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Resumo Sociologia 1°EM

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Sociologia
O que é sociologia?
A sociologia busca explicar os vários fatores que diferenciam o comportamento humano ou, pelo contrário, porque grupos sociais diversos tendem a comportar-se de maneira semelhante.
Para o estudo sociológico se considera o grupo social, as interações entre os indivíduos e os meios usados para a comunicação destes indivíduos no grupo.
Assim, o objeto de estudo do sociólogo pode ser as diferentes organizações humanas como igrejas, empresas, escolas, hospitais, times esportivos, etc. ou seja, todas as instituições sociais.
Igualmente analisa grupos culturais, a forma e o impacto da gestão governamental dentro de um determinado grupo.
Assim, a sociologia parte de um determinado conceito de sociedade para investigar sua estrutura social e as relações sociais neste meio.
Como surgiu a sociologia?
Os estudos relativos à sociedade vão ganhar força após o fim da Revolução Francesa e o advento da sociedade dominada pelo modo de produção industrial (I Revolução Industrial).
Por isso, mais que buscar a resposta na teologia ou na política, vários pensadores preferiram entender as mudanças econômicas a partir dos grupos sociais.
A sociologia como disciplina separada das demais ciências humanas surgirá com o francês Auguste Comte (1798 - 1857) que cunhou o termo.
Ele foi o autor do primeiro estudo sistemático sobre sociologia e para ele, esta ciência é a culminação do método científico.
Comte defendia o racionalismo diante de tudo, mas quis transformar as matérias científicas numa nova religião, o Positivismo.
No entanto, outros pensadores já tinham analisado as relações humanas de um ponto de vista do grupo como Saint-Simon (1760-1825) e Alexis de Tocqueville (1805 - 1859). Além disso, Karl Marx (1818 - 1883) fará uma contribuição primordial com a teoria das classes sociais.
Pioneiros da sociologia como ciência foram Émile Durkheim (1858 - 1917), Vilfredo Pareto (1848 - 1923), Max Weber (1864 - 1920) e Marcel Mauss (1872 -1950).
Auguste Comte
Auguste Comte foi um dos mais importantes filósofos e sociólogos franceses.
Atribui-se a ele a criação da disciplina Sociologia, bem como a corrente filosófica, política e científica conhecida como Positivismo.
Sua contribuição teórica ainda é importante, com o conceito político da "Lei dos Três Estados".
Biografia
 
Isidore Auguste Marie François Xavier Comte nasceu em Montpellier (Hérault), na França, em 19 de janeiro do ano 1798. Era filho do oficial de taxas Louis Comte e Rosalie (Boyer) Comte, uma monarquista devota do catolicismo.
Em 1814, ingressou na "Escola Politécnica de Paris", e, com apenas quinze anos, destaca-se como aprendiz brilhante.
Entre 1817 e 1824, foi secretário do conde Henri de Saint-Simon, grande nome do socialismo utópico, o qual teve influência decisiva na obra de Comte.
Mais tarde, em 1822, publica "Plano de Trabalhos Científicos para Reorganizar a Sociedade". Pouco tempo depois, sofre um colapso nervoso (1826), do qual se recupera somente em 1830.
Nesse meio tempo, publicou os seis volumes do "Curso de Filosofia Positiva".
Entre 1832 e 1842, Comte foi tutor e examinador na "École Polytechnique"; ainda em 1842, separa-se de sua esposa e inicia um relacionamento platônico com Clotilde de Vaux.
Neste contexto, Auguste Comte já vivia do favor financeiro de seus amigos e admiradores. Em 1848, criou uma "Sociedade Positivista" e entre 1851 e 1854, redigiu o “Sistema de Política Positiva”, no qual propõe uma interpretação para a sociedade humana.
No ano de 1856, publicou o primeiro volume de "Síntese Subjetiva", o qual não completou, pois morreu de câncer em Paris, no dia 5 de setembro do ano 1857.
Principais Ideias
É importante salientar que Comte viveu sob a égide da Revolução Francesa, bem como da ciência moderna e da Revolução Industrial.
Portanto, seus ditos e escritos são referentes as intensas transformações sociais, econômicas, políticas, ideológicas, tecnológicas e científicas decorrentes da consolidação do capitalismo.
Nesse contexto, ele percebeu que os fenômenos sociais deveriam ser percebidos como os outros fenômenos da natureza.
Isso porque eles eram apenas um tipo específico de realidade teórica, o que implica que devem ser enunciadas em termos sociais.
Ele cunha o termo "sociologia", para designar uma doutrina social baseada em princípios científicos, dividindo-a em dois campos:
· os estudos das estatísticas sociais para a compreensão das forças que mantêm a coesão social;
· as dinâmicas sociais em si, para o estudo das causas das mudanças sociais.
Portanto, a "Física Social" ou "Sociologia", partiria dos princípios da observação, experimentação, comparação e classificação enquanto métodos.
Ela tinha como finalidade tudo o que é "positivo", ou seja, o real, o útil, o certo, o preciso, o relativo, o orgânico e o simpático.
Daí surge a outra contribuição de Comte: o Positivismo. Ou seja, a visão pela qual a análise dos fatos abandona a consideração das causas dos fenômenos e pesquisa suas leis, uma vez que são fenômenos observáveis.
O positivismo pregava um modelo de sociedade organizada, na qual o poder espiritual não mais prevaleceria, ficando o governo à cargo dos sábios e cientistas.
Este novo método geral para a ciência caracteriza-se pela observação em aliança com a imaginação. Estão sistematizadas, por sua vez, segundo princípios adotados pelas ciências exatas e biológicas.
Contudo, vale notar também, o fato de Comte perceber que cada tipo de fenômeno possui suas particularidades. Isso implica dizer que há um método específico de observação para cada fenômeno.
Outra importante criação de Auguste Comte foi a "Religião da Humanidade", com bases teológicas e a metafísicas. Isso tudo, reconhecendo a preponderância do papel histórico desempenhado pelos estágios provisórios da Humanidade, previsto na "Lei dos Três Estados".
Seu pensamento influenciou pensadores da grandeza de Karl Marx, John Stuart Mill, George Eliot, Harriet Martineau, Herbert Spencer e Émile Durkheim.
Criador do termo “altruisme” (autruísmo), a filosofia de Comte para a humanidade se resumiria em "vivre pour autrui" (viva pelos outros).
Positivismo
Comte também foi o primeiro teórico a estabelecer as raízes do positivismo. Segundo o pensador, o positivismo era o que o ser humano tinha criado de mais profundo e organizado: a observação e o entendimento da natureza com base no trabalho científico. Politicamente, o positivismo seria expresso pelo trabalho integrado entre ciência e política, visando ao desenvolvimento da sociedade. Para explicar a sua teoria positivista, o filósofo estabeleceu a Lei dos Três Estados, que descrevia os três estágios de desenvolvimento da humanidade.
1. Estado teológico: o ser humano, em seus primórdios, necessitava encontrar explicações para os fenômenos naturais. Essas explicações eram fornecidas por narrativas mitológicas e religiosas, pois, ao não conseguirem explicar a natureza, os homens criaram seres sobrenaturais para fundamentarem as suas explicações.
2. Estado metafísico: esse segundo ponto de desenvolvimento consiste no início da Filosofia. O ser humano já não se contentava mais com as explicações religiosas e passou a formular teorias racionais para conjecturar as possíveis causas dos efeitos observados na natureza. Nesse estágio, ainda há a prevalência do raciocínio sem a observação da própria natureza.
3. Estado positivo: esse estágio seria o mais desenvolvido da humanidade. O ser humano entendeu que, para encontrar respostas sobre a natureza, ele deveria procurar as explicações na própria natureza. Nesse ponto, haveria o desenvolvimento das ciências e de um modo de pensar o mundo por meio do entendimento desse como algo que está dado fisicamente. O estágio positivo seria marcado pela Física, pela Biologia (ciência que, junto com a Sociologia, seria a mais desenvolvida para Comte) e pela busca incessante do progresso.
Curso de Filosofia Positiva
Comte organizou um curso de Filosofia que resultou na escrita da obra Curso de Filosofia Positiva, dividida emseis tomos e escrita entre 1830 e 1842. O livro trata de diversos assuntos, como a necessidade do estabelecimento da Sociologia e a importância de recorrer-se à ciência, pois o progresso inteiro e pulsante da humanidade estaria no conhecimento científico.
No entendimento de Comte, a ciência não deveria ser vista como uma forma de acúmulo de conhecimento pelo próprio conhecimento, mas porque esse acúmulo resultaria no desenvolvimento da humanidade. O ser humano consegue, por meio da ciência, entender a natureza, a complexa sociedade (com a Sociologia), desenvolver as tecnologias que melhoram a sua vida e modificar o seu meio político. A política seria, na teoria comtiana, fortemente influenciada pelo conhecimento científico, que ensinaria a necessidade da ordem para a obtenção da glória e do progresso.
Principais Obras
· Curso de Filosofia Positiva (1830-1842)
· Discurso Sobre o Espirito Positivo (1844)
· Uma Visão Geral do Positivismo (1848)
· Religião da Humanidade (1856)
Frases
"O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim."
"Todos os bons intelectos têm repetido, desde o tempo de Bacon, que não pode haver qualquer conhecimento real senão aquele baseado em fatos observáveis."
"Viver para os outros não é somente a lei do dever, mas também a da felicidade."
"Saber para prever a fim de poder."
Karl Marx
Karl Marx (1818-1883) foi um filósofo, ativista político alemão, um dos fundadores do socialismo científico e da Sociologia.
A obra de Marx influenciou a Sociologia, a Economia, a História e a até a Pedagogia.
Biografia de Karl Marx
 
Karl Marx nasceu em 5 de maio de 1818, na cidade Treviris, na Alemanha, no meio de uma família acomodada.
Ingressou primeiro na Universidade de Bonn e mais tarde, se transferiu para a de Berlim com o intuito de estudar Direito. Abandonaria o curso para se dedicar ao estudo da Filosofia na mesma instituição. Ali, discutiria com os Jovens Hegelianos que defendia a constituição de um Estado forte e eficiente, tal como fizera Hegel.
Em 1842, trabalhando no jornal "Gazeta Renana" conhece Friedrich Engels, com o qual escreveria e editaria inúmeros livros. Mais tarde, a gazeta é fechada e Marx vai para Paris.
Também se casa com a filha de um barão, Jenny Von Westaphalien, com quem teria sete filhos, dos quais somente três chegariam à vida adulta. Igualmente teve um filho com a militante socialista e empregada doméstica, Helena Demuth. A paternidade da criança seria assumida por Engels.
Após o fechamento da "Gazeta Renana", os anos seguintes não seriam fáceis, pois Marx liderou publicações que criticavam duramente o governo alemão. Ele foi expulso da França e da Bélgica a pedido do governo alemão.
Graças a uma arrecadação de fundos feita pelos seus admiradores e amigos, Marx parte para Londres onde continua suas investigações sobre a sociedade industrial.
Karl Marx adoece de uma inflamação na garganta que o impede de falar e alimentar-se normalmente. Em consequência de uma bronquite e problemas respiratórios, faleceu em Londres, no dia 14 de março de 1883.
Obras e teorias de Karl Marx
Com a colaboração do intelectual, também alemão, Friedrich Engels, Marx publicou o Manifesto Comunista, em 1848. Nele, Marx critica o capitalismo, expõe a história do movimento operário e termina com o apelo pela união dos operários no mundo todo.
Isso ocorreu às vésperas da Revolução de 1848 na França, a chamada Primavera dos Povos.
Em 1867, ele publica o primeiro volume de sua obra mais importante, O Capital, onde sintetiza suas críticas ao capitalismo. Esta coleção causaria nas décadas seguintes uma revolução na maneira de pensar a história, a economia, a sociologia e demais ciências sociais e humanas.
Crítica ao Capitalismo
Para Marx, as condições econômicas e a luta de classes são agentes transformadores da sociedade.
A classe dominante nunca deseja que a situação mude, pois se encontra em uma situação muito confortável. Já os desfavorecidos têm que brigar pelos seus direitos e esta luta é que moveria a História, segundo Marx.
Marx pensava que o triunfo do proletariado faria surgir uma sociedade sem classes. Isto seria alcançado pela união da classe trabalhadora organizada em torno de um partido revolucionário.
Também apontou para a “mais valia” quando explica que o lucro do patrão é obtido a partir da exploração da mão de obra do trabalhador.
A Mais Valia de Karl Marx
Outro conceito muito importante e que complementa o de luta de classes é a “mais valia”, desenvolvida também por Marx. Assim, a mais valia é da base de exploração do sistema capitalista em que relaciona a força de trabalho, o tempo de realização e o lucro obtido.
Nesse caso, e dentro do contexto capitalista, a classe proletária e trabalhadora é explorada pela classe detentora dos bens de produção, ou seja, a burguesia.
No entanto, o esforço cedido pelo operário não é revertido em valores monetários reais. Esse processo, segundo Marx, leva a alienação e desvalorização dos trabalhadores.
Socialismo científico
Ao elaborar uma teoria sobre as desigualdades sociais e propor uma forma para superá-las, Marx criou o que se denominou "socialismo científico".
Contra a ordem capitalista e a sociedade burguesa, Marx considerava inevitável a ação política do operariado, a revolução socialista, que faria surgir uma nova sociedade.
De início, seria instalado o controle do Estado pela ditadura do proletariado e a socialização dos meios de produção, eliminando a propriedade privada.na etapa seguinte, a meta seria o comunismo, que representaria o fim de todas as desigualdades sociais e econômicas, incluindo a dissolução do próprio Estado.
Em 1864, a fim de conjugar esforços, funda-se a "Associação Internacional dos Trabalhadores", em Londres, que ficou conhecida posteriormente como a Primeira Internacional.
A entidade expandiu-se por toda a Europa, cresceu muito e acabou dividida, depois de um longo processo de dissidências internas. Em 1876 foi oficialmente dissolvida.
O socialismo científico, também chamado de socialismo marxista, é uma teoria política, social e econômica. Ele foi criado em 1840 por Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895).
Como o próprio nome indica, esse modelo esteve baseado na análise científica e crítica do sistema capitalista.
O objetivo dessa doutrina era a transformação da sociedade a partir de uma análise profunda de suas relações econômicas, políticas e sociais.
A obra de Karl Marx intitulada “O Capital” (1867) foi a mais emblemática desse período. Aqui, Marx faz uma análise do sistema capitalista e aborda diversos temas como:
· a luta de classes;
· a mais valia;
· a divisão social do trabalho;
· a produção do capital;
Além dela, o “Manifesto Comunista”, publicado em 1848 por Karl Marx e Friedrich Engels, reunia os princípios e objetivos dessa teoria.
Características do socialismo científico
Os principais conceitos desenvolvidos pelo socialismo científico são:
· Materialismo Histórico: o conceito de acumulação material é utilizado para explicar a história das sociedades.
· Materialismo Dialético: o conceito material está intimamente relacionado com a dialética, que por sua vez se relaciona com o social e o psicológico.
· Teoria da Mais Valia: o conceito de mais valia está relacionado com a força de trabalho, o tempo de realização e o lucro obtido.
· Luta de Classes: esse conceito envolve a luta entre a classe burguesia (exploradora) e o proletariado (explorados).
· Revolução Proletária: nesse caso, o proletariado (classe dominada) luta pela sua ascensão ao ocupar a posição da classe dominante (burguesia).
· 
Diferenças entre o Socialismo Científico e Utópico
O socialismo utópico é a primeira corrente socialista que surgiu antes do socialismo científico. Esteve fundamentado na mudança de consciência da sociedade por meio da igualdade entre as classes.
Para tanto, os socialistas utópicos propunham um novo modelo de “sociedade ideal” em que a mudança de pensamento social propulsionaria uma sociedade harmoniosa. Para eles, era possível implementaresse modelo sem que fosse necessária uma luta entre as classes (burguesia e proletariado).
Por outro lado, os pensadores do socialismo científico possuíam uma visão mais ativa e menos idealizada da sociedade. A maneira que buscavam para que o socialismo fosse implementado era a partir da compreensão crítica e analítica do sistema capitalista.
Para eles, os utópicos propunham uma nova mudança social, entretanto, não pensaram no método que seria desenvolvido para que essa mudança fosse efetivada.
Em resumo, esses pensadores achavam que o socialismo utópico estava repleto de ideias fantasiosas e pouco realistas.
Luta de Classes
A Luta de Classes é um conceito marxista vinculado com a economia política socialista, o qual foi desenvolvido pelos sociólogos e filósofos alemães Karl Marx e Friedrich Engels.
A luta de classes, que existe desde a Idade Média, envolve questões entre a classe dos proletários e a burguesia dentro da sociedade capitalista.
Segundo Karl Marx, a luta de classes só acabará quando o sistema capitalista for banido e desaparecerem as classes sociais.
Ditadura do Proletariado
A ditadura do proletariado está intimamente relacionada com o conceito de luta de classes, posto que a burguesia corresponde a classe opressora e detentora de bens, enquanto os proletariados, a classe trabalhadora dos oprimidos. Assim, o proletariado vende sua força de trabalho para a classe dominante, a burguesia.
Marxismo
Marxismo é o conjunto de ideias filosóficas, econômicas, políticas e sociais elaborado a partir dos escritos dos alemães Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895).
Esta corrente de pensamento influenciou intelectuais de todas as áreas do saber ao longo dos séculos XIX e XX.
Origem do Marxismo
Marx e Engels perceberam que o trabalho é o conceito chave da sociedade. Desta forma, toda a história da humanidade passaria pela tensão entre os donos dos meios de produção e quem apenas poderia realizar a tarefa.
Assim, para a teoria marxista a luta de classes seria “o motor da história”. Já a produção dos bens materiais seria o fator condicionante da vida social, intelectual e política.
 
Marx e Engels refletiram sobre as relações humanas e as instituições que regulavam as sociedades, como a propriedade privada, a família, o governo, a igreja, etc. Daí surgem os princípios que fundamentaram o marxismo, também conhecido como “socialismo científico”.
Por outro lado, o “socialismo utópico” já teorizava sobre os meios capazes de solucionar a diferença entre os membros do proletariado e da classe burguesa dominante.
Suas ideais inspiraram várias correntes de pensamento que desejavam mudar as estruturas capitalistas como o anarquismo, o socialismo e o comunismo, entre outros.
Portanto, para os marxistas, é necessário atrelar o pensamento à prática revolucionária, unindo o conceito à práxis para transformar o mundo.
Contudo, aqueles pensadores superestimaram a previsibilidade das sociedades humanas. Afinal, muitos dos países que se autoproclamavam seguidores das ideias marxistas não seguiram à risca os seus preceitos.
Principais correntes marxistas
As principais correntes do marxismo foram a social democracia, presente nos países ocidentais até os dias atuais, e o bolchevismo, extinto com a queda da URSS.
Ademais, a obra basilar do marxismo é “O Capital”, publicado em 1867. Como Marx falece em 1883, os volumes de 1885 e 1894, foram editadas por Engels, a partir dos manuscritos de Marx.
Esta obra permanece como leitura básica e ainda é influente nos campos da filosofia, bem como em outras áreas das ciências humanas e economia.
Influência do Marxismo
O marxismo inspirou diversas revoluções como a bolchevique de Vladimir Lenin e Leon Trotsky, na Rússia em 1917.
Após a Segunda Guerra Mundial, algumas dessas ideias foram adotadas na formação da República Popular da China, Vietnã, Alemanha Oriental, Polônia, Hungria, Bulgária, Iugoslávia, Checoslováquia, Coreia do Norte e Cuba.
Teoria Marxista
A contradição entre os trabalhadores e burgueses foi retratada nos murais do mexicano Diego de Rivera
Desenvolvida em quatro níveis fundamentais, a teoria marxista se agrupa nos níveis filosófico, econômico, político e sociológico, segundo a ideia de “transformação permanente”.
Fica explicito, nessa abordagem, que o ser humano e a sociedade só podem ser compreendidos através das forças que produzem e reproduzem as condições materiais básicas para a sobrevivência.
Nessa perspectiva, torna-se fundamental a análise das condições materiais da existência humana em sociedade.
Por outro lado, o marxismo foi gestado a partir de três tradições intelectuais desenvolvidas na Europa do século XIX a saber:
· o idealismo alemão de Hegel;
· a economia-política de Adam Smith;
· a teoria política do socialismo utópico, de autores franceses.
A partir destas concepções foi possível elaborar um estudo da humanidade através do materialismo histórico.
Conceito de História
Para Marx, a história seria um processo de criação, satisfação e recriação contínuas das necessidades humanas. Estas não podem ser compreendidas fora do contexto histórico e seu determinismo material historicamente localizado.
O conhecimento liberta o homem por meio da ação deste sobre o mundo, possibilitando, inclusive a ação revolucionária contra a ideologia dominante. Está sempre busca camuflar as contradições do sistema capitalista.
Portanto, o marxismo percebe a luta de classes como meio para o fim dessa exploração, bem como para instituição de uma sociedade onde os produtores seriam os detentores de sua produção.
Conceito de Estado
Sobre o “Estado”, Marx percebeu que não seria um ideal de moral ou de razão, mas sim uma força externa da sociedade que se colocaria acima da mesma.
Contudo, isso seria, na realidade, uma forma de garantir a dominação da classe dominante, mediante a manutenção da propriedade.
Assim, o Estado teria surgido ao mesmo tempo que a propriedade privada e como uma forma de protegê-la, o que torna qualquer Estado, por mais democrático que seja, uma ditadura.
Karl Marx e Friedrich Engels acreditam que o Estado se utiliza de várias ferramentas para efetivar sua dominação. Alguns exemplos seriam a burocracia, a divisão territorial dos cidadãos e o monopólio da violência, garantida por um exército permanente.
Sociedade Comunista
Desse modo, fica implícito que a revolução armada seria um caminho para destruir a sociedade capitalista.
Igualmente, o socialismo seria a etapa intermediária entre o Estado burguês e o Comunismo. Numa sociedade comunista não haveria mais a divisão da sociedade em classes, e seria o fim do modo de produção capitalista.
Essa seria a “Ditadura do Proletariado”, caracterizada pela absorção das funções sociais destinadas ao Estado. Note que desapareciam, também, as características estatais, tal como a burocracia e o exército permanente.
Por fim, o governo proletário cederia em função de uma sociedade comunista, na qual o Estado e as propriedades seriam extintas permanentemente.
Mais-Valia
Refere-se ao trabalhador, o qual produz mais do que foi calculado, criando um valor muito superior ao que lhe é restituído na forma de salário.
Assim, este trabalho excedente não é pago ao trabalhador. Este valor, segundo a visão marxista, será utilizado pelo capitalista para aumentar ainda mais o seu capital, assim como o estado de dominação sobre o trabalhador.
Enfim, “mais valia” é a diferença entre o que o operário recebe (salário) e o que produziu efetivamente.
Alienação
Por outro lado, a “alienação” ocorre quando o produtor não se reconhece no que produz, fazendo o produto surgir enquanto algo separado do produtor.
Materialismo Histórico e Dialético
O materialismo histórico é um modo para compreender as sociedades humanas a partir da forma pela qual os bens materiais são produzidos e distribuídos entre os seus integrantes. Este conceito deu origem à teoria dos “Modos de Produção”: Primitivo, Asiático, Escravista, Feudal, Capitalista e Comunista.
Por outro lado, o materialismo dialético seria, basicamente,a luta de classes, a contradição entre os interesses de dominantes e dominados a qual gera as transformações históricas.
A superação definitiva de um sistema por outro, seria fruto das lutas de uma sociedade divididas em classes. Nela, os trabalhadores conduzem o processo revolucionário no qual tomam o controle do Estado, como no caso da Revolução Francesa, quando a burguesia vence a nobreza e toma seu lugar.
Portanto, o materialismo histórico e o materialismo dialético são, de fato, conceitos inter-relacionados. O primeiro daria uma visão panorâmica e o segundo retrata os processos de mudança social.
Personalidades influenciadas pelo Marxismo
· Walter Benjamin
· Max Horkheimer
· Che Guevara
· Stalin
· Zygmunt Bauman
· Florestan Fernandes
Curiosidades sobre o Marxismo
· A teoria marxista tornou-se uma ideologia que se estendeu a regiões de todo o mundo e embasa governos até os dias de hoje.
· Marx se denominava um materialista e afirmava que não era marxista.
· As reformas econômicas socialistas, baseada nos conceitos marxistas, também foram responsáveis por milhões de mortes no século passado, causadas por guerras e pela fome generalizada.
· A Revolução Russa foi o maior experimento de engenharia social na história da humanidade.
Frases de Marx
· "Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa é modificá-lo".
· "A produção econômica e a organização social que dela resulta, necessariamente para cada época da história, constituem a base da história política e intelectual dessa época".
· "A história da sociedade até aos nossos dias é a história da luta de classes".
· "Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado".
· "Sem sombra de dúvida, a vontade do capitalista consiste em encher os bolsos, o mais que possa. E o que temos a fazer não é divagar acerca da sua vontade, mas investigar o seu poder, os limites desse poder e o caráter desses limites".
Contexto Histórico: Resumo
Grandes transformações econômicas, políticas e sociais ocorreram na Europa no fim do século XVIII e início do século XIX. Todas essas mudanças foram acompanhadas por teorias e doutrinas que buscavam condenar ou reformar a ordem capitalista burguesa.
Estruturaram-se, então, as teorias socialistas, vinculadas a um novo ramo da ciência, a economia política.
A Inglaterra era onde mais se verificava esta mudança. O país adquiria uma nova configuração social com a industrialização e o êxodo rural que forneceu a mão de obra das fábricas nas cidades.
Não existia nenhuma legislação trabalhista, as jornadas de trabalho nas fábricas, instaladas em locais insalubres, eram, na maioria, superiores a 14 horas. A miséria aumentava nas cidades.
Além das condições sub-humanas de trabalho, os operários enfrentavam enormes dificuldades em época de guerra. Neste período, a fome se disseminava pelo continente europeu, em consequência dos elevados preço dos gêneros alimentícios.
Mais grave ainda era o efeito provocado pelo emprego cada vez maior de máquinas no processo produtivo. Com isso, o trabalho humano repetitivo e automático recebia uma remuneração cada vez menor.
O descontentamento só aumentava, à medida que cresciam as razões para os conflitos, prenunciando uma revolução social. Surgiram as primeiras organizações trabalhistas, as trade unions, que buscavam organizar a luta da classe operária, sendo vistas como organizações criminosas pelos industriais.
Foi neste ambiente de mudanças que viveu e estudou Karl Marx.
Émile Durkheim
Émile Durkheim foi um sociólogo, filósofo e antropólogo judeu francês.
É considerado o "Pai da Sociologia", pois trouxe para esta ciência elementos como a pesquisa quantitativa para embasar os estudos. Também conseguiu que a Sociologia fosse considerada uma disciplina acadêmica.
Biografia de Émile Durkheim
David Émile Durkheim nasceu em Épinal, na França, no dia 15 de abril de 1858.
Nasceu numa família de judeus onde os homens de oito gerações anteriores se dedicaram a ser rabinos. Este também era o destino de Durkheim, mas ele preferiu abandonar a escola rabínica.
Aos 21 anos de idade, ingressou na Escola Normal Superior de Paris, onde se graduou em Filosofia no ano de 1882, sob a orientação do professor e historiador Fustel de Coulanges.
 
Seus trabalhos teóricos começaram quando ingressou na Universidade de Bordeaux como professor de pedagogia e ciência social. A partir daí, irá desafiar a sociedade acadêmica ao instituir um novo campo do saber: a Sociologia.
Reuniu em torno de si colaboradores especializados em história, etnologia, jurisprudência, etc. Fruto de este esforço foi a publicação da revista "L'Année Socilogique", de 1989 a 1912, que é considerada uma das revistas de sociologia mais científicas que se publicaram.
Escreveu centenas de estudos acerca de temas como educação, crimes, religião e suicídio. Suas obras estudadas são "Regras do método sociológico", publicada em 1895 e "O suicídio", de 1897.
Faleceu em Paris, em 15 de novembro de 1917, onde encontra-se enterrado no Cemitério de Montparnasse.
O surgimento da sociologia de Durkheim
Além de ser o fundador da "Escola Francesa de Sociologia", Émile Durkheim, constituiu a Sociologia Moderna, ao lado de Karl Marx e Max Weber.
Também é um dos responsáveis por tornar a sociologia uma disciplina universitária, tal qual era a filosofia ou a história. Ainda assim, inovou ao introduzir a pesquisa empírica à teoria, o que daria mais solidez à sociologia.
As regras do método sociológico
A obra "As regras do método sociológico", publicada em 1895, é de suma importância para ciência moderna.
Neste livro, o autor define a metodologia de estudo de toda área das ciências sociais. Nestas páginas, Durkheim estabelece as regras para a sociologia enquanto ciência, seus métodos de pesquisa e lhe atribui um objeto de estudo - a sociedade.
Destacamos algumas regras do método sociológico, segundo este pensador:
· o objeto da sociologia é o fato social
· deve-se utilizar instrumentos próprios das ciências exatas como estatísticas para realizar o estudo sociológico
· é preciso construir uma ligação entre o fenômeno observável e a experimentação
· formula-se hipóteses sobre o fato social que serão validadas ou não.
Teorias de Émile Durkheim
Ao afirmar que "os fatos sociais devem ser tratados como coisas", ele coloca o objeto sociológico enquanto objeto científico.
Assim, ele considerava que só a ciência e um novo paradigma racionalista poderiam conduzir a respostas acertadas frente às mudanças sociais cada vez mais rápidas.
Em resumo, sua obra constitui uma “teoria da coesão social”, para responder como as sociedades poderiam manter a sua integridade e coerência na era moderna. No final do século XIX, quando viveu Durkheim, aspectos como religião, família e trabalho estável estavam perdendo importância.
Durkheim viveu numa época onde as pessoas abandonavam o campo e iam em direção à cidade. Ali encontravam melhores condições materiais, mas perdiam sua identidade e a solidariedade que existe nas zonas rurais.
Sociabilidade
Segundo ele, o homem seria um animal bestial que só se tornou humano na medida em que se tornou sociável.
Por isso, o processo de aprendizagem, que foi chamado de "socialização" por Durkheim, é o fator basilar na construção de uma “consciência coletiva”.
Através da educação formal entramos em contato com ideias que nos darão o sentimento de pertencimento ao grupo, seja ele uma igreja ou a uma pátria.
Desta forma, a vida na cidade e sob o capitalismo, retiraria do ser humano suas referências identitárias para criar seres sem esperança. Somente com a construção de uma escola laica e de valores morais seria possível superar este impasse.
Fato social
O fato social é o instrumento social e cultural que determina a maneira de agir, pensar e sentir na vida de um indivíduo.
Para Durkheim, o fato social é o conjunto de regras e tradições que estão nocentro de uma sociedade. Assim, o fato social obriga o ser humano a se adaptar às regras sociais.
Características do Fato Social
Segundo Durkheim, o fato social está na percepção do indivíduo. Por isso, o comportamento do ser humano será condicionado por realidades sociais que limitam as atitudes aceitas pela sociedade.
O fato social deve atender a três características: a generalidade, a exterioridade e a coercitividade.
Generalidade
Os fatos sociais atingem toda a sociedade e, portanto, são coletivos e não individuais. Desta maneira dizemos que os fatos sociais acontecem com a maioria e alcançam a todos de forma geral.
Exemplo: num jogo de futebol, os torcedores cantam incentivando seu time, vestem-se com o uniforme da sua equipe e gritam quando sai o gol. Todas estas ações são esperadas e não precisaram ser previamente explicadas, pois já fazem parte de um evento esportivo.
Exterioridade
Os fatos sociais são exteriores ao indivíduo, ou seja, existem antes dele nascer e também acontecem de forma independente da ação individual.
Exemplo: tomando o jogo de futebol novamente. Se um indivíduo desejasse impedir os torcedores de gritar gol, quando o seu time marcasse, dificilmente conseguiria ou seu comportamento seria visto como estranho. Afinal, já é esperado que fãs de uma equipe comemorem um gol desta maneira.
Coercitividade
A coercitividade é usada com dois significados pelo sociólogo francês.
Primeiro, a coercitividade está relacionada ao poder que os padrões culturais de uma sociedade são impostos aos integrantes.
Essa característica obriga os indivíduos a cumprirem os padrões culturais e sociais que nem sempre estão de acordo, mas que são convenções e existem apesar do indivíduo concordar com elas ou não.
O segundo significado da palavra coercitividade é utilizado para descrever o poder que a lei exerce na vida de um indivíduo. Desta maneira, o ser humano pode não concordar com o modo que a sociedade funciona, mas aceita, por medo de ser punido pela lei.
Na coercitividade cultural, o ser humano pode passar vergonha ou constrangimento, caso não cumpra o comportamento social relacionado ao fato social onde esteja inserido.
Já a coercitividade da lei é punitiva, no sentido que o indivíduo pode sofrer multas e privação de liberdade.
Exemplos de Fato Social
Fatos sociais são comportamentos simples do cotidiano, como tomar banho, pagar os impostos, ir a encontros sociais ou fazer compras.
Todos sabemos que devemos tomar banho diariamente, a fim de conservamos nosso corpo limpo, evitar doenças e o mal cheiro. Da mesma forma precisamos pagar impostos para que o governo possa manter os serviços sociais funcionando.
Todas essas ações são organizadas e obedecem a uma rotina, são respeitadas e têm poder real sobre o indivíduo. O fato social, conforme Durkheim, afeta toda a sociedade.
Outro exemplo clássico de fato social que foram estudados em profundidade por Durkheim é a educação, pois está presente na vida do indivíduo desde a infância e o afetará durante toda sua trajetória, moldando seu comportamento social.
Durkheim definia a escola e sua influência nestes termos:
"O indivíduo só poderá agir na medida em que aprender a conhecer o contexto em que está inserido, a saber quais são suas origens e as condições de que depende. E não poderá sabê-la sem ir à escola, começando por observar a matéria bruta que está lá representada."
Instituição social e anomia
A teoria durkheimiana estuda a função da instituição social, sua constituição e seu enfraquecimento, que o sociólogo chamará de "anomia".
A instituição social seria o conjunto de regras e artifícios uniformizados socialmente para conservar a organização do grupo e, por isso, são tradicionalistas por essência. Como exemplo ele citava a família, escola, governo, religião, etc. Estas atuam dificultando a oposição às mudanças, pela conservação da ordem.
Já a anomia, seria uma situação onde a sociedade ficaria sem regras claras, sem valores e sem limites. Este cenário ocorre quando a sociedade se vê incapaz de integrar determinados indivíduos que estão afastados devido ao abrandamento da consciência coletiva.
Max Weber
Max Weber, nascido em 21 de abril de 1864 e falecido em 14 de junho de 1920, foi um dos precursores da sociologia econômica.
Seus estudos recaíram sobre questões teórico-metodológicas acerca da origem da civilização ocidental e seu lugar na história universal.
Max Weber e a Sociologia
 
Weber acreditava que a função do sociólogo seria compreender o sentido das chamadas ações sociais e explicar suas lógicas causais.
Assim, suas contribuições foram em direção à análise multicausal dos fenômenos sociais.
Em seus estudos, Weber destaca fatores culturais e materiais no surgimento das instituições modernas. Também analisa o consequente processo de racionalização e desencantamento do mundo que as acompanham.
Weber buscou compreender a sociedade de modo mais abstrato e integrada às condições históricas, culturais e sociais.
Sociologia Weberiana
A sociologia weberiana é essencialmente hermenêutica e busca compreender a rede de significados que o homem teceu e se “enroscou”. Ela afirma que a sociedade seria o resultado das formas de relação entre seus sujeitos constituintes.
Ele percebeu, portanto, que a ciência participa de um processo histórico geral de racionalização e intelectualização da vida.
Por isso, o objeto da sociologia seria a realidade infinita. Para analisá-la, Weber argumenta que só poderíamos fazer através de "tipos ideais", que serviriam como modelos interpretativos.
O sociólogo argumenta que o ser humano é levado por ações socais que por sua vez são caracterizadas em racionais e não-racionais. São elas:
· Ação social racional com relação a fins - quando os atos estão orientados para um fim específico. Exemplos: "Tenho que trabalhar para ganhar dinheiro." "Quero fazer ginástica para emagrecer."
· Ação social racional com relação a valores - neste caso, as atitudes passam a ter influência direta de nossas crenças morais.
Abaixo, as ações sociais que Weber considerava que não passavam pela racionalidade e se orientavam pelo subjetivismo:
· Ação social afetiva - aquelas ações que fazemos porque cultivamos algum sentimento, positivo ou negativo, em relação às pessoas. Exemplos: presentear em determinadas datas; expressar o afeto tocando ou fazendo declarações.
· Ação social tradicional - aqui se encaixam os costumes que seguimos por tradição ou hábitos. Exemplos: festas, maneira de cozinhar, vestir-se, etc.
Portanto, na medida em que a realidade é infinita, não fazemos senão um recorte, uma interpretação, como uma tentativa de explicá-la.
Weber não acredita haver leis gerais que expliquem a totalidade do mundo social. Por outra parte, seu contemporâneo Emile Durkheim (1858-1917) se alicerça nas ciências naturais enquanto modelo metodológico de análise.
Para Max Weber, as leis gerais caminham de acordo com a dinâmica cultural e delas podemos apenas buscar as leis causais, as quais são suscetíveis de entendimento a partir da racionalidade científica.
Biografia de Max Weber
Maximilian Karl Emil Weber nasceu em Erfurt, no dia 21 de abril de 1864.
Foi um dos maiores intelectuais alemães de sua época, destacando-se como jurista, economista e sociólogo.
Sua carreira acadêmica iniciou-se em 1882, quando ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Heidelberg. Ali, frequentará as aulas de economia política, história e teologia.
Mais tarde, em 1889, na Universidade de Berlim, tornou-se o doutor em Direito. Em 1893, Weber casou-se com Marianne Schnitger (1870-1954), feminista e curadora de suas as obras após sua morte.
Nomeado professor de Economia nas Universidades de Freiburg (1894) e de Heidelberg (1896), Max Weber lecionou até 1900, quando foi afastado do magistério devido a um colapso nervoso. Ele somente se recuperaria em 1918 e neste ano voltou a lecionar.
Apesar disso, esteve engajado em outras atribuições, como consultoria e pesquisas acadêmicas, facilitadas devido seu cargo como Diretor-associado dosArquivos de Ciências Sociais e Política Social.
Weber publicou seu primeiro esboço de um método sociológico, no artigo "Sobre algumas categorias da sociologia compreensiva" (1907).
Em 1917, já em Munique, Max Weber procurou elucidar os fatores fundamentais do processo de desencantamento do mundo perpetrados pela ciência.
No decorrer da Primeira Guerra Mundial, foi diretor de hospitais militares de Heidelberg, até retornar ao ensino de economia em Viena e, posteriormente, em 1919, em Munique.
Max Weber faleceu nessa mesma cidade, em 1920, vítima de pneumonia.
Contexto Histórico
Max Weber viveu durante a criação e consolidação do Império Alemão e foi testemunha da industrialização que tomava conta deste novo país.
Assim, acompanhou de perto o crescimento da organização de um grande Estado e como os cidadãos eram incorporados à nova burocracia que regia suas vidas.
Quando Max Weber lecionou a Sociologia já era uma disciplina consolidada e ele foi um dos fundadores da Associação Alemã de Sociologia.
Obras de Max Weber
"O Cambista e sua Mulher", de Quentin Massys, resume os estudos de Max Weber sobre as relações entre a fé protestante e o capitalismo
Max Weber sofreu grande influência dos escritos de Immanuel Kant, especialmente da concepção kantiana de "a priori".
Weber desenvolveu o conceito "tipo ideal", segundo o qual as categorias da ciência social seriam uma construção subjetiva do pesquisador.
Essa temática permeia sua obra como um todo, contudo, é mais clara em "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", de 1903, "Estudos sobre a Sociologia e a Religião", de 1921 e "Estudos de Metodologia", de 1922.
Sua obra mais lida é o ensaio “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”. Neste livro, o autor destaca a importância de algumas características do protestantismo ascético, como principal responsável pelo nascimento do capitalismo moderno.
Max Weber destacou como o protestantismo, especialmente o calvinismo dos séculos XVI e XVII, possibilitou criação do capitalismo industrial.
A crença da riqueza como um sinal da bênção divina, a poupança, a parcimônia no gastar, constituíram a base do moderno sistema econômico capitalista e possibilitaram a acumulação de capitais que foram destinados à industrialização.
Também introduziram na sociedade o comportamento metódico, disciplinado e racional.
Frases de Max Weber
· O homem não teria alcançado o possível se, repetidas vezes, não tivesse tentado o impossível.
· Neutro é quem já se decidiu pelo mais forte.
· As pessoas raramente reconhecem as oportunidades da vida, porque muitas vezes elas estão disfarçadas de trabalho.
· O homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu.
· Não é verdade que o bem pode seguir apenas o bem e o mal só o mal, mas muitas vezes o oposto é verdadeiro. Quem não vê isto, é de fato, um bebê de política.
Curiosidades sobre Max Weber
· Max Weber foi o consultor alemão para a criação do "Tratado de Versalhes" de 1919, que pôs fim à Primeira Guerra Mundial.
· Foi um dos responsáveis por redigir a "Constituição de Weimar" e autor do "Artigo 48", que foi usado por Adolf Hitler para estabelecer seus poderes ditatoriais.
· Max Weber influenciou vários autores como Norbert Elias (1897-1990), Anthony Giddens, Gilberto Freyre e Clifford Geertz (1926-2006).
Sociologia no Brasil
Sérgio Buarque de Holanda
Sérgio Buarque de Holanda foi um historiador, escritor, sociólogo, jornalista e crítico literário brasileiro. No início de sua carreira, o pensador contribuiu com o movimento modernista brasileiro, resultado da Semana de Arte Moderna de 1922, além de destacar-se como jornalista.
Foi enviado como correspondente de jornais brasileiros a Berlim e atuou como professor universitário em prestigiadas universidades brasileiras, como a atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (na época Universidade do Distrito Federal) e a Universidade de São Paulo (USP), instituição na qual se aposentou.
Biografia de Sérgio Buarque de Holanda
Sérgio Buarque de Holanda nasceu em 11 de julho de 1902, na cidade de São Paulo. Filho de Heloísa Gonçalves Buarque de Holanda e do farmacêutico e professor universitário Cristóvão Buarque de Holanda, Sérgio seguiu o caminho do pai tornando-se também professor universitário. Quando adolescente, muda-se com a família para o Rio de Janeiro.
Sérgio Buarque bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, em 1925. Enquanto estudava ciências jurídicas, escrevia contos e poesias, além de participar como correspondente carioca do movimento modernista, que efervescia em São Paulo com nomes como o da artista plástica Tarsila do Amaral e o do escritor Oswald de Andrade, por meio da Revista Klaxon, de arte moderna.
Enquanto graduava-se, o pensador brasileiro trabalhou para diversos jornais, atividade que manteve durante certo período após o término de seu bacharelado em Direito. Após formado, foi residir em Berlim, para atuar como correspondente internacional, a convite do magnata da imprensa brasileira Assis Chateaubriand. Nesse período, viveu na Alemanha e na Polônia, e conheceu o pensamento do sociólogo clássico alemão Max Weber.
Retornou para o Brasil, no início da década de 1930, por conta da ascensão do nazismo na Alemanha e passou a trabalhar para agências estatais de notícias. No mesmo período e com anotações trazidas da Europa, o pensador escreveu a sua grande obra historiográfica e sociológica Raízes do Brasil, um clássico sobre a formação de nosso país.
O livro foi publicado em 1936 e tornou-se uma das maiores obras sobre a formação do povo brasileiro, o que conferiu a Sérgio Buarque prestígio enquanto historiador brasileiro. Nesse mesmo período, o pensador inicia seu trabalho como professor assistente na Universidade do Distrito Federal (UDF), extinta em 1939.
Até 1955, Sérgio Buarque passou a trabalhar para jornais, atuar como crítico literário, além de participar e presidir a curadoria de museus e atuar como membro de organizações políticas ligadas ao socialismo brasileiro e contrárias ao governo de Getúlio Vargas. Também foi palestrante e professor visitante nos Estados Unidos.
Em 1956, o pensador assumiu uma cátedra interina de História da Civilização Brasileira na Universidade de São Paulo (USP), posto em que permaneceu até 1969. Em 1969, ele requisitou a sua aposentadoria e afastou-se da USP em solidariedade e protesto contra os professores afastados da universidade pelo Ato Institucional n. 5, promulgado pelo governo militar e que afastou, entre outros, o sociólogo brasileiro Fernando Henrique Cardoso da instituição.
Até os anos de 1980, Sérgio Buarque atuou como crítico literário e escritor, e, no início da década de 1980, participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT). O historiador, sociólogo, jornalista e crítico literário brasileiro faleceu em 24 de abril de 1982, na cidade de São Paulo.
Sociologia
Apesar de ser considerado um dos maiores sociólogos do período pré-científico do Brasil, Sérgio Buarque é mais reconhecido enquanto historiador. No entanto, as suas contribuições para o estudo da formação da sociedade brasileira são inegáveis.
Sérgio Buarque de Holanda dedicou-se, desde o fim da década de 1920, a entender a formação plural do povo brasileiro. Vivendo em Berlim e em outras cidades europeias, o pensador percebeu o quanto o povo brasileiro é diversificado em comparação ao povo europeu, sumariamente homogêneo. A teoria histórica proposta por Sérgio Buarque tornou-se uma teoria sociológica da formação do povo brasileiro, com apontamentos sobre como a sociedade brasileira estabeleceu-se.
Raízes do Brasil
O primeiro e mais difundido livro de Sérgio Buarque, Raízes do Brasil, trata da formação do povo brasileiro baseada em uma visão muito controversa que foi objeto de críticas e elogios ao longo do século XX. Para alguns críticos, como o sociólogo e professor da Universidade de Brasília (UnB) Jessé de Souza, a teoria de Sérgio Buarque de Holanda apenas tentava superar o racismo das teorias sociológicas racistas sobrea formação do povo brasileiro. No entanto, algumas afirmações interessantes podem ser retiradas dela.
Sérgio Buarque identificou uma interessante diferença de migração dos colonos que resultou numa diferente formação dos povos: enquanto os colonos norte-americanos (provenientes da Inglaterra) foram para as terras da América do Norte com suas famílias, os primeiros colonos portugueses vieram para o Brasil acompanhados de expedições aventureiras compostas apenas por homens.
Esse fato, segundo Buarque, teria resultado na imensa miscigenação do povo brasileiro: colonos portugueses, supostamente, relacionaram-se com negras e índias, formando uma população miscigenada. Essa teoria parece aproximar-se da teoria do sociólogo brasileiro Gilberto Freyre sobre a miscigenação, porém ambas desconsideram a questão do estupro e do abuso de homens brancos sobre as mulheres negras e indígenas.
No entanto, o traço mais forte da formação do povo brasileiro identificado pela sociologia de Sérgio Buarque foi a questão da prioridade das relações privadas em relação às relações públicas.
Homem cordial
A palavra cordial vem do latim cordis, que significa coração. A população brasileira que se formou a partir da colonização era uma população cordial nos vários sentidos da palavra: eram cordiais ao aceitar os mandos da colonização e eram cordiais ao sucumbir às prioridades da formação familiar em detrimento do bem público. Segundo Buarque, desde o início da formação do Brasil, havia uma tendência em colocar o âmbito privado à frente do âmbito público.
O homem cordial era, segundo Sérgio Buarque, o brasileiro nato que preferiria privilegiar os seus em detrimento de contribuir com o público. Essa complicada fórmula teria dado origem ao povo brasileiro: estruturalmente corrupto.
Tendo convivido com outras culturas e com outras nações, Sérgio Buarque atribuiu essa característica não a uma visão etnocentrista, como era comum na época, mas como culpa dos colonos portugueses. Os portugueses, segundo Buarque, eram desprovidos de qualquer nacionalismo, diferentemente de outros grandes povos europeus, o que fez com que a colônia portuguesa se findasse de maneira antiética.
Gilberto Freyre
Gilberto de Mello Freyre (1900- 1987) foi um sociólogo, antropólogo, deputado e professor universitário brasileiro.
Sua obra mais conhecida é "Casa-Grande & Senzala" na qual usou novas fontes para compreender a formação do Brasil.
Biografia
Gilberto Freyre nasceu em 1900 no Recife/PE. O pai, Alfredo Freyre, era juiz e professor universitário que ensinaria latim ao filho.
Apesar do estímulo ao estudo em casa, Freyre não conseguia aprender a escrever e fazia desenhos para expressar-se. Estudou em colégios americanos e quando terminou sua formação, partiu para os Estados Unidos onde se matricularia na Universidade de Baylor, Texas e anos mais tarde, em Columbia.
 
Retorna ao Brasil em 1924, assume a direção de jornais e escreve inúmeros artigos sobre a formação social do Brasil que eram publicados em jornais de Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Igualmente, trabalha como secretário particular do governador de Pernambuco, Estácio de Albuquerque de Coimbra.
Em 1933, após intensas pesquisas, lança "Casa-Grande & Senzala", que provocaria polêmica no meio intelectual brasileiro seja por sua linguagem como pelos temas propostos.
Na década de 40 é preso e tem seu jornal empastelado por conta da oposição que fazia à ditadura de Getúlio Vargas. Em 1946, é eleito deputado pela União Democrática Nacional e segue para o Rio de Janeiro a fim de se integrar à Assembleia Constituinte.
A partir da década de 50 começa a receber convites para conferências em universidade americanas e europeias, além de formar parte de comissões da ONU que tratavam da questão racial.
Seus livros ganham edições em várias línguas e "Casa-Grande e Senzala" é a até hoje o livro de Sociologia brasileiro mais editado e traduzido no exterior.
Freyre casou-se em 1941 com Maria Magdalena Guedes Pereira com quem teve dois filhos. Em vida, conseguiu criar a Fundação Gilberto Freyre e abrir a Casa-Museu, ambos na sua antiga residência para preservar seu legado e sua biblioteca de mais de 30 mil volumes.
Recebeu vários prêmios em vida como os títulos de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Pernambuco e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, além das universidades de Coimbra, Paris, Sussex, Münster e Oxford.
Em 1971, a Rainha Elizabeth II lhe confere o título de Sir (Cavaleiro Comandante do Império Britânico) e em 1986 foi eleito para Academia Pernambucana de Letras.
Faleceu em 1987, em Recife, em decorrência de vários problemas de saúde.
Sociologia
As principais influências de Gilberto Freyre são o antropólogo alemão Franz Boas (1858-1942), Max Weber, o poeta americano Vachel Lindsay (1879-1931), a poeta americana Amy Lowell (1874-1925), entre muitos outros. Desta maneira, ele se afasta do positivismo imperante na intelectualidade brasileira do momento.
Igualmente, incorpora à sua escrita a corrente do "Imagismo" que utiliza imagens, metáforas e símbolos para explicar suas teses.
O Expressionismo, escola pictórica que amplia ou recorta as cenas a fim de destacá-las, também foi adicionado na sua maneira de utilizar as hipérboles.
Assim, Freyre fazia afirmações duras a respeito da prostituição e da depravação dos colonizadores com as escravas, utilizando este recurso literário.
 
Também lança mão do "numerismo" já esboçado em obras como a do escritor americano Walt Whitman (1819-1892), onde o autor vai repetindo insistentemente a mesma palavra para construir seu raciocínio.
Podemos encontrar um exemplo desta figura de linguagem no trecho onde ele explica a função da rede na Casa Grande:
Rede parada, com o senhor descansando, dormindo, cochilando, Rede andando, com o senhor em viagem ou a passeio debaixo de tapetes ou cortinas. Rede rangendo, com o senhor copulando dentro dela. Da rede não precisava afastar-se o escravocrata para dar suas ordens aos negros; mandar escrever suas cartas pelo caixeiro ou pelo capelão; jogar gamão com algum parente ou compadre. De rede viajavam quase todos — sem ânimo para montar a cavalo: deixando-se tirar de dentro de casa como geleia por uma colher.
Casa-Grande & Senzala
A obra "Casa-Grande & Senzala" foi publicada em 1933 após Freyre já ter estudado e escrito vários ensaios sobre o período colonial do Brasil.
Este livro é o primeiro de uma trilogia que se completa com "Sobrados & Mucambos", de 1936, sobre a sociedade no Brasil Império. Por último, "Ordem & Progresso", de 1957, discute a sociedade brasileira durante a República. Havia um quarto livro planejado, "Jazigos & Covas-rasas", mas as anotações foram roubadas e se perderam.
"Casa-Grande & Senzala" trouxe novas abordagens para entender a formação do Brasil. Cultura, religiosidade, culinária, hábitos de higiene, sexualidade foram alguns temas destrinchados pelo estudioso pernambucano.
Uma das teses da obra é que a mestiçagem das raças criou uma sociedade original. Através do contato de negros, índio e brancos, o brasileiro seria a síntese cultural e mestiça dessas raças. O que não quer dizer que esta formação se tenha dada de maneira pacífica, pois Freyre destaca a violência da escravidão.
Ao invés de ilustrar essa tese com dados econômicos, Freyre recorre à culinária para provar o quão mestiça era a sociedade brasileira.
“Matavam-se bois, porcos, perus. Faziam-se bolos, doces e pudins de todas as qualidades. A galinha, aliás, figura em várias cerimônias religiosas e tisanas afrodisíacas dos africanos no Brasil. O açúcar - que fez acompanhar sempre do negro - adoçou tantos aspectos da vida brasileira que não se pode separar dele a civilização nacional."
É preciso lembrar que na década de 30, o nazismo estava em plena consolidação na Alemanha. Suas ideias de pureza racial conquistavam cada vez mais adeptos em todo mundo, inclusive no Brasil. A obra "Casa-Grande & Senzala" vai defender que a mestiçagem traz mais aspectos positivosque negativos para uma nação.
Democracia racial
Gilberto Freyre foi criticado por defender a democracia racial no Brasil. Esta tese afirmava que os negros e índios não eram discriminados na sociedade brasileira.
Na verdade, essa expressão nunca foi utilizada por Freyre. Ele defendia a mestiçagem e a maneira de ser do português católico em contraponto com o protestante inglês. Esta mistura de raças será decisiva para construir uma sociedade diferente daquela existente dos países anglo-saxônicos.
A obra do sociólogo Florestan Fernandes, publicada da década de 50, desmontaria este conceito tão arraigado no pensamento brasileiro.
Frases
· O saber deve ser como um rio, cujas águas doces, grossas, copiosas, transbordem do indivíduo, e se espraiem, estancando a sede dos outros.
· Sem um fim social, o saber será a maior das futilidades.
· A culinária é uma das maiores expressões do comportamento humano, do saber humano, da criatividade humana, muito do saber humano está naquilo que você come.
· A virtude da senhora branca apoia-se em grande parte na prostituição da escrava negra;
· Todo brasileiro traz no corpo a sombra do indígena ou do negro.
· Nessa instituição social – a escravidão – é que encontramos na verdade o grande excitamento de sensualidade entre os portugueses, como mais tarde entre os brasileiros.
 
Aspecto da Casa-Museu Magdalena e Gilberto Freyre
Obras de Gilberto Freyre
· Casa-Grande & Senzala, 1933
· Guia Prático, Histórico e Sentimental da Cidade do Recife, 1934
· Sobrados e Mucambos, 1936
· Nordeste: Aspectos da Influência da Cana Sobre a Vida e a Paisagem, 1937
· Assucar, 1939
· Olinda, 1939
· O mundo que o português criou, 1940
· A história de um engenheiro francês no Brasil, 1941
· Problemas brasileiros de antropologia, 1943
· Sociologia, 1943
· Interpretação do Brasil, 1947
· Ingleses no Brasil, 1948
· Ordem e Progresso, 1957
· O Recife sim, Recife não, 1960
· Os escravos nos anúncios de jornais brasileiros do século XIX, 1963
· Vida social no Brasil nos meados do século XIX, 1964
· Brasis, Brasil e Brasília, 1968
· O brasileiro entre os outros hispanos, 1975
· Homens, engenharias e rumos sociais, 1987
Florestan Fernandes
Florestan Fernandes (1920-1995) foi um sociólogo, professor universitário, colunista e deputado brasileiro.
Foi eleito deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores em dois mandatos (1986-1994) e participou da Constituinte de 1988.
Biografia
Florestan Fernandes nasceu em 1920, em São Paulo, numa família pobre. Desde cedo teve que trabalhar para ajudar no sustento da casa e o fez como auxiliar de barbearia, engraxate, copeiro, garçom.
No entanto, graças a sua madrinha Hermínia Bresser de Lima, aprendeu o valor do estudo e adquiriu a disciplina para estudar. Esta vida ambígua entre o mundo abastado e o mundo da pobreza permearia toda sua obra intelectual e sua postura de vida.
Ingressou na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, em 1941 e tornou-se assistente do professor Fernando de Azevedo. Doutorou-se em 1951 com a tese intitulada “A função social da guerra na sociedade tupinambá”.
Colaborou em diversas pesquisas com o francês Roger Bastide e teve como alunos, entre outros, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e Octávio Ianni.
Com a chegada da ditadura militar em 1964 e posteriormente do AI-5, Florestan Fernandes é aposentado compulsoriamente da USP. Desta maneira, vai para o Canadá e os Estados Unidos lecionar em distintas universidades como Columbia, Yale e Toronto.
 
Ao voltar para o Brasil, participou ativamente da reabertura política apoiando movimentos como as Diretas Já. Em 1986, através do Partido dos Trabalhadores (PT), seria eleito como deputado federal.
Isto lhe deu a oportunidade de tomar parte da Comissão de Educação que ajudou a elaborar a Constituição de 1988, auxiliando a escrever a Lei de Diretrizes de Bases (LDB).
Florestan Fernandes ainda seria reeleito para o cargo em 1990, pelo PT. Uma doença no fígado não lhe tirava as forças para colaborar ou criticar com seu partido e demais organizações de esquerda.
O sociólogo Florestan Fernandes morreu em 1995 após realizar um transplante de fígado.
Principais Ideias
A maior parte da obra de Florestan Fernandes tem como objetivo entender a situação do negro na sociedade brasileira.
A partir da teoria marxista, Fernandes analisa a inserção do negro quando este passou de ser propriedade para um ser dotado de liberdade.
Do ponto de vista de Fernandes, o negro não teria sido integrado dentro da sociedade capitalista, pois este grupo era o mais desfavorecido se comparado aos brancos.
Para Florestan Fernandes o grau de integração do negro na sociedade brasileira poderia ser um parâmetro para a democracia brasileira
“O negro vai ser sempre, enquanto não houver democracia no Brasil, o nosso melhor ponto de referência para determinar que o Brasil não é uma sociedade democrática. (...) Uma democracia deve ser um regime político, econômico, cultural, social que permite estabelecer igualdade entre todas as raças.” (Entrevista para o programa Vox Popolli, 1984).
Democracia Racial
Florestan Fernandes dialogou com os principais pensadores brasileiros como Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda.
Ao contrário de Gilberto Freyre que defendeu a inclusão do negro no Brasil através da miscigenação entre o índio, o branco e o negro, Fernandes se afastou dessa linha de pensamento.
Ao estudar a problemática do negro à luz do marxismo, Florestan Fernandes afirma que o mais prejudicado no contexto da luta de classes será o negro. Mesmo que o branco seja pobre e proletário, o negro vai sofrer o componente da discriminação racial.
Educação
Para Florestan Fernandes, a educação deveria ser laica, gratuita e libertadora. Questionava a autoridade/autoritarismo do professor em sala de aula, sua postura como reprodutor do conhecimento e seu papel na construção de uma sociedade igualitária.
Instituto Florestan Fernandes
Várias organizações levam o nome de Florestan Fernandes como o Instituto Florestan Fernandes fundado em 1999, no Ceará.
Trata-se de uma ONG que tem como objetivo promover a cidadania e a capacitação de jovens da zona rural e também mulheres das cidades a desenvolver seu potencial político e econômico.
Por sua vez, a Fundação Florestan Fernandes, em Diadema, criada em 1996 é um centro que oferece cursos profissionalizantes colocando em prática um dos preceitos do sociólogo.
Biblioteca Florestan Fernandes
A biblioteca da Universidade de São Paulo (USP) foi batizada com o nome do ilustre professor em 2005. No entanto, toda documentação do sociólogo se encontra sob guarda da Universidade Federal de São Carlos (UFScar) desde 1996.
Frases
· Um povo educado não aceitaria as condições de miséria e desemprego como as que temos.
· Contra as ideias da força, a força das ideias!
· É muito complicada a vida de um intelectual na sociedade de consumo de massa.
· Sou um marxista que acha que a solução para os problemas dos países capitalistas está na revolução.
· Em nossa época, o cientista precisa tomar consciência da utilidade social e do destino prático reservado a suas descobertas.
Obras
· Organização social dos Tupinambá, 1949;
· A função social da guerra na sociedade Tupinambá,1952;
· A etnologia e a sociologia no Brasil,1958;
· Fundamentos empíricos da explicação sociológica,1959;
· Mudanças sociais no Brasil,1960;
· Folclore e mudança social na cidade de São Paulo,1961;
· A integração do negro na sociedade de classes,1964;
· Corpo e Alma do Brasil,1964;
· Sociedade de classes e subdesenvolvimento,1968;
· Capitalismo dependente e Classes Sociais na América Latina,1973;
· A investigação etnológica no Brasil e outros ensaios,1975;
· A revolução burguesa no Brasil: Ensaio de Interpretação Sociológica,1975;
· Da Guerrilha ao Socialismo: A Revolução Cubana,1979;
· O que é Revolução,1981;
· Poder e Contrapoder na América Latina,1981;
· Significado do Protesto Negro, 1989.
PROCESSOS SOCIAIS
As pessoas, através das relações sociais,podem aproximar-se ou afastar-se, dando origem a formas de associação ou dissociação. A este aspecto dinâmico é dado o nome de processo social.
A sociabilidade, que é capacidade natural dos seres humanos de viverem em sociedade, se desenvolve por meio da socialização. É através da socialização que uma pessoa se integra a um grupo, assimilando costumes, hábitos e regras.
Um aspecto fundamental do processo social é o contato social. O contato social é a raiz da vida em sociedade. É através do contato social que nós estabelecemos relações com outras pessoas. Existem, basicamente, dois tipos de contatos sociais. O primeiro deles é denominado de contatos sociais primários. Estes são pessoais e íntimos. Os indivíduos tendem a compartilhar de suas experiências particulares; há uma certa fusão de individualidade. O contato é completo, isto é, é considerado como um fim em si mesmo. São os contatos pessoais onde há uma forte base emocional: a relação entre pais e filhos, marido e esposa, professor e aluno, um grupo de amigos etc. Já os contatos sociais secundários são informais, impessoais e calculados. Geralmente são superficiais, envolvendo apenas uma faceta da personalidade.  Um exemplo: um cliente entra numa farmácia e pede um remédio ao farmacêutico. O contato é informal e racional.  Outros exemplos de contatos sociais secundários são aqueles mantidos por carta, telefone, e-mail etc.
Na sociedade contemporânea, há, quando comparado a épocas passadas, uma diminuição nos grupos de contatos primários. Há vários motivos para isso: a industrialização e urbanização; o fato de as pessoas serem muito ocupadas, tendo relativamente pouco tempo para se dedicar a outras.  De fato, a maioria de nossos contatos sociais são secundários. Hoje em dia, a maioria da população vive em grandes cidades onde há grande proximidade física, mas onde as relações humanas são, em geral, impessoais. Sentimentos de competição e de individualismo muitas vezes resultam numa perda de afetividade entre os seres humanos. Muitas pessoas vivem sozinhas e solitárias, mantendo poucos contatos sociais primários.
A ausência de contatos sociais é denominada de isolamento social. O isolamento pode ser compreendido como a falta de contato ou de comunicação entre grupos ou indivíduos. Nos dias de hoje, praticamente não existe isolamento absoluto. Mas existem comunidades isoladas, que mantêm pouco contato com outras comunidades.
As forças por trás desse isolamento são chamadas de atitudes de ordem social e atitudes de ordem individual. As atividades de ordem social se manifestam através de preconceito, seja racial, religioso, étnico, sexual etc. Uma atitude de ordem individual que causa e reforça o isolamento é a timidez. As pessoas que têm muita dificuldade em estabelecer laços de convivência e de afeto com outros estão mais propensas a viverem sozinhas, isoladas, à margem da sociedade.
Os sociólogos indicam cinco tipos de isolamento: espacial, estrutural, funcional, psíquico e habitudinal.
O isolamento espacial ou físico é a ausência de contatos devido a fatores geofísicos: montanhas, vales, florestas, desertos, rios, oceanos etc. Esses fatores e a distância entre comunidades agem como isolantes.
O isolamento estrutural é constituído por diferenças biológicas, como idade, sexo e raça. A sociedade atribui funções e atividades diversas a homens e mulheres, a adultos e crianças e, consequentemente, cria diferenças de interesses. O isolamento de grupos étnicos, religiosos e raciais ocorre em vários países. A idade também resulta em isolamento nas sociedades. O isolamento de idosos, por exemplo, é um problema da sociedade atual.
O isolamento funcional tem origem nas deficiências físicas – cegueira, mudez, surdez e outras limitações físicas. Os portadores de deficiências físicas têm participação limitada em muitas das atividades da sociedade.
O isolamento psíquico ocorre devido a diferenças de interesses, gostos e preferências entre indivíduos pertencentes a uma mesma cultura. O isolamento psíquico é o que distancia o grande intelectual do analfabeto, o empresário do agricultor. A existência de clubes, partidos políticos e sociedades secretas reforça o isolamento psíquico.
Finalmente, o isolamento habitudinal ocorre devido a diferenças de hábitos, costumes, linguagem, religião etc. Há isolamento habitudinal entre pessoas que não falam a mesma língua. O fanatismo religioso também leva a uma falta de comunicação entre membros de religiões diferentes.
A Comunicação
A comunicação é essencial para a sobrevivência e desenvolvimento da humanidade. É fundamental também para a cultura.
A comunicação pode dar-se através de meios não vocais, como expressões e traços fisionômicos, sons inarticulados, baseados em emoções, e por palavras e símbolos, ou seja, pela linguagem. O principal meio de comunicação do ser humano é a linguagem. É por meio dela que conseguimos estabelecer e solidificar relações com outros seres humanos: expressar ideias, pensamentos, ensinamentos e sentimentos. Se não há comunicação efetiva, não há desenvolvimento ou progresso.
Além da linguagem falada, o ser humano desenvolveu várias formas de comunicação. Um dos mais importantes é a escrita. Outro passo fundamental para o desenvolvimento da comunicação foi a invenção da impressão, por Gutenberg, no século XV. Nos séculos XIX e XX, foram inventados o telégrafo, o telefone, o rádio, o cinema, a televisão, a comunicação por satélite e, mais recentemente, a Internet.
Interação social
Os contatos sociais e a interação são indispensáveis ao ser humano e à sociedade humana. A interação social afeta as pessoas envolvidas, devido ao contato e à comunicação estabelecidos entre elas.
O progresso nos meios de comunicação, principalmente a partir do uso generalizado da Internet, resultou na criação de novas formas de contato social. Hoje em dia, há interatividade – a troca de informações de forma simultânea – entre pessoas que vivem em diferentes partes do mundo.
Relação social
Relação social é a forma assumida pela interação social em cada situação. Por exemplo, um vendedor e um comprador estabelecem uma relação comercial; professor e aluno estabelecem uma relação pedagógica. As relações sociais também podem ser familiares, religiosas, culturais, políticas etc.
Processos sociais
A cooperação é um tipo de processo social. Processos sociais são as formas pelas quais as pessoas se relacionam e estabelecem relações sociais.
Os processos sociais podem ser associativos e dissociativos. Os processos associativos estabelecem formas de cooperação e convivência num grupo. Já os processos dissociativos se manifestam por meio de divergências e até conflitos. Os principais processos sociais associativos são cooperação, acomodação e assimilação. Os principais processos sociais dissociativos são competição e conflito.
A cooperação é o processo social em que dois ou mais indivíduos ou grupos atuam em conjunto para alcançar um mesmo objetivo ou propósito.
A cooperação pode ser temporária: as pessoas se reúnem para executar uma tarefa durante um período temporário. Exemplos: estudo em grupo, mutirões. A cooperação contínua ocorre entre indivíduos ou grupos que, estabelecidos em determinado local, precisam sempre da colaboração uns dos outros. Exemplo: os habitantes de uma cidade colaboram, tomam medidas, para diminuir a poluição.
A cooperação também pode ser direta: indivíduos desempenham atividades em conjunto. Esse tipo de cooperação divide-se em trabalho associado – por exemplo, uma família fazendo compras na feira; trabalho suplementar – por exemplo, um mutirão; integração de trabalhos diversos (trabalhos diferentes visando um objetivo comum) – por exemplo, a produção de um filme, que exige o trabalho de diferentes profissionais e especialistas.
A cooperação indireta é a realização de trabalhos diferentes. A cooperação ocorre porque os indivíduos não são autossuficientes. Um exemplo de cooperação indireta é a que existe entre um agricultor e um médico: o médico precisa dos alimentos plantados e colhidos pelo agricultore este necessita de cuidados médicos.
São muitos os interesses que levam os indivíduos e os grupos à cooperação. Resumindo, a cooperação é a solidariedade social em ação.
A competição é basicamente o oposto da cooperação. É a forma de interação que implica o esforço, a luta, por recursos escassos ou por objetivos que não podem ser alcançados por todos. Para a satisfação de suas necessidades e desejos, indivíduos e grupos competem entre si.  
A competição ocorre quando há mais pretendentes do que postos: os que pretendem alcançar uma situação melhor entram em competição com os demais concorrentes. Um exemplo de competição é uma eleição presidencial: várias pessoas almejam o cargo de maior importância política, mas num país pode haver apenas um presidente. Há vários candidatos para apenas um posto, que é muito almejado; portanto, há competição que frequentemente se manifesta de forma agressiva e hostil.
Outro exemplo de competição é o vestibular: geralmente, há mais candidatos do que vagas, principalmente para os cursos mais concorridos. Mas este é um exemplo de competição que é geralmente benéfica, pois incentiva o estudo, a disciplina e a diligência. A competição pode se tornar nociva quando resulta em conflito – isto é, quando resulta em elevada tensão social e até em violência. A diferença fundamental entre a competição e o conflito é que a competição não é necessariamente pessoal e não necessariamente resulta em hostilidade.
A definição mais aceita do conflito é que é uma contenda entre indivíduos ou grupos em que cada contendor almeja uma solução que exclui a desejada pelos outros contendores.
Há várias formas de conflito. A rivalidade compreende ciúme e antagonismo (por exemplo, dois rapazes que querem se casar com uma mesma moça). O debate é a controvérsia a respeito de pontos de vista, ideias ou crenças (por exemplo, debates no Congresso e no Senado). A discussão é a forma de debate caracterizado por uma certa medida de hostilidade (por exemplo, troca de palavras ásperas entre pessoas que apoiam diferentes partidos políticos). O litígio é a demanda judicial entre partes contrárias. A contenda é a briga entre indivíduos ou grupos (entre torcidas organizadas, por exemplo). Finalmente, guerras são lutas entre países ou grupos nacionais, étnicos, religiosos etc.
Na realidade, há conflitos a toda hora, em todos os países e em todas as sociedades. Há conflitos entre policiais e criminosos, entre países que estão em guerra, entre governos ditatoriais e a população civil que luta por seus direitos civis etc.
É importante ressaltar que nem todo conflito é prejudicial e indesejável. O conflito social, por exemplo, é um processo social que pode provocar mudanças positivas na sociedade. Um exemplo disto: nos anos 1960, nos Estados Unidos, direitos civis foram obtidos pela população negra através do conflito social.
Comunidade e Sociedade
Comunidade e sociedade são termos aplicado para designar organizações de dimensões diferentes.
Sociedade é o termo utilizado para traduzir um grupo de pessoas que compartilham uma cultura e um território definido.
A comunidade, contudo, é um grupo limitado de pessoas que coexistem, se relacionam e apresentam semelhanças.
Características da Sociedade
· A sociedade é formada por uma teia de relações sociais;
· Inclui as relações estabelecidas entre as pessoas;
· O relacionamento social pode ser direto, indireto, organizado, desorganizado, consciente ou inconsciente;
· Não é necessária uma área geográfica para estabelecer uma sociedade;
· A sociedade é universal e generalizada;
· A sociedade é ampla e abstrata;
· É uma rede de relações sociais que não pode ser tocada;
· Interesses comuns de várias comunidades estão presentes na sociedade.
Características da Comunidade
· A comunidade consiste em um grupo de indivíduos;
· É preciso uma área geográfica definida para definir uma comunidade;
· A comunidade é menor que a sociedade;
· Não há mais de uma sociedade em uma comunidade;
· Ela é concreta;
· É um grupo que vive em uma área particular;
· Pode ser localizada;
· Os interesses comuns são partilhados e priorizados;
· Integrantes de uma comunidade vivem juntos em prol de interesses e objetivos comuns;
· A semelhança é muito importante na comunidade.
Ferdinand Tönnies
A obra Gemeinschaft und Gesellschaft (em português, Comunidade e Sociedade) do sociólogo alemão Ferdinand Tönnies (1855-1936) é considerada um divisor de águas no campo da sociologia. Publicado em 1887, o livro trata dos tipos ideais de organizações sociais.
Para Tönnies, a comunidade é baseada em características comuns entre os indivíduos, como parentesco, língua, religião e território. A sociedade, por sua vez, é baseada em critérios e constituições que podem ser comuns a várias comunidades.
Sociedade
A sociedade é uma agremiação de pessoas que se juntam com vistas a preservar a sobrevivência da coletividade. Não é possível falar que uma sociedade é completamente homogênea e que todas as sociedades são homogêneas entre si, mas há uma norma geral nelas que as coloca em graus parecidos de funcionamento. Há também uma diferença sociológica entre a comunidade e a sociedade, sendo que esta é mais complexa e comporta-se de maneira diferente daquela.
Conceito de sociedade
A palavra sociedade advém do termo em latim societas, que significa associação com outros. Os seres humanos juntam-se, desde os primórdios, em grupos para facilitar a sobrevivência. Podemos dizer, de maneira geral, que há uma espécie de rede de relacionamentos entre as pessoas que configura a sociedade como um todo. No entanto, existem especificações que tornam a sociedade um conceito complexo e de maior profundidade. Nesse sentido, não podemos reduzi-la a um simples conjunto de pessoas em um determinado local.
Podemos dizer que um ponto que restringe o conceito de sociedade é o objetivo comum. Uma sociedade é uma espécie de pacto social que coloca os seres humanos em um tipo de contrato para que alguns benefícios sejam adquiridos. Para que o pacto funcione, é extremamente necessário que deveres sejam cumpridos pelos cidadãos que convivem na sociedade em questão.
A sociedade é uma agremiação de pessoas com a finalidade de preservar a sobrevivência comum de todos que se enquadrem nas normas sociais.
Uma sociedade comunga de uma cultura em comum e de hábitos e costumes comuns. É importante essa unidade dentro da sociedade para que haja maior coesão solidária entre as pessoas e estas cumpram efetivamente os seus papéis, conferindo à sociedade o papel de organizadora e protetora da vida humana.
As sociedades são compostas por grupos de pessoas com maior organização, geralmente esses grupos encerram em si as comunidades; e há nelas uma organização social feita por instituições, como o governo, a família, a escola e, quando há a quebra da ordem social, a polícia.
O termo sociedade também pode ser aplicado a agremiações menores que busquem objetivos em comum, geralmente ligados a uma visão de mundo ou ao profissional. Podemos tomar como exemplo a Sociedade Brasileira de Medicina da Família e Comunidade (SBMFC) ou a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Para a sociologia, a sociedade é uma forma de organização das pessoas com base na cultura e nos sistemas institucionais de organização das comunidades, podendo ter diferenciações de acordo com o grau dessa organização.     
Sociedade e comunidade
Para a sociologia, os conceitos de sociedade e comunidade são distintos. A palavra comunidade vem do latim comunitate, que significa compartilhamento.
· Comunidade
São menores e mais antigas que a sociedade. Podemos chamar de comunidade um grupo pequeno ou grande de pessoas que comungam, ou seja, compartilham espaço, ideias e até mesmo cultura.
Em geral, o termo é utilizado para referir-se às formas mais antigas ou mesmo menos institucionalizadas de agrupamento de pessoas que compartilham algo.
· Sociedades
São mais complexas que as comunidades. As sociedades dependem de associações melhor estabelecidas do ponto de vista institucional,

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