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Prof. Sandro Sanches Eng. Civil e Esp. Estruturas Mestre em Eng. Estrutura As primeiras estradas surgiram na mesma época dos primeiros aglomerados humanos. Os homens, naquela época, escolhiam os caminhos mais curtos e mais seguros para chegar a seus locais de pesca ou caca, estabelecendo trilhas, formadas por pontes de troncos caídos. Com o uso de animais para o transporte das cargas, as trilhas foram alargadas e, com isso, o pavimento das primeiras estradas feitas em regiões montanhosas e de floresta densa foi constituído por troncos e galhos sobre terreno brejoso (COELHO, 1991 apud ODA, 2003). Enquanto o tráfego de automóveis não era muito grande, as estradas eram compartilhadas pelos veículos motorizados e os de tração animal. No entanto, no período anterior a Primeira Guerra Mundial, ocorreu um aumento no volume de automóveis, deixando claro que veículos de tração animal não poderiam trafegar na mesma estrada em que os automóveis, fazendo com que fossem construídas as primeiras rodovias de concepção atual (COELHO, 1991 apud ODA, 2003). Após a queda do Império Romano, por volta da segunda metade do século XVIII teve início um novo período de construção de estradas na Europa. Nessa época, alguns métodos importantes foram desenvolvidos e receberam o nome de seus inventores. O sistema desenvolvido por John Loudon McAdam consistia em construir uma camada de 25 cm de pedra britada compactada com rolos pesados sobre o terreno natural, sem nenhum tipo de material aglutinante. Esse método recebeu o nome de macadame, foi o primeiro a relacionar a capacidade de suporte do material com a durabilidade do pavimento (COELHO, 1991) e foi adotado por grande parte dos países da Europa, sendo utilizado até os dias atuais. No Brasil, a primeira estrada que se tem notícia foi construída em 1560, conhecida como Caminho do Mar, era o acesso entre as cidades de São Vicente e Piratininga, que, em 1661, passou a ser conhecida como Estrada do Mar. Atualmente, a malha rodoviária brasileira e composta por 1.720.700,3 km de estradas e rodovias, sendo 213.452,8 km de rodovias são pavimentadas (12,4%) e 1.507.499,4 km de rodovias não pavimentadas (87,7%) (CONFEDERACAO NACIONAL DE TRANSPORTES - CNT, 2018). Tecnicamente, o pavimento é uma estrutura composta por camadas construída sobre uma fundação (terreno natural) denominada de subleito, que recebe em sua superfície solicitações do tráfego de veículos com rodas flexíveis (pneus) (YODER & WITCZAK, 1975). As principais funções dos pavimentos são: Resistir aos esforços verticais provenientes do trafego e distribui-los para camadas subjacentes. Resistir aos esforços horizontais (desgaste), a partir de uma superfície de rolamento mais durável. Melhorar as condições de rolamento quanto ao conforto e segurança. Resistir as ações das intempéries. Estrutura do Pavimento: Estrutura do Pavimento: Estrutura do Pavimento: Pavimentos são divididos em duas categorias: Pavimento rígido: constituído por placa de concreto de cimento Portland (que tem a função de revestimento e base), podendo ter uma camada de sub-base entre a placa e o subleito. Pavimento flexível: constituído de uma camada de rolamento (revestimento asfáltico) de pequena espessura, aplicada sobre camadas de base e de sub- base que são construídas sobre camada de reforço do subleito ou diretamente sobre o subleito compactado. A principal diferença entre os dois tipos de pavimentos esta na forma como ocorre a distribuição das cargas para o subleito (BALBO, 2007). Pavimento rígido: tende a distribuir a carga sobre uma area relativamente maior do subleito, devido ao elevado modulo de elasticidade do concreto, sendo que a propria placa de concreto fornece a maior parte da capacidade estrutural. A principal diferença entre os dois tipos de pavimentos esta na forma como ocorre a distribuição das cargas para o subleito (BALBO, 2007). Pavimento flexível: distribui cargas para uma área menor do subleito, apesar de apresentar um maior numero de camadas. No Brasil, a maioria dos pavimentos e do tipo flexível (mais de 95%), composto por revestimento asfáltico, base, sub-base e reforço do subleito. Somente em alguns casos (locais com trafego pesado, corredores de ônibus, pistas de aeroportos, etc.) são executados pavimentos rígidos. No pavimento flexível, as camadas de base, sub- base e reforço do subleito podem ser compostas por materiais granulares (solos, britas, etc.) puros ou com aditivos (cimento, cal, etc.). Já o revestimento asfáltico e constituído por uma mistura de agregados (graúdos, miúdos e de enchimento) e ligante, denominada de mistura asfáltica. O ligante pode ser um asfalto puro ou um asfalto modificado e suas principais funções são: colar as partículas minerais e agir como um agente impermeabilizante da mistura. O tipo de pavimento, a quantidade de camadas e suas espessuras variam: Com a qualidade do subleito, Com o tráfego que irá solicitar o pavimento e as características dos materiais que irão compor a sua estrutura, sendo que as camadas mais próximas da superfície devem apresentar melhores características (maior resistência) e, consequentemente, poderão apresentar custos mais elevados. A camada mais importante da estrutura do pavimento e a base, sobre ela deve ser executado o revestimento ou camada de rolamento, que tem como função suportar os efeitos destrutivos do tráfego e das intempéries. Abaixo da base pode ser colocada uma sub-base e/ou um reforco do subleito (BALBO, 2007). O subleito, que é a fundação do pavimento, geralmente, é formado por solo do terreno natural, sendo essencial determinar as características (tipo de solo, granulometria, resistência, etc.) desse material. Além do trafego que irá solicitar o pavimento, um dos parâmetros importantes na definição da estrutura do pavimento é a capacidade de suporte do subleito e dos materiais disponíveis para construção das camadas, determinada a partir do ensaio de ISC (índice de suporte Califórnia), mais conhecido como CBR (Califórnia Bearing Rating) (classificação do rolamento na Califórnia) Segundo o DNIT (2006), os agregados para pavimentação podem ser classificados em função da: sua natureza, do tamanho das partículas e da distribuição dos grãos. Em função da sua natureza, os agregados podem ser classificados como naturais ou artificiais. Os agregados naturais são aqueles encontrados em depósitos naturais superficiais e que são submetidos, no máximo, ao processo de lavagem e/ou peneiramento. Os agregados naturais mais comuns são os pedregulhos rolados (de cava ou de rio), as lateritas e as areias. Os artificiais são obtidos a partir do processo de britagem da rocha (basalto, granito, etc.), de reciclagem ou, ainda, resíduos especiais, como as escórias de alto forno ou de aciaria. Em relação ao tamanho das partículas de agregados são classificados, segundo DNIT (2006), em: Agregado graúdo: é o material retido na peneira nº10 (2,0 mm), como as britas, cascalhos, etc. Agregado miúdo: é o material que passa na peneira nº10 (2,0 mm) e fica retido na peneira nº 200 (0,075 mm), como o pó de pedra, areia, etc. Material de enchimento ou fíler: é o que passa pelo menos 65% na peneira nº 200 (0,075 mm), como a cal, cimento Portland, etc. Em relação a distribuição dos grãos, podem ser classificados, segundo DNIT (2006), como: Graduação densa: apresenta uma curva granulométrica bem graduada e contínua, com quantidade de material fino suficiente para preencher os vazios entre as partículas maiores. Graduação aberta: apresenta uma curva granulométrica bem graduada e continua, com pequena quantidade (insuficiente) de material fino para preencher os vazios entre as partículas maiores. Em relação a distribuição dos grãos, podem ser classificados, segundo DNIT (2006), como: Graduação uniforme: apresenta uma curva granulométricacomposta por partículas de um único tamanho. Graduação descontínua: apresenta uma curva granulométrica com uma grande quantidade de agregados graúdos (mais de 70%), ausência de uma ou mais frações, com quantidade de material fino suficiente para preencher os vazios entre as partículas maiores. Além de classificar os agregados em função da natureza, do tamanho e da distribuição dos grãos, para selecionar os agregados para uso em camadas do pavimento, e essencial analisar as suas principais características (DNIT, 2006): Granulometria - ME 080 (DNER, 1994a) e ME 083 (DNER, 1998b): representada pela curva granulométrica, é uma das características que assegura estabilidade, em função do maior atrito interno obtido pelo intertravamento das partículas sólidas do solo; além de influenciar o teor de vazios da mistura compactada, a sua trabalhabilidade, a tendência de segregação e a compactação da camada. Forma - ME 086 (DNER, 1994b): o formato cúbico dos agregados é considerado o ideal, pois leva a um maior entrosamento entre as partículas, produzindo melhor intertravamento (maior resistência ao cisalhamento). Resistência ao choque - ME 399 (DNER, 1999) e ao desgaste – ME 383 (DNER,1998c): os agregados devem ser duros e resistentes e devem resistir ao impacto e ao desgaste devido ao atrito entre as partículas. Durabilidade - ME 089 (DNER, 1994c): deve apresentar resistência a deterioração ou desintegração pela ação do tempo ou do tráfego. Pureza: as partículas de agregado graúdo e fino devem estar limpas, sem argila ou outro material expansivo, evitando-se, também, o emprego do material fino ou pó mineral que contenha argila. Adesividade a produtos asfálticos - NBR 12583 (ABNT,1992a) e NBR 12584 (ABNT,1992b): é importante em misturas asfálticas já que a função do asfalto e aderir (ou ligar) as partículas do agregado. Densidades aparente, real e absorção - ME 081 (DNER, 1998a). O asfalto é um dos mais antigos materiais utilizados na construção civil. Pode ser encontrado na natureza, mas em geral e proveniente do refino do petróleo (cimento asfáltico de petróleo, CAP). Atualmente, no Brasil, quase todo o asfalto é obtido do processamento de petróleo bruto (ou cru). Muitas refinarias estão localizadas próximas a locais com transporte por agua, ou supridos por dutos a partir de terminais marítimos (ODA, 2000). O asfalto, também denominado de cimento asfáltico, material asfáltico, ligante asfáltico, ligante betuminoso ou material betuminoso, é definido como material cimentante, preto, semissólido, que se liquefaz quando aquecido, composto de betume (~99,5%) e alguns outros componentes (ODA, 2000). Os principais tipos de asfaltos são: cimento asfáltico de petróleo (CAP); emulsões asfálticas (EA), asfalto diluído de petróleo (ADP) e; Asfaltos modificados. Os principais tipos de asfaltos são: Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP): é o asfalto puro. É o produto básico da destilação do petróleo, semissólido a temperatura ambiente, necessitando de aquecimento para adquirir consistência adequada para utilização. Os CAPs são classificados segundo sua penetração em: CAP 30/45, CAP 50/70, CAP 85/100 e CAP 150/200. Sua composição varia com o petróleo e processo de produção, sendo que, do seu peso molecular, mais de 95% são hidrocarbonetos (ODA, 2000). Os principais tipos de asfaltos são: Emulsões asfálticas (EA): são suspensões de asfaltos finamente divididos em pequenos glóbulos dispersos em uma fase continua que é a agua. As emulsões são obtidas em meio intensamente agitado, combinando-se asfalto aquecido com água e um agente emulsificante, que tem finalidade de favorecer a dispersão e revestir os glóbulos de asfalto com uma película protetora, mantendo-se em suspensão. Quando a emulsão é aplicada sobre os agregados, o asfalto nela contido tende a se coagular e a agua evapora deixando sobre o agregado uma película de asfalto, ocorrendo a ruptura da emulsao. Os principais tipos de asfaltos são: Não deve ser aquecida para sua aplicação. As emulsões são classificadas em: ruptura rápida (RR), ruptura média (RM) e ruptura lenta (RL). As emulsões são aplicadas em pintura de ligação (RR-1C e RR-2C) e na produção de misturas asfálticas tipo pré-misturado a frio (RM-1C, RM-2C e RL-1C), lama asfáltica (LA-1C e LA-2C) e microrrevestimentos (emulsões modificadas por polímeros) (ODA, 2000). Os principais tipos de asfaltos são: Asfalto Diluído de Petróleo (ADP): é o produto da diluição do asfalto puro em diluentes, como querosene e gasolina. Os diluentes proporcionam produtos menos viscosos e devem evaporar completamente deixando como resíduo o CAP, não necessitando de aquecimento para sua aplicação. De acordo com o tempo de cura (fenômeno de evaporação do diluente), os ADPs são classificados em: Cura Rápida (CR); Cura Media (CM) e Cura Lenta (CL). Os asfaltos diluídos de cura media são utilizados nos serviços de imprimação (ODA, 2000). Os principais tipos de asfaltos são: Asfaltos modificados: A importância dos asfaltos para o desempenho dos pavimentos flexíveis tem levado ao uso de aditivos para melhorar suas propriedades físicas e químicas, aumentando a resistência a formação de defeitos. Os principais aditivos utilizados são os polímeros (SBS, SBR e EVA) e a borracha de pneus moída, produzindo os asfaltos polímeros e o asfalto borracha. Os principais vantagens dos Asfaltos modificados tipos de asfaltos são: Redução da susceptibilidade térmica e aumento da resistência a flexão de revestimentos de pontes e em pavimentos de rodovias com alto volume de tráfego (ex.: corredores de ônibus). Aumento da adesividade, da resistência a formação de trilhas de roda, ao trincamento por fadiga, ao envelhecimento, a oxidação e a abrasão de misturas. Redução de custos de manutenção de pavimentos. A seleção de um tipo de asfalto envolve a análise das suas características reológicas, físicas e químicas. O parâmetro mais utilizado para classificar asfaltos é a sua consistência, que pode ser determinada por meio de ensaios de penetração; viscosidade e ponto de amolecimento (ODA, 2000). Os principais ensaios utilizados para caracterização dos asfaltos são: Penetração - NBR 6576 (ABNT, 2007): serve para determinar a consistência dos asfaltos. Os principais ensaios utilizados para caracterização dos asfaltos são: Viscosidade: é usada para garantir um asfalto fluido o suficiente para ser bombeado e misturado com o agregado. Pode ser determinada viscosidade Saybolt Furol, NBR 14950 (ABNT,2003), viscosidade aparente ou viscosidade Brookfield, NBR 15184 (ABNT, 2004). Ponto de amolecimento - NBR 6560 (ABNT,2008): valor de temperatura na qual a consistência de um asfalto passa do estado plástico ou semissólido para o estado líquido. Os principais ensaios utilizados para caracterização dos asfaltos são: Ponto de fulgor - NBR 11341 (ABNT, 2005): temperatura na qual existe uma liberação de vapores do produto suficiente para, em mistura com ar e na presença de uma chama, provocar uma centelha. É um ensaio de segurança. Ductilidade - NBR 6293 (ABNT, 2015): capacidade do asfalto sofrer deformações de sua massa.
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