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DIREITO ROMANO (1)

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DIREITO ROMANO, ENVIADO NO SAGRES PELO PROFESSOR GUSTAVO DE HISTORIA DO DIREITO. Livro/autor: Aguiar, Renan História do direito / Renan Aguiar; coordenador José Fobio Rodrigues Maciel. - 4. ed. - São Paulo: Saraiva 2010
6.2. Roma
A evolução do direito romano é mais tardia que a do direito egípcio e a do direito grego. Nos séculos VI e V a.C., enquanto o Egito e a Grécia já adotavam um direito individualista, Roma permanecia ainda no estádio clânico.
A história do direito romano é uma história de 22 séculos, que vai do século VII a.C. a V d.C., com a queda do Império Romano do Ocidente, prolongada até ao século XV com o Império Romano do Oriente, também conhecido como Império Bizantino.
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No Ocidente, a ciência jurídica romana conheceu um renascimento a partir do século XII, quando passou a ser estudada nas universidades europeias. Foi essa redescoberta, aliada ao fato de a escrita ter desaparecido durante a Idade Média, que fez o direito romano influenciar em grande escala o direito europeu continental, advindo daí o fato de o nosso atual direito ser considerado dentro do espectro dos direitos romanistas.
6.2.1. Breve história
A cidade de Roma, como reza a lenda fundada em 753 a.C., não era senão pequeno centro rural no século VIII a.C. Menos de dez séculos depois passa a ser o centro de vasto império que se estende da Inglaterra, da Gália e da Ibéria à África e ao Oriente Próximo até os confins do Império Persa.
Segundo aponta Moreira Alves, a lenda de Rômulo e Remo, na qual aquele assassina este, sendo posteriormente o fundador da cidade, é fruto da simbologia da representação de dois grupos etruscos rivais que disputavam o poder39. Segundo várias teses foi esse povo, que já dominava várias partes da Europa, que fundou Roma, após derrotar a liga dos povos locais.
O Império Romano e suas várias etapas históricas estavam ligados ao modo de produção escravagista. O motor do desenvolvimento estava nas grandes propriedades apropriadas pela aristocracia patrícia que, controlando os meios de produção, as terras e as ferramentas necessárias ao trabalho agrícola, dominavam as classes pobres e livres dos plebeus. Já os escravos eram classificados como res (coisa), eram uma espécie de propriedade instrumental animada.
O crescimento da cidade não se baseava em uma economia tipicamente urbana, mas sim em uma economia essencialmente agrícola, com larga utilização do trabalho escravo, fato que permitia aos proprietários viverem na cidade, com riquezas vindas do solo.
Dividiremos essa longa história romana em três períodos politicamente diferentes, cujo intuito é facilitar o entendimento de como se deu o desenvolvimento da cidade, para posteriormente adentrarmos o estudo específico de como funciona o direito nos principais períodos históricos romanos. A evolução social, tanto em épocas remotas como agora, tem imediata repercussão nos institutos jurídicos e funcionamento de suas respectivas instituições.
39 José Carlos Moreira Alves, Direito romano, p. 12.
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a) Realeza (até 509 a.C.)
Na época de sua criação, Roma e seus arredores eram habitados basicamente por uma população com idioma comum, o latim. Eram pastores com meios muito limitados, que pouco cultivavam o solo. Essa população normalmente habitava em vici (aldeias), muitas vezes nas alturas que circundavam o planalto em que se encontrava a cidade, em lugares de refúgio, com território circundante, para se protegerem do ataque de outros povos.
Essas aldeias, localizadas nas colinas arborizadas que formavam o local da antiga Roma, eram ocupadas por grandes famílias patriarcais agrupadas em gentes. Os chefes de família, denominados patres, advindo daí a alcunha de patrícios para os romanos, reuniam-se e formavam o que mais tarde iria ser chamado de Senado romano.
O rex (chefe comum, rei) era geralmente um estrangeiro imposto para comandar Roma, sendo na sua grande maioria de origem etrusca. A Etrúria era, nessa época, a potência política e econômica mais importante do território que hoje vem a ser a Itália. Com o enfraquecimento do domínio etrusco o poder do rei também diminui, abrindo caminho para o período historicamente conhecido como República.
b) República (509 a 27 a.C.)
Esse novo regime, capitaneado pelo Senado romano, é caracterizado pela pluralidade das assembleias e magistraturas, anuais e colegiais. Vale dizer que o magistrado romano era um órgão da cidade, um titular do poder, ou seja, não era um juiz como hoje entendemos, mas sim o detentor de importantes cargos públicos, como era o caso do pretor e do cônsul.
Havia distinção de tratamento entre os fundadores de Roma, denominados patrícios, e outros habitantes da cidade, composta também pela plebe e pelos peregrinos (estrangeiros). Essa distinção valia inclusive para questões jurídicas, havendo normas distintas para cada classe social. Os concilia plebis, por exemplo, assembleias próprias da plebe, que não contavam com a participação de patrícios, elegiam os tribunos da plebe e votavam os plebiscitos, leis reservadas à plebe. Para entrar em vigor, essas leis deveriam passar pelo crivo do Senado, órgão composto exclusivamente pelos patrícios. Somente a partir de 287 a.C., com a lei denominada Lex Hortênsia, os plebiscitos foram assimilados às leges e passaram a ser aplicados também aos patrícios.
Só os eives, os cidadãos romanos, gozavam do direito dos romanos, do ius civile. Os estrangeiros, os peregrini, estavam submetidos apenas ao ius gentium, o direito comum a todos os homens.
O comando de Roma estava totalmente nas mãos dos patrícios, já que o Senado tinha por incumbência intervir na autorização das despesas públicas,
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no recrutamento de tropas, nas relações externas, no controle dos magistrados e na ratificação das decisões das assembleias.
Era enorme a concentração de terras nas mãos dos patrícios, ora reduzindo o campesinato livre à escravidão por débitos, ora se apropriando das terras de uso comum. A concentração da terra, associada às inúmeras guerras de conquista, fez com que os assidui, pequenos proprietários, fossem cada vez mais reduzidos à condição de proletarii - cidadãos sem propriedade que se aglomeravam nas cidades, tendo como função filiar-se aos exérci tos romanos e gerar prole para o Estado.
As guerras de conquista eram um dos motores da economia romana. O seu objetivo, além dos saques praticados, era o aprisionamento dos vencidos, fornecendo terras e escravos para os latifúndios patrícios, que retribuíam liberando pequenos proprietários para fazerem parte do exército. Esses pequenos proprietários eram cada vez mais substituídos pelos escravos. A conseqüência imediata foi o aumento da população urbana, exigindo maior nível de produção, obtida mediante a conquista militar de novas terras.
Quando terminavam suas missões, os soldados eram dispensados sem nenhuma indenização, o que gerou uma série de revoltas. Foram os generais que passaram a ser os protetores desses soldados, e com isso ganhavam cada vez mais força. Este foi um dos motivos para a queda da República e a ascensão dos generais. Somente com o advento do Império esses problemas foram solucionados, com a distribuição de lotes de terras aos soldados, gratificação etc.
c) Império
Divide-se em dois períodos distintos, analisados a seguir.
cl) Alto Império (27 a.C. a 284): surgiu com a crise política provocada pelas dificuldades sociais, pelas vastas conquistas e pela má administração do progresso econômico. Dentro dessa crise, o poder concentrava-se cada vez mais nas mãos dos generais. Um deles, Octavio, conseguiu centralizar todos os poderes em suas mãos e acabou por receber, do Senado, o título de Augusto, sendo proclamado imperator (general vitorioso). Foi a época de esplendor da civilização romana.
c2) Baixo Império: surgiu com o governo de Diocleciano, em 284, marcando o início da decadência do povo romano, e foi até o término do império de Justiniano I.
Um dos governos mais marcantes dessa época foi o de Constantino, período em que a religião cristã foi reconhecida oficialmente, com a publicação do Edito deMilão, em 313. Constantino também foi o responsável pela
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fundação de uma nova capital - Constantinopla, antiga Bizâncio — , que se tornou a sede do Império Romano do Oriente. Este, ao contrário do Império do Ocidente, que sucumbiu às invasões bárbaras em 476, manteve-se até o século XV. Justiniano, que governou entre 527 e 565, foi o último imperador desse período.
6.2.2. Períodos do direito
A divisão dos períodos romanos com a finalidade de estudar o direito difere da divisão histórica anteriormente apresentada. Os períodos jurídicos podem ser assim apresentados:
a) Época Antiga ou Arcaica (até meados do século II a.C.): vai desde a fundação de Roma até meados do século II a.C., tendo como principais características um direito de tipo arcaico, primitivo, direito de uma sociedade rural baseada sobre a solidariedade clânica e caracterizado pelo seu formalismo e pela sua rigidez, período em que o centro do saber jurídico estava nas mãos dos pontífices. Nesse período o Estado tinha funções limitadas a questões essenciais para sua sobrevivência: guerra, punição dos delitos mais graves e a observância das regras religiosas. Os cidadãos romanos eram considerados mais como membros de uma comunidade familiar do que como indivíduos, momento em que a defesa privada tinha larga utilização, já que a segurança dos cidadãos dependia mais do grupo a que pertenciam do que do Estado.
b) Época Clássica: (cerca de 150 a.C. a 284): caracteriza-se por ser o direito de uma sociedade evoluída, individualista, fixado por juristas numa ciência jurídica coerente e racional. E o tempo do processo formular, em que a produção do direito está nas mãos dos pretores, ao lado de importantes juristas.
c) Época áo Baixo Império: direito dominado pelo absolutismo imperial, com grande atividade legislativa dos imperadores e expansão do Cristianismo. O Imperador e seus juristas ganham destaque nesse cenário, sendo partícipes na queda do Império Romano do Ocidente, que se dará em 476, com o ápice das invasões bárbaras.
Nos itens a seguir abordaremos mais detalhadamente cada um desses períodos.
6.2.3. Características do direito
Cada um dos períodos do direito romano apresenta uma série de peculiaridades, motivo pelo qual achamos conveniente abordá-los separadamente, para melhor situá-los dentro da historicidade do maior Império que a Terra já conheceu.
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6.2.3.1. Epoca Antiga Nesse período, Roma foi dominada pela organização clânica das

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