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Introdução à Sociologia

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PREFOP 
“Programa Especial de Formação Pedagógica” 
INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 03 
1 INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA .............................................................................................. 05 
2 AS CONDIÇÕES HISTÓRICAS DO SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA 
- A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E A REVOLUÇÃO FRANCESA .............................................. 07 
3 A SITUAÇÃO INTELECTUAL - A SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA ......................................... 23 
4 O PENSAMENTO DE: COMTE, DURKHEIM, MARX E ENGELS, WEBER ........................... 28 
5 AS LINHAS MESTRAS DA SOCIOLOGIA .............................................................................. 39 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UTILIZADAS E CONSULTADAS ...................................... 41 
ANEXOS ...................................................................................................................................... 45 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Sejam bem vindos. 
Nos esforçamos para oferecer um material condizente com a graduação daqueles que se 
candidataram a esta especialização, procurando referências atualizadas, embora saibamos que os 
clássicos são indispensáveis ao curso. 
As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras, afinal, opiniões 
e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos educacionais, mas deixamos 
claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou aquela vertente, estamos cientes e primamos 
pelo conhecimento científico, testado e provado pelos pesquisadores. 
Não obstante, o curso tenha objetivos claros, positivos e específicos, nos colocamos 
abertos para críticas e para opiniões, pois temos consciência que nada está pronto e acabado e com 
certeza críticas e opiniões só irão acrescentar e melhorar nosso trabalho. 
Como os cursos baseados na Metodologia da Educação a Distância, vocês são livres para 
estudar da melhor forma que possam organizar-se, lembrando que: aprender sempre, refletir sobre a 
própria experiência se somam e que a educação é demasiado importante para nossa formação e, por 
conseguinte, para a formação dos nossos/ seus alunos. 
Deste modo, a primeira apostila do Curso de Especialização em Sociologia abordará os 
assuntos introdutórios tais como a origem da Sociologia e sua definição como ciência. Serão trazidos 
também ao texto uma faceta do pensamento dos intelectuais que a ajudaram a se formar e as duas 
grandes teorias que servem para desenvolver os trabalhos na Sociologia no estudo das sociedades. 
Trata-se de uma reunião do pensamento de vários autores que entendemos serem os mais 
importantes para a disciplina. 
Para maior interação com o aluno deixamos de lado algumas regras de redação científica, 
mas nem por isso o trabalho deixa de ser científico. 
Desejamos a todos uma boa leitura e caso surjam algumas lacunas, ao final da apostila 
encontrarão nas referências consultadas e utilizadas aporte para sanar dúvidas e aprofundar os 
conhecimentos. 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA 
 
O comportamento humano é muito diversificado. Cada indivíduo recebe influências de seu 
meio, forma-se de determinada maneira e age no meio social de acordo com sua formação. O 
indivíduo aprende com o meio, mas também pode transformá-lo em sua ação social. 
Há comportamentos – como andar, respirar, dormir – estritamente individuais, que se 
originam na pessoa enquanto organismo biológico. São comportamentos estudados pelas Ciências 
Físicas e Biológicas. Por outro lado, receber salário, fazer greve, participar de eventos, casar-se, 
educar os filhos são comportamentos sociais, pois se desenvolvem no contexto da sociedade. 
Ao longo da História a espécie humana organizou sua vida em grupo. As Ciências Sociais 
(a Sociologia é um dos seus ramos) pesquisam e estudam o comportamento social humano e suas 
várias formas de organização. E como ciência voltada para o social tem um amplo corpo de 
conhecimento. O conhecimento teórico e técnico das Ciências Sociais é de tal forma amplo que pode 
 
 
 
 
 
ser aplicado tanto para entender um fato social como para elaborar e implantar desde pequenos 
projetos até estudos de governo. (...) Pode-se dizer que as Ciências Sociais são o estudo sistemático 
do comportamento social do ser humano. Ocupando-se sistematicamente do comportamento social 
humano, o objeto das Ciências Sociais é, portanto, o ser humano em suas relações sociais. 
(OLIVEIRA, 2000, p. 9) 
 De acordo com Camargo (s/d, s/p) o termo Sociologia foi criado por Auguste Comte em 
1838 (séc. XVIII), que pretendia unificar todos os estudos relativos ao homem — como a História, a 
Psicologia e a Economia. A Sociologia surgiu como disciplina no século XVIII, como resposta 
acadêmica para um desafio que estava surgindo: o início da sociedade moderna. Com a Revolução 
Industrial e posteriormente com a Revolução Francesa (1789), iniciou-se uma nova era no mundo, 
com as quedas das monarquias e a constituição dos Estados nacionais no Ocidente. A Sociologia 
surge então para compreender as novas formas das sociedades, suas estruturas e organizações. (...) 
e tem a função de, ao mesmo tempo, observar os fenômenos que se repetem nas relações sociais – 
e assim formular explicações gerais ou teóricas sobre o fato social –, como também se preocupa com 
aqueles eventos únicos, como por exemplo, o surgimento do capitalismo ou do Estado Moderno, 
explicando seus significados e importância que esses eventos têm na vida dos cidadãos. 
Ainda conforme Camargo (s/d, s/p) como toda forma de conhecimento intitulada ciência, a 
Sociologia pretende explicar a totalidade do seu universo de pesquisa. O conhecimento sociológico, 
por meio dos seus conceitos, teorias e métodos, constituem um instrumento de compreensão da 
realidade social e de suas múltiplas redes ou relações sociais. 
Os sociólogos estudam e pesquisam as estruturas da sociedade, como grupos étnicos 
(indígenas, aborígenes, ribeirinhos etc.), classes sociais (de trabalhadores, esportistas, empresários, 
políticos etc.), gênero (homem, mulher, criança), violência (crimes violentos ou não, trânsito, 
corrupção etc.), além de instituições como família, Estado, escola, religião etc. 
Além de suas aplicações no planejamento social, na condução de programas de 
intervenção social e no planejamento de programas sociais e governamentais, o conhecimento 
sociológico é também um meio possível de aperfeiçoamento do conhecimento social, na medida em 
que auxilia os interessados a compreenderem mais claramente o comportamento dos grupos sociais, 
assim como a sociedade com um todo. Sendo uma disciplina humanística, a Sociologia é uma forma 
significativa de consciência social e de formação de espírito crítico. 
A Sociologia nasce da própria sociedade, e por isso mesmo essa disciplina pode refletir 
interesses de alguma categoria social ou ser usado como função ideológica, contrariando o ideal de 
objetividade e neutralidade da ciência. Nesse sentido, se expõe o paradoxo das Ciências Sociais, que 
ao contrário das ciências da natureza (como a biologia, física, química etc.), as ciências da sociedade 
estão dentro do seu próprio objeto de estudo, pois todo conhecimento é um produto social. Se isso a 
priori é uma desvantagem para a Sociologia, num segundo momento percebemos que a Sociologia é 
a única ciência que pode ter a si mesma com objeto de indagação crítica. (CAMARGO, s/d, s/p) 
 
 
2. AS CONDIÇÕES HISTÓRICAS DO SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA – A REVOLUCÃO 
INDUSTRIAL E A REVOLUÇÃO FRANCESA 
 
Conforme Martins (1994, p. 5) podemos entender a sociologia como uma das manifestações 
do pensamento moderno. A evolução do pensamento científico, que vinha se constituindo desdeCopérnico, passa a cobrir, com a sociologia, uma nova área do conhecimento ainda não incorporada 
ao saber científico, ou seja, o mundo social. Surge posteriormente à constituição das ciências 
naturais e de diversas ciências sociais. A sua formação constitui um acontecimento complexo para o 
 
 
 
 
 
qual concorrem uma constelação de circunstâncias, históricas e intelectuais, e determinadas 
intenções práticas. O seu surgimento ocorre num contexto histórico específico, que coincide com os 
derradeiros momentos da desagregação da sociedade feudal e da consolidação da civilização 
capitalista. A sua criação não é obra de um único filósofo ou cientista, mas representa o resultado da 
elaboração de um conjunto de pensadores que se empenharam em compreender as novas situações 
de existência que estavam em curso. 
O século XVIII constitui um marco importante para a história do pensamento ocidental e 
para o surgimento da sociologia. As transformações econômicas, políticas e culturais que se 
aceleram a partir dessa época colocarão problemas inéditos para os homens que experimentavam as 
mudanças que ocorriam no ocidente europeu. A dupla revolução que este século testemunha - a 
industrial e a francesa - constituía os dois lados de um mesmo processo, qual seja, a instalação 
definitiva da sociedade capitalista. A palavra sociologia apareceria somente um século depois, por 
volta de 1830, mas são os acontecimentos desencadeados pela dupla revolução que a precipitam e a 
tornam possível. (MARTINS, 1994, p. 5) 
- A Revolução Industrial: A Revolução Industrial designa um processo de profundas 
transformações econômico-sociais que se iniciou principalmente na Inglaterra. Em meados do século 
XVIII. Caracteriza-se pela passagem da manufatura à indústria mecânica. A introdução de máquinas 
fabris multiplica o rendimento do trabalho e aumenta a produção global. A Inglaterra adianta sua 
industrialização em 50 anos em relação ao continente europeu e sai na frente na expansão colonial. 
Entre as principais características da sociedade industrial, podemos citar: a organização das mais 
diversas atividades humanas pelo capital; a predominância da indústria na atividade econômica e o 
crescimento da urbanização. Vários historiadores têm dividido o processo de criação das sociedades 
industriais em duas fases, a primeira com duração de 1760 a 1860 e a segunda iniciada por volta de 
1860. Com essa revolução surgiram também novas formas de energia, como a eletricidade e os 
combustíveis derivados do petróleo. A velha Europa agrária foi se tornando uma região com cidades 
populosas e industrializadas. Com tempo, a Revolução Industrial influenciou profundamente a vida de 
milhões de pessoas em todas as regiões do planeta. (MONOGRAFIAS/BRASILESCOLA, s/d, s/p) 
A primeira etapa da industrialização foi gerada pela Revolução Comercial, realizada entre os 
séculos XV e XVIII, principalmente em alguns países da Europa centro-ocidental. Para esses países, 
a expansão do comércio internacional trouxe um extraordinário aumento da riqueza, permitindo a 
acumulação de capitais capazes de financiar o progresso técnico e alto custo da instalação de 
indústrias. 
A burguesia europeia, fortalecida com o desenvolvimento dos seus negócios, passou a se 
interessar pelo aperfeiçoamento das técnicas de produção e a investir no trabalho de inventores na 
criação de máquinas e experiências industriais. Além disso, a Revolução Comercial resultou num 
aumento incessante de mercados, isto é, do lugar geográfico das trocas. A ampliação das trocas, 
que a partir do século XVI os europeus passaram a realizar em escala planetária, levou a radical 
alteração nas formas de produzir de alguns países da Europa ocidental. 
Com a expansão do comércio, o trabalho artesanal, realizado com ferramentas, típico das 
corporações de ofício, foi sendo substituído por um trabalho mais dividido, que exigiu a utilização de 
máquinas numa escala crescente. A produtividade foi incomparavelmente maior. Na França, por 
exemplo, os sapatos eram produzidos de forma artesanal: um mesmo artesão cortava, costurava, ou 
seja, realizava sozinho diversas tarefas que resultavam na fabricação de um sapato. Depois da 
extinção das corporações e do crescimento do mercado, cada operário no interior das fábricas 
nascentes foi especializado numa determinada tarefa. 
 Muito cedo se verificou que maior produtividade e maiores lucros para os empresários 
poderiam ser obtidos acrescentando-se ao trabalho dividido o emprego de máquinas em larga escala. 
A sociedade industrial caracterizou-se fundamentalmente pela utilização sistemática de maquinário 
na produção e no transporte de mercadorias. Para compreender a importância das máquinas, basta 
 
 
 
 
 
lembrar que elas, ao contrário das ferramentas, realizam trabalho utilizando basicamente forças da 
natureza, como o vento, a água, o fogo, o vapor, e um mínimo de força humana. A exigência de 
produzir mais, com o aumento das trocas, praticamente ―forçou‖ o progresso técnico, que passou a 
constituir um dos traços mais significativos do moderno e contemporâneo. 
(MONOGRAFIAS/BRASILESCOLA, s/d, s/p) 
De acordo com Martins (1994, p. 6) um dos fatos de maior importância relacionados com a 
revolução industrial é sem dúvida o aparecimento do proletariado e o papel histórico que ele 
desempenharia na sociedade capitalista. Os efeitos catastróficos que esta revolução acarretava para 
a classe trabalhadora levaram-na a negar suas condições de vida. As manifestações de revolta dos 
trabalhadores atravessaram diversas fases, como a destruição das máquinas, atos de sabotagem e 
explosão de algumas oficinas, roubos e crimes, evoluindo para a criação de associações livres, 
formação de sindicatos, etc. A consequência desta crescente organização foi a de que os "pobres" 
deixaram de se confrontar com os "ricos"; mas uma classe específica, a classe operária, com 
consciência de seus interesses, começava a organizar-se para enfrentar os proprietários dos 
instrumentos de trabalho. Nesta trajetória, iam produzindo seus jornais, sua própria literatura, 
procedendo a uma crítica da sociedade capitalista e inclinando-se para o socialismo como alternativa 
de mudança. 
Ainda de acordo com Martins (1994, p. 7-8) merece ser salientado que a profundidade das 
transformações em curso colocava a sociedade num plano de análise, ou seja, esta passava a se 
constituir em "problema", em "objeto" que deveria ser investigado. Os pensadores ingleses que 
testemunhavam estas transformações e com elas se preocupam não eram, no entanto, homens de 
ciência ou sociólogos que viviam desta profissão. Eram antes de tudo homens voltados para a ação, 
que desejavam introduzir determinadas modificações na sociedade. Participavam ativamente dos 
debates ideológicos em que se envolviam as correntes liberais, conservadoras e socialistas. Eles não 
desejavam produzir um mero conhecimento sobre as novas condições de vida geradas pela 
revolução industrial, mas procuravam extrair dele orientações para a ação, tanto para manter, como 
para reformar ou modificar radicalmente a sociedade de seu tempo. Tal fato significa que os 
precursores da sociologia foram recrutados entre militantes políticos, entre indivíduos que 
participavam e se envolviam profundamente com os problemas de suas sociedades. 
Pensadores como Owen (1771-1858), William Thompson (1775-1833), Jeremy Bentham 
(1748-1832), só para citar alguns daquele momento histórico, podiam discordar entre si ao julgarem 
as novas condições de vida provocadas pela revolução industrial e as modificações que deveriam ser 
realizadas na nascente sociedade industrial, mas todos eles concordavam que ela produzira 
fenômenos inteiramente novos que mereciam ser analisados. O que eles refletiram e escreveram foi 
de fundamental importância para a formação e constituição de um saber sobre a sociedade. A 
sociologia constitui em certa medidauma resposta intelectual às novas situações colocadas pela 
revolução industrial. (MARTINS, 1994, p. 7-8) 
De acordo com Laranjeiras, Oliveira (s/d, s/p) o primeiro país a realizar a Revolução 
Industrial foi a Inglaterra, a partir de meados do século XVIII, seguida, no século XIX, por outras 
nações europeias: Alemanha, Itália, Bélgica, Luxemburgo, Holanda, Suíça, Suécia, Áustria, e Rússia. 
Fora do continente europeu, apenas Estados Unidos e Japão realizaram sua Revolução 
Industrial ao mesmo tempo em que os países da Europa. Na grande maioria dos países 
subdesenvolvidos o processo de industrialização chegou cerca de duzentos anos atrasado em 
relação à Inglaterra. É ocaso do Brasil, Argentina, México, África do Sul, Índia... 
A Revolução Industrial dos Países da Europa ocidental apoiou-se em vários fatores, que 
resumidamente são: 
 Acumulação de capitais em decorrência da intensa exploração da atividade comercial no 
mundo e particularmente nas colônias americanas, nas feitorias e nas colônias asiáticas e 
africanas; 
 
 
 
 
 
 Existência de abundantes reservas de carvão mineral, minério de ferro e outras matérias 
primas industriais em muitos países europeus; 
 Grande desenvolvimento das técnicas de produção mediante a aplicação de dinheiro em 
pesquisas cientificas; 
 Disponibilidade de mão de obra e intensa exploração da força de trabalho do operário ou 
trabalhador mediante o pagamento de baixos salários; 
 Expansão de empresas multinacionais ou transnacionais nos países subdesenvolvidos. 
Surgiram então, no séc. XIX, as estradas de ferro, que facilitaram muito o transporte dos 
produtos manufaturados, tomando-os mais baratos. A invenção dos altos-fornos desenvolveu muito 
as indústrias de ferro e aço. A população das cidades aumentou demais: um número cada vez maior 
de pessoas deixava o campo para trabalhar nas fábricas. O povo sofreu bastante com os vários 
problemas ligados a salários e condições de trabalho, tendo a Grã-Bretanha que importar cada vez 
mais gêneros alimentícios para suprir sua população sempre crescente. (LARANJEIRAS, OLIVEIRA, 
s/d, s/p) 
Ainda de acordo com Laranjeiras, Oliveira (s/d, s/p) antes da invenção da máquina a vapor, 
as fábricas situavam-se em zonas rurais próximas às margens dos rios, dos quais aproveitavam a 
energia hidráulica. Ao lado delas, surgiam oficinas, casas, hospedarias, capela, açude, etc. A mão de 
obra podia ser recrutada nas casas de correção e nos asilos. Para fixarem-se, os operários obtinham 
longos contratos de trabalho e moradia. 
Com o vapor, as fábricas passaram a localizar-se nos arredores das cidades, onde 
contratavam trabalhadores. Elas surgiam "tenebrosas e satânicas", em grandes edifícios lembrando 
quartéis, com chaminés, apitos e grande número de operários. O ambiente interno era inadequado e 
insalubre. Até o século XVIII, cidade grande na Inglaterra era uma localidade com cerca de 5 000 
habitantes. Em decorrência da industrialização, a população urbana cresceu e as cidades 
modificaram-se. Os operários, com seus parcos salários, amontoavam-se em quartos e porões 
desconfortáveis, em subúrbios sem condições sanitárias. (...) Em muitas regiões da Europa, os 
trabalhadores se organizaram para lutar por melhores condições de trabalho. Os empregados das 
fábricas formaram as trade unions (espécie de sindicatos) com o objetivo de melhorar as condições 
de trabalho dos empregados. Houve também movimentos mais violentos como, por exemplo, o 
ludismo. Também conhecidos como "quebradores de máquinas", os ludistas invadiam fábricas e 
destruíam os equipamentos das fábricas numa forma de protesto e revolta com relação à vida dos 
empregados. O cartismo foi mais brando na forma de atuação, pois optou pela via política, 
conquistando diversos direitos políticos para os trabalhadores. 
A Revolução tornou os métodos de produção mais eficientes. Os produtos passaram a ser 
produzidos mais rapidamente, barateando o preço e estimulando o consumo. Por outro lado, 
aumentou também o número de desempregados. As máquinas foram substituindo, aos poucos, a 
mão de obra humana. A poluição ambiental, o aumento da poluição sonora, o êxodo rural e o 
crescimento desordenado das cidades também foram consequências nocivas para a sociedade. Até 
os dias de hoje, o desemprego é um dos grandes problemas nos países em desenvolvimento. Gerar 
empregos tem se tornado um dos maiores desafios de governos no mundo todo. Os empregos 
repetitivos e pouco qualificados foram substituídos por máquinas e robôs. As empresas procuram 
profissionais bem qualificados para ocuparem empregos que exigem cada vez mais criatividade e 
múltiplas capacidades. Mesmo nos países desenvolvidos têm faltado empregos para a população. 
(LARANJEIRAS, OLIVEIRA, s/d, s/p) 
- A Revolução Francesa: Para Costa Neto (s/d, s/p) a Revolução Francesa é considerada o mais 
importante acontecimento da história contemporânea. Inspirada pelas ideias iluministas, a sublevação 
de lema "Liberdade, Igualdade, Fraternidade" ecoou em todo mundo, pondo abaixo regimes 
absolutistas e ascendendo os valores burgueses. Foi à revolução burguesa, tendo vista a sua 
 
 
 
 
 
condição de destruidora da velha ordem em nome das ideias e valores burgueses e por conta da 
ideologia burguesa predominante durante praticamente todo processo revolucionário. 
A sociedade francesa anteriormente à revolução era uma sociedade moldada no Antigo 
Regime. Ou seja, politicamente o Estado era Absolutista (Absolutismo Monárquico), economicamente 
predominavam as práticas mercantilistas que sofriam com as constantes intervenções do Estado e na 
área social predominavam as relações de servidão uma vez que a maioria da população francesa era 
camponesa. Em torno de 250 milhões de pessoas viviam em condições miseráveis nos campos 
franceses, pagando altíssimos impostos a uma elite aristocrática que usufruía do luxo e da riqueza 
gerados pelo trabalho dos campesinos em propriedades latifundiárias, ou feudos, dos nobres. Nas 
áreas urbanas a situação não era muito diferente de quem vivia nas áreas rurais. A população 
urbana, composta em sua maioria por assalariados de baixa renda, desempregados (excluídos) e 
pequenos burgueses (profissionais liberais), também arcava com pesadíssimos impostos e com um 
custo de vida cada vez mais elevado. Os preços em geral dos produtos sofriam reajustes 
constantemente e isso pesava na renda dos trabalhadores em geral – urbanos e rurais. Já as elites, 
compostas por um alto clero, uma alta nobreza e, claro, a Família Real – a realeza francesa: Luis XVI 
e sua esposa Maria Antonieta, filhos e demais parentes – vivam em palácios luxuosos – como o 
monumental Palácio de Versalhes, localizado nos arredores de Paris e que era a residência de 
veraneio da Família Real e da elite – não pagavam impostos, promoviam banquetes – às custas do 
dinheiro público – em suma: viviam nababescamente (do requinte, da opulência, do luxo, das 
mordomias,...) face a situação de miséria e pobreza da maioria da população. (COSTA NETO, s/d, 
s/p) 
Ainda conforme Costa Neto (s/d, s/p) no final do século XVIII a situação socioeconômica da 
França era de total calamidade. Numa perspectiva de tentar resolver as situações problemas, o 
Monarca Luis XVI convocou seu Ministro das finanças Necker, que estava afastado do cargo, para 
decidir quanto à situação de crise econômica e financeira. Por sugestão de Necker, Luis XVI 
convocou, no dia 5 de maio de 1789, a Assembleia dos chamados Estados Gerais que reunia os 
representantes políticos do 1º. , 2º. e 3º. Estados os quais não se reuniam desde o século XVII. O 1º. 
Estado era formado pelo alto clero, o 2º. Estado pela alta nobreza e o 3º. Estado, pelos deputados 
que representavam a maioria da população (assalariados, camponeses e pequena burguesia) – era o 
grupo maior, pois continha um número maior de representantes. 
Na ocasião da convocação e da reunião dosEstados Gerais, depois de abrir a sessão, Luis 
XVI deu por aberta às discussões e votações para os problemas que atingiam a sociedade francesa. 
A questão, porém, centrava-se no sistema de votação dentro da Assembleia. Sobre a questão dos 
que pagam e dos que não pagam impostos, por exemplo, o sistema de votação favoreceu ao 1º. e ao 
2º. Estados. Como? Como a votação era por Estado e não por indivíduo (individual), cada Estado 
tinha direito a um só voto. No caso dos impostos, votou-se contra ou a favor do 1º. e do 2º. Estados 
arcarem com o pagamento de impostos. Resultado: pelo sistema de votação vigente, os dois Estados 
permaneceram isentos da obrigação do pagamento de impostos, já que totalizou dois votos contra 
um. Esse modelo de votação gerou revolta por parte dos deputados do 3º. Estado que reagiram 
prontamente, exigindo a qualquer custo que as reuniões fossem conjuntas e não separadamente por 
Estados. Diante da negação, o 3º. Estado proclama-se em Assembleia Geral Nacional. O Rei, 
desesperado diante do atrevimento dos representantes populares, manda fechar a sala de reuniões. 
Mas o 3º. Estado não se deu por vencido e seus deputados se dirigiram para um salão que a nobreza 
utilizava para jogos. Lá mesmo fizeram uma reunião, onde ficou estabelecido que permaneceriam 
reunidos até que a França tivesse uma Constituição. Esse ato ficou conhecido com o nome de ―O 
Juramento do Jogo de Pela‖. Os deputados que fundaram a Assembleia Nacional nela juraram 
igualdade jurídica e direitos políticos para todos os homens comuns. (COSTA NETO, s/d, s/p) 
 No dia 9 de julho de 1789, reúne-se uma Assembleia Nacional Constituinte, incumbida de 
elaborar uma Constituição para a França. Isso significava que o Rei deixaria de ser o senhor absoluto 
do reino. A burguesia francesa, por sua vez, apelou para o povo. No dia 14 de julho de 1789, toda a 
 
 
 
 
 
população parisiense avança, num movimento nunca visto, para a Bastilha, a prisão política da 
época, onde o responsável pela prisão, o carcereiro, foi espancado pela multidão vindo a falecer. (...) 
os camponeses, que percebendo a fraqueza da nobreza, invadem os castelos, executando famílias 
inteiras de nobres numa espécie de vingança, de uma raiva acumulada durante séculos. Avançam 
sobre a propriedade feudal e exigem reformas – sobretudo a Reforma Agrária. A burguesia, na 
Assembleia, temerosa de que as exigências chegassem também às suas propriedades, propõe que 
sejam extintos os direitos feudais como única saída para conter o furor revolucionário dos 
camponeses. A 4 de agosto de 1789, extingue-se aquilo que por muitos séculos significou a opressão 
sobre os camponeses: as obrigações feudais. Porém, os impostos continuaram altos, o custo de vida 
pouco se alterou e a França continuava em guerras externas significando despesas altas para o 
Estado, agora burguês. A burguesia, preocupada em estabelecer as bases teóricas de sua revolução, 
fez aprovar, no dia 26 de agosto do mesmo ano (1789), um documento que se tornou mundialmente 
famoso: a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Nesse documento a burguesia francesa 
declarava, entre outras, quem era cidadão e não cidadão esperando que houvesse uma aceitação 
por parte das classes populares que ainda encontravam-se insatisfeitas com as realizações políticas 
e sociais daqueles que se diziam seus representantes políticos. Na realidade a Declaração dos 
Direitos do Homem e do Cidadão foi uma forma de legitimar a burguesia no poder político do 
Estado sendo ela a classe dominante, de elite. Portanto, para a burguesia a revolução estava por 
encerrada uma vez que seus interesses já haviam sido conquistados por ela. Era necessário impedir 
a radicalização do movimento revolucionário; ou seja, era necessário impedir que a revolução se 
tornasse popular, o que não interessava à burguesia. (COSTA NETO, s/d, s/p) 
Na primeira fase da Revolução a Assembleia Nacional Constituinte – 1789-1792 fundou 
uma Monarquia Parlamentarista, ou Constitucional. Um dos atos mais importantes da Assembleia foi 
o confisco dos bens do clero francês, que seriam usados como uma espécie de lastro para os bônus 
emitidos para superar a crise financeira. Parte do clero reage e começa a se organizar e como 
resposta a Assembleia decreta a Constituição Civil do Clero; isto é, o clero passa a ser funcionário do 
Estado, e qualquer gesto de rebeldia levaria a prisão. A situação estava muito confusa. A Assembleia 
não conseguia manter a disciplina e controlar o caos econômico. O Rei entra em contato com os 
emigrados no exterior (principalmente na Prússia e na Áustria) e começam a conspirar para invadir a 
França, derrubar o governo revolucionário e restaurar o absolutismo. Para organizar a 
contrarrevolução, o monarca foge da França para a Prússia, mas no caminho e reconhecido por 
camponeses, é preso e enviado à Paris. Na capital, os setores mais moderados da Assembleia 
conseguiram que o Rei permanecesse em seu posto. A partir daí uma grande agitação tem início, 
pois seria votada e aprovada a Constituição de 1791. Esta constituição estabelecia, na França, a 
Monarquia Parlamentar, ou seja, o Rei ficaria limitado pela atuação do poder legislativo (Parlamento). 
Neste poder legislativo era escolhido através do voto censitário e isso equivalia dizer que o poder 
continuava nas mãos de uma minoria, de uma parte privilegiada da burguesia. Resumindo, o que 
temos é uma Monarquia Parlamentar dominada pela alta burguesia e pela aristocracia liberal, 
liderada, por exemplo, pelo famoso La Fayette. É o total afastamento do povo francês que continuava 
sem poder de decisão. No recinto da Assembleia, sentava-se à esquerda o partido liderado 
por Robespierre, que se aproximava do povo: eram os Jacobinos ou Montanheses (assim chamados 
por se sentarem nas partes mais altas da Assembleia); ao lado, um pequeno grupo ligado aos 
Jacobinos, chamados Cordeliers, onde apareceram nomes como Marat, Danton, Hebert e outros; no 
centro, sentavam-se os constitucionalistas, defensores da alta burguesia e a nobreza liberal, grupo 
que mais tarde ficará conhecido pelo nome de planície; à direita, ficava um grupo que também, mais 
tarde ficará conhecido como Girondinos defensores dos interesses da burguesia francesa e que 
temiam a radicalização da revolução; na extrema direita, encontram-se alguns remanescentes da 
aristocracia que ainda não emigrara conhecidos por aristocratas, que pretendiam a restauração do 
poder absoluto. Esta fase terminou com a radicalização do movimento revolucionário depois que 
Robespierre e seus seguidores agiram incitando à população a pegarem em armas e lutarem contra a 
Assembleia e as forças conservadoras. (COSTA NETO, s/d, s/p) 
 
 
 
 
 
A segunda fase da Revolução foi considerada a mais radical do movimento revolucionário 
porque foi a etapa em que os Jacobinos, liderados por Robespierre, assumiram o comando da 
revolução. Portanto, foi a etapa mais popular do movimento já que os Jacobinos eram representantes 
políticos das classes populares. Para alguns historiadores, esta etapa não predominou a ideologia 
burguesa, já que a burguesia não conduzia a revolução neste período. Porém, antes da queda da 
Monarquia Parlamentar, a burguesia chegou a proclamar uma República – a República Girondina em 
setembro de 1792. A república foi proclamada como um mecanismo de assegurar a burguesia seus 
interesses, projetos, no poder político do Estado. Como as tensões estavam exaltadas, a alta 
burguesia francesa decidiu tirar todo o poder político do rei Luis XVI e transferi-lo para si (a 
burguesia). Desta forma caía a Monarquia na França. Em 1792, a Assembleia Legislativa aprovou 
uma declaração de guerra contra a Áustria. É interessante salientar que a burguesia e a aristocracia 
queriam a guerra por motivos diferentes. Enquanto para a burguesia a guerra seria breve e vitoriosa, 
para o rei e a aristocracia seria a esperançade retorno ao velho regime. Palavras de Luís XVI: Em 
lugar de uma guerra civil, esta será uma guerra política e da rainha Maria Antonieta: Os 
imbecis [referia-se a burguesia]! Não veem que nos servem. Portanto, o rei e a aristocracia não 
vacilaram em trair a França revolucionária. Luís XVI e Maria Antonieta foram presos, acusados de 
traição ao país por colaborarem com os invasores. Verdun, última defesa de Paris, foi sitiada pelos 
prussianos. O povo, chamado a defender a revolução, saiu às ruas e massacrou muitos partidários do 
Antigo Regime. Sob o comando de Danton, Robespierre e Marat, foram distribuídas armas ao povo e 
foi organizada a Comuna Insurrecional de Paris. As palavras de Danton ressoaram de forma 
marcante nos corações dos revolucionários. Disse ele: Para vencer os inimigos, necessitamos de 
audácia, cada vez mais audácia, e então a França estará salva. Em 21 de Janeiro do ano seguinte, 
1793, Luis XVI foi condenado e guilhotinado na praça da revolução – atual Praça da Concórdia 
situada na avenida Champs-Élysées, em Paris – uma vez que os Jacobinos já haviam assumido a 
liderança do movimento revolucionário. A rainha Maria Antonieta, foi decapitada no mesmo ano só 
que em setembro. A República Girondina caiu e os Jacobinos assumiram a direção política do Estado 
proclamando uma nova República: a República Jacobina e com ela uma nova Constituição: a 
Constituição de 1793. Na Constituição Jacobina continham princípios que satisfazia a população 
porque garantia-lhe direitos e poder de decisão. Vejamos os mais importantes pontos da nova 
Constituição: 
 Voto Universal ou Sufrágio Universal - Todos os cidadãos homens maiores de idade, votam. 
 Lei do Máximo ou Lei do Preço Máximo – estabeleceu um teto máximo para preços e 
salários. 
 Venda de bens públicos e dos emigrados para recompor as finanças públicas. 
 Reforma Agrária – confisco de terras da nobreza emigrada e da Igreja Católica, que foram 
divididas em lotes menores e vendida a preços baixos para os camponeses pobres que 
puderam pagar num prazo de até 10 anos. 
 Extinção da Escravidão Negra nas Colônias Francesas – que acabou por motivar 
a Revolução Haitiana em 1794 e que durou até 1804 quando no Haiti aboliu-se a escravidão. 
 Organização dos seguintes comitês: o Comitê de Salvação Pública, formado por nove (mais 
tarde doze) membros e encarregado do poder executivo, e o Comitê de Segurança Pública, 
encarregado de descobrir os suspeitos de traição. 
 Criação do Tribunal Revolucionário, que julgava os opositores da Revolução e geralmente os 
condenavam à Guilhotina. 
Ressalta-se que para que os Jacobinos pudessem alcançar o poder político do Estado e 
assumi-lo, teve que contar com um apoio fundamental: os sans-culottes. Os sans-culottes eram 
indivíduos populares – normalmente desempregados e assalariados, a plebe urbana – que eram 
 
 
 
 
 
identificados pelo frígio, ou barrete, vermelho que usavam sobre suas cabeças. (COSTA NETO, s/d, 
s/p) 
Os sans-culottes acabaram por se transformar em uma força motora da revolução. Isto é, 
como era formado por uma massa de indivíduos, graças as ações violentas dos mesmos que os 
Jacobinos, ligados a eles, chegaram ao poder. Definitivamente os sans-culottes tiveram um papel 
fundamental no processo revolucionário francês já que correspondiam as aspirações populares. 
Porém, mesmo com o apoio dos sans-culottes e estando na direção política do Estado 
realizando determinadas reformas políticas e sociais significativas, os Jacobinos não duraram muito 
no poder devido ao que implantaram durante sua República – a Era do Terror. Robespierre, líder 
supremo dos Jacobinos, decidiu implantar a Era do Terror. Mas o que significou isso? Significou que 
era necessário agir de modo ditatorial para alcançar um governo democrático e assegurar as 
conquistas instituídas pelas reformas que se realizavam. Para tais fins teve que Robespierre impor o 
poder do Estado sobre a população e condenar todos os que eram considerados suspeitos de traição 
à Guilhotina. Foi o período em que a Guilhotina foi mais usada. Até mesmo líderes Jacobinos 
próximos a Robespierre, como Danton, por exemplo, foram guilhotinados. O excesso de terror fez 
com que os Girondinos articulassem um Golpe de Estado – o golpe 9 do Termidor – e derrubassem 
com a República Jacobina, guilhotinando inclusive Robespierre. Iniciava-se a terceira fase 
revolucionária. (COSTA NETO, s/d, s/p) 
Na terceira fase da Revolução acontece a Reação Termidoriana, o golpe de Estado armado 
pela alta burguesia financeira, que marcou o fim da participação popular no movimento 
revolucionário, em compensação os estabelecimentos comerciais cresciam, porque as ações 
burguesas anteriores haviam eliminado os empecilhos feudais. O novo governo, denominado 
Diretório (1795-1799), autoritário e fundamentado numa aliança com o exército (então restabelecido 
após vitórias realizadas em guerras externas), foi o responsável por elaborar a nova Constituição, que 
manteria a burguesia livre de duas grandes ameaças: a República Democrática Jacobina e o Antigo 
Regime. O Poder Executivo foi concedido ao Diretório, e uma comissão formada por cinco diretores 
eleitos por cinco anos. Apesar disso, em 1796 a burguesia enfrentou a reação dos Jacobinos e 
radicais igualitaristas. Graco Babeuf liderou a chamada Conspiração dos Iguais, um movimento 
socialista que propunha a "comunidade dos bens e do trabalho", cuja atenção era voltada a alcançar 
a igualdade efetiva entre os homens, que segundo Graco, a única maneira de ser alcançada era 
através da abolição da propriedade privada. A revolta foi esmagada pelo Diretório, que decretou pena 
de morte a todos os participantes da conspiração, e o enforcamento Babeuf. (COSTA NETO, s/d, s/p) 
O governo não era respeitado pelas outras camadas sociais. Os burgueses mais lúcidos e 
influentes perceberam que com o Diretório não teriam condição de resistir aos inimigos externos e 
internos e manter o poder. Eles acreditavam na necessidade de uma ditadura militar, uma espada 
salvadora, para manter a ordem, a paz, o poder e os lucros. A figura que sobressai no fim do período 
é a de Napoleão Bonaparte. Ele era o general francês mais popular e famoso da época. Quando 
estourou a revolução, era apenas um simples tenente e, como os oficiais oriundos da nobreza 
abandonaram o exército revolucionário ou dele foram demitidos, fez uma carreira rápida. Aos 24 anos 
já era general de brigada. Após um breve período de entusiasmo pelos Jacobinos, chegando até 
mesmo a ser amigo dos familiares de Robespierre, afastou-se deles quando estavam sendo 
depostos. Lutou na Revolução contra os países absolutistas que invadiram a França e foi responsável 
pelo sufocamento do golpe de 1795. Enviado ao Egito para tentar interferir nos negócios do império 
inglês, o exército de Napoleão foi cercado pela marinha britânica nesse país, então sobre tutela 
inglesa. Napoleão abandonou seus soldados e, com alguns generais fiéis, retornou à França, onde, 
com apoio de dois diretores e de toda a grande burguesia, suprimiu o Diretório e instaurou o 
Consulado, dando início ao período napoleônico com o golpe de Estado conhecido por 18 de 
Brumário. Com o golpe Napoleão foi adquirindo poderes políticos até que em 6 de maio de 1804 foi 
consagrado Imperador com o título de Napoleão Bonaparte-I governando até 1814, quando caiu do 
poder e foi exilado. Durante seu governo Napoleão não só estendeu com as fronteiras francesas por 
 
 
 
 
 
meio de guerras, como realizou diversas reformas políticas e sociais, sempre em nome dos 
interesses burgueses, instituindo o código civil, reformando o sistema educacional e adotando o estilo 
artístico neoclássico como modelo arquitetônico que servia de veículo de propaganda para as 
dimensões de seu poder político e para a alta burguesia em seu estilo de vida. (COSTA NETO, s/d, 
s/p) 
De acordo com Martins (1994,p. 13) O objetivo da revolução de 1789 não era apenas 
mudar a estrutura do Estado, mas abolir radicalmente a antiga forma de sociedade, com suas 
instituições tradicionais, seus costumes e hábitos arraigados, e ao mesmo tempo promover profundas 
inovações na economia, na política, na vida cultural, etc. É dentro desse contexto que se situam a 
abolição dos grêmios e das corporações e a promulgação de uma legislação que limitava os poderes 
patriarcais na família, coibindo os abusos da autoridade do pai, forçando-o a uma divisão igualitária 
da propriedade. A revolução desferiu também seus golpes contra a Igreja, confiscando suas 
propriedades, suprimindo os votos monásticos e transferindo para o Estado as funções da educação, 
tradicionalmente controladas pela Igreja. Investiu contra e destruiu os antigos privilégios de classe, 
amparou e incentivou o empresário. 
O impacto da revolução foi tão profundo que, passados quase setenta anos do seu triunfo, 
Alexis de Tocqueville, um importante pensador francês, referia-se a ela da seguinte maneira: "A 
Revolução segue seu curso: à medida que vai aparecendo a cabeça do monstro, descobre-se que, 
após ter destruído as instituições políticas ela suprime as instituições civis e muda, em seguida, as 
leis, os usos, os costumes e até a língua; após ter arruinado a estrutura do governo, mexe nos 
fundamentos da sociedade e parece querer agredir até Deus; quando esta mesma Revolução 
expande-se rapidamente por toda a parte com procedimentos desconhecidos, novas táticas, máximas 
mortíferas, poder espantoso que derruba as barreiras dos impérios, quebra coroas, esmaga povos e - 
coisa estranha - chega ao mesmo tempo a ganhá-los para a sua causa; à medida que todas estas 
coisas explodem, o ponto de vista muda. O que à primeira vista parecia aos príncipes da Europa e 
aos estadistas um acidente comum na vida dos povos, tornou-se um fato novo, tão contrário a tudo 
que aconteceu antes no mundo e no entanto tão geral, tão monstruoso, tão incompreensível que, ao 
percebê-lo, o espírito fica como que perdido". (MARTINS, 1994, p. 13) 
Ainda de acordo com Martins (1994, p. 13-14) a França, no início do século XIX, ia se 
tornando visivelmente uma sociedade industrial, com uma introdução progressiva da maquinaria, 
principalmente no setor têxtil. Mas o desenvolvimento acarretado por essa industrialização causava 
aos operários franceses miséria e desemprego. Essa situação logo encontraria resposta por parte da 
classe trabalhadora. Em 1816 - 1817 e em 1825 - 1827, os operários destroem as máquinas em 
manifestações de revolta. Com a industrialização da sociedade francesa, conduzida pelo empresário 
capitalista, repetem-se determinadas situações sociais vividas pela Inglaterra no início de, sua 
revolução industrial. Eram visíveis, a essa época, a utilização intensiva do trabalho barato de 
mulheres e crianças, uma desordenada migração do campo para a cidade, gerando problemas de 
habitação, de higiene, aumento do alcoolismo e da prostituição, alta taxa de mortalidade infantil etc. A 
partir da terceira década do século XIX, intensificam-se na sociedade francesa as crises econômicas 
e as lutas de classes. A contestação da ordem capitalista, levada a cabo pela classe trabalhadora, 
passa a ser reprimida com violência, como em 1848, quando a burguesia utiliza os aparatos do 
Estado, por ela dominado, para sufocar as pressões populares. Cada vez mais ficava claro para a 
burguesia e seus representantes intelectuais que a filosofia iluminista, que passava a ser designada 
por eles como "metafísica", "atividade crítica inconsequente", não seria capaz de interromper aquilo 
que denominavam estado de "desorganização", de "anarquia política" e criar uma ordem social 
estável. (MARTINS, 1994, p. 15-16) 
Determinados pensadores da época estavam imbuídos da crença de que para introduzir 
uma "higiene" na sociedade, para "reorganizá-la", seria necessário fundar uma nova ciência. 
Durkheim, ao discutir a formação da sociologia na França do século XIX, refere-se a Saint-Simon da 
seguinte forma: "O desmoronamento do antigo sistema social, ao instigar a reflexão à busca de um 
 
 
 
 
 
remédio para os males de que a sociedade padecia, incitava-o por isso mesmo a aplicar-se às coisas 
coletivas. Partindo da ideia de que a perturbação que atingia as sociedades europeias resultava do 
seu estado de desorganização intelectual, ele entregou-se à tarefa de pôr termo a isto. Para refazer 
uma consciência nas sociedades, são estas que importa, antes de tudo, conhecer. Ora, esta ciência 
das sociedades, a mais importante de todas, não existia; era necessário, portanto, num interesse 
prático, fundá-la sem demora". Como se percebe pela afirmação de Durkheim, esta ciência surge 
com interesses práticos e não "como que por encanto", como certa vez afirmara. (MARTINS, 1994, p. 
15-16) 
 
 
 
 
 
 
3. A SITUAÇÃO INTELECTUAL – A SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA 
 
De acordo com Jobim (2007, p. 2) a Sociologia é uma ciência que estuda as sociedades 
humanas e os processos que interligam os indivíduos em associações, grupos e instituições. 
Enquanto o indivíduo isolado é estudado pela Psicologia, a Sociologia estuda os fenômenos que 
ocorrem quando vários indivíduos se encontram em grupos de tamanhos diversos, e interagem no 
interior desses grupos. 
Pondo-se de lado alguns trabalhos precursores, como os de Maquiavel (Itália em Florença, 
1469 - 1527) e Montesquieu (França em Bordéus, 1689 - 1755), o estudo científico dos fatos 
humanos somente começou a se constituir em meados do século XIX. Nessa época, assistia-se ao 
triunfo dos métodos das ciências naturais. 
Diante da comprovação inequívoca da fecundidade do caminho metodológico apontado por 
Galileu (Itália em Pisa, 1564 - 1642) e outros, alguns pensadores que procuravam conhecer 
cientificamente os fatos humanos passaram a abordá-los segundo as coordenadas das ciências 
naturais. Outros, ao contrário, afirmando a peculiaridade do fato humano e a consequente 
necessidade de uma metodologia própria. Essa metodologia deveria levar em consideração o fato de 
que o conhecimento dos fenômenos naturais e um conhecimento de algo externo ao próprio homem, 
enquanto nas ciências sociais o que se procura conhecer é a própria experiência humana (interna). 
De acordo com a distinção entre experiência externa e experiência interna, poder-se-ia 
distinguir uma série de contrastes metodológicos entre os dois grupos de ciências. As ciências exatas 
partiriam da observação sensível e seriam experimentais, procurando obter dados mensuráveis e 
regularidades estatísticas que conduzissem à formulação de leis de caráter matemático. As ciências 
humanas, ao contrário, dizendo respeito à própria experiência humana, seriam introspectivas, 
utilizando a intuição direta dos fatos, e procurariam atingir não generalidades de caráter matemático, 
mas descrições qualitativas de tipos e formas fundamentais da vida do espírito. (JOBIM, 2007, p. 2) 
Os positivistas (como eram chamados os teóricos da identidade fundamental entre as 
ciências exatas e as ciências humanas) tinham suas origens, sobretudo na tradição empirista inglesa 
que remonta a Francis Bacon (Inglaterra em Londres, 1561 – 1626) e encontrou expressão em David 
Hume (Escócia em Edimburgo, 1711 – 1776), nos utilitaristas do século XIX e outros. Nessa linha 
metodológica de abordagem dos fatos humanos se colocariam Augusto Comte (França, 1798 – 1857) 
e Émile Durkheim (França, 1858 – 1917), este considerado por muitos como o fundador da sociologia 
como disciplina científica. Os antipositivistas, adeptos da distinção entre ciências humanas e ciências 
 
 
 
 
 
naturais, foram, sobretudo, os alemães, vinculados ao idealismo dos filósofos da época do 
Romantismo, principalmente Hegel (Alemanha em Esturgarda, 1770 – 1831) e Schleiermacher 
(Polônia em Breslau, 1768 – 1834). Os principais representantes dessa orientaçãoforam os 
neokantianos Wilhelm Dilthey (Alemanha em Briebrich, Renânia, 1833 – 1911), Wilhelm Windelband 
(Alemanha em Potsdam, 1848-1915) e Heinrich Rickert ( Alemanha em Danzig, 1863 – 1936). 
Dilthey estabeleceu uma distinção que fez fortuna: entre explicação (erklären) e 
compreensão (verstehen). O modo explicativo seria característico das ciências naturais, que 
procuram o relacionamento causal entre os fenômenos. A compreensão seria o modo típico de 
proceder das ciências humanas, que não estudam fatos que possam ser explicados propriamente, 
mas visam aos processos permanentemente vivos da experiência humana e procuram extrair deles 
seu sentido. Os sentidos (ou significados) são dados, segundo Dilthey, na própria experiência do 
investigador, e poderiam ser empaticamente apreendidos por outros em interação com ele conforme 
a vivência de cada um. Dilthey (como Windelband e Rickert), contudo, foi, sobretudo, filósofo e 
historiador e não, propriamente, cientista social, no sentido que a expressão ganharia no século XX. 
Outros levaram o método da compreensão ao estudo de fatos humanos particulares, constituindo 
diversas disciplinas compreensivas. Na sociologia, a tarefa ficaria reservada a Max Weber. 
Levando-se em conta os esforços realizados por tantos pensadores, desde a Antiguidade, 
para entender a sociedade e o seu desenvolvimento, a Sociologia poderia ser considerada a mais 
velha de todas as ciências, e a mais acolhedora. Tanto que hoje em dia praticamente todo mundo é 
―sociólogo‖ — ―porque todos estamos sempre analisando os nossos comportamentos e as nossas 
experiências interpessoais‖, pois, até por razões emocionais, de alguma forma nos acostumamos a 
contemplar e a dar palpite sobre os movimentos da sociedade, as forças que conduzem os seres 
humanos, as razões dos conflitos sociais, as origens da família, as relações entre Estado e Direito, o 
funcionamento dos sistemas políticos, a função das ideologias e das religiões, etc. Segundo esse 
raciocínio, podem ter sido sociólogos os veneráveis santos Agostinho (Tagasta, Numídia ao norte da 
África, 354 – 430 ) e Tomás de Aquino (Campânia no sul da Itália, 1225 – 1274 ) e padre Antônio 
Vieira (Portugal em Lisboa, 1608 - 1697), que interpretavam a realidade social de acordo com os 
dogmas e interesses da Igreja Católica, bem como os notáveis lbn Khaldun, historiador islâmico 
(Tunísia, 1332 – 1406) e Maquiavel, que criticavam toda interpretação teológica da sociedade. 
(JOBIM, 2007, p. 2) 
O termo Sociologie foi cunhado por Auguste Comte, que esperava unificar todos os estudos 
relativos ao homem — inclusive a História, a Psicologia e a Economia. Seu esquema sociológico era 
tipicamente positivista, (corrente que teve grande força no século XIX), e ele acreditava que toda a 
vida humana tinha atravessado as mesmas fases históricas distintas e que, se a pessoa pudesse 
compreender este progresso, poderia prescrever os remédios para os problemas de ordem social. 
O surgimento da sociologia ocorreu num momento de grande expansão do capitalismo, 
desencadeado pela dupla revolução – a industrial e a francesa. O triunfo da indústria capitalista na 
revolução industrial desencadeou uma crescente industrialização e urbanização, o que provocou 
radicais modificações nas condições de existência e nas formas habituais de vida de milhões de 
seres humanos. Estas situações sociais radicalmente novas, impostas pela sociedade capitalista, 
fizeram com que a sociedade passasse a se constituir em "problema". Diante disso, pensadores 
ingleses da época procuraram extrair dessas novas situações temas para a análise e a reflexão, no 
objetivo de agir, tanto para manter como para reformar ou modificar radicalmente a sociedade de seu 
tempo. Isto foi fundamental para a formação e a constituição de um saber sobre a sociedade. Outra 
circunstância que também influenciou e contribui para a formação da sociologia se deve às 
transformações ocorridas nas formas de pensamento, originadas pelo Iluminismo. As transformações 
econômicas que o ocidente europeu presenciou desde o século XVI, provocaram modificações na 
forma de conhecer a natureza e a cultura. A partir daí, o pensamento deixa de ter uma visão 
sobrenatural para a explicação dos fatos da natureza e passa a ser substituído pelo uso da razão. 
(JOBIM, 2007, p. 3-4) 
 
 
 
 
 
Para Jobim (2007, p. 3-4) o emprego sistemático da razão representou um avanço para 
libertar o conhecimento do controle teológico, da tradição, da revelação e para a formulação de uma 
nova atitude intelectual diante dos fenômenos da natureza e da cultura. Essas novas maneiras de 
produzir e viver propiciaram um visível progresso das formas de pensar e contribuíram para afastar 
interpretações baseadas em superstições e crenças infundadas, abrindo consequentemente um 
espaço para a constituição de um saber sobre os fenômenos histórico-sociais. Esta crescente 
racionalização da vida social não era um privilégio somente de filósofos e homens que se dedicavam 
ao conhecimento, mas também, do homem comum dessa época, que renunciava cada vez mais os 
fatos submetidos às forças sobrenaturais, passando a percebê-los como produtos da atividade 
humana, passíveis de serem conhecidos e transformados. 
A revolução francesa contribuiu para o surgimento da sociologia na medida em que o 
objetivo dessa revolução era mudar a estrutura do Estado monárquico e, ao mesmo tempo, abolir 
radicalmente a antiga forma de sociedade; promover profundas inovações na economia, na política, 
na vida cultural, etc; além de desferir seus golpes contra a Igreja. Tais atitudes ocasionaram 
profundos impactos, causando espanto aos pensadores da época e à própria burguesia, já instalada 
no poder. Diante disso, esses pensadores se incumbem à tarefa de racionalizar a nova ordem e 
encontrar soluções para o estado de "desorganização" então existente. Mas, para estabelecer esta 
tarefa seria necessário, segundo eles, conhecer as leis que regem os fatos sociais e instituir uma 
ciência da sociedade. Assim, pensadores positivistas da época concluíram que, para restabelecer a 
organização e o aperfeiçoamento na sociedade, seria necessário fundar uma nova ciência. Essa nova 
ciência assumia, como tarefa intelectual, repensar o problema da ordem social, ressaltando a 
importância de instituições como a autoridade, a família, a hierarquia social, destacando a sua 
importância teórica para o estudo da sociedade. A oficialização da sociologia foi, portanto, em larga 
medida, uma criação do positivismo que procurará realizar a legitimação intelectual do novo regime. 
 Foram as ideias desenvolvidas por incontáveis homens e mulheres, ao longo da história 
humana, que começa na Mesopotâmia e no Egito a mais de quatro mil anos antes do nascimento de 
Cristo, que reunidas, trabalhadas e revistas, formaram o que hoje temos como conhecimento em 
todas as áreas da vida. (JOBIM, 2007, p. 3-4) 
 Conforme Quintaneiro, et al (2002, p. 22-23) em suma, foi a partir da obra realizada 
sobretudo por Marx, Durkheim e Weber que a Sociologia moderna se configurou como um campo de 
conhecimento com métodos e objeto próprios. Valores e instituições que antes eram considerados de 
um ponto de vista supra-histórico passam a ser entendidos como frutos da interação humana. Assim, 
a Sociologia revelava a dimensão temporal de fenômenos e dispunha-se, mesmo, a interferir no seu 
curso aparentemente autônomo. Com o tempo, nenhum tema seria considerado menos nobre ou 
escaparia à ânsia de entendimento: o Estado, as religiões, os povos ―não civilizados‖, a família e a 
sexualidade, o mercado, a moral, a divisão do trabalho, os modos de agir, as estruturas das 
sociedades e seus modos de transformação, a justiça, a bruxaria, a violência... O olhar sociológico 
continuará à espreita de novos objetos. A razão passa a ser vista como a luz que, promovendo a 
liberdade do indivíduo, orienta sábios e ignorantesem direção à verdade. 
Ao tratar de compreender a especificidade do que poderia ser chamado de ―social‖ e dada a 
própria natureza de seu objeto, a Sociologia sofre continuamente as influências de seu contexto. 
Ideias, valores, ideologias, conflitos e paixões presentes nas sociedades permeiam a produção 
sociológica. Antigos temas -liberdade, igualdade, direitos individuais, alienação - não desaparecem, 
mas assumem hoje outros significados. A Sociologia era, e continua a ser, um debate entre 
concepções que procuram dar resposta às questões cruciais de cada época. Por inspirar-se na vida 
social, não pode, portanto, estar ela própria livre de contradições. (QUINTANEIRO, ET AL, 2002, p. 
22-23) 
 
4. O PENSAMENTO DE: COMTE, DURKHEIM, MARX e ENGELS, WEBER 
 
 
 
 
 
 
- Auguste Comte: Para Pauli (s/d, s/p) Auguste Comte filósofo francês (...) é conhecido 
como fundador do positivismo e da sociologia. É o positivismo uma nova forma do empirismo, que 
agora assume a veste de um novo nome e se ordena em síntese ampla. Tal como já o empirismo, o 
positivismo se retém naquilo que não ultrapassa à superfície das coisas que se experimentem; 
afasta-se de conceitos meramente racionais, como, por exemplo, o de substância. Com isso ficaram 
eliminadas a metafísica e a psicologia racional. Classificou Comte as ciências pelo objeto. Em 
consequência abandonou classificação subjetiva pelas faculdades introduzida por Francis Bacon e 
que fora ainda divulgada pela Enciclopédia Francesa. Por sua vez o objeto foi ordenado pela ordem 
de generalidade decrescente, estabelecendo-se consequentemente a matemática no topo (ou na 
base) das ciências positivas. Depois vem a astronomia, a física, a química, a biologia e a sociologia, 
com objetos progressivamente menos gerais, todavia mais complexos. A descida ao cada vez menos 
geral pode resultar em divisões materiais; não suficientemente atento a esta questão dividiu Conte 
ciências, como a física, a astronomia, a geografia, que efetivamente não se diferenciam por esta 
via. A sociologia de Comte como ciência positiva, se prende à filosofia apenas na sua caracterização 
meramente formal. Em si mesma a sociologia somente afeta à filosofia, quando se trata de defini-la e 
lhe discutir os métodos. Então ela é a ciência que tem por objeto a interação social; advertir para este 
objeto de estudo, Comte teve certamente um grande mérito, ainda que tal estudo em parte sempre 
houvesse sido realizado. No atinente ao método, faz-se o reparo, que Comte ao dividi-la usou de 
expressões analógicas, e que podem inadvertidamente ser tomadas pelo sentido inadequado. Ao 
denominá-la física social, e ao dividi-la em estática social e dinâmica social, usou uma linguagem que 
somente é válida em sentido analógico; usada em sentido próprio poderá acarretar equívocos. 
Conforme Pauli (s/d, s/p) em si mesma, a sociologia, como ciência positiva que é, escapa à 
filosofia; mas não deixa de ser curiosa teoria comtiana da evolução da humanidade por três estágios: 
teológico, metafísico, científico. Eis uma hipótese, cuja validade depende da observação positiva. 
Contudo indiretamente ela também depende da teologia, da filosofia, da ciência, as quais precisam 
primeiramente acontecer, para depois se determinar como historicamente aconteceram. 
Para Jobim (2007, p. 4-6) Comte acreditava que a realidade é formada por partes isoladas, 
de fatos atômicos; a explicação dos fenômenos se dá através da relação entre eles; não se interessa 
pelas causas, mas pelas relações entre os fenômenos; rejeição ao conhecimento metafísico; há 
somente um método para a investigação dos dados naturais e sociais. Tanto um quanto outro são 
regidos por leis invariáveis. Em sua Lei dos três estados ou estágios do desenvolvimento intelectual, 
Comte teorizava que o desenvolvimento intelectual humano havia passado historicamente primeiro 
por um estágio teológico, em que o mundo e a humanidade foram explicados nos termos dos deuses 
e dos espíritos; depois através de um estágio metafísico transitório, em que as explanações estavam 
nos termos das essências, de causas finais, e de outras abstrações; e finalmente para o estágio 
positivo moderno. Este último estágio se distinguia por uma consciência das limitações do 
conhecimento humano. 
 
 
LEI DOS TRÊS ESTADOS - características 
 
Estado Teológico 
 
Estado Metafísico 
 
Estado Positivo 
 
- tudo tem origem no 
sobrenatural. 
- época dos sacerdotes e 
 
- tudo tem origem na razão, 
na natureza e em forças 
misteriosas. 
 
- ciência substitui a razão, 
natureza e forças misteriosas. 
- época industrial. 
 
 
 
 
 
militares. 
- domínio da organização 
militar. 
- época jurídica. 
- prevalece a organização 
jurídica. 
- predomínio do intelectual, 
principalmente o sociólogo|- a 
economia se junta à sociologia 
para, juntas, guiarem os destinos 
da organização social. 
Fonte: JOBIM, Sonia/ Introdução à Sociologia, 2007. 
 
Comte tentou também uma classificação das ciências; baseada na hipótese que as ciências 
tinham se desenvolvido a partir da compreensão de princípios simples e abstratos, para daí 
chegarem à compreensão de fenômenos complexos e concretos. Assim as ciências haviam se 
desenvolvido a partir da matemática, da astronomia, da física, e da química para atingir o campo mais 
complexo da biologia e finalmente da sociologia. De acordo com Comte, esta última disciplina, a 
Sociologia, não somente fechava a série, mas também reduziria os fatos sociais a leis científicas, e 
sintetizaria todo o conhecimento humano, como ápice de toda a ciência. Embora não fosse dele o 
conceito de sociologia ou da sua área de estudo, Comte ampliou seu campo e sistematizou seu 
conteúdo. Dividiu a Sociologia em dois campos principais: Estática social, ou o estudo das forças que 
mantêm unida a sociedade; e Dinâmica social, ou o estudo das causas das mudanças sociais. 
(JOBIM, 2007, p. 4-6) 
Também de acordo com Jobim (2007, p. 4-6) o estudo da estática social deve ser iniciado 
com o entendimento do Consenso Social, que é a interdependência social ou interpenetração dos 
fenômenos sociais. Segundo Comte os fenômenos sociais só podem ser estudados em conjunto 
porque eles são fundamentalmente conexos. E é pelo Consenso Social que pode existir a Harmonia 
Social. 
A sociedade é composta de unidades chamadas de células sociais. Essas células são 
famílias e não indivíduos. A família, portanto, é a verdadeira unidade social por ser a associação mais 
espontânea que existe. Ela é a fonte espontânea da educação moral e constitui a base natural da 
organização política. A sociedade deve ser organizada com base no "organismo doméstico", que tem 
como características principais: 
 Subordinação: subordinação espontânea da mulher ao homem e dos filhos aos pais; 
 União: a família é possível graças a união de seus membros; 
 Cooperação: a sociabilidade no meio familiar é possível graças à cooperação; 
 Altruísmo: o sentimento familiar desenvolve o prazer de fazer pelo outro e para o outro; 
 Toda sociedade deve possuir uma ordem, proveniente dos instintos sociais do indivíduo e 
que se manifesta através da família. Essa ordem exige, para sua sobrevivência, de uma 
autoridade. Na família essa autoridade é o marido e na sociedade é o governo. Não há 
sociedade sem governo, nem governo sem sociedade. 
O governo deve manter uma intervenção "universal e contínua" na sociedade, de forma 
material, intelectual e moral, para evitar que o progresso a inviabilize. Segundo Comte, o progresso 
enfraquece a união e a cooperação, fragilizando a ordem. Essa é a intervenção do "conjunto sobre as 
partes". As forças sociais que determinam as estruturas sociais são a material, a intelectual e a moral. 
A organização social baseia-se na divisão do trabalho social e na combinação de esforços. 
Todo estado social é uma consequência do passado e uma preparação para o futuro.Não 
há espaço para quaisquer vontades superiores. As leis que regem o estado social são leis análogas 
às leis biológicas. E exatamente por essa analogia conclui-se que a humanidade caminha para a 
completa autonomia, o que ocorrerá quando for ultrapassada a sua etapa metafísica. Mas nada é 
eterno! A evolução da sociedade, da mesma forma que no indivíduo, leva-a para o inevitável caminho 
da decadência final. 
 
 
 
 
 
No início a humanidade assumiu a fase teológica ou fictícia, que foi uma fase provisória, 
mas o ponto de partida necessário para todo o processo cultural. 
A segunda fase é a metafísica ou abstrata, que é transitória, onde os agentes sobrenaturais 
são substituídos por força abstratas, entendidas como seres do mundo. 
A terceira fase é a positiva, científica ou real, que é a fase definitiva da humanidade, quando 
o homem descobre a impossibilidade de obter conhecimentos absolutos e desiste de indagar sobre a 
origem e a finalidade do universo, assim como sobre as causas íntimas dos fenômenos. O homem 
passa a se preocupar apenas em descobrir as leis efetivas que estabelecem as relações invariáveis 
de sucessão e semelhança. Estuda-se as leis a abandona-se a pesquisa das causas. (JOBIM, 2007, 
p.4-6) 
Segundo Jobim (2007, p. 4-6) o problema fundamental do estado positivo é a conciliação da 
ordem com o progresso, que é a condição necessária ao aparecimento do verdadeiro sistema 
político. Toda ordem estabelecida deverá ser compatível com o progresso, assim como todo 
progresso, para ser realizado, deverá permitir as consolidação da ordem. Estado Positivo significa o 
fracasso da Teologia e da Metafísica. Em seguida virá o domínio do Positivismo e da Sociologia, 
fazendo surgir a "Religião da Humanidade", com o predomínio do altruísmo e da harmonia social. 
Para Pauli (s/d, s/p) preconizou Comte uma nova religião, a da humanidade1, em que os 
sacerdotes são os cientistas. Também aqui ocorreu uma aproximação exagerada entre coisas 
apenas analógicas. Importa, entretanto, enaltecer o alto respeito de Comte pela Humanidade, ao 
ponto de elevá-la à condição de objeto de culto. Em princípio as coisas têm um certo direito à sua 
individualidade, cujo respeito é uma espécie de culto. O verdadeiro culto a Deus não é a relação entre 
servo e senhor, mas o respeito à posição de Deus no todo; assim, importa respeitar os indivíduos, a 
nação e finalmente à humanidade. Não importa apenas o patriotismo no sentido nacional; o mais 
completo patriotismo é também humanitário, e o foi onde Comte se antecipou à tendência atual de 
globalização, ainda que fosse exageradamente enfático na linguagem usada. Com referência ainda 
ao misticismo de Comte, referiu-se à Humanidade como o Grande Ser, - Grand Être, como objeto 
principal do culto. São objetos de veneração também o Grande meio, - o espaço, - e o Grande 
Fetiche, - a terra. Juntos constituem a trindade positiva. Acresceu ainda variados símbolos, - 
calendário próprio, sacerdotes, pontífices, altares, sacramentos. Em consequência se multiplicaram 
as sociedades positivistas no mundo, com os respectivos templos, em que até o número de degraus 
de acesso contém simbolismos. (...) Fora da Europa o positivismo recebeu larga acolhida, sobretudo 
nos meios que cultivam a matemática, por exemplo, militares. Nos Estados Unidos da América ainda 
se desenvolveu na forma especial de Pragmatismo. No Brasil o positivismo teve ampla aceitação, 
quer nas escolas de direito, quer nos círculos militares em virtude da matemática, quer ainda no 
movimento republicano. Teve também seus materialistas e evolucionistas. Em Recife notaram-se 
primeiramente Tobias Barreto e Silvio Romero, depois emigrados para outros centros. No Rio de 
Janeiro o republicano Benjamim Constant fundava em 1876 a sociedade positivista. Mas a igreja 
positivista foi mais um esforço de Miguel Lemos e Teixeira Mendes. (PAULI, s/d, s/p) 
- Émile Durkheim: Segundo Amaral (2004, s/p) utilizando-se do método positivo, apoiado 
na observação, indução e experimentação é que Durkheim tenta formular proposições que 
estabeleçam relações constantes entre os fenômenos, os chamados ―fatos sociais‖, a fim de 
compreender a maneira de agir fixa ou não do indivíduo, obedecendo à coerção exterior, determinada 
pela sociedade sobre o mesmo, implicando, assim, que a sociedade se impõe ao indivíduo, ditando a 
ele normas de comportamento, e que a ele compete, apenas, assimilá-las, não importando se haveria 
interesses ou motivações individuais que determinassem o ―fato social‖, haja vista, para ele ser o todo 
mais importante do que as partes que o compõem, sendo cada indivíduo, portanto, apenas um átomo 
na grande química que é a sociedade. Segundo ele, um dos fatores de agregação da sociedade é a 
 
1
 Há informações sobre a Igreja Positivista do Brasil ao final desta Apostila. 
 
 
 
 
 
―divisão do trabalho‖, tendo em vista a interdependência entre os indivíduos, advinda da mesma, 
como consequência das especializações nas tarefas, identificando, aqui, a coerção da consciência 
coletiva sobre as consciências individuais. 
Os fenômenos que constituem a sociedade têm sua origem na coletividade, onde os ―fatos 
sociais‖ são formados pelas ―representações coletivas‖, através de suas lendas, mitos, religião, e 
crenças morais que são legadas de geração para geração, acrescentadas de experiências e 
sabedoria acumuladas, sendo assim, de forma muito particular, infinitamente, mais rica e complexa 
do que a do indivíduo, reafirmando a teoria de que a sociedade é que determina o indivíduo. 
(AMARAL, 2004, s/p) 
Ainda de acordo com Amaral (2004, s/p) mesmo estudando fatos já cristalizados, que para 
Durkheim, constituem ―maneiras de ser‖ sociais, tais como: forma de nossas casas, nosso vestuário, 
a linguagem escrita, são para ele, realidades exteriores à vontade dos indivíduos, tornando-os, assim, 
―fatos sociais‖, que possuem ascendência sobre eles, arrastando-os e influenciando-os, ditando 
normas e costumes que são internalizados nos indivíduos, através da educação. Não educamos 
nossos filhos como queremos, mas sim da forma que a sociedade admite e propõe, pois muito do que 
passamos aos mesmos já existia antes deles. 
Se, porventura, tentamos escapar aos ditames de normas pré-estabelecidas, violando uma 
regra moral ou desafiando uma lei, verificaremos toda sorte de dificuldades e obstáculos que nos 
serão impostos pelos demais membros da comunidade na tentativa de nos impedir que assim 
procedamos para que não sejamos punidos, mostrando-nos, sempre, que estamos diante de algo 
que nos é superior. As ideias e os sentimentos coletivos não podem ser modificados ao nosso bel 
prazer. A mudança é possível, no entanto, necessário se faz que vários indivíduos, através de uma 
ação combinada consigam constituir um novo ―fato social‖. As resistências àquela seriam tanto 
maiores quanto fossem a importância dos valores a serem modificados, incorrendo, assim, numa 
batalha feroz de forças antagônicas, visando à consolidação, ou não, das mudanças pretendidas. 
Segundo o pensamento de Durkheim as instituições são impostas aos indivíduos, e eles, a 
elas adere, mesmo que de forma constrangedora, ainda assim, ele encontra vantagens, tais como as 
regras morais, que apesar de coercitivas, a eles se apresentam como coisas agradáveis e desejáveis, 
embora, impliquem em deveres que demandam esforço no seu cumprimento. A sociedade tem vida 
própria, antecede e sucede aos indivíduos, tal qual um ente superior que independe deles, possui 
sobre eles autoridade e ainda que os constranja, ainda assim eles a amam. Durkheim defende que o 
melhor método para se explicar a função do ―fato social‖ na sociedade, seria através da observação, 
de maneira semelhante ao adotado pelos cientistas naturais, levando-se em conta, entretanto, que o 
objeto do estudo dentro da Sociologia tem peculiaridadespróprias, distintas dos fenômenos naturais. 
No entanto, acreditava ele que investigando-se as relações de causa e efeito e regularidade, poderia 
se chegar a descoberta de leis, que determinassem a existência de um ―fato social‖ qualquer e que 
por conseguinte, determinaria, este, a ação dos indivíduos. Para ele, os fenômenos coletivos variam 
de acordo com o substrato social em que vivem os indivíduos, sendo esse substrato definido pelo 
território em que os mesmos vivem e se movimentam, decorrendo daí a comunicação e a interação 
entre os mesmos, fatos estes de relevante importância na vida social. 
Ao observar um ―fato social‖, que ele passa a designar como ―coisa‖, o cientista deve 
afastar-se de todo e qualquer conhecimento anterior que ele possua do mesmo, tomando-o como 
uma realidade exterior, sem considerar as suas manifestações individuais, evitando, assim, 
interferências no resultado da pesquisa a que se propôs. ―Seu papel é exprimir a realidade, não julgá-
la‖. (TÃNIA QUINTANEIRO, s/d, p. 27, apud AMARAL, 2004, s/p). 
- Karl Marx e Friedrich Engels: De acordo com Araujo (s/d, p. 7-8) Marx e Engels 
merecem destaque por suas pesquisas de cunho sociológico e socialista. Esses dois estudiosos 
procuraram oferecer uma explicação da sociedade como um todo e, por isso, não estavam 
preocupados em fundar a Sociologia como disciplina específica. Em seus trabalhos, percebe-se uma 
 
 
 
 
 
profunda interligação entre os campos do saber. A formação teórica do socialismo marxista constituiu 
uma complexa operação intelectual e crítica de assimilação das três principais correntes do 
pensamento europeu do século passado – o socialismo, a dialética e a economia política. 
Anteriormente ao socialismo marxista, existiu o socialismo utópico, cujos principais 
expoentes foram Owen e Saint-Simon. Porém, na visão de Marx e Engels, embora os socialistas 
utópicos tivessem elaborado uma crítica à sociedade burguesa, eles não apresentaram meios para 
mudar efetivamente a realidade social. Na verdade, os socialistas utópicos atuavam como 
representantes dos interesses da humanidade, mas de uma forma apolítica, não reconheciam em 
nenhuma classe social o instrumento para a concretização de suas ideias. 
Inspirados pela dialética de Hegel, Marx e Engels ressaltaram seu caráter revolucionário, 
apesar de terem-na criticado por seu idealismo. Ao contrário de Hegel, Marx e Engels acreditavam 
que os fenômenos existentes não eram simples projeções do pensamento. Para eles, as sociedades 
humanas estavam em contínua e dinâmica transformação e o motor da história eram os conflitos e os 
antagonismos entre as classes sociais. Criaram uma teoria científica de grande importância e 
inegável valor explicativo – o materialismo histórico, segundo o qual a investigação de qualquer 
fenômeno social deveria partir da estrutura econômica da sociedade. Os fatos econômicos seriam a 
base de apoio dos outros níveis da realidade, como a religião, a política e a cultura. A análise da 
estrutura econômica da sociedade deveria ser orientada pela economia política, porém Marx e Engels 
não concordavam com os economistas clássicos em relação à ideia de que a produção de bens 
materiais fosse obra de indivíduos isolados, que perseguiam egoisticamente seus interesses 
particulares. 
O homem é um animal essencialmente social, diziam Marx e Engels. Desde os primórdios 
da humanidade existe uma constante relação de interdependência entre os homens. Para Marx e 
Engels, a função da Sociologia não poderia se limitar apenas a solucionar os problemas sociais para 
restabelecer a ordem e o bom funcionamento da sociedade, como imaginavam os positivistas. A 
Sociologia deveria realizar mudanças radicais na sociedade, unindo teoria e ação, ciência e os 
interesses da classe proletária. (ARAUJO, s/d, p. 7-8) 
De acordo com Ferreira (s/d, s/p) os princípios básicos que fundamentaram o socialismo 
marxista podem ser sintetizados em três teorias centrais: a teoria da mais-valia, onde se demonstrava 
a maneira pelo qual o trabalhador é explorado na produção capitalista; a teoria da luta das classes, 
onde se afirma que a história da sociedade humana é a história da luta das classes ou do conflito 
permanente entre exploradores e explorados; e, finalmente, a teoria do materialismo histórico. 
Marx dedicou-se a um estudo intensivo da história, e criou uma teoria que veio a ser 
conhecida como a concepção materialista da história, que foi exposta num trabalho em que esboça a 
história dos vários modos de produção, prevendo o colapso do modo de produção vigente - o 
capitalismo. O materialismo histórico é uma teoria sobre toda e qualquer forma produtiva criada pelo 
homem de acordo com seu ambiente ao longo do tempo, onde se evidencia que os acontecimentos 
históricos são determinados pelas condições materiais (econômicas) da sociedade. Dentre as ideias 
do materialismo histórico, relevam-se as questões das forças produtivas e relações de produção. 
Marx afirmou que a estrutura de uma sociedade depende da forma como os homens 
organizam a produção social de bens. A produção social, segundo ele, engloba dois fatores básicos: 
as forças produtivas e as relações de produção. As forças produtivas constituem as condições 
materiais de toda a produção. Representam as matérias primas, os instrumentos, as técnicas de 
trabalho e até os próprios homens. Reconhece-se o grau de desenvolvimento das forças produtivas 
de uma nação a partir do aperfeiçoamento da divisão do trabalho. As relações de produção são a 
forma pelas quais os homens se organizam para executar a atividade produtiva. Elas se referem às 
diversas maneiras pelas quais são apropriados e distribuídos os elementos envolvidos no processo 
de trabalho. Assim, as relações de produção podem ser cooperativistas (como um mutirão), 
 
 
 
 
 
escravistas (como na antiguidade), servis (como na Europa feudal) e capitalistas (como na indústria 
moderna). 
Forças produtivas e relações de produção são condições naturais e históricas de toda a 
atividade produtiva que ocorre em sociedade. A forma pela qual ambas existem e são reproduzidas 
numa determinada sociedade constitui o que Marx determinou de modo de produção. Para ele, o 
estudo deste é muito importante para a compreensão de como se organiza a sociedade. (FERREIRA, 
s/d, s/p) 
- Max Weber: Já, o sociólogo alemão Max Weber defendia a neutralidade científica, 
segundo a qual o cientista jamais deveria defender preferências políticas e ideológicas a partir de sua 
atividade profissional. Isso acarretaria um isolamento da Sociologia dos movimentos revolucionários e 
a profissionalização da disciplina. 
Weber via o cientista como homem do saber, das análises frias e penetrantes; e o político 
como homem de ação e decisão, comprometido com as questões práticas da vida. Dessa forma, a 
ciência deveria oferecer ao homem de ação, a compreensão da sua conduta, das motivações e das 
consequências de seus atos. Influenciado pelo pensamento marxista, muitas de suas pesquisas 
constataram, até certo ponto, a validade das relações estabelecidas por Marx entre economia, política 
e cultura. Mas, para Weber, não seria correto admitir que a economia se sobrepusesse sobre os 
demais campos da realidade social. Cada problema deveria ser analisado cuidadosamente a fim de 
se descobrir que dimensão da realidade estaria condicionando as demais. (ARAUJO, s/d, p. 7-8) 
Conforme Araujo (s/d, p. 7-8) a respeito da Sociologia como ciência, Weber dava ênfase à 
investigação do indivíduo e de sua ação, ao contrário dos conservadores, que procuravam estudar as 
instituições e os grupos sociais. Não visava à negação da importância dos fenômenos sociais, mas à 
necessidade de compreender as motivações dos indivíduos que os vivenciam. Por isso, descartava o 
método de investigação científica das ciências naturais, proposto pelos positivistas para o estudo da 
sociedade. Weber defendia-se

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