Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CAPÍTULO 7 TECNOLOGIAS E OS DESAFIOS NOS PROCESSOS DE INOVAÇÃO NAS COOPE- RATIVAS DE CRÉDITO A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Conhecer como construir um ambiente de inovação dentro de uma cooperativa. Analisar o papel das pessoas e a estrutura organizacional dentro do contexto de cooperativa inovadora. 122 Gestão e Inovação em Cooperativas de Crédito 123 TECNOLOGIAS E OS DESAFIOS NOS PROCESSOS DE INOVAÇÃO NAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO Capítulo 7 CONTEXTUALIZAÇÃO Prezado pós-graduando! Muito se tem falado sobre inovação, porém são poucas as cooperativas que realmente sabem o seu signifi cado. É comum observarmos o uso da palavra “inovar” ou “inovação” na missão, visão ou valores das cooperativas, mas, muitas vezes, é só um alinhamento da estratégia de marketing do que aplicar o real conceito da palavra inovar. Seguiremos juntos nesta caminhada. Bons estudos! CULTURA DE INOVAÇÃO Quando se fala em organizações inovadoras é comum se referir à Google e à Apple. Essas organizações são mundialmente conhecidas e seus produtos utilizados por milhões de pessoas diariamente. Além disso, ambas encontram-se na lista das 100 empresas mais inovadoras segundo o ranking da revista Forbes. Mas como é a cultura de inovação de cada uma dessas empresas? A Google tem as seguintes características, segundo Inventta (2012): • Desenvolve produtos com código aberto. • Comunica ao mercado sobre projetos em andamento. • Permite ao cliente a utilização de uma série de aplicativos sem cobrar. • “Paparica” os funcionários com massagens e espaços de lazer. Já a Apple caracteriza-se por: • Desenvolver produtos com código fechado. • Proteger em segredo até o lançamento. • Apostar na restrição de compatibilidade. • Ter uma administração rígida. 124 Gestão e Inovação em Cooperativas de Crédito Observe que ambas as organizações são inovadoras, porém a cultura de cada uma é bem diferente. Isso mostra que não existe uma receita para que uma organização seja mais ou menos inovadora, porém existem fatores que auxiliam no processo de criação de uma cultura de inovação. O AMBIENTE DE INOVAÇÃO O ambiente de inovação é algo a ser construído dentro de uma organização. É um processo longo e que exige determinação, principalmente da liderança da empresa. Apesar de o ato criativo ser muitas vezes um processo individual, a aceitação de novas ideias é um processo coletivo e depende do ambiente para o seu sucesso. Esse processo altera crenças, hábitos e interesses que estão sedimentados tanto nos indivíduos, quanto nos grupos, e sua implantação implica alterações nas condições organizacionais existentes (FREITAS FILHO et al., 2013; MOTTA, 2001). Leia o artigo PRÁTICAS INOVADORAS DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL EM UMA COOPERATIVA DE CRÉDITO, disponível em: <https://www.revistas.unijui.edu.br/index. php/salaoconhecimento/article/viewFile/4929/4116>. Para se criar um ambiente de inovação, Tidd, Bessant e Pavitt (2008) apresentaram alguns componentes essenciais que caracterizam uma organização inovadora: • Visão compartilhada, liderança e desejo de inovar: comprometimento e desejo da alta administração de inovar e compartilhamento da visão com toda a organização, para se obter a motivação dos colaboradores em alcançar os resultados esperados. • Estruturada adequada: permite a criatividade, a aprendizagem e a interação e que os projetos possam ser desenvolvidos sem grandes difi culdades. • Indivíduos-chave: facilitadores energizados que conduzam o processo de inovação, motivando os colaboradores, simplifi cando os processos e facilitando a comunicação e o acesso à informação. 125 TECNOLOGIAS E OS DESAFIOS NOS PROCESSOS DE INOVAÇÃO NAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO Capítulo 7 • Trabalho de equipe efi caz: a inovação se faz através de times multidisciplinares e o trabalho em equipe é primordial, seja no próprio departamento, entre as diferentes áreas da empresa, bem como com organizações externas, por exemplo, fornecedores, clientes e universidades. • Desenvolvimento individual contínuo e amplo: compromisso de longo prazo com ensino e treinamento para assegurar alto nível de competência e habilidade. • Comunicação extensiva: a comunicação deve ocorrer dentro e fora da organização; de forma ascendente, descendente e lateralmente. • Inovação de alto envolvimento: participação de toda a organização no processo de inovação, de modo a se obter o comprometimento de todos. • Foco externo: orientação aberta aos estímulos externos (clientes, mercado, desenvolvimentos tecnológicos) e extensivo trabalho em rede. • Ambiente criativo: abordagem positiva a ideias criativas, apoiadas por sistemas de motivação relevantes. • Organizações que aprendem: altos níveis de envolvimento na busca e solução de problemas, compartilhamento de informações e de experiências, captura e disseminação do conhecimento. Motta (2001) apresenta condições mais no âmbito individual para que a inovação ocorra dentro de uma organização: • Transferir poder e iniciativa: dar oportunidade às pessoas para sugerir ideias e conduzir seus projetos de inovação, pois dessa forma o comprometimento de cada um será maior. • Adotar uma perspectiva global: os problemas não são restritos a uma área, mas a toda organização. • Buscar fl exibilidade organizacional e administrativa: simplifi car os processos, desburocratizando-os. • Favorecer e manter comunicações francas e autênticas: acesso fácil e rápido às informações. 126 Gestão e Inovação em Cooperativas de Crédito • Criar incentivos e recompensas à iniciativa de mudança: papel indutor de um comportamento desejado ou reconhecimento pela entrega. • Tratar com equidade direitos e prestígios individuais: alterações nos direitos adquiridos por alguns colaboradores podem gerar resistências e devem ser tratadas de forma a não comprometer o comprometimento e motivação dos colaboradores. • Considerar fracassos anteriores e problemas pendentes: antes de iniciar qualquer processo de mudança, corrigir pendências, não deixar que fracassos anteriores se tornem obstáculos para os novos projetos. • Destruir a armadilha dos hábitos: respostas que refl etem o passado inibem a inovação e, muitas vezes, as pessoas preferem repetir o que já foi feito com sucesso ao invés de buscar novas alternativas para se obter um sucesso ainda maior. • Olhar para frente, aventurar sempre, mas devagar: produzir cenários futuros, mas planejar com cautela; ter ousadia, mas avaliar muito bem os riscos. • Procurar sentir-se útil diante dos problemas: tomar a iniciativa na busca da solução dos problemas. • Optar pela ação e pelo desenvolvimento pessoal: tomar a iniciativa, contagiar as pessoas na construção da cultura de inovação. O ambiente de inovação é algo a ser construído. Foram apresentadas diversas condições para se criar um ambiente favorável à inovação, porém cada empresa tem uma cultura diferente e é preciso que sejam identifi cadas quais condições podem ser aplicadas e quais são as que produzirão melhor resultado. Essa é uma das principais funções da pessoa que irá conduzir o processo de inovação. AS PESSOAS NO PROCESSO DE INOVAÇÃO As pessoas têm um papel fundamental no processo de inovação, pois não se faz inovação sem pessoas. Além disso, é preciso que elas estejam motivadas, que tenham espírito crítico e que estejam dispostas a descobrir novas alternativas para a solução de problemas ou para o desenvolvimento de novos produtos, processos ou serviços. Como em qualquer processo de mudança, a inovação 127 TECNOLOGIAS E OS DESAFIOS NOS PROCESSOS DE INOVAÇÃO NAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO Capítulo 7 é um processo destrutivo e interfere em valores e comportamentos individuais, o que pode causar resistências. Por isso é fundamental que o processo de mudança sejabem planejado e conduzido, e que se busque a participação das pessoas desde o seu início, pois isso é um grande fator motivador. A liderança deve estar atenta para que as pessoas permaneçam motivadas, pois o sucesso da inovação está diretamente ligado à motivação das pessoas em alcançar as metas (FREITAS FILHO, 2013). O papel das pessoas no sucesso de um programa de inovação é evidente e Freitas Filho (2013) propõe uma estrutura organizacional composta pelo comitê executivo, pelo gestor de inovação, pelos mentores de inovação e pelos times de projeto, que facilite a condução do processo. Comitê executivo: É o grupo de pessoas que defi ne as estratégias de inovação e que monitora os resultados. Deve ser composto pela alta administração da empresa e as reuniões conduzidas pelo gestor de inovação, que é o responsável pela implantação e gerenciamento do programa. Do comitê devem sair as diretrizes de trabalho. Gestor de inovação: O gestor de inovação é o principal responsável pela condução do programa de inovação. É ele quem recebe as diretrizes e metas do comitê executivo e as desdobra em toda a organização. Ele deve ser capaz de antecipar as tendências, fornecer à organização pensamentos críticos que determinam as ações para enfrentar os desafi os. A seguir são apresentadas as principais funções do gestor de inovação, conforme Freitas Filho (2013): • Auxiliar o Comitê Executivo na elaboração do plano estratégico de inovação. • Coordenar as reuniões do Comitê Executivo. • Apresentar ao Comitê Executivo o andamento do programa de inovação, o cronograma dos projetos, os resultados alcançados e os planos de ações. • Gerenciar o programa de inovação. • Aplicar a política de reconhecimento e recompensa. • Conduzir as seções criativas para geração de novas ideias. 128 Gestão e Inovação em Cooperativas de Crédito • Treinar e dar suporte na competência inovação aos colaboradores que participam do programa. • Estimular os times no desenvolvimento dos projetos. • Buscar alternativas de fomento junto aos órgãos do governo e aplicar os projetos aos editais. • Gerenciar a criação e aplicação de patentes. • Criar uma cultura de inovação na empresa. Mentor de inovação: O mentor de inovação tem como função capacitar os colaboradores na competência inovação e auxiliá-los na aplicação das diversas ferramentas. Em empresas de pequeno e médio porte, a função do mentor de inovação pode ser exercida pelo gestor de inovação. Times de projeto de inovação: A formação dos times de inovação vai depender da forma como o processo de inovação é estruturado. Em algumas empresas podem existir times específi cos para trabalhar com inovação; em outras, as pessoas se dedicam parcialmente aos projetos inovadores. O importante é que os times de projeto participem de todo o processo, desde a geração e captação de ideias e oportunidades, até a implantação fi nal. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Neste capítulo vimos como construir um ambiente de inovação nas cooperativas de crédito, analisando o papel das pessoas envolvidas na estrutura inovadora. Também apresentamos as políticas de reconhecimento e recompensa para a motivação das pessoas a participarem do processo de inovação. 129 TECNOLOGIAS E OS DESAFIOS NOS PROCESSOS DE INOVAÇÃO NAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO Capítulo 7 REFERÊNCIAS FREITAS FILHO, F. L.; BACK, S.; DANDOLINI, G. A.; SOUZA, J. A. Identifi cação de oportunidades de inovação através da construção e análise de cenários prospectivos. In: IX Congresso Nacional de Excelência em Gestão, 2013, Rio de Janeiro. Anais do IX Congresso Nacional de Excelência em Gestão, 2013. MOTTA, Paulo Roberto. Transformação organizacional: teoria e a prática de inovar. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001. TIDD, J.; BESSANT, J.; PAVITT, K. Gestão da inovação. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2008.
Compartilhar