido não teria dado 
certo fora deste quarto? 
— Essa idéia passou por minha cabeça, kerima. Agora cumpra o que te 
ordenei. 
— Claro. -encolheu os ombros- Por que não? -e sem razão, olhando o 
rosto carrancudo e pétreo do Lowden, sorriu com descaramento- Lamento 
muito ter te derrubado no chão, Lowdy, e peço desculpas por qualquer outra 
falta de respeito que considere que eu tenha tido com você. Coisas assim 
costumam acontecer, entretanto, quando algum homem que não conheço 
põe as mãos em cima de mim. 
— Acaso é isto uma desculpa, Challen? -inquiriu Lowden ainda 
indignado. Challen suspirou. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Ao seu modo, sim. Ela é diferente, não é de Kan-is-Tran e nem 
sequer de algum país que conheçamos. Isto se deve ter em conta quando 
tratarem com ela, de outro modo algum guerreiro poderia perder facilmente 
o controle. 
— Se te mortifica tanto minha presença, guerreiro, por que não dá por 
terminado meu serviço e me deixa seguir meu caminho? -sugeriu Tedra. 
— Sua presença não me mortifica absolutamente, já que conto com 
sua completa obediência, não é assim? -ela esteve em um triz de se deixar 
enganar por uma palavra como "completa". 
— Neste quarto, sim. 
— É assim o serviço que lhe impôs por derrotá-la no desafio? -
exclamou Lowden. Por algum motivo este conhecimento pareceu animá-lo. 
Até sufocou a risada- Devia ter esclarecido isso antes, shodan. Nesse caso só 
você está encarregado de sua conduta. 
— Por que se diverte tanto? -quis saber Tedra. Challen também riu, 
uma vez que compreendeu por que Lowden se mostrou tão zangado e 
descontente. 
— Pensou que ficaria cairia seu comando. Como verá todas as 
mulheres desta casa estão sob seu comando. 
— Comando? 
— É o encarregado de que se comportem de acordo com as normas 
estabelecidas. 
— Ah... o portador do chicote. É isso o que significa, tio? -ambos a 
olharam com estranheza ao ouvi-la. Ela pensou que era pelo tom irônico que 
tinha usado, mas a pergunta de Challen a tirou de dúvidas. 
— Como é que desconhece a palavra "tio"? 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Tinha aprendido a palavra, mas não precisamente seu significado, já 
que não temos nada com o que compará-la em Kystran. É como os 
mantimentos e os animais que comentei antes. Sei a maioria das palavras, 
mas até que posso vê-las unidas a algo concreto, não sei a que conectar. -
Challen ainda seguia abismado com a primeira revelação. 
— Não têm tios? Então, como chamam o irmão de seu pai? 
-—O que de mi... espere um minuto. Estão falando de parentes? 
— Sim, claro; família, parentes, linhagem. 
— Não tem que explicar tanto. Já fiz a conexão e não me olhe como se 
eu tivesse que reconhecer imediatamente.Já tinha dito isso, e não temos 
nada parecido em Kystran... ao menos não em séculos. Lembro agora que 
era um assunto que aparecia em uma das poucas lições de história que 
todos devíamos estudar. 
Nenhum dos dois homens pareceu ter entendido uma só palavra dita 
por ela, e Lowden confirmou. 
— Irei agora, shodan. Esta mulher faz doer minha cabeça ao tentar 
compreender o que diz. -assim que a porta se fechou as costas de Lowden, 
Tedra exclamou com desgosto. 
— Sei falar Sha-Ka’ani com perfeição. Como não entendeu o que tenho 
dito? 
— Ele não teve a oportunidade que tive em decifrar suas palavras 
abreviadas, mas o que você acabou de dizer ainda não faz sentido, mulher. 
As pessoas não podem sobreviver sem a família.. 
— Claro que podem. Conseguimos isso muito bem. É apenas mais uma 
das muitas diferenças entre nossos planetas, diferenças que sei que não te 
interessa ouvir, portanto não vou aborrecê-lo com uma explicação. Detalhes 
como estes, podem esperar ao shodan com quem finalmente conseguirei 
negociar, se estiver interessado. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Teve que afastar o olhar do rosto congestionado de Challen para não 
soltar uma gargalhada. Falando de vinganças sutis, ele morria por perguntar 
mais a fundo, mas não faria, não depois de ter admitido diante de seu tio 
Lowden que tinha evitado deliberadamente tratar esses temas com ela. 
Um tio, que idéia descabelada. Challen também devia ter verdadeiros 
pais, ou sim tinha, talvez até irmãos e irmãs. Devia ter se dado conta muito 
antes. Era uma cultura realmente primitiva e nesse momento quereria fazer 
algumas perguntas, mas tendo mudado o assunto da maneira que tinha 
feito, pouco podia perguntar. 
Ela não permitiu que a oportunidade perdida a incomodasse e se 
ocupou de examinar atentamente seu novo dormitório. Ela ficou mais do que 
impressionada. O tamanho do aposento quase a fez babar. Esta única 
câmara que o shodan usava somente para dormir, era o dobro do tamanho 
de toda sua nova casa em Kystran. Claro que aqui não existiam as paredes 
móveis, dividindo e formando quartos individuais para distintas 
necessidades, só tinha o que se via e a agradava muito tudo o que via. 
Como os grandes salões de reuniões lá embaixo, este também era 
excessivamente luminoso e arejado, com altas janelas arrematadas em arco 
numa parede larga. Transparentes cortinas brancas penduradas em todas as 
aberturas se agitavam com a brisa suave e pareciam se confundir com as 
nervuras brancas e chapeadas das paredes e pisos, era de um material 
semelhante ao mármore. Havia mais tapetes azuis em algumas partes, 
debaixo e ao redor da cama gigantesca. Outra peça caprichosa de mais de 
três metros de diâmetro e com desenhos brancos sobre a superfície azul, 
estava exatamente no centro do quarto, como um adorno, e não tinha nada 
em cima. 
Contra outra das paredes havia numerosas arcas da mesma madeira 
escura, cada um de aproximadamente um metro e meio de comprimento e 
mais de meio metro de altura, com as tampas acolchoadas no mesmo tecido 
branco dos divãs, o que os convertia em possíveis assentos. Era notória a 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
ausência de cadeiras, mas havia mais desses divãs sem apoio de aspecto tão 
tentador, colocados diante de duas janelas abertas com algumas mesinhas 
ao redor. 
Algo chamou firmemente sua atenção e o considerou o mais 
impactante e encantador para seu gosto. Era uma árvore de três metros de 
altura que se encontrava em um jardim, entre a parede com janelas e o 
balcão, talhado de folhas de um verde intenso, embora bem contido em uma 
formosa urna negra de louça envidraçada. Alguns vasos menores estavam 
colocados junto à árvore, enchendo esse jardim de folhagens de diferentes 
alturas e diante de tudo isto, havia um lago fundo de mais ou menos dois 
metros e meio de diâmetro com brilhantes flores vermelhas flutuando na 
superfície. 
— Um lago no quarto? -ela se virou para localizar Challen e o descobriu 
onde ela o tinha deixado, perto da porta e sem fazer outra coisa a não ser 
observá-la- Não é muito pequeno? 
— É para se banhar, não para nadar. 
— Ah, é verdade. -voltou a olhar novamente a água antes que ele 
visse sua careta. Esqueceu que precisava de um banho decente, não se 
banhava há algum tempo. Sua risada estava perto e se aproximava cada vez 
mais, indicando que ele logo estaria às suas costas. 
— Meu banheiro é uma das coisas das que não poderá se queixar, 
kerima. -comentou, interpretando mal a observação- Agora, vejamos, qual 
prefere experimentar primeiro, o banho... ou a cama? 
— Optaria pela cama se é que essa pausa tem algum significado, mas 
está realmente em condições de me ajudar a provar a cama... depois do que 
te fiz? -voltou a cabeça e viu seu sorriso pesaroso. 
— Talvez não. -ele disse. Ela sentiu a culpa, mas rapidamente a 
afastou. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Então, esperarei para prová-la. Temo que me perderia se a provasse 
sozinha, de tão grande que é. -o objeto tinha uns três metros de 
comprimento por outros tantos de largura, e coberta por uma suave colcha 
ondulante de cor azul que parecia poder tragá-la se deitasse no centro- Mas 
prefiro deixar de lado o banho, se não te incomodar. Preciso acalmar 
bastante meus nervos antes de estar pronta para experimentar essa 
novidade de seu mundo. 
Ao ouvir o que disse voltou seu bom humor. 
— É verdade que não é um meio normal para se banhar, mas não é 
tão profundo para infligir medo e foi preparado para minha chegada. 
— Não me preocupa a profundidade, embora suponha que devesse, 
mas não permita que te impeça de desfrutar dele. Eu... observarei. 
— Fará muito mais que isso, kerima! -ele disse, começando a rir, isso 
devia tê-la advertido- E o faremos juntos. -não tinha se prevenido quando 
tirou seu cinturão de corda, nem tampouco quando estava tirando sua 
manta de pele. 
— Certo, espere um... - dois braços poderosos a levantaram no ar e a 
levaram para o lago fundo antes que pudesse terminar de protestar- Me 
solte, Challen! Falo sério! Não quero... não! -se encontrou balançando 
diretamente acima da água, sustentada por mãos firmes e braços 
estendidos- Não te atreva...! -mas ele se atreveu e a soltou, simplesmente. 
Ela gritou durante a descida, mas o trajeto não foi tão longo. Ele tinha razão, 
o lago não era tão profundo, a água só chegava até os quadris. O chiado de 
terror logo se converteu em vários gritos de fúria, enquanto levantava os 
braços para não tocar a turbulenta água, que respingou pegajosa- Água... 
que horror! -Challen gargalhava, observando-a. 
— Se não soubesse a verdade, mulher, juraria que você não gosta de 
água. Não está suficientemente quente para seu gosto? -notou no momento 
em que ele mencionou, calor, um calor que se aderia a cada centímetro de 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
pele que tocava, rodeando e penetrando nos poros. Não era tão terrível 
como tinha imaginado, de certo modo era como estar dentro de uma tina 
cheia de gel fluido ou de ar denso, mas mesmo assim levaria tempo para se 
acostumar. 
— Imagino que esta na temperatura certa? -inquiriu finalmente 
levantando os olhos para ele. 
— Assim suponho... Preferiria um banho frio? 
— Preferia um banho de raio solar, mas isso não vem ao caso, já que 
não é provável que possa tomar um aqui. Minha pergunta foi válida, 
guerreiro. Quente ou frio, qual é a norma? -ele não respondeu. Começou a 
tirar seu cinturão de onde pendia a espada sem responder ainda. 
Finalmente, Tedra recebeu a mensagem, ela o tinha deixado irritado de 
algum jeito e acreditou conhecer o motivo. 
— Notará, guerreiro, que aparecerão coisas como esta, uma ou outra 
vez, durante o tempo que passaremos juntos. Muitas vezes pensará que 
tento te provocar ou incomodar,mas não estarei fazendo isso. Quando uma 
pessoa nunca antes esteve na água, mas a outra sim, é até natural que 
pergunte sobre a temperatura e coisas por... 
— Já basta, mulher. Você não tem um corpo que nunca conheceu a 
água. Crê que não poderia cheirar a diferença? –ela quase se engasgou, mas 
riu de boa vontade. 
— De algum jeito, antes de partir de volta a meu planeta, te levarei a 
minha nave e te colocarei dentro de um banho raio solar. Você não será 
tocado pela água, mas sairá mais limpo do que jamais esteve e só demora 
três segundos. Isso é tecnologia moderna, eficiente, rápida e cômoda. E pela 
expressão de seu rosto diria que pensa que acabo de te contar outra de 
minhas fabulosas mentiras. Está muito bem, menino. Cada um na sua. 
Não respondeu, mas estendeu a espada para os pulsos atados. 
Felizmente, o semblante mal humorado não a amedrontou porque sabia que 
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a espada procurava pela corda, não seu coração. Pôs os pulsos em uma 
posição conveniente, deslizou a parte inferior da corda ao longo da lamina e 
estava livre, sem nenhum obstáculo por fim, e tinha esperança de que fosse 
para sempre. 
Jogou a corda partida aos pés de Challen e esperou que se reunisse a 
ela. Se suas perguntas sobre o banho iriam incomodá-lo tanto, ela teria que 
esperar e ver, assim aprenderia como fazer sem ter que perguntar. 
Havia um tipo de banco, próximo e fora de vista que não tinha notado 
antes porque estava escondido no meio das plantas, assim como também 
vários menores em cada uma das extremidades. Perto tinha uma pilha alta 
de toalhas e Challen utilizou o banco do lado para sentar e tirar suas botas. 
Ele continuava olhando para ela e não para o que estava fazendo, mas sem 
deixar lugar a dúvidas, o mau humor foi desaparecendo de seu semblante. 
— Sente, kerima. -disse finalmente. 
— E me afogar? Se não se importa, não me incomodo de ficar de pé. 
— Atrás de você há um degrau para sentar. -disse isso com um grande 
suspiro. 
— Estou certa que é um degrau muito agradável! - falou, jogando uma 
olhada por cima do ombro- mas permanecerei de pé. 
Deixou escapar um som que ela poderia jurar ter sido causado pela 
irritação e logo seus braços escorregaram por suas pernas a derrubando 
sentada no chão. Imediatamente Tedra começou a sentir muito mais calor 
do que o que proporcionava a água, mais parecido ao verdadeiro ardor ao 
observá-lo apoiar a mão nas bordas do lago para entrar na água, mas então 
a água se equilibrou sobre ela distraindo-a ao bater contra seu estômago. 
Entretanto, no segundo seguinte Challen estava diante dela e nesse 
momento não era só a água que estava tocando nela. 
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— Bem, você poderia ter se encoberto com água. -disse Challen 
cobrindo seus seios com as mãos. Era uma mentira flagrada e não pôde 
deixar de ouvir um ruído de desaprovação bastante grosseiro. 
— Não me venha com essas. Pode ver através da água sem nenhum 
problema. 
— Não com tanta claridade como vejo agora, mas não me incomoda o 
convite, mulher. 
— Não estava...assim, era por isso que queria que me sentasse? Bem, 
por que não o disse? Posso ser mais condescendente se for por uma causa 
nobre, e estou segura de que esta é uma causa nobre... ou está se 
sentindo... melhor? 
As mãos enormes que estavam sobre os seios se deslizaram para as 
costas de Tedra atraindo-a contra seu enorme físico e viu o sorriso animado 
antes que a boca viril cobrisse seus lábios de uma maneira extremamente 
deliciosa. Seus próprios braços se elevaram e rodearam o pescoço grande e 
no correr das horas seguintes, descobriu que um banho primitivo tinha 
outros usos mais divertidos e deleitosos que o banho propriamente dito. 
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Capítulo 21 
Tedra girou sobre si mesma. Ela se encontrava enroscada entre as 
mantas no meio da cama imensa de Challen. Tinha estado plenamente 
segura de que se sentiria perdida nessa maldita coisa sem o seu enorme 
bárbaro a seu lado, e assim se sentia. Entretanto, não tinha se dado conta 
de que a roupa de cama trataria de lhe estrangular. 
Quando por fim conseguiu libertar um dos cotovelos, o suficiente para 
se levantar apenas e se apoiar sobre ele, lançou uma olhada a seu redor 
para ver o que a tinha despertado, esperando que fosse... mas não. Challen 
não tinha voltado. A tinha deixado ao amanhecer logo depois de uma doce 
despedida, mas obviamente tinha falado sério ao dizer que teria um dia 
muito agitado e que provavelmente não voltaria a vê-lo até a noite, ou com 
suas próprias palavras, até a saída da lua. No dia anterior não tinha atendido 
vários chamados de urgência que haviam feito, chamados de muito tempo. 
Em vez disso, tinha dedicado o resto do dia para fazê-la se sentir cômoda e 
bem vinda a sua casa, ou ao menos ao seu dormitório, mas nesse dia tinha 
voltado ao trabalho como de costume e se ela se sentisse abandonada, pior 
para ela. 
O que tinha atormentado seu sono era a jovem darash que tinha 
conhecido no dia anterior... bem, não conhecido no sentido estrito da 
palavra. Challen não se preocupou em fazer as apresentações formais 
quando a jovenzinha tinha levado a comida para eles na noite anterior, e a 
jovem não tinha feito nenhum comentário ao servi-la, simplesmente tinha 
saído da habitação quase que imediatamente. Um guerreiro a esperava junto 
da porta aberta e a tinha fechado às suas costas. Tedra recordou as 
suspeitas que a tinham assaltado ao ver esse guerreiro que abria e fechava a 
porta, ela se levantou imediatamente para experimentar abrir a porta por si 
mesmo. Ela podia abri-la, tinha descoberto com supremo alívio, não com 
facilidade porque era realmente pesada, mas podia abrir. Tinham-na aberto 
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e fechado para a faxineira simplesmente porque a jovem levava as mãos 
ocupadas com a enorme bandeja da comida. 
Nesses momentos também carregava uma bandeja, muito menor 
desta vez e fechou a porta do dormitório detrás dela dessa vez. Tedra a 
observou enquanto depositava a bandeja sobre a grande mesa quadrada 
rodeada de divãs baixos onde tinham comido a noite anterior. Isso sim que 
tinha sido um quadro decadente. Deitados nesses divãs, com as cabeças 
frente a frente em uma das pontas da mesa, ela sobre seu ventre num deles 
e Challen de lado em outro, comendo com os dedos, mas não com seus 
próprios dedos. O bárbaro tinha que alimentá-la com o ele queria e devido 
ao lugar onde se encontravam, ela não podia se negar e nem morder seus 
dedos. Também insistiu em que o alimentasse e depois de um tempo deixou 
de se importar que ele chupasse seus dedos ao levar os pedaços à boca. As 
carícias ficaram tão eróticas que interromperam a comida durante uma hora 
e tiveram que terminar de comê-la fria. Tedra não deixou que ele pedisse 
outros pratos quentes, pois desta forma, seria fácil de adivinhar por que 
esfriou o que tinham servido. Aceitava o fato que todos pudessem conhecer 
o que estava fazendo no dormitório de Challen, mas não queria que 
pensassem que era tão insaciável que nem sequer podia esperar terminar 
uma maldita comida... sendo verdade ou não. 
A moça não saiu imediatamente como tinha feito na noite anterior. 
Aproximou-se da cama, sorridente, olhando nos seus olhos, em uma atitude 
que não podia parecer servil. Num degrau acima que os servos do tipo 
feudal, mas sem serem verdadeiramente livres, os darashas tinham uma 
relação muito particular com a classe governante. Eram simplesmente 
serventes, sujeitos a certas regras como estavam as mulheres deste mundo, 
mas aparentemente não sentiam desgosto pela sorte que lhes eram 
impostas. Vinda de um mundo carente de serventes, já que os robôs 
cumpriam essas funções, Tedra compreendeu que levariatempo para se 
acostumar a eles, acostumar a ser servida por um ser vivo, uma pessoa 
como ela mesma. 
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Esta pessoa de carne e osso parecia alguns anos mais jovem que 
Tedra. Uma garota bastante bonita de olhos e cabelo cor café. Essa 
coloração foi a única coisa que encontrou para compará-la com as mulheres 
que tinha visto nas ruas no dia anterior. A tez desta jovem era escura, não 
dourada, e como do homem darash do estábulo, era muito menor que os 
cidadãos deste mundo, provavelmente não media mais de um metro 
cinquenta e cinco, se chegasse a isso. 
— Desejaria a ama um banho depois de comer? -Tedra jogou uma 
olhada ao pequeno lago vazio essa manhã. Estes bárbaros, sem dúvida 
nenhuma, tinham encanamento completo, por amor às estrelas! Com água 
corrente fria e quente e esgoto, o que demonstrava que esta civilização não 
era tão primitiva como parecia à primeira vista. Pouco a pouco ia 
descobrindo, que os Sha-Ka’ari e os Sha-Ka'ani, mostravam muitas 
inovações em alguns aspectos de sua vida e arcaicos em outros, 
especialmente o fato de acreditar em velhas crenças e costumes. 
— Não, nada de banho, obrigada. Não gozaria dele sem a grata 
companhia de meu bárbaro que sabe como torná-lo prazeroso. 
— Posso, então, escolher um chauri para a ama? -Tedra franziu o 
sobrecenho por ouvir falar desta forma pela segunda vez. 
— Olhe, não é uma escrava e eu não sou sua ama, assim por que não 
me chama de Tedra? 
— Isso seria desrespeitoso de minha parte. 
— São todos seus amos e suas amas? 
— Sim, ama. 
— E isso não te incomoda? 
— Por que motivo teria de me incomodar? 
Tedra soltou um comprido suspiro. 
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— Bem, esta conversa foi um agradável passeio em círculos. Agora, o 
que aconteceria se te ordenasse que me chamasse de Tedra? Faria efeito 
esse truque? 
— Truque? 
— Uma ordem, sortiria efeito? Ou por estas lareiras não contam para 
nada os desejos de uma perdedora de desafio? 
— Perdedora de desafio? A ama está brincando comigo? 
— Oh, sim... eu sou uma grande brincalhona! -disse com ironia. 
Considerou que não valia a pena receber semelhante ofensa por querer ouvir 
seu nome dos lábios desta moça- Pode ir buscar algo para me vestir 
enquanto luto para sair dessas mantas malditas... quer dizer, caso se 
encarregar de minha roupa faça parte de seu trabalho. 
À moça custou a assentir com a cabeça, pois parecia que para ela era 
muito difícil conter a risada. Provavelmente era muito cômico ver uma 
mulher enrolada em uma manta como uma caixa para presente, e sem saber 
a maneira certa de como sair desse embrulho. Poderia ter comentado algo 
em relação ao quão conveniente era usar mantas de ar que se dobravam 
assim que alguém se levantava na cama e sem deixar nada que pudesse 
enrolar nos pés, mas falar das vantagens de seu mundo, das que teria que 
abrir mão por um tempo, só deixava ela mais ofendida. 
— Se me permite... 
A moça subiu e engatinhou sobre a enorme cama, encontrou a ponta 
da manta que estava debaixo do quadril da Tedra e a soltou em um puxão; 
logo foi tudo o resto da manta. Ela começou a ruborizar imediatamente ao 
lembrar sua nudez total, mas a moça não pareceu notar. Logo depois de 
ajudá-la a resolver seu problema mais imediato, abandonou a cama para se 
dedicar a segunda missão. Ao descer da cama se enfiou por uma porta que 
não tinha notado no dia anterior, possivelmente porque não tinha jeito de 
porta de nenhum tipo e estava quase escondida entre dois desses grandes e 
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largos espaços. Abriu com apenas um empurrão e revelou um quarto que 
Tedra queria bisbilhotar por si própria, se conseguisse encontrar o lençol 
perdido entre as mantas. 
Minutos mais tarde quando chegou ao quarto, enrolada no lençol azul 
celeste e arrastando uns quantos metros dele pelo chão, demorou uns 
segundos para entender que estava olhando para o interior de um antiquado 
guardarroupas? Algo que nunca tinha visto antes. O único conceito que ela 
tinha disso, eram os cabides mecânicos que saíam da parede com as roupas 
que gostava muito de vestir, e que ela tivesse marcado na parede. Jamais 
tinha pensado em perguntar onde guardavam sua roupa ou aonde iriam 
quando se trocava e como a recolhia para limpá-la. Esta era uma das coisas 
que estava descobrindo, divagou sentada em seu próprio mundo, se de 
roupeiros se tratava, teve a sensação de que este era muito maior que a 
maioria, exatamente como o dormitório ao que estava conjugado. 
Ao ver um grande espelho, uma larga prateleira coberta de frascos e 
potes e até um divã em um canto, soube que também se usava como closet. 
A visão de numerosos cofres e arcas, e uma parede toda com gavetas, 
algumas tão altas que nem Tedra podia alcançar, imaginou que também era 
usado como um lugar para guardar coisas. Havia roupa à vista, muita roupa 
pendurada com ganchos nas paredes, em cabides como braços estendidos 
que pareciam ramos de árvore cobrindo outros apetrechos, bastante 
ridículos e mantidos em posição vertical. Tudo estava disponível de tal forma 
que era visível à primeira vista, por isso não era necessária uma lista com 
avisos. 
Entre a grande variedade de roupa masculina, botas, cinturões com 
espadas pendurando, dúzias de adereços de braços, todos de zaalskin negro, 
e de tecidos realmente fantásticos e reluzentes, os poucos chauris existentes 
pareciam desconjurados coberto de alguns apetrechos. Reconheceu os trajes 
femininos como sendo aqueles a que tinha visto no dia anterior, cobrindo os 
corpos das mulheres nas ruas. Eram exatamente iguais, de tecido 
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semelhante à gaze, muito fino e transparente, dando a sensação de não ser 
outra coisa que grandes lenços quadrados com dobras e unidos uns nos 
outros. 
— Prepararam estes três para você, ama, mas se estas cores não lhe 
agradam, posso preparar outro. Há retalhos de tecido de uma infinita 
variedade de cores. 
A palavra "retalhos" devia ter advertido Tedra, mas quando se 
aproximou da moça que estava junto aos três trajes, não pensou que 
pudesse se surpreender tanto. Esses objetos, em realidade, não eram outra 
coisa a não ser lenços... "retalhos", como os tinham chamado a moça... um 
corpete solto com uma saia amarrada feita para pendurar ao redor do corpo. 
Para falar a verdade, eram um pouco mais complicados que isso, como 
descobriu Tedra ao tomar entre suas mãos a parte superior do branco. Essa 
espécie de túnica solta estava confeccionada com no total doze lenços, cujo 
comprimento chegava até uns centímetros abaixo da cintura. "Preparados" 
queria dizer que juntaram os lenços com diminutos nós nos lugares 
adequados, um nó de seis lenços para cada ombro. Individualmente, cada 
lenço era absolutamente transparente; drapeados um sobre outro, diminuía 
sua transparência, mas não muito, à exceção de em cima dos seios onde se 
cruzavam formando uma capa a mais. 
A saia era outra história. Também consistia de doze lenços quadrados, 
mas neste caso perto de dez centímetros de um dos cantos de cada lenço 
estava costurada uma estreita aba elástica, um drapeado sobre outro até 
formar um círculo regular ao redor desta aba que se ajustava à cintura, 
deixando que os lenços ficassem parcialmente abertos. Nenhum destes 
lenços estava atado ou costurado de outra forma. Pendurados ao longo das 
pernas e suas pontas chegavam quase à altura dos tornozelos, deixando 
entre eles aberturas até a metade das panturrilhas e preparados para se 
separar e descobrir as canelas, os joelhos e parte das coxas ao primeiro 
sopro de vento rápido. 
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Havia também um cinturão do mesmo tecido para colocar ao redor dacintura sobre a túnica solta dando forma ao corpo e provavelmente também 
mantendo os lenços em seu lugar, cobrindo o que deviam cobrir. Nada 
poderia desagradar mais que o traje que acabava de examinar e devolver de 
novo a seu cabide. Só disse uma palavra à moça que esperava sua decisão, 
de qual escolheria para ficar. 
— Esquece. 
— Ama? 
— Não quero que me vejam nem morta dentro uma dessas coisas, 
garota... de qualquer maneira, como se chama? 
— Jalla, ama. Se estas cores... 
— Não são as cores, Jalla, embora nunca tenha sido aficionada às 
cores. É o tecido transparente que me incomoda, já que parece ter sido 
desenhado para ser tirado e não para ficar vestida. Deve ter alguma outra 
coisa que eu possa me vestir. 
— Mas... 
— Algo como o que você veste. -a túnica sem mangas e a saia branca 
eram exatamente iguais às que tinha visto o darash varão usar, embora ele 
usasse calças e Jalla uma saia larga até os tornozelos- Bem, isso sim que 
parece fresco e cômodo para usar e não me pareceria estar cobiçando por 
olhares para ver algo mais. 
— Mas isto não é um chauri. 
— E? 
— E que as damas e Kan-is-Tran só usam o chauri. Você só pode usar 
o chauri. 
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— E os servos não, evidentemente. -tampouco lhe escapou o fato de 
que Jalla havia incluído todo o país nessa afirmação, e não somente à 
cidade. 
— O que acontece se me negar? -ela questionou e Jalla realmente se 
alarmou para ouvir a pergunta. 
— Mas não pode. O shodan não permitiria. 
Tedra chiou os dentes. Não queria usar esse maldito chauri, mas tão 
pouco queria entrar em uma discussão com Challen quando tudo estava ido 
tão bem entre eles. Observou com melancolia toda a roupa do bárbaro que 
estava pendurada ao seu redor, mas soube que não se atreveria a tomar 
alguma emprestada, já que o primeiro guerreiro com que topasse, exigiria 
que a entregasse e não tinha nenhum interesse em voltar a passar por isso 
outra vez. 
— Maldito inferno! - quase gritou, mas apontou com o dedo- Esse. 
Tinha escolhido o verde claro, já que considerou que o branco e o azul eram 
cores simbólicas para o Shodann, se podia ver pelas cores predominantes no 
castelo, e nesse momento estava muito desgostosa para querer agradar 
usando suas cores. 
— De quem são estes chauris? -perguntou enquanto Jalla começava a 
ajudá-la a vestir e via com que facilidade essa túnica podia se enrolar sem 
remédio se não tomasse com cuidado. 
— Teus, ama. 
— Mas de quem eram antes? 
— Teus... 
— Esquece! -interrompeu Tedra, sua irritação tinha acabado com sua 
paciência. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Os trajes estavam ali antes que chegasse, assim não podiam ser dela e 
de verdade não tinha nenhum interesse em saber quem tinha compartilhado 
o guarda roupa com Challen antes que ela, mas ia dizer a ele o que pensava 
sobre usar o chauri de outra mulher. 
E quando viu a obra terminada, gemeu. Quando avistou sua imagem 
no espelho, gemeu mais forte. Era muito pior do que tinha imaginado. 
Compreendeu então por que pareciam tão suaves, tão tímidas, tão indefesas 
as mulheres que tinha visto nas ruas. Não podiam parecer de outra maneira 
nesses trajes. 
Tedra não se importava de mostrar um pouco de pele. Não era isso, 
sendo que tinha trajes grudados no corpo que mostravam muito mais, mas 
jamais tinha usado algo tão primoroso, tão descaradamente feminino, de 
uma aparência tão endemoniadamente delicada. Usando isso, se sentia 
estranha, desprotegida, vulnerável. 
— O shodan se sentirá feliz, ama! -comentou nervosamente Jalla. Não 
tinha deixado de notar os gemidos e grunhidos- Está muito bonita. 
— Pareço uma funcionária de clínica de sexo. -respondeu Tedra, com 
repugnância- Mas enquanto Martha não possa ser vestida assim, suponho 
que sobreviverei apesar de ser obrigada a vestir essa roupa. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Capítulo 22 
Tedra conseguiu se vingar por ser obrigada a usar o chauri e a 
vingança foi muito mais doce por ser inesperada. Jalla a levou para fazer 
uma excursão pelo castelo, depois de comer. Era, na verdade, muito 
interessante e até chegou a esquecer por um momento como estava vestida, 
especialmente quando começou a ver outras mulheres vestidas exatamente 
iguais e sem se sentirem envergonhadas por isso. Jalla a apresentou a várias 
delas, explicando quem elas eram e por que estavam ali. Essa manhã 
aprendeu muitas coisas sobre as mulheres da Sha-Ka'an, muito poucas que 
pudessem lhe agradar, mas não estava ali para mudar seu mundo, só para 
negociar e se pudesse, talvez, conseguir ajuda para seu mundo. 
Um dos salões que não devia se aproximar era onde Challen realizava 
seu trabalho, mas como tinha impedido de fazer sua vontade e ir lá "não 
devia"? Esgueirou-se pelo salão pela parte de traz, apesar dos protestos da 
Jalla que se negou totalmente a segui-la. Era um salão comprido e 
cavernoso, com as paredes e o piso de uma substância brilhante com 
aparência de mármore, neste caso azul celeste com nervuras escuras. Ali viu 
Challen, sentado atrás de uma mesa de escritório, parecia um funcionário do 
Governo. 
Esperando ver um trono ou pelo menos um estrado elevado com um 
montão de almofadas, esse escritório tão normal a surpreendeu muito, mas 
supôs que esta era só uma anormalidade mais de Sha-Ka'na, que o fazia tão 
diferente do que ela sabia da história de seus próprios antepassados. 
O salão estava lotado de homens, e cada sofá ocupado por dois ou três 
destes homens enormes. Provavelmente, estavam esperando sua vez para 
falar com o shodan, que nesse momento, estava conversando com um grupo 
de quatro homens que estavam de pé diante do escritório. 
Do lugar onde estava não podia ouvir nada do que diziam, e estava a 
ponto de sair novamente às escondidas do salão antes que se dessem conta 
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de que tinha entrado nesse domínio estritamente masculino, quando Challen 
a viu e se calou de repente. Tedra supôs que estava em dificuldades ao vê-lo 
ficou de pé, dar a volta ao redor do escritório e começar a percorrer o 
caminho em sua direção. Não se desculpou por deixar o escritório com tanta 
pressa, assim que as cabeças começaram a girar para ver o que era que o 
atraía e logo Tedra teve todos os olhares cravados nela. 
Queria sair antes que Challen chegasse, seriamente ansiava fazer isso, 
mas cheiraria a covardia, assim se manteve firme no lugar. Ser valente era 
doloroso algumas vezes; a mesmo ficaria com o orgulho recheado 
severamente. Tudo o que pôde fazer foi esperar que Challen não estivesse 
muito zangado com ela por invadir seus domínios. 
Mas quando ele foi se aproximando viu que o fogo que ardia em seus 
olhos não era devido à irritação. Se tranquilizou um pouco e até pareceu 
divertido, pois já conhecia muito esse olhar. O bárbaro estava ardendo de 
luxúria e de cobiça. Tedra esteve quase certa de que não só ela, mas 
também o chauri, este último em particular, tinham despertado seu apetite 
sexual. O fascinava vê-la nesse traje tão feminino e o excitava ao máximo, 
diziam seus olhos ao se aproximar. 
Quando chegou ao lado dela não disse nenhuma palavra, mas pegou-a 
nos braços e saiu do recinto. Uma vez fora do grande salão não parou, 
continuou levando-a em seus braços ao longo do corredor. 
— Aonde vamos? -perguntou Tedra com um sorriso perspicaz que ele 
nem teve a paciência de ver. 
— Aos meus aposentos. -foi tudo que disse. 
— Mas, para que eu iria querer ir lá? 
— Mulher... 
— Não, falo sério. Quer parar um minuto? -quando ele se deteve e a 
olhou, ela declarou- Não vejo por que devo ir a seus aposentos, Challen. 
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— Eu sim. 
— Então, vá. Não vou te deter. -seu desejo estava sob controle,mas 
não tinha diminuído um pingo. 
— Virá comigo, kerima. -demandou em tom razoável. 
— Por que devo te obedecer? 
— Mulher, sabe muito bem por que. -ele disse em um tom menos 
razoável. Conteve a risada com muita dificuldade e conseguiu que seu 
semblante não a delatasse. 
— Talvez, mas deve olhar o meu ponto de vista, menino. Sua súbita 
necessidade de mim não é nada lisonjeira. Na realidade é insultante, já que 
sei perfeitamente bem que não fui eu quem despertou, e sim este maldito 
traje que sou forçada a usar. Se pudesse me vestir com minhas próprias 
roupas, se pudesse resgatar de minha nave, a propósito, se me devolvesse 
meu comunicador, não teria que estar abandonando seus assuntos para 
fazer sexo comigo. Em vez disso, com toda probabilidade teria gritado 
comigo, me ordenando que saísse do recinto em vez de sair você. 
Esperou um momento enquanto ele pensava sobre o que acabava de 
ouvir. Foi realmente cômico ver a expressão de exasperação e mortificação 
mescladas com desejo, mas ainda assim não riu. Isto era "vingança" de uma 
maneira verdadeiramente sutil e esplêndida, mas não queria arruiná-la, 
deixando que soubesse que estava se vingando. 
— E outra coisa mais... -continuou- é que estou conhecendo o castelo 
e desfrutando plenamente deste passeio para conhecê-lo, portanto seu 
desejo não me parece razoável em absoluto e exatamente agora. Tem me 
dito que tenho a opção de me negar a agradar seus desejos se não forem 
razoáveis, assim como também posso te negar meus serviços se não 
estamos no lugar onde dormimos. Vá, se agora for me dizer que já dormiu 
neste vestíbulo... 
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— Já chega, mulher! -interrompeu, sem fazer nada para ocultar sua 
indignação- Se eu te levar a meu quarto o assunto ficará solucionado. 
— Bem, sim, poderia fazer isso. -comentou fingindo surpresa antes de 
fechar a porta a essa opção- Mas se o que fizer, for considerada uma 
violação de nosso acordo, o que certamente é, isso me libertaria do 
compromisso que a mim concerne. Assim se deseja ter uma briga nas mãos 
cada vez que se aproximar de mim, vamos, me leve a força. 
Olhou-a durante uns segundos que pareceram intermináveis e 
subitamente ela soube sem ter a dúvidas que ele estava recordando a última 
vez que se amaram em um lugar que ele não dormia e como tinha admitido 
que não havia conseguido pensar com clareza depois de receber seu 
primeiro beijo. Tratou de se separar um pouco, mas Challen seguia 
segurando-a nos braços e não poderia se liberar dele até que ele desejasse 
soltá-la. 
— Pode tirar esses pensamentos de sua mente, guerreiro, neste 
mesmo momento. 
— Que pensamentos? 
— Sabe muito bem a que pensamentos me refiro. Agora mesmo quero 
constar que estou dizendo que não, assim se te aproveita de mim seguiria 
violando as regras. 
Ao ouvir isto Challen suspirou e a soltou dos braços. Ela voltou a se 
acalmar um pouco. 
— Ânimo, menino. Não faltam muitas horas para a saída da lua e 
então estarei precisamente onde quer que eu esteja. 
— Pensar nisso não me ajuda neste momento, kerima. -disse com 
tanta melancolia que Tedra quase mudou de opinião. O desejo tão imperioso 
de Challen fazia que também o desejasse com todo seu ser. Isto acabava 
sendo muito estranho já que muitos homens a tinham desejado sem que ela 
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correspondesse, mas não perderia a oportunidade de vingança por ser 
obrigada a usar esse odioso chauri. Teria que se encarregar de que ambos 
se ressarcissem mutuamente da perda do desfrute sexual que ela mesma 
impôs nesse momento. 
Agora que ele já não a tinha agarrada em seus braços, Tedra se 
aproximou um pouco mais e até se mostrou ousada passando o dedo pelo 
centro do peito, da base do enorme medalhão até a ponta do decote em V 
do colete, apenas por cima da borda dos bracs. 
— Deveria se alegrar que eu tenha te feito encontrar a razão, Challen. 
Não voltará ao recinto do escritório tão tarde, em que todos os homens ali 
reunidos soubessem a razão que te afastou de lá e te fez demorar tanto? 
Agora só pensarão que me tirou da sala para me repreender por ter entrado 
em um lugar proibido. 
— Nenhum dos guerreiros que me aguardam teria pensado que os 
deixei por qualquer outro motivo que não fosse precisamente esse, mulher, 
e menos depois de terem te visto por si mesmos, mas, está me dizendo que 
sabia de antemão que não devia entrar ali? 
Pensou que poderia mentir, especialmente depois de o ver como um 
homem que acabava de encontrar motivos para "vingança". Tedra deu um 
passo atrás com o sobrecenho franzido, mas tinha vacilado muito antes de 
responder, confirmando suas suspeitas. 
— Assim como atuou corretamente recordando ao guerreiro as regras 
que ele desejaria que tivesse esquecido, eu também farei o mesmo 
recordando as regras violadas. -Tedra ficou boquiaberta, logo fechou 
bruscamente a boca e chiou os dentes. 
— Se pensa em me castigar, Challen, será melhor que o faça agora 
mesmo. Não é minha culpa que tenha ficado excitado dessa maneira por 
causa deste maldito chauri que odeio usar! -ele riu ao ver que Tedra tinha 
ido às nuvens. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Pode pensar o que quiser, kerima, mas a roupa não foi o que me fez 
te desejar imediatamente. Todos os dias vejo mulheres vestidas como você, 
mas nenhuma me provocou uma necessidade tão imperiosa de a inundar 
com meu calor, ao menos nunca, como você. 
— Mas esse desejo premente despertou somente porque me viu 
embelezada como você julga apropriado, com a roupa que me obriga a usar. 
Admita, Challen. A culpa segue sendo do chauri. 
— Não posso negar que te encontro formosa e muito desejável na 
roupa das mulheres de Kan-is-Tran, mas não mais desejável e formosa que 
quando está desprovida de roupa. -suas bochechas ardiam, mas ele ainda 
não tinha terminado- Nem posso negar que ainda desejo que reconsidere a 
situação e venha comigo a meu quarto agora. 
— Se o fizesse, esqueceria o castigo que mereço por invadir seus 
domínios, certo? -perguntou no tempo que pensava secretamente que as 
palavras estavam carregadas de chantagem. 
— Não. -ele disse friamente. Não tinha esperado essa resposta. 
— Ao menos é sincero. -replicou a contra gosto- Mas além destas 
circunstâncias, compreenderá por que não estou com ânimo para 
reconsiderar nada. 
— Claro que sim. -assentiu com a cabeça e começou a retornar a 
grande sala. 
— Espere um momento. -Tedra puxou seu braço- Falei sério. Se for me 
castigar, faça agora. Não deixarei que arruíne o resto do dia me fazendo 
esperar por toda a tarde pelo famoso castigo. -ele levantou uma só 
sobrancelha dourada para ouvi-la. 
— Não acaba de dizer que não faltam muitas horas para a saída da 
lua? Me encarregarei de ti nesse momento, kerima, não antes. -Tedra o 
olhou com fúria mal contida, um olhar que não poderia inadivertir Challen, 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
antes de dar meia volta sobre seus pés descalços e se afastar a passos 
rápidos. Nesse momento descobriu que Jalla não estava em nenhum lugar, e 
que não a tinha esperado por medo de possivelmente receber algum castigo 
que pudesse receber- Mulher? 
— O que quer? -estalou girando em circulo com o mesmo olhar 
carregado de fúria. 
— Se eu tivesse te advertido que não entrasse na sala de petições, não 
teria desobedecido a um guerreiro, não é verdade? 
— Isso era discutível? Não. 
— Então não desobedeceu a um guerreiro, só a uma darash, uma falta 
insignificante que merece um corretivo leve. Não tem motivo para temer um 
corretivo desses. 
Depois de dizer isso, desapareceu no interior do salão proibido para as 
mulheres. Tinha feito quase uma promessa de que o castigo seria uma 
palmada na mão ou algo equivalente em Sha-Ka'ani. Ele não tinha porque 
dizer que, além disso, não queria que ela se preocupasse muito. Tedra sorriu 
e de repente se sentiu invadida por uma ternura tão grande por ele que lhe 
pareceu que explodiria o peito. Teve vontade de rir de puro prazer. Quis 
chamar Challen de novo a seu lado e dizer que, depois de tudo, tinha 
mudado de opinião. Entretanto, não fez nenhuma das duas coisas. Saboreou 
com alegria a inquietação que ele tinha demonstrado por ela e a paz de seu 
espírito, mas não perdeu de vista o fato de que, se não mostrasse seu 
desgosto pelas coisas deste mundo que a incomodavam seriamente, ao 
menos aquelas coisas que a afetavam diretamente, continuariam sem 
solução. Ele já sabia e o quanto ela odiava esse chauri e possivelmente faria 
uma exceção em seu caso e encontrariam um traje mais aceitável para seu 
gosto. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Capítulo 23 
Jalla não reapareceu mais, assim Tedra continuou seu passeio, sozinha 
por todo o castelo, mas logo se aborreceu sem a saborosa conversa da 
escrava explicando para que serviam os distintos salões, e quem era quem, 
das pessoas que cruzavam em seu caminho. Ficaram poucas alternativas 
interessantes para completar o resto do dia: Ou retornava ao quarto de 
Challen e não fazia absolutamente nada, ou retornava para um amplo salão 
que tinha passado um momento antes e que parecia ser o lugar de reunião 
de mulheres, ao menos as livres. As órfãs, as viúvas jovens e quão velhas 
tinham sobrevivido a seus filhos e maridos, tudo sob o amparo do Shodann 
nesses momentos, sentavam-se ali para conversar e fazer intrigas, enquanto 
costuravam tecidos com fios e agulhas. 
Tedra não podia se imaginar fazendo o mesmo que elas, especialmente 
depois do frio recebimento que lhe tinham dispensado as mulheres livres, 
algumas das quais a tinham tratado com verdadeira frieza de gelo durante 
as apresentações. E nunca a atraiu a ideia de cruzar as mãos e não fazer 
nada, assim não foi a nenhum desses lugares. Tinha visto todo o castelo, 
agora veria a cidade. 
Foi mais fácil tomar essa decisão que concluí-la, mas logo depois de 
explorar um pouco mais, encontrou por fim um salão na parte baixa do 
castelo, sem ninguém por perto e com algumas janelas convenientemente 
abertas, pelas quais poderia sair para o lado de fora. O seguinte passo a 
saltar era a porta, mas como tinha saído do castelo por um salão que estava 
na parte de traz, rapidamente descobriu outra porta, que não era nem tão 
larga nem tinha tanto movimento de gente e veículos. Ali era onde se 
efetuavam as entregas de mercadorias e por onde só os darashas passavam. 
Os homens se empenharam em não notar sua presença e as mulheres a 
olharam com certa curiosidade, nada mais. 
Sem perda de tempo, cruzou o extenso pátio traseiro e saiu 
rapidamente pela porta aberta. Não demorou muito para perceber que teria 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
sido muito melhor se seu traje incluísse algum tipo de calçado, mas nem 
passou pela sua cabeça voltar ao castelo. Se não a tinham detido ao saber 
que estava fazendo algo proibido, menos o fariam com os pés doloridos. 
Fora da porta encontrou uma espécie de mercado. Aparentemente era 
uma rua de mercados e cada um exibia quase a metade de seus produtos 
para a venda diante de sua loja, em mesas e carretas, em cestas ou no que 
tivesse mais à mão, ou ainda simplesmente estendidas sobre mantas nas 
calçadas. Certamente que havia mais para ver no interior das lojas, 
provavelmente as mercadorias de maior valor, mas passando o olhar pelos 
arredores pôde observar que ofereciam uma considerável variedade de 
mercadorias, desde mantimentos e panos até joias e armas. 
Outra vez sentiu um grande alívio ao ver que ali a maioria das pessoas 
pertencia ao grupo darash, que se dedicavam tanto à venda como à compra, 
mas também chamava atenção a presença de algumas mulheres livres, com 
suas capas de brilhantes cores, atadas ao pescoço e jogadas com descuido 
sobre os ombros, que passavam indiferentemente de uma loja a outra. Se 
ela tivesse uma capa a teria usado para se cobrir completamente, mas como 
o chauri era um símbolo de liberdade, essas mulheres o deixavam 
claramente à vista mais por orgulho do que nada. De que liberdade se falava 
quando todas tinham um ou dois guerreiros as acompanhando? Contudo, o 
fato de carecer de um acompanhante não teria que ser nenhum problema 
para ela, enquanto permanecesse bastante perto de uma mulher que sim o 
tivesse, já que quem podia dizer que o acompanhante dessa mulher não era 
também o seu? 
Escolheu um parceiro e foi com eles. Até teve que fazer que o 
guerreiro que ia com a mulher não soubesse que não acompanhava ela 
também, por isso tomou as precauções necessárias para se manter sempre 
às suas costas e não se deixar notar por ele sem por isso deixar de ver tudo 
o que queria na praça do mercado. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Este passeio durou uns miseráveis cinco minutos até que uma 
mãozona caísse sobre seu ombro e a fizesse virar. Nesse mesmo instante e 
até antes de levantar a vista e ver dois formidáveis guerreiros, soube que 
sua excursão pelo mercado tinha chegado ao fim. Um dos guerreiros sorria, 
mas o outro demonstrava claramente sua desaprovação. Ambos totalmente 
desconhecidos, mas eram típicos gigantes, embora não do físico de 
Challen... mas mesmo assim muito maiores que ela. Ela considerou que 
ainda poderia vencer se os pegasse despreparados e se não tivesse outro 
remédio. Tudo o que queria averiguar era como tinham descoberto, quando 
esteve sempre tão perto do outro guerreiro e de sua dama. Talvez não 
tinham descoberto na realidade. Possivelmente só desejavam ter um bate-
papo amistoso com ela. 
— Sim? 
— Sim, nos diz -comentou o mais risonho, sem se dirigir a ninguém 
em particular- Mulher, tiveste bastante tempo para fazer sua escolha. Como 
não aproveitou esse tempo para pedir o amparo de um de nós, eu agora te 
reclamo. 
— Oh, por todas as estrelas! Tenho que passar por isso outra vez? -
exclamou enfastiada. O tom de sua voz não a liberou do sorriso agradável. 
Ainda estava firmemente em seu lugar quando o guerreiro tratou de agarrá-
la, mas a mão nunca chegou ao seu destino, pois Tedra a tomou na sua e 
com um giro violento de pulso retorceu seus dedos com todas suas forças. 
— Não tome como algo pessoal, guerreiro -disse serena dirigindo o 
homenzão, sem nem se esforçar muito para impedir que se movesse um 
centímetro- Mas já fui reclamada, digamos assim, ou ao menos tenho todo o 
tempo ocupado até dentro de um mês, então compreenda por que não posso 
ir contigo, certo? Ao meu próprio guerreiro desgostaria em extremo, e isso 
me obriga a te impedir que me leve contigo. 
— Bulam! -foi tudo o que ele disse, mas disse em voz bastante alta e 
como pedindo ajuda. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Bulam tinha que ser o outro guerreiro que tinha mostrado sua 
desaprovação e Tedra se voltou para lhe advertir que não intervisse, mas 
não o viu em nenhum lugar. Muito em breve descobriu que não tinha ido 
muito longe. Duas mãos de aço a rodearam por atrás, cercando seus braços, 
e a imobilizando virtualmente... ou assim acreditava ele. 
— Solte-o, mulher! -ordenou Bulam com voz irritada e profunda. 
— E se não o fizer? 
Houve uma longa pausa, como se o homem estivesse lutando para se 
sobrepor à surpresa ou simplesmente a incredulidade de ver que a mulher 
não estava cumprindo a ordem dada. 
— Não me obrigue a te machucar... -a advertência tirou dela mais um 
gonzo. 
— Me machucar? OH, não, guerreiro, não vai aliviar sua consciência 
me culpando por me machucar. Eu não pedi a dois palhaços como vocês, 
que me parassem e já disse que não estou disponível para reclamações. 
Assim qualquer dano que me façam corre por sua conta,não pela minha. É 
obvio que isso vale à recíproca -acrescentou com magnanimidade- Tomarei 
todo o crédito por qualquer dano que eu possa lhes causar. 
— Bulam! -voltou a gritar o guerreiro que não sorria mais. Já estava 
recebendo parte do estrago que ela podia causar e ansiava que parasse de 
uma vez. Seu amigo começou a se encarregar de pôr fim, apertando 
lentamente os braços que a detinham, mas Tedra tinha antecipado esse 
movimento, e aplicou cada vez mais pressão até que seu amigo a soltasse 
ou ele desmaiasse. Antes que a pressão ficasse muito forte, torceu e 
empurrou para cima um pouco mais o pulso do guerreiro prisioneiro em suas 
mãos, obtendo um gemido que distraiu momentaneamente Bulam. Este 
afrouxou os braços instintivamente, o tempo suficiente para que ela pudesse 
dobrar o braço livre para trás e para baixo, onde seus dedos se fecharam 
como pinças ao redor de algo macio. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Com apenas um apertão conseguiu que a soltasse mais que depressa, 
mas ainda tinha um grande problema. Era bem verdade que tinha ambos os 
guerreiros a sua mercê, mas também era muito certo que tinha ambas as 
mãos ocupadas para mantê-los dominados. Quanto a ela, ter dominado 
estes guerreiros não tinha melhorado muito sua posição. Francamente, não 
tinha ideia de qual seria seu passo seguinte. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Capítulo 24 
— E quanto tempo mais pensa poder segurar dessa maneira, antes 
que outros guerreiros os vejam e venham em sua ajuda? 
Ao ouvir "outros guerreiros" ela acreditou que essa nova voz pertencia 
a um homem darash, mas ao olhar por cima do ombro viu que não tinha tido 
essa sorte. Não tinha reconhecido a voz, mas reconhecia Tamiron, o amigo 
de Challen, sem nenhuma dificuldade. No momento não sabia se a tiraria da 
angustiante situação em que ela mesma se colocou ou se arrumaria mais 
problemas. Se seu olhar gelado indicasse algum indício, provavelmente 
seriam problemas. Decidiu ser prudente e soltar as suas vítimas. Talvez uma 
desculpa fosse o mais aconselhável. 
— Sinto o acontecido, amigos, mas Tamiron pode confirmar o que 
acabo de... 
Estrangularam suas palavras abruptamente. Não tinha machucado o 
guerreiro Bulam, só o havia posto nervoso como o demônio. Assim que sua 
mão soltou a parte branda de seu corpo, ele reagiu com absoluta rapidez e 
sua reação estava em deixá-la fora de combate. Desta vez a rodeou só com 
um braço, mas a apertou tanto que cortou sua respiração. Com a outra mão 
segurou as mãos de Tedra. Não alcançou suas partes mais estimadas, 
embora não ficasse muita força para tentar lutar, como lutava para poder 
respirar. Enquanto isso, o outro guerreiro estava sacudindo o braço para que 
o sangue voltasse para circular pela mão e dedos intumescidos e lançando 
um olhar feroz com seus olhos castanho claro, que falavam de morte. 
Felizmente, Tamiron se interpôs entre eles nesse momento, antes que 
o homem pudesse pôr em execução seus pensamentos, mas se não fizesse 
algo rapidamente, para Tedra o resultado seria indiferente, já que estava a 
ponto de perder a consciência. 
— A mulher já tem um protetor, Kogan. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Lembre-se Tamiron Ja-Na-Der! Não ostenta nenhuma cor. 
— Devido a sua própria ignorância. -a voz do Tamiron pareceu 
afetadamente serena depois da veemência do Kogan- Ela não é de Kan-is-
Tran, assim não conhece nossos costumes. Também seu comportamento 
difere notavelmente do de nossas mulheres, como terão notado por vocês 
mesmos. Acreditem acaso que uma mulher da Sha-Ka-Ra teria ousado se 
comportar como ela? -Tamiron não esperou nenhuma resposta. Olhou 
serenamente aos olhos de Bulam- Será melhor que a solte agora, antes que 
tenhamos que levar o assunto diante do shodan. 
— Não vejo o motivo para ter que envolver o shodan. -até Tedra, tonta 
como estava, pôde captar o nervosismo na resposta de Bulam e merda, se 
não a soltou imediatamente. O problema foi que quase caiu de bruços, e 
teria caído se Tamiron não estivesse por perto para segurar ela. 
— Esta bem, Tedra do Arr? -estava muito ocupada em respirar 
profundamente o ar para responder imediatamente, mas quando o fez, foi 
para se queixar, ao mesmo tempo em que o empurrava longe dela. 
— Fala exatamente igual a meu andróide ao me chamar por meu nome 
completo. É que por acaso, do Arr é minha classificação, não meu 
sobrenome, assim Tedra basta se formos amigos, se não, faria bem me 
chamar mulher. Estou me acostumando com isso. 
— É bom saber que está aceitando alguns costumes de nosso país. Se 
fosse tão sensata para aceitar todos, não teria sido reclamada por um 
guerreiro acreditando que estava em seu direito. 
— Sabia que me agradaria, menino, se suas repreensões fossem tão 
suaves. 
— Repreensões? Acredito que receberá muito mais que isso, Tedra. 
— OH, vamos, não irá contar a ele o que aconteceu, não é verdade? 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
— Devo saber quem é seu protetor, Tamiron, ou devo aceitar sua 
palavra de que o tem, quando sua presença aqui sem companhia diz 
justamente o contrário? -disse Kogan. 
Tedra passou o olhar do um ao outro esperando que se lançasse um 
desafio. Não tinha aprendido ainda que a arrogância de um soldado não 
permitiria a beligerância, que todos os guerreiros aceitavam como algo 
normal, por isso não era um verdadeiro insulto. Segundo seus costumes 
todos os homens tinham direito de duvidar, discutir e discordar, sem se 
importar quem estivesse envolvido. 
— Não há necessidade de que aceite só minha palavra -disse então 
Tamiron, mas estava sorrindo- Só precisa vir ao castelo e perguntar a 
qualquer um onde dorme a mulher, e vão dizer que dorme no quarto do 
grande shodan. 
— Expressou-se com muita rudeza! -reprovou Tedra, enquanto via 
como desapareciam de vista os dois guerreiros, logo depois de ouvir esta 
declaração. 
— Devia se envergonhar, mas vejo que não o faz. Melhor deixar que a 
discipline quem tem direito a isso. -pegou seu braço e começaram a 
caminhar de volta ao castelo. 
— Mas eu gosto muito mais de sua forma de me tratar e de me 
disciplinar. Insista nisso e então poderá não sentir a necessidade de 
apresentar mais informações do dia de hoje. -esperava que dissesse que não 
contaria nada a Challen sobre sua pequena escapada, mas se encontrou com 
um silêncio total. Chiou os dentes- Olhe, tudo o que queria era percorrer um 
pouco a cidade. Não ia muito longe e não estava tentando fugir, se isso for o 
que pensa. 
— Acredito que descobriu que sair sozinha de Sha-Ka-Ra não é uma 
tarefa fácil. Mas, jamais passou pela minha mente a ideia de que queria 
fugir. - e então sufocou a risada- Provavelmente não teria atraído tanta 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
atenção se estivesse corretamente vestida. Certamente que eu não teria 
permitido que se afastasse muito do castelo sem te deter. 
— Me seguiu. -acusou com indignação. Ele assentiu com a cabeça sem 
demonstrar o menor arrependimento por não ter intervindo, antes que a 
situação se tornasse tão perigosa. Certamente pensou que ela não teria 
aprendido tão bem a lição se o tivesse feito. Imediatamente soube por que a 
tinham descoberto tão logo, assim não o agrediu por seu resgate tardio. 
— É por essas malditas capas? E como são de diferentes cores, essas 
são as cores de que falava o guerreiro, as cores das capas. 
Tedra passou as últimas horas da tarde se afundando cada vez mais, 
num estado de naufrágio com intermináveis acessos de cólera. A cólera se 
devia ao fato de que não tinha por que estar tão nervosa. Teria que aceitar 
qualquer castigo que impusesse Challen pelo simples fato de que a tinha 
advertido de antemão, que a castigaria se saísse do castelo, mas tinha saídomesmo assim. Se alguém desobedecia as regras, não podia chorar pelas 
consequências. 
Tedra pelo menos não podia reclamar, mas maldito fosse, se não podia 
se queixar de lhe impor essas ridículas regras em primeiro lugar. Nunca em 
sua vida a tinham impedido de ir e vir ao seu desejo, ao menos não desde 
que tinha chegado a idade adulta. Assim não se afastaria muito, a não ser 
dar voltas pelo castelo por um tempo. Aceitava a parte de sua derrota, mas 
o serviço que exigia essa derrota não ocupava todas as horas do dia. No 
máximo umas poucas pela manhã e de noite e possivelmente algumas mais 
se Challen, por acaso, a encontrasse em seu quarto à tarde. E isso não 
chegava a ser nem a metade das horas em que estava acordada e estava a 
outra metade, confinada no interior do castelo, isso cheirava a reclusão, 
vissem como vissem. 
OH, sim, tinha todas suas queixa bem alinhadas, mas Challen a 
castigaria de qualquer forma, porque era um bárbaro e eles pareciam estar 
plenamente convencidos de que o castigo era a melhor resposta para tudo. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Certamente todas as mulheres deste mundo sabiam perfeitamente o castigo 
que receberiam por qualquer engano que cometessem. Tedra o ignorava por 
completo e isso era algo insuportável, o que era a causa de seu extremo 
nervosismo, que ia agonizando mais ao ir caindo a noite e se aproximava 
mais hora da volta de Challen. 
Tomando todas as precauções que pôde, Tedra se posicionou o mais 
longe possível da entrada do quarto. O lugar finalmente eleito foi uma 
sacada sob as estrelas. Queria aproveitar todas as oportunidades que se 
apresentassem para observá-lo atentamente, antes que se aproximasse. 
Deste modo poderia determinar o tamanho de sua irritação e decidir se 
saltar pela sacada para desaparecer de sua vista durante algum tempo, 
poderia chegar a ser o mais prudente. Não era provável que o fizesse, mas 
ainda assim queria contar com essa alternativa. Talvez quebrasse algo ao 
cair, estes cômodos individuais tinham seis metros ou mais de altura, ele se 
esqueceria de castigá-la. 
A sacada teria sido um bálsamo para seus sentidos em outras 
circunstâncias. Dali se gozava de esplêndida vista de uma boa parte da 
cidade por cima das altas muralhas, dos parques e jardins que rodeavam o 
castelo e até da rua e grandes janelas que permaneciam abertas até altas 
horas da noite. Podia ver os servidores encarregados das pedras gaali, com 
as largas varas que usavam para abrir as caixas no alto dos postes, ao longo 
da rua quando caía a noite. 
Ela mesma tinha destampado algumas logo depois de ver como 
Challen fez no dia anterior. Cada uma das paredes do quarto tinha uma 
borda estreita de dois metros e meio do chão com uma tampa de madeira 
que caía para trás e se introduzia na parede ao mover sua alavanca. Estas 
bordas, é obvio, ocultavam em seu interior várias camadas de pedras. Cada 
alavanca contava com cinco regulagens e graças a elas era possível iluminar 
todos os cantos do vasto aposento, com uma luz que podia ir de fraca até a 
super brilhante. O mármore branco das paredes a refletiam e os raios de luz 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
ricocheteavam no alto teto, dando a sensação de que o sol tinha entrado 
nele. Mas não contente com isso, Tedra também tinha destampado todas as 
caixas que continham estas pedras e que estavam colocadas nos pedestais 
por todo o aposento. Só fez uma exceção: não abriu as caixas que estavam 
na sacada. Contudo, a luz que se infiltrava do quarto era mais que suficiente 
para iluminar lá também. 
Tedra passou apenas uns minutos contemplando a vista da sacada 
antes de se virar e ficar de frente à porta do quarto. Passou bastante tempo 
antes que a porta se abrisse, mas não abandonou essa posição. e Challen 
não chegou sozinho. Sustentava a porta aberta para que entrasse uma 
darasha com uma grande bandeja cheia de comida e esperou que partisse 
para fechar. Depois a procurou com o olhar. Não foi difícil encontrá-la. Não 
havia onde se esconder no enorme quarto, a menos que o fosse debaixo da 
cama, mas ambos sabiam que ela não se rebaixaria a fazer isso. Além disso, 
era bem visível na sacada. Não tanto como no meio do quarto debaixo de 
todas as luzes, mas o suficiente; e toda essa sua espera e cuidado as 
precauções provaram ser inúteis. O bárbaro não deixava demonstrar 
nenhuma de suas emoções, enquanto avançava pela habitação até parar 
debaixo de uma das arcas que davam a sacada. Era o sereno controle 
personificado, mas possivelmente isso era bastante revelador em si mesmo. 
Apenas a saudou com um sorriso cálido. Não viu que em seus olhos se 
ascendia o fogoso olhar de paixão que a tinha queimado ao encontrá-lo 
nessa mesma tarde. Só recebeu um olhar escrutinador que levou uns 
minutos cheios de tensão. 
— Entre, mulher. -até sua voz estava desprovida de emoções. 
— Vamos comer? 
— Nós vamos falar e eu vou comer. 
— Me mandará pra cama sem comer? 
— Isso... entre outras coisas. 
CarolJohanna Lindsey Série: Família Ly-san-Ter 01 – A mulher do guerreiro 
Por um segundo sentiu um grande alívio. Apenas a privaria do jantar. 
Um castigo para crianças, típico dos bárbaros, mas muito insignificante. Se 
adiantou então com extrema cautela para tomar a mão que ele estendia. 
Nem sequer pensou em dispensá-la. Apesar de tudo, estavam em um lugar 
onde ele exercia pleno poder sobre ela. 
Challen a conduziu até a mesa onde depositaram as vasilhas repletas 
de comida. Havia carne vermelha e branca, cortadas em pequenas partes 
banhadas com um molho escuro; algo que poderiam ser vegetais e frutas 
cortadas; uma travessa cheia de pães-doces e doces dourados; uma 
sobremesa assada com aparência brilhante e um aroma realmente delicioso; 
e um garrafão de vinho. Havia suficiente comida para dois, possivelmente 
para três pessoas. 
Tedra não tinha tido absolutamente nada de fome até esse momento 
em que via toda essa comida, sabendo que não provaria um bocado. Challen 
se acomodou em um dos divãs, mas não indicou que fizesse o mesmo. Mas 
fosse onde fosse dentro do quarto enquanto ele comia, faria estragos em seu 
estômago. Passar sem comer quando não se via ou se cheirava a comida era 
uma coisa, esta outra era muito distinta. 
Começou a dirigir seus passos para os divãs que estavam debaixo das 
janelas quando a voz do Challen a parou em seco. 
— Tire o chauri agora mesmo! -um rápido olhar em sua direção 
revelou que ele não estava fazendo nada para tirar os bracs, nem o 
extravagante comtoc azul metalizado que usava no corpo. Bom, quantas 
vezes esse dia tinha pensado que seria melhor estar nua que usar esse 
maldito chauri? E não era como que nunca tivesse estado completamente 
nua diante de Challen enquanto ele permanecia vestido. Encolheu os 
ombros. 
— Você manda. -desatou o cinturão e levantando por aqui e 
arrastando para lá, ficou de pé junto ao divã, sem nada, completamente 
nua. O chauri era só um montinho fofo aos seus pés. Uma vez mais os olhos 
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de Challen estudaram seu corpo com absoluta serenidade, fazendo-a 
recordar o dia do primeiro encontro, o que a fez suspeitar a classe de 
suplício que lhe esperava essa noite. 
— Agora sente aqui. -disse ele. O "aqui" era seu colo, que ele assinalou 
enquanto observava sua reação diante da ordem. Ela não o decepcionou e se 
ruborizou vivamente. Também seus olhos adquiriram um brilho singular ao 
cravá-los nos de Challen, mas era um brilho que denunciava irritação por 
sua própria confusão. Se tivesse contado com anos de experiência em co-
participação sexual em vez de só uns quantos dias, poderia ter aceitado até 
com indiferença, mas nem sequer tudo o que ambos tinham feito durante 
esses poucos dias a tinha preparado para sentar escarranchada sobre seus 
quadris, estando

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