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Contextualização Histórica do livro A confissão da Leoa

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Participantes do grupo: 
Amanda Monteiro NO 444
João Oliveira NO 2054
Leonardo Arruda NO 2112
Lara de Pádua NO 2185
Sala: 104
Ano: 1o
Disciplina: português
Professora: Gláucia Bastos
Contextualização Histórica do livro “A confissão da Leoa”
Introdução
A Confissão da Leoa é um livro sobre a condição da mulher. Compreender o papel desempenhado pela mulher na literatura é importante, na medida em que acaba por representar a forma como ela é vista na sociedade. Esta obra é uma tentativa (muito bem sucedida, por sinal) de Mia Couto de colocaressa temática em evidência. O autor retrata a condição histórica e social das mulheres rurais em Moçambique. Baseando-se em um fato presenciado por ele, ataques de leões no norte de Moçambique, criou um romance que denuncia o sistema de patriarcado, que condena as mulheres a uma situação de submissão. Narrado em primeira pessoa por duas personagens, Mariamar e Arcanjo Baleiro, o livro mostra a vida sofrida que a mulher enfrenta todos os dias.
O livro, A confissão da Leoa, foi escrito pelo moçambicano Mia Couto e publicado em Portugal em 2012. Essa obra conta a história de uma pequena Vila chamada Kulumani localizada no norte de Moçambique que começa a ser atacada por leões (que na verdade são leoas) provocando um verdadeiro pânico nos habitantes deste lugar. A história é narrada em primeira pessoa por dois personagens principais: Mariamar (moradora da vila) e Arcanjo (caçador contratado pelas autoridades locais para exterminar as feras).
Neste livro, Mia Couto transforma a narrativa de seus personagens na história de seu país isso porque, A confissão da Leoa, baseia-se em fatos vivenciados e testemunhados pelo escritor ao viajar para uma aldeia moçambicana, sendo que esse romance tem como temática principal a violência a que as mulheres são diariamente submetidas. Para que se possa melhor compreender esta obra, torna-se importante relembrar alguns fatos históricos que marcaram esta região da África.
A mulher em Moçambique
A situação da mulher em Moçambique era complicada. Na sociedade tradicional, ela sempre foi tratada como inferior. Tanto na sociedade patrilinear, como na matrilinear, as mulheres pertenciam aos homens, ou da família do pai e do marido, ou da mãe. Além de não serem consideradas pessoas e não terem direito à fala, as mulheres eram mercadorias graças a duas características principais: sua força de trabalho, que poderia ser utilizada pelos seus “donos”, e sua capacidade procriadora, na medida em que criaria novos seres para o trabalho. Por isso a existência do lobolo, quantia paga à família da mulher, para assegurar o controle do potencial produtivo e reprodutivo. A partir do momento em que o homem paga o lobolo à linhagem da mulher, ela e seus filhos passam a ser propriedades da família do marido. 
Com o domínio português a situação da mulher só piorou e dessa forma acabou assimilando valores familiares de cunho patriarcal, condicionando a mulher a um papel subaltermo, explorando-a como força de trabalho e como um simples objeto sexual. Essa condição de inferioridade feminina em Kulumani é descrita a partir do nascimento, isso porque são negados à mulher, além do direito à fala, o direito de existir, pois são ensinadas apenas a obedecer.
Guerras em Moçambique 
Passados vários anos submetido ao regime de Portugal, o país conseguiu sua independência no ano de 1975. Em 1964, surgiu o movimento Frelimo – Frente de libertação de Moçambique - que lutava pela libertação nacional, finalizada apenas em 1975. Após assumir o poder, a Frelimo tentou fazer frente a organização social, política e econômica da colonização, optando por uma leitura bastante particular do marxismo-leninismo. A história da colonização de Moçambique baseava-se na exploração das riquezas naturais, no tráfico das populações negras, bem como na imposição de uma cultura europeia. Com a mudança de governo, os estrangeiros que viviam em Moçambique foram expulsos e a Frelimo é desafiada a administrar uma sociedade totalmente fragmentada. 
A colonização portuguesa instituira em Moçambique um sistema econômico de base capitalista, o que fez com que a Frelimo não conseguisse implantar o modelo econômico socialista; por outro lado, a economia capitalista trouxe enraizada, em seu sistema, conceitos de inferioridade racial, que impôs condições humilhantes à população moçambicana. Após a independência, além de lidar com essas questões, a Frelimo se viu frente também a uma oposição, a Renamo, movimento apoiado pela África do Sul, que buscava uma “guerra contrarevolucionária” (DINERMAN, 2006, p. 33). Nesse sentido, procurava defender vários aspectos que a Frelimo havia desconsiderado de seu projeto de nação, como as autoridades tradicionais e práticas culturais anteriores à colonizaçã. As mulheres sempre participaram da resistência à dominação portuguesa. No início da luta de libertação, elas ajudavam no transporte, na alimentação. Aos poucos, foram entrando na luta armada, criou-se o Destacamento Feminino (DF), parte do exército da FRELIMO. 
No entanto, após a independência, a Frelimo adota uma postura de excluir a participação dos tradicionalistas das áreas rurais na política de Moçambique, se opondo ao tradicionalismo rural, o que gerou um conflito social e político entre Estado e tradição. Essa atitude estaria apoiada, entre outros aspectos, numa leitura de que as autoridades tradicionais também teriam colaborado com o projeto português de colonização. Do confronto entre Frelimo e Renamo (movimento apoiado pela África do Sul, que buscava uma “guerra contrarrevolucionária”), isso porque ela defendia vários assuntos que eram desconsiderados pelo seu adversário. Moçambique entrou em uma guerra civil que durou até 1992, com a assinatura do Acordo de Paz. Após esse acordo, o país adotou o pluripartidarismo e procurou incorporar setores descontentes da sociedade na estrutura do Estado
E é exatamente desse mundo social fragmentado por diversas experiências históricas, políticas e culturais que resulta hoje a sociedade moçambicana, retratada com propriedade por Mia Couto em “A confissão da Leoa”. Logo, ao ler o livro, percebe-se claramente nas passagens marcantes da narrativa , que o lugar onde é contada a história sofria pelas sequelas, principalmente, da Gurra Civil, que durou coincidentemente dezesseis anos, mesma idade que a personagem Mairamar possuía, assim, esta jovem se torna de fato a personificação de Moçambique , que nasceu com a independência, mas que ainda não tinha sentimento de pertença e vivia presa sem voz.
Mulher em A Confissão da Leoa
 O grito de liberdade feminino contra a tradição que as reduz a um ser inanimado e sem opinião é o grande alicerce para a produção desta obra e a personagem Mariamar descreve o mar de sentimentos que existe dentro dessas mulheres que embora sejam submetidas a um regime violento de opressão ainda conseguem sonhar. A subalternidade feminina em Kulumani é descrita a partir do nascimento, pois são negadas às mulheres, além do direito à fala, o direito de existir, uma vez que são ensinadas a obedecer sempre:
 (...) – Não olhe para mim enquanto falo. Ou já perdeu o respeito? 
Baixei os olhos, como fazem as mulheres em Kulumani. E voltei a ser filha enquanto Genito reganhava a autoridade que, por momentos, havia escapado. (...) (COUTO, 2012, p. 25)
 Nessa cena, o personagem Genito simboliza a figura do pai, mas também do opressor e agressor, uma dinâmica que não pode ser pensada imune às implementada pela colonização. O pai opressor-agressor, dentro de uma acepção colonial patriarcal, é uma imagem que revela como práticas sociais se moldam a partir do contato entre as culturas. O pai aqui é aquele investido da imagem do colonizador patriarcal que, além de submeter a família a sua regra, também a submete a práticas sociais subalternas da colonização. Mariamar sofreu muito, assim como todas as mulheres, por sua condição. Foi violada, sofreu outras tentativas de abuso, não conseguiu viver o amor. Sua briga com o policial Maliqueto Proprio é significativa namedida em que não só defende seu corpo, mas também vai contra todos os costumes da aldeia que permitiam tal ato. A narradora tem, ao final do romance, a oportunidade de sair de Kulumani para tentar ser feliz.
ANEXOS

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