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Doença de Marek em aves (Gallusdomesticus) criadas em fundo de quintal Biffi, C.P.; Parizotto, L.H.; Savaris, T.; Evangelista, C.M.; Molossi, F.A.; Godoy, M.E.; Da Costa, L.S. Autor correspondente: leisehp@yahoo.com.br (Parizotto, L.H.), Universidade do Estado de Santa Catarina, Laboratório de Patologia Animal, Av. Luís de Camões, 2090, Bairro: Conta Dinheiro, Lages, SC, 88520-000. PALAVRAS-CHAVE: Aves, histologia, sinais clínicos. INTRODUÇÃO: Em 1907, Jozsef Marek observou pela primeira vez, na Hungria, a paralisia de pernas e asas de galos e considerou um processo inflamatório de nervos periféricos, denominando de polineurite [5]. Alguns anos mais tarde, estudos realizados [6], demonstraram a natureza linfoproliferativa das lesões nos nervos periféricos e gânglio espinhal e as neoplasias linfoides dos ovários e de outros órgãos viscerais. O vírus da doença de Marek (VDM) pertence à família Herpesviridae, subfamilia Gammaherpesvirinae, gênero Lyfulphocryptovirus[5]. As partículas virais do VDM são típicas dos herpesvírus, sendo os vírions encontrados nos núcleos e raramente no citoplasma celular [6]. O VDM é amplamente distribuído nos plantéis avícolas mundiais, e embora já tenham se passado mais de trinta anos desde que a primeira vacina foi comercializada, o vírus ainda ocasiona problemas [1,5]. As aves se contaminam através do contato direto e indireto, por via aerógena. Não há evidências de transmissão vertical. O folículo da pena é o local primário da replicação viral e com a descamação epitelial ocorre contaminação ambiental e assim das aves [1,5,6].O VDM acomete principalmente aves a partir da sexta semana de vida. Os sinais clínicos podem variar, sendo conhecidas três formas de manifestação da doença: forma clássica refere-se à forma neurológica; forma aguda, relacionada à formação de tumores múltiplos; e de paralisia temporária encefalite que acomete as aves mais jovens [5,6]. O objetivo deste trabalho é a descrição de um caso da doença de Marek em aves (Gallusdomesticus) na cidade de Lages/SC. MATERIAL E MÉTODOS: As informações sobre o histórico das aves foram obtidas diretamente com o proprietário. A propriedade, localizada na cidade de Lages/SC, possuía em torno de 40 aves, de idades diferentes, mas todas da mesma espécie Gallusdomesticus. Foram necropsiadas duas aves, das quais foram coletados fragmentos dos seguintes órgãos: Bursa de Fabrício, coração, fígado, intestino delgado, intestino grosso, pâncreas, pulmão, pele, traquéia, rim, nervo ciático e sistema nervoso central. As amostras foram fixadas em formalina tamponada a 10%, posteriormente clivados com aproximadamente 0,5 cm de espessura, desidratados em álcool, diafanizados em xilol, incluídos em parafina e posteriormente, seccionados no micrótomo em cortes de 5 µM de espessura, corados por hematoxilina e eosina (H&E) e observados em microscopia de luz [4]. RESULTADOS: Duas aves, um macho e uma fêmea, foram encaminhados ao laboratório de Patologia Animal do CAV/UDESC-Lages/SC. O proprietário relatou que todas as aves da propriedade apresentavam a mesma sintomatologia, caracterizada por sinais nervosos. À anamnese foi observada dificuldade em se manter em pé, andar cambaleante e asas caídas. Uma das aves (fêmea) também apresentou lesões no local de inserção das penas. Na ave fêmea, a necropsia não revelou nenhuma lesão macroscópica. No entanto, na segunda ave (macho) foi possível observar pequenos nódulos localizados nos sacos aéreos e vísceras abdominais. Os resultados da análise histológica mostraram na ave fêmea ninhos de células redondas no miocárdio, fígado, nervo ciático, pele e ao redor dos vasos do sistema nervoso. Na ave macho, foi possível observar áreas multifocais de necrose com infiltrado de heterofilos e algumas células mononucleares no pulmão, além de infiltrado difuso de células redondas no rim e pâncreas. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO: A manifestação clínica, caracterizada por asas caídas e dificuldade de locomoção, observada nas aves necropsiadas, é descrita na forma clássica da doença, onde ocorre replicação do vírus nas fibras nervosas com desmielinização e afluxo de células mononucleares e/ou linfóides causando, inicialmente, inflamação e/ou proliferação anormal de células linfóides[3]. O exame histológico revela uma população mista de linfócitos pequenos e grandes, linfoblastos, plasmócitose macrófagos em tumores da doença de Marek [6]. A presença deste tipo celular foi encontrada nos tecidos analisados. A utilização de vacinas para o controle da doença é uma prática efetiva e que apresenta bons resultados [5], no entanto as aves relatadas neste caso, não foram vacinadas, o que as torna susceptíveis ao contato com o vírus e ao desenvolvimento da doença. Não há tratamento efetivo para a doença de Marek. Contudo,medidas de controle e prevenção devem ser adotadas para diminuir os prejuízos ocasionados pela infecção [2]. De acordo com as características macrocoscópicas e histológicas das lesões encontradas, é possível concluir diagnóstico para doença de Marek, pois, as aves são consideradas positivas para a doença deMarek quando um dos seguintes achados estiver presente: aumento do volume dos nervos periféricos; tumores linfóides em vários tecidos de aves com menos de 16semanas, como no fígado, pele, coração, gônadas, proventrículo e músculos [6]. mailto:leisehp@yahoo.com.br REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1. 1.BackA. Manual de Doenças de Aves. Cascavel, 2002.246p. 2. Canal C.W; Silva E N. Enfermidade de Marek, complexo leucótico aviário ereticuloendoteliose. In: Berchieri Júnior A;Macari, M. Doenças dasaves. Campinas: EditoraFacta, 2000. p. 255-265. 3. 3.Ito N.M.K. Doença de Marek no Brasil. In: Anais do Simpósio sobre Oncovírus Aviários (Concórdia, Brasil),p.46,1999. 4. Prophet E.B. et al. Laboratory methods in histotechnology. Armed Forced Institute of Pathology. Washington:American Registry ofPathology, 1992.279p. 5. 5.Silva P.L. Doenças neoplásicas em aves comerciais. In: Andreatti Filho R.L. Saúde aviária e doenças. São Paulo: Rocca, 2006. p. 154-167. 6. 6.Witter R.L.; Schat K.A. Neoplasic diseases – Marek’s disease. In: Sail Y.M. et al. Diseases of poultry. 11 Ed. Ames: Iowa State University, 2003. p.407-465.