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INTRODUÇÃO À ANTROPOLOGIA
 
O despontar da Antropologia
 
Há quanto tempo existem antropólogos? Como muito exagero de simplificação é certo afirmar
que toda ciência que conhecemos nasceu de uma questão matriz. Ao estudarmos
Antropologia de forma reflexiva, com o objetivo de desenvolvermos um estilo de pensamento
antropológico, devemos compreender a rede de acontecimentos que se entrelaçaram em
circunstancias diversas para formação da pergunta que talhou o corpo da disciplina chamada
de Antropologia.
Esta pergunta provavelmente consolidou a sua forma, quando um grupo de homens se
dedicou em responder o que é aquilo com pegadas idênticas as deles, mas se comporta,
pensa, e, até fala diferente deles. Neste momento alguns homens perguntaram a si mesmo,
num ato de questionamento quem são aqueles que estão fora seu convívio? Iniciou-se o
movimento de polimento da Antropologia.
O desenrolar desse polimento deu-se sobre um lento e descontínuo acúmulo de observações
e questionamentos que giraram em torno do objetivo de compreender a diversidade humana
que começava a ser percebida como existente dado investigado. A questão matriz que
motivou a polir os conhecimentos que formaria o campo da Antropologia se situa em
determinar a posição e o lugar do Homem na escala zoológica e em relação à natureza.
 
A pré-história da antropologia tem origem, os séculos XV e XVI, nessa época as informações,
acerca de outros povos distantes, eram dadas por viajantes. Nessa ocasião cogitaram duas
ideologias adversárias. A primeira a ideia de que os povos primitivos eram selvagens não
tinham história, nem costumes culturais. Eles não tinham tudo o que defensores
apresentavam ter. No caso da segunda ideia ressaltavam os aspectos desses povos em
relação o que conseguiram desenvolver e organizar os sistemas políticos e econômicos se
apresentava em melhores condições em harmonia com a natureza que os outros não
conseguiam.
No século XVI alguns dos pensadores interrogaram se os bárbaros não eram elele como
afirma Francoise Laplantine (2000), eles defendiam a “ingenuidade original” do estado de
natureza. Odemos perceber quanto por trás dessas duas posições há uma visão sobre o
Ocidente uma visão negativa, de recusa do estranho, tinha uma visão positiva sobre o nosso
modo de vida. Pelo contrário, aqueles que viam as virtudes dos povos tradicionais tinham
uma visão negativa do Ocidente.
Para concluir o despontar da Antropologia como ciência está relacionado ao contexto com a
intenção de busca diferentes formas de vida que ajude a ver as coisas do mundo como uma
relação capaz de ter tido um nascimento, capaz de ter um fim ou uma transformação. Mas
este é um aprendizado que deve ser executado a partir da problematização, analisando os
pressupostos, ideias, convenções, escrita, formas de representar a alteridade – O conceito
do ocidental de alteridade girou nos últimos séculos entre dois polos; se imagina uma
alteridade, sobre o Outro, e, logo sobre si mesmo, uma ilusória. O Outro é a referência
tomado como motivo, para legitimar práticas de exploração econômica, militares, políticas, de
conversão religiosa ou de emoção estética.
 
A Antropologia mostrou o lugar e a posição do Homem através do estabelecimento de
escalas, parâmetros e conceitos que comprovaria e determinaria ao que se cabe à categoria
Homem e por conseguinte, de humano.
Ponto de eclosão da Antropologia
O espaço social da eclosão da Antropologia como disciplina científica, dotada de uma missão
investigativa com base em outras ciências, como a Biologia e a Física; situa-se no espaço
continental europeu, primordialmente, com a Alemanha, França e Inglaterra. Todavia as três
tradições de escrita antropológica atribui aos gregos o interesse primeiro de inspecionar
diretamente o Homem, colocar como causa da variedade das riquezas de vestimentas, das
culinárias, dos governos, dos costumes e os diferentes tipos de comportamentos.
 
Cabe o grego Heródoto (484 – 424 a. C.) a responsabilidade por fazer esta primeira investida
de colocar o comportamento como causa da diversidade e pluralidade entre os homens.
No entanto, de forma precisa, não podemos assegurar que com Heródoto se tenha formado
um plano de tradição do pensamento antropológico, similar ao que se produziu com a
Filosofia. Pois, a Filosofia se firmou nas colônias gregas ao ponto de se consolidar em escolas
filosóficas, com força de implantar uma longeva tradição que se expandiu em torno de
renomados filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles, ao ponto destas escolas com suas
reflexões servirem de base para Filosofia ocidental a qual conhecemos hoje nas salas de
aulas.
Se os gregos não fundaram escolas antropológicas, não fundaram uma comunidade de
antropólogos, portanto, não deixaram um conhecimento rigoroso nesta área. Talvez o mérito
deles, tenha sido de transmitir a inspiração, da percepção da alteridade, centrada na noção
da diferença entre “nós” e “eles”, que marcará o paradigma de explicação antropológica. Tal
paradigma é incorporado como um guia da Antropologia por revelar que a escrita dos textos
antropológicos é construída entre dois mundos o do antropólogo e do outro, cabe o desafio ao
conhecimento antropológico servir de ponte para ligar os dois mundos.
Assim, de forma indiscutível, a possibilidade material e reflexiva para a formação do início da
tradição de conhecimento antropológico, longe de esta na Grécia, tem como epicentro a
“descoberta do Novo Mundo”, do outro lado do Atlântico, que deu ao homem europeu a visão
de todo o continente e povos ausentes da narração bíblica, que era até então, o livro bússola
do ocidente.
ANTROPOLOGIA COMO CIÊNCIA
Definições e classificações
 
A constituição da Antropologia como ciência, precisamos antes definirmos o conceito de
ciência e em seguida tentaremos apresentar o desenvolvimento das chamadas Ciências
humanas, local onde se encontra a Antropologia.
Etimologicamente, ciência vem do latim scientia que significa “conhecimento”. A Filosofia,
como conhecimento pode ser chamada de ciência. Mas, não estamos falando aqui nesse
sentido, estamos falando da ciência experimental que surgiu na modernidade. É a ciência de
Galileu, Newton e tantos outros. Algumas definições de ciência são amplas e acabam
escapando a especificidade do sentido de ciência que estamos estudando aqui. Exemplo de
tais generalidades são as definições de ciência, como um corpo de conhecimento
sistematizado ou conjunto de verdades certas e logicamente encadeadas entre si, de modo a
formar um sistema coerente. Podemos citar a definição de Goode e Hatt (1967), acerca da
ciência como uma definição plausível: É um método de abordagem do mundo empírico todo,
do mundo que é susceptível de ser experienciado pelo homem. Embora exista nas ciências
vários ramos de estudos, daí o termo “ciências” no plural, elas são uma, e tal unidade se
fundamenta no método científico e no objetivo de todas as ciências: o conhecimento objetivo-
experimental. Por isso, ao se falar de ciências exatas, ciências naturais e ciências humanas
estamos a falar de ciência. Após conceituarmos o termo ciência passaremos ao conceito de
Ciências Humanas para em seguida darmos início ao estudo do desenvolvimento histórico das
ciências humanas, e, por conseguinte, da Antropologia.
Ao definirmos ciências humanas (ou social), faremos em paralelo com a ciência natural.
Segundo Mello (1982) “A ordem da natureza, dizia-se, está submetida ao reino do
determinismo, é o universo da necessidade: mantendo-se constantes as condições, o mesmo
fenômeno reproduzir-se-á indefinidamente” (MELLO, 1982). Semelhante consciência e
continuidade permitem às ciências da natureza edificar leis e teorias explicativas. Em
contrapartida, a atividade humana tem um cunho de espontaneidade, de criatividade,de
liberdade; escapando a rigidez do determinismo que não pode deixar-se encerrar numa lei
explícita.
A Antropologia se inscreve na classificação das ciências humanas, mas não se limitará a esta,
pois Antropologia é comumente definida como o estudo do homem e de seus trabalhos, assim
definida, deverá incluir algumas ciências naturais e todas as ciências sociais. Os campos
estudados por esta disciplina é o da origem do homem, classificações de suas variedades e a
investigação dos chamados povos primitivos.
O desenvolvimento das ciências do homem
 
Para compreendermos o desenvolvimento das ciências humanas, estudaremos o seu primeiro
momento ou fase, o Positivismo. Ao tratarmos do positivismo iremos contextualizá-lo como
uma teoria social pertencente às Ciências Humanas. Em seguida apresentaremos as
principais características e seus pressupostos epistemológicos. Veremos o pensamento de
Max Weber, que em alguns aspectos, também se insere dentro do positivismo.
O termo epistemologia deriva do grego “epistemi” e significa ciência. Opõe-se a “doxa” que
significa opinião. A epistemi pretende ser um conhecimento certo, verdadeiro. A ciência que
tratava do Homem antes do século XIX era a Filosofia, utilizando o método especulativo
utilizado pela metafísica. Na modernidade a Filosofia como Metafísica entra em crise. Kant
fará uma crítica à razão pura cujos resultados foram que a Metafísica não se constituía como
uma Ciência, a exemplo da Matemática e da Física. A Metafisica não é capaz de produzir uma
ciência como o faz a Matemática e a Física. Embora, ideias de Deus, mundo, liberdade, alma,
possam ser pensadas, não podem ser conhecidas. A Metafísica, pensada como os dogmáticos,
é uma ilusão, um não conhecimento. Assim, surge um espaço vazio. A Filosofia se viu incapaz
de dizer o que é o homem. Este espaço vazio será ocupado pelas ciências humanas, estas
com grande prestígio derivado do êxito obtido no campo da Matemática e Física, pretenderá
ser a detentora do verdadeiro conhecimento do mundo e do homem.
Nesse momento é notório uma mudança de método, abandona-se o método especulativo (da
Filosofia) e adota-se o método da observação, da empiria. Várias ciências surgiram na
tentativa de dar conta do humano (Sociologia, Antropologia, História, Geografia, etc.), mas
todas, tendo como referência as ciências naturais. Esperava-se alcançar nas ciências
humanas o mesmo grau de objetividade das ciências naturais.
O Positivismo
 
O positivismo é uma proposta teórico-metodológica com pretensão de constituir-se como
ciência capaz de explicar as relações e fenômenos sociais.
 
A problemática subjacente que perpassa nosso estudo e nos questiona:
 
O positivismo pode ser explicado a partir de três ideias principais ou hipóteses fundamentais:
A sociedade humana é regulada por leis naturais, imutáveis, ou seja, não sofre1.
influências da vontade ou ação humana. Essas leis regulamentam a vida social,
econômica e política e são do mesmo tipo que as leis naturais.
O método para conhecer a sociedade são os mesmos utilizados para conhecer a2.
natureza.
As ciências naturais são ciências objetivas. Livres de juízos e valores, as ciências3.
humanas devem ser do mesmo tipo, ou seja, devem ser objetivas. Os valores são
empecilhos à objetividade, são contrários, portanto, indesejáveis nesse campo.
Talvez tenhamos um elemento utópico, pois o positivismo “afirma a necessidade e a
possibilidade de uma ciência social completamente desligada de qualquer vínculo com as
classes sociais, com as posições políticas, os valores morais, as ideologias, as utopias, as
visões de mundo”. (LOWY, 1985, p. 36).
O positivismo pretende completar a isenção de preconceitos para as ciências humanas. Sendo
filha do Iluminismo, entendemos seus motivos, ao compreendermos o contexto o qual estava
inserido, pois lutava contra a ideologia dominante da época, a ideologia clerical, feudal,
absolutista. No primeiro momento, o positivismo se mostra possuidor de um caráter utópico,
crítico e revolucionário.
O primeiro representante do positivismo foi Condorcet (1743-1794), postulando que a ciência
da sociedade deve tornar o caráter de uma matemática social, ou seja, deveria ser preciso,
rigoroso e objetivo. Considerava o conhecimento da Física um modelo de ciências isentas de
valor ou paixão, assim deveria ser as ciências humanas.
Em seguida temos Saint-Simon (1760-1825), discípulo de Condorcet. Esse formulou uma
ciência social segundo o modelo biológico (fisiológico). Sua reflexão tem caráter crítico
utópico. Para ele algumas classes são parasitas do organismo social, uma referência à
aristocracia e ao clero. Também caracterizada como combatente das classes dominantes.
Com Auguste Comte (1798-1857), temos uma mudança, pois este criticava, seus
antecessores em virtude de seu caráter crítico e negativo. Segundo Comte o conhecimento
deveria ser positivo. O positivo aqui soa quase como conservador. Embora, continue a
tradição anterior, considera a ciência natural como paradigma a ser perseguido, chama sua
concepção de “física social”, é uma ciência que estudará os fenômenos sociais. Esses
fenômenos são submetidos a leis invariáveis. Essas leis são naturais. Na economia é natural
que as riquezas se acumulem nas mãos de poucos e o proletariado deve se conformar com
tais leis imutáveis. Vemos aqui como as ideias de Comte refletem os interesses da nova
burguesia já estabelecida. Max critica a existência de tais leis.
Émile Durkheim foi um sociólogo no sentido pleno, por isso, o positivismo depende mais das
ideias desse sociólogo do que das ideias do teórico Comte. Para Durkheim o objetivo da
sociologia era estudar fatos que obedecem às leis sociais, leis invariáveis do mesmo tipo que
as leis invariáveis da natureza. O método era o mesmo.
O cientista social deve pôr de lado suas pré-noções antes de iniciar sua pesquisa. Deve
deixar-se conduzir pela imparcialidade científica, o sangue-frio. Fazer calar as paixões. Esta
tese é mantida por todos os positivistas. É claro que essa imparcialidade não é conseguida
nem mesmo por Durkheim, que deixa claro seus valores conservadores em sua obra As
Regras do Método Sociológico.
Na análise de Max Weber, autor positivista com algumas divergências, acredita como todo
positivista, que há possibilidade de uma ciência social livre de juízos de valor. Weber,
considerava que toda ciência da sociedade, da história e da cultura implica uma relação com
os valores que servem de ponto de partida para a investigação científica. Assim, não
considerava algo negativo, os valores estarem presentes no início da pesquisa. Os valores são
pressupostos indispensáveis a qualquer investigação. Determinam a seleção do objeto,
informa a direção da pesquisa, irão fornecer a problemática, ou seja, as perguntas que serão
feitas.
Em um segundo momento, o da resposta, Weber considera que, as ciências sociais devem ser
livres de valores e devem ser neutras diante das Ciências Sociais. A investigação empírica
deve submeter-se a leis ou regras objetivas e universais da ciência “Deste modo, os
pressupostos da pesquisa são subjetivos, depende de valores, mas os resultados da
investigação devem ser inteiramente objetivos, isto é, válidos para qualquer investigador.”
(LOWY, 1985, p.50).
Historicismo
O historicismo constitui uma das três principais teorias ou concepções acerca conhecimento
social. Abordaremos suas três fases, a saber: conservadora, relativista e desenvolvida por Karl
Maurheim, sempre destacando a problemática que subjaz todas essas perspectivas, que é a
questão da objetividade, do relativismo e dos juízos de valor, nessas abordagens que
pretendem a cientificidade.
,
O historicismo se norteia por três diretrizes:
Todofenômeno social é histórico e só pode ser compreendido dentro da História,1.
através da História.
Os fatos sociais são diferentes dos fatos naturais. As ciências que as estudam é de um2.
tio diferente (método diferente).
Tanto o objeto como o sujeito da pesquisa se encontram imersos no fluxo da história.3.
Passemos a conhecer o desenvolvimento histórico desta corrente social chamada4.
historicismo.
 
O historicismo surge por volta do século XVIII e início do século XIX e tem, nessa primeira
fase, um caráter conservador. Visa legitimar as instituições econômicas, sociais e políticas
existentes na Alemanha, na Prússia, enfim na sociedade tradicional representada pelos
senhores feudais, o clero, os valores culturais e religiosos da época. Estes, entendiam que
estas instituições e a sociedade como um todo eram produtos legítimos do processo histórico,
como resultado de séculos e história, resultado de um processo orgânico de desenvolvimento.
Portanto, ir contra essa sociedade, era ser um arbitrário superficial, e anti-histórico. Daí o
historicismo conservador ser contra as posturas revolucionarias, como a Revolução Francesa
e contra o próprio capitalismo.
 
A Antropologia em uso
As artes do fazer antropológico
A Antropologia é uma ciência “dos observadores capazes de observarem a si próprios.”
(LAPLAMTINE, 1998, p. 170).
 
Durante o estudo das unidades anteriores podemos observar e compreender que
Antropologia passou por um processo de polimento, não só da sua questão matriz, mas dela
mesma como disciplina. Com grau de polimento alcançado, a Antropologia transformou-se
numa peça capaz de ser empregada para refletir a própria imagem do homem como um
espelho. Ao bem da verdade, grande parte dos trabalhos antropológicos são formas distintas
de termos acesso tanto aos espelhos como as imagens daqueles homens em sua realidade
presenciada.
O que deu sustentação para que a Antropologia tornasse essa espécie de grande vidraçaria a
permitir confeccionar os mais diversos espelhos do homem foi o trabalho de campo, em
outras palavras, a pesquisa de campo. A Bronislaw Malinowski, nos anos vinte, do século
anterior, é mérito dele ter estabelecido com a sua pesquisa e obra, Argonautas do Pacífico
Ocidental o plano de trabalho, quanto do uso da observação participante em campo.
A partir Malinowski o trabalho de campo se efetivou como prática antropológica e adquiriu a
mesma importância do laboratório usado pelas ciências naturais. Desta forma, a ida ao campo
e os métodos que lá se aplicam como a observação participante e as entrevistas, passaram a
ser o caminho para a ampliação da teoria antropológica ou da sua negação. Pois ao invés da
companhia da biblioteca, de agora em diante, o antropólogo passou a se encontrar cada vez
mais, a olho nu com as diferenças do outro, a contrastar com seu próprio olhar.
Assim, o que o trabalho de campo impõe ao antropólogo é a necessidade de mudar a postura
para com os costumes considerados como exóticos, em lugar de classificá-los e de colecionar
objetos que os representem para compor um museu ou uma coleção particular de costumes
exóticos. Inicia-se a observar os costumes e registrá-los como integrantes de uma dada
realidade social e cultural, que representa os sentidos e os significados das experiências de
indivíduos definidos pelo termo “outro”.
Talvez seja válido reconhecer que o trabalho de campo quando metódico é o instrumento que
proporcione à Antropologia testar seus conceitos, teorias e os modelos de interpretação dos
sistemas sociais oriundos das observações das experiências humanas. Portanto, a viagem do
antropólogo ao campo guiado pelo seu referencial teórico, apreendido na universidade, bem
como da sua sensibilidade de registrar o que está diante dele, formam uma possibilidade
verdadeira de surgir um novo olhar antropológico.
Desta forma, a Antropologia está sempre aberta a ser reinventada a partir do que ela obteve
anteriormente da posição e do ponto de vista do “outro”. Em suma, ela se reinventa por meio
do encontro dos antropólogos com os outros e dos antropólogos com as teorias
antropológicas.
Além de testar as certezas antropológicas, o campo casado com a teoria possibilita montar
um diálogo perpetuou entre as diversas experiências humanas, assentadas não numa mesa
de vidro, mas numa mesa imaginária que é a escrita antropológica, para que o homem possa
se reconhecer em suas experiências. E, deste modo, se posicione em seu lugar de forma mais
ordeira.
Portanto, a maior herança que a Antropologia vem proporcionando com o trabalho do campo
é de tornar visível à experiência da existência de formas de sociabilidade e de
relacionamentos sociais distintos que são o que são por causa das ações e das crenças
reinante naquelas sociabilidades e relacionamentos. Assim, o que está em jogo nesse contato
entre antropólogo e campo é a produção de espelhos. Ele é fabricado ao se estudar uma dada
situação social e compará-la a realidade do antropólogo. O exemplo a seguir exemplifica
melhor.
Se você estudar as castas da Índia, terá condições de visualizar até que ponto a estrutura que
sustenta a hierarquia das castas se faz presente em nossa sociedade através de outras
formas, mas que tem efeito semelhante de barrar a ascensão social ou de justificar lugar dos
subordinados, como é tão similar em nosso país o papel do preconceito racial que funciona
como fator hierarquizante entre os brasileiros, ao mesmo tempo, que serve para justificar
porque afrodescendentes estão situados em condições tão difíceis no Brasil.
 
Adquirido bagagem para ir ao campo
 
Para o antropólogo o trabalho de campo é um esforço em direção ao outro para poder traduzi-
lo. É uma espécie de tradução para o antropólogo porque chega-se apenas a compreender o
que o outro representa para ele. O que se compreende é redigido em um diário de campo
com o intuito dos registros da tradução ser comparado com que ele compreende da sua
própria cultura. Dessa relação de comparação por contraste dos dois sistemas culturais
gradativamente tornam-se visíveis as variáveis de organizações sociais que estavam ocultas.
Desta forma o lado mais estimulante do processo de constituição da Antropologia como
disciplina com status de ciência é o contato com o campo. Ele proporciona todo um desvenda
do métier de antropólogo que os séculos anteriores não proporcionaram por estar o saber e o
fazer antropológico enclausurado em gabinetes de museus ou não. Nos gabinetes homens
experientes em história natural e Filosofia social liam os relatórios de missionários e viajantes
que chegavam as suas mãos e construía textos pretensamente antropológicos com
informações não colhidas por eles.
Todavia a ida ao campo e o saber movimentar em campo funcionará para qualificar todo um
estilo de produção de conhecimento antropológico, bem como, de caracterizar o ofício de
antropólogo que hoje conhecemos por meio das universidades. Isto de forma tão intensa, que
há uma constante reavaliação na perspectiva de trabalho de campo para se alcançar um novo
patamar de clareza de compreensão teórico-empírico do campo e da própria teoria
antropológica.
Portanto, observar como a prática de campo é refletida e produzida continua sendo uma tripla
oportunidade. Primeiro para conhecermos a Antropologia, segundo lugar para propor uma
nova concepção de Antropologia e por fim, de nos estimularmos a imaginarmos agindo como
antropólogo no dia a dia.
Para que possamos exercitar esta prática é indispensável acompanhar aqueles que tomaram
o campo como objeto de reflexão da disciplina. Neste sentido escolhermos o antropólogo
Roberto Cardozo de Oliveira (2006). Para Oliveira (2006), o métier do antropólogo enraíza-se
na perspectiva de apreensão da realidade social tendo como instrumentos de trabalho
indispensável o olhar, o ouvir e o escrever, ou seja, a larga revolução que a Antropologiaforjou no século XVIII, a determinar seu objeto de estudo, como estando ligado “uma olhar
especifico”, encravado na própria epistemologia da Antropologia continua a ser cultivada até
hoje e ampliado.
Isto significa dizer que o olhar do antropólogo é sempre mediado por referencial teórico que o
livra de um olhar ingênuo para um evento ou para uma feijoada. Para ele por conta do seu
aporte teórico, a depender do contexto; os quitutes na panela é uma comilança que reproduz
a mistura das relações sociais do país. Por isso, ela representa um dos símbolos da identidade
da nação brasileira como é a bandeira nacional.
O antropólogo a decidir aprofundar seus dados a respeito da feijoada que está sendo servida
no fundo do quintal da mansão no bairro nobre, tem além do olhar para perscrutar as
relações em vista, mantida daquele momento que observava os participantes, necessita
recorrer ao ouvir, com o intuito de saber se a feijoada é para celebrar o batismo de um
membro da família recém-nascido ou para festejar alguma entidade do terreiro de umbanda
presente no interior da mansão.
Com o ouvir o antropólogo penetra no vernáculo das ideias que sintetiza o sentido da
feijoada, se em prol da comemoração do batismo ou do ritual sagrado da umbanda. Neste
aspecto, as conversas no fundo do quintal, são cada uma delas, intervenções para realizar
uma espécie de mini entrevistas. Talvez para o senso comum a maior dificuldade de uma
entrevista está situada no idioma do pesquisador que é diferente do investigado, se constitua
numa fronteira linguística, um antropólogo brasileiro em contato com um esquimó por
exemplo.
No entanto, isto não é a única fronteira linguística possível de afetar o antropólogo na busca
por ouvir seus informantes. Para Oliveira (2006), a fronteira dos “idiomas culturais” é outra, à
medida que o mundo do antropólogo é outro culturalmente, colorido com camadas de
significados advindo das disciplinas curriculares e da própria posição social que ocupa na
sociedade.
A completar os instrumentos de trabalho, de campo encontra-se o escrever. Como o olhar e o
ouvir, o escrever sofre disciplinamento de corpus teóricos, porém de forma mais intensa. Pelo
ato de escrever exigi uma ação reflexiva a elevar a própria escrita a tornar-se reflexiva, em
outras palavras, “os vistos” e “os ouvidos” serão transformados em conhecimento inteligível a
comunidade de antropólogos através do cânon da escrita que ritualiza o vocabulário
pertencente a disciplina antropológica.
Portanto, ausente do campo, a escrita empresta a pequenos fragmentos que o olhar e o ouvir
registrou em campo, categorias de conceitos que os restituam e os reposicionam em uma
nova ordem de saber, numa nova classificação, por conseguinte num novo lugar epistêmico
que costumeiramente o conhecimento do senso comum desconhece por comungar de outra
linguagem para escrever e para se comunica.
É, portanto, nesta relação interrupta de experimentar o olhar, o ouvir e o escrever, mediado
pelo princípio de reflexividade do conhecimento Giddens, (1994) que Antropologia e o
antropólogo exercitam e absorvem novas formas de se questionar, para poder encontrar
novas possibilidades de converter o conhecimento da realidade social em conhecimento
antropológico.
 
Os procedimentos de quem estiver em campo.
 
A notícia da existência da comunidade rural negra, denominada Negros do Riacho, veio em
1996, por intermédio do historiador mossoroense, Raimundo Soares de Brito, ao apresentar o
jornal norte-rio-grandense “Tribuna do Norte”, com um artigo assinado pelo antropólogo, Luiz
Carvalho de Assunção. Justamente nesse ano, o Curso de Ciências Sociais, da Universidade
Estadual do Rio Grande do Norte (UFRN), exigia de mim, um relatório de pesquisa, por outro
lado esperava encontrar uma situação de campo que possibilitasse responder algumas
perguntas de ordem pessoal, por exemplo, como homens brancos julgam-se superiores aos
homens não-brancos, assim tomei o percurso da comunidade com uma cópia do jornal na
mala.
Dessa forma, em um domingo, ao entardecer; como marujo, me encontrei pela primeira vez
em Currais Novos, ao encontro dos sujeitos descritos por Assunção. Ao chegar, localiza-me
numa pequena pousada, próxima a rodoviária, nesse espaço foram enseadas as primeiras
palavras a serem empregadas quando do contato com os negros do Riacho. Ao amanhecer
do dia seguinte, a andar pelas ruas, todos negros pobres, eram vistos por nós, como
prováveis moradores da comunidade dos Negros do Riacho. O tempo se encarregou de nós
avisar dessa visão etnocêntrica e deveras falha.
Assim, com o reparo do erro, nos lembramos dos diálogos em sala de aula, seja no Curso de
Sociologia Rural, ministrado pela Professora Josefa Salete Barbosa Cavalcanti, seja nas
cadeiras de Antropologia, ministrada pelas professoras Graça Furtado e Francisca Miller, a nos
revelar a importância das feiras como lugar de contato entre os diversos grupos nas
pequenas cidades nordestinas.
De posse da lembrança desse princípio, perguntávamos aos feirantes, se moradores do sítio
Riacho dos Angicos, já haviam chegado com suas cerâmicas. Essa pergunta em nenhum
instante, fez o efeito desejado. Porque ninguém conhece os Negros do Riacho como
moradores do Riacho dos Angicos, mas a indagar a próxima feirante, se os Negros do Riacho
estariam perto de chegar. Ela logo respondeu:
 
Os negros estão chegando, chegando em grupo, fazendo barulho. São muito preguiçosos não
querem trabalhar, só vivem pedindo esmolas com sacos nas costas e bebendo cachaça. Eles
brigam, que é um horror, a tapa e bofete. Com eles mesmos e, quem não paga direito a eles.
Eles chegam na feira, chega a confusão, acho que já chegaram.
 
No local da feira indicado pela informante, em frente à agência da Receita Federal, estávamos
pela primeira vez, diante daquela, cuja existência nos motivou a conhecer sua trajetória de
luta e vigor frente as adversidades do mundo branco. Ao vê-los diante dos nossos olhos
comercializando suas cerâmicas em nenhum instante despertarmos interesse de estabelecer
interação com suas pessoas. Havíamos estabelecido previamente, antes de estabelecer o
diálogo, a necessidade de encontrar alguém na cidade que fosse da confiança do grupo e nos
apresentasse.
Com essa ideia de encontrar alguém de confiança da comunidade, dirigi-me a Secretaria de
Educação e Cultura, lá, estava como secretária Dorinha. Ela apresentou um antigo professor
da comunidade, por nome de Salu. que se tornou um guia por indicação abrindo as portas das
casas da comunidade. Desse primeiro contato com os moradores do Riacho, numa forma de
pesquisa exploratória, coletamos material suficiente para realizar relatório esperado.
O desejo de continuar o relatório agora em forma de monografia, nos fez treze meses depois
de sairmos da comunidade, retornamos ao Riacho. Ao chegar na comunidade, me hospedei
em um galpão por uma semana, ao invés de ir e vir a cidade todos os dias. Apesar do tempo
exíguo, ele foi suficiente para realizar as entrevistas e observação do participante. Ao sair do
mundo do Riacho, outra semana transcorreu nas bibliotecas do município, a fim de encontrar
material referente à história do negro no município, paralelo a esta tarefa entrevistou-se
pessoas ligadas a paróquia da Imaculada Conceição (padre, diácono e ministras) que
mantinham relação com a comunidade.
Se a distância temporal de treze meses daquelas casas, pode parecer demais em um primeiro
momento, dois anos sem nenhuma comunicação com os moradores do Riacho é muito mais,
ainda, assim realizamos nossa terceira viagem a Currais Novos ao encontro do grupo, agora
como aluno matriculado de mestrado, para passar dez dias. Nesse intervalo de dois anos,
duas importantes informantes haviam falecido; Maria Sabina, porta voz do grupo dos negros,
e Daliça, filha de Joana Caboclo. Ambas, eram as melhores narradorasda história oral da
comunidade.
A morte de Maria Sabina condicionou em definitivo que a coleta de dados na comunidade viria
principalmente através dos caboclos, por mostrar-se mais abertos para conversar diante da
minha presença. De forma geral, os membros do grupo dos negros buscavam evitar
aproximação com as pessoas de fora. Optam por usarem do isolamento preferencial, isto é,
opta pelo não contato. Apesar dessa estratégia, muitas das informações registradas aqui,
vieram dos contatos fortuitos que a vivencia na comunidade nos forneceu.
O vigor da vivência ressurgiu quando ao chegarmos procuramos os antigos fios de amizades
que havíamos guardados com alguns habitantes da comunidade dos Negros do Riacho, para
que pudessem ser ativados com a finalidade de concluir outra pesquisa mais profunda. Como
de outras vezes, começaram a oferecer almoços, jantares e a pedir nosso comparecimento, à
noite, para as conversas, antes da hora de dormir. Assim, a presença do “pesquisador” na
casa dos caboclos era uma constante. Seja na Casa de Tereza Caboclo, pessoa mais velha do
Riacho, e atual “prefeita” da comunidade, seja nas casas dos seus filhos: João, Geraldo,
Tereza e Ana. A partir dos relatos gravados ou anotados destes cinco, obtivemos as maiores
informações sobre a vida da comunidade.
Além das entrevistas, um outro momento precioso para obter informações sobre a vida da
comunidade, foi de observar seu cotidiano: as tarefas, as brincadeiras e a ida dos moradores
do Riacho à cidade, onde seguíamos seu percurso pelas ruas para observar sua interação com
os citadinos. Nestas ocasiões, presenciamos as brigas, os ciúmes, o trabalho na cerâmica, na
roça, os serviços de casa, o futebol e os comportamentos dos citadinos diante dos negros do
Riacho.
Quando não estávamos em suas companhias, nestes momentos, buscamos, os sítios vizinhos
ao Riacho, para obter mais informações a respeito das suas vidas, especificamente com três
pessoas. Em primeiro lugar, na casa de uma professora que ensina aos alunos do Riacho; em
segundo lugar, numa casa onde os moradores do Riacho fazem suas compras, semanalmente;
e, nos finais de ano, vão para a festa de Nossa Senhora das Graças. Ambas as casas, situar-
se no sítio Serrote do Melo. A outra pessoa a visitar foi o ancião Severino Bezerra de
Medeiros, no sítio Pedra D’água, tido por todos das localidades adjacentes, como o maior
detentor de conhecimento sobre o passado, em razão da sua idade de oitenta e cinco anos e
da sua respeitável memória.
Com o fim da coleta de dados na comunidade dos Negros do Riacho, veio à etapa de coleta de
dados nas Queimadas. Como estratégia de pesquisa, antes de penetrar no seu território,
visitou-se o sítio Totoró, próximo as Queimadas, com a intenção de entrevistar Chico Tomaz,
por ser um grande conhecedor da história oral e por ser amigo dos queimadenses. 
Comprovada a memória de Chico Tomaz para relatar a história oral do Totoró e um pouco das
Queimadas, buscou-se no dia seguinte, dirigia-se para a casa dos membros da comunidade. 
Após quatro dias, de idas e retornos, a estas casas deixou-se a comunidade com quatro
entrevistas gravadas. Das entrevistas, optou-se por privilegiar o relato de Benedito Dionísio
da Silva, por entender que ele domina a memória e a história do lugar, em detrimento dos
demais relatos gravados na comunidade.
A complementar os relatos orais dos queimadenses, no intuito construir uma visão explicativa
para demonstrar a possibilidade do vínculo de parentesco entre está e os Negros do Riacho,
tomou-se o inventário de Adriana de Holanda e Vasconcelos, como documento etnográfico.
Este está presente no livro “Velhos Inventários do Seridó”, de Olavo de Medeiros Filho
(1983).
A terminar a segunda etapa da coleta dos dados nas Queimadas, viria a terceira e última, os
trinta dias de trabalho de campo no perímetro urbano de Currais Novos, com seus 35, 529
habitantes (IBGE, 2000). Por ser uma cidade pequena, o contato entre as pessoas dá-se face
a face, ou seja, predominam os contatos primários, assim todos os currais-novenses sabem
pouco ou muito, a respeito da vida de cada um. Uns sabem mais do que os outros. Estes
pouquíssimos, independentes da idade, parecem guardar informações preciosas sobre toda a
vida da cidade.
Para descobrir estes ilustres informantes nos preparamos para descobrir os circuitos, onde a
cidade melhor se desnuda, por concentrar categorias de pessoas que a representa. Esses
circuitos tinham seus espaços um pouco obscuros, porém, os eventos que estavam
acontecendo na cidade (Festa de Nossa Senhora de Sant`Ana, Vaquejada, eleições para
prefeito em 2002), auxilia-nos por demais a perceber esses espaços, neles, a estratificação
social e as matizes de cor. Daí aos circuitos da feira; das praças Desembargador Tomaz
Salustino e Tetê Salustino; da rodoviária; das igrejas de Sant`Ana e Imaculada Conceição; das
bibliotecas, das sorveterias, das lanchonetes e os quiosques.
Nestes circuitos ou palcos, encenava-se atos que comporia o drama do preconceito racial na
cidade. A plateia restringia-se unicamente ao pesquisador e a outros anônimos que às vezes
contam o desfecho desse drama se interrogados, contam a partir do seu próprio ângulo de
visão. Assim, muitas vezes sentados numa praça ou numa sorveteria, puxava-se assunto
para ouvir esses anônimos que, em alguns casos, transformam-se em ilustres ao comentar
sobre os Negros do Riacho ou sobre as famílias estabelecidas.
 
A importância de saber a opinião destes currais-novenses brancos e não-brancos, sobre os
Negros do Riacho através de conversas descontraídas, e depois transformadas em quarenta
anotações num caderno de campo, encontra-se no fato de buscar distinguir, se suas
representações preconceituosas em relação aos negros do Riacho são as mesmas das
famílias estabelecidas.
O registro das conversas, nos mais diferentes espaços da cidade, não teve a meta de servir
de amostra, mas de apoio para o que se observou em campo. A título de comparação, estas
conversas foram o áudio que faltou nas observações das cenas de preconceitos em relação
aos negros do Riacho e citadinos.
As famílias aqui denominadas estabelecidas são as famílias Gavião, Bezerra e Salustino
(Gomes de Melo), tidas como ‘‘as primeiras’’,as que mais contribuíram para a região de
fazendas de gado fosse transformada na cidade de Currais Novos.
Com estas famílias foram realizadas entrevistas em especial com dois
membros de cada uma delas, para obter os mecanismos do preconceito racial. É possível
captar a ótica do pensamento destas famílias, através de entrevistas, porque segundo Paul
Thompson (1993), a família é um sistema estruturado ‘‘de relações interpessoais mantido à
base de certos pressupostos (geralmente não declarados)’’ (Idem, 1993, p.13), mas que
costuma designar um dos seus membros com autoridade capaz de revela o passado familiar. 
Assim, aos entrevistados fizeram-se perguntas sobre a gênese e a importância de suas
famílias para a cidade.
A partir desta ótica indicada por Thompson (1993), usou-se como critério para captar o
passado destas famílias, que elas indicassem um dos seus membros, como capaz de melhor
relatar o seu passado. Como complemento a assegurar a observação desses entrevistados
escolheu-se um outro membro de cada família, independente da indicação. Desta vez
prevaleceu como critério para escolher estes sujeitos, o contato com eles, a partir do qual
avaliamos o nível de informações que eles detinham sobre o passado de suas respectivas
famílias.
Todos esses entrevistados tiveram seus nomes omitidos. Sua identificação dá-se apenas
pelas indicações dos sobrenomes familiares, Galvão, Bezerra e Gomes. Em relação à família
Gomes, ressalva-se que ela é tratada sem distinção da Salustino, por ser uma única família. 
Isto porque, o nome Salustino, passou ser empregado comosobrenome a partir, que o
Capitão José Salustino Gomes de Melo, registrou dois dos seus filhos (o Desembargador
Tomaz Salustino Gomes de Melo e José Salustino Gomes de Melo), com o seu segundo
sobrenome, Salustino.
Fora as famílias estabelecidas, renovamos novamente diálogo com pessoas da Igreja da
Imaculada Conceição, através dos seus principais membros: padre, diácono e ministra local
da “Ordem Terceira de São Francisco de Assis”, e outros dessa Ordem, que participaram de
forma efetiva do trabalho de “humanização” da comunidade dos Negros do Riacho, no início
dos anos noventa. Por já ter existido contato com estes, nas outras duas estadas em Currais
Novos, em 1996 e 1997, o ambiente de familiaridade proporcionou realizar entrevistas
informais, buscando sempre retirar desses diálogos, à impressão que tais membros tinham da
comunidade dos Negros do Riacho, às vezes da comunidade das Queimadas.
Ao realizar esta operação para coletar os dados, através de entrevistas e observação
participante a fim de descobrir as nuanças do preconceito racial neste estudo, seguindo a
orientação de Thales de Azevedo (1996), onde ele explica que o preconceito racial só “pode
ser analisado através da formação da situação racial pelos membros do grupo ou por meio do
exame da interação simbólica” (Idem, 1996, p.149).
 
Para uma análise mais objetiva, Azevedo (1996), julga necessário combinar o ato de ouvir dos
envolvidos, com a observação dos seus comportamentos, verificando se estes condizem com
suas falas. Complementando esta técnica de coleta de dados efetivada a partir da orientação
em Azevedo, observamos e acrescentamos a de Bastide & Fernandes (1971), quando eles
afirmam que as fontes primárias (documentos, relatórios oficiais, livros de viajantes, coleções
de jornais) e as fontes secundárias, principalmente de interpretação histórica, são primordiais
para analisar os sintomas do preconceito racial.
 
 
Introdução
 
A educação é a prática social que acontece nas diferentes instâncias das sociedades, seu
objetivo é proporcionar aos seres humanos uma participação nas invenções da civilização
enquanto resultado do seu trabalho, bem como, na sua construção e desenvolvimento. Isto
porque não existe educação, a não ser vinculada às relações sociais que juntam os homens
entre si de modo garantir a sua sobrevivência.
 
Assim sendo, a ciência da educação constitui uma tarefa da pedagogia para conhecer e
explicitar as diversas configurações que a educação se manifesta, enquanto prática social,
bem como, a contribuição que ela pode dar, visando definir rumos para a sociedade. Surge a
Didática enquanto ciência, que tem como objeto de estudo o ensino e a aprendizagem. O foco
da Didática incide no estudo do conhecimento, dos processos de ensino e aprendizagem, na
investigação de possibilidades, de estruturação e funcionamento das diferentes dimensões
dos conhecimentos, com objetivo de criar probabilidades de ensinar e aprender.
 
A pesquisa Didática deve adaptar os método e as técnicas de maneira a obter o máximo
resultado com o mínimo de esforço (princípio comeniano da Didática Magna requisitos
objetivos da matéria de ensino e da sua lógica interna que as capacidades subjetivas do aluno
e da sua psicologia (LAENG, 1973 p. 128)
 
Resumindo
 
Análise da existência de coesão entre teoria e prática, deve se considerar o exercício
profissional, enquanto prática social, moldada à constituição da mesma. Dessa maneira, a
construção de novos conhecimentos, implica em uma ação consciente sobre a realidade,
atendendo às finalidades pré-determinadas e considerando a realidade (existente). Procura-se
assim conhecer a realidade nas suas determinações, para identificar as possibilidades do
novo, resultante do confronto entre o ideal (a realidade que se quer) e o real (o existente).
 
As ideias expostas acima são consideradas essenciais para o entendimento do objeto de
estudo da Didática e foram apresentadas por Selma Garrido, na sua obra: O Estágio na
Formação de Professores: Unidade Teoria e Prática?
 
Compreender o objeto de estudo da didática, envolve a interiorização de quaisquer propostas
didáticas, implicitamente ou explicitamente partem de duas concepções básicas. Por um lado,
uma concepção de ensino e aprendizagem que relacione e articule as dimensões: humana
técnica e político-social e por outro lado, uma concepção que valorize as diferentes maneiras
de ensinar que integram o saber, o fazer e o ser; a racionalidade e a sensibilidade; a teoria e
o tecnológico de que resultam em novos modos de pensar e de aprender. O desafio da
didática na atualidade é superar a uma dimensão técnica, propondo alterações na maneira de
agir e pensar do docente.
 
Para Paulo Freire, ensinar é uma forma de intervenção na sociedade, indo mesmo além da
simples transmissão de conteúdos, que se limita a reproduzir a ideologia dominante. O autor
refere ainda que, o professor deverá perceber que sua prática não é neutra, por um lado, não
pode deixar de se capacitar para ensinar corretamente e adequadamente os conteúdos da
área de conhecimento em que trabalha, mas por outro lado, não pode reduzir a sua prática
docente ao puro ensino desses conteúdos. (FREIRE, 1997).
 
Esse desafio obriga a escola e o professor a uma permanente busca do sentido e significado
para a prática educativa, numa dinâmica em que assumem em conjunto que estão
aprendendo e ensinando enquanto professores, na busca permanente de novos saberes.
(ALVES; DIMENSTEIN, 2003).
O professor deve-se constituir enquanto mediador de um processo em que ele e os demais
aprendem em conjunto. Nesse contexto tanto o professor, quanto o estudante necessitam
recorrer a métodos e técnicas, em virtude do processo de construção do seu próprio saber e
exigir análise, síntese, interpretação de dados, fatos e situações, isso para além da
experiência de vida.
 
Objeto de estudo
 
A didática aborda o desenho da arte do ensino, provendo as bases para que os professores
possam trabalhar as situações de aprendizados em sala de aula. Mas esta ideia se sintetiza os
métodos e técnicas de ensino, limitando o verdadeiro significado da ciência e não a
explicando por completo.
 
A pesquisa realizada por Bernardete Angelina Gatti (2010) apresenta quatro grupos de
concepções associadas aos estudos em educação, enquanto campo da investigação que tem
por objeto ações educacionais, considerando essas ações no campo da sua localização nas
realidades sociais e escolares. Essas concepções têm reflexos diretos nas pesquisas
desenvolvidas e nas formas de conceber a educação.
 
http://books.google.com/books?id=8m6RXzWakwcC&printsec=frontcover&dq=Paulo+Freire&hl=pt-PT&ei=RFp3TrrvBYPMgQeqiPDkDA&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=3&ved=0CEEQ6AEwAg#v=onepage&q&f=false
A primeira concepção está associada a uma perspectiva técnico-instrumental, em que a
educação é encarada como conjunto de métodos, técnicas e procedimentos para o ensino,
portanto na didática, existem ordenações de organização e gestão.
 
A segunda concepção está associada à perspectiva lógico-cognitiva, tendo como foco as
teorizações sobre questões associadas ao ensino das disciplinas. A proposição é de que se
diferencie pesquisa de ensino, não devendo a pesquisa conduzir diretamente a
recomendações de ações na escola, pelo menos, não antes de se ter racionalmente
estabelecido parâmetros epistemológicos seguros para conteúdos em suas especificidades
disciplinares.
 
A terceira concepção coloca-se do ponto de vista do sujeito que aprende, investigando os
processos de apropriação dos saberes e se apoia basicamente na proposta Epistemologia
Genética ou Teoria Psicogenética propostas por Jean Piaget, ou na referência
sociointeracionista, sociocultural ou sócio- histórica abordada por Lev Vygotsky.Nesses subsídios não estão presente uma preocupação explícita com as bases
epistemológicas que sustentam os conteúdos do ensino. O foco são os processos de
aprendizagem das crianças ou jovens, gerando o que se poderia caracterizar como uma
abordagem cognitivista, em que os sujeitos aprendentes são o foco, não o que há para
aprender ou o que se considera desejável que aprenda em determinada sociedade por razões
históricas. Não há um olhar sobre o valor dos conteúdos, dos saberes em situações sociais
determinadas. Apenas o processo do aprender é considerado.
 
A quarta concepção parte do pensar as ações educativas, criando conceitos fecundos na
relação teoria-prática e produzindo conjuntos instrumentais ancorados em uma reflexão sobre
suas utilizações e suas finalidades, em contextos complexamente considerados. Esta posição
expressa a ideia de que o conhecimento em educação nasce da prática e com a prática deve
a ela retornar. Sem o retorno à prática e sem a passagem pela axiologia, o conhecimento se
arrisca a ser apenas um “simulacro.” Nesta vertente a pesquisa é concebida, sobretudo como
pesquisa-ação, em variadas possibilidades, procurando assegurar uma inter-relação entre a
pesquisa formal e os procedimentos da investigação na ação, porém, criando teorizações e
fundamentando-as.
 
Mobilizam-se certos conhecimentos que ajudam a compreender situações e criar novos
modos de ação. Funda-se sobre a análise do estatuto sócio-histórico o saber a ser ensinado e
dos objetivos do próprio ensino, considerando critérios de pertinência e não critérios de
legitimidade.
METODOLOGIAS DE ENSINO
 
A Metodologia
 
A Metodologia constitui o estudo dos métodos, é o conjunto das ações de investigação das
diversas ciências, quanto aos seus fundamentos e validade, diferenciando-se das técnicas que
são aplicações exclusivas dos métodos.
 
A Didática enquanto ciência existe uma conexão entre os métodos próprios da ciência que
dão suporte ao objeto de ensino e os métodos de ensino. Portanto, a metodologia pode ser
compreendida no âmbito geral considerando os diversos métodos: métodos tradicionais,
métodos ativos, métodos da descoberta e método de solução de problemas.
 
As metodologias específicas são aquelas que tratam dos procedimentos de ensino e estudo
das disciplinas do currículo escolar, como exemplo: Matemática, História, Português e outras
que estão à disposição do professor. Nesse caso cabe ao professor definir os critérios para
selecionar os métodos e técnicas de ensino, antes de elaborar sua proposta didática
pedagógica com intenção de possibilitar ao estudante a construção do conhecimento.
 
Alguns critérios são considerados básicos, tais como: ajuste dos objetivos definidos ao
processo de ensino e aprendizagem; a natureza do conteúdo a ser ensinado; a natureza da
aprendizagem que se procura que o educando se solidifique; considerando as características
apresentadas pelos estudantes: idade, desenvolvimento mental, interesse, expectativas de
aprendizagem; condições físicas disponíveis e o tempo atribuído.
 
As técnicas e outros elementos de ensino são recursos e complementos da metodologia que
promovem a ação e reflexão sobre a sua neutralidade. Os métodos e técnicas de ensino não
são neutros, em virtude de serem suportados por referenciais teóricos implícitos, que
determinam a prática docente e a intenção dos docentes ao escolherem os métodos que
serão empregados na sua atuação docente.
 
Conhecendo as Metodologias de Ensino
 
O processo de ensino se caracteriza pela combinação de atividades do professor e dos
estudantes. O direcionamento a esse processo está associado com o planejamento pelo
professor no desenvolvimento das aulas envolvendo: a definição dos objetivos, a seleção dos
conteúdos e os métodos do ensino. (LIBÂNEO, 1994).
 
Os métodos de ensino se constituem enquanto sequência de operações, com vistas a um
determinado resultado que se espera. São fundados na relação entre os objetivos e os
conteúdos, e determinam a forma como devem alcançar, por intermédio do processo de
ensino e os objetivos definidos pelo professor. A seleção dos métodos e técnicas utilizados no
processo ensino-aprendizagem não é neutra, obrigando à opção por pressupostos teóricos
implícitos. O método expressa também uma visão global da relação do processo educativo
com a sociedade, atendendo aos seus desígnios sociais e pedagógicos, assim como as
expectativas de formação dos estudantes perante as exigências e desafios que a realidade
social levanta. (LIBÂNEO, 1994).
 
Os métodos de ensino são as ações do professor por intermédio das suas atividades com os
estudantes, procurando atingir os objetivos do trabalho docente, considerando um conteúdo
específico.
 
Existem variadas maneiras de classificar os métodos de ensino e por sua vez, cada método
tem técnicas que lhes são mais ajustadas. No sentido de procurar uma correlação entre
algumas técnicas e métodos de ensino, apresenta-se uma sistematização da classificação dos
métodos adaptada de Carvalho (1973). Como se pode verificar nas próximas unidades de
estudo.
 
Métodos Individualizados de Ensino
 
Dentre os métodos estudados, temos os Individualizados de Ensino neles podemos destacar:
 
AULA EXPOSITIVA: Consiste na apresentação oral de um tema logicamente estruturado.
Com a utilização desse método, temos a exposição dogmática, aberta ou dialogada dos
conteúdos. A mensagem a ser transmitida não pode ser considerada devendo ser repetida por
ocasião das provas de verificação. Por ser dialógica, a mensagem do professor é simples
pretexto para desencadear a participação, podendo haver contestação, pesquisa e discussão.
 
ESTUDO DIRIGIDO: A proposta é fazer com que os estudantes estudem a partir de um
roteiro elaborado pelo professor, o qual estabelece a profundidade do estudo. Nesse método,
há leitura de textos e manipulação de matérias ou construção e observação de objetos, fatos
ou fenômenos na busca de conclusões.
 
CENTRO DE INTERESSE: Concepção também fundada na Biologia percebe a educação como
manutenção e conservação da vida. Seguida por alguns princípios como autoeducação; uma
escola para a vida e pela vida; orientações de classes homogêneas de acordo com o ritmo de
aprendizagem dos estudantes; redução do número de alunos por classe; consideração aos
interesses naturais das crianças e às condições locais; centros de interesse.
 
Métodos Socializados de Ensino
 
USO DE JOGOS: Atividade física ou mental, organizada por um sistema de regras, é natural
do ser humano inserindo-se na ludicidade humana e estimulando-a. Regida pelos princípios
de mobilização dos esquemas mentais de forma a acionar as funções psiconeuróticas e as
operações mentais estimulando o pensamento, além de integrar as dimensões afetivas,
motoras e cognitivas da personalidade, correspondendo a um impulso natural do estudante,
seja ele criança ou adulto, pois o ser humano apresenta uma tendência lúdica. Absorve o
jogador de forma intensa e total, criando um clima de entusiasmo.
 
DRAMATIZAÇÃO (Role-playing): Representação pelos estudantes de um fato ou fenômeno,
de forma espontânea ou planejada. Este princípio leva o estudante a concretizar uma
situação-problema, contribuindo para aumentar o nível de motivação, ajuda a desenvolver a
capacidade dos estudantes de colocarem imaginariamente um papel que não é o próprio.
 
TRABALHO EM GRUPO: Oportunidade para o diálogo, a troca de ideias e informações. É
regido pelos princípios de facilitação da construção do conhecimento, possibilitando a prática
da cooperação para conseguir um bem em comum. Além de favorecer a formação de certos
hábitos e atitudes de convívio social, coopera com a união de esforços para que o objetivo
comum possa ser atingido, planeja em conjunto as etapas de um trabalho dividindo tarefas e
atribuições, tendo em vista a participação de todos,expondo suas ideias e opiniões sucintas,
de forma a serem compreendidas, aceitando e fazendo críticas construtivas e, sobretudo
ouvindo com atenção os colegas, esperando a vez de falar, respeitando a opinião alheia e por
último, aceitar a decisão quando ficar resolvido que prevalecerá a opinião da maioria.
 
ESTUDOS DE CASO: Apresentação de uma situação real aos estudantes dentro do assunto
estudado, para que analisem e, se for necessário, proponham alternativas de solução. Facilita
a construção do conhecimento, permite a troca de ideias e informações de seus princípios.
 
ESTUDO DO MEIO: Técnica que permite o estudo de forma direta, o meio natural e social
que circunda e do qual participa. Seus princípios são o de facilitar a construção do
conhecimento e permitir a troca de ideias e informações, criando condições para que o aluno
entre em contato com a realidade circundante, promovendo o estudo dos seus vários
aspectos de forma direta, objetiva e ordenada. Ainda, propicia a aquisição de conhecimentos
geográficos, históricos e econômicos, sociais, políticos, científicos, artísticos, etc. De forma
direta por meio da experiência vivida, desenvolve assim, habilidades de entrevistar, coletar
dados, analisar, sintetizar e tirar conclusões.
 
Métodos Socioindividualizados de ensino
 
MÉTODO DA DESCOBERTA: Proposição aos estudantes de uma situação de experiência e
observação, para que eles formulem por si próprios conceitos e princípios, utilizando o
raciocínio indutivo. Seus princípios consistem no uso de procedimentos indutivos, participação
ativa e vê o erro como fonte de aprendizagem.
 
MÉTODO DA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS: Apresentação do estudante, a uma situação
problemática, para que ele proponha uma situação satisfatória, utilizando os conhecimentos
que já dispõe ou buscando novas informações por meio da pesquisa. Estimular a participação
do educando na construção do conhecimento, desenvolvendo raciocínio, favorecendo a
aquisição de conhecimentos e a transferência de aprendizagens desenvolvendo a prática pela
iniciativa de busca.
 
MÉTODO DE PROJETOS: O ensino realiza-se por meio de amplas unidades de trabalho, estas
com uma finalização em vista e supõe a atividade proposta do estudante. Desenvolve o
raciocínio aplicado à vida real, buscando soluções de um problema a integração do
pensamento, sentimento e ação dos educandos a partir da realidade, a globalização do
ensino.
 
Unidades didáticas: Organização e desenvolvimento do ensino por meio de unidades
amplas, significativas e globalizadas de conhecimentos. Promoção e aquisição de
conhecimentos de forma globalizada, estruturada e ordenada, permitindo o estudante
construir o saber como um todo orgânico, estimulando o pensamento lógico e a atividade
reflexiva do educando.
PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO
 
Introdução
 
O planejamento envolve a análise de uma realidade, a reflexão sobre as condições nela
existentes e a previsão de processos de intervenção, visando superar as dificuldades ou
atingir os objetivos ambicionados. O plano tem a conotação de produto do planejamento. Na
educação, pode-se falar que o planejamento é um processo de racionalização, organização e
coordenação de ações, que permitam a concretização de objetivos que envolvam e articulem
a atividade escolar e a problematização do contexto social. O plano de ensino é um guia
organizado em unidades didáticas para um período de tempo e utilizado para o registro de
decisões: o que se pensa fazer? Como se vai fazer? Quando? Com o quê? Com quem se vai
fazer? (LIBÂNEO, 1994).
 
O planejamento pedagógico ocorre na escola, é uma ação de responsabilidade do professor
que inclui a previsão das atividades didáticas, além de planejar as ações docentes, também é
um momento de pesquisa e organização dos aspectos que serão avaliados no decorrer da
ação docente.
Portanto, o planejamento pedagógico na escola prevê o processo de racionalização,
organização e coordenação da ação docente, em articulação à atividade docente e o contexto
social.Vale advertir, que tudo que ocorre no cenário escolar está recheado de influencias
econômicas, políticas e culturais, isto quer dizer que os elementos que constituem a escola
são influenciados diretamente pela sociedade. Assim, o planejamento não se trata apenas de
preencher formulários para o acompanhamento do coordenador pedagógico da escola. O
planejamento escolar tem a função de explicitar princípios, diretrizes e procedimentos que
assegurem a conexão entre as atividades da escola e as exigências da sociedade atual que
exige participação democrática.
 
O plano é a formalização sistematizada e justificada de um conjunto de decisões tomadas,
relativas à ação, envolvendo desse modo, uma discussão prévia sobre os fins e objetivos do
planejamento. Não se apresenta como um documento rígido e absoluto, variando conforme os
diferentes momentos do processo de planejar, envolvendo naturalmente desafios e
contradições. Para que se constitua num instrumento eficiente de ação, precisa apresentar
diretrizes claras, práticas e objetivas.
 
Desenvolver o currículo e promover a aprendizagem envolve obrigatoriamente o
planejamento. Apesar de que, na educação o improviso é importante e necessário, e deve
acontecer enquanto uma exceção e não como regra. O planejamento deve constituir
preocupação permanente do professor. O docente necessita ver seu objetivo como um
momento de chegada e trabalhar as competências em função dele. Só desse modo o
professor deixa de ser um simples executor e transforma-se em um profissional capaz de
atribuir um sentido ao seu trabalho.
 
 
A primeira parte de um planejamento envolve o diagnóstico da realidade. Nesse momento, o
professor tendo por referência o seu envolvimento com o espaço escolar e comunitário, deve
perceber quais são as necessidades dos estudantes, da comunidade e do próprio ambiente
escolar.
 
A segunda parte o professor, atendendo ao diagnóstico, define os objetivos para que se
 alcance a aprendizagem pretendida. Na fase da seleção dos conteúdos o professor deverá
relacionar o que ensinar e quando ensinar.
 
Na posse dos conteúdos anteriormente selecionados e considerando os objetivos, o professor
deverá apresentar os procedimentos pedagógicos a utilizar. No momento da escolha dos
recursos didáticos, o docente seleciona os recursos (vídeo, computador, data show, etc.) que
serão utilizados.
Ao passo da estruturação do plano de ensino, o professor especifica e prevê a sua
operacionalização, apresentando as ações e procedimentos que irá realizar na sala de aula e
os materiais que se pretende usar.
 
Na avaliação o professor estabelece as diversas formas como mensurará o aprendizado dos
estudantes. Isso pode ocorrer por intermédio de provas escritas e orais ou envolver a
experimentação. O feedback ou retroalimentação pode vir dos estudantes, de outros
professores, da comunidade ou mesmo ser oriundo da sociedade em geral.
 
Quando o professor realiza uma autoavaliação e percebe que o caminho seguido não
alcançou o resultado pretendido, é fundamental que aconteça o replanejamento. Por seu
intermédio se reinicia o processo, procurando atender às necessidades de aprendizagem dos
estudantes.
 
 
Tipos de planejamento
 
O planejamento possibilita e permite à escola e ao professor, organizar antecipadamente a
ação didática, possibilitando atender mais facilmente aos objetivos desejados, superar as
dificuldades, evitar a improvisação, aumentar a economia de tempo e eficiência na ação. No
âmbito da educação é possível encontrar vários tipos de planejamento:
 
O planejamento do sistema educacional em nível nacional, estadual ou municipal, vem
refletindo a política de educação adotada. Eledeve ser executado por toda a equipe da
instituição de ensino, abarcando a tomada de decisões no que diz respeito aos objetivos a
serem alcançados e a previsão de ações desenvolvidas pela escola. Está relacionado à
previsão por todos aqueles que participam do processo pedagógico da escola.
 
O planejamento curricular integra o desenvolvimento dos conteúdos programáticos
previstos nos diversos componentes curriculares a serem desenvolvidos ao longo do curso.
Enquanto que o planejamento didático ou de ensino envolve a especificação e a
operacionalização do plano curricular e prevê as ações que o professor irá realizar tendo em
vista atingir os objetivos educacionais estabelecidos, envolve a organização das atividades
dos estudantes e as suas experiências de aprendizagem.
 
Características de um bom plano de ensino
 
Falar de um bom plano de ensino envolve encontrar nele incluídos: os objetivos que se
pretende alcançar, os conteúdos selecionados e organizados de forma coerente com as
especificidades do curso e as características e expectativas dos estudantes, bem quanto a
estreita articulação com as áreas ou disciplinas afins. Contudo é preciso ir mais além e
considerar a necessidade do plano:
 
Apresentar os objetivos passíveis de serem executados;
Utilizar recursos que favorecem a sua execução;
Propor conteúdos que permitam alcançar os objetivos propostos;
Atribuir às atividades, tempo que permita o desenvolvimento e aprendizagem dos
conteúdos, em seus diversos níveis de complexidade.

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