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r e v p o r t s a ú d e p ú b l i c a . 2 0 1 3;3 1(2):204–213 www.elsev ier .p t / rpsp Artigo de revisão Comportamentos autolesivos em adolescentes: uma revisão da lite Diogo Fr Departamen informaç Historial do a Recebido a 8 Aceite a 24 Palavras-cha Comportam Suicídio Adolescênc Saúde públi Keywords: Deliberate s Suicide Adolescenc Public healt ∗ Autor par Correio e 0870-9025/$ http://dx.do ratura com foco na investigac¸ão em língua portuguesa asquilho Guerreiro ∗ e Daniel Sampaio to de Psiquiatria, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal ão sobre o artigo rtigo: de junho de 2012 de maio de 2013 ve: entos autolesivos ia ca r e s u m o Os comportamentos autolesivos em adolescentes são de grande relevância, estando asso- ciados a doenc¸a psiquiátrica e à maior probabilidade de suicídio futuro. O nosso objetivo é rever os conceitos atuais, epidemiologia e clínica destes comporta- mentos, assim como sistematizar que investigac¸ão e qual a conceptualizac¸ão do tema na comunidade científica de língua portuguesa. Os principais resultados apontam para um claro problema de saúde pública, sendo que os estudos encontrados revelam elevadas prevalências em amostras comunitárias e clíni- cas. A investigac¸ão em língua portuguesa tem dado um contributo ainda modesto para a clarificac¸ão deste problema, verificando-se pouco consenso na nomenclatura e definic¸ão do problema. © 2012 Escola Nacional de Saúde Pública. Publicado por Elsevier España, S.L. Todos os direitos reservados. Deliberate self-harm in adolescents: A literature review with focus on Portuguese language research elf-harm e h a b s t r a c t Deliberate self-harm in adolescents is a very relevant subject, that is associated with psy- chiatric disease and greater probability of future suicide. The main goal of this paper is to review the actual concepts, epidemiology and clini- cal aspects of this behaviour. Also we will try to systematize, focusing on the research in Portuguese language, what is the current data and conceptualization of this problem. Result point to a clear public health issue, the studies found show high prevalence in community or clinical samples. Research in Portuguese language still contributes modestly to clarify the issue, showing little consensus in nomenclature and definition. © 2012 Escola Nacional de Saúde Pública. Published by Elsevier España, S.L. All rights reserved. a correspondência. letrónico: dfguerreiro@campus.ul.pt (D.F. Guerreiro). – see front matter © 2012 Escola Nacional de Saúde Pública. Publicado por Elsevier España, S.L. Todos os direitos reservados. i.org/10.1016/j.rpsp.2013.05.001 r e v p o r t s a ú d e p ú b l i c a . 2 0 1 3;3 1(2):204–213 205 Introduc¸ão A adolescê volvimento adulta, car cas e psico do adolesc a singularid heterogene bilita o esta todos, bem da adolescê tativa de co construc¸ão marca o fin mentos de drogas; rela ser analisa nuidade. Se normal na da fixac¸ão d que afetará As adol esperanc¸a lidar com a manter um tamentos au uma adoles evidenciam ciado. Inve definir os C face à mort vertentes i tentativa d O suicíd tamentos ou violênc utilizadas6– abordar sep O suicíd morte que ou negativo saberia dev a segunda c mais comu sas violenta O suicídio (taxa de 0,5 entre os 5-1 anos (5,6/1 Em Portuga 19 anos) te Europa13 – gas, dados indetermin subestimac¸ Importa ser apenas mas muitís estudo Child & Adolescent Self-harm in Europe (CASE)15, rea- lizado em 7 países e com a maior amostra neste tipo de estudos e 30 arm ão fa guin ões a bstâ a rec eio, n um nota dade r les r CA L po finic¸ a a otou lf-ha sar ient iz re sting : erate nã odos rfíci falta esm suici o co orre ento a rev aráv fenó es. E Nacio clat porta alida ncion local riore dro arad to n rego suici ntati que ralm icídio cabo cluin ncia pode definir-se como uma etapa de desen- e de maturac¸ão entre a infância e a idade acterizada por importantes mudanc¸as fisiológi- ssociais e fortemente influenciada pela interac¸ão ente com os seus contextos, reforc¸ando-se assim ade de cada adolescente e, consequentemente, a idade desta etapa do ciclo de vida que impossi- belecimento de um padrão comum e universal a como a delimitac¸ão rígida de um início e um fim ncia1,2. Esta etapa da vida caracteriza-se pela ten- nstruc¸ão de autonomia em relac¸ão à família e a de um self integrado que leve à identidade que al da adolescência1. São frequentes os comporta- risco (p. ex. tabagismo; consumo de álcool e/ou c¸ões sexuais não protegidas; etc.)1,3, que devem dos em termos de intensidade, repetic¸ão e conti- correr alguns riscos faz parte do desenvolvimento adolescência, importa considerar a possibilidade o jovem a um padrão de consequências negativas o seu desenvolvimento1. escências patológicas traduzem-se por falta de e incapacidade para conseguir um sentido para: s emoc¸ões, organizar um sentido de pertenc¸a e sentimento sustentado de bem-estar1. Os compor- tolesivos (CAL) na adolescência são sempre sinal de cência patológica. Embora de diferente gravidade, um intenso mal-estar que não deve ser negligen- stigac¸ões com jovens portugueses4,5 permitiram AL dos adolescentes (de intencionalidade diversa e) como relacionados com um triplo fracasso nas ndividual, familiar e social e resultantes de uma esesperada de alterar uma situac¸ão insustentável. io e os CAL (também denominados de compor- suicidários, parassuicidários, autodestrutivos ia autodirigida, conforme as nomenclaturas 10) estão indissociavelmente ligados, sendo difícil aradamente os temas. io é definido classicamente como todo o caso de resulta direta ou indiretamente de um ato positivo praticado pela própria vítima, ato que a vítima er produzir esse resultado11. É, a nível global, ausa de morte nesta faixa etária – sendo a terceira m em rapazes (após acidentes de viac¸ão e cau- s) e a primeira em raparigas entre os 15-19 anos7. é relativamente raro antes dos 15 anos de idade /100.000 em raparigas e de 0,9/100.000 em rapazes, 4 anos) aumentando de frequência entre os 15-24 00.000 em raparigas e 19,2/100.000 em rapazes)12. l, a taxa de suicídio na adolescência (entre os 15- m sido reportada com uma das mais baixas na 2,6/100.000 em rapazes e 0,9/100.000 em rapari- de 2000– no entanto, o peso das «mortes de causa ada» pode ser um fator que tenha levado a uma ão do verdadeiro peso do problema14. sublinhar que o suicídio na adolescência parece a ponta visível do iceberg. Quase sempre ocultos, simo mais prevalentes, encontramos os CAL7. O (mais d («self-h tado n dos se sar les uma su pêutic de recr ingeriu De cionali ou faze dio que de CA esta de com um lho ad de «se Ape dade c que d ria, di grupos • Delib é ou mét supe (ou da m • Non tecid de m tam Um é comp medir valent Plano nomen • Com cion inte um supe uma decl obje ou p • Atos ◦ Te e ge ◦ Su a in .000 adolescentes em contexto escolar), define CAL ») da seguinte forma: «comportamento com resul- tal, em que o indivíduo deliberadamente fez um tes: iniciou comportamento com intenc¸ão de cau- o próprio (p. ex. cortar-se, saltar de alturas); ingeriu ncia numa dose excessiva em relac¸ão à dose tera- onhecida; ingeriu uma droga ilícita ou substância um ato em que a pessoa vê como de autoagressão; a substância ou objeto não ingerível». r que esta definic¸ão não utiliza o conceito de inten- suicida mas sim de intencionalidade de se magoar ões ao próprio, incluindo quer tentativas de suicí- L sem intenc¸ão suicida. Foi sugeridoque a percec¸ão r parte de adolescentes são concordantes com ão16, por esta razão e pelo facto de ser um estudo mostra muito significativa a nossa equipa de traba- esta definic¸ão de trabalho para os CAL (adaptac¸ão rm»). de existirem algumas divergências na comuni- ífica relativas à definic¸ão dos CAL, sobretudo no speito à sua intencionalidade (ou não) suicidá- uem-se na literatura anglo-saxónica 2 grandes self-harm: que não diferencia se o comportamento o uma tentativa de suicídio, incluindo todos os de autolesão (p. ex. sobredosagens ou cortes na e corporal) e evita a questão da intencionalidade desta), reconhecendo as dificuldades na medic¸ão a17; dal self-injury: que se refere apenas à destruic¸ão do rporal do próprio na ausência de intencionalidade r, incluindo apenas cortes (self-cutting) e compor- s associados (p. ex. queimaduras, arranhões, etc.)18. isão recente19 verificou que a prevalência de ambos el a nível internacional, sugerindo que se estão a menos altamente associados e globalmente pre- m Portugal, o grupo de trabalho responsável pelo nal de Prevenc¸ão do Suicídio optou pela seguinte ura10: mentos autolesivos: Comportamento sem inten- de suicida, mas envolvendo atos autolesivos ais, como, por exemplo: cortar-se ou saltar de relativamente elevado; ingerir fármacos em doses s às posologias terapêuticas reconhecidas; ingerir ga ilícita ou substância psicoativa com propósito amente autoagressivo; ingerir uma substância ou ão ingeríveis (p. ex. lixívia, detergente, lâminas s). das: Tentativas de suicídio e suicídio consumado va de suicídio: Ato levado a cabo por um indivíduo visa a sua morte, mas que, por razões diversas, ente alheias ao indivíduo, resulta frustrado. consumado: Morte provocada por um ato levado pelo indivíduo com intenc¸ão de pôr termo à vida, do a intencionalidade de natureza psicopatológica 206 r e v p o r t s a ú d e p ú b l i c a . 2 0 1 3;3 1(2):204–213 (p. ex. precipitac¸ão no vazio de esquizofrénico delirante e alucinado, obedecendo a vozes de comando). Dados d dos adoles longo da v raparigas7. cida) são um identificad a presenc¸a tidamente) tentativas subvaloriza Por esta causa de m de interven letais e dim admirar o f siderada um O estudo d de ser apro sionais de destes em t dos jovens Objetivos Os autores em língua adolescent realizadas n comparand assim com tema na c base poder áreas no se capacidade pública. Métodos Foi efetuad marc¸o de adamente palavras-ch comportam suicidário sivo não su («parasuici foram cons referenciar A selec¸ã adequac¸ão gorizada e conceitos u «A epidem com CAL». sintetizar os resultados destas revisões, apontando necessi- dades de investigac¸ão futuras. tado ão d itos L, na ria a pula ¸ões aso tos b por u r «cu desc trada ológ timo se s te n ste n enc rela feren s, t pree me plex o qua uesa stem clat -se à r. Ex ais, p obje lógic maio do er a /ferim ade -se a do9. de f erad tom nsid ode da p rópri e amostras comunitárias apontam para que 10% centes apresente CAL pelo menos uma vez ao ida, sendo consistentemente mais frequente em Antecedentes de CAL (com ou sem intenc¸ão sui- fator risco acrescido de suicídio20,21 e podem ser os em até 40% dos suicídios consumados22, mesmo de CAL sem intenc¸ão suicida (p. ex. cortar-se repe- é um dos fatores de risco mais preditivos para de suicídio futura20 e esta relac¸ão é muitas vezes da20,23. elevada prevalência e pela sua forte associac¸ão à 2.a orte em adolescentes7, os CAL são um alvo lógico c¸ão (e estudo) de modo a prevenir consequências inuir a mortalidade nesta faixa etária. Não é de acto de a prevenc¸ão e investigac¸ão dos CAL ser con- a prioridade na União Europeia24 e em Portugal10. os CAL é uma área de emergente, que necessita fundada e divulgada, especialmente pelos profis- saúde e da educac¸ão para promover a capacitac¸ão ermos de diagnóstico e posterior encaminhamento em risco25. pretendem criar uma base de conhecimento, portuguesa focada na temática dos CAL em es. Pretende-se identificar quais as investigac¸ões esta área por investigadores de língua portuguesa, o-as com os dados da literatura internacional, o tentar compreender qual a conceptualizac¸ão do omunidade científica de língua portuguesa. Esta á ser utilizada por técnicos de saúde de diferentes ntindo de aprofundar a investigac¸ão e melhorar a de manejo deste importante problema de saúde a uma pesquisa sistemática da literatura até 2012 através de bases de dados médicas, nome- MEDLINE, PsycINFO, SciELO. Utilizaram-se como ave: adolescentes; suicídio; tentativa de suicídio; ento autolesivo («self-harm»); comportamento («suicidal behaviour»); comportamento autole- icidário («non-suicidal self-injury») e parassuicídio de»). Para além da pesquisa em base de dados ultados livros de texto, sobretudo utilizados para questões de nomenclatura e aspetos históricos. o das referências foi feita tendo em conta a sua aos objetivos desta revisão e a informac¸ão foi cate- m 5 partes: «Definic¸ão de CAL: nomenclaturas e tilizados»; «Definic¸ão de CAL: síntese histórica»; iologia dos CAL» e «Perfil clínico do adolescente De seguida é feita uma discussão que pretende Resul Definic¸ e conce Os CA a próp ras, po descric neste c nos tex suído até se outras encon antrop nos úl interes damen Exi da nom a usar que di clatura na com nicos e si, com plicad portug Exi nomen dade. Método Refere lesiona corpor muito demio que a Resulta Pode s lesões Letalid Refere utiliza armas consid plo, au ser co dade p (avalia pelo p s e comportamentos autolesivos: nomenclaturas utilizados s suas diferentes formas, são tão antigos como humanidade, existindo relatos em várias cultu- c¸ões e áreas geográficas6. Por exemplo, uma das mais antigas de autolesão por cortes (self-cutting), um CAL sem intenc¸ão suicida, pode ser encontrada íblicos que referem a história de «um homem pos- m demónio, que gritava e se cortava com pedras» rado» por um exorcismo feito por Jesus. Muitas ric¸ões deste tipo de comportamentos podem ser s em registos de casos clínicos, fontes literárias, icas e artísticas ao longo das décadas26. No entanto, s anos temos vindo a assistir a um aumento do ocial, clínico e científico sobre este tema6, nomea- a adolescência15. a comunidade científica um debate aceso acerca latura (conceitos básicos, terminologia e definic¸ão) tiva a este tipo de comportamentos27. Observa-se tes grupos de trabalho utilizam diferentes nomen- endo estas discrepâncias implicac¸ões marcadas nsão e comparac¸ão de dados epidemiológicos, clí- smo ao nível da prevenc¸ão16. Este problema é, por o na língua inglesa, mas torna-se ainda mais com- ndo se tenta escolher o termo a utilizar na língua . 4 conceitos básicos que são utilizados em todas as uras9: método, resultado, letalidade e intencionali- forma ou processo utilizado para o sujeito se auto- emplos são sobredosagem, cortes ou queimaduras recipitar-se de alturas, etc. Apesar de parecer algo tivo e de fácil medic¸ão, verifica-se que a nível epi- o pode ser difícil de definir com precisão, uma vez ria dos estudos nesta área são de autorelato6,9. morte (acidental ou suicídio), a sobrevivência com entos ou sobrevivência sem lesões/ferimentos28. o potencial de perigo de morte associado ao método Nesta perspetiva, exemplos como a utilizac¸ão de ogo, precipitar-se de alturas ou enforcamento são os métodos de alta letalidade, enquanto, por exem- utilac¸ões ou alguns tipos de sobredosagens podem erados de baixa letalidade. O conceito de letali- ser visto de 2 dimensões, a letalidade objetiva or exemplo por um médico) ou subjetiva (avaliada o sujeito). Até 50% das pessoas com CALavaliam r e v p o r t s a ú d e p ú b l i c a . 2 0 1 3;3 1(2):204–213 207 Tabela 1 – Pesquisa de termos em suicidologia, no título de artigos indexados na PubMed. Entre parêntesis estão os artigos indexados escritos em português Termo utili Re 19 Parasuicídi Comportam Comportam Tentativa s Comportam 2 Suicídio (su 2.6 Total incorretam da dimensã Intencionali É provavelm que mais d Pode ser de atingir um feita prima feito com p memória d De acordo possa ser método uti em atenc¸ão Existem nomenclat pelo Nation Americana clatura un Silverman os compor mento inst de morrer) entanto, n ceram a c que muitos sendo mui zero». Assi tura propo presente, a resultar a m com lesões dos favorec o CAL oc para termi subdividem poral sem automutila injury»), q corporal d morrer (inc associados A maior Zelândia ut harm») qu questão da culd as si te ad assu as i rio28 n-de a reyck cial post tocui esão tiva mar hábi or o (p. e rcíci de C erad lesi form e do elaci CAL ento al o alim com sar , e a jado tabe se d 010) zado (termo em inglês) 1971-1980 o (parasuicide) 34 (0) ento autolesivo (self-harm) 5 (0) ento autolesivo não suicida (non-suicidal self-injury) 0 (0) uicídio (suicide attempt) 34 (0) ento suicidário (suicidal behaviour; suicidal behavior) 111 (0) icide) 1.722 (6) 1.906 ente a letalidade do método29, daí a importância o subjetiva deste conceito. dade ente o conceito mais controverso, sendo aquele esacordo gera entre os investigadores nesta área. finida como a determinac¸ão para agir de modo a objetivo, neste caso o suicídio. A sua avaliac¸ão é riamente segundo autorelato, um método imper- otencial de viés ao nível da sua imprecisão, da o ato ou mesmo da ambivalência sobre morrer6. com Sampaio4, é sugerido que a intencionalidade inferida a partir da maior ou menor rapidez do lizado e da sua reversibilidade, bem como tendo a possibilidade de uma intervenc¸ão salvadora. claras preferências geográficas em termos de ura. Nos Estados Unidos foi feito um esforc¸o al Institute of Mental Health e pela Associac¸ão de Suicidologia de modo a criar uma nomen- iversal, por vezes apelidada de Beck-O’Carroll- em que inicialmente30 os autores subdividiam tamentos suicidários em 2 grupos: comporta- rumental relacionado com suicídio (sem intenc¸ão e atos suicidas (com intenc¸ão de morrer). No uma revisão mais recente8 os autores reconhe- rítica principal a esta classificac¸ão que refere casos de CAL não apresentam esta dicotomia, tas vezes difícil de definir a «intencionalidade m sendo os autores atualizaram esta nomencla- ndo que a intencionalidade do ato pode estar usente ou indeterminada e que do ato pode orte, a sobrevivência sem lesões/ferimentos ou /ferimentos. Outras correntes nos Estados Uni- em o termo tentativa de suicídio apenas quando orre com esforc¸os diretos e intencionalidade nar a vida do sujeito. Estes mesmos autores as difi algum almen de par tuído n suicidá Hawto Num Vande diferen pressu de au à de l perspe plo, to tendo mas p física ou exe forma consid mente como de si bém r o de portam corpor comer Estes de cau prazer indese Na na ba (1971-2 os CAL («deliberate self-harm») em lesão cor- intenc¸ão de morte (incluindo sobredosagens e c¸ões) e CAL não suicidário («non-suicidal self- ue se refere apenas a destruic¸ão do tecido o próprio na ausência de intencionalidade de luindo apenas automutilac¸ões e comportamentos )18. ia das investigac¸ões na Europa, Austrália e Nova ilizam preferencialmente a designac¸ão CAL («self- e inclui todos os métodos suicidários e evita a intencionalidade (ou falta desta), reconhecendo quisando a autolesivo, tiva de suic postos limi guagem do Verifica- elevada he mento exp os estudos dade dos e de suicídio, ferências encontradas Total 81-1990 1991-2000 2001-2010 72 (0) 95 (0) 60 (0) 261 28 (0) 136 (0) 604 (0) 773 0 (0) 0 (0) 39 (0) 39 41 (0) 63 (1) 252 (1) 390 03 (0) 322 (0) 737 (2) 1.373 44 (8) 5.257 (8) 7.325 (25) 16.948 2.988 5.873 9.017 19.784 ades na medic¸ão da mesma17. Este termo tem milaridades com o proposto por Kreitman e inici- otado pela Organizac¸ão Mundial de Saúde (OMS) icídio31, que tem sido progressivamente substi- nvestigac¸ões da OMS pelo termo comportamento . Esta nomenclatura é apelidada de Kreitman- Leo9. perspetiva ainda mais teórica, Claes e en32 propõem um algoritmo de diagnóstico para estes comportamentos, tendo como base o o que os CAL são o oposto dos comportamentos dado (CAC). A noc¸ão de cuidado, contraposta , pode ser altamente variável de acordo com a subjetiva da pessoa e da sua intenc¸ão. Por exem- conta da sua saúde física (p. ex. não fumando, tos de higiene) pode ser um exemplo de CAC, utro lado preocupac¸ão excessiva com a saúde x. lavagens incessantes das mão ou dos dentes o excessivo) também pode ser considerada uma AL. Por outro lado, existem CAL que podem ser os normais, em que comportamentos potencial- vos são utilizados de forma socialmente aceite, a de valorizac¸ão física, em que o objetivo é cuidar seu corpo (p. ex. piercings e tatuagens). Tam- onado com esta discussão surge outro termo, indiretos, que têm sido definidos como com- s que causam algum grau de lesão/prejuízo u psicológico, como por exemplo beber álcool, entos com elevado teor de gordura ou fumar. portamentos não são realizados com intenc¸ão lesão ou prejuízo, mas sim como atividades de «lesão» (o «self-harm») é um efeito indireto e 6. la 1 observamos a utilizac¸ão dos conceitos e dados da PubMed ao longo de 4 décadas . Foi feita uma pesquisa dos títulos dos artigos, pes- s palavras-chave parassuicídio, comportamento comportamento autolesivo não suicida, tenta- ídio, comportamento suicidário e suicídio. Foram tes de acordo com 4 décadas e de acordo com lin- artigo português ou qualquer linguagem. se nesta pesquisa o discutido anteriormente, uma terogeneidade dos termos utilizados e um cresci- onencial do interesse nesta área, correspondendo da última década a cerca de metade da totali- studos. Os termos mais comummente, para além utilizados são comportamentos suicidários e CAL. 208 r e v p o r t s a ú d e p ú b l i c a . 2 0 1 3;3 1(2):204–213 0 100 200 300 400 500 600 700 800 1971-19 Figura 1 – que no títu comportam auto-lesivo suicidários Tabela 2 – publicado indexado Termo util Parassuicíd Comportam «self-inju Comportam («non-su Tentativa s Comportam suicida; « Suicídio («s Entre parên A figura 1 r dos com es vindo a ser Os artig minoria do reflete pes inclui artig ser menor cronologica A publi área parec mento exp É nossa op res de língu uma lacun gua portug são publica estudos em geneidade sendo os te e tentativa Definic¸ão de comportamentos autolesivos: síntese histórica já fo esd c¸ões dos icídio imei ólog Este sulta forca elo sult sso, vist c¸ão33 o ind tivos r de e eim é cídio 80 1981-1990 1991-2000 2001-2010 PS CAL CALNS TS CS Número de artigos indexados na PubMed em lo surge algum dos seguintes termos: CAL: entos auto-lesivos; CALNS: comportamentos s não suicidários; CS: comportamentos ; PS: parassuicídio; TS: tentativa de suicídio. Pesquisa de termos em suicidologia, s entre 1971-2010, no título de artigos s na Scielo Como ridos d popula Um do su das pr o soci XIX11. que re ex. en cado p este re progre sendo regula ligam norma Apesa Durkh de sui izado Referências encontradas io («parasuicide»; para-suicídio) 2 (0) ento auto-lesivo («self-harm», ry») 1 (0) ento auto-lesivo não suicida icidal self-injury») 0 (0) uicídio («suicide attempt») 23 (8) entosuicidário (comportamento suicidal behaviour»; «suicidal behavior») 9 (2) uicide») 203 (89) tesis estão os artigos indexados escritos em português. eflete o crescimento de todos os termos relaciona- ta área com a excec¸ão do parassuicídio, que tem cada vez menos utilizado. os escritos na língua portuguesa são uma clara s indexados na PubMed, totalizando 51. A tabela 2 quisa semelhante na base de dados Scielo, que os publicados em português e em castelhano. Por o número de referências optou-se por não dividir mente. cac¸ão de artigos científicos em português nesta e ser reduzida quando comparada com o cresci- onencial da publicac¸ão internacional nesta área. inião que isto poderá dever-se a 3 causas: os auto- a portuguesa preferem publicar em inglês; existe a na investigac¸ão científica das populac¸ões de lín- uesa; ou muitos estudos em língua portuguesa dos em revistas não indexadas. De notar que os língua portuguesa apresentam elevada hetero- na utilizac¸ão dos termos que descrevem os CAL, rmos mais utilizado comportamentos suicidários s de suicídio (ver tabela 2). psicopatoló Também uma minor tal, inician trabalho De Em 1938 tamentos d considerad conceptual utilizado p Em 1964 efetivamen de suicídio última cate indivíduo n trabalho fo do grupo d vam as mu que as mul (que predo levou as c das por gru suicidário» Apenas envenenam e tentativa Sendo que lesão inten que esta (purposefu Entretan cídio, que «WHO/EUR com resulta portament irá causar doses exce i referido, os CAL (nas suas várias formas) são refe- e a antiguidade, com relatos em vários culturas, e áreas geográficas6. autores mais influentes no campo do estudo (e consequentemente dos CAL), que fez uma ras tentativas de sistematizac¸ão nesta área, foi o francês Émile Durkheim, no final do século definiria suicídio como todo o caso de morte direta ou indiretamente de um ato positivo (p. mento) ou negativo (p. ex. greve de fome) prati- indivíduo, ato que a vítima sabia dever produzir ado11,33. Este fenómeno era visto como fruto do da industrializac¸ão, da instruc¸ão, da civilizac¸ão, o por 2 dimensões compreensivas: integrac¸ão e . A integrac¸ão refere-se às relac¸ões sociais que ivíduo ao grupo, e a regulac¸ão como os requisitos ou morais exigidos para a pertenc¸a ao grupo. xtremamente importante e pioneira, esta visão de limitada no que diz respeito aos CAL sem intenc¸ão e no baixo-relevo dado aos fatores individuais e gicos associados ao suicídio e aos CAL. no final do século XIX Esquirol realc¸a que apenas ia das tentativas de suicídio é efetivamente mor- do o estudo comparativo deste fenómeno no seu s Maladies Mentales34. , Karl Menninger tentou subcategorizar os compor- e automutilac¸ão, sugerindo que estes poderiam ser os como um «esforc¸o para se curar a si próprio», izando estes como um suicídio parcial (ou focal) ara prevenir o suicídio completo35. , Stengel36 propôs que as pessoas que se suicidam te (suicídio completo) e as que fazem tentativas seriam 2 populac¸ões distintas, sendo que esta goria só seria considerada em casos em que «o ão morria, apesar de ser esse o objetivo». Este i alvo de elevado criticismo levantado em torno e «tentativas de suicídio», no qual predomina- lheres. Tacitamente esta nomenclatura implicava heres seriam menos competentes que os homens minavam no grupo de suicídio completo), o que orrentes psicológicas norte-americanas, suporta- pos feministas, a propor o termo «comportamento 28. na ICD-9, em 1975, na secc¸ão «lesões e entos», é referida a diferenciac¸ão entre suicídio s de suicídio e lesões autoinflingidas deliberadas. na ICD-10, em 1992, foi criada a categoria «auto- cional» (intentional self-harm), sendo explicitado incluía lesões ou envenenamentos deliberados lly) e suicídio (tentativa). to, em 1969, Kreitamn37 propôs o termo parassui- foi posteriormente adotado pela OMS no estudo O Multicenter Study on Parasuicide»38: «um ato do não fatal em que um indivíduo inicia um com- o não habitual que, sem intervenc¸ão de outros, autolesão, ou em que ingere uma substância em ssivas em relac¸ão à dose prescrita ou à dose r e v p o r t s a ú d e p ú b l i c a . 2 0 1 3;3 1(2):204–213 209 terapêutica habitualmente reconhecida, e que visa realizar mudanc¸as desejadas pelo sujeito, através das consequências físicas reais desvantage sendo em c O termo é u tivas de su enquanto o mentos que Para além d equipas de parassuicíd «para», em fica «semel finge». Esta sem intenc¸ vezes refer A histór é marcada científica, d dos de vári fatores de r atual é dom a de Beck-O Leo9. Futuram «patologia p disorder»39 ocorre de f do tecido c zer certam consensual A epidemio A epidemio variac¸ão de (comunitár estudos7. N blema glob Estudos uti do estudo C O estudo m gica, Inglat dos maiore de 30.477 a vés da util Questionna prevalência de 2,6% em ocultava es forma reco de prevalên firmando a geográfica. mulheres a Holanda) e lência de C e na Holan Dados de um estudo feito na Escócia40, numa amostra de 2.008 adolescentes, entre os 15-16 anos de idade, através da c¸ão d r, rev fora ma p s. estu tado -suic fazia s em lth B cola comp as vid .050 édia ago uma fica, adam o ter do. ou ens entre auto redid sen nc¸a n to de estu 822 a verifi vida , um out 628 olas tre o ídio ten ento tima stido os d quip rtug 0 hab o res estu siqui s), e ent rtam s re dole ou esperadas». Este termo apresentou vantagens e ns tanto na investigac¸ão como na prática clínica28, erta medida pouco claro em termos conceptuais. tilizado por alguns autores para descrever tenta- icídio de baixa ou alta intencionalidade de morte, utros o reservam exclusivamente para comporta- mimetizam o suicídio de baixa intencionalidade. as diferentes utilizac¸ões do termo pelas diferentes investigac¸ão e clínicas, a nível semântico o termo io levanta dificuldades sobretudo pois o prefixo diferentes línguas (incluindo o português), signi- hante a», mas também «que mimetiza» ou «que s interpretac¸ões parecem descrever bem os CAL ão de morte, mas são pouco explícitas no que é por ido como «suicídio falhado»28. ia recente da investigac¸ão do suicídio e dos CAL por um interesse cada vez maior da comunidade ando lugar a um número cada vez maior de estu- os tipos, focando-se na epidemiologia, procura de isco e de estratégias de prevenc¸ão. A nomenclatura inada por 2 correntes teóricas (descritas acima): ’Carroll-Silverman30 e a de Kreitman-Hawton-De ente, é esperada na DSM-5 a inclusão de uma siquiátrica» nomeada de «non-suicidal self-injury , que corresponde a CAL sem intenc¸ão suicida, que orma repetida e se considera apenas destruic¸ão orporal18. Esta nova categoria diagnóstica irá tra- ente elevada controvérsia para esta área de difícil izac¸ão. logia dos comportamentos autolesivos logia dos CAL em adolescentes apresenta grande acordo com o local geográfico, tipo de amostra ia vs. clínica) e conforme a definic¸ão adotada nos o entanto, parece inegável que se trata de um pro- al e de elevada prevalência. lizando os critérios de comportamento autolesivo hild & Adolescent Self-harm in Europe15 ulticêntrico CASE15, realizado na Austrália, Bél- erra, Hungria, Irlanda, Holanda e Noruega, é um s estudos até à data. Foi colhida uma amostra dolescentes, entre os 15-16 anos de idade, atra- izac¸ão de questionários («The Lifestyle & Coping ire») em meio escolar. Este estudo revelou uma de CAL no último ano de 8,9% em mulheres e homens, sendo que a maioria dos adolescentes te facto e que cerca de metade apresentava CAL de rrente. Este estudo permitiu a comparac¸ão direta cias entre os países participantes no estudo, con- ideia de que setrata de um fenómeno com variac¸ão Em relac¸ão à presenc¸a de CAL no último ano, em s taxas de prevalência variaram entre 3,6% (na 11,8% (na Austrália). Em homens, as taxas de preva- AL no último ano variaram entre 1,7% (na Hungria da) e 4,3% (na Bélgica). utiliza escola Os CAL com u rapaze Um nos Es de non 9,5% o Estudo O «Hea estudo vida e das su tra de 5 cuja m ter-se m senta especí (nome poderã espera Num 396 jov didas ter-se autoag onaram espera tamen Um ria de tendo da sua menos Um tra de de esc das en de suic fizeram portam sobres ter exi os term A e bra, Po 100.00 quand Um pedop 17 ano madam compo Mai 1.713 a e questionários de autopreenchimento em meio elaram uma prevalência no último ano de 9,7%. m cerca de 3 vezes mais frequentes em raparigas, revalência no último ano de 13,6% contra 5,1% em do comparativo entre adolescentes na Alemanha e s Unidos revelou taxas semelhantes de ocorrência idal self-injury durante a vida de 25,6%, sendo que repetidamente41. países de língua portuguesa ehaviour in School-aged Children» (HBSC)42 é um borativo da OMS que pretende estudar os estilos de ortamentos dos adolescentes nos vários contextos as. Integra 44 países, incluindo Portugal. Na amos- adolescentes portugueses que integra este estudo, de idade é 14 anos, verificou-se que 15,6% afirma ado a si próprio no último ano43. Este estudo apre- amostra considerável de adolescentes nesta área mas apresenta algumas limitac¸ões metodológicas ente na restric¸ão da identificac¸ão de casos) que resultado nesta prevalência estimada superior ao tro estudo da mesma equipa foram inquiridos das 5 regiões de Portugal, com idades compreen- os 13-21 anos. Observou-se que 18% mencionou agredido pelo menos uma vez e 5,6% referiu ter-se o 4 vezes ou mais nos últimos 12 meses. Menci- timentos de raiva/hostilidade (8,8%), ausência de o futuro (8,3%) e tristeza (8,1%) durante o compor- violência autodirigida25. do português analisou uma amostra comunitá- dolescentes entre o 10.◦-12.◦ ano de escolaridade, cado que 34,4% dos jovens já teve em algum ponto ideac¸ão suicida e, entre estes, 7% fizeram, pelo a tentativa de suicídio44. ro estudo realizado em Portugal com uma amos- adolescentes, estudantes do 10.◦, 11.◦ e 12.◦ ano, secundárias em Lisboa, com idades compreendi- s 15-18 anos, verificou que 48,2% já teve ideias ao longo da vida, que cerca de 7% dos indivíduos tativas de suicídio e que 35% apresentavam com- s de automutilac¸ão45. Este valor parece também do, sendo reconhecido pelos autores que poderão dificuldades dos adolescentes «em identificarem a pergunta sobre atos autolesivos». a da Consulta de Prevenc¸ão do Suicídio, em Coim- al, revelou uma incidência de 200 casos anuais por itantes, ou 600 casos anuais por 100.000 habitantes tringido apenas às mulheres dos 15-24 anos46. do realizado numa unidade de internamento de atria (cuja faixa etária se situava entre os 12- m Lisboa, verificou que entre 2006-2009, aproxi- e 4-12% dos internamentos foram motivados por entos autolesivos47. centemente, numa amostra comunitária de scentes (entre os 12-20 anos) de escolas públicas 210 r e v p o r t s a ú d e p ú b l i c a . 2 0 1 3;3 1(2):204–213 da área metropolitana de Lisboa, utilizando metodologia idêntica ao estudo CASE15, verificou-se que 7,3% dos adoles- centes já tinha apresentado pelo menos um episódio de CAL, calculando-se uma prevalência ao longo da vida de 10,5% para raparigas e 3,3% para rapazes e uma prevalência no último ano de 5,7% e 1,8%, respetivamente*. Nesta investigac¸ão verificou- se ainda que só uma minoria levou a apresentac¸ão hospitalar ou aos cuid na sua mai Um estu no Brasil, u centes com apresentav Suicida de Um estu hospital es os anos de entre os 10 quadro de Outro es no Sul do B tes entre o suicida de Perfil clínic autolesivos De acordo tes no sexo educac¸ão51 Os adol logia geral, agressivida dos casos a afetiva53. Os adol mente per esquizotípi sintomas d controlos5,5 de drogas f numa amos verificaram patologia d frequentes desafio; dep abuso ou d Um est numa amo perturbac¸õ autoregula Experiên associadas vantes pro pais; afasta ∗ Guerreir self-harm in Lisbon, Port experiências infantis de negligência emocional, psicológica ou abuso físico, especialmente do tipo sexual56. A presenc¸a de disfunc¸ã comportam A prese parece ser Os CAL ac¸ão te qu mpo o» e vitan rios rios rado l de desi ncia oluc¸ com ionai perc tem tário do ta ores ertim tativ icos o pa o e eran idos ado a estu pita , face e de tivos or tr edad o pe psiqu ia; c te pr desã iais, baix os imp pess c¸ão etiva ent ssã ultad derâ ados de qualquer técnico de saúde, permanecendo oria como um «comportamento oculto». do realizado nas cidades de Porto Alegre e Erechim, tilizou uma amostra comunitária de 730 adoles- idades entre 13-19 anos, verificando que 34,7% am ideac¸ão suicida segundo a Escala de Ideac¸ão Beck48. do realizado nas urgências psiquiátricas de um cola da região de Ribeirão Preto, São Paulo, durante 1988-1991, revelou que entre 40-50% da populac¸ão -24 anos que recorreu a este servic¸o apresentava suicídio ou lesões autoinfligidas49. tudo populacional realizado na cidade de Pelotas, rasil, numa amostra representativa de adolescen- s 11-15 anos mostrou uma prevalência de ideac¸ão 14,1%50. o do adolescente com comportamentos com vários estudos7,17, os CAL são mais frequen- feminino e estão associados a níveis menores de . escentes com CAL apresentam maior psicopato- tal como ansiedade, depressão, impulsividade e de7,52. Estão associados em aproximadamente 90% um diagnóstico psiquiátrico18,53, sobretudo doenc¸a escentes com CAL apresentam mais frequente- turbac¸ões da personalidade dos tipos borderline, ca, dependente e evitante, apresentando mais epressivos e ansiosos quando comparados com 2,54. A impulsividade, a baixa autoestima e o abuso oram também associados aos CAL5. Nock et al.18, tra de adolescentes com CAL sem intenc¸ão suicida, que 87,6% apresentava critérios diagnósticos para o eixo I da DSM-IV, sendo as perturbac¸ões mais : perturbac¸ão de conduta; perturbac¸ão de oposic¸ão ressão major; perturbac¸ão pós stresse traumático; ependência de cannabis. udo da equipa da Aventura Social55 observou, stra de 206 estudantes, associac¸ão entre CAL, es do comportamento alimentar e dificuldades de c¸ão. cias traumáticas na infância foram também aos CAL. Destas têm sido consideradas rele- blemas psicológicos parentais; separac¸ão dos mento precoce ou prolongado de um dos pais; o DF, Sampaio D, Figueira ML, Madge N. Deliberate adolescents: a self-report survey in schools from ugal. Manuscript under review. a utiliz almen como i emoc¸ã «tipo e em vá versitá compa ao níve cia o substâ de res jovens (emoc maior O heredi tem si os val da hip de ten quiátr de risc ansios desesp deprim associ Um do Hos jovens cência norma tudo, p e ansi definiu tas de urgênc almen e má a cossoc e com Dad maior outras orienta que ef pensam Discu Os res prepon o familiar tem sido fortemente associada a estes entos4,21,57,58. nc¸a de alexitimia (défice na expressão emocional) também mais frequente nestes adolescentes59. em adolescentes parecem estar relacionados com de estratégias de coping não adaptativas, especi- ando confrontados com situac¸ões percecionadas ssíveis de resolver4,58. O estilo de coping «focado na particularmente estratégias de comportamento do te» têm sido diretamente relacionadas com CAL estudos58. Um estudo recente em estudantes uni- com antecedentes de CAL verificou que, quando s a amostra de controlo, apresentavamdiferenc¸as estratégias de coping, utilizando com mais frequên- nvestimento comportamental e a utilizac¸ão de s60. Para além desta vulnerabilidade a nível ão de problemas, tem-se verificado que, não só CAL têm maior número de eventos negativos s, sociais e psicológicos) ao longo da vida52, como ec¸ão destes eventos stressantes61. peramento afetivo, um possível marcador /biológico62, apesar de ainda pouco estudado, mbém associado a CAL. Um estudo verificou que das escalas de temperamento afetivo, à excec¸ão ia, são mais elevados em indivíduos com história a de suicídio63. Um estudo em 150 doentes psi- revelou que o temperamento irritável é um fator ra suicídio e que os temperamentos ciclotímico, depressivo estão associados ao sentimento de c¸a64. Um estudo em crianc¸as e adolescentes verificou que o temperamento ciclotímico está um maior risco de suicídio65. do, realizado no Núcleo de Estudos de Suicídio l de Santa Maria66, em Lisboa, verificou que estes aos fatores de stresse inerentes à etapa da adoles- correntes de eventuais acontecimentos de vida não , entram em estado de stresse caracterizado, sobre- isteza, pessimismo, inseguranc¸a, confusão, medo e. Outro estudo do mesmo grupo de investigac¸ão rfil do adolescente com CAL que recorre às consul- iatria: habitualmente referenciado pelo servic¸o de om ideac¸ão suicida e sintomas depressivos habitu- esentes à entrada; com vários seguimentos prévios o aos mesmos; maior número de dificuldades psi- sobretudo a nível de conflitos familiares e afetivos, as expectativas relacionadas com o tratamento67. do estudo CASE indicaram que a presenc¸a de ulsividade, a observac¸ão de suicídio ou CAL em oas, o abuso sexual e preocupac¸ões acerca da sua sexual são fatores que distinguem os adolescentes mente realizam CAL dos que apresentam apenas os autolesivos52. o os desta revisão revelam um problema de elevada ncia a nível social e clínico. Prevalências muito r e v p o r t s a ú d e p ú b l i c a . 2 0 1 3;3 1(2):204–213 211 elevadas d ras (incluin e clínicas. blema de s preocupant dos indivíd trabalho de precoce de gias eficaze do treino atras, prof contactem mência do investigac¸ã Verificar de nomenc em língua modesto, m sofrendo d gias de inv anglo-saxó indexados percentage existem ob sões que s que o baix relac¸ão dir gua portug publicar em guês os art indexac¸ão sultadas n trabalho. Apesar apontam p entre os no 7-35% dos j É nossa dos de vár sigam met nacionais, experiência nomenclat imprescind dos clínicos psicológica tância, poi de tratame nível globa a utilizac¸ão importante nossos jove O estím preferencia de dados, língua não dores, leva que poderã tros países usão traba dos . Com tos, poten . iterat nda o, um r a gac¸ã e lín ciam ente dac¸ã ito d ores ecim ores . Exp or C ado o g r paio ffer D lesce tos M iro L tório ras D paio cídio. aiva preit k MK ton dole erma er TE enc t 2: S avio rin D rapeu 0. valho tos J 3/201 khei 7. e CAL em adolescentes de vários países e cultu- do Portugal e Brasil), em amostras comunitárias Não será descabido falar de um verdadeiro pro- aúde pública, com consequências eventualmente es e com risco para a saúde física e psicológica uos e das comunidades em que se inserem. Um revisão recente68 verificou que o reconhecimento ste tipo de comportamentos é uma das estraté- s de prevenc¸ão do suicídio, nomeadamente através de médicos de medicina geral e familiar, pedi- essores e outros membros da comunidade que com estes jovens em risco. Isto evidencia a pre- tema e a necessidade de se investir neste tema de o. am-se, como esperado, dificuldades de consenso latura e definic¸ão do problema. A investigac¸ão portuguesa tem dado um contributo ainda as importante, para a clarificac¸ão deste problema, as mesmas dificuldades a nível de metodolo- estigac¸ão e nomenclatura que os investigadores nicos. Dentro da grande quantidade de artigos a nível global sobre este tema, só uma pequena m está escrita na língua portuguesa. Neste aspeto viamente limitac¸ões desta revisão e das conclu- e podem estabelecer; deverá ainda considerar-se o número de artigos encontrados não está em eta com a produc¸ão científica dos países de lín- uesa. É sobejamente conhecida a preferência para língua inglesa e quando publicados em portu- igos são muitas vezes publicados em revistas sem nas grandes bases de dados (que foram as con- este trabalho), o que dificultou a exatidão deste desta limitac¸ão, os dados nacionais encontrados ara prevalências elevadas destes comportamentos ssos adolescentes, referindo valores que vão de ovens ao longo da vida. opinião que este assunto carece de mais estu- ios tipos, nomeadamente epidemiológicos, que odologias semelhantes a outros estudos inter- de modo a ser possível comparar resultados e s de trabalho. A criac¸ão de consensos a nível de uras por parte dos investigadores desta área é algo ível para que isto seja possível. Também estu- tentando especificar características demográficas, s e psicopatológicas são de fundamental impor- s serão estes que estarão na base de hipóteses nto e prevenc¸ão de CAL. Em grande carência (a l) estão os estudos intervencionais, investigando de programas de prevenc¸ão e tratamento deste problema que afeta uma elevada proporc¸ão dos ns. ulo para publicac¸ão de resultados em português, lmente em revistas indexadas nas grandes bases é importante pois sabemos que escrever numa nativa dificulta (e muitas vezes inibe) os investiga- ndo à não divulgac¸ão de resultados de realidades o ser muito diferentes daquelas encontradas nou- e culturas. Concl Deste estudo jovens concei papel mento A l tem ai entant chama investi dores d Finan O pres da Fun Confl Os aut Agrad Os aut estudo Profess mulo d b i b l i 1. Sam 2. Sha ado 3. Ma Ram rela out 4. Sam sui 5. Sar a es 6. Noc 7. Haw in a 8. Silv Join nom Par beh 9. Oug the 201 10. Car San 201 11. Dur 189 lho de revisão destaca-se o relevo global dado ao comportamentos autolesivos, especificamente em o foi descrito, têm existido evoluc¸ões a nível dos estudo epidemiológico e clínico, relevantes e com cial de modular estratégias de prevenc¸ão e trata- ura científica em língua portuguesa, nesta área, uma contribuic¸ão modesta, mas importante. No dos principais objetivos deste artigo é, não só atenc¸ão para esta lacuna, mas sim estimular a o e publicac¸ão nesta área por parte dos investiga- gua portuguesa. ento estudo foi parcialmente financiado por uma bolsa o para a Ciência e Tecnologia (FCT). e interesses declaram não haver conflito de interesses. entos agradecem à FCT pelo financiamento parcial deste ressam também um agradecimento especial ao arlos Braz Saraiva e à Dra. Nazaré Santos pelo estí- e pelo apoio dado na discussão da terminologia. a f i a D. Lavrar o mar. Lisboa: Editorial Caminho; 2006. , Kipp K. Developmental psychology: childhood and nce. Belmont: Wadworth; 2007. 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Comportamentos autolesivos em adolescentes: uma revisão da literatura com foco na investigação em língua portuguesa Introdução Objetivos Métodos Resultados Definição de comportamentos autolesivos: nomenclaturas e conceitos utilizados Método Resultado Letalidade Intencionalidade Definição de comportamentos autolesivos: síntese histórica A epidemiologia dos comportamentos autolesivosEstudos utilizando os critérios de comportamento autolesivo do estudo Child & Adolescent Self-harm in Europe15 Estudos em países de língua portuguesa Perfil clínico do adolescente com comportamentos autolesivos Discussão Conclusão Financiamento Conflito de interesses Agradecimentos Bibliografia
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