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Intervenção Federal 2915

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SUMÁRIO
1. RESUMO DO ACÓRDÃO PROFERIDO NO PEDIDO DE INTERVENÇÃO 2.915 DO STF....................................................................................................................................04
2. CONSIDERAÇÕES INICIAIS..........................................................................................08
3.INTERVENÇÃO FEDERAL E ESTADUAL...................................................................09
3.1 NOCÕES GERAIS................................................................................................09
3.2 DEFESA DO ESTADO.........................................................................................12
3.3 DEFESA DO PRINCÍPIO FEDERATIVO........................................................13
3.4 DEFESA DAS FINANÇAS ESTADUAIS..........................................................15
3.5 DEFESA DA ORDEM CONSTITUCIONAL....................................................16
4.FORMA REPUBLICANA, SISTEMA REPRESENTATIVO E REGIME DEMOCRÁTICO...................................................................................................................18
4.1 DIREITOS DA PESSOA HUMANA...................................................................19
4.2 AUTONOMIA MUNICIPAL...............................................................................20
5. CONCLUSÃO.....................................................................................................................20
6. QUESTÃO PARA REFLEXÃO........................................................................................24
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................25
8. MATERIAL DE APOIO....................................................................................................25
1. RESUMO DO ACÓRDÃO PROFERIDO NO PEDIDO DE INTERVENÇÃO 2.915 DO STF
O pedido de Intervenção Federal 2915 foi ajuizado contra o estado de São Paulo, movido por servidores públicos paulistas que ganharam, há mais de dez anos, ações judiciais contra o estado e que até então, contudo, não tiveram os Precatórios alimentares em seu favor pagos. Os créditos são de natureza alimentar e refere-se ao orçamento de 1998 e, portanto, deveriam estar quitados em 31 de dezembro de 1998.
A ação judicial foi proposta em 1992 por servidores estaduais, sendo que no processo encabeçado pelo advogado Leonice Duarte Cunha, os requerentes têm a receber aproximadamente R$ 74 mil, que deverão ser divididos entre 123 interessados. O valor mais alto a ser pago é de cerca de R$ 2.700,00.
O relator do pedido de Intervenção, que, pelo regimento do Supremo, é o presidente da casa, na época o ministro Marco Aurélio, fez seu relatório.  Seguiu-se a isso a sustentação oral do advogado dos requerentes, Antônio Sandoval Filho, para quem os créditos são de natureza alimentar e se referem aos orçamentos de 1998, “portanto deveriam estar quitados em 31 de dezembro de 1998”.
 O Supremo Tribunal Federal, por maioria, vencido o ministro relator Marco Aurélio, decidiu pela não intervenção no estado.
Inicialmente, o relator Marco Aurélio fora o único voto favorável, seguido por Ilmar Galvão, que entendeu ser procedente em parte o pedido de intervenção. O ministro Ilmar Galvão havia votado no sentido de que “fosse determinado ao governo estadual que pusesse à disposição do Tribunal de Justiça a parcela da dotação orçamentária que no orçamento de 2002 houvesse sido consignada ao Poder Judiciário alusiva aos meses de janeiro a julho do ano passado, solução que me ocorreu como bastante para obviar não apenas o presente pedido de intervenção federal, mas todos os outros em processamento perante esta Corte contra o governo do referido Estado. Estava persuadido de que a desobediência do Poder Executivo à ordem judicial se restringia à omissão na liberação dos recursos orçamentários destinados ao pagamento dos precatórios, por insuficiência de recursos ou de receitas, justificativa que se fosse aceita pelo STF - justamente do Estado mais rico da federação - valeria pelo decreto de falência do sistema de precatórios, como meio de execução de sentença condenatória contra o Estado e, consequentemente, pela declaração de ineficácia do artigo 100, da Constituição Federal”. Entretanto, verificou que os recursos existiam, o que não existia era vontade política para pagar.
Todavia, Galvão presumiu que havia dotação orçamentária processada regularmente na forma prevista na Constituição. Então, o que faltava era a liberação do dinheiro pelo governador e, para isso, não havia necessidade de intervenção. Era só dar uma ordem ao governador para que liberasse o dinheiro. Por isso, o ministro retificou o seu voto, opinando pelo indeferimento do pedido.
O ministro Celso de Mello sustentou, por sua vez, “que a desobediência à ordem ou decisão judicial pode gerar, em nosso sistema jurídico, gravíssimas consequências, quer no plano penal (art. 319 do Código Penal e art. 1º, inciso XIV, do Decreto-Lei 201/67), quer no âmbito político-administrativo - possibilidade de impeachment em relação aos governadores de Estado – quer ainda na esfera institucional”. Segundo Mello, o estado de São Paulo, embora afirme que pretende satisfazer os débitos pendentes, cumprindo as decisões judiciais que o condenaram, “demonstrou, considerada a estrutura das despesas do Estado em face das receitas correntes líquidas estaduais, a sua incapacidade material de solver as obrigações existentes”.
Assim, o ministro Celso de Mello votou pela não intervenção no estado, já que a nomeação de um interventor não mudaria a situação financeira de São Paulo, que não possui verba orçamentária suficiente à quitação dos precatórios alimentares, conforme alegou o estado em sua defesa.
Quem falou em defesa de São Paulo foi o procurador-geral do estado, Elival da Silva Ramos. Segundo Ramos a Intervenção Federal é uma medida de caráter excepcional. Ele repudiou a afirmação de que o governo paulista pouco se importa com o Poder Judiciário, pois, segundo ele, o mesmo tem se esforçado em resolver o problema. A solução estaria dificultada pela atual situação financeira do estado, que tem sua receita vinculada a outras obrigações com relação à saúde, educação, segurança pública, entre outros.
 Ele afirmou que as intenções de pagamento revelam-se nos projetos de lei no Congresso Nacional de autoria de parlamentares paulistas, como o do deputado Arnaldo Madeira, e também na disposição em se conversar com o ministro Marco Aurélio sobre o problema.
O procurador-geral também declarou que a atuação do governo tem sido eficiente e que nenhum interventor federal poderia fazer melhor na administração do pagamento dos Precatórios.
O ministro Marco Aurélio iniciou seu voto mencionando todos os estados brasileiros que atualmente são alvo de pedidos de intervenção federal, além de indicar o número de processos contra cada um. Ele foi pela procedência da ação, para que fosse decretada a Intervenção no estado de São Paulo. O presidente do STF entende que a intervenção visa, acima de tudo, a supremacia da Constituição Federal. “O Judiciário não prolata sentenças simplesmente formais. Sentenças que, sob o ângulo do conteúdo, mostram-se inúteis”, argumentou ele, dizendo também que o exemplo no cumprimento das decisões deve vir de cima.
Marco Aurélio também responsabilizou os governos do estado de São Paulo pela má-administração dos recursos financeiros, como no caso da desapropriação para se fazer obras, “não se preocupando os governantes com a necessidade de conciliá-las com as dotações orçamentárias e, destarte, com os créditos abertos para tal fim”.
Segundo a votar, o ministro Gilmar Mendes abriu dissidência no julgamento e indeferiu o pedido de Intervenção Federal em São Paulo. Ele levou em conta as informações prestadas pelo estado, ao julgar que a limitação econômica alegada não pode ser desconsiderada. O ministro julgou que o atraso do estado no pagamento dos Precatórios alimentares não configura dolo. Ele citou precedente julgado pelo STF,na Intervenção Federal nº 20, julgada em 1954, na qual a Corte entendeu que, para se justificar uma Intervenção, é preciso que haja uma postura de resistência do estado em não pagar os Precatórios. O voto foi do, à época, ministro Nelson Hungria. “Enquanto o estado se mantiver diligente na busca de soluções para o cumprimento integral dos créditos, não estarão presentes os pressupostos necessários à Intervenção”, julgou o ministro Gilmar Mendes.
A ministra Ellen Gracie indeferiu o pedido, por entender que “os princípios constitucionais repousam nos princípios da igualdade democrática, da igualdade de oportunidade no pagamento e no respeito à precedência cronológica de registro destas requisições de pagamento”. Assim como o ministro Gilmar Mendes, a ministra acredita que um eventual interventor terá limitações semelhantes às enfrentadas pelo governo paulista, devido “à efetiva inexistência de recursos financeiros que permitam o atendimento imediato dos Precatórios”.
O ministro Nelson Jobim votou pela improcedência do pedido. Ele questionou como seriam especificadas as condições da Intervenção. “Os valores correspondentes ao total de Precatórios alimentares seriam retirados de onde? Da folha de pagamento? Do retorno de 25% do ICMS que deve o estado de são Paulo atribuir aos seus municípios?”
O ministro Maurício Corrêa divergiu também, citando em seu voto o processo de Intervenção Federal contra o governo de Minas Gerais, julgado em 1954 (IF 20). “Para justificar uma Intervenção, não basta a demora de pagamento na execução de ordem judicial, por falta de numerário. É necessário o intencional ou arbitrário embaraço, ou impedimento oposto a essa execução”. Corrêa disse que essa não é a hipótese disposta nos processos, porque “não resultou provado que houve desobediência de cumprimento de decisão judicial pelo governo de São Paulo”.
Sexto a votar, o ministro Ilmar Galvão foi favorável em parte à Intervenção Federal (IF 2915) requerida contra o estado de São Paulo, acompanhando o relator, ministro Marco Aurélio. “Se há um orçamento para ser cumprido, esse orçamento não é uma balela. Se há uma verba destinada ao pagamento de Precatórios, tem que ser distribuída”, disse Galvão. Ilmar Galvão deferiu em parte a Intervenção, para que Supremo ordene ao governador do estado de São Paulo que ponha à disposição do presidente do TJ, em um prazo razoável, os duodécimos vencidos em 2002.
Após o voto do ministro Ilmar Galvão, pediu vista dos autos o ministro Carlos Velloso, interrompendo-se o julgamento até que ele traga de volta o processo ao Plenário. Além de Velloso, faltam os votos dos ministros Celso de Mello, Sydney Sanches, Sepúlveda Pertence e Moreira Alves.
Após fazer vista dos autos, o ministro Carlos Velloso manifestou-se pelo indeferimento do pedido de intervenção federal. Conforme o voto do ministro Carlos Velloso, o Estado de São Paulo não desobedeceu a ordem judicial arbitrariamente. Ocorre que, observadas as limitações orçamentárias, ele estava pagando os precatórios. Entendeu não ter ocorrido dolo e má gestão do orçamento público, uma vez que não houve a prática de ato comissivo ou omissivo intencionalmente dirigido ao não pagamento de precatórios, sendo ainda certo que, por ser a intervenção federal medida excepcional, o art. 34 da CF deve ser interpretado de forma restritiva.
No mesmo sentido manifestou-se o ministro Celso de Melo, que reconheceu que “Para justificar a intervenção, não basta a demora de pagamento, na execução de ordem ou decisão judiciária, por falta de numerário: é necessário o intencional ou arbitrário embaraço ou impedimento oposto a essa execução”, posto que a ordem constitucional brasileira não autoriza a intervenção federal fundada em involuntária demora de pagamento, motivada por falta ou insuficiência de recursos financeiros.
Acrescentou ainda o ministro Moreira Alves que é preciso demonstrar-se que há culpa em sentido amplo por parte do governador – culpa que abrange o dolo e a culpa em sentido estrito, ou seja, se mesmo tendo meios para pagamento ele deixou de fazê-lo, pois se o Estado não tiver realmente meios para o pagamento não adiantaria deferir a intervenção, pois nem mesmo o interventor terá como pagar.
O acórdão foi redigido pelo Ministro Gilmar Mendes, vez que se encontrava, justificadamente ausente, o ministro Carlos Velloso, que proferira voto na assentada anterior. Foi a plenário em 03.02.2003 e julgado improcedente em razão do governo paulista ter demonstrado não ter caixa suficiente para o pagamento dos precatórios, haja vista a necessidade de garantir a continuidade de prestação de serviços públicos essenciais como dar assistência à educação e saúde e, assim, não foram violados os art. 34, VI  e 36, II da CF, bem como o caput do art. 78 e § 4º da ADCT. Ademais, entendeu não ter ocorrido dolo e má gestão do orçamento público, uma vez que não houve a prática de ato comissivo ou omissivo intencionalmente dirigido ao não pagamento de precatórios, sendo ainda certo que, por ser a intervenção federal medida excepcional, o art. 34 da CF deve ser interpretado de forma restritiva, respeitando, ainda, o princípio da proporcionalidade.
2. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Vários países do mundo adotam como forma de Estado o Federalismo. Este funciona, aos olhos de muitos, como uma simples contraposição ao Estado Unitário, aquele no qual todos os poderes estão concentrados nas mãos do Estado – estendendo-se por todo o território e abrangendo todas as pessoas –, podendo, no máximo, gerar uma espécie de autarquia territorial, na ocorrência de uma descentralização (que comumente ocorre).
Nos termos do art. 1º da CF, a República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal e constitui-se em Estado Democrático de Direito. Temos, portanto, que a forma de Estado adotada pelo Brasil é o Federalismo.
O Federalismo pressupõe repartição de poder em pluralidade de aparelhamento governamentais, com presença nas diversas regiões do estado – não apenas uma descentralização, mas uma "pluripartição" de poderes. Para que isso se torne possível, deve haver um governo central que possua certas atribuições e os vários centros regiões com autonomia para decidir acerca de matérias que só a si interessem diretamente.
Para que essa autonomia não acabe por extrapolar os limites existentes entre os Estados-membros da Federação, a União pode se utilizar de certos mecanismos que possam frear tais atitudes. A Intervenção Federal é um desses mecanismos, ainda que possua caráter excepcional.
Uma das principais características do federalismo é a união de certas entidades políticas autônomas (os Estados) para finalidades comuns. Tal autonomia política existente nas Federações é representada pelo poder de autogoverno e de auto-organização: a possibilidade de escolha de seus governantes diretos – sejam os prefeitos ou o Governador – com total independência em relação ao Governo Central para tais feitos. Somente em casos extremos pode a União intervir nos Estados-membros, como será visto adiante. Já a soberania, como visto anteriormente, é exclusiva à União Federal.
Juntamente com a questão da autonomia, inclui-se, como um importante assunto a atribuição de rendas próprias às unidades federadas. Enrique Lewandowski, apoiando-se em Dallari, lembra que a participação na Federação tem como correspondência um auxílio financeiro para que sejam concretizadas todas as obrigações tidas pelos Estados-membros em vista do bem da Federação. Sem essa assistência, as incumbências dadas aos poderiam ser prejudicadas.
3. INTERVENÇÃO FEDERAL E ESTADUAL
3.1 NOCÕES GERAIS
"A Intervenção Federal é ato político que consiste na incursão da entidade interventora nos negócios da entidade que a suporta. Constitui o ‘puctum dolens’ do Estado Federal, onde se entrecruzam as tendências unitaristas e as tendências desagregantes" (grifos do autor). Assim inicia José Afonso da SILVA (1997, pág. 460) sua explicação do instituto da Intervenção Federal.
A intervenção federal,por se tratar de uma limitação à autonomia havida entre os Estados e a União, não pode ser vista como algo de corriqueira aplicação, pois "constituem situações críticas que põem em risco a segurança do Estado, o equilíbrio federativo, as finanças estaduais e a estabilidade de ordem constitucional".
Interessante notar que o caput do artigo 34 da Constituição Federal inicia-se dizendo que "a União não intervirá...", estabelecendo que o princípio vigente é o da não intervenção – que é o mais compatível com a autonomia pretendida aos estados-membros –, traçando, logo depois, em seus incisos, as "exceções" ao dito princípio.
A Constituição Federal prevê nos artigos 34 a 36 duas formas de Intervenção, a Federal e a Estadual. A intervenção tem a natureza jurídica de uma medida excepcional que visa combater uma anormalidade em alguma parte do país, em alguma unidade da Federação. É uma medida excepcional para vencer uma crise em uma unidade da Federação.
Para que não tenha nenhuma possibilidade de arbitrariedade, mas para que também não deixe as unidades federadas à mercê de algumas anormalidades a CF estabeleceu quais as hipóteses taxativas em que é possível ocorrer a intervenção Federal ou Estadual.
A intervenção Federal é da União sobre Estados e DF. Esta intervenção só pode ser por uma das sete hipóteses previstas no artigo 34, CF.
O inciso VII, do artigo 34 é chamado de princípios sensíveis. A ofensa a esses princípios sensíveis levam a possibilidade de Intervenção nos Estados e no DF. E a intervenção federal vai suprimir temporariamente, é uma medida excepcional temporária, que vai suprimir temporariamente a autonomia da unidade da federação que tenha sofrido a intervenção. É autonomia. Por exemplo, se houver uma intervenção no executivo o governador será substituído por um interventor. A ofensa aí foi à autonomia que toda unidade federada tem porque nós temos o direito de escolher quem irá nos governar; nós somos as pessoas que escolhemos os nossos governantes e, portanto, temos o direito de sermos governados por aquele que escolhemos, porque o artigo 18 diz: “A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição”. 
Logo, a intervenção federal vai atuar temporariamente na autonomia.
Como é retirar a autonomia não se pode fazer uma interpretação extensiva; a interpretação tem que ser restritiva. Eu não posso dizer que além das sete hipóteses do art. 34 tem mais alguma ou colocar uma outra dentro da já existente, a interpretação é restritiva porque se trata de uma supressão temporária de uma autonomia garantida na Constituição Federal.
Já o artigo 35 trata da autonomia sobre municípios, mas tem umas particularidades. O artigo 35 vai trazer hipóteses também somente taxativas, interpretação restritiva que também vai significar uma medida excepcional que temporariamente vai suprimir a autonomia dos municípios. Só que sobre os municípios nós temos a possibilidade de ter a intervenção do Estado no seu próprio município, mas a União também pode intervir nos municípios de tivermos municípios em territórios, porém não temos territórios no momento; já tivemos e podemos voltar a ter, mas o território não é uma unidade federada, pois na CF em nenhum momento fala que território é unidade da federação, é da União. Nós temos quatro unidades federadas: União, Estados, Municípios e DF. Território não é unidade federada. Então, se voltarmos a ter território e estes territórios tiver vários municípios quem poderá intervir é a União.
O Decreto interventivo é feito pelo chefe do executivo. Se for uma intervenção federal é o Presidente da República; se for intervenção estadual é o governador do Estado.
O presidente tem que ouvir os conselheiros, o Conselho da República e o Conselho de Defesa. De acordo com o princípio da intenção obrigatória e da simetria, mesmo que a Constituição do estado não tenha um órgão com essa denominação “Conselho da República e o Conselho de Defesa do Estado”, como de fato não tem, vai ter um órgão encarregado de fazer o aconselhamento do chefe do executivo em diversas situações, inclusive nesta, talvez uma secretaria com essa atribuição.
O chefe do executivo vai ter que observar a forma prevista no artigo 36, porque nós temos intervenção espontânea ou de ofício quando o presidente da república não precisa nem ser provocado por solicitação ou requisição. Solicitação significa um pedido e ele pode ou não acatar. Se a intervenção for decorrente de uma requisição ele não pode se furtar a intervir.
De acordo com o artigo 34 percebe-se por exclusão que temos quatro hipóteses de intervenção federal espontânea, que não depende de provocação: Inciso I – é aquela destinada a manter a integridade nacional; Inciso II, III e V. 
Nós temos apenas uma modalidade de intervenção federal provocada por solicitação, que é aquela que ele pode ou não conceder, que é a hipótese do artigo 34, IV, CF. Então nós temos três poderes e aquele poder que estiver se sentindo coagido por outro poder da mesma unidade federativa, ele poderá solicitar a intervenção.
Os demais incisos do artigo 34 que não são espontâneos e nem por solicitação, são por requisição. Para isso basta ver as hipóteses do artigo 36.
Controle Político – se estivermos diante de uma intervenção federal quem vai fazer o controle político do decreto interventivo é o Congresso Nacional. Se estivermos diante de uma intervenção estadual, será a assembleia legislativa.
Se após emitir o decreto e o CN entender que não há justificativa, ou que o presidente não observou o rigor do artigo 34, as hipóteses do 34, o CN deverá suspender a intervenção. Se o Presidente não fizer ele comete um crime de responsabilidade, de acordo com a previsão do artigo 85, II, CF. é o controle político, o que não impede de existir também o controle jurídico pelo Supremo Tribunal Federal.
Decretar a intervenção federal é exclusividade da União, bem como afirma o art. 21 da CF. Até porque a intervenção visa manter a integridade da Federação e limitar os poderes e a autonomia que os estados-membros têm individualmente. 
Outra que questão que acaba por atormentar os estudiosos do Federalismo é a obrigatoriedade ou não do Presidente da República de decretar a intervenção federal quando se dá o caso, por assim dizer, "típico" – quando se dá a incidência do fato no plano da existência.
Em voto acompanhado pela maioria, o professor e ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, no acórdão referente ao pedido de Intervenção Federal IF 2915 manifesta a conveniência de se adotar o princípio da proporcionalidade para guiar as decisões concernentes à intervenção em unidades federativas. Indica que, se a questão em julgamento passar pelo crivo das três fases – adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito – ela justificará a decretação da intervenção. Parece-nos que com isso parcos serão os casos de intervenção federal, o que, se considerarmos ser este um instituto de caráter excepcional, é uma decisão bastante razoável.
3.2 DEFESA DO ESTADO
Quando o inciso I do artigo 34 trata da manutenção da integridade nacional, deseja-se dizer que na Federação – embora prevista e salvaguardada a conservação da autonomia dos Estados-membros – há uma inseparável união ao Poder Central. João de Oliveira Filho descreve muito bem o que seria a "integridade nacional": "é a intangibilidade, é a indestrutibilidade do poder exclusivo da União sobre seu território, sobre seu povo, sobre sua soberania. Essa intangibilidade não é coisa que se meça, que se conte, que se divida".
Esta preocupação com um possível afastamento de uma das unidades-membro da Federação remonta da Guerra da Secessão norte-americana, na qual os Estados do sul tentaram sua independência. Nós, com exceção de algumas notícias de ameaças – atribuídas ao povo; portanto, mais folclóricas que reais – que surgem esporadicamente por parte dos Estados mais meridionais de nosso país,nunca corremos esse risco de forma concreta. Ainda assim, nossa Constituição a afasta de maneira explícita ao afirmar a indissolubilidade da União.
É próprio de qualquer federação a conservação de certas características que são essenciais à sua tipificação como tal. Podemos citar, entre outras, essa indissolubilidade da união entre os Estados-membros. Parece-nos bastante óbvio que esta característica seja mantida, pois sua inexistência geraria a insegurança da durabilidade da associação entre os Estados-membros, o que seria um empecilho intransponível à boa administração a ser realizada pelo Governo Federal. A unidade física, geográfica e social dos cidadãos – que determina a identidade de uma Nação – não sobreviveria a constantes ataques, ad æternum.
Semelhantemente se argumenta em relação ao inciso II do mesmo artigo, pois trata de uma forma um pouco diferente de romper a indissolubilidade da Federação. A possibilidade da invasão estrangeira diz respeito inteiramente à defesa nacional – de responsabilidade exclusiva da União (art. 21, III) –, possibilidade essa que poderia resultar na separação, mesmo que momentânea, de alguma unidade federativa (Estado ou município).
Enrique Lewandowski, citando Pontes de Miranda e João Barbalho, ensina-nos que a invasão estrangeira aqui mencionada não pode se limitar à entrada de forças armadas alienígenas, mas a irregularidade – com relação às regras nacionais de tratamento a imigrantes – na entrada destes – com a permissão ou não do Estado envolvido no caso –, poderia resultar em razão de preocupação federal. Alguns autores chegam mesmo a considerar influências escusas sobre regiões específicas do território como motivo possível para utilização desse dispositivo.
A invasão estrangeira aqui falada importa à União, de uma forma geral, visto posto que sua ocorrência pode levar ao próprio desmembramento de parte da Federação – a secessão citada no inciso anterior. Cabe lembrar também que a defesa do país se encontra a cargo da União, resultando, portanto, na incapacidade individual, de cada Estado, de resistir, por suas próprias forças, a tal incursão de um invasor, necessitando, então, da proteção das forças armadas nacionais (LEWANDOWSKI, 1994, págs. 90 e 91).
3.2 DEFESA DO PRINCÍPIO FEDERATIVO
O mesmo inciso II inclui no rol de situações nas quais caberia a intervenção a invasão de uma unidade da Federação em outra. As implicações são semelhantes às que ocorrem na invasão estrangeira. Enrique LEWANDOWSKI (1994, pág. 91) lembra-nos que, apesar de parecer bastante genérica a descrição dada pela Carta Constitucional – podendo abranger toda e qualquer "unidade federativa’ –, ela se restringiria aos Estados e ao Distrito Federal, não abrangendo, então, os municípios. Citando Manoel Gonçalves Ferreira Filho, inclui também a possibilidade de intervenção tanto na unidade federativa invasora, quanto na invadida, pois "o instituto não tem caráter punitivo, constituindo, antes, instrumento de unidade nacional" – o mesmo argumento utilizado para intervenção em caso de invasão estrangeira, acrescentado do impedimento da opressão de um Estado por outro mais forte.
Já o pôr termo a grave comprometimento da ordem pública (art. 34, III, da CF) relaciona-se a um situação de invencível dificuldade por parte de qualquer um dos Estados-membros da Federação. Parece um pouco óbvio dizer que a situação tem que ser de quase incontrolável administração, em termos meramente locais, mas em Cartas anteriores não foi assim (LEWANDOWSKI, 1994, págs. 93 e 94). Mesmo durante os períodos nos quais a democracia não foi muito apreciada – com Getúlio Vargas e com o Governo Militar –, oscilou-se bastante a dosagem sob a qual o "comprometimento da ordem pública" era encarado.
Em outros termos, houve épocas no Brasil nas quais a autonomia dos Estados-membros foi constantemente denegada, em detrimento ao próprio conceito de Federação. Por isso, encararmos esse dispositivo como representando a situação na qual as autoridades locais – e seus comandados – não suportam tamanha desordem existente em sua unidade – ou não querem exterminá-la –, recorrendo, então, ao Governo Central. Essa intervenção pode ser decidida pelo próprio Presidente da República, independentemente de qualquer outro poder federal.
Quanto a garantir o livre exercício de qualquer dos poderes nas unidades da Federação (art. 34, IV, da CF), temos que lembrar o princípio da divisão dos poderes, a qual é extremamente protegida em nossa Constituição (art 60, § 4º, II), sendo impedido atentar contra ela por meio emenda. Todo e qualquer ato que vise extrapolar o campo de ação destinado – previsto em nossa Lei Maior – a cada um dos Poderes, atenta diretamente aos artigos mencionados, tornando-se justificável a intervenção no Estado onde isso ocorrer.
Com razão se nota a dificuldade de definir, em determinados casos concretos, uma ofensa à independência de um dos Poderes. Enrique LEWANDOWSKI (1994, págs. 95 e 96) levanta a questão da falta de verbas para pagamentos de servidores do Poder Judiciário como um empecilho ao seu normal funcionamento – o que poderíamos estender a uma diminuição de proventos, em geral (que poderia vir de uma decisão do Legislativo Estadual, por achar que o Judiciário possui gastos excessivos com seu quadro de funcionários). 
Para que ocorra a intervenção, há necessidade "de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário" (art. 36, I da CF).
3.4 DEFESA DAS FINANÇAS ESTADUAIS
É notório o caráter de mútua vinculação econômica – direta ou indireta – existente entre as unidades federativas de muitos países. Isso significa que qualquer desordem existente nas finanças de um membro federativo atinge todas os outros. Daí a importância de que a União possa intervir para reorganizar as finanças da unidade da Federação que esteja em situação caótica.
Para que a União tenha parâmetros para decidir sobre a intervenção em determinado Estado, o art. 34, V aponta duas situações nas quais ela se justifica – ou se torna mesmo obrigatória. A mais conhecida pelos brasileiros contemporâneos a nós é a referida na alínea "a": suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior. O que pode ser verificado pela enorme quantidade de mandatos de segurança impetrados contra o Governador do Estado de São Paulo por conta do inadimplemento de milhares de precatórios, dívida essa que se arrasta pela gestão de mais de um governo do Estado.
Um dos maiores problemas para a aprovação dessa intervenção é definir o que seja a dívida fundada. Para o Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco, v. g., "a dívida fundada, também denominada dívida consolidada, corresponde à dívida contraída pelo Tesouro estadual, mediante a emissão de títulos ou contratação com instituições financeiras, para atender a compromissos de exigibilidade superior a doze meses". Outras formas de conceituação:
"DÍVIDA FUNDADA.1- ‘Dívida que é representada por um valor de maior vulto e estável, sendo a longo prazo; nomenclatura própria das entidades públicas e sociais. O mesmo que dívida consolidada’. (A. Lopes de Sá, Ana M.Lopes de Sá. Dicionário de contabilidade, Atlas, 1994).
2- ‘Aquela proveniente de recursos obtidos pelo governo sob a forma de financiamentos ou empréstimos, mediante celebração de contratos, emissão ou aceite de títulos ou concessão de quaisquer garantias que representam compromisso assumido para resgate em exercício subseqüente’. (Dicionário de Economia e Administração, Paulo Sandroni, Nova Cultural, 1996).
3- ‘Compromissos de exigibilidade superior a doze meses, contraídos para atender a desequilíbrio orçamentário ou a financiamento de obras e serviços públicos’. (Revista da Associação Brasileira de Orçamento Público, Brasília, 1975)".
O único juízo certo sobre a questão é que o caso só poderá ser adequadamente avaliado no evento concreto.
Depois, não poderíamos nos esquecer dedefinir rapidamente o que seja força maior, já que esta é causa de exclusão da possibilidade de intervenção federal, mesmo em caso de dívida fundada. Plácido e Silva a define como: "a razão de ordem superior, justificativa do inadimplemento da obrigação ou da responsabilidade, que se quer atribuir a outrem, por ato imperioso que veio sem ser por ele querido". Já o Código Civil de 2002 assim expõe: "o caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir" (art. 393, parágrafo único).
A alínea "b" do art. 34, V, da CF, trata do Estado que deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição dentro do prazo instituído por lei. As referidas "receitas tributárias" estão previstas no Título VI, Capítulo I, Seção VI, da CF – mais especificamente em relação aos Municípios, no art. 158. Cabe notar que o art 160 proíbe a "retenção ou qualquer restrição à entrega e ao emprego dos recursos atribuídos (...) aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios...". Temos, então, que uma atitude de um Estado tendente a restringir ou condicionar o acesso de um Município ao repasse que lhe é devido, seria englobado pelo art. 34, V, da CF, guardadas as exceções descritas no parágrafo único.
3.5 DEFESA DA ORDEM CONSTITUCIONAL
Outra situação desde a qual pode ser pedida a intervenção federal se refere ao Estado que deixar de prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial. Para que se possa ter uma ordem constitucional bem fundada, há de existir uma série de normas extraconstitucionais que botem em prática o que genericamente se encontra decidido – por vezes, a própria Carta Magna já prevê a elaboração de leis-complementares para suprir a não-especificidade daquela. Essas leis ordinárias federais – no que tange à competência da União legislar, conforme os arts. 22 e 24 – são feitas pelo Congresso Nacional – como visto anteriormente –, no qual há representantes de cada uma das unidades federais, dando-nos a idéia de "uma decisão tomada em conjunto".
Vistas as leis federais sob este prisma, podemos perceber que um eventual descumprimento deliberado de tais normas geraria um início de rompimento da ordem federal existe em um país, atingindo a coesa convivência dos entes federais. Mesmo o caso de um descumprimento havido por motivo de pretensa inconstitucionalidade de determinada lei, não é justificável, pois se assim vê a lei o Estado que a descumpre, deveria utilizar-se dos meios adequados – formais – de obtenção de declaração de sua inconstitucionalidade.
Da mesma forma, pode ser tratado o descumprimento de ordem ou decisão judicial. O ato de desobedecer à decisão judicial aqui referido inclui todas as instâncias e competências que se referem à jurisdição brasileira, que é una – daí a necessidade de se obedecer toda e qualquer ordem judicial, seja ela federal ou estadual. Cabe-nos lembrar que "a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito" (art 5º, XXXV, da CF), ou seja, é próprio do Estado de Direito a apreciação das lides pelos diversos órgãos judiciários, sendo que uma inobservância contínua de decisões judiciais poderia ruir com a ordem jurídica.
A falta de auxílio do Estado no cumprimento de decisões judiciais, no sentido do uso de seu poder de coerção para obrigar a obediência judicial também se incluiria nesse inciso. O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal Moreira Alves deixa claro, em certa voto, que, mesmo o fato de não ter a sentença transitado em julgado, não se encontra o Estado escusado dessa não colaboração:
"... se a finalidade do dispositivo constitucional é inequivocamente a da preservação do cumprimento das ordens e decisões do Poder Judiciário, que é Poder desarmado, não há dúvida alguma de que essas expressões não podem ser tomadas com restrições que acabem por deixar o cumprimento delas, em virtude de resistência ilícita da parte a quem se dirigem, ao arbítrio do Poder Executivo Estadual. Pra a distribuição da justiça é absolutamente indispensável o cumprimento de qualquer ordem judicial, e não apenas daquelas que digam respeito a decisões transitadas em julgado a sentenças transitadas em julgado".
A decretação da intervenção "no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral" (art. 36, II). "No caso de recusa à execução de lei federal, de provimento pelo Superior Tribunal de Justiça, de representação do Procurador-Geral da República" (art. 36, IV).
Quanto a assegurar a observância de princípios constitucionais, teríamos que voltar a comentar que a Federação pressupõe a existência de certos mecanismos que consigam, por assim dizer, manter a unidade na diversidade. A Constituição, como um todo, cumpre papel. Porém, dentro da própria Lei Maior há princípios mais importantes que outros: alguns que, se violados, gerarão graves consequências às unidades da Federação, resultando em intervenção federal, ainda que ambos sejam de aplicação obrigatória. Uns são conhecidos como princípios constitucionais estabelecidos, que demandam procura no texto constitucional por não explícitos em um só lugar.
Por outro lado, os primeiros chamamos de princípios constitucionais sensíveis. São princípios relacionados com a organização dos poderes governamentais dos Estados, tal como o princípio da autonomia municipal ou da prestação de contas. Estes princípios sensíveis são os arrolados nas alíneas do inciso VII do art. 34 da CF.
A decretação da intervenção nos casos desse inciso dependerá "de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da República" (art. 36, III da CF).
4. FORMA REPUBLICANA, SISTEMA REPRESENTATIVO E REGIME DEMOCRÁTICO
O medo de uma possível volta do regime monárquico absolutista – contrário ao Estado de Direito, porquanto, no mínimo, o soberano se encontrará acima da lei – fez com que, desde a primeira Constituição republicana, fossem a forma republicana, o sistema representativo e o regime democrático colocados entre os princípios sensíveis.
A República se apoia nos pilares da soberania popular, na qual há a necessidade de exercício de poder de forma representada, pela dificuldade encontrada para o exercício da democracia direta; da submissão dos governantes e governados à lei; e do mandato com prazo determinado, gerando responsabilidade por parte do governante. Diz-nos Celso BASTOS sobre a esta forma de governo:
"No início, a República surgiu com um sentido bastante preciso. Era o regime político que se opunha à monarquia. Nesta vigorava o princípio do mando por uma só pessoa, de forma irresponsável e com caráter vitalício. A República surgiu, portanto, com características exatamente antagônicas. Era o governo de muitos quando não do próprio povo diretamente ou através de seus representantes, de forma responsável e por período certo" (BASTOS, 1988, pág. 413).
A desencarnação do Estado da pessoa do monarca e a advinda do povo como detentor do poder então vago gerou dificuldades no exercício do poder. Os indivíduos "formadores" do povo não teriam (não têm) condições de administrar a democracia de forma direta, sendo portanto adotado o sistema representativo de governo, que é típico dos Estados de Direito modernos: "ao povo se reserva tão-somente o direito de escolher os seus representantes" (BASTOS, 1988, pág. 427).
Entretanto, a disponibilidade adquirida pelo aperfeiçoamento dos meios de comunicação tem suscitado a elaboração de atos alternativos aos representativos que se aproximam bastante da democracia semidireta. Recorre-se a tais institutos somente em casos que envolvam questões de difícil decisão sem que haja um apoio popular mais significativo. Entre outros, podemos apontar o plebiscito, o referendo e o recall – não previsto no Direito brasileiro, mas em voga graças às recentes eleições na Califórnia (EUA).
Além desses, o regime democrático também é protegido pela alínea "a". LEWANDOWSKI (1994,págs. 110-112) lembra, apoiado em outros autores, que a democracia não deve ser entendida apenas como uma garantia de se abster do Estado (negativa), mas como um todo que venha a tornar possível que os cidadãos atinjam o bem-estar que o Estado deve avalizar.
4.1 DIREITOS DA PESSOA HUMANA
A atual Carta Magna dedica muitas normas à proteção da dignidade humana (vide arts. 1°, 3°, 5°-17). Esse conceito parece conter em si todos aqueles direitos fundamentais, os individuais clássicos e os de valor econômico e social. Daí a necessidade de que o Estado providencie as condições para que as pessoas possam garantir sua dignidade.
Muitos afirmam que o excesso de citações e proteções a direitos fundamentais, tais como expostos em nossa Lei Maior, deve-se ao momento político anteriormente vivido. Ainda assim, sabemos da existência de diversos outros direitos não expressamente citados no texto constitucional.
Aqui, como bem lembra Celso BASTOS (1993, pág. 437), não cabe qualquer violação a direitos humanos, pois seria absurdo, visto que todos os dias – e diversas vezes ao dia – estes direitos são transgredidos, por serem de difícil materialização. A ausência de providências do Estado para a diminuição de abusos (omissão comissiva), bem como o cometimento de infrações podem servir como motivos para a intervenção em determinado Estado-membro da Federação.
Para o filósofo francês Jacques Maritain "o homem encontra-se a si próprio subordinando-se ao grupo, e o grupo não atinge sua finalidade senão servindo ao homem e sabendo que o homem tem segredos que escapam ao grupo e uma vocação que o grupo não contém". Seguindo esse raciocínio, não garantindo a proteção devida à dignidade de cada homem, o Estado o priva da felicidade, frustrando seu próprio objetivo.
4.2 AUTONOMIA MUNICIPAL
O Município merece tamanho destaque por ser um ente federado (art. 18, caput e 29 da CF), como o é a União, o Distrito Federal e os Estados. Como estes, possui autonomia própria, possuindo, autonomamente, seu Poder Executivo e Poder Legislativo. Porém, a própria Carta Maior proíbe os Municípios de possuírem sequer tribunais próprios, quanto mais um Poder Judiciário independente (art. 31, § 4º da CF).
O Município pode legislar sobre toda e qualquer coisa que lhe diga respeito, guardando as devidas ressalvas postas nos arts. 22 e 24, da CF. Possui uma Lei Orgânica – para José Afonso da SILVA (1997, pág. 592), "uma espécie de Constituição municipal", que lhe dá base para o Executivo.
Citando José Afonso da Silva, Enrique Lewandowski (1994, pág. 115) fala-nos que:
"a autonomia municipal, na nova Constituição, encontra-se assentada em quatro capacidades: de auto-organização, pela elaboração da lei orgânica; de autogoverno, pela eleição do Prefeito e dos Vereadores; normativa própria, pela feitura de leis dentro do seu âmbito de competência; e de auto-administração, pela manutenção e prestação de serviços públicos de interesse local" .
Todo gestor de bens e interesses alheios tem a obrigação de prestar conta de sua administração. Ainda assim, o mais importante nos últimos tempos é que se preste contas dos bens geridos, como prevê os arts. 70-75 da CF). Para isso, o Poder Legislativo conta com órgãos auxiliares – como os Tribunais de Conta, v. g. – que irão avaliar as contas enviadas pelos administradores em períodos fixos de tempo.
5. CONCLUSÃO
A CF prima pela autonomia dos Estados. Como exposto, uma das principais características do federalismo é a união de certas entidades políticas autônomas (os Estados) para finalidades comuns. Tal autonomia política existente nas Federações é representada pelo poder de autogoverno e de auto-organização. Já a soberania, como visto anteriormente, é exclusiva à União Federal.
Todavia, para que essa autonomia não acabe por extrapolar os limites existentes entre os Estados-membros da Federação, a União pode se utilizar de certos mecanismos que possam frear tais atitudes. Muitos mecanismos podem ser utilizados para a manutenção dessa ordem federal. A Intervenção Federal é um desses mecanismos, ainda que possua caráter excepcional.
Portanto, em casos excepcionais, nos quais as medidas comuns não consigam solver o problema, pode-se recorrer ao instituo da Intervenção Federal, medida extrema que atenta diretamente contra o princípio básico da autonomia das unidades formadoras da Federação.
Para que possa ser utilizado tal instituto é necessário um pedido das pessoas competentes para isso, sendo executada, então, pelo poder Executivo da União, ao arbítrio do Presidente da República, respondendo este por todo e qualquer abuso que venha a ocorrer em consequência de tais atos.
O mecanismo de ponderação da necessidade da intervenção é o princípio da proporcionalidade. Passando a questão em demanda pelo crivo das três fases – adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito – será então o caso da intervenção federal na unidade afetada por tamanha desordem, voltando, posteriormente, ao seu posto inicial o chefe do Executivo local, a não ser que haja algum impedimento para isso.
Finalmente, podemos dizer que as possibilidades de Intervenção Federal, apesar de aparentemente amplas, em termos efetivos, são muito pouco utilizadas – bastando para isso ver o número de processos que chegam ao Supremo Tribunal Federal e quantos têm, ao menos, seu pedido declarado procedente.
Com exceção de pedidos de intervenção por descumprimento de decisão judicial – na maioria das vezes, relacionadas a inadimplemento, como é o caso do Estado de São Paulo e a questão dos precatórios –, quase nenhum outro inciso do citado artigo 34 da Constituição Federal de 1988 é ao menos mencionado em juízo.
Para que a União tenha parâmetros para decidir sobre a intervenção em determinado Estado, o art. 34, V aponta duas situações nas quais ela se justifica – ou se torna mesmo obrigatória. A mais conhecida pelos brasileiros contemporâneos a nós é a referida na alínea "a": suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior. 
No acórdão referente ao pedido de Intervenção Federal IF 2915, em voto acompanhado pela maioria, o professor e ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes manifesta a conveniência de se adotar o princípio da proporcionalidade para guiar as decisões concernentes à intervenção em unidades federativas. Indica que, se a questão em julgamento passar pelo crivo das três fases – adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito – ela justificará a decretação da intervenção. Parece-nos que com isso parcos serão os casos de intervenção federal, o que, se considerarmos ser este um instituto de caráter excepcional, é uma decisão bastante razoável.
O Relator do pedido IF 2915, ministro Marco Aurélio iniciou seu voto mencionando todos os estados brasileiros que atualmente são alvo de pedidos de intervenção federal. Ele foi pela procedência da ação, para que fosse decretada a Intervenção no estado de São Paulo. O presidente do STF entende que a intervenção visa, acima de tudo, a supremacia da Constituição Federal. “O Judiciário não prolata sentenças simplesmente formais. Sentenças que, sob o ângulo do conteúdo, mostram-se inúteis”, argumentou ele, dizendo também que o exemplo no cumprimento das decisões deve vir de cima. 
Marco Aurélio também responsabilizou os governos do estado de São Paulo pela má-administração dos recursos financeiros, como no caso da desapropriação para se fazer obras, “não se preocupando os governantes com a necessidade de conciliá-las com as dotações orçamentárias e, destarte, com os créditos abertos para tal fim”.
Todavia, seu voto foi vencido pela maioria dos ministros da corte que indeferiram o pedido de Intervenção Federal em São Paulo, levando em conta as informações prestadas pelo estado, ao julgar que a limitação econômica alegada não pode ser desconsiderada. A Corte entendeu que, para se justificar uma Intervenção, é preciso que haja uma postura de resistência do estado em não pagar os Precatórios. “Enquanto o estadose mantiver diligente na busca de soluções para o cumprimento integral dos créditos, não estarão presentes os pressupostos necessários à Intervenção”, julgou o ministro Gilmar Mendes.
 Para justificar uma Intervenção, não basta a demora de pagamento na execução de ordem judicial, por falta de numerário. É necessário o intencional ou arbitrário embaraço, ou impedimento oposto a essa execução.
A inocorrência do descumprimento da ordem judicial, dado que não houve a prática de ato comissivo ou omissivo intencionalmente dirigido ao não pagamento de precatórios, sendo ainda certo que, por ser a intervenção federal medida excepcional, o art. 34 da CF deve ser interpretado de forma restritiva.
No caso, o pedido de intervenção federal embasa-se no art. 34, VI, da CF: para prover a execução de decisão judicial.
Esse tipo de intervenção não constitui, evidentemente, forma de execução de sentença, dado que a intervenção federal é um ato político e, conforme foi dito, é medida excepcional. Ela somente ocorrerá no caso de desobediência flagrante no cumprimento da decisão judiciária.
Com efeito, não se pode exigir o pagamento da totalidade dos precatórios relativos a créditos alimentares sem que, em contrapartida, se estabeleça uma análise sobre se tal pagamento encontra respaldo nos limites financeiros de um Estado zeloso com suas obrigações constitucionais. Tanto é verdade que, ainda que ocorra uma intervenção no Estado de São Paulo, o eventual interventor terá que respeitar as mesmas normas constitucionais e limites acima assinalados pelo referido Estado, contando, por conseguinte, com apenas 2% das receitas líquidas para pagamento dos precatórios judiciais. Ao interventor também será aplicável a reserva do financeiramente possível.
No caso em exame, a par de um quadro de impossibilidade financeira quanto ao pagamento integral e imediato dos precatórios relativos a créditos de natureza alimentícia, verifica-se a conduta inequívoca da unidade federativa no sentido de honrar tais dívidas.
É evidente a obrigação constitucional quanto aos precatórios relativos a créditos alimentícios, assim como o regime de exceção de tais créditos, conforme a disciplina do art. 78 do ADCT. Mas também é inegável, tal como demonstrado, que o Estado encontra-se sujeito a um quadro de múltiplas obrigações de idêntica hierarquia.
Nesse quadro de conflito, assegurar, de modo irrestrito e imediato, a eficácia da norma contida no art. 78 do ADCT, pode representar negativa de eficácia a outras normas constitucionais. Exemplo bastante ilustrativo é a obrigação dos Estados no que se refere à educação e à saúde. Nos termos do art. 212 da Constituição, os Estados estão obrigados a aplicar vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino. A Constituição também prevê, no art. 198, § 2o, a aplicação de recursos mínimos pelos Estados na área de saúde. O descumprimento de tais obrigações, por óbvio, representaria negativa de eficácia a normas constitucionais, bem como implicaria a configuração de específica hipótese de intervenção federal. De fato, o art. 34, VI, alínea “e”, prevê expressamente, como hipótese de intervenção, a garantia da observância da “aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde”.
Estão claros, no caso, os princípios constitucionais em situação de confronto. De um lado, em favor da intervenção, a proteção constitucional às decisões judiciais, e de modo indireto, a posição subjetiva de particulares calcada no direito de precedência dos créditos de natureza alimentícia. De outro lado, a posição do Estado, no sentido de ver preservada sua prerrogativa constitucional mais elementar, qual seja a sua autonomia, e, de modo indireto, o interesse, não limitado ao ente federativo, de não se ver prejudicada a continuidade da prestação de serviços públicos essenciais, como educação e saúde.
Assim, a par da evidente ausência de proporcionalidade da intervenção para o caso em exame, o que bastaria para afastar aquela medida extrema, o caráter excepcional da intervenção, somado às circunstâncias já expostas  recomendam a precedência condicionada do princípio da autonomia dos Estados.
Nesse sentido, temos a decisão do STF, que reconheceu que “Para justificar a intervenção, não basta a demora de pagamento, na execução de ordem ou decisão judiciária, por falta de numerário: é necessário o intencional ou arbitrário embaraço ou impedimento oposto a essa execução”, posto que a ordem constitucional brasileira não autoriza a intervenção federal fundada em involuntária demora de pagamento, motivada por falta ou insuficiência de recursos financeiros.
Conclui-se, desse modo, que enquanto o Estado se mantiver diligente na busca de soluções para o cumprimento integral dos precatórios judiciais, não estarão presentes os pressupostos para a intervenção federal ora solicitada. Em sentido inverso, o Estado que assim não proceda estará sim, ilegitimamente, descumprindo decisão judicial, atitude esta que não encontra amparo na Constituição Federal.
6. QUESTÃO PARA REFLEXÃO
A demora no cumprimento de uma decisão judicial pelo Estado configura hipótese de intervenção federal? Justifique.
Resposta: Não basta a demora na execução. É necessário que se apresente uma desobediência manifesta, propositada ou por descaso à ordem ou decisão judicial. Para os fins a que se refere o art. 34, VI c/c o art. 36, II, da CF, a ordem constitucional brasileira não autoriza a intervenção federal, fundada em involuntária demora de pagamento, motivada por falta ou insuficiência de recursos financeiros, pois como já decidiu o STF, para justificar a intervenção não basta a demora de pagamento, na execução de ordem ou decisão judiciária, por falta de numerário: é necessário o intencional ou arbitrário embaraço ou impedimento oposto a essa execução. Seria, portanto, necessária a configuração de atuação dolosa e deliberada do Estado com finalidade de não pagamento. Nesse sentido, temos a IF 2915, na qual o STF manifestou pelo indeferimento do pedido de Intervenção Federal no Estado de São Paulo em razão do governo paulista ter demonstrado não ter caixa suficiente para o pagamento dos precatórios, haja vista a necessidade de garantir a continuidade de prestação de serviços públicos essenciais como dar assistência à educação e saúde e, assim, não foram violados os art. 34, VI  e 36, II da CF, bem como o caput do art. 78 e § 4º da ADCT. Ademais, entendeu não ter ocorrido dolo e má gestão do orçamento público, uma vez que não houve a prática de ato comissivo ou omissivo intencionalmente dirigido ao não pagamento de precatórios, sendo ainda certo que, por ser a intervenção federal medida excepcional, o art. 34 da CF deve ser interpretado de forma restritiva, respeitando, ainda, o princípio da proporcionalidade, pois se o Estado tiver uma justificativa deve priorizar-se o interesse coletivo em detrimento do bem individual.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BASTOS, Celso Ribeiro, Curso de Direito Constitucional, 22º edição, Ed. Saraiva, São Paulo, 2001.
LEWANDOWSKI, Enrique Ricardo. Pressupostos Materiais e Formais da Intervenção Federal no Brasil. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 1994
PINTO FILHO, Francisco Bilac. A Intervenção Federal e o Federalismo Brasileiro. Rio de Janeiro: Forense, 2002.
 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional. Positivo. 27. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2006.
8. MATERIAL DE APOIO
Aula de Direito Internacional Público ministrada pela professora Mara em /__/ 2015
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