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Curso Prático de Imposto de Renda [Pessoa Jurídica e Tributos

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2017 - 09 - 08 
Curso Prático de Imposto de Renda [Pessoa Jurídica e Tributos
Conexos CSLL PIS COFINS] Edição 2017
PRIMEIRAS PÁGINAS
© desta edição [2017]
2017 - 09 - 08
© desta edição [2017]
 
Curso Prático de Imposto de Renda [Pessoa Jurídica e
Tributos Conexos CSLL PIS COFINS] Edição 2017
SOBRE OS AUTORES
PAULO EDUARDO VILCHEZ VICECONTI
Mestre em Administração de Empresas pela FGV – São Paulo (1980). Economista
formado pela USP (1969). Técnico em Contabilidade pela Fundação Álvares Penteado
(1965). Auditor Fiscal da Receita Federal aposentado (1970-1998). Professor de
Contabilidade Societária e Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas no curso de Pós-
graduação da Fundação Álvares Penteado. Autor de quatro livros versando sobre
Contabilidade e Economia.
SILVÉRIO DAS NEVES
Graduado em Contabilidade e Administração de Empresas pela Universidade
Mackenzie – São Paulo. MBA Executivo em Gestão de Negócios pelo Instituto Nacional de
Pós-graduação (INPG de São Paulo). Ex-Auditor Fiscal da Receita Federal. Foi chefe da
Divisão de Tributação da Superintendência Regional da Receita Federal em São Paulo.
Professor de Contabilidade, Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas e Gerenciamento das
Contribuições Sociais nos cursos de Pós-graduação e MBA da Fundação Getúlio Vargas, na
Fundação Escola de Comércio Alvares Penteado (FECAP), na Escola de Comércio
Sustentare de Joinville-SC e na Receita Federal de São Paulo, nos anos de 2011 a 2015.
2017 - 09 - 08 
Curso Prático de Imposto de Renda [Pessoa Jurídica e
Tributos Conexos CSLL PIS COFINS] Edição 2017
INTRODUÇÃO À 17.ª EDIÇÃO
INTRODUÇÃO À 17.ª EDIÇÃO
A presente edição significa um grande triunfo para os autores. Cremos ter conseguido,
de forma pioneira, ser um dos primeiros a escrever um livro sobre os efeitos da Lei
12.973/2014 e sua regulamentação pelas IN RFB 1.515/2014, 1.520/2014 e suas alterações.
No ano-calendário de 2017, a Receita Federal do Brasil editou a IN RFB 1.700/2017 e
revogou a IN RFB 1.515/2014 e suas alterações.
A primeira edição, realizada no próprio ano de 2015, apresentava algumas lacunas
naturais, já que o assunto era totalmente novo e os próprios autores estavam
progressivamente aprofundando o conhecimento dos novos dispositivos legais.
Cremos ter progredido significativamente em relação à primeira edição. Para isso
contribuiu o fato de que os autores têm dado regularmente cursos sobre o efeito desses
dispositivos legais que tratam dos tributos sobre o lucro das pessoas jurídicas, tanto o
Imposto de Renda quanto a Contribuição Social.
Temos assistido a um interesse muito grande dos participantes para entender todas as
mudanças ocorridas com a regulamentação fiscal das novas normas contábeis
internacionais, introduzidas pelas Leis 12.637/2008 e 11.941/2009 e por todos os
Pronunciamentos Técnicos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), que foram
endossados por Deliberações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e por Resoluções
do Conselho Federal de Contabilidade (CFC).
Trata-se a rigor de uma revolução no ensino da contabilidade, já que as normas
internacionais instrumentadas pelos IFRS (International Financial Report Standings) e
adaptadas em nosso país pelo CPC têm uma abrangência muito grande e foram geradas
em países de primeiro mundo, onde a contabilidade societária evoluiu muito, dada a
complexidade dos negócios realizados nesses ambientes econômicos.
Esse contexto leva todos os autores brasileiros a uma seara extremamente sofisticada e
abrangente, em que, a rigor, todos são aprendizes. Isso tem como consequência que todos
os livros a respeito do assunto e da sua regulamentação pelo fisco brasileiro não têm um
caráter definitivo, já que se trata de farto material cujo estudo deve ser aprofundado
sempre.
Em relação à primeira edição, os autores resolveram eliminar os capítulos relativos à
consulta tributária (antigo capítulo 12) e ao resumo dos atos do CPC (antigo capítulo 14),
para apresentar um texto mais enxuto, focando as principais modificações ocorridas na
legislação tributária, que são objeto dos demais capítulos.
Ressaltamos que as principais modificações se encontram nos capítulos relativos à
equivalência patrimonial (capítulo 6) e combinações de negócios (capítulo 8),
principalmente em relação às participações societárias realizadas em estágios, em que os
autores mudaram seu entendimento em relação à posição adotada na primeira edição.
© desta edição [2017]
Outros capítulos que sofreram modificações importantes foram o capítulo 10, que trata
de rendimentos tributáveis do exterior, e o capítulo 12 (antigo capítulo 13), que trata da
adoção inicial da Lei 12.793/2014, no qual foram feitas modificações na redação e
acréscimos nos exemplos dados pela primeira edição.
No capítulo 5, que trata da avaliação a valor justo, houve uma mudança na ordem de
exposição das matérias, visando facilitar seu entendimento pelos leitores.
Em todos os outros capítulos há também modificações, mas em menor número, que
refletem o aprofundamento do pensamento dos autores sobre as matérias neles tratadas.
Esperamos que essa nova edição venha a ajudar de forma significativa todos aqueles
que se debruçam sobre temas tão interessantes e sofisticados concernentes aos efeitos
fiscais relativos às novas normas contábeis.
São Paulo, março de 2017.
OS AUTORES
2017 - 09 - 08 
Curso Prático de Imposto de Renda [Pessoa Jurídica e
Tributos Conexos CSLL PIS COFINS] Edição 2017
INTRODUÇÃO À 16.ª EDIÇÃO
INTRODUÇÃO À 16.ª EDIÇÃO
O ano-calendário de 2013 foi muito tumultuado do ponto de vista da tributação da
renda das pessoas jurídicas.
Em primeiro lugar, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), representando várias
pessoas jurídicas que tinham participação societária em controladas e coligadas no
exterior se insurgiu contra a constitucionalidade do art. 74 da Medida Provisória 2.158-
2001, impetrando contra a União a ADIn (Ação Direta de Inconstitucionalidade) 2.588. O
artigo em comento estabeleceu que, a partir do ano-calendário de 2002, para fim de
determinação da base de cálculo do imposto de renda e da CSLL, os lucros auferidos por
controlada ou coligada no exterior seriam considerados disponibilizados para a
controladora ou coligada no Brasil na data do balanço no qual tivessem sido apurados. A
legislação anterior previa que esses lucros somente seriam tributados se disponibilizados
para a pessoa jurídica domiciliada no Brasil.
O STF, depois de prolongada decisão, decidiu pelo provimento parcial da ADIn
procedente a ação para, com eficácia erga omnes e efeito vinculante (ou seja, aplicável a
todas as pessoas jurídicas interessadas na matéria e vinculando a sua adoção pelas
instâncias inferiores do Poder Judiciário), interpretando que o art. 74 da Medida
Provisória 2.158-35/2001 não se aplicava às empresas coligadas localizadas em países sem
tributação favorecida (ou seja, que não tributassem a renda a uma alíquota inferior à
20%), e que o referido dispositivo se aplicava às empresas controladas localizadas em
países de tributação favorecida ou desprovidos de controles societários e fiscais
adequados  (“paraísos  fiscais”).
O Tribunal também deliberou pela não aplicabilidade retroativa do parágrafo único do
art. 74 da Medida Provisória 2.158-35/2001, que determinava que os lucros apurados por
controlada ou coligada no exterior até 31.12.2001 seriam considerados disponibilizados
em 31.12.2002, salvo se ocorridas, antes desta data, quaisquer das hipóteses de
disponibilização previstas na legislação em vigor. Ou seja, esses lucros somente deveriam
ter sido oferecidos à tributação quando de sua efetiva disponibilização para a investidora
brasileira.
Outro fato importante foi a edição da IN RFB 1.397/2013, que estabelecia, em seu art.
26, parágrafo único, que somente gozariam de isenção fiscal na fonte e na declaração dos
sócios ou acionistas osdividendos obtidos com observância dos métodos e critérios
contábeis vigentes em 31.12.2007.
Isso significava que, na hipótese da distribuição do lucro contábil obtido com a
obediência das normas contábeis internacionais, cujo efeito fiscal ainda não tinha sido
regulado pela Receita Federal, e que este fosse superior ao lucro obtido com a aplicação da
legislação anterior, a diferença deveria ser oferecida à tributação.
A edição da referida instrução normativa, com efeito retroativo, já que interpretava o
alcance do art. 10 da Lei 9.249/1995, teve o efeito de uma bomba relógio no mercado. Os
protestos foram tão grandes que a própria Receita resolveu suspender provisoriamente os
efeitos desse ato, anunciando que iria regulamentar os efeitos fiscais das novas normas
contábeis brasileiras.
Em 11.11.2013, foi editada a Medida Provisória 627, contendo a referida
regulamentação. A Medida Provisória 627 vigeria para o exercício financeiro de 2015, mas
previa que as pessoas jurídicas que desejassem evitar a tributação do excesso do lucro
contábil societário distribuído em relação ao lucro apurado de acordo com as normas
contábeis vigentes em 31.12.2007, deveriam, por força do disposto no art. 70 da citada
medida provisória, optar pelas novas normas de tributação ainda no exercício de 2014.
Entretanto, na conversão da referida medida provisória na Lei 12.973, de 13.05.2014, o
referido art. 70 não foi mantido e o excesso mencionado não será tributado em qualquer
pessoa jurídica, mesmo as que não fizerem a opção pela vigência da Lei já em 2014.
Entretanto, com a edição da IN RFB 1.492, de 17.09.2014, o Fisco novamente
surpreendeu o mercado, ao estabelecer que as pessoas jurídicas que não fizerem a opção
pela vigência da Lei 12.973/2014 já no ano calendário de 2014, somente poderão distribuir
com isenção os lucros apurados em 2014 de acordo com as normas contábeis e fiscais
vigentes em 31.12.2007.
Ademais, as pessoas jurídicas também poderão optar pela aplicação, já no exercício de
2014, das novas regras da tributação da renda das pessoas jurídicas em bases universais,
adaptadas à decisão da Corte Suprema, que correspondem aos arts. 76 a 92 da Lei
12.973/2014.
Tendo em vista a possibilidade de existirem duas vigências distintas para as
modificações introduzidas pela Lei 12.973/2014, os autores decidiram, em conjunto com a
editora, elaborar um livro para 2014 contendo apenas a regulamentação das novas normas
contábeis efetuada pela referida lei. Mantivemos, entretanto, o capítulo do livro de 2013
que analisava as mudanças das normas brasileiras de contabilidade para adaptá-las às
internacionais, bem como o capítulo sobre a consulta tributária, pelo fato de este instituto
ter sofrido modificações que não constam da Lei 12.973/2014. No capítulo 11, também foi
mantida a explicação do conceito e da forma de apuração do lucro da exploração.
Dessa forma, as pessoas jurídicas que não optaram pela aplicação imediata das
disposições da Lei 12.973 em 2014 não precisarão consultar as modificações por ela
introduzidas para fins de entrega da Escrituração Fiscal Digital do IRPJ e da CSLL (EFD –
IRPJ/CSLL) de 2015 e poderão consultar a edição de nosso livro de 2013 (disponível na
Editora Fiscosoft), porque, excetuada a Lei 12.973/2014, as alterações introduzidas na
legislação foram de pouca monta.
Importante considerar que as pessoas jurídicas que optaram pela vigência da Lei
12.973 em 2014 não mais estarão obrigadas a apurar duas demonstrações de resultado (a
societária e a com os critérios contábeis vigentes em 31.12.2007) bem como não precisarão
utilizar mais o programa FCONT.
A estrutura do presente livro foi dividida assim:
1. Regimes de tributação pelo IRPJ e CSLL. Adoção inicial das novas regras da Lei
12.973/2014.
2. Convergências das normas brasileiras de contabilidade para as internacionais.
3. Ajustes a Valor Presente. Reflexos no IRPJ e CSLL. Reflexos no PIS e na Cofins.
Admin
Realce
Admin
Realce
© desta edição [2017]
4. Tratamento de algumas das principais receitas e despesas previstas na nova norma
contábil.
5. Ajustes a Valor Justo, inclusive na subscrição de ações. Reflexos no IRPJ e CSLL.
Reflexos no PIS e na Cofins.
6. Equivalência patrimonial.
7. Ganhos e perdas de capital.
8. Incorporação, fusão e cisão.
9. Contratos de construção e de concessão.
10. Resultados de investimentos no exterior.
11. Lucro da exploração.
12. Novas disposições sobre consulta tributária.
13. Procedimentos na adoção inicial da Lei 12.973/2014.
14. Atos elaborados pelo CPC.
Elaboramos um capítulo (13), para tratar das regras estabelecidas pela Receita Federal
do Brasil por meio da IN RFB 1.493/2014, que trata da adoção inicial das disposições da
nova lei tributária.
O capítulo 14 foi inserido para facilitar a consulta às novas normas de contabilidade
brasileiras adaptadas às internacionais, que serão citadas ao longo do livro.
IMPORTANTE: Por se tratar de um livro sobre o Imposto de Renda das Pessoas
Jurídicas e tributos conexos, as contabilizações sugeridas pelos autores usam
contas de controle interno que facilitam o cumprimento das obrigações fiscais.
De acordo com o Pronunciamento Técnico n. 30 do Comitê de Pronunciamentos
Contábeis (CPC), por exemplo, a divulgação da receita na demonstração do
resultado deve ser feita a partir das receitas conforme conceituadas nesse
Pronunciamento, sendo que a entidade deve fazer uso de outras contas de
controle interno, como “Receita Bruta Tributável”, para fins fiscais e outros. A
conciliação entre os valores registrados para finalidades fiscais e os valores
contabilizados de acordo com os Pronunciamentos do CPC e as Normas Brasileiras
de Contabilidade deverá ser evidenciada em nota explicativa às demonstrações
contábeis.
São Paulo, 24 de novembro de 2014
Os Autores
Admin
Realce
2017 - 09 - 08
© desta edição [2017]
 
Curso Prático de Imposto de Renda [Pessoa Jurídica e
Tributos Conexos CSLL PIS COFINS] Edição 2017
AGRADECIMENTOS
AGRADECIMENTOS
Nossos Agradecimentos:
•   a nossas esposas, cujo apoio e compreensão foram fundamentais para a elaboração
deste livro;
•    a André, Andressa, Cláudia, Fábio, Karina e Paulo, nossos filhos, razão última de
nossa existência;
•   ao Edson Vianna de Brito – in memoriam, grande colega e amigo, por nos ter ajudado
muito na elaboração do conteúdo das primeiras edições do presente livro.
ESTE LIVRO É DEDICADO AOS NOSSOS ALUNOS, CUJAS DEMONSTRAÇÕES DE APREÇO
PELO TRABALHO DESENVOLVIDO EM SALAS DE AULA CONSTITUÍRAM A MOTIVAÇÃO
PRIMEIRA PARA A SUA CONSECUÇÃO.
São Paulo, março de 2017.
Os Autores
2017 - 09 - 08 
Curso Prático de Imposto de Renda [Pessoa Jurídica e Tributos
Conexos CSLL PIS COFINS] Edição 2017
CAPÍTULO 1. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA DAS PESSOAS JURÍDICAS. FATO
GERADOR. BASE DE CÁLCULO. ALÍQUOTAS. IMUNIDADES, ISENÇÕES E NÃO INCIDÊNCIA
Em 28.12.2007, o Governo Federal sancionou a Lei 11.638, que modificou vários artigos da Lei das
Sociedades por Ações (Lei 6.404/1976), com o objetivo de adaptar o regime de escrituração comercial
dessas sociedades às normas contábeis internacionais. Segundo os idealizadores do projeto de lei,
essa adaptação deveria ser realizada sem aumento da carga tributária.
No decorrer do exercício de 2008, houve uma série de incertezas se a Receita Federal do Brasil
iria aceitar a pretendida neutralidade tributária. Entretanto, no final do exercício de 2008, o Governo
Federal editou a MP 449, quando foi instituído o Regime Transitório de Tributação (RTT), que
disciplinou o efeito tributário das modificações na lei societária e que foi posteriormente convertida
na Lei 11.941/2009.
As novas normas contábeis brasileiras e o RTT serão comentados em detalhes no Capítulo 2 deste
livro. Essas novas normas foram introduzidas pela Lei 11.638/2007, pela Lei 11.941/2009 e pelos
Pronunciamentos Técnicosdo CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis). Quanto ao RTT, em
síntese, as pessoas jurídicas que optassem por esse regime seriam tributadas de acordo com as
normas vigentes em 31.12.2007, ou seja, as modificações na escrituração contábil não deveriam
interferir na apuração da base de cálculo do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e da
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), bem como da Contribuição para o Programa de
Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS).
Conforme já explicado na introdução da presente edição, em 2014, a União promulgou a Lei
12.973, que disciplinou os efeitos fiscais das normas contábeis internacionais. Como essa lei entrou
em vigor em 2015 (embora as pessoas jurídicas tenham tido a opção de adotar a produção de seus
efeitos já no ano-calendário de 2014), os autores decidiram reestruturar o livro e comentar apenas as
modificações decorrentes da referida lei. Uma exceção foi feita ao atual capítulo 2, por se tratar de
uma explicação detalhada das principais normas contábeis internacionais.
Também foi decidido que neste capítulo 1, por abordar conceitos básicos, serão explicadas, de
forma sucinta, as normas gerais de tributação do IRPJ e da CSLL de acordo com a legislação vigente
em 31.12.2007 e com as atualizações promovidas pela Receita Federal do Brasil, sendo comentado no
último item do capítulo o que muda com a vigência da Lei 12.973/2014, ou seja, os efeitos de sua
adoção inicial. Foram deixados de lado alguns tópicos, como imunidades, isenções e não incidência,
que não tiveram mudança significativa nos últimos anos-calendários.
Nos Capítulos 3 a 11, será feita a exposição detalhada dos procedimentos necessários para a
determinação do lucro real (IRPJ) ou resultado ajustado (CSLL) de acordo com as novas normas
estabelecidas pela Lei 12.973/2014, conforme estrutura já explicada na apresentação desta obra. No
Capítulo 11, que trata do lucro da exploração, os autores decidiram manter a explicação do conceito
do lucro de exploração, bem como a forma de sua determinação, além de abordar as modificações
introduzidas pela Lei 12.973/2014.
No Capítulo 12, serão analisados os procedimentos a serem seguidos pelas pessoas jurídicas na
data da adoção inicial da Lei 12.973/2014.
1.1. Noções gerais
1.1.1. Fato Gerador
O fato gerador do imposto sobre a renda, segundo o art. 43 do CTN (Lei 5.172/1966, que tem status
de Lei Complementar) é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica da renda ou proventos
de qualquer natureza.
A expressão “aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica da renda” significa a obtenção
de um conjunto de bens, valores e/ou títulos por uma pessoa física ou jurídica, passíveis de serem
transformados ou convertidos em numerário. Para ser tributada pelo Imposto de Renda, a
disponibilidade deve ser efetivamente adquirida; não se cogita a sua incidência se houver, apenas,
potencialidade de adquiri-la. Em termos contábeis, a aquisição da disponibilidade econômica da
renda está configurada quando esta é recebida (regime de caixa). A aquisição da disponibilidade
jurídica ocorre quando a renda foi ganha, embora vá ser recebida no futuro (regime de
competência).
A renda é definida, no sentido estrito, como o produto do capital, do trabalho ou da combinação
de ambos, e os proventos de qualquer natureza como acréscimos patrimoniais não compreendidos
no conceito estrito de renda. Por exemplo, uma pessoa jurídica adquire um terreno por R$
100.000,00, com o objetivo de utilizá-lo com fins operacionais. Se ela decidir vendê-lo por R$
130.000,00, embora não tenha incorrido em uma renda propriamente dita (não foi produto do
capital, nem do trabalho e nem da combinação de ambos), ela obteve nessa transação um acréscimo
patrimonial (provento) de R$ 30.000,00.
A renda das pessoas jurídicas é auferida por meio da percepção de resultados positivos (lucros)
em suas operações industriais, mercantis ou de prestação de serviços, além dos acréscimos
patrimoniais decorrentes de ganhos de capital (os denominados lucros não operacionais para fins
tributários). O imposto será devido à medida que os rendimentos, ganhos e lucros forem sendo
auferidos.
1.1.2. Período de Apuração
A partir de 01.01.1997, o período de apuração do imposto passou a ser o trimestre civil, ou seja,
aqueles encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada
ano-calendário. Conforme se verá mais adiante, há uma exceção para as empresas tributadas com
base no lucro real, que podem optar pelo período de incidência anual (subitem 1.2.4).
1.1.3. Base de Cálculo
A base de cálculo do imposto, que deve ser determinada segundo a legislação vigente na data da
ocorrência do fato gerador, é o Lucro Real, Lucro Presumido ou Lucro Arbitrado, correspondentes ao
período de apuração. Estas várias bases de cálculo serão explicadas mais adiante.
Desde o dia 01.01.1995, com a extinção da correção monetária, tanto as bases de cálculo quanto o
valor dos tributos e contribuições federais são expressos em moeda corrente nacional, ou seja, em
reais (R$). Isso significa que o Brasil adotou o nominalismo, ou seja, a renda tributada é a renda
nominal, da qual não é descontada a taxa de inflação do período.
1.1.4. Alíquota e Adicional
Para fatos geradores ocorridos a partir de 01.01.1996, a alíquota do imposto sobre a renda das
pessoas jurídicas é de 15%, a ser aplicada sobre a base de cálculo expressa em reais (R$).
1.1.4.1. Adicional
Além do imposto cobrado à alíquota de 15%, há a incidência de um adicional de 10% sobre a
parcela da base de cálculo (seja ela o lucro real, presumido ou arbitrado) que exceder o valor
resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de meses do respectivo
período de apuração.
Exemplo:
A Cia. ABC apresentou, no segundo trimestre do ano-calendário, lucro real equivalente a R$
100.000,00.
IMPOSTO: 15% × R$ 100.000,00 R$ 15.000,00
ADICIONAL: 10% × R$ 40.000,00* R$ 4.000,00
TOTAL: R$ 19.000,00
* R$ 100.000,00 menos R$ 60.000,00 (R$ 20.000,00 × 3 meses).
1.1.5. Prazo de Recolhimento
O prazo de recolhimento do imposto é até o último dia útil do mês subsequente ao último mês do
trimestre encerrado.
Entretanto, à opção da pessoa jurídica, o imposto devido poderá ser pago em até 3 (três) quotas
mensais iguais e sucessivas, vencíveis no último dia útil dos três meses subsequentes ao
encerramento do trimestre. Nenhuma dessas quotas pode ter valor inferior a R$ 1.000,00 (mil reais)
e o imposto de valor inferior a R$ 2.000,00 (dois mil reais) deverá ser pago em cota única.
Adicionalmente, as quotas do imposto serão acrescidas de juros equivalentes:
a) à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (taxa Selic) para títulos
federais, acumulada mensalmente, calculadas a partir do primeiro dia do segundo mês subsequente
ao do encerramento do período de apuração até o último dia do mês anterior ao do pagamento;
b) a 1% (um por cento) no mês de pagamento.
A primeira quota, quando paga até o vencimento, não sofrerá incidência de juros.
Exemplo:
A Cia. Marajoara apurou lucro real, referente ao 2º trimestre de determinado ano-calendário, no
valor de R$ 40.000,00. Os valores hipotéticos da taxa Selic estão na tabela a seguir:
Mês Taxa Selic
Julho 0,75%
Agosto 0,80%
Setembro 0,85%
O imposto devido com base no lucro real será de R$ 6.000,00 (15% × R$ 40.000,00).
Não há incidência do adicional, pois o limite de R$ 60.000,00 não foi atingido.
Se a companhia optar por parcelar o imposto em três cotas de R$ 2.000,00, deverá recolher os
seguintes valores:
Cotas Vencimento Principal (R$) Juros (R$) Total (R$)
1ª 31/julho  2.000,00  0,00  2.000,00
2ª 31/agosto  2.000,00  20,00  2.020,00
3ª 30/setembro  2.000,00  36,00  2.036,00
A primeira cota é paga sem a incidência de juros. A segundaé paga com juros de 1% (R$ 20,00 =
R$ 2.000,00 × 1%). A terceira é paga com juros de 1,8%, correspondente à soma de 1% com a taxa
Selic de agosto, que é de 0,8% (R$ 36,00 = R$ 2.000,00 × 1,8%).
1.1.6. Declaração de Informações da Pessoa Jurídica (DIPJ)
Até o exercício de 2014 (ano-calendário de 2013), as pessoas jurídicas estavam obrigadas a
apresentar Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) no ano-
calendário subsequente ao da apuração do imposto (por exemplo, DIPJ entregue no exercício de
2014, relativa ao ano-calendário de 2013). A partir do exercício de 2015, existem alterações, como
pode ser constatado no subitem a seguir.
1.1.7. Escrituração Contábil Fiscal - ECF
A Instrução Normativa RFB nº 1.422, de 19-12-2013 e suas alterações dispõem sobre a
Escrituração Contábil Fiscal (ECF), obrigatória para as todas as pessoas jurídicas (Lucro Real,
Lucro Presumido e Lucro Arbitrado). Essa obrigação é extensiva às sócias ostensivas das
Sociedades em Conta de Participação (SCP), que deverá transmitir a sua própria ECF e,
separadamente, a de cada SCP.
Para o ano-calendário de 2014 (exercício de 2015), a ECF foi transmitida ao Sistema Público de
Escrituração Digital (SPED) até o último dia útil do mês de setembro de 2015 (IN RFB nº 1.524, de
2014). Para o ano-calendário de 2015 (exercício de 2016), a ECF foi transmitida ao SPED até o último
dia útil do mês de julho de 2016 (alteração da IN RFB nº 1.633, de 2016).
Para os contribuintes que apuram o IRPJ pela sistemática do lucro real, a ECF representa os
Livros Eletrônicos de Apuração do Lucro Real (LALUR) e de apuração da Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido (LACS) de que trata o inciso I do art. 8º, do Decreto Lei nº 1.598, de 1977
(alterado artigo 2º da Lei nº 12.973, de 2014).
O sujeito passivo deverá informar, na ECF, todas as operações que influenciem a composição da
base de cálculo e o valor devido do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), especialmente quanto à apresentação do
Demonstrativo de Livro-Caixa, a partir do ano-calendário 2016, para as pessoas jurídicas optantes
pela sistemática do lucro presumido que se utilizem da prerrogativa de substituir a escrituração
contábil pela escrituração do livro-caixa (§ único do art. 45 da Lei nº 8.981, de 1995), e cuja receita
bruta no ano-calendário seja superior a R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais), ou
proporcionalmente ao período a que se refere (incluído pela IN RFB nº 1.595, de 2015).
As pessoas jurídicas ficam dispensadas, em relação aos fatos ocorridos a partir de 1º de janeiro de
2014, da escrituração do Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR) em meio físico e da entrega da
Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica – DIPJ (incluído IN RFB nº 1.489, de
2014).
1.2. Lucro real
1.2.1. Conceito
O Lucro Real é o resultado contábil (Lucro ou Prejuízo) do período de apuração (antes de
computar a despesa com a constituição da provisão para o imposto de renda), ajustado pelas adições,
exclusões e compensações prescritas ou autorizadas pela legislação do imposto sobre a renda.
Verifica-se de imediato que, como o ponto de partida para determinação do lucro real é o
resultado líquido apurado na escrituração comercial, as pessoas jurídicas tributadas com base no
lucro real são obrigadas a mantê-la em boa ordem e guarda, com a estrita observância das leis
comerciais e fiscais e dos princípios contábeis.
Nos anos-calendário de 2008 a 2013, na vigência do Regime Tributário de Transição (RTT), as
pessoas jurídicas deveriam produzir duas demonstrações de resultado: uma de acordo com a
legislação societária e outra de acordo com os critérios contábeis e fiscais vigentes em 31.12.2007.
A razão desse procedimento era que a Receita Federal não tinha disciplinado o tratamento fiscal
das normas contábeis internacionais. Então a tributação era feita nos mesmos moldes das normas
vigentes em 31.12.2007. A transformação do resultado societário para o resultado de acordo com as
regras de 31.12.2007 era feita por meio do programa Controle Contábil e Fiscal de Transição
(FCONT).
Após a data da entrada em vigor da Lei 12.973, de 2014 (no próprio ano-calendário de 2014 por
opção da empresa ou no ano-calendário de 2015, para as demais hipóteses) , basta apurar o resultado
contábil/societário antes do Imposto de Renda e proceder aos devidos ajustes (adições, exclusões e
compensações). Para se entender a natureza das adições, exclusões e compensações do lucro líquido
para determinação do lucro real, far-se-á um exemplo simplificado de sua determinação.
1.2.2. Exemplo de determinação do lucro real e do cálculo do imposto
A Cia. Comercial Silpa apresentou a seguinte Demonstração de Resultado1 relativa a determinado
trimestre do ano-calendário, elaborada de acordo com as normas contábeis e fiscais vigentes em
31.12.2007, cujos valores estão expressos em reais (R$):
1. Receita Bruta de Vendas 360.000,00
2. (–) Deduções da Receita Bruta:
2.1. Devoluções e Abatimentos 5.000,00
2.2. Tributos sobre Vendas (ICMS,
PIS e COFINS) 75.000,00 (80.000,00)
3. (=") Receita" Líquida de Vendas 280.000,00
4. (–) Custo das Mercadorias Vendidas(CMV) (110.000,00)
5. (=") Lucro" Bruto (Lucro OperacionalBruto) 170.000,00
6. (–) Despesas Operacionais
6.1. Despesas com Vendas 10.000,00
6.2. Despesas Administrativas:
– Pessoal e Encargos Sociais 30.500,00
– Multas ambientais 6.000,00
– Provisão para Assistência Técnica 9.000,00
– Outras 18.500,00 64.000,00
6.3. Despesas Financeiras (Líquidas):
– Despesas Financeiras 34.000,00
– Receitas Financeiras (20.000,00) 14.000,00 (88.000,00)
7. Outras Receitas e DespesasOperacionais
7.1. Receita de Dividendos 10.000,00
8 (=") Lucro" Operacional Líquido 92.000,00
9. (+) Resultado não operacional (9.000,00)
10. (=") Resultado" do período antes dasParticipações 83.000,00
11. (–) Participações nos lucros
11.1 Debêntures 5.000,00
11.2 Empregados 8.000,00 (13.000,00)
12. (=") Resultado" antes da ContribuiçãoSocial sobre o Lucro 70.000,00
13. (–) Contribuição Social sobre o Lucro (6.750,00)
14. (=") Resultado" do Período antes doImposto de Renda 63.250,00
A companhia apurou, portanto, um lucro líquido, antes de se computar o imposto sobre a renda,
de R$ 63.250,00.
Notas:
1ª) Observe que, ao contrário da Demonstração de Resultado elaborada com base na legislação
societária vigente até 31.12.2007, as participações no lucro são deduzidas antes da Contribuição
Social sobre o Lucro e da Provisão para o Imposto de Renda. A razão deste procedimento é que essas
participações podem ser dedutíveis na base de cálculo desses dois tributos, de modo que esta forma
de apresentação é mais adequada sobre o prisma tributário;
2ª) as Contribuições para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e para o Programa de
Integração Social (PIS), que aparecem na demonstração do resultado são despesas redutoras da
Receita Bruta de Vendas e Serviços.
1.2.2.1. Adições
A legislação do imposto sobre a renda não admite a multa ambiental como dedução do lucro real
nem qualquer outro tipo de multa por infração de natureza não tributária, por considerar que não é
uma despesa necessária à manutenção da atividade da empresa e para não incentivar o desrespeito
às normas legais do país. De fato, a companhia poderia ter apurado o resultado respeitando as leis
ambientais, motivo pelo qual esta despesa não é computada na determinação do lucro real e, para
isto, é feita sua adição ao lucro líquido. Caso esta fosse a única adição e não houvesse exclusões e
compensações, a determinação do lucro real da Cia. Silpa ficaria assim:
Lucro Líquido antes do IR R$ 63.250,00
(+) Multas Ambientais R$ 9.500,00
(=")" Lucro Real R$ 72.750,00
Ressalte-se que esse seria o resultado obtido na escrituração comercial casoa pessoa jurídica não
tivesse lançado a despesa com as multas ambientais. O objetivo da adição é, portanto, evitar que seja
computada na base de cálculo do tributo uma despesa que diminuiu o lucro líquido, mas que a
legislação tributária considera indedutível e que, não deve, portanto, influir na apuração do lucro
real.
Observe-se, também, que, entre as despesas operacionais da empresa, consta uma relativa à
constituição de provisão para assistência técnica dos produtos vendidos pela companhia no período
de apuração. Embora a constituição desta provisão esteja de acordo com o Princípio da Competência
dos Exercícios, a legislação do IR não permite que essa despesa seja dedutível por ser uma estimativa
que era hipertrofiada para postergar o pagamento do imposto. Há, portanto, que se fazer a adição
desta despesa ao lucro líquido para se determinar o lucro tributável.
A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido2 é uma contribuição cobrada sobre o lucro das
pessoas jurídicas com a finalidade de financiar a seguridade social. Até 31.12.1996, o seu valor era
dedutível na determinação do lucro real. A partir de 01.01.1997, por força do disposto na Lei
9.316/1996, a Contribuição Social sobre o Lucro passou a ser indedutível para a apuração do Lucro
Real, de forma que o seu valor também deve ser adicionado ao lucro líquido para se determinar a
base de cálculo do imposto.
As adições também são constituídas pelos resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros
valores não incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com a legislação tributária, devam
ser computados na determinação do lucro real (Exemplo: lucros oriundos do exterior – veja o
Capítulo 10). Para a lista completa das adições, a partir de 2015, deve-se consultar o Bloco M 300 do
programa Escrituração Contábil Fiscal – ECF.
1.2.2.2. Exclusões
Fez parte do lucro da Cia. Silpa uma receita dos dividendos de empresas nas quais a companhia
tem participação societária. Estes dividendos foram originados por lucros auferidos naquelas
empresas e que, portanto, nelas já foram tributados. Nessa hipótese, a legislação do imposto de
renda permite que tais dividendos sejam excluídos do lucro líquido para determinação do lucro real
para evitar a dupla tributação da mesma base econômica. O objetivo das exclusões é o de não
computar na base de cálculo do imposto receitas que aumentaram o lucro líquido da pessoa jurídica,
mas que a legislação do imposto sobre a renda considera como não tributáveis. Ao excluir-se a
receita de dividendos do lucro líquido, o lucro real fica diminuído desta receita, que não será
tributada na Cia. Silpa.
As exclusões representam também valores cuja dedução seja autorizada pela legislação tributária
e que não tenham sido computados na apuração do lucro líquido do período de apuração (exemplo:
depreciação acelerada incentivada – depreciação que é deduzida de forma extracontábil na parte A e
controlada na parte B do LALUR/LACS).
Para a lista completa das exclusões, a partir de 2015, deve-se consultar o Bloco M 300 do
programa Escrituração Contábil Fiscal – ECF.
1.2.2.3. Compensações
A legislação admite que, se a pessoa jurídica houver incorrido em prejuízo fiscal (lucro real
negativo) em períodos de apuração anteriores, este prejuízo seja compensável, com lucros futuros
(ou seja, possa ser deduzido de lucros de períodos de apuração subsequentes). Esta compensação não
poderá reduzir o valor do lucro real, antes de ocorrida, em mais de 30% (trinta por cento). Se o
prejuízo for maior que esse limite, ele poderá ser compensado em períodos posteriores, não havendo
prazo para prescrição desse direito. Em nosso exemplo, vamos admitir a hipótese de que o prejuízo
compensável da Cia. Silpa seja equivalente a R$ 18.000,00.
1.2.2.4. Demonstração do Lucro Real
Essa demonstração tem caráter extracontábil e é realizada exclusivamente em um livro fiscal
denominado Livro de Apuração do Lucro Real – LALUR em sua parte A. A Parte B do LALUR serve
para controle de valores que influenciarão a tributação em períodos de apuração futuros, como, por
exemplo, o prejuízo fiscal a compensar apurado no período.
DEMONSTRAÇÃO DO LUCRO REAL DO 1º TRIMESTRE (valores em R$)
1. RESULTADO DO PERÍODO (SEM O IR) 63.250,00
2. (+) ADIÇÕES
2.1. Multa Ambiental 6.000,00
2.2. Provisão Indedutível 9.000,00
2.3. CSLL 6.750,00 21.750,00)
3. (–) EXCLUSÕES
3.1. Dividendos Recebidos (10.000,00)
4. (=") LUCRO" REAL ANTES DA COMPENSAÇÃO 75.000,00)
5. (–) COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS (18.000,00)
6. (=") LUCRO" REAL  57.000,00)
A compensação de prejuízos foi efetuada pelo seu valor total de R$ 18.000,00, uma vez que a
redução do lucro real foi inferior a 30% do Lucro Real antes da Compensação de Prejuízos (R$
22.500,00 = 30% × R$ 75.000,00). Portanto, é incorreto afirmar que a compensação do prejuízo está
limitada a 30% do seu valor. A compensação pode ser de 100% do valor do prejuízo fiscal como nessa
hipótese.
O que é proibido é a compensação reduzir o valor do lucro real antes dela em mais de 30%. Por
exemplo, se o prejuízo fiscal compensável fosse de R$ 30.000,00, a compensação estaria limitada a R$
22.500,00. O Lucro Real seria de R$ 52.500,00 (R$ 75.000,00 menos R$ 22.500,00).
A parcela não aproveitada do prejuízo, R$ 7.500,00 (R$ 30.000,00 menos R$ 22.500,00), será
controlada na parte B do LALUR e poderá ser utilizada em períodos de apuração posteriores, não
havendo prazo para prescrição desse direito.
1.2.2.5. Cálculo do Imposto
Lucro Real do 1º trimestre )R$)57.000,00
(×) Alíquota _ 15%
(=")" Imposto devido R$8.550,00
A pessoa jurídica poderá diminuir do imposto devido:
a) o valor dos incentivos fiscais de dedução do imposto, observados os limites e prazos da
legislação vigente (consultar o Capítulo 17 do livro de 2013);
b) o valor dos incentivos fiscais de redução e isenção do imposto, calculados com base no lucro da
exploração (consultar o Capítulo 11 deste livro);
c) o imposto de renda pago ou retido na fonte, incidente sobre receitas computadas no lucro real;
d) o imposto de renda pago indevidamente ou a maior em períodos anteriores;
e) o saldo negativo apurado na DIPJ ou na ECF de períodos anteriores.
Caso o lucro real do trimestre fosse superior a R$ 60.000,00, haveria a incidência do adicional já
comentada no subitem 1.1.4.1.
Atenção:
Sobre o valor do adicional não serão permitidas quaisquer deduções, devendo ser recolhido integralmente.
1.2.2.6. Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)
Assumimos até o momento que o valor da CSLL era de R$ 6.750,00, sem qualquer explicação
sobre como teria sido calculada essa importância. Observe a seguir o cálculo da CSLL.
A base de cálculo dessa contribuição, denominada resultado ajustado, é obtida de forma similar à
do IRPJ e suporemos que a companhia, ao contrário do IRPJ, não possui base de cálculo negativa a
compensar de período anterior. O resultado contábil do período antes da CSLL é o ponto de partida
para cálculo do resultado ajustado (em R$) e a alíquota dessa contribuição é de 9% para as empresas
em geral:
1. Resultado do período antes da CSLL 70.000,00
2. (+) Adições
2.1. Multas ambientais 6.000,00
2.2. Provisão indedutível 9.000,00 15.000,00
3. (–) Exclusões
3.1. Dividendos recebidos (10.000,00)
4. (=") Resultado" ajustado antes da compensação 75.000,00
5. (–) Base de cálculo negativa a compensar  (0,00)
6. (=") Base" de cálculo da CSLL 75.000,00
7. (×) Alíquota  9%
8. (=") CSLL" devida 6.750,00
Notas:
1ª) Da mesma forma que o lucro real, o resultado ajustado da CSLL antes da compensação
também só pode ser reduzido em 30% se houver saldo de base de cálculo negativa de períodos
anteriores.
2ª) Não há previsão na lei que instituiu a CSLL (e nas que as modificaram) para adição da multa
ambiental, entretanto, como a IN SRF 390/2004, em seu art. 57, estabeleceu que as multaspor
infração não tributária são indedutíveis da base de cálculo da contribuição, a pessoa jurídica que
não a adicionar no resultado ajustado poderá ser autuada pela Receita Federal. Neste livro, optamos
pela sua inclusão, embora tenhamos convicção de que essa adição não tem base legal e pode ser
questionada na área administrativa ou Judicial na hipótese de auto de infração fiscal por parte da
Receita Federal do Brasil.
3ª) A pessoa jurídica que for tributada pelo IRPJ com base no lucro real está obrigada a ser
tributada pelo resultado ajustado na CSLL. Tal homogeneidade também ocorre em relação ao lucro
presumido.
4ª) Até 31.12.2018 a alíquota da CSLL para instituições financeiras e assemelhadas é de 20% e
para as cooperativas de crédito é de 17%. A partir de 1º.01.2019 essas alíquotas voltarão a ser de
15%.
1.2.3. Pessoas Jurídicas obrigadas à tributação com base no Lucro Real
Estão obrigadas à tributação com base no Lucro Real as pessoas jurídicas:
I – cuja receita total, no ano-calendário anterior, seja superior ao limite de R$ 78.000.000,00
(setenta e oito milhões de reais), ou proporcional ao número de meses do período, quando inferior a
12 meses;
II – cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de
desenvolvimento, caixas econômicas, sociedade de crédito, financiamento e investimento,
sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio,
distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas
de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada
aberta;
III – que tiverem lucros, rendimentos e ganhos de capital oriundos do exterior;
IV – que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais relativos à isenção
ou redução de imposto;
V – que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal por estimativa pura
(com base na receita bruta e acréscimos) ou tenham reduzido ou suspendido o pagamento mensal
por estimativa pura, mediante levantamento de balanço ou balancete específico para este fim –
estimativa monitorada (ver subitem 1.2.4 deste capítulo);
VI – que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria
creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a
receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de
serviços (factoring).
VII – que explorem as atividades de securitização de créditos imobiliários, financeiros e do
agronegócio.
VIII – agências de fomento.
A securitização de créditos, segundo Eduardo Fortuna, em sua consagrada obra sobre o mercado
financeiro, consiste em uma operação realizada por uma sociedade de propósito específico (criada
especificamente para realizar esse tipo de operação – SPE), cujo objetivo será exclusivamente
adquirir os recebíveis de pessoas jurídicas com recursos obtidos pela emissão de debêntures com
lastro nesses ativos. Como os recebíveis são normalmente de curto prazo e, as debêntures, de longo
prazo, a SPE vai ter caixa muito antes do vencimento das debêntures. Existe a possibilidade de a SPE
ser constituída pela própria pessoa jurídica detentora dos recebíveis.
As agências de fomento são instituições financeiras não bancárias, regulamentadas pelo Banco
Central do Brasil (BACEN), cujo objetivo social é a concessão de financiamento de capital fixo e de
giro associados a projetos na Unidade da Federação onde tenham sede. Devem ser constituídas sob a
forma de sociedade anônima de capital fechado e estar sob o controle de Unidade da Federação,
sendo que cada Unidade só pode constituir uma agência. A instituição da figura de agência de
fomento objetiva substituir a antiga figura de banco de desenvolvimento.
Também são obrigadas ao lucro real, segundo norma da Receita Federal do Brasil, as pessoas
jurídicas que exerçam as atividades de construção, incorporação, compra e venda de imóveis,
enquanto não concluídas as operações imobiliárias para as quais haja registro de custo orçado.
O artigo 56 da Lei Complementar nº 147/2014 permitiu às Microempresas e a Empresas de
Pequeno Porte optantes pelo Simples Nacional a realização de negócios de compra e venda de bens,
para os mercados nacional e internacional, por meio de Sociedade de Propósito Específico (SPE).
Entretanto, condicionou a obrigatoriedade de, nessa hipótese, a SPE ser tributada com base no Lucro
Real.
Atenção:
A empresa que houver pago o imposto com base no lucro presumido e que, em relação ao mesmo ano
calendário, incorrer em situação de obrigatoriedade de apuração do lucro real por ter auferido lucros,
rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior, deverá apurar o IRPJ sob o regime do lucro real
trimestral a partir, inclusive, do trimestre de ocorrência do fato (ADI SRF 5/2001, art. 2º).
A partir de 1º de janeiro de 2014, o limite para opção pelo regime de tributação com base no lucro
presumido foi aumentado de R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais) para R$
78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais), por meio da edição da Lei 12.814/2013. Assim, a
pessoa jurídica cuja receita bruta total, no ano-calendário anterior, tenha sido igual ou inferior a R$
78.000.000,00 ou a R$ 6.500.000,00 multiplicado pelo número de meses de atividade do ano-
calendário anterior, quando inferior a doze meses, poderá optar pelo regime de tributação com base
no lucro presumido.
Notas:
1ª) As pessoas jurídicas que não se enquadrarem nas hipóteses anteriores poderão optar, por
ocasião do pagamento do imposto correspondente ao ano-calendário em vigor, pela tributação com
base no Lucro Presumido;
2ª) considera-se receita total, para fins de determinação do limite de R$ 78 milhões ou seu
equivalente proporcional, o somatório:
a) da receita bruta total;
b) das demais receitas e ganhos de capital;
c) dos ganhos líquidos obtidos em operações realizadas nos mercados de renda variável;
d) dos rendimentos nominais produzidos por aplicações financeiras de renda fixa;
e) da parcela das receitas auferidas nas exportações às pessoas vinculadas ou aos países com
tributação favorecida que exceder ao valor já apropriado na escrituração da empresa, na forma da
IN SRF 243, de 11.11.2002 e suas alterações (veja o Capítulo 3 do livro de 2013);
3ª) os agentes autônomos de seguros (corretores de seguros) não são considerados instituições
financeiras e, portanto, não são obrigados à tributação com base no lucro real;
4ª) a pessoa jurídica que auferir receita de exportação de mercadorias e/ou prestação direta de
serviços ao exterior não está enquadrada na hipótese de auferir lucros, rendimentos e ganhos de
capital oriundos do exterior).
1.2.4. Opção pelo Lucro Real anual e pagamento mensal por Estimativa
Se a pessoa jurídica não for obrigada à tributação com base no lucro real, ela poderá optar por
esse regime de tributação. Essa opção é irretratável para todo o ano-calendário e somente poderá ser
modificada no ano-calendário seguinte.
Embora o período de apuração do IRPJ e da CSLL seja em regra trimestral, a legislação tributária
faculta à pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real, a opção de determiná-lo
somente em 31 de dezembro do ano-calendário, na data do evento nos casos de incorporação, fusão,
cisão ou encerramento de atividades ou no dia de encerramento de suas atividades. O objetivo dessa
medida foi diminuir o trabalho das empresas que teriam que levantar quatro balanços ao ano na
sistemática trimestral.
A pessoa jurídica que optar por determinar o lucro real anual, está obrigada a fazer pagamentos
mensais por estimativa, que constituirão uma antecipação do imposto devido no final do ano-
calendário. A diferença entre o imposto devido com base no lucro real anual e o somatório das
importâncias pagaspor estimativa será:
a) caso positiva, pago em quota única até o último dia do mês de março do ano subsequente,
acrescido de juros equivalentes à soma:
I – da taxa Selic a partir de 1º de fevereiro até o último dia do mês anterior ao do pagamento, e
II – de um por cento no mês do pagamento;
b) caso negativa, compensado com o imposto devido a partir do mês de janeiro do ano-calendário
subsequente, assegurada a alternativa de requerer a restituição do montante pago a maior; esse
saldo será acrescido de juros equivalentes à taxa Selic, acumulada mensalmente a partir do mês
subsequente ao do encerramento do período de apuração até o mês anterior ao da restituição ou
compensação, mais um por cento relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada.3
Exemplos:
1) Imposto devido com base no lucro real de 31.12.20X0 R$ 130.000,00
• Imposto pago por estimativa no decorrer do ano-calendário R$ 115.000,00
A diferença de R$ 15.000,00 (R$ 130.000,00 – R$ 115.000,00) deverá ser paga até 31.03.20X1,
acrescida de juros, calculados a partir de fevereiro de 20X1 até o mês do pagamento.
2) Imposto devido com base no lucro real de 31.12.20X0 R$ 90.000,00
• Imposto pago por estimativa R$ 98.000,00
O imposto de R$ 8.000,00 (R$ 98.000,00 – R$ 90.000,00), recolhido a maior, poderá ser compensado
com imposto de renda devido a partir de janeiro de 20X1 ou, à opção do contribuinte, ser objeto de
pedido de restituição ou de compensação (PERD/COMP).
Notas:
1ª) A opção pelo pagamento por estimativa será irretratável para todo o ano calendário e será
manifestada com o pagamento do imposto correspondente ao mês de janeiro ou de início de
atividade;
2ª) a pessoa jurídica poderá suspender ou reduzir o pagamento do imposto mensal por
estimativa, caso demonstre que os valores já pagos, correspondentes a meses anteriores, excedem o
valor do imposto, inclusive adicional, calculado com base no lucro real do período em curso, pela
elaboração de balanços ou balancetes levantados para tal fim (veja o subitem 1.2.6 mais adiante).
1.2.4.1. Cálculo e recolhimento do imposto por Estimativa Pura com base na receita
bruta ajustada e acréscimos
O imposto mensal a ser pago por estimativa é calculado com base na receita bruta ajustada da
pessoa jurídica e acréscimos (demais rendimentos e ganhos de capital). Esse tipo de estimativa é
denominado estimativa pura para diferenciá-la da estimativa calculada com base no balanço ou
balancete de suspensão ou redução (estimativa monitorada), que será analisada no subitem 1.2.6
mais adiante.
A base de cálculo do imposto por estimativa pura corresponderá à soma de duas parcelas:
I – o resultado da multiplicação de determinados percentuais sobre a receita bruta mensal
ajustada da pessoa jurídica. Esses percentuais variam de acordo com a atividade desenvolvida pela
pessoa jurídica, conforme tabela anexa no subitem 1.2.4.2;
II – demais rendimentos, receitas e ganhos de capital auferidos pela pessoa jurídica (acréscimos)
que devem ser incluídos na sua totalidade (100%), permitida a dedução de despesas necessárias para
a percepção desses rendimentos.
A receita bruta ajustada compreende o produto da venda de bens nas operações por conta
própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações de conta alheia, excluídos desse
valor as vendas canceladas, as devoluções de vendas e os descontos incondicionais concedidos.
Os demais rendimentos são:
a) receita de locação de imóvel, ou de outros bens do Ativo Não Circulante, quando não for este o
objeto social da pessoa jurídica (podendo ser deduzidas as despesas pagas à empresa administradora
do imóvel para fins de locação);
b) juros ativos;
c) descontos financeiros obtidos (veja conceito no Capítulo 7, item 7.2, do livro de IRPJ de 2013);
d) ganhos de capital na alienação de bens do Ativo Não Circulante;
e) outros valores.
A pessoa jurídica tem o direito de compensar o imposto retido na fonte sobre os rendimentos que
integraram a base de cálculo da estimativa com o imposto dela decorrente. Assim, por exemplo, as
empresas tomadoras de determinados serviços efetuam a retenção do imposto de renda na fonte
sobre os rendimentos auferidos pelas empresas prestadoras dos serviços. Nesse caso, como os
rendimentos auferidos pelas empresas prestadoras de serviços compuseram a base de cálculo da
estimativa, elas têm direito a compensar o imposto retido na fonte sobre esses serviços.
Atenção:
Não são incluídos na base de cálculo do IRPJ da estimativa pura os rendimentos financeiros de títulos de
renda fixa e os ganhos líquidos de mercados de renda variável, embora estes integrem o lucro real, uma vez
que esses rendimentos são tributados na fonte pagadora ou recolhidos pelo próprio contribuinte como
antecipação, como está explicado no Capítulo 14 do livro de 2013. Não haveria sentido incluí-los em outra
antecipação. Entretanto, eles são incluídos na base de cálculo da estimativa da CSLL, por não haver nem
retenção na fonte e nem recolhimento pelo próprio contribuinte (veja o subitem 1.2.5, mais à frente). Esses
valores também devem ser considerados na apuração da estimativa monitorada com base em balanço ou
balancete de suspensão ou redução.
Também não são computados no lucro estimado com base na receita bruta e acréscimos as
seguintes receitas:
a) as recuperações de créditos que não representem ingressos de novas receitas;
b) a reversão de saldo de provisões não dedutíveis exceto as técnicas das companhias de seguro e
de capitalização, bem como das entidades de previdência complementar;
c) os lucros e dividendos decorrentes de participações societárias avaliadas pelo custo de
aquisição e a contrapartida do ajuste por aumento do valor de investimentos avaliados pelo método
da equivalência patrimonial;
d) os impostos não cumulativos cobrados destacadamente do comprador ou contratante, além do
preço do bem ou serviço, e dos quais o vendedor dos bens ou o prestador dos serviços seja mero
depositário (IPI);
e) os juros sobre o capital próprio auferidos.
1.2.4.2. Tabela dos coeficientes da estimativa para o IRPJ
COEFICIENTES PERCENTUAIS PARA DETERMINAR A BASE DE CÁLCULO DA ESTIMATIVA DO IRPJ COM
BASE NA RECEITA BRUTA
a) Comerciais e industriais em geral; atividades de loteamento de terrenos, incorporação
imobiliária e venda de imóveis construídos ou adquiridos para revenda, atividade rural,
atividade gráfica quando atuar nas áreas comercial e industrial e industrialização por
encomenda em que a matéria-prima, o produto intermediário, o material de embalagem tenham
sido fornecidos por quem encomendou a industrialização;
8%
b) de prestação de serviços hospitalares e de transportes de cargas; 8%
c) demais serviços de transporte; 16%
d) de prestação de serviços, cuja receita remunere essencialmente o exercício pessoal por
parte dos sócios, de profissões que dependam de habilitação legalmente exigida; 32%
e) de intermediação de negócio, administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e
direitos de qualquer natureza; 32%
f) de construção por administração ou empreitada unicamente de mão de obra (sem o
emprego de materiais); 32%
g) de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia e mercadológica,
gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra de
direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços –
factoring;
32%
h) de prestação de serviços em geral, inclusive atividade gráfica nas hipóteses de prestação de
serviços com ou sem o fornecimento do material, exceto os citados nas letras “b” e “c”; 32%
i) de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas
econômicas, sociedade de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito
imobiliário, corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valoresmobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros
privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta e agências de
fomento(Instituições Financeiras e Assemelhadas);
16%
j) de revenda, para consumo de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e
gás natural. 1,6%
ATENÇÃO: Se a empresa tiver mais de uma atividade, a cada qual será aplicado o percentual respectivo. A
base de cálculo do imposto será o somatório correspondente.
Exemplo:
Receita bruta mensal ajustada da revenda de mercadorias R$ 95.000,00
(×) Percentual para estimativa do lucro  8%
(=")" Lucro estimado com base na receita bruta ajustada R$ 7.600,00
(+) Juros ativos no recebimento de créditos  R$ 2.400,00
(=")" Lucro Estimado com base na receita bruta e acréscimos (Estimativa Pura) R$ 10.000,00
(×) Alíquota  15%
(=")" Imposto mensal a ser pago por Estimativa Pura R$ 1.500,00
Caso a base de cálculo mensal seja superior a R$ 20.000,00 haverá a incidência do adicional de
10%, referido no subitem 1.1.4.1 deste capítulo, sobre o excesso. Veja o exemplo a seguir:
Receita bruta mensal ajustada da prestação de serviços R$ 300.000,00
(×) Percentual para estimativa do lucro  32%
(=")" Lucro Estimado com base na receita bruta R$ 96.000,00
(+) Ganho de capital na alienação de bens do imobilizado  R$ 4.000,00
(=")" Lucro Estimado com base na receita bruta e acréscimos R$ 100.000,00
Imposto: 15% × R$ 100.000,00 R$ 15.000,00
Adicional: 10% × (R$ 100.000,00 – R$ 20.000,00)  R$ 8.000,00
Imposto mais Adicional R$ 23.000,00
O imposto (inclusive o adicional, se for o caso) calculado por estimativa (pura ou monitorada)
deverá ser pago até o último dia útil do mês subsequente àquele a que se referir.
Atenção:
As concessionárias de serviços públicos nas atividades de prestação de serviços de construção, recuperação,
reforma, ampliação ou melhoramento de infraestrutura vinculados a contrato de concessão de serviço público,
a partir da vigência da Lei 12.973/2014, passaram a ter o percentual de 32% para o lucro estimado. Esse
comando deve ser aplicado a partir de 01.01.2014 para quem fizer a opção pela vigência imediata da Lei
12.973/2014, ou a partir de 01.01.2015, para quem não fizer a mencionada opção.
1.2.5. Pagamento da CSLL por Estimativa Pura (receita bruta e acréscimos)
A pessoa jurídica optante pelo pagamento do IRPJ pelo lucro real anual e obrigada aos
pagamentos mensais por estimativa deverá recolher a CSLL também por esta sistemática.
A base de cálculo da CSLL por estimativa pura com base na receita bruta e acréscimos
corresponderá à soma dos seguintes valores:
a) 12% ou 32%, conforme a atividade da pessoa jurídica e a época da ocorrência do fato gerador
(ver subitem 1.2.5.3) da receita bruta mensal ajustada;
b) juros ativos e descontos financeiros obtidos;
c) rendimentos e ganhos líquidos provenientes de aplicações financeiras de renda fixa e de renda
variável;
d) ganhos de capital na alienação de bens do Ativo Não Circulante (Investimentos, Imobilizado e
Intangível;
e) outros valores, analisados no Capítulo 18 do livro de 2013.
Exemplo:
12% da receita bruta mensal ajustada de R$ 500.000,00 R$ 60.000,00
(+) Rendimento de aplicações financeiras de renda fixa R$ 9.300,00
(+) Juros Ativos R$ 400,00
(+) Descontos Financeiros Obtidos  R$ 300,00
(=")" Base de cálculo da CSLL por Estimativa Pura R$ 70.000,00
(×) Alíquota  9%
(=")" CSLL devida por Estimativa Pura R$ 6.300,00
1.2.5.1. Apuração do saldo a pagar ou a restituir/compensar
De forma similar ao IRPJ, a pessoa jurídica deverá determinar a base de cálculo da CSLL devida
com base em balanço a ser levantado em 31 de dezembro do período de apuração (Estimativa
Monitorada).
A diferença entre o valor devido e o valor pago por estimativa terá o mesmo tratamento já
analisado para o IRPJ no subitem 1.2.4.
1.2.5.2. Base de Cálculo de 32%
O coeficiente de 32% para determinação da base de cálculo da estimativa com base na receita
bruta e acréscimos (Estimativa Pura) será utilizado pela pessoa jurídica que tenha a atividade de
factoring e para as seguintes atividades (Lei 10.684, de 30.05.2003):
a) prestação de serviços em geral, exceto as de serviços hospitalares e de transporte;
b) intermediação de negócios;
c) administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza;
d) prestação de serviços de construção, recuperação, reforma, ampliação ou melhoramento de
infraestrutura vinculados a contrato de concessão de serviço público (item introduzido pela Lei
12.973/2014.
As demais pessoas jurídicas que não exerçam essas atividades utilizarão o coeficiente de 12%.
Caso Prático:
• Receita bruta de abril de 20X0 R$ 250.000,00
• Demais receitas e ganhos de capital 35.000,00
Base de cálculo
Receita bruta 04/20X0 R$ 250.000,00
(×) Coeficiente  32%
(=")" Resultado estimado com base na receita bruta R$ 80.000,00
(+) Demais receitas e ganhos  R$ 35.000,00
(=")" Resultado Estimado com base na Receita Bruta Ajustada e Acréscimos R$ 115.000,00
1.2.6. Balanço ou Balancete de Suspensão ou Redução (Estimativa Monitorada)
1.2.6.1. Estimativa Monitorada
Ocorre a estimativa monitorada quando a pessoa jurídica comprova pela elaboração de balanço
ou balancete de redução ou suspensão do imposto que já pagou ou pagará por estimativa pura com
base na receita bruta e acréscimos um valor superior ao imposto devido com base no lucro real
determinado no período de apuração dos referidos demonstrativos.
Um caso prático ajudará a elucidar esse complexo tema. Suponha-se que a pessoa jurídica tenha
efetuado os seguintes recolhimentos por estimativa pura (com base na receita bruta e acréscimos)
durante o ano-calendário de 20X0:
Meses de
Competência
Meses de
Pagamento
Valor Mensal Pago
(R$)
Valor Acumulado
em R$
Janeiro Fevereiro 30.000,00 30.000,00
Fevereiro Março 25.000,00 55.000,00
Março Abril 40.000,00 95.000,00
Abril Maio 50.000,00 145.000,00
O imposto calculado por estimativa pura com base na receita bruta e acréscimos de maio de 20X0,
a ser pago no último dia útil do mês de junho de 20X0, é de R$ 60.000,00.
1.2.6.2. Suspensão do Pagamento por Estimativa Pura
Ocorre a suspensão quando a pessoa jurídica demonstra, com base em balanço ou em balancete,4
que incorreu em prejuízo ou que o imposto devido com base no lucro real do período em curso é
inferior ao valor já recolhido por estimativa no próprio período.
Para se determinar o lucro real, o resultado do período deve ser ajustado por todas as adições,
exclusões e compensações autorizadas e admitidas pela legislação do IRPJ.
Em maio de 20X0, a empresa referida no subitem anterior levantou balanço/balancete e
constatou que o lucro real do período janeiro a maio de 20X0 foi de R$ 600.000,00. Ressalte-se que ela
pagará adicional sobre o valor da base de cálculo que superar R$ 100.000,00 (5 meses de período de
apuração × R$ 20.000,00 mensais).
CÁLCULO DO IRPJ DEVIDO: Valores R$
a) Imposto: R$ 600.000,00 × 15% R$ 90.000,00
b) Adicional: [10% × R$ 500.000,00 (R$ 600.000,00 – R$ 100.000,00)]  R$ 50.000,00
c) (=")" Total Devido (a + b) R$ 140.000,00
A sociedade poderá suspender o pagamento da estimativa pura referente ao mês de maio a ser
efetuado em junho, por já ter recolhido R$ 145.000,00 de estimativa pura com base na receita bruta e
acréscimos até o mês de maio (competência abril). Este valor é maior do que o devido no período em
curso que é de R$ 140.000,00, conforme os cálculos anteriores. Ou seja, a pessoa jurídica já pagou
mais do que devia segundo o imposto calculado com base no lucro real para o período em curso e
não precisa pagar mais nada até esse mês.
1.2.6.3. Redução do Pagamento por Estimativa Pura
Ocorre a redução quando o valor do pagamento mensal por estimativa for inferiorà diferença de
imposto entre o que é devido no período e o que a empresa já recolheu.
Utilizando-se os dados do exemplo do subitem anterior e supondo-se que o lucro real seja R$
800.000,00 em vez de R$ 600.000,00, obtêm-se os seguintes valores para o imposto e o adicional:
a) IRPJ e adicional devidos com base no lucro real:
Imposto: R$ 800.000,00 × 15% R$120.000,00
Adicional: [10% × R$ 700.000,00 (R$ 800.000,00 – R$ 100.000,00)] R$70.000,00
(=")" IRPJ Devido R$190.000,00
b) Imposto recolhido por estimativa até maio R$145.000,00
c) Diferença a se recolhida com base no balanço (a – b) R$45.000,00
d) Imposto por estimativa pura a ser recolhido com base na receita R$60.000,00
e) Imposto por estimativa a ser recolhido em junho (menor entre c e d) R$45.000,00
Logo, houve uma redução do imposto a ser pago por estimativa pura (com base na receita bruta e
acréscimos) de R$ 60.000,00 para R$ 45.000,00 em função do balanço ou balancete de redução.
1.2.6.4. Exemplo de Estimativa Monitorada, considerando todo o ano-calendário
A empresa poderá escolher o menor recolhimento mensal entre a Estimativa Pura ou Monitorada
objetivando reduzir ou minimizar o valor a ser pago por Estimativa. Nessa hipótese, terá que
realizar os dois cálculos em todos os meses do ano, fazer a comparação e escolher o menor valor
para fins de recolhimento. Caso Prático:
Ano Estimativa calculada combase na/no
Valores efetivamente pagos
com base Total pago
Meses
Receita
Bruta e
acréscimos
Balanço
ou Balancete
na Receita
Bruta e
acréscimos
no Balanço
ou Balancete
Janeiro 18.000,00 20.000,00 18.000,00 18.000,00
Fevereiro 19.500,00 39.000,00 19.500,00 37.500,00
Março 22.000,00 58.000,00 R =20.500,00 58.000,00
Abril 21.500,00 77.000,00 R =19.000,00 77.000,00
Maio 23.000,00 90.000,00 R =13.000,00 90.000,00
Junho 20.000,00 110.000,00 R =20.000,00 110.000,00
Julho 22.700,00 109.000,00 Suspensão 110.000,00
Agosto 23.600,00 134.000,00 23.600,00 133.600,00
Setembro 25.300,00 171.000,00 25.300,00 158.900,00
Outubro 26.400,00 195.000,00 R =26.400,00 185.300,00
Novembro 28.000,00 225.800,00 28.000,00 213.300,00
Dezembro 30.000,00 256.000,00 30.000,00 243.300,00
TOTAL 280.000,00 144.400,00 98.900,00 243.300,00
No mês de janeiro, a pessoa jurídica paga com base na receita bruta e acréscimos porque o valor
de R$ 18.000,00 é menor que os R$ 20.000,00 apurados no balanço ou balancete. No mês de fevereiro,
ela apurou um imposto de R$ 39.000,00 no balanço ou balancete. Como pagou R$ 18.000,00 em
janeiro, ela teria que pagar em fevereiro R$ 21.000,00 (R$ 39.000,00 menos R$ 18.000,00). Novamente
é melhor para ela pagar com base na receita bruta e acréscimos, cujo valor é de R$ 19.500,00. Já em
março, como o imposto devido com base no balanço ou balancete é R$ 58.000,00, ela poderá pagar R$
20.500,00 (R$ 58.000,00 menos R$ 37.500,00), reduzindo o pagamento com base na estimativa pura
(receita bruta e acréscimos), que corresponderia a R$ 22.000,00. Com base nesse mesmo raciocínio,
convidamos o leitor a descobrir por si mesmo os valores mínimos a serem pagos na estimativa no
restante do ano.
NOTAS:
1ª Se a empresa apurar prejuízo fiscal em janeiro, ela poderá suspender o pagamento da
estimativa pura (receita bruta ajustada e acréscimos) nesse mês.
2ª Os balanços ou balancetes deverão ser levantados com observância de todas as leis comerciais
e fiscais e, somente, produzirão efeitos para suspender ou reduzir o pagamento por estimativa pura.
O imposto devido será calculado com base no lucro real apurado no período.
3ª O Balanço/Balancete deverá ser reproduzidos no livro Diário ou no LALUR. A apresentação dos
livros digitais na forma prevista na IN RFB 1.420/2013 supre a obrigatoriedade de transcrição desses
demonstrativos no livro Diário ou no LALUR. Cumpre lembrar que na hipótese de a pessoa jurídica
reduzir e/ou suspender os pagamentos por estimativa pura (receita bruta e acréscimos) em todos os
meses do ano-calendário, ela deverá elaborar 12 balanços ou balancetes de suspensão e redução.
1.3. Lucro presumido
As pessoas jurídicas que não estão obrigadas à tributação com base no lucro real (ver subitem
1.2.3) podem optar por serem tributadas com base no lucro presumido. À semelhança da estimativa
mensal, o lucro presumido é calculado aplicando-se um coeficiente sobre a receita bruta ajustada e
acrescentando-se ao valor obtido os demais rendimentos e ganhos de capital.
1.3.1. Opção pelo Regime
A opção pela tributação com base no lucro presumido será manifestada com o pagamento da
primeira ou da única quota do imposto correspondente ao primeiro período de apuração (1º
trimestre) e será aplicada em relação a todo o período de atividade da pessoa jurídica no respectivo
ano-calendário.
Caso a empresa tenha iniciado atividade a partir do segundo trimestre, manifestará a opção com
o pagamento da primeira ou única quota relativa ao período de apuração do início de atividade.
As pessoas jurídicas que:
a) resultarem de incorporação, fusão ou cisão, desde que não estejam obrigadas à tributação pelo
lucro real, poderão optar pela tributação com base no lucro presumido;
b) em qualquer trimestre do ano-calendário, tiverem seu lucro arbitrado, poderão, por ocasião da
entrega da Escrituração Contábil Fiscal (ECF), optar pela tributação com base no lucro presumido,
relativamente aos demais trimestres do ano-calendário.
Atenção:
A empresa que houver pago o imposto com base no lucro presumido e que, em relação ao mesmo ano
calendário, incorrer em situação de obrigatoriedade de apuração do lucro real por ter auferido lucros,
rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior, deverá apurar o IRPJ sob o regime do lucro real
trimestral a partir, inclusive, do trimestre de ocorrência do fato (ADI SRF 5/2001, art. 2º).
1.3.2. Necessidade de Escrituração Contábil ou do livro Caixa e do Livro de Registro de
Inventário
A pessoa jurídica habilitada à opção pelo regime de tributação com base no lucro presumido
deverá manter escrituração contábil nos termos da legislação comercial, entretanto, poderá ficar
dispensada da escrituração contábil a pessoa jurídica que, no decorrer do ano-calendário, mantiver
livro Caixa, no qual deverá ser escriturada toda a movimentação financeira, inclusive a bancária. É
preciso esclarecer, entretanto, que essa dispensa de escrituração é apenas para fins da legislação do
imposto de renda, sendo que nada impede que, por exemplo, o Poder Judiciário exija escrituração
contábil com o objetivo de avaliar o montante de ativos da empresa para fins de decretação de
falência ou recuperação judicial.
Em qualquer caso, a pessoa jurídica deverá:
a) caso se dedique a atividades industriais ou comerciais, escriturar o Livro de Registro de
Inventário, no qual deverão constar os estoques existentes de cada produto no término do ano-
calendário;
b) manter, em boa guarda e ordem, enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas
eventuais ações que lhe sejam pertinentes, todos os livros obrigatórios por legislação fiscal
específica, bem como todos os documentos e demais papéis que serviram de base para a escrituração
comercial e fiscal.
É conveniente para a pessoa jurídica optante pelo lucro presumido manter escrituração comercial
regular (livros diário e razão), porque esse procedimento lhe garante um maior valor de distribuição
de lucros aos sócios, isenta de imposto de renda, já que, na hipótese de o lucro contábil ser superior
ao lucro presumido, a empresa poderá distribuir, sem tributação, todo o lucro contábil.
1.3.3. Determinação do Lucro Presumido
O lucro presumido será o montante determinado pela soma das seguintes parcelas:
I – o valor resultante da aplicação de coeficientes, variáveis conforme o ramo de atividade da
pessoa jurídica, sobre a receita bruta ajustada nos trimestres civis do ano-calendário;
II – os ganhosde capital, os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras de
renda fixa e renda variável e todos os resultados positivos decorrentes de receitas de atividades
acessórias da pessoa jurídica;
III – demais parcelas de valores controlados na parte B do LALUR, que deveriam ter sido
adicionadas ao lucro real e cuja tributação tenha sido diferida;
IV – outros valores.
Notas:
1ª) Diferentemente do pagamento do imposto por estimativa (veja subitem 1.2.4.1), os
rendimentos de aplicações financeiras e os ganhos líquidos em mercado de renda variável integram
a base de cálculo do imposto com base no lucro presumido e o imposto de renda retido na fonte ou
pago pelo contribuinte sobre tais rendimentos poderá ser compensado com o imposto devido com
base no lucro presumido;
2ª) Os coeficientes do lucro presumido são os mesmos utilizados para o cálculo da estimativa
mensal, mencionados no subitem 1.2.4.2, exceto os utilizados para empresas de factoring e
instituições financeiras, que são pessoas jurídicas obrigadas à apuração do lucro real e, portanto, não
podem optar pelo lucro presumido;
3ª) A receita bruta ajustada corresponde à receita bruta total menos as vendas canceladas e os
descontos incondicionais concedidos;
4ª) O art. 34 da Lei 11.196/2005 deu nova redação ao art. 15 da Lei 9.249/1995 para permitir que o
percentual de 8% também seja aplicado sobre a receita financeira da empresa que explore as
atividades imobiliárias relativas ao loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de
prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para a
revenda, quando decorrente da comercialização de imóveis e for apurada por meio de índices ou
coeficientes previstos em contrato. Ou seja, tais receitas financeiras não serão tributadas em 100,
mas farão parte da receita bruta ajustada dessas entidades, que está sujeita à aplicação do
percentual de 8% para determinar a base de cálculo.
1.3.4. Alíquota, Adicional e Prazo de Recolhimento
São os mesmos já referidos nos subitens 1.1.4 e 1.1.5.
Exemplo:
Receita bruta auferida no 2.º trimestre do ano-calendário R$ 850.000,00
Coeficiente de Presunção 8%
Ganho de capital na alienação de bem do Ativo Imobilizado R$ 30.000,00
Lucro Presumido:
Receita de Vendas (8% × R$ 850.000,00) R$ 68.000,00
(+) Ganho de Capital na venda do Imobilizado R$ 30.000,00
(=")" Total (Base de Cálculo do Lucro Presumido) R$ 98.000,00
(×) Alíquota  15%
(=")" Imposto R$ 14.700,00
(+) Adicional = 10% × R$ 38.000,00 (R$ 98.000,00 menos R$ 60.000,00)  R$ 3.800,00
(=")" IRPJ = Imposto mais adicional R$ 18.500,00
O IRPJ poderá ser recolhido em cota única até o último dia útil de julho do ano-calendário sem
qualquer acréscimo ou recolhido em até três cotas até o último dia útil de julho, de agosto e
setembro do ano-calendário (nesse caso, haverá incidência de juros Selic, conforme já explicado no
subitem 1.1.5).
Atenção:
Para fatos geradores ocorridos a partir de 01.01.1998 (art. 10 da Lei 9.532/1997), no imposto apurado com
base no lucro presumido, não será permitida qualquer dedução a título de incentivo fiscal.
1.3.5. Mudança de Opção
A opção pela tributação com base no lucro presumido será definitiva em relação a todo o ano-
calendário, não sendo, portanto, permitida alteração na opção (Lei 9.718/1998, art. 13, § 1º).
A única exceção ocorre se, no decorrer do ano-calendário, a pessoa jurídica incorrer em uma das
hipóteses em que a tributação pelo lucro real seja obrigatória (por exemplo, estabelecer uma filial no
exterior). Nesse caso, no próprio trimestre do fato, ela será obrigada a mudar sua tributação para o
lucro real, sendo que o lucro presumido dos trimestres anteriores é definitivo (consulte no subitem
1.3.1 o ADI nº 05, de 2001).
Somente no ano-calendário seguinte a pessoa jurídica poderá alterar sua opção para lucro real.
Conforme visto no subitem 1.2.1, a mesma restrição se aplica às empresas optantes pela tributação
com base no lucro real, que somente poderão alterar a sua opção no ano-calendário seguinte.
1.3.6. Regime de Apuração das Receitas
A pessoa jurídica poderá, à sua opção, considerar as receitas, para fins de opção pela tributação
com base no Lucro Presumido, segundo o regime de competência ou de caixa.
Essa opção é somente para efeitos tributários, ou seja, para fins de determinação da base de
cálculo do IRPJ e da CSLL. Se a pessoa jurídica mantiver escrituração contábil regular, esta deverá
obedecer obrigatoriamente ao regime de competência.
Uma vez efetuada a opção, ela é definitiva em relação ao ano-calendário. Se a pessoa jurídica
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pretender continuar sendo tributada pelo lucro presumido no ano-calendário seguinte, o cálculo da
receita total anual para fins de enquadramento no limite de R$ 78.000.000,00 será efetuado de
acordo com sua opção no ano-calendário corrente (pelo regime de caixa ou pelo regime de
competência).
1.3.7. CSLL para as empresas tributadas pelo Lucro Presumido. Base de Cálculo e Alíquota
A tributação pelo IRPJ com base no lucro presumido implica a tributação com base no resultado
presumido para a CSLL no mesmo ano-calendário. A base de cálculo da CSLL corresponderá à soma
dos seguintes valores:
I – 12% ou 32% da receita bruta ajustada (deduzida das vendas canceladas e dos descontos
incondicionais) no trimestre, conforme a natureza da atividade;
II – ganhos de capital, rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras, demais
receitas e resultados positivos decorrentes de receitas não abrangidas no item precedente;
III – outras importâncias, cuja análise pormenorizada pode ser encontrada no Capítulo 25 do livro
de IRPJ de 2013.
O coeficiente de 32% para o cálculo da receita bruta ajustada deverá ser utilizado pelas pessoas
jurídicas que exercem as seguintes atividades:
a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de transportes;
b) intermediação de negócios;
c) administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza;
d) prestação de serviços de construção, recuperação, reforma, ampliação ou melhoramento de
infraestrutura vinculados a contrato de concessão de serviço público (item incluído pela Lei
12.793/2014, cuja vigência poderá se iniciar no próprio ano-calendário de 2014 ou de 2015, à opção
do contribuinte).
As demais pessoas jurídicas utilizarão o coeficiente de 12%.
A alíquota da CSLL sobre o resultado presumido é de 9% existindo, ainda, a possibilidade de se
utilizar (deduzir), quando do recolhimento, o bônus de 1% instituído pela Lei 10.637/2002.
Caso Prático de atividade de revenda de mercadorias – Dados trimestrais
12% da Receita Bruta Ajustada de R$ 300.000,00 R$36.000,00
(+) Rendimento nominal de Aplicações Financeiras R$8.000,00
(+) Ganho de Capital na alienação de bem do Ativo Não Circulante (ANC) R$2.000,00
(=")" Base de Cálculo R$46.000,00
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) Devida (9% × R$ 46.000,00) R$4.140,00
1.4. Lucro Arbitrado
O lucro arbitrado é uma forma de tributação que, em princípio, deverá ser aplicado pela
autoridade fiscal, nas seguintes hipóteses de descumprimento das disposições legais relativas ao
Lucro Real e ao Lucro Presumido:
a) o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real, não mantiver escrituração nas
formas das leis comerciais ou fiscais ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas
pela legislação fiscal;
b) a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraude ou
contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para identificar a efetiva
movimentação financeira, inclusive bancária ou determinar o lucro real;
c) o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da
escrituração comercial e fiscal, ou o livro Caixa,

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