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Claudia Amorim Trauma de Tórax Objetivo • Discutir a anatomia e fisiologia normais dos órgãos torácicos; • Relacionar o trauma com os tipos de lesão mais comumente encontradas; • Discutir os sinais, sintomas e o tratamento das principais lesões decorrentes do trauma torácico. Programação • Anatomia; • Fisiologia da ventilação e da circulação; • Fisiopatologia; • Avaliação; • Lesões torácicas: 1. Fraturas de costela; 2. Tórax instável; 3. Contusão pulmonar; 4. Pnemotórax; 5. Hemotórax; Programação 6. Contusão cardíaca; 7. Tamponamento cardíaco; 8. Ruptura traumática da aorta; 9. Ruptura traqueobrônquica; 10. Ruptura de diafragma. Anatomia •Tórax é um cilindro oco, constituído por estruturas ósseas e musculares, composto de 12 pares de costelas; •Essa caixa fornece uma proteção acentuada aos órgãos internos da cavidade torácica e da parte superior do abdome; •Um número grande de músculos recobrem essa caixa óssea (intercostais, peitorais, serráteis e grande dorsal) oferecendo grande resistência a impactos e traumas; Anatomia • Existem também os músculos envolvidos no processo de ventilação: intercostais, diafragma e músculos do pescoço; • Uma fina membrana, a pleura parietal, reveste a cavidade formada por essas estruturas; • Uma outra fina camada reveste os outros órgãos da cavidade torácica chamada pleura visceral; Anatomia • Entre as camadas há uma pequena quantidade de líquido que as mantém unidas, impedindo que os pulmões colabem; • Os pulmões ocupam as metades direita e esquerda do tórax. Entre eles, há uma área chamada mediastino, onde estão o coração, os grandes vasos, a traquéia, os brônquios fonte e o esôfago. Anatomia Fisiologia •Ventilação é o processo pelo qual o ar se move através da boca e do nariz, para traquéia, brônquios, pulmões e alvéolos; •O oxigênio une-se a hemoglobina das hemácias para ser transportada para todo organismo; •O gás carbônico que está dissolvido no sangue, se difunde para o ar dos alvéolos para ser eliminado durante a expiração. Mecânica Ventilatória • Inspiração: Contração do diafragma e dos músculos intercostais Aumento do volume da caixa torácica Pressão negativa Entrada do ar nos pulmões • Expiração: Diafragma e músculos intercostais relaxam Retorno do diafragma e costelas para posição neutra Aumento da pressão intratorácica Saída do ar dos pulmões Mecânica Ventilatória Controle da ventilação Método primário Nível elevado de PaCO2 no sangue Detecção do CO2 pelos quimiorreceptores do centro respiratório Aumento da freqüência e da profundidade da respiração Método Backup Queda da PaO2 Detecção da PaO2 pelos quimiorreceptores da artéria aorta e carótidas Estimulação do centro respiratório Aumento da freqüência e da profundidade da respiração Controle da ventilação Fisiologia •O coração se situa no centro do tórax e funciona como uma bomba biológica; •Para funcionar adequadamente a bomba precisa ser preenchida por líquido através das VCS E VCI; •Assim os processos que interferem no retorno venoso como a perda sangüínea e a pressão elevada na cavidade torácica, bem como no coração como o tamponamento e a contusão cardíaca podem reduzir muito o débito cardíaco e levar o paciente ao choque. Fisiologia • O coração assim como os pulmões tem um sistema de controle que age de forma imediata; • Os barorreceptores são células especializadas que reconhecem as alterações na pressão arterial e instruem o coração a mudar a freqüência e a potência de seu batimentos. Fisiopatologia •Lesões Penetrantes: causadas por objetos de tamanhos variáveis que atravessam a parede torácica e lesam os órgãos internos; •Lesões Contusas: a força contusa aplicada à parede torácica é transmitida aos órgãos torácicos, especialmente aos pulmões; •Energia e Lesão: a capacidade de qualquer mecanismo de produzir lesão está associada com a quantidade de energia envolvida. Avaliação • Cena; • Mecanismo de trauma; • História; • Exame Físico; 1. Inspeção (palidez, sudorese, cianose, assimetria, dispnéia, desvio de traquéia); 2. Ausculta; 3. Palpação; 4. Percussão. Fraturas de costelas •Mais comuns na face lateral da 4 a 8 costela, onde são mais finas e menos protegidas pela musculatura; •Geralmente os pacientes queixam de dor e falta de ar; •É importante oferecer analgesia e, em alguns casos, oxigênio suplementar; •Atenção para risco de lesão de órgãos intratorácicos. Fratura de costelas Tórax instável • A instabilidade do tórax ocorre quando duas ou mais costelas adjacentes são fraturadas em pelo menos dois lugares, fazendo com que um segmento da parede torácica passe a não apresentar mais continuidade com o restante do tórax; • Provavelmente haverá contusão pulmonar subjacente Tórax instável •Na avaliação é evidenciado movimento paradoxal do tórax durante a ventilação; •O paciente sente dor e desconforto torácico, a freqüência ventilatória se eleva e o paciente não consegue respirar profundamente; •Pode ocorrer hipóxia e insuficiência respiratória dependendo do tamanho da área lesada e da presença de contusão pulmonar; •O tratamento baseia-se no alívio da dor, suporte ventilatório e monitoramento de uma possível piora do quadro. Tórax instável Contusão pulmonar •A laceração ou rompimento do tecido pulmonar por mecanismos contusos ou penetrantes causam sangramento e edema no parênquima pulmonar impedindo a troca gasosa; •Pode ocorrer deterioração até o ponto de franca insuficiência respiratória nas primeiras horas; •O tratamento se baseia no suporte ventilatório, na monitorização contínua, na restrição hídrica em pacientes sem instabilidade hemodinâmica. Pneumotórax • Tipos de Pneumotórax: 1. Simples; 2. Aberto; 3. Hipertensivo. Pneumotórax simples É causado pela presença de ar no espaço pleural; O pulmão sofre colabamento à medida que o ar entra no espaço pleural; O paciente apresenta sinais e sintomas variáveis de disfunção respiratória; Os sinais clínicos clássicos são a diminuição do murmúrio vesicular e timpanismo à percussão do tórax. Pneumotórax simples Um ponto fundamental do tratamento é reconhecer que um pneumotórax simples pode evoluir para um pneumotórax hipertensivo; É necessário monitorização rigorosa do paciente; A administração do oxigênio e obtenção de acesso venoso é mandatória; É importante estar preparado para descomprimir tórax se for necessário. Pneumotórax aberto Comunicação entre o ar ambiente e o espaço pleural através de um defeito na parede torácica; O ar entra e sai do pulmão durante a inspiração e a expiração por uma via anormal; Ocorre colabamento do pulmão e insuficiência respiratória aguda; É causado por ferimentos de arma de fogo, de arma branca e, ocasionalmente, trauma contusa; Pneumotórax aberto Sinais clínicos: taquipnéia, pulso radial fino e rápido, ansiedade. A inspeção do tórax revela ferimento que pode produzir ruídos audíveis; Tratamento envolve o fornecimento de oxigênio e o fechamento do orifício no tórax: 1. Curativo de três pontos; 2. Pode ser necessária a intubação e ventilação com pressão positiva; 3. Drenagem de tórax. Pneumotórax aberto Pneumotórax aberto Pneumotórax Hipertensivo É uma emergência potencialmente fatal; O ar penetra na cavidade torácica de forma contínua e eleva a pressão intratorácica; Ocorre insuficiência respiratória aguda e choque; A crescente pressão de um dos lados do tórax empurra as estruturas do mediastino na direção oposta; Pneumotórax Hipertensivo Qualquer paciente com lesão torácica apresenta risco de desenvolvimento de pneumotórax hipertensivo; Pacientes de alto risco são os que apresentam fratura de costelas, os que têm um pneumotórax diagnosticado e aqueles que estão submetidos a ventilação com pressão positiva; Pneumotórax Hipertensivo Os achados clínicos dependem da quantidade de pressão acumulada no espaço pleural e incluem: 1. Dor torácica; 2. Respiração superficial; 3. Agitação;4. Sofrimento respiratório (cianose e apnéia); 5. Desvio de traquéia, distensão das veias do pescoço, diminuição do MV e percussão timpânica. Tipos e mecanismos das lesões Pneumotórax hipertensivo Tratamento: 1. Descompressão torácica com agulha; 2. Drenagem torácica; 3. Suporte ventilatório e hemodinâmico; 4. Monitorização contínua Hemotórax É a presença de sangue no espaço pleural; A perda da volemia pode ser importante, o espaço pleural comporta cerca de 2.500 a 3.000 ml de sangue; Os mecanismos causadores do hemotórax são os mesmos do pneumotórax; O sangramento pode ter origem na parede da musculatura, nos vasos intercostais, no parênquima pulmonar ou nos vasos pulmonares; Hemotórax Avaliação: 1. Dor torácica; 2. Diminuição do murmúrio vesicular; 3. Percussão: som maciço; 4. Sinais de choque: taquicardia, taquipnéia e hipotensão; 5. Pode haver hemopneumotórax. Hemotórax Tratamento: 1. Suporte ventilatório; 2. Suporte hemodinâmico; 3. Drenagem de tórax; 4. Controle da hemorragia. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:DrenagemPleural.GIF Hemotorax Hemotórax Contusão cardíaca Causada pela aplicação de força na região anterior do tórax; Acontece principalmente em eventos que envolvem desaceleração como um acidente automobilístico com impacto frontal; O coração é comprimido entre o esterno e a coluna vertebral; Contusão cardíaca Pode ocorrer: 1. Contusão cardíaca: o músculo é contundido e fica mais propenso a arritmias. Pode ocorrer choque cardiogênico; 2. Ruptura Valvular: ruptura de estruturas de suporte das valvas cardíacas; 3. Ruptura cardíaca contusa: ocorre em menos de 1% dos pacientes. A maioria dos pacientes morrem no local. Contusão cardíaca Avaliação: 1.Mecanismo de trauma; 2.Afundamento de tórax e tatuagem traumática; 3.Dor torácica ou falta de ar; 4.Arritmias; 5.Sopro rude; 6.Hipotensão; 7.Turgência de julgulares e estertores pulmonares. Contusão cardíaca Tratamento: 1. Suporte ventilatório com oferta de oxigênio em concentração elevada; 2. Suporte Hemodinâmico; 3. Monitorização contínua; 4. Reposição volêmica criteriosa. Contusão cardíaca Tamponamento cardíaco É o acúmulo agudo de líquidos entre o saco pericárdio e o coração; O saco pericárdio é inelástico e o acúmulo de líquido causa o aumento rápido de pressão; O aumento de pressão impede o retorno venoso e leva a diminuição do débito cardíaco e da pressão arterial; Tamponamento cardíaco Avaliaçao TRÍADE DE BECK: é um conjunto de achados indicativos de tamponamento cardíaco 1- Sons cardíacos distantes ou abafados ( o fluido em volta do coração dificulta ouvir os sons das válvulas se fechando) 2- Distensão venosa jugular (causada pelo aumentode pressão no saco pericárdico retendo o sangue nas veias do pescoço) 3 – Baixa pressão arterial. Outro achado físico descrito no tamponamento cardíaco é o pulso paradoxal Tamponamento cardíaco Tratamento: • Avaliar necessidade de intubação e repor volemia •Pericardiocentese pode ser usada para aliviar tamponamento, até toracotomia ser possível. Isso pode ser difícil devido a natureza cega do exame e ao pequeno volume de sangue no saco pericárdico • Se o paciente está agônico uma toracotomia anterolateral esquerda deve ser realizada na sala de emergência • Se o paciente é instável uma esternotomia de urgência deve ser realizado no bloco cirúrgico • Se paciente estável, uma janela pericardica diagnóstica pode se realizada para confirmar o diagnostico Tamponamento cardíaco http://www.sbccv.org.br/residentes/downloads/area_cientifica/tamponamento_cardíaco_pre_pos_drengem_01.jpg http://www.sbccv.org.br/residentes/downloads/area_cientifica/tamponamento_cardíaco_pre_pos_drengem_02.jpg Pericardiocentese Ruptura traumática da aorta Resulta de mecanismos de aceleração/ desaceleração intensos; Ruptura traumática da aorta A ruptura pode ser total ou parcial; Na ruptura total o paciente apresenta morte súbita por exsanguinação; Na ruptura parcial o paciente pode sobreviver por um período de tempo variável; Na avaliação o paciente pode apresentar pulsos assimétricos entre os MMSS e MMII; A radiografia de tórax pode demonstrar alargamento de mediastino; Ruptura traumática da aorta Tratamento: 1. Controle pressórico; 2. Administração de oxigênio; 3. Cirurgia vascular de emergência Ruptura de traquéia/brônquios Patologia incomum porém com alto potencial fatal; O alto fluxo de ar através da lesão acumula-se rapidamente e causa pneumotórax hipertensivo ou pneumomediastino hipertensivo; O paciente encontra-se em franca insuficiência respiratória com a utilização de musculatura acessória; Tratamento: suporte hemodinâmico e ventilatório e cirurgia de urgência. Ruptura de traquéia/brônquios Ruptura do diafragma Lesões penetrantes na região torocoabdominal podem causar pequenas fissuras na parede do diafragma e causar problemas futuros; Lesões contusas abdominais podem causar rompimento do diafragma e causar herniação de vísceras abdominais para dentro do tórax; O paciente apresenta insuficiência respiratória devido a pressão dos órgãos herniados sobre os pulmões; Ruptura do difragma Avaliação: 1. Insuficiência respiratória; 2. MV diminuído ou ruídos hidroaéreos presentes no tórax; 3. Abdome escavado se uma grande porção tiver sofrido herniação. Tratamento: 1. Suporte hemodinâmico e ventilatório (Intubação); 2. Cirurgia de urgência. Ruptura de diafragma Tipos e mecanismos das lesões Bibliografia 1- Committee on Trauma do American College of Surgeons; Suporte Avançado de Vida no Trauma para Médicos; 8ª Edição; Chicago: ACS; 2008. 2- Committee do PHTLS da National Association of Emergency Medical Technicians; Atendimento Pré- hospitalar ao Traumatizado – Básico e Avançado; 6ª Edição; Rio de Janeiro; Editora Elsevier; 2016. 3- Ferrada, Ricardo; Rodriguez, Aurelio; Peitzman, Andrew; Puyana, Juan Carlos; Ivatury, Rao; Fraga, Gustavo Pereira; Trauma – Sociedade Panamericana de Trauma; 2ª Edição; São Paulo; Editora Atheneu; 2010.
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