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62 Unidade II 5 LUCRO ARBITRADO O regime de apuração ou adoção do Lucro Arbitrado não é necessariamente uma faculdade do contribuinte, exceto quando ocorre o extravio dos documentos nos casos de força maior. Conforme definido na Lei Civil e devidamente comprovados e quando a receita bruta for de conhecimento do contribuinte. A legislação fiscal determina a adoção do lucro arbitrado quando o contribuinte não cumprir com as suas obrigações tributárias acessórias tornando impossível apurar-se o lucro com base no lucro presumido ou no lucro real. As hipóteses de arbitramento estão descritas no artigo 530 do RIR/99 (escrituração incompleta, não apresentação de livros comerciais e fiscais, não apresentação do Livro Contábil Razão, dentre outras). Art. 530. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do ano-calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando (Lei nº 8.981, de 1995, art. 47, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º): I - o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real, não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal; II - a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para: a) identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária; ou b) determinar o lucro real; III - o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa, na hipótese do parágrafo único do art. 527; IV - o contribuinte optar indevidamente pela tributação com base no lucro presumido; Unidade II 63 PLANEJAMENTO CONTÁBIL TRIBUTÁRIO V - o comissário ou representante da pessoa jurídica estrangeira deixar de escriturar e apurar o lucro da sua atividade separadamente do lucro do comitente residente ou domiciliado no exterior (art. 398); VI - o contribuinte não mantiver, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, Livro Razão ou fichas utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário (BRASIL, 1999). A aplicação do Lucro Arbitrado acontece quando a receita bruta é conhecida. Assim, os percentuais aplicáveis são os seguintes: Quadro 1 Atividades % a) Comerciais e industriais em geral; Atividades de loteamento de terrenos, incorporação imobiliária e venda de imóveis construídos ou adquiridos para revenda, atividade rural, atividade gráfica quando atuar nas áreas comercial e industrial e industrialização por encomenda em que a matéria-prima, o produto intermediário e o material de embalagem tenham sido fornecidos por quem encomendou a industrialização em geral (RIR/1999, art. 532) 9,6% b) Serviços hospitalares e transportes de cargas 9,6% c) Demais serviços de transporte 19,2% d) Prestação de serviços, cuja receita remunere essencialmente o exercício pessoal por parte dos sócios, de profissões que dependam da habilitação legalmente exigida 38,4% e) Intermediação de negócio, administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza 38,4% f) Construção por administração ou empreitada unicamente de obra (sem o emprego de materiais) 38,4 % g) Prestação cumulativa e continua de serviços de assessoria creditícia e mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviço – factoring 38,4% h) Prestação de serviços em geral, inclusive atividade gráfica nas hipóteses de prestação de serviços com ou sem fornecimento do material, exceto os citados nas letras ¨b¨e ¨c” i) Bancos comerciais, Bancos de Investimentos, Bancos de Desenvolvimento, Caixas Econômicas, Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimento, Sociedade de Crédito Imobiliário, Sociedades Corretoras de Títulos, Valores Mobiliários e Câmbio, Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Empresas de Arredamento Mercantil, Cooperativas de Crédito, Empresas de Seguros Privados e Capitalização e Entidades de Previdência Privada Aberta e Instituições Financeiras e Assemelhadas 38,4% j) Revenda para Consumo de Combustível derivado de Petróleo, Álcool Etílico Carburante e Gás Natural 1,92% As pessoas jurídicas que se dedicarem à venda de imóveis (construídos ou adquiridos para revenda), ao loteamento de terrenos e incorporação de prédios em condomínio, poderão deduzir da receita bruta trimestral ou anual o custo do imóvel devidamente comprovado, para fins de determinação do lucro arbitrado. O lucro arbitrado será tributado proporcionalmente a receita recebida. Por outro lado, quando a receita bruta não for conhecida, a base de cálculo do IRPJ será determinada de ofício pela autoridade fiscal, mediante a utilização de uma das seguintes alternativas, nos termos do art. 535 do RIR/99: 64 Unidade II Quadro 2 Bases Alternativas Coeficiente a) Lucro real referente ao último período em que a pessoa jurídica manteve escrituração de acordo com as leis comerciais e fiscais 1,5 b) Valor mensal do aluguel 0,9 c) Soma dos valores devidos no mês a empregados (critério a ser utilizado, de preferência, em caso de prestação de serviços 0,8 d) Soma dos valores das compras de mercadorias efetuadas em cada mês (critério a ser utilizado, de preferência, em caso de atividade comercial 0,04 e) Soma, em cada mês, dos valores da folha de pagamento dos empregados e das compras de matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem (em caso de indústria) 0,4 f) Valor do capital, inclusive correção monetária contabilizada como reserva de capital, constante do último balanço patrimonial conhecido ou registrado nos atos de constituição ou alteração da sociedade 0,07 g) Valor do patrimônio líquido constante do último balanço patrimonial conhecido 0,05 h) Soma dos valores do ativo circulante, realizável a longo prazo e permanente (atualmente ativo não circulante) existentes no último balanço patrimonial conhecido 0,04 Deverão ainda ser adicionadas ao resultado da aplicação dos percentuais acima (receita bruta conhecida ou não conhecida) parcelas, como: • ganhos de capital, demais receitas e os resultados positivos decorrentes das receitas não compreendidas nos itens anteriores; • rendimento e ganhos líquidos de aplicações financeiras; • valores controlados na parte B do Lalur, que deveriam ter sido adicionados ao lucro real e cuja tributação tenha sido diferida; • juros sobre o capital próprio; • valores recuperados, correspondentes custos e despesas, inclusive com perdas no recebimento de créditos, salvo se a pessoa jurídica comprovar não o ter deduzido em período anterior submetido aos regimes de apuração do lucro real, presumido ou arbitrado. 5.1 Contribuição Social 5.1.1 Receita bruta conhecida A base de cálculo da contribuição social corresponderá a 12% para mercadorias ou 32% para serviços, aplicando-se os mesmos percentuais. Serão ainda acrescidos ganhos e capital, rendimentos e ganhos líquidos de aplicações financeiras e demais resultados positivos de atividades acessórias e outros valores. 65 PLANEJAMENTO CONTÁBIL TRIBUTÁRIO 5.1.2 Receita bruta não conhecida O lucro arbitrado para receita bruta não conhecida será determinado pela aplicação dos coeficientes descritos no quadro 2. Serão ainda acrescidos ganhos e capital, rendimentos e ganhos líquidos de aplicações financeiras e demais resultados positivos de atividades acessórias e outros valores. Alíquota da contribuição social sobre o Lucro Líquido A alíquota da CSLL é de 9%, exceto para instituições financeiras e assemelhadas, que são tributadas à alíquota de 15%. 5.1.3 Exemplo de receita conhecida A seguir, um exemplo do cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Arbitrado. Tabela 13 – Dados trimestrais Receita Bruta R$ Vendade Mercadorias 500.000,00 Receitas de Serviços 50.000,00 Ganhos de Capital 10.000,00 Tabela 14 – Cálculo do Lucro Arbitrado Receitas Brutas R$ Venda de Mercadorias: R$ 500.000,00 x 9,6% 48.000,00 Receitas de Serviços: R$ 50.000,00 x 38,4 19.200,00 Ganho de Capital 10.000,00 Total 77.200,00 Cálculo do IR e Adicional R$ 77.200,00 x 15% = 11.580,00 Adicional de 10% (77.200,00 (-) 60.000,00= 17.200 1.720,00 Imposto e Adicional Devidos 13.300,00 Tabela 15 – Cálculo da contribuição social Receitas Brutas R$ Venda de Mercadorias: R$ 500.000,00 x 12% 60.000,00 Receitas de Serviços: R$ 50.000,00 x 32% 16;000,00 Ganho de Capital 10.000,00 Total 86.000,00 Cálculo da CSLL R$ 86.000,00 x 9% = 7.740,00 66 Unidade II 6 LUCRO PRESUMIDO O lucro presumido, como o próprio nome diz, é a tributação sobre a presunção de um lucro. É uma modalidade optativa que apura o lucro e, consequentemente, o Imposto de Renda das pessoas jurídicas que, observando determinados limites e condições, dispensam a escrituração contábil, exceto a do livro de registro de inventário e do livro-caixa, que está baseada em valores globais da receita para presumir o lucro a ser tributado. O lucro presumido é a forma de tributação simplificada do Imposto de Renda e da CSLL. 6.1 A tributação pelo lucro presumido A regulamentação de tributação pelo lucro presumido é encontrada nos artigos 516 a 528 do Regulamento do Imposto de Renda, no Decreto nº 3.000/99. O art.13 da Lei nº 9.718/98 recebeu nova redação dada pelo art. 7 da Lei nº 12814/2013, passando a dispor que: a pessoa jurídica cuja receita bruta total no ano-calendário anterior tenha sido igual ou inferior a R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais) ou a R$ 6.500.000,00 multiplicado pelo número de meses de atividades do ano anterior quando inferior a 12 meses, poderá optar pelo regime de tributação com base no lucro presumido. A opção pelo lucro presumido só poderá ser feita pela pessoa jurídica que não se enquadrar em nenhum dos impedimentos enumerados no art. 14 da Lei nº 9.718/98. 6.2 Opção pelo regime de lucro presumido Não são todas as pessoas jurídicas que podem optar por essa modalidade, a opção pelo lucro presumido poderá ser feita pelas seguintes pessoa jurídicas: a) cuja receita bruta total tenha sido igual ou inferior a R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais), no ano calendário anterior, ou a R$6.500.000,00 (quatro milhões de reais) multiplicados pelo número de meses em atividade no ano calendário anterior (Lei nº 12814, art. 7, de 2013); b) que não esteja obrigada à tributação pelo lucro real em função da atividade exercida ou da sua constituição societária ou natureza jurídica. 6.3 Empresas vedadas da opção do lucro presumido Segundo a legislação brasileira, não são todas as empresas que podem optar pelo regime de tributação com base no lucro presumido. Existem regras, limitações e impedimento. 67 PLANEJAMENTO CONTÁBIL TRIBUTÁRIO A Lei nº 12814/2013 estabelece que não poderá optar pelo lucro presumido a pessoa jurídica que tenha auferido, no ano-calendário anterior, receita superior ao limite de R$ 78.000.000,00 ou, no caso de período inferior a 12 meses, a proporcionalidade. Também estão impedidas de optar pelo lucro presumido as empresas que tenham obtido lucros oriundos do exterior, que usufruam de benefícios fiscais autorizados pela legislação, ou empresas que explorem atividades de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito etc., de forma cumulativa e contínua. O art. 4º da Lei nº 9.964/00 estabelece que as pessoas jurídicas de que tratam os incisos I, III, IV e V do art. 14 da Lei nº 9.718/98 poderão optar, durante o período em que estiverem submetidas aos Refis, pelo regime de tributação com base no lucro presumido. Isso significa que, enquanto estiver pagando o parcelamento de tributos com o programa do Refis, a pessoa jurídica poderá optar pelo lucro presumido, ainda que (HIGUCHI et al., 2005): I – a receita total do ano-calendário anterior tenha sido superior a R$ 78.000.000,00; II – tenha lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior; III – usufrua de benefício fiscal de isenção ou redução de imposto sobre o lucro; IV – no decorrer do ano-calendário, tenha efetuado pagamento mensal pelo regime de estimativa. 6.4 Limite de receita A pessoa jurídica que, a partir 01/01/2014 auferiu receita total de até R$ 78.000.000,00 poderá optar pela tributação com base no lucro presumido no período-base de 2013, desde que não se enquadre em qualquer uma das outras vedações. O limite de R$ 78.000.000,00 refere-se à receita total do ano-calendário anterior. A Receita Federal tem esclarecido em seus manuais de orientação que integram a receita total: a) A receita bruta auferida na atividade objeto da pessoa jurídica (venda de mercadorias ou produtos ou da prestação de serviços). b) As receitas de qualquer outra fonte não relacionadas diretamente com os objetivos sociais da pessoa jurídica. c) Os ganhos de capital. d) Os ganhos líquidos obtidos em operações de renda variável. 68 Unidade II e) Os rendimentos auferidos em aplicações de renda fixa. f) Os rendimentos decorrentes de participações societárias (HIGUCHI, 2005, p. 40). 6.5 Período de apuração O imposto de renda com base no lucro presumido é determinado por períodos de apuração trimestrais, encerrados em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário (Lei nº 9.430, de 1996, arts. 1 e 25; RIR/1999, art. 516, § 5º). 6.6 Momento da opção O § 1. do art. 13 da Lei nº 9.718/98 dispõe que a opção pela tributação com base no lucro presumido será definitiva em relação a todo o ano-calendário. Com isso, está revogada a faculdade prevista no art. 26, § 3o., da Lei nº 9.430/96, para mudar a opção de lucro presumido para lucro real trimestral ou anual, no curso do ano-calendário ou por ocasião da entrega da declaração de informações. O § 1. do art. 26 da Lei nº 9.430/96, dispõe que a opção pela tributação com base no lucro presumido se manifestará com o pagamento da primeira ou única quota do imposto devido correspondente ao primeiro período de apuração de cada ano-calendário (art. 516 § 4. do RIR/99). A Lei elegeu o momento da opção do lucro presumido no ato do pagamento da primeira ou única quota do Imposto de Renda. A data do pagamento de outros tributos ou contribuições não é o momento da opção. Para as empresas já existentes, o momento da opção poderá ser o último dia útil de abril. Apesar do momento da opção ser o pagamento do Imposto de Renda, as empresas devem recolher o PIS e a Cofins no mês de fevereiro sobre os fatos gerados de janeiro com os códigos do regime de tributação do Imposto de Renda a ser escolhido. Essa preocupação não existia antes da instituição do regime não cumulativo de PIS e Cofins, porque os códigos dessas contribuições eram os mesmos tanto para lucro presumido quanto para lucro real. 6.7 Redarf para mudança de forma de tributação Segundo Higuchi (2005): A legislação em vigor não permite mudar a forma de tributação de lucro presumido para lucro real ou desta para aquela forma. A Opção exercida no primeiro pagamento do imposto de renda ou da CSLL em cada período de apuração é definitiva. Inúmeras empresas procuram fazer o REDARF, isto é, a retificação do código do pagamento de tributo para viabilizar a mudança de forma da tributação (HIGUCHI, 2005, p. 41). 69 PLANEJAMENTO CONTÁBIL TRIBUTÁRIO 6.8 Regime de reconhecimento de receitas De acordo com Higuchi (2005): O § 2O. do art. 36 da IN nº 93 de 24/12/97, dispunha que o lucro presumido será determinado pelo regime de competência. O art. 37 daquela instituição excetuava da regra os rendimentos auferidos em aplicações de renda fixa e os ganhos líquidos auferidos em aplicações de renda variável que eram acrescidos à base de cálculo do lucro presumido por ocasião da alienação, resgate ou cessão do título ou aplicação. A IN nº 104,24/08/98 veio permitira adoção do critério de reconhecer as receitas das vendas de bens e serviços ou da prestação de serviços, com pagamento a prazo ou em parcelas, na medida dos recebimentos ou seja, regime de caixa, para as pessoas jurídicas optantes pela tributação com base no lucro presumido. Com isso, a empresa, ao vender uma mercadoria para recebimento em dez prestações mensais, determinará a base de cálculo para pagamento do imposto de renda, da CSL, da contribuição ao PIS/PASEP e da COFINS, só com a receita efetivamente recebida no trimestre. Esse regime é aplicável também para as empresas enquadradas no simples para pagamento mensal do tributo. A apuração dos tributos pelo regime de caixa que é facultativa poderá ser adotada tanto pelas pessoas jurídicas que mantém só o livro caixa como pelas quem mantém a escrituração contábil. As empresas que mantêm só o livro caixa deverão observar o seguinte: • emitir a nota fiscal quando da entrega do bem ou direito ou da conclusão do serviço; • indicar, no livro Caixa, em registro individual, a nota fiscal a que corresponder cada recebimento. As pessoas jurídicas que mantiveram escrituração contábil deverão controlar os recebimentos de suas receitas em conta específica, na qual, em cada lançamento, será indicada a nota fiscal a que corresponder o recebimento. As pessoas jurídicas submetidas as regime de tributação com base no lucro presumido somente poderão adotar o regime de caixa, para fins de incidência da contribuição para PIS/PASEP e da COFINS, na hipótese de adotar o mesmo critério em relação ao pessoas jurídicas e da CSLL (art. 20 da MP nº 2.158-35/01). 70 Unidade II A IN nº 345 de 28/07/03 disciplinou os ajustes a serem efetuadas na mudança do regime de reconhecimento de receitas, de caixa para competência, por opção ou obrigatoriedade (HIGUCHI, 2005, p. 41-42). 6.9 A determinação do lucro presumido Segundo Higuchi: A base de cálculo do imposto de renda das empresas tributadas pelo lucro presumido, em cada trimestre, será determinada mediante aplicação de percentuais fixados no art. 15 da Lei nº 9.249/95, de acordo com atividade da pessoa jurídica, sobre a receita bruta auferida no trimestre, sendo o resultado acrescido de outras receitas, rendimentos e ganhos de capital na forma do art., 25 da Lei nº 9.430/96. Com isso os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras de renda fixa e de renda variável também compõem a base de cálculo do imposto de renda trimestral. O imposto retido na fonte ou pago separadamente é considerado como antecipação do devido no trimestre (HIGUCHI, 2005, p. 42). Desta forma, de acordo com a Receita Federal, para determinação da base de cálculo do imposto e adicional no regime do lucro presumido observar-se-á o montante determinado pela soma das parcelas resultantes da aplicação de percentuais de presunção, variáveis conforme a atividade operacional que a empresa exerce, percentuais estes aplicados sobre a receita bruta auferida nos trimestres encerrados em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário. Aos resultados obtidos da aplicação dos percentuais de presunção, deverão ser acrescidos os ganhos de capital, os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras tanto de renda fixa quanto variáveis, variações monetárias ativas, receitas de locação de imóveis quando não for o objetivo social da empresa; os ganhos obtidos em contratos de mútuo entre as pessoas jurídicas coligadas, controladas, controladoras ou interligadas. A Lei nº 9.430, de 1996, art. 54 estabelece que a pessoa jurídica que, até o ano-calendário anterior, tenha sido tributada com base no lucro real, deverá adicionar à base de cálculo do Imposto de Renda, referente ao primeiro período de apuração no qual houver optado pela tributação com base no lucro presumido ou for tributada com base no lucro arbitrado, os saldos dos valores que tenham tido a tributação diferidos, cujos controles foram escriturados na parte B do Lalur (Lei nº 9.430, de 1996, art. 54). 71 PLANEJAMENTO CONTÁBIL TRIBUTÁRIO Saiba mais Nos links a seguir, do site da Receita Federal, você encontrará a legislação completa do regime de lucro presumido. Neles, poderão ser buscadas as respostas para diversas perguntas relacionadas ao regime de lucro presumido: <http://www.receita.fazenda.gov.br/pessoajuridica/dipj/2000/ orientacoes/lucropresumido.htm>. <http://www.receita.fazenda.gov.br/pessoajuridica/dipj/2001/PergResp 2001/pr518a553.htm>. 6.10 Receitas financeiras no lucro presumido A emenda da Solução de Consulta nº 239 da 9. RF (DOU de 04/08/06) diz que os rendimentos e ganhos líquidos decorrentes de aplicações financeiras serão acrescidos ao lucro real pelo regime de competência. Por outro lado, para as pessoas jurídicas que optarem pelo lucro presumido ou arbitrado, esses rendimentos serão acrescidos à base de cálculo quando da alienação, resgate ou cessão do título ou aplicação. Os rendimentos de aplicações financeiras em fundos de investimentos passaram a ser tributados na fonte semestralmente pela Lei nº 11.033, de 2004. A decisão em consulta, com base no art. 37 da IN nº 93, de 24/12/97, diz que as pessoas jurídicas tributadas pelo lucro presumido ou arbitrado acrescerão os rendimentos de aplicações financeiras à base de cálculo do IRPJ quando da alienação, resgate ou cessão do título ou aplicação. 6.11 Receitas e rendimentos não tributáveis pelo lucro presumido Consideram-se não tributáveis as receitas e rendimentos relacionados a seguir1: • recuperações de créditos que não representem ingressos de novas receitas, e cujas perdas não tenham sido deduzidas na apuração do lucro real em períodos anteriores; • a reversão de saldo de provisões anteriormente constituídas, desde que o valor provisionado não tenha sido deduzido na apuração do lucro real dos períodos anteriores, ou que se refiram ao período no qual a pessoa jurídica tenha se submetido ao regime de tributação com base no lucro presumido ou arbitrado (Lei n° 9.430/96, art. 53); • os lucros e dividendos recebidos decorrentes de participações societárias, caso se refiram a períodos em que eles sejam isentos de Imposto de Renda. 1 Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/pessoajuridica/dipj/1999/Inf_Gerais/Receitas_e_Rendimentos _nao_Tributaveis.htm>. Acesso em: 9 jan. 2012. 72 Unidade II 6.12 Base de cálculo para apuração do Imposto de Renda sobre o lucro presumido Para que se consiga a base de cálculo do Imposto de Renda sobre o lucro presumido, necessita-se aplicar na receita bruta percentuais de presunção. Eles encontram-se citados conforme o art. 223 do RIR/99. Esses percentuais de presunção constantes são divididos de acordo com a atividade, segundo orientações da Receita Federal, e deverão ser aplicados à receita bruta mensal obtida com cada atividade, a saber: • À receita bruta obtida na atividade de revenda para consumo de combustíveis, será aplicado o percentual de presunção de 1,6%. • Sobre a receita bruta mensal obtida com a venda de produtos de fabricação própria, revenda de mercadorias em geral, o percentual de presunção é de 8%. • Para a receita bruta mensal obtida com a prestação de serviços de transportes, excetuando os de cargas, o percentual a ser aplicado será de 16%. • Para a receita brutal mensal proveniente de serviços em geral, o percentual é de 32%. No caso de uma pessoa jurídica que tenha atividades diversificadas, será aplicado o percentual correspondente sobre cada receita obtida em cada atividade. Exemplo: uma empresa obteve receita bruta mensal com a venda de seus produtos no valor de R$ 186.000,00 e, como prestação de serviços de manutenção, R$ 43.500,00. A base de cálculo deverá ser calculada: Receita das vendas de produtos R$ 186.000,00 x 8% = R$ 14.880,00 Receita dos serviços R$ 43.500,00 x 32% = R$ 13.920,00 Base de cálculo R$ 28.800,00 Portanto, neste caso, a base de cálculo apurada é de R$ 28.800,00. As pessoasjurídicas cujo objetivo social seja a prestação de serviços, desde que não desenvolvam a atividade de serviços hospitalares, e as prestadoras de serviços de profissões regulamentadas que tenham auferido a receita bruta anual inferior a R$ 120.000,00 deverá adotar o percentual de 16% para apuração do lucro presumido. Assim determina o artigo 519 do RIR/99 §4º (BRASIL, 1999). Os §§ 6º. e 7º. do art. 519 do RIR /99 estabelece que a pessoa jurídica que utilizar o percentual reduzido para determinação do lucro presumido e em determinado mês do ano-calendário tenha o limite de R$ 120.000,00 excedido, estará sujeita ao recolhimento da diferença do imposto, para cada mês, até o último dia útil do mês subsequente àquele em que o excesso foi ocorrido. Para esse recolhimento não haverá acréscimo. 73 PLANEJAMENTO CONTÁBIL TRIBUTÁRIO Porém, o exercício das profissões que são legalmente regulamentadas, independentemente de terem auferido receita bruta anual até R$ 120.000.00 não poderá se beneficiar da alíquota reduzida de 16%, devendo utilizar a alíquota de 32% para determinação do lucro presumido, determinação que consta do ADN Cosit nº 22, de 20002. 6.13 Alíquota do Imposto de Renda e adicional a que estão sujeitas as pessoas jurídicas que optarem pelo lucro presumido A alíquota a ser aplicada sobre a base de cálculo para apuração do Imposto de Renda é 15%. Sobre a parcela do lucro presumido que ultrapassar o valor de R$ 60.000,00 em cada trimestre, incidirá o adicional do Imposto de Renda, que será calculado mediante a aplicação do percentual de 10% somente sobre a parcela que exceder os R$ 60.000,00, sendo que o valor do adicional deverá ser recolhido integralmente, sem qualquer dedução. Para os casos em que o período de apuração seja inferior a três meses, deverá ser considerado para fins de adicional do Imposto de Renda o valor de R$ 20.000,00 para cada mês, multiplicando-se pelo número de meses do período. Normalmente ocorre no início das atividades das empresas. 6.14 Alíquotas de contribuição social sobre o lucro presumido 9 % de contribuição social sobre o lucro presumido trimestral. 6.15 Exemplo de cálculo dos impostos Dados relativos ao trimestre Receita bruta – revenda de mercadoria ................................. R$ 3.000.000,00 Prestação de serviço em geral .........................................................R$ 600.000,00 Total ........................................................................................................ R$ 3.600.000,00 Outras receitas ...........................................................................................R$ 70.000,00 Total .........................................................................................................R$ 3.670.000,00 6.15.1 Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) Vendas de mercadorias (12%) sobre R$ 3.000.000,00 ...........R$ 360.000,00 Serviços (32%) sobre R$ 600.000,00 ............................................R$ 192.000,00 Outras receitas ...........................................................................................R$ 70.000,00 Base de cálculo .......................................................................................R$ 622.000,00 Contribuição devida de 9% sobre R$ 622.000,00 ......................R$ 55.980,00 2 Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/atosant2001/2000/COSIT/ADNCosit022.htm>. Acesso em: 9 jan. 2012. 74 Unidade II 6.15.2 Cálculo do Imposto de Renda sobre o lucro presumido Vendas de mercadorias (8%) sobre R$ 3.000.000,00 ............R$ 240.000,00 Serviços (32%) sobre R$ 600.000,00 ...........................................R$ 192.000,00 Outras receitas ..........................................................................................R$ 70.000,00 Base de cálculo ...................................................................................... R$ 502.000,00 Calculo do imposto devido: 15% sobre R$ 502.000,00 ...................................................................R$ 75.300,00 Adicional de 10% que ultrapassar R$ 60.000,00 no trimestre: 10% sobre (502.000,00 – 60.000,00) = 442.000,00 ..................R$ 44.200,00 Total do Imposto de Renda devido ................................................R$ 119.500,00 6.15.3 Cálculo do PIS e Cofins no lucro presumido Há ainda a incidência do PIS e da Cofins sobre o faturamento ou a receita bruta apurada no trimestre: PIS de 0,65% sobre R$ 3.600.000,00 ..............................................R$ 23.400,00 Cofins de 3% sobre R$ 3.600.000,00 ........................................... R$ 108.000,00 6.16 Necessidade de escrituração contábil A pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido deverá manter a manter escrituração contábil nos termos da legislação comercial, sendo que, para efeitos fiscais, é dispensável a escrituração quando a pessoa jurídica mantiver Livro Caixa, em que a escrituração contempla toda a movimentação financeira, inclusive bancária, devendo manter inclusive: • Livro Registro de Inventário, onde deverão estar registrados os estoques existentes no término do ano-calendário abrangido pela tributação simplificada. • Demais livros de escrituração obrigatória, conforme determinados pela legislação específica, bem como todos os documentos e demais memórias de cálculos e papéis que servirem de base para a escrituração fiscal e comercial (Decreto-Lei nº 486, de 1969, art. 4.). Deverá ser mantido enquanto o prazo decadencial não estiver decorrido e prescritas quaisquer ações que sejam pertinentes. • Deverão manter o Lalur (Livro de Apuração do Lucro Real) as pessoas jurídicas que tiverem lucros diferidos de períodos anteriores, conforme IN SRF nº 93, de 1997, art. 36, inciso V, §§ 7º. e 8º., o saldo de lucro inflacionário a ser tributado especificamente no caso de ser optante pelo lucro presumido no ano-calendário 1996 e/ou prejuízos a compensar. 75 PLANEJAMENTO CONTÁBIL TRIBUTÁRIO • Conforme determinado no art. 1º. da MP nº 2.221/2001, no caso de incorporação submetida ao regime de afetação, o incorporador estará incumbido de manter a escrituração contábil completa, mesmo que seja optante pela tributação com base no lucro presumido. 6.17 Distribuição de lucros aos sócios De acordo com a legislação (Lei nº 9.2493, de 1995, art. 10; ADN Cosit nº 4, de 1996; e IN SRF nº 11, de 1996, art. 51), a pessoa jurídica optante pelo lucro presumido, poderá distribuir lucros aos seus titulares, sócios ou acionistas sem incidência do Imposto de Renda, portanto, não haverá a retenção na fonte do imposto. O valor a ser distribuído é o correspondente ao lucro presumido, diminuído de todos os impostos e contribuições a que a pessoa jurídica estiver sujeita, inclusive do adicional do IR, CSLL, Cofins, PIS e Pasep. A pessoa jurídica poderá distribuir, sem a incidência do Imposto de Renda, valores superiores ao lucro presumido, até o limite do lucro contábil, desde que seja demonstrado por meio de escrituração contábil, conforme as leis comerciais vigentes, que o lucro contábil supera o lucro presumido. No caso de haver distribuição de lucros de valor superior ao apurado contabilmente, deverá ser imputado à conta de lucros acumulados ou conta de reservas de lucros de exercícios anteriores. Neste caso, a distribuição deverá ser feita com a incidência do Imposto de Renda, com base na legislação vigente, correspondente aos respectivos períodos, com os acréscimos legais. A IN SRF nº 934 de 1997, art. 48, § 4º, determina que, inexistindo lucros acumulados, reservas de lucros em montante suficiente, bem como lucros que não tenham sido apurados em balanço, a parcela que exceder será submetida à tributação e, no caso de o beneficiário ser pessoa física, deverá ser aplicada a tabela progressiva mensal. 6.18 Isenção de Imposto de Renda sobre lucros distribuídos pela pessoa jurídica A mesma Instrução Normativa nº 93 determina que a isenção do imposto de renda abrange somente os lucrosdistribuídos, sendo que outros valores distribuídos a título de pró-labore, aluguéis e serviços prestados, por exemplo, serão tributados conforme a legislação que rege a matéria. Sendo esses rendimentos distribuídos a pessoas físicas, deverão ser tributados com base na utilização da tabela progressiva e, no caso de pessoa jurídica, os rendimentos deverão ser considerados como receita operacional, sendo passíveis ou não de tributação, conforme o caso. 3 Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/leis/ant2001/lei924995.htm>. Acesso em: 11 jan. 2012. 4 Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/ins/ant2001/1997/insrf09397.htm>. Acesso em: 11 jan. 2012. 76 Unidade II Tabela 16 – Exemplo de cálculo de distribuição de lucros Valor da base de cálculo do IRPJ 50.000 (-) IRPJ devido no trimestre -7.500 (-) CSLL devida no trimestre -6.750 (-) PIS devido no trimestre -4.063 (-) Cofins devida no trimestre -18.750 = Valor que deve ser distribuído aos sócios 12.937 6.19 Deduções do imposto de renda devido A legislação tributária permite que a pessoa jurídica tributada pelo lucro presumido possa deduzir do Imposto de Renda apurado no período o montante retido na fonte sobre a receitas que venham integrar a base de cálculo do imposto correspondente. Lembrando que o Imposto de Renda na fonte incidente sobre aplicações financeiras e sobre os juros de capital próprio passou a ser retido a título de antecipação. Também baseado na legislação vigente (art. 10 da Lei nº 9.532/97), a partir de janeiro de 1998, as empresas jurídicas tributadas pelo lucro presumido não têm direito a qualquer dedução a título de incentivo fiscal do Imposto de Renda. 6.20 Tributação do PIS e da Cofins para empresas optantes pelo lucro presumido Conforme as Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, que regem o assunto de tributação do PIS e da Cofins, as pessoas jurídicas optantes pela tributação sobre o lucro presumido ficam sujeitas ao regime cumulativo, cujas alíquotas são de 0,65% para o PIS e 3% para a Cofins. Observação Nesse regime, são vedados os créditos decorrentes de custos, despesas e encargos vinculados às receitas. Da base de cálculo das contribuições devidas na modalidade cumulativa serão excluídos, entre outros: • O IPI nas empresas contribuintes do imposto. • As vendas canceladas e os descontos concedidos incondicionalmente. • O ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador de serviços na condição de substituto tributário. • As reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representam ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivando de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita. 77 PLANEJAMENTO CONTÁBIL TRIBUTÁRIO • Receita decorrente da venda de ativo permanente (imobilizado). • Receitas decorrentes dos recursos recebidos a título de repasse, oriundos do Orçamento Geral da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, pelas empresas públicas e sociedades de economia mista. • As receitas da exportação de mercadorias para o exterior. • As receitas dos serviços prestados à pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas. • As receitas de fornecimento de mercadorias ou serviços para uso ou consumo de bordo em embarcações e aeronaves em tráfego internacional, quando o pagamento for efetuado em moeda conversível. • As receitas auferidas por estaleiros navais brasileiros nas atividades de construção, conservação, modernização, conversão e reparo de embarcações pré-registradas no Registro Especial Brasileiro. • As receitas de fretes de mercadorias importadas entre o país e o exterior pelas embarcações registradas no Registro Especial Brasileiro. • As receitas de vendas realizadas pelo produtor-vendedor às empresas comerciais exportadoras. • As receitas de vendas, com o fim específico de exportação para o exterior, a empresas exportadoras, registradas na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Resumo Nesta unidade destacaram-se duas formas de tributação: o lucro arbitrado e o lucro presumido. O lucro arbitrado necessariamente não é uma opção livre do contribuinte, ou seja, somente é utilizado pela autoridade fiscal quando o contribuinte não é capaz de demonstrar a veracidade de seus lucros ou resultados mensais, trimestrais ou até mesmo anuais, e que decorrem do não cumprimento ou escrituração correta das obrigações fiscais e principais e acessórias. O contribuinte mostra uma escrituração incompleta em todos os sentidos, seja nos livros fiscais de entradas e saídas, seja no livro diário e razão, dificultando para a autoridade fiscal apurar efetivamente o lucro da empresa. Dessa situação decorre que a autoridade fiscal, ao arbitrar o lucro, poderá ter como parâmetro duas situações previstas na legislação tributária. 78 Unidade II A primeira é a Receita Bruta Conhecida. Neste caso, conforme o ramo de atividade, por exemplo, empresas comerciais e industriais, será aplicado sobre a receita bruta o percentual de 9,6% sobre a receita bruta, obtendo-se dessa maneira o valor do lucro arbitrado que servirá como base para aplicação dos percentuais de 15% de Imposto de Renda e o Adicional de 10% de Impostos de Renda quando o lucro arbitrado ultrapassar R$ 60.000,00 trimestralmente. Restará ainda a aplicação de 9% sobre o Lucro Arbitrado a título de CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Importante dizer que os percentuais aplicáveis sobre a Receita Bruta variam conforme o tipo de atividade desenvolvida pela empresa, tais como serviços gerais, serviços de transportes, serviços hospitalares, construção civil, bancos comerciais e de investimentos e demais atividades, conforme demonstrado nesta unidade. Ainda que o lucro arbitrado possa ter um caráter punitivo, é facultado ao contribuinte o autoarbitramento quando ocorre involuntariamente ou por força maior o extravio das documentações e dos livros fiscais, devidamente comprovado nos termos da Lei Civil e também quando a receita é conhecida. A segunda situação é a Receita Bruta Não Conhecida. Nesta situação os percentuais de arbitramento recaem sobre outros parâmetros, por exemplo: • Lucro auferido no último período em que manteve escrituração de acordo com as leis comerciais e fiscais, cujo coeficiente aplicável é de 1,5. • Valor do aluguel devido em cada mês, coeficiente de 0,9. • Soma dos valores devidos em cada mês a empregados (critério utilizado, de preferência, em caso de prestação de serviços, coeficiente de 0,4). Deixamos claro que existem outros coeficientes aplicáveis a uma série de outros parâmetros. O lucro presumido é uma modalidade optativa de tributação para as empresas cujo faturamento não tenha ultrapassado R$ 78.000.000,00 de Receita Total, no ano calendário anterior, ou R$ 6.500.000,00 multiplicado pelos meses em atividade, no ano calendário anterior. Existem impedimentos legais para adoção do Regime do Lucro Presumido, por exemplo, para empresas que tenham receitas oriundas do exterior ou que recebam benefícios fiscais previstos na legislação tributária. 79 PLANEJAMENTO CONTÁBIL TRIBUTÁRIO Da mesma forma, se a empresa puder se enquadrar no Regime de Lucro Presumido pelo fato de sua receita total anual não ultrapassar R$ 78.000.000,00 e quiser utilizar o Regime de Lucro Real, não há impedimentos. Uma empresa que fature em torno de R$ 48.000.000,00 anuais e queira adotar o Regime de Lucro Real pode fazê-lo. Neste sentido, é o planejamento tributário que deve ser levado em consideração, ou seja, escolher entre obter o valor do Lucro Presumido Trimestralmente com base nos percentuais aplicáveis sobre a sua Receita Bruta Total , de acordo com seu ramo de atividade e a tabela de percentuais estabelecidosde legislação tributária, ou adotar o Regime de Tributação pelo Lucro Real, cuja base de cálculo tem por origem os lucros contábeis apurados em balancetes trimestrais e ajustados conforme exigências da legislação tributária. Toda essa decisão dependerá do ramo de atividade da empresa cujos percentuais de presunção dos lucros aplicáveis sobre a receita bruta total variam entre 1,6% a 32%, e também da capacidade da empresa de prever o montante do seu lucro contábil trimestral, obtido através de seus balancetes em sua contabilidade e qual seria a menor base de cálculo para imposto de renda e contribuição social sobre o lucro, ou seja, o lucro contábil ou o lucro presumido. Importante também destacar que, na modalidade do Lucro Presumido, os impostos que incidem sobre o faturamento mensal, tais como o PIS e a Cofins, possuem percentuais menores, isto é, 0,65% para o PIS e 3% para a Cofins, enquanto no Lucro Real os percentuais são maiores, de 1,65% para o PIS e 7,6% para a Cofins. De qualquer forma, a compilação ou o ordenamento de informações de natureza contábil e fiscal no lucro presumido são mais fáceis nos finais dos meses ou períodos, um menor grau de trabalho ou atividades, até porque a Receita Federal toma como base em suas fiscalizações principalmente os livros de saídas de vendas de bens e serviços para concluir se os impostos estão sendo calculados e recolhidos corretamente. Em outras palavras, ainda que não haja preocupação por parte da Receita Federal, a pré-existência de uma contabilidade organizada e de acordo com todos os preceitos previstos na Teoria Contábil não isenta a empresa de fazer a sua escrituração contábil diariamente nos seus respectivos livros diário e razão. No Lucro Presumido, que toma as receitas totais como base de cálculo, sempre a apuração será trimestral. 80 Unidade II Exercícios Questão 1. (Enade 2009) Leia as afirmativas: O prejuízo fiscal compensável é aquele apurado na demonstração do lucro real de determinado período e controlado na Parte B do Lucro de Apuração do Lucro Real (Lalur). PORQUE Existem dois tipos de prejuízos distintos: o contábil, apurado pela contabilidade na Demonstração de Resultado do Exercício (DRE), e o fiscal, apurado na demonstração do lucro real, por meio do Lalur. Em relação ao prejuízo contábil, sua absorção segue as determinações da legislação societária, enquanto as regras de compensação de prejuízos fiscais são determinadas pela legislação do Imposto de Renda. Com base na leitura dessas frases, é correto afirmar que: A) A primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira. B) A primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa. C) As duas afirmações são falsas. D) As duas afirmações são verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. E) As duas afirmações são verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira. Resposta correta: alternativa E. Análise das afirmativas A primeira afirmação é verdadeira. Justificativa: o prejuízo contábil é apurado com base na DRE, conforme a legislação societária. Esse relatório parte das receitas brutas operacionais e não operacionais da empresa, deduzidos os custos, as despesas e os impostos no referido exercício social. A segunda afirmação é verdadeira, mas não justifica a primeira. Justificativa: existem determinados lançamentos em contas de despesas e de receitas, durante o exercício social da empresa, que não são considerados para efeito de apuração do resultado fiscal/ tributário, o que implica controle individualizado no Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur). 81 PLANEJAMENTO CONTÁBIL TRIBUTÁRIO Questão 2. (ESAF 2009, adaptada) Sobre a Contribuição Social para o Lucro Líquido (CSLL), instituída pela Lei nº 7.689/88, julgue as afirmativas a seguir, classificando-as como verdadeiras (V) ou falsas (F). Em seguida, assinale a alternativa correta. I – A sua base de cálculo é a mesma do Imposto de Renda das pessoas físicas, sendo que as deduções e compensações admissíveis para a apuração de um correspondem àquelas admitidas para fins de apuração da base de cálculo do outro. II – A sua base de cálculo é o valor do resultado do exercício antes da provisão para o imposto de renda. III – A CSLL poderá incidir sobre o resultado presumido ou arbitrado, quando tal seja o regime de apuração a que a pessoa jurídica se submete relativamente ao imposto de renda. É correto apenas o que se destaca na(s) afirmativa(s): A) I e II. B) I e III. C) II e III. D) Todas as afirmativas são corretas. E) III. Resolução desta questão na plataforma.
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