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Recreação Hospitalar_01

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AN02FREV001/REV 4.0 
 1 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
RECREAÇÃO HOSPITALAR - RODA DE LEITURA COM LIVROS DE 
PANO PARA CRIANÇAS HOSPITALIZADAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
RECREAÇÃO HOSPITALAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição 
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido 
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 3 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
MÓDULO I 
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA SOBRE O TEMA 
1.1 PSICOLOGIA HOSPITALAR 
2 PEDAGOGIA HOSPITALAR 
3 HOSPITALIZAÇÃO E A RECREAÇÃO 
 
MÓDULO II 
4 BRINCANDO NO AMBIENTE HOSPITALAR 
4.1 TRABALHADO COM RECREAÇÃO 
5 CONDIÇÕES ADEQUADAS PARA A RECREAÇÃO HOSPITALAR 
6 A RECREAÇÃO PROPRIAMENTE DESENVOLVIDA 
 
MÓDULO III 
7 BRINCANDO NO AMBIENTE HOSPITALAR II 
7.1 A LEITURA COMO MOMENTO DE RECREAÇÃO 
7.2 COMO TRABALHAR COM RODAS DE LEITURA NO AMBIENTE HOSPITALAR 
 
MÓDULO IV 
8 FAZENDO LIVROS DE PANO 
9 ADMINISTRANDO O TEMPO DISPONÍVEL 
10 PASSO A PASSO: CONFECCIONANDO LIVROS DE PANO COM AS 
CRIANÇAS NOS AMBIENTES HOSPITALARES 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 4 
 
 
MÓDULO I 
 
 
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA SOBRE O TEMA 
 
 
1.1 PSICOLOGIA HOSPITALAR 
 
 
FIGURA 1 
 
FONTE: Psicologia Hospitalar (2010). 
 
 
Começamos a ter escritos no Brasil sobre psicologia hospitalar a partir de 
1980, pensando sempre no bem-estar dos pacientes sejam elas crianças, 
adolescentes, adultos ou idosos. Simonetti (2004, p. 29) tem como definição que: “a 
psicologia hospitalar é o campo de entendimento e tratamento dos aspectos 
psicológicos em torno do adoecimento” e escreve que “o objetivo da psicologia 
hospitalar é a subjetividade, é ajudar o paciente a fazer a travessia da experiência 
do adoecimento”. 
Um exemplo simples mais de grande valia para o entendimento e 
direcionamento do assunto é o que salienta o escritor, quando colabora dizendo que: 
 
Em medicina, diagnóstico é o conhecimento da doença por meio de seus 
sintomas, enquanto na psicologia hospitalar o diagnóstico é o conhecimento 
http://www.google.com.br/imgres?q=PSICOLOGIA+HOSPITALAR&hl=pt-BR&biw=1360&bih=587&gbv=2&tbm=isch&tbnid=z02Sz19ar7OsaM:&imgrefurl=http://clinicasaovicente.com.br/pacientes/psicologia-hospitalar/&docid=vZ_xSRvq25yNoM&imgurl=http://saovicente.flashtogo.com/wp-content/uploads/2010/11/apoio1.jpg&w=590&h=339&ei=q0xOT988hIW2B6GezKUI&zoom
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 5 
da situação existencial e subjetiva da pessoa adoentada em sua relação 
com a doença. (SIMONETTE, 2004, p. 33). 
 
A psicologia hospitalar surge não para curar a doença da pessoa 
hospitalizada, pois disso já cuida e, muito bem o faz a medicina, mas escutar a 
pessoa que está inserida no meio dessa doença, escutar a sua subjetividade porque 
no fim das contas a cura em si não elimina a subjetividade do sujeito, ou melhor, a 
subjetividade não tem cura como diz Simonette (2004). 
Nesse cenário existe a necessidade biológica e a necessidade psicológica, 
nesse caso o médico trabalha com coisas a fazer e o psicólogo trabalha com coisas 
a dizer (SIMONETTI, 2004). Ele também acrescenta que a: 
 
Cena hospitalar é rica em conflitos e o psicólogo hospitalar cada vez mais 
tem sido chamado a prestar seus serviços não ao paciente, mas aos 
médicos, enfermeiras, equipe administrativa e familiares por meio de 
programas de controle de estresse, cursos de relações humanas, etc. 
(SIMONETTE, 2004, p. 101). 
 
Por esses e outros motivos, mais tarde por volta de 1997 acontecia à 
fundação da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar (SBPH) que vinha 
fomentar e oportunizar discussões por meio de eventos, congressos e seminários, 
fóruns e pesquisa para essa área. 
Logo começaram a ser publicados na literatura acadêmica e em sites como 
o Scielo Brasil, o Portal de Periódicos Eletrônicos em Psicologia (PePSIC), Biblioteca 
Virtual em Saúde – Psicologia da União Latino Americana de Entidades de 
Psicologia (BVS-PSI ULAPSI), também nos congressos da Associação Nacional de 
Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP), na Associação Brasileira de 
Editores Científicos de Psicologia (ABECIP), Biblioteca Nacional de publicações de 
livros do MEC, documentos, recomendações, artigos, entrevistas, textos sobre a 
psicologia hospitalar e a humanização do atendimento hospitalar, sobre: 
 
tratar a pessoa, e não a doença, foi um dos objetivos mais valiosos em 
psicologia hospitalar, e tal só é possível quando se conhece minimamente a 
vida da pessoa seus interesses, seus assuntos favoritos, seu trabalho, sua 
condição de vida, etc., e uma ótima maneira de se alcançar esse 
conhecimento é conversando de maneira descompromissada com o 
paciente. (SIMONETTI, 2004, p. 125). 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 6 
Tão logo começaram a surgir publicações fomentando esses objetivos 
Inclusive artigos com vertentes que vão desde atenção especialmente voltada a 
esse público revelando ações e práticas que vão do atendimento mais humanizado 
até a recreação hospitalar para crianças que estão inseridas nesse universo. 
No cotidiano diário de um hospital deparamo-nos com um misto de várias 
pessoas, vários sentimentos e vários comportamentos. Temos casos em que as 
pessoas por motivos diversos se isolam ou se aproximam tentando lidar com esse 
cotidiano hospitalar cheio de agonia, medo, incerteza. Simonetti (2004) acrescenta 
que: 
 
adoecer é como entrar em órbita. A doença é um evento que se instala de 
forma tão central na vida da pessoa, que tudo o mais perde importância ou 
então passa a girar em torno dela, numa espécie de órbita que apresenta 
quatro posições principais: negação, revolta, depressão e enfrentamento. 
habitualmente, a pessoa entra na órbita da doença pela negação, depois se 
revolta, algum tempo depois entra em depressão e, por último, sem nenhum 
esforço e trabalho pessoal alcança a possibilidade de enfrentamento real. 
(SIMONETTI, 2004, p. 37). 
 
Às vezes compartilhar desse espaço faz com que as pessoas tenham que 
lidar com o incerto, com o duvidoso, e isso faz com que essas pessoas percam o 
equilíbrio psicológico e emocional. Por isso a psicologia hospitalar surge 
principalmente para humanizar e proporcionar bem-estar no ambiente hospitalar. 
Segundo Simonette (2004, p. 116) “o psicólogo hospitalar deseja que o paciente 
fale, porque acredita que falando ele simboliza seu sofrimento e dissolve sua 
angústia. A angústia não se resolve, se dissolve nas palavras”. 
Nesse cotidiano de negação, revolta, depressão e enfrentamento, todos se 
deparam com o sentimento da negação seja por parte do próprio paciente em não 
aceitar a sua própria condição, ou por parte da família em não aceitar quando lhe 
passada o veredicto da equipe médica, sobre a condição do seu ente querido, mas 
Simonetti (2004) esclarece que: 
 
para muitas pessoas, a única possibilidade imediata diante da doença é a 
negação. Quando alguém nega a doença, não o está fazendo de caso 
pensado, propositalmente, e muito menos para irritar a equipe médica ou os 
familiares. O paciente o faz porque naquele instante é o que ele pode fazer. 
Talvez logo adiante possa assumir outra posição diante da doença, mas por 
hora a negação é a arma que ele tem. Com isso queremos dizer que a 
negação deve ser respeitada, e não confrontada a qualquer custo nem a 
qualquer hora. (SIMONETTI, 2004, p. 39). 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 7 
 
São por esses e outros motivos que o subjetivo conceitode bem-estar 
dentro do ambiente hospitalar é muito amplo e ao mesmo tempo muito restrito, pois 
ao mesmo tempo em que diz respeito a individualidade dos pacientes também está 
relacionado ao coletivo aos outros, como exemplo a equipe médica, aos familiares, 
aos outros pacientes, ao ambiente de internação, etc. 
Quando direcionamos nosso olhar as crianças o conceito de bem-estar 
hospitalar fica ainda mais complexo. Oliveira et al. (2010b) acrescenta que: 
 
o bem-estar subjetivo engloba três características principais, que são a 
subjetividade, ou seja, cada indivíduo conceitua o seu bem-estar dentro 
das suas próprias experiências; a presença de fatores positivos além 
de ausência de fatores negativos; e a ideia de que o bem-estar inclui uma 
medida global da vida. Na avaliação do bem-estar de crianças, torna-se 
fundamental considerar suas experiências subjetivas, mais do que as 
condições de vida. Assim sendo, o bem-estar, tal como a qualidade de 
vida, implica mais do que ausência de maus-tratos e déficits, mas também, 
força e qualidades positivas no contexto e na família da criança. (OLIVEIRA 
et al. 2010, p.1, apud DIENER 1984 e GASPAR 2006, grifo nosso). 
 
Assim Oliveira et al. (2010, p. 2010) acrescenta que é “nesse contexto, que 
surgem as estratégias de humanização como forma de melhorar o bem-estar de 
todos os agentes envolvidos no processo saúde-doença”. O principio máximo da 
humanização é a sensibilidade, no momento em que a criança e o adolescente 
estão com um misto de sentimento nesse momento difícil de suas vidas: 
 
tudo isso acontece por intermédio de intervenções bem orientadas por 
brinquedistas, psicólogos, educadores, terapeutas ocupacionais, 
fisioterapeutas, enfermeiros, arteterapeutas, animadores culturais, 
psicomotricistas, artistas (palhaços, contadores de histórias, artistas 
plásticos, músicos) a fim de dar qualidade de vida ao paciente e sua família, 
com novas ideias e recursos. (FRIEDMA et al 1996; VIEGAS e CUNHA 
2008 apud VIEGAS e LARANJEIRA 2010, p. 389). 
 
Para Paixão et. al. (2008, p. 3), com a internação pode existir a privação do 
conceito de bem-estar que atinge diretamente as crianças, ela escreve que “a 
permanência pode se tornar estressante, fazendo que haja um processo de 
regressão, sendo necessário, um ambiente que permita a continuidade do 
desenvolvimento infantil ainda que em um contexto restritivo como o hospitalar” 
Nesse sentido “preservar a saúde emocional da criança ou adolescente, por 
meio do brincar, jogar [...], nesses momentos da vida em que surgem a ansiedade a 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 8 
angústia e a dor, causada pelo sofrimento”, Viegas e Laranjeira (2010, p, 389). 
Essas ações simples fazem com que o conceito de bem-estar tenha mais fatores 
positivos, tornando assim, ausentes os fatores negativos nas internações 
hospitalares. 
Entender o funcionamento e a rotina dos hospitais nos permite lidar melhor 
com esse ambiente de alegrias e tristezas constantes. Nesse campo oferecer apoio, 
um ombro amigo, carinho, atenção, às vezes, até ouvir desabafos dos pais, da 
equipe médica, dos outros pacientes, mas para que isso ocorra temos que estar 
seguros (as) e não se deixar abalar nos momentos de dificuldades, apesar de 
sermos pedagogos, recreadores, médicos, enfermeiros, psicólogos, palhaços temos 
que compreender como relata Moura (2010) que: 
 
não há como se proteger do sofrimento de uma criança, primeiro, porque 
sofrimento e morte não combinam com criança; segundo, porque são 
nossos amigos. Claro que não vamos chorar diante de uma situação 
dramática, desmanchar o palhaço e deixar a emoção vazar, porque, como 
ficará uma criança se um palhaço chora diante dela, lamentando seu estado 
de saúde? (MOURA, 2010, p. 409). 
 
Tudo isso faz nos lembrar de que “são almas voláteis ao fluxo do tempo e 
dos acontecimentos [...] faz acordar para nossa condição de humanos, na qual o 
tempo de existência está no presente!”, (MASETTI, 2010, p. 415). 
Assim a psicologia hospitalar vem como um acalanto para todos que estão 
dentro desse universo complexo: o ambiente hospitalar. Os quadros depressivos 
existem em todas as alas, atingem a todos desde a equipe médica, funcionários, os 
familiares próximos e até as crianças, mas cabe a todos os profissionais inseridos 
nesse contexto, principalmente aos psicólogos promover atitudes para diminuir esse 
sofrimento e reforçar que essa etapa é passageira... 
Nesse contexto muito tem se escrito e falado sobre a humanização 
hospitalar nos atendimentos, mas o que é um ambiente hospitalar humanizado? A 
partir de quando essa conscientização veio à tona? A partir de quando foram 
tomadas providências cabíveis para que essas ações se concretizassem? 
Quando buscamos uma definição concreta do que é um ambiente hospitalar 
humanizado reconhecemos que o tema tem diversas definições, vertentes históricas, 
filosóficas, sociológicas, religiosas, e assim a “complexidade de sua definição 
decorre da sua natureza subjetiva, visto que os aspectos que a compõem têm 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 9 
caráter singular e sempre se referem a pessoas e, portanto, a um conjunto 
contraditório de necessidades”, Brasil (2001, p. 52). Paixão et. al. (2008), traduzem o 
que seria para elas esse ambiente e escrevem que: 
 
ambiente hospitalar humanizado é aquele que, em sua estrutura física, 
tecnológica, humana e administrativa, valoriza e respeita a pessoa humana, 
colocando-se a serviço dela, garantindo-lhe um atendimento de elevada 
qualidade. (PAIXÃO et. al., 2008, p. 4). 
 
Tem peso quando definirmos um atendimento de qualidade, não apenas 
para aqueles que estão à procura de atendimento ou tratamento, mas para todos os 
que estão envolvidos nesse ambiente, mais que uma qualidade “a humanização é 
entendida como valor, na medida em que resgata o respeito à vida humana. 
Abrange circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas presentes em todo 
relacionamento humano”, (BRASIL, 2001, p. 52). 
Para isso é necessário uma equipe médica saudável, bem formada, 
consciente da fragilidade das pessoas que lá estão inseridas. Conforme Brasil 
(2001, p. 5), então “é no processo de formação que se podem enraizar valores e 
atitudes de respeito à vida humana, indispensáveis à consolidação e à sustentação 
de uma nova cultura de atendimento à saúde”. 
Foi pensando nessa nova cultura de humanização do atendimento hospitalar 
que o Governo Federal a partir do Ministério da Saúde no ano 2000 reconheceu a 
importância do assunto e determinou que: 
 
é direito de todo cidadão receber um atendimento público de qualidade na 
área da saúde. Para garantir esse direito, é preciso empreender um esforço 
coletivo de melhoria do sistema de saúde no Brasil, uma ação com potencial 
para disseminar uma nova cultura de atendimento humanizado. (BRASIL, 
2001, p. 5). 
 
No decorrer de toda nossa existência será impossível que em algum 
momento de nossas vidas não tenhamos contato diretamente ou indiretamente com 
o ambiente hospitalar, com certeza esse momento nos marcará positivamente ou 
negativamente para sempre. Como a maior parte da população frequenta a rede 
pública de atendimento a saúde, buscamos na literatura algo sobre a realidade de 
hospitais públicos e os livros apontam algumas ações positivas, mas também que: 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 10 
o hospital impõe ao paciente uma série de agruras, além da angústia 
inerente ao adoecimento. Assiste nesse contexto, a condição desumana 
que a população, já bastante cansada de sofrer todas as formas possíveis 
de injustiças sociais tem de se submeter em busca do recebimento de um 
tratamento médico adequado. E, o mais grave, tudo passa a ser 
considerado normal. Os doentes são obrigados a aceitar como normal todas 
as formas de agressão com que se depara em busca da saúde de forma tão 
emaranhada quanto a outros profissionais atuantes na área da saúde, e 
muitas vezessem uma real consciência dessa realidade. (ANGERAMI, 
1984 apud SIMONETTI, 2004, p. 37). 
 
De acordo com Brasil (2001), foi a partir das frequentes queixas de maus 
tratos dos que utilizam os hospitais do país inteiro que Excelentíssimo Ministro da 
Saúde naquela ocasião, que por coincidência também médico teve a iniciativa de: 
 
convidar profissionais da área de saúde mental para elaborar uma proposta 
de trabalho voltada à humanização dos serviços hospitalares públicos de 
saúde. Estes profissionais constituíram um Comitê Técnico que elaborou o 
Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar, com o 
objetivo de promover uma mudança de cultura no atendimento de saúde no 
Brasil. (BRASIL, 2001, p. 9). 
 
Assim, conforme o documento foi escolhido dez hospitais com diversas 
realidades econômicas, socioculturais, porte, perfil e gestão diversa para que essa 
iniciativa se tornasse realidade. Foi a partir de discussões com as várias “instâncias 
da área da saúde, tais como secretarias estaduais e municipais de saúde, dirigentes 
de hospitais e universidades, representantes dos usuários, Conselhos de Saúde e 
Conselhos de Classe”, com a supervisão do Comitê Técnico que ações para um 
Projeto Piloto foram concretizadas, Brasil (2001, p. 9). 
Era anseio de todos e comum ao entendimento dos envolvidos que estava 
para acontecer uma mudança radical na forma como aconteciam os atendimentos, 
na valorização dos que estavam internados e “esta nova cultura refletiu o desejo, por 
parte das organizações e dos usuários, de um novo modo de ser e fazer nos 
serviços de saúde pautados no respeito à vida humana”, Brasil (2001, p. 11). 
Com relações humanas pautadas no respeito, na ética, na individualidade de 
cada paciente, foi assumido em 2 de junho de 2001 o compromisso de aplicação do 
“Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar, a ser implantado 
sob a coordenação da Secretaria de Assistência à Saúde com assessoria do Comitê 
Técnico de Humanização” Brasil (2001, p. 13). 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 11 
De acordo com Brasil (2001) a partir da implantação nos dez primeiros 
hospitais logo se estabeleceu uma meta para a primeira fase do programa que era 
de mais 94 hospitais, desses escolhidos para participarem era cabível a 
possibilidade de escolha de mais três hospitais para a implantação dessa nova 
metodologia de atendimento humanizado. Já para a segunda fase estende-se o 
número para 450 hospitais com multiplicadores tentando alcançar vários estados do 
país. Para o programa e todos esses hospitais 
 
humanizar referia-se, portanto, à possibilidade de assumir uma postura ética 
de respeito ao outro, de acolhimento do desconhecido e de reconhecimento 
dos limites. [...] O ponto chave do trabalho de humanização está em 
fortalecer este comportamento ético de articular o cuidado técnico-científico, 
já construído, conhecido e dominado, com o cuidado que incorpora a 
necessidade de explorar e acolher o imprevisível, o incontrolável, o diferente 
e singular. Trata-se de um agir inspirado em uma disposição de acolher e 
de respeitar o outro como um ser autônomo e digno. É necessário repensar 
as práticas das instituições de saúde, buscando opções de diferentes 
formas de atendimento e de trabalho que preservem este posicionamento 
ético no contato pessoal e no desenvolvimento de competências relacionais. 
(BRASIL, 2001, p. 52). 
 
Essa responsabilidade social de humanização do ambiente hospitalar deve 
também favorecer condições as equipes de trabalhadores, sendo necessário “do 
ponto de vista do profissional oferecer a ele melhores condições de enfrentar o 
desgaste provocado pelo constante contato com a dor, com o sofrimento e com os 
limites e as dificuldades na realização de seu trabalho” Brasil (2001, p. 53). 
Conscientes das fragilidades de ambas as partes envolvidas nesse universo 
e os limites de cada situação de cada paciente. Nesse momento saber falar e saber 
ouvir é a dinâmica essencial da bandeira humanista dentro dos hospitais, assim: 
 
a influência subjetiva mútua que existe na relação entre o profissional e o 
usuário não deve ser negada nem subestimada. Ao contrário, humanizar 
significa considerá-la um eficiente instrumento de compreensão e 
manutenção da saúde do usuário e do profissional diante das exigências de 
seu trabalho. Humanizar é, portanto, alcançar benefícios mútuos para a 
saúde do usuário e do profissional. (BRASIL, 2001, p. 53). 
 
A rotina hospitalar, às vezes, não permite a formação de vínculo por conta da 
rotatividade de funcionários, mas isso não deve ser um impeditivo para oportunizar 
as relações humanizadas. Com a inserção dessa nova metodologia de atendimento 
houve mudanças culturais e sociais e como toda mudança ainda acarreta 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 12 
sentimentos como medo, resistência, conflitos e confrontos que são naturais das 
relações humanas, também concordo que: 
 
é por demais conhecida de todos os que militam na área da saúde a noção 
de que os hospitais encontram-se entre as organizações mais complexas 
que existem. Complexidade esta que deriva não apenas dos desafios 
impostos pela organização do trabalho em si, da necessidade de 
harmonizar o processo com o produto final almejado (promoção de saúde e 
bem-estar), mas também das exigências da condução desse processo, que 
significa coordenar as ações específicas de cada parte envolvida no 
trabalho, dando a cada uma delas um sentido geral. (BRASIL, 2001, p. 43). 
 
Para Simonetti (2004, p. 18), assim como a humanização tem a função de 
melhorar o convívio de todos nessas inter-relações cotidianas do ambiente a 
“psicologia hospitalar define como objeto de trabalho não só a dor do paciente, mas 
também a angústia declarada da família, angústia disfarçada da equipe e a angústia 
geralmente negada dos médicos”. 
As inter-relações dentro desse universo, vivenciado por todos os envolvidos, 
são nesse momento para os pacientes, o que lhes está disponível para sua condição 
de socialização. Quando inserido nesse cotidiano, por mais que tenha as visitas, o 
paciente ficará temporariamente privado de contato com a maior parte dos seus 
amigos, companheiros de trabalho, faculdade, vizinhos, conhecidos, etc. Assim a 
que se esclarecer que no cotidiano diário de um hospital... 
 
o paciente estabelece então cinco relações fundamentais: com a família, 
com o médico, com a enfermagem e os outros técnicos, com a instituição e 
com o psicólogo. Essas relações são chamadas ‘transferências’ porque o 
adoecimento, como fenômeno regressivo leva a pessoa a estabelecer 
vínculos segundo modelos já experimentados [...]. (SIMONETTI, 2004, p. 
94). 
 
Nesse sentido, todos eles fazem parte da subjetividade e da particularidade 
da psicologia hospitalar e a tentativa de humanização desse ambiente sempre 
cruzará com a objetividade da medicina científica. A partir do momento que se tem 
uma visão holística de todo esse universo, e o entendimento que o corpo físico não 
está dissociado do psíquico e “[...] aceitam que a doença é um fenômeno bastante 
complexo, comportando várias dimensões: biológica, psicológica e cultural”, tudo se 
tornará mais fácil (SIMONETTI, 2004, p. 15). 
Por esse misto de sentimentos, sensações e relações sociais, esse trabalho 
ao mesmo tempo honroso e importantíssimo, que é exercido por todos os 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 13 
profissionais de saúde, merece muita atenção por parte dos gestores das unidades 
de saúde, mais do que uma boa remuneração essas pessoas precisam de constante 
apoio psicológico, emocional, pois como corrobora Simonetti (2004), que escreve 
que... 
 
suprindo os sintomas e eliminando as causas das doenças, ainda 
permanece a angústia, os traumas, as desilusões, os medos as 
consequências reais e imaginárias, ou seja, as marcas da doença. Mesmo 
no trabalho bem-sucedido de cura, muitas coisas ficam, resistem tanto 
no curador comono doente. (SIMONETTI, 2004, p. 20-21, grifo nosso). 
 
Estar em constante contato direto com o sofrimento pode nos deixar marcas 
profundas positivas ou negativas. Causar ou trazer sofrimento até para os que se 
dizem “os fortes dos fortes”. É justamente a eles que as atenções devem ser 
redobradas. O ambiente hospitalar é tão complexo com a eminência de morte 
constante seja ela no atendimento no pronto socorro, nos CTI, nas UTI que podem 
se esgotar, desgastar até os profissionais mais hábeis. Para Simonetti (2004), 
 
 
é evidente que cuidar de um paciente terminal gera muita angústia, 
frustração, irritação e desânimo, mas nada disso deve privar o paciente da 
presença reconfortante e asseguradora do médico, dos familiares e dos 
outros profissionais [...] que devem fazer um esforço no sentido de aprender 
a conviver com esses sentimentos negativos e resistir a tentação de evitar 
ou minimizar o contato com os pacientes terminais. (SIMONETTI, 2004, p. 
141). 
 
Outra questão que merece atenção dentro do ambiente hospitalar é a 
comunicação (visual e corporal) e a linguagem. Seja na entrada administrativa do 
hospital quando os familiares estão nervosos preenchendo o prontuário do paciente, 
seja na comunicação direta com o médico, ou com a equipe de enfermagem. Às 
vezes mesmo sem pronunciarmos qualquer palavra nosso corpo fala por nós 
mesmos, por hora com uma comunicação positiva ou não, o que pode estreitar os 
relacionamentos, pois: 
 
a família quer a cura do paciente, mas deseja que isso seja uma certeza. 
Certeza essa que o médico nem sempre se encontra em condições de 
oferecer, despertando sentimentos ambivalentes nos familiares. Podem 
sentir raiva do médico por ele ser o portador de um diagnóstico pesado 
como o de câncer, e ao mesmo tempo sentir admiração e gratidão por ele 
ser capaz de conduzir o tratamento. Outras vezes a família, ansiosa por 
informações em relação ao estado do paciente, surge para o médico como 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 14 
um estorvo. Muitos médicos não se dão conta de que a comunicação com a 
família do paciente não é algo que atrapalha seu trabalho, e sim algo que 
faz parte de seu trabalho. (SIMONETTI, 2004, p. 100). 
 
Nesse contexto, outro barril de pólvora são os leitos, nesses espaços as 
relações precisam se desenvolver com muita cautela e ser pautada sempre na 
humanização do atendimento hospitalar e na valorização da vida. Lá estão os 
pacientes, às vezes, em quartos coletivos, cada qual com seus acompanhantes, 
suas necessidades diferentes. 
 
A família também quer que o paciente seja bem tratado e não sinta dor, e é 
nesse campo que surgem as tão frequentes discussões com a enfermagem, 
que em razão de sua tarefa precisa realizar procedimentos muitas vezes 
dolorosos, ou que devido a má organização do serviço não dispõe de tempo 
adequado para prestar os cuidados com dedicação e paciência. A 
enfermagem é pressionada pelos dois lados encontra-se numa espécie de 
‘sanduíche’ entre o médico, o paciente e seus familiares. É uma posição 
que implica muita responsabilidade e pouca autonomia. (SIMONETTI, 2004, 
p. 100). 
 
Mesmo com todos esses conflitos de interesse “toda a situação de 
adoecimento comporta uma possibilidade de esperança sempre; e quando 
efetivamente não a houver, o paciente haverá de inventá-la [...]” Simonetti (2004, p. 
125). 
 
diz-se que o paciente foi desenganado quando ele se encontra fora das 
possibilidades terapêuticas oferecidas pela medicina, quando não há mais 
possibilidade de cura ou de mantê-lo vivo. É um momento terrível, tanto 
para o paciente como para os familiares e médicos [...]. (SIMONETTI, 2004, 
p. 130). 
 
 
É por esse motivo que “a fé ajuda as pessoas a atravessarem os momentos 
difíceis da vida, sendo a doença e a morte os maiores dentre eles. Assim na prática 
da psicologia hospitalar a fé raramente se opõe a ciência” Simonetti (2004, p. 133). 
Uma comunicação eficiente faz parte da humanização dentro dos hospitais, 
pois ajudará a diminuir esses conflitos. Saber compartilhar uma notícia dolorosa com 
o paciente é uma arte. Quanto mais simples o modo de dar a notícia, mais fácil é 
para o paciente ‘esquecê-la’ [...]” Simonetti (2004, p. 138). 
Concordo com Nigro (2004), quando escreve que a humanização do 
atendimento ao paciente internado, supõe acima de tudo o respeito por essa pessoa 
que está doente, pelos seus familiares que estão nessa mesma caminhada sempre 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 15 
dividindo momentos de alegria e tristeza. Aos funcionários, médicos, enfermeiros, 
aos outros pacientes, o reconhecimento de que cada um dentro desse ambiente tem 
uma identidade, uma história, um lugar no mundo, e que todos precisam e devem 
ser escutados e atendidos nas suas queixas e necessidades individuais, sejam elas 
biológicas ou psicológicas. 
Minimizar situações de conflito e promover a humanização é um exercício 
profissional diário dentro dos hospitais. Não se deve manter um distanciamento da 
realidade social de cada paciente, pelo contrário, é importante esse reconhecimento 
para fortalecer vínculos afetivos. 
Por esse motivo, buscam-se cada vez mais profissionais com esses perfis 
para auxiliar e atuar nesse universo complexo: o hospital. Assim surgiu como 
veremos a seguir o fazer pedagógico relacionado ao trabalho em saúde. 
 
 
2 PEDAGOGIA HOSPITALAR 
 
 
FIGURA 2 
 
FONTE: Pedagogia hospitalar (2012). 
 
 
Não só todo o acontecimento tem sua história, como essa história é 
caracterizada por mudanças no decorrer dos tempos. Hoje o Ministério da educação 
em parceria com o Ministério da Saúde está promovendo o desenvolvimento 
intelectual das crianças e adolescentes internados de forma muito diferente de 
algumas décadas atrás. 
 
 
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 16 
Atualmente, na sociedade contemporânea o conhecimento assume posição 
central e nenhuma criança ou adolescente, deve ter privado o direito de ter acesso 
ao conhecimento, mesmo estando internado em leitos hospitalares. É reconhecido 
por todos, que o conhecimento hoje pode ser obtido de inúmeras formas e fontes, 
levando-se em consideração que as informações estão acessíveis em toda parte 
como (jornais, revistas, internet, computadores, celulares, classes hospitalares, 
brinquedotecas...) e não mais centrada somente na escola. 
Efetivamente começam a surgir indagações sobre o direito do acesso ao 
conhecimento, bem como o papel e a função da pedagogia hospitalar, esclarecemos 
que... 
 
o papel da educação no hospital e, com ela, o do professor, é propiciar a 
criança o conhecimento e a compreensão daquele espaço, ressignificando 
não somente a ele, como a própria criança, sua doença e suas relações 
nessa nova situação de vida. A escuta pedagógica surge, assim, como uma 
metodologia educativa própria do que chamamos pedagogia hospitalar. Seu 
objetivo é acolher a ansiedade e as dúvidas da criança hospitalizada, criar 
situações coletivas de reflexão sobre elas, construindo novos 
conhecimentos que contribuam para uma nova compreensão de sua 
existência, possibilitando a melhora do seu quadro clínico. (FREITAS 2005, 
p. 135 apud CASTRO 2009, p. 47). 
 
No ano de 1969 aparece sob forma de documento, legislação as primeiras 
indicações da pedagogia hospitalar, por meio do Decreto-Lei nº 1.044 - de 21 de 
outubro de 1969 – DOU DE 21/10/69. As orientações referidas sob forma de lei 
consideram... 
 
que a Constituição assegura a todos o direito à educação; 
CONSIDERANDO que as condições de saúde nem sempre permitem 
frequência do educando à escola, na proporção mínima exigida em lei, 
embora se encontrando o aluno em condições de aprendizagem; 
CONSIDERANDO que a legislação admite, de um lado, o regime 
excepcional de classes especiais, de outro, o da equivalência de cursos e 
estudos, bem como o da educação peculiar dos excepcionais; DECRETAM: 
Art. 1º São considerados merecedoresde tratamento excepcional os alunos 
de qualquer nível de ensino, portadores de afecções congênitas ou 
adquiridas, infecções, traumatismo ou outras condições mórbidas, 
determinando distúrbios agudos ou agudizados [...]. (BRASIL, 1969). 
 
No princípio todos os educandos que se encontravam nas condições 
citadas, tinham o direito a essas compensações, por conta do seu afastamento da 
instituição escolar, esse ocorreria pela... 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 17 
a) incapacidade física relativa, incompatível com a frequência aos trabalhos 
escolares; desde que se verifique a conservação das condições intelectuais 
e emocionais necessárias para o prosseguimento da atividade escolar em 
novos moldes e; b) ocorrência isolada ou esporádica; c) duração que não 
ultrapasse o máximo ainda admissível, em cada caso, para a continuidade 
do processo pedagógico de aprendizado, atendendo a que tais 
características se verificam, entre outros, em casos de síndromes 
hemorrágicos (tais como a hemofilia), asma, cartide, pericardites, afecções 
osteoarticulares submetidas a correções ortopédicas, nefropatias agudas ou 
subagudas, afecções reumáticas, etc. (BRASIL, 1969, grifo nosso). 
 
Com o passar dos anos, não apenas os alunos portadores de afecções 
receberiam atendimentos excepcionais, mas todas as crianças hospitalizadas foram 
se beneficiando desse entendimento. Nos hospitais foi se compreendendo que todas 
as crianças e adolescentes têm o direito a classes hospitalares, brinquedotecas, 
videotecas, e esses espaços foram sendo disponibilizados pelos hospitais. 
 
 
FIGURA 3 
 
 
FONTE: Damiani (2012). 
 
 
Ficou como dever dos governantes a aplicabilidade, observância da lei, é “o 
Poder Público que deve identificar todos os estabelecimentos hospitalares ou 
instituições similares que ofereçam atendimento educacional para crianças, jovens e 
adultos, visando orientá-los quanto às determinações legais” (BRASIL, 2002, p. 11). 
 
 
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 18 
“A pedagogia hospitalar busca levar a criança a compreender seu cotidiano 
hospitalar, de forma que esse conhecimento lhe traga certo conforto emocional, 
ajudando-a a interagir com o meio de forma mais participativa” Verdi, (2009, p. 168). 
Assim foi aparecendo às expressões que fazem parte do contexto da 
pedagogia hospitalar como brinquedotecas e classes hospitalares. É importante 
entendermos e diferenciarmos as classes hospitalares das brinquedotecas, pois... 
 
a defesa e a credibilidade no potencial da brinquedoteca levam a alertar os 
educadores e gestores dos hospitais que a sua instalação não isenta a 
instituição de oferecer a escolarização formal para o atendimento da 
escolarização hospitalar. Pois alguns gestores hospitalares podem acreditar 
que a criação de um local para brincar basta para a criança ou adolescente 
se entreter e aprender. (BEHRENS, 2009, p. 16). 
 
De acordo com Viegas e Laranjeira (2010, p, 389), “o termo brinquedoteca 
foi criado em 1981 pela pedagoga Nylse Helena Silva Cunha, com a primeira 
brinquedoteca do país na escola Indianápolis, em São Paulo”. Um dos principais 
objetivos das brinquedotecas é a humanização do atendimento hospitalar com uma 
função mais lúdica. Em 1984 foi fundada a Associação Brasileira de Brinquedotecas 
(ABBri). A associação fomenta a instalação de brinquedotecas, oferece curso para 
brinquedistas em todo pais. 
A brinquedoteca oferece inúmeras oportunidades lúdicas, por esse e por 
outros motivos o Excelentíssimo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva aprovou a Lei 
nº 11.104, de 21 de março de 2005 que, 
 
dispõe sobre a obrigatoriedade de instalação de brinquedotecas nas 
unidades de saúde que ofereçam atendimento pediátrico em regime de 
internação. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA faz saber que o Congresso 
Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1º Os hospitais que ofereçam atendimento pediátrico contarão, 
obrigatoriamente, com brinquedotecas nas suas dependências. 
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se a qualquer 
unidade de saúde que ofereça atendimento pediátrico em regime de 
internação. 
Art. 2º Considera-se brinquedoteca, para os efeitos desta Lei, o espaço 
provido de brinquedos e jogos educativos, destinado a estimular as crianças 
e seus acompanhantes a brincar. 
Art. 3º A inobservância do disposto no art. 1º desta Lei configura infração à 
legislação sanitária federal e sujeita seus infratores às penalidades previstas 
no inciso II do art. 10 da Lei no 6.437, de 20 de agosto de 1977. 
Art. 4º Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após a data de sua 
publicação. Brasília, 21 de março de 2005; 184º da Independência e 117º 
da República. (BRASIL, 2005). 
 
 
 
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 19 
Já as classes hospitalares estão previstas na Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação, é coordenada pela Secretária de Educação Especial do MEC. São 
indicadas principalmente para as crianças que permaneceram longos períodos 
internados, como é o caso dos cânceres Infantis (Leucemias, Linfomas, Tumores do 
Sistema Nervoso, Tumores ósseos, Tumores do Cérebro, Tumores oculares, etc.), 
conforme a legislação deve promover o desenvolvimento psíquico e cognitivo e a 
manutenção da aprendizagem escolar. 
 
Art. 2º § 1º denomina-se classe hospitalar o atendimento pedagógico-
educacional que ocorre em ambientes de tratamento de saúde, seja na 
circunstância de internação, como tradicionalmente conhecida, seja na 
circunstância do atendimento em hospital-dia ou hospital-semana ou em 
serviços de atenção integral à saúde mental. (BRASIL, 2010). 
 
Nesse contexto foi surgindo para o ambiente hospitalar outras diretrizes 
garantidas a partir da Constituição da República Federativa do Brasil, do Estatuto da 
Criança e do Adolescente, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 
 
direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o 
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma 
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia 
social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução 
pacífica das controvérsias[...]. (BRASIL, 1988). 
 
Com esse foco Diretrizes, Leis, Decretos, Pareceres buscam atender uma 
clientela com necessidades atuais, exigindo dos gestores hospitalares juntamente 
com as Secretárias de Educação, novas atribuições para o atendimento pedagógico, 
dessas crianças e adolescentes que se encontram internados e que... 
 
na impossibilidade de frequência à escola, durante o período sob tratamento 
de saúde ou de assistência psicossocial, necessitam de formas alternativas 
de organização e oferta de ensino de modo a cumprir com os direitos à 
educação e à saúde, tal como definidos na Lei e demandados pelo direito à 
vida em sociedade. (BRASIL, 2002, p. 11). 
 
A pedagogia hospitalar é um tema recente na literatura acadêmica, em 
termos de legislação, foi de fundamental importância à aprovação da Resolução nº 
41/1995 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente 
(CONANDA), pensando e buscando o direito a qualidade de vida no momento da 
internação de crianças e adolescentes. 
 
 
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 20 
Para Krymicine e Cunha (2009, p. 179), “o trabalho do pedagogo em 
contexto hospitalar é algo recente, porém foi tornando-se fundamental à medida que 
foi conquistando seu espaço com seu trabalho e demonstrando resultados 
surpreendentes”. 
Com isso, o Ministério da Educação por meio da Secretaria de Educação 
Especial elaborou e aprovou um documento traçando objetivos com a intenção de 
estruturar as ações políticas de organização do sistema de atendimento educacional 
em ambientes hospitalares e domiciliares. (BRASIL, 2002). 
Kurashima e Shimoda (2010, p. 93), salientam que a partir dessas 
movimentações que “foi possível perceber um importante movimento da sociedade 
em prol da assistência prestada as crianças hospitalizadas, assegurandoque seu 
crescimento e desenvolvimento sejam preservados”, abaixo podemos observar que 
com a aprovação do CONADA as crianças e adolescentes são assumidos como 
sujeitos de direitos: 
 
Resolução n° 41/1995 CONANDA, Aprova em sua íntegra o texto oriundo 
da Sociedade Brasileira de Pediatria, relativo aos Direitos da Criança e do 
Adolescente hospitalizados. Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do 
Adolescente. Resolução nº 41 de 13 de outubro de 1995. O Conselho 
Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, reunido em sua 
Vigésima Sétima Assembleia Ordinária e considerando o disposto no Art. 3º 
da lei 8.242, de 12 de outubro de 1991, resolve: 
I – Aprovar em sua íntegra o texto oriundo da Sociedade Brasileira de 
pediatria, relativo aos Direitos da Criança e do Adolescente hospitalizados, 
cujo teor anexa-se ao presente ato. 
II – Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação. 
 
Nelson Jobim 
Presidente do Conselho 
 
Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizados 
1. Direito e proteção à vida e a saúde, com absoluta prioridade e sem 
qualquer forma de discriminação. 
2. Direito a ser hospitalizado quando for necessária ao seu tratamento, sem 
distinção de classe social, condição econômica, raça ou crença religiosa. 
3. Direito a não ser ou permanecer hospitalizado desnecessariamente 
por qualquer razão alheia ao melhor tratamento da sua enfermidade. 
4. Direito a ser acompanhado por sua mãe, pai ou responsável, durante 
todo o período de sua hospitalização, bem como receber visitas. 
5. Direito a não ser separado de sua mãe ao nascer. 
6. Direito a receber aleitamento materno sem restrições. 
7. Direito a não sentir dor, quando existam meios para evitá-la. 
8. Direito a ter conhecimento adequado de sua enfermidade, dos 
cuidados terapêuticos e diagnósticos a serem utilizados, do 
prognóstico, respeitando sua fase cognitiva, além de receber amparo 
psicológico, quando se fizer necessário. 
 
 
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 21 
9. Direito a desfrutar de alguma forma de recreação, programas de 
educação para a saúde, acompanhamento do currículo escolar, 
durante sua permanência hospitalar. 
10. Direito a que seus pais ou responsáveis participam ativamente do seu 
diagnóstico, tratamento e prognóstico, recebendo informações sobre os 
procedimentos a que será submetido. 
11. Direito a receber apoio espiritual e religioso conforme prática de sua 
família. 
12. Direito a não serem objeto de ensaio clínico, provas diagnósticas e 
terapêuticas, sem o consentimento informado de seus pais ou responsáveis 
e o seu próprio, quando tiver discernimento para tal. 
13. Direito a receber todos os recursos terapêuticos disponíveis para a sua 
cura, reabilitação e ou prevenção secundária e terciária. 
14. Direito a proteção contra qualquer forma de discriminação, negligência 
ou maus-tratos. 
15. Direito ao respeito a sua integridade física, psíquica e moral. 
16. Direito a preservação de sua imagem, identidade, autonomia de valores, 
dos espaços e objetos pessoais. 
17. Direito a não ser utilizado pelos meios de comunicação, sem a expressa 
vontade de seus pais ou responsáveis, ou a sua própria vontade, 
resguardo-se a ética. 
18. Direito a confidência dos seus dados clínicos, bem como Direito a tomar 
conhecimento dos mesmos, arquivados na Instituição, pelo prazo estipulado 
em lei. 
19. Direito a ter seus direitos Constitucionais e os contidos no Estatuto 
da Criança e do Adolescente, respeitados pelos hospitais 
integralmente. 
20. Direito a uma morte digna, junto a seus familiares, quando esgotados 
todos os recursos terapêuticos disponíveis. Diário Oficial da União, 17/10/95 
- Seção I, p.163/9-16320 - Brasília - Distrito Federal. (BRASIL, 1995, grifo 
nosso). 
 
A partir desses direitos promulgados de proteção da vida, da saúde, do bem-
estar, de ter garantido o seu desenvolvimento intelectual, de ter garantido o direito 
da recreação, que então a pedagogia hospitalar passa a ter notoriedade. Como 
qualquer Lei, foi indicada parcerias para o cumprimento da mesma, 
 
considerando a complexidade do atendimento pedagógico-educacional 
realizado em ambientes hospitalares e domiciliares, faz-se necessária uma 
ação conjunta dos Sistemas de Educação e de Saúde, Estaduais, 
Municipais e do Distrito Federal, na perspectiva de melhor estruturá-los. 
(BRASIL, 2002, p. 27). 
 
Não basta só resolver, decretar, aprovar leis, há de se oferecer condições 
para que a mesma seja efetivada. Essas ações interdisciplinares cada qual com 
seus objetivos sejam na saúde ou na educação deve primar para que o direito da 
criança e do adolescente seja efetivado e, 
 
“o acompanhamento deve considerar o cumprimento da legislação 
educacional, a execução da proposta pedagógica, o processo de melhoria 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 22 
da qualidade dos serviços prestados, as ações previstas na proposta 
pedagógica, a qualidade dos espaços físicos [...]” (BRASIL, 2002, p. 19). 
 
Castro (2009) salienta que todas as crianças e adolescentes que 
permanecem mais de quinze dias internados ou que por ordem médica necessitam 
afastar-se da escola temporariamente por questões de imunidade, causadas por 
tratamentos, quimioterapia, radioterapia, transplantes têm o direito ao atendimento 
pedagógico hospitalar. Já Martins (2009) escreve que... 
 
independentemente de quantos dias a criança ficará hospitalizada, a ela 
deverá ser dado o direito da escolarização; o professor deverá se preparar 
para receber essa criança e ajudá-la, tanto no contexto educacional quanto 
em qualquer outra área que lhe compete. (MARTINS, 2009, p. 104). 
 
Já Menezes (2009, p. 29) assevera ainda que, não é qualquer profissional 
que pode atender pedagogicamente aos alunos hospitalizados, que “para atuar com 
[...] alunos hospitalizados, a docência só poderá ser ministrada por profissionais 
vinculados ao sistema de educação, em pleno exercício de suas funções e com sua 
formação continuada garantida”. 
Soares (2001 apud Kurashima e Shimoda, 2010, p. 91) “relata que um dos 
problemas existentes na hospitalização infantil deriva do descuido de aspectos 
psicológicos, pedagógicos e sociológicos envolvidos nessa situação” e para manter 
a qualidade dos serviços prestados, 
 
 
o atendimento pedagógico deverá ser orientado pelo processo de 
desenvolvimento e construção do conhecimento correspondentes à 
educação básica, exercido numa ação integrada com os serviços de saúde. 
A oferta curricular ou didático-pedagógica deverá ser flexibilizada, de forma 
que contribua com a promoção de saúde e ao melhor retorno e/ou 
continuidade dos estudos pelos educandos envolvidos. (BRASIL, 2002, p. 
17). 
 
Para exercer essa função o pedagogo precisa ter conhecimentos teóricos 
sobre o ambiente hospitalar e condições mínimas para desenvolver o seu trabalho. 
Quando inseridos nesse contexto, entramos em um ambiente diferente do que 
estamos acostumados (a sala de aula), e nos hospitais existem regras muito 
específicas de permanência e movimentação que difere muito do qual atuamos, é 
importante nesse ambiente “conhecer as técnicas e terapias que dela fazem parte 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 23 
ou as rotinas da enfermaria ou dos serviços ambulatoriais” (BRASIL, 2002, p. 21). 
Toda via é de responsabilidade dos gestores hospitalares o... 
 
assessoramento permanente ao professor, bem como inseri-lo na equipe de 
saúde que coordena o projeto terapêutico individual. O professor deve ter 
acesso aos prontuários dos usuários das ações e serviços de saúde sob 
atendimento pedagógico, seja para obter informações, seja para prestá-las 
do ponto de vista de sua intervenção e avaliação educacional. (BRASIL, 
2002, p. 11). 
 
Temos que nos preparar psicologicamente para não nos assustarmos com 
esse ambiente, com os procedimentos da equipe médica, com as condições da 
internação da criança. A esse respeito Baldini (2010), relata que... 
 
ao final da primeira semana de internação,a maioria dos pais 
descreve sentimentos predominantes de preocupação, medo, 
tristeza e susto[...], relatam que ter a visão da criança coberta 
de equipamentos e tubos eram grande fonte de estresse. 
(BALDINI, 2010, p. 112). 
 
Se para os pais já é difícil imagine para nós, precisamos nos fortalecer 
emocionalmente para podermos lecionar, ensinar, ajudar essas crianças e 
adolescentes, nesse período temporário em que estiverem aos nossos cuidados. 
Dizemos temporário por que “o que acaba decidindo mesmo quanto tempo dura 
cada encontro são as condições clínicas do paciente: condições físicas para falar, 
procedimentos médicos e cuidados de enfermagem a serem realizados”. Simonetti 
(2004, p. 158), escreve que além desse exposto... 
 
as condições clínicas que exigem educação em classe hospitalar ou em 
atendimento pedagógico domiciliar são, principalmente, as dificuldades de 
locomoção; a imobilização parcial ou total; a imposição de horários para 
administração de medicamentos; os efeitos colaterais de determinados 
fármacos; as restrições alimentares; os procedimentos invasivos; o efeito de 
dores localizadas ou generalizadas e a indisposição geral decorrente de 
determinado quadro de adoecimento. (BRASIL, 2002, p. 18). 
 
Tudo isso será levado em consideração quando o pedagogo for realizar a 
elaboração do plano de aula individual de cada paciente das classes hospitalares. 
Sobre a regulamentação profissional e a atuação do pedagogo no ambiente 
hospitalar a legislação garante no título II, capítulo V, seção XIII que “deve ser 
assegurado ao professor de classe hospitalar o direito ao adicional de periculosidade 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 24 
e de insalubridade, assim como ocorre com os profissionais de saúde conforme 
previsto na CLT e a Lei 6.514 (22/12/1977)”. (BRASIL, 2002, p. 18). Para Behrens 
(2009), 
 
os educadores do nosso país sabem que a legislação ajuda a propor o 
serviço dentro do hospital, mas que sua efetivação depende do 
engajamento das organizações, dos professores e do corpo clínico para 
garantir o direito a todos os estudantes que se encontram nesta situação. 
(BEHRENS, 2009, p. 12). 
 
Concordo com Verdi (2009) quando escreve que o pedagogo, que se 
compromete com suas funções e ações, pode desenvolver suas atividades em 
qualquer situação e circunstância, inclusive no ambiente hospitalar, por mais difícil e 
problemática que possa ser, pois a finalidade primeira da ação pedagógica continua 
sendo a mesma: educar. 
Como em qualquer sala de aula, nas classes hospitalares será sempre o 
“professor que irá coordenar a proposta pedagógica em classe hospitalar ou em 
atendimento pedagógico domiciliar deve conhecer a dinâmica e o funcionamento 
peculiar dessas modalidades”, (BRASIL, 2002, p. 19). 
O pedagogo pode trabalhar o currículo e os conteúdos didáticos com 
flexibilizações, para atender as necessidades especiais de cada aluno e, a partir do 
seu diagnóstico adotar qual o método de ensino avaliativo será mais eficiente. 
Conforme Brasil (2002, p. 22) o pedagogo deve ter livre acesso “a consulta ao 
prontuário e o registro de informações neste documento, pois também pertence ao 
desenvolvimento das competências deste professor” 
Para Krymicine e Cunha (2009, p, 176), “a Pedagogia Hospitalar propõe um 
trabalho, com atividades artísticas, literárias e pedagógicas ao enfermo, 
oportunizando a continuidade dos seus estudos de forma particular”, por conta do 
contexto em que estão inseridas e pela condição na qual se encontram. 
Com as restrições impostas pelo seu quadro clínico, pela privação do 
conviver social, o contato com família, amigos, escola, o brincar a criança e o 
adolescente ficam mais sensíveis, recluso e interpreta a internação como forma de 
punição. Para eles essa privação é vivenciada como se estivesse sendo penalizado, 
assim muitas vezes não interagem com os pedagogos, psicólogos, equipe médica, 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 25 
nesse sentido o acesso ao prontuário e conhecimento do quadro clínico vai auxiliar o 
pedagogo na hora de escolher e propor o desenvolvimento das atividades. 
Campos (1995) salienta que quando se trata de crianças internadas, deve 
ser estabelecido um plano de aprendizagens e atividades individuais ou em grupo, 
sendo que brinquedos e atividades lúdicas permitirão a expressão dos seus 
sentimentos. Já Behrens (2009) sinaliza que a aprendizagem não pode ser mais 
essencial que a saúde da criança e do adolescente, por isso é preciso muita 
sensibilidade para desenvolver essa função. 
Trabalhar como pedagogo hospitalar é em princípio ser um profissional bem 
diferente do qual fomos formados para exercer a docência. A começar pelo 
ambiente que estamos acostumados (a sala de aula em escolas) a atuar. 
Concordamos com (BEHRENS, 2009), quando escreve que, 
 
[...] os educadores precisam ter preparo e entender o todo, para atuar com 
sucesso junto do aluno hospitalizado. Assim as propostas pedagógicas 
podem ajudar na atuação dos profissionais que desejam oferecer um 
cuidado baseado na sensibilidade, no carinho na confiança, mas 
principalmente, na humanização desta modalidade de ensino. (BEHRENS, 
2009, p. 15). 
 
Em relação à docência no contexto hospitalar, quando a criança for 
internada por um período prolongado, precisa ser preparada pelos familiares, 
pedagogos, psicólogos, todos salientando que naquele momento vai receber um 
atendimento pedagógico personalizado e diferenciado no hospital pela sua condição 
de saúde. 
A partir da sua previsão de alta é necessário começar a trabalhar essa 
ruptura brusca de um atendimento pedagógico direcionado, focado, individualizado 
para o retorno a escola, ao ensino coletivo. No princípio da mudança será 
necessário adaptar novamente a criança ao ambiente escolar coletivo, com um 
acompanhamento psicológico e psicopedagógico. 
Por isso sempre que possível o pedagogo deve desenvolver atividades em 
grupos, pois essa mudança de situação é muito complexa para as crianças que 
estão na faixa etária pré-escolar, ou séries iniciais do ensino fundamental, pois 
quando retornam não conseguem compreender psicologicamente o “por que” da 
falta da exclusividade no seu atendimento pedagógico. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 26 
Psicologicamente as crianças ficam tão abaladas, ao ponto de quererem 
voltar ao hospital por conta dos diversos olhares direcionados apenas a elas, 
comportamento típico da infância, em que a criança quer ser sempre o centro das 
atenções e que é fácil ser trabalhado psicologicamente e pedagogicamente. 
Campos (1995), diz que vários são os instrumentos que podem ser utilizados 
no atendimento a essas crianças, com a intenção de ajudá-las a superar essa 
mudança brusca como: conversas informais, observações, pinturas, desenho, 
colagem, dramatizações das situações que estão vivendo, atividades de jogos em 
pequenos grupos, estórias, visita das crianças que se locomovem aos que não se 
locomovem, psicopedagogia individual e em grupos. 
O pedagogo em contato com a família, sempre irá os informando sobre o 
desenvolvimento intelectual da criança internada, falando dos progressos ou 
regressos que a criança está vivenciando, quais as condições de aprendizagem, 
quais métodos estão usando, como está desenvolvendo seus planos de aula. Esse 
feedback da real situação de desenvolvimento da criança vai fortalecer vínculos tão 
importantes para promover situações positivas de aprendizagem. 
O apoio e o contato com a família será sempre necessário, para nos indicar 
e informar como estava sendo o desenvolvimento dessa criança, quais são suas 
habilidades, suas dificuldades, pois quando a criança chega à classe hospitalar já 
existe todo um histórico escolar vivenciado e esses contatos são também 
fundamentais para o desenvolvimento das novas atividades. 
Somente a partir do conhecimento do período de internação é que 
desenvolveremos o planode ensino, fazendo sempre uma previsão do que será 
trabalho, pois em princípio, nunca sabemos quanto tempo teremos os alunos-
pacientes nas classes hospitalares, tudo vai depender dos quadros de 
recuperações, de altas e infelizmente de óbitos. 
Para se ter ideia de período de internação, “no transplante de medula óssea 
[...] nessa unidade, durante cerca de três meses a criança permanece sem sair do 
quarto” (CAMPOS, 2009, p. 44). A autora ainda escreve que... 
 
em estados de stress ou depressão, o organismo perde a capacidade de 
reconhecer e anular células malignas mutantes que passam a se reproduzir 
livremente. Esse é um dos motivos pelos quais [...], é necessária ajuda 
psicológica para evitar que o estado emocional impeça de responder 
positivamente ao tratamento. (FREITAS 1980 apud CAMPOS 1995, p. 45). 
 
 
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 27 
 
Por esse motivo, trabalhar o estado emocional é uma das atividades 
constantes do psicólogo e do pedagogo hospitalar. Cientificamente já foi 
comprovado que nosso corpo começa a apresentar (doenças psicossomáticas) 
sintomas de forma intensa, quando há um desequilíbrio de emoções e sentimentos, 
“nesse sentido os pedagogos que atuam em classes hospitalares precisam de 
formação continuada para atender com competência a complexidade que envolve 
este atendimento pedagógico [...]” (BEHRENS, 2009, p.18). 
Com colaboração mútua nas ações (medicina - enfermagem - psicologia - 
pedagogia), se entrelaçam em atividades interdisciplinares para atenuar o sofrimento 
das crianças e adolescentes hospitalizados. Castro (2009) afirma que 
 
a equipe de enfermagem da unidade de cirurgia pediátrica relatava que 
antes da implantação da proposta de Programa de Escolarização Hospitalar 
(PEH), as crianças não aceitavam as medicações, recusavam fazer a 
higiene, tomar banho, alimentar-se e coletar exames, o grau de irritabilidade 
era alto, o choro constante, as queixas de dor permanentes e visíveis, e 
baixa autoestima, nesta unidade as crianças permanecem cerca de 12 
horas em jejum devido o pré-operatório. (CASTRO, 2009, p. 47). 
 
Para Krymicine e Cunha (2009) existe um trabalho harmonioso entre esses 
múltiplos profissionais e cada uma tem valor inapreciável e com contribuições 
distintas, mais todos importantes e com muito valor neste processo, oferecendo 
estímulos diferentes para cura, recuperação e a retomada a vida social da criança e 
do adolescente. 
Assim como a medicina é responsável pelo corpo adoecido, a pedagogia 
hospitalar vai complementar aspectos que são fundamentais para o 
desenvolvimento da criança, e se fazem necessários para um atendimento integral e 
humanizado, dando continuidade aos estudos, criando atividades lúdicas e 
prazerosas e também outras intervenções pedagógicas pertinentes a nossa área de 
formação, também necessárias mesmo no contexto hospitalar (KRYMICINE e 
CUNHA, 2009). 
No Estado do Paraná ações muito bem-sucedidas vêm sendo concretizadas 
desde o ano de 2005. A rotina pedagógica dos pedagogos hospitalares nesse 
Estado é esclarecida por Castro (2009) que informa que... 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 28 
os professores são responsáveis por uma unidade pediátrica [...] a rotina 
diária de trabalho se inicia-se com o reconhecimento do ambiente, avalia-se 
a clientela, suas condições físicas e emocionais. Após entrevista inicial com 
os pais e a criança, onde são levantados dados referentes à sua vida 
acadêmica e o motivo do tratamento, todas as atividades realizadas são 
encaminhadas a escola de origem com o parecer pedagógico, apontando as 
áreas do conhecimento trabalhadas. (CASTRO, 2009, p. 39). 
 
Castro (2009) também escreve que já em relação às aulas nas classes 
hospitalares, o Estado do Paraná dividiu em quatro modalidades de ensino 
considerando o tipo de patologia, a estrutura física disponível em cada unidade 
pediátrica e sempre as condições clínicas das crianças. Destacamos aqui para 
conhecimento essas quatro modalidades que retrata como é desenvolvido o trabalho 
pedagógico, que pode servir de exemplo para os outros Estados como: 
 
“a) Multisseriada – aplicada na cirurgia pediátrica, onde o professor utiliza 
um espaço na própria unidade como sala de aula, os alunos são 
organizados em grupos por série; são simultâneas Educação Infantil e 
Ensino Fundamental” Castro (2009, p. 40). 
 
 
FIGURA 4 
 
FONTE: INCA (2004). 
 
 
Pedagogicamente não é diferente das salas multisseriadas da qual 
conhecemos e fomos formados para trabalhar, o que a distingue é o ambiente 
hospitalar e o quadro clínico dos alunos. Outra forma de trabalho é o: 
 
b) individual ou leito – aplicada na clínica pediátrica e serviços de 
emergência clínica. Nesses ambientes a estrutura física não comporta 
http://www.google.com.br/imgres?q=CLASSE+HOSPITALAR+DO+CENTRO+DO+CENTRO+DE+ONCOLOGIA+PEDIATRICA+15/07/2004&hl=pt-BR&biw=1360&bih=587&gbv=2&tbm=isch&tbnid=eShfk8P4pjJCcM:&imgrefurl=http://www.inca.gov.br/fotos/photobook_inca.asp?id=121&docid=E6kia_jdQ86L0M&imgurl=http://www.inca.gov.br/fotos/inca/405.jpg&w=500&h=375&ei=XllOT8ahEIb1ggeXiYCsAg&zoom
 
 
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 29 
espaço para sala de aula. Os atendimentos são realizados na própria 
enfermaria, utilizando-se de pranchetas adaptadas para o trabalho no leito. 
(CASTRO, 2009, p. 40). 
 
 
FIGURA 5 
 
FONTE: SAREH (2012). 
 
 
Com características próprias de pacientes hospitalares graves a modalidade 
de atendimento pedagógico isolado acontece com cuidados específicos pela 
gravidade do estado de saúde da criança. Esse atendimento pedagógico tem que 
ser individualizado e diferenciado, inclusive com ações de esterilizações para 
garantirmos a saúde da criança e a nossa. Observe abaixo como os profissionais do 
Estado do Paraná exercem suas funções nessa modalidade pedagógica, nesse 
caso: 
 
c) isolamento – este atendimento é realizado na infectopediatria (meningite, 
HIV, tuberculose) e no transplante de medula óssea. Nestes ambientes é 
necessária a paramentação do professor (máscaras, luvas e avental) e há a 
desinfecção a cada troca de quarto. É permitida a entrada somente de 
materiais escolares virgens que após a alta do aluno, deverão ser levados 
por ele ou descartados. Os materiais de apoio só poderão ser utilizados 
desde que a matéria-prima permita a desinfecção por álcool 70%. Na 
unidade de transplante de medula óssea, além desses cuidados, os livros 
didáticos e de literatura têm suas páginas plastificadas, e após cada 
utilização individual deverão passar pelo processo de desinfecção para 
serem reutilizados. (CASTRO, 2009, p. 40). 
 
 
http://www.google.com.br/imgres?q=CLASSE+HOSPITALAR&hl=pt-BR&biw=1360&bih=587&gbv=2&tbm=isch&tbnid=E27eUs6fC4cJJM:&imgrefurl=http://trasnformandovidas.blogspot.com/2011/04/o-pedagogo-em-espacos-nao-escolares.html&docid=hib8VQgZgWvyAM&imgurl=http://2.bp.blogspot.com/-JgAjqMZhwnI/TaH5MxGMPxI/AAAAAAAAKc4/Dav629YNL1I/s1600/whefwe.jpg&w=340&h=220&ei=vltOT5i6OZDqggeSsb3DAg&zoom=1&iact=rc&dur=375&sig=111381083490087743111&page=1&tbnh=104&tbnw=170&start=0&ndsp=22&ved=1t:429,r:1,s:0&tx=72&ty=
 
 
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 30 
 
 
FIGURA 6 
 
FONTE: INCA (2004) 
 
 
Já a classe hospitalar prevista na legislação, tem uma dinâmica normal e se 
aproxima da rotina escolar em todos os aspectos, mas não deixa de ter suas 
particularidades: o atendimento escolar a crianças e adolescentes que estão 
afastados da escola pelo seu quadro clínico. Continuamos salientando que essa é 
uma realidade do Estado do Paraná, observe a característica: 
 
d) classe hospitalar- ambulatório de hemato/onco pediatria e ambulatório de 
medula óssea. Ambos localizados em imóveis externos ao prédio central do 
hospital. Nesses são atendidas as crianças que se encontram 
impossibilitadas de frequentarem a escola devido à queda de imunidade, 
causada pelo pós-transplante ou longo tratamento quimioterápico. As aulassão diárias, a turma é relativamente fixa, o que torna o ambiente idêntico a 
sala de aula. São adotadas rotinas de horário de chegada, saída e horário 
do recreio, as salas possuem quadro negro e as atividades são expostas 
em murais. Em 2006, sem terem frequentado a escola de origem, dezessete 
crianças foram promovidas ao ano letivo subsequente em decorrência da 
oferta desta modalidade de ensino. (CASTRO, 2009, p. 41). 
 
Voltar a ter uma rotina escolar, após ficar muito tempo em tratamento, 
afastadas de casa, é muito positivo. Contribui para uma maior interação social, 
favorecendo curas. Nas classes hospitalares todos estão na mesma situação 
(tratamento de sua saúde), elas podem compartilhar suas dúvidas, seus desejos. A 
rotina pedagógica só é diferenciada, pois: 
 
muitas vezes é possível verificar os profissionais de saúde realizando o 
exame físico das crianças na sala de aula, sem as retirarem das suas 
http://www.google.com.br/imgres?q=CLASSE+HOSPITALAR+DO+CENTRO+DO+CENTRO+DE+ONCOLOGIA+PEDIATRICA+15/07/2004&hl=pt-BR&biw=1360&bih=587&gbv=2&tbm=isch&tbnid=nAVf2DgyRfm_FM:&imgrefurl=http://www.inca.gov.br/fotos/photobook_inca.asp?id=121&docid=E6kia_jdQ86L0M&imgurl=http://www.inca.gov.br/fotos/inca/406.jpg&w=500&h=375&ei=XllOT8ahEIb1ggeXiYCsAg&zoom
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 31 
atividades escolares [...]. Durante as aulas são várias as intervenções da 
equipe de saúde [...] coleta de sangue e realização das medicações 
endovenosas (CASTRO, 2009, p. 48-49). 
 
Destacamos que grande parte da relevância social desse trabalho é também 
descrito por Fontana e Salamunes (2009) que relatam que: 
 
o trabalho realizado pelas professoras em cada unidade hospitalar revelou 
que, além de contribuir para a aprendizagem dos estudantes, tem o 
reconhecimento de familiares, de médicos e demais profissionais da saúde, 
os quais ressaltam a melhora do comportamento e saúde das crianças e 
adolescentes hospitalizados. (FONTANA e SALAMUNES, 2009, p. 58-59). 
 
As práticas adotadas pelo MEC e pelo SUS contribuem para um 
melhoramento das internações prolongadas, trazendo qualidade de vida para todas 
as crianças do país, com o intuito de enfrentar e amenizar os períodos longos e 
difíceis da doença. Aqui vimos que a pedagogia hospitalar faz parte da realidade de 
política social apoiada e fomentada pelo Governo Federal, comprovadamente traz 
benefícios inúmeros para as crianças e adolescentes, mas o assunto ainda é pouco 
publicado, pouco conhecido apesar de a primeira legislação datar mais de 40 anos. 
Uma maneira de fazer a prática pedagógica e o fazer pedagógico hospitalar 
ter uma visibilidade maior seriam inserir disciplinas específicas nas grades dos 
Cursos Superiores de Pedagogia. Hoje, somente há acesso a esses conteúdos, 
quem depois de formado, optar por fazer uma das poucas pós-graduações 
relacionadas à área. Então, podemos observar que existe uma distorção (legislação 
x ação), que precisa de uma reorganização do modelo atual. 
Como as legislações serão consolidadas se ainda existe pouco 
conhecimento e formação sobre a área? É necessário uma maior expansão e 
implementação das propostas políticas em todos os hospitais e não apenas nos 
grandes centros urbanos. É preciso um envolvimento maior dos gestores 
hospitalares e dos diferentes profissionais que atuam nos hospitais para realmente 
aplicar e garantir esse direito de cidadania que já foi reconhecido. 
Desde a década de 90, quem também vem abraçando e assumindo a causa, 
dando relevância, institucionalizando e concretizando as ações, são as inúmeras 
Associações, Fundações, ONG, Voluntários, oferecendo, às vezes, até 
anonimamente assistência, financiamento, logística, casas de apoio, etc. Sempre 
dando atenção integral as crianças, adolescentes e suas famílias, principalmente 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 32 
aquelas que estão longe das suas cidades de origem, que às vezes passam meses 
e até anos em tratamentos longe de suas casas. 
Para Gomes e Pinheiro (2005), bandeira de luta erguida e repleta de valores 
que devem ser defendidos, e cujo conceito continua em construção pensando 
sempre nos valores a serem sustentados: a humanização do atendimento hospitalar. 
Que deve estar presente no encontro, na conversa, na atitude, reconhecendo além 
das demandas explícitas de saúde, as necessidades desses cidadãos, garantindo 
no que diz respeito à qualidade de sua saúde na internação. 
Sabemos que a infância é uma das fases mais importantes da vida para o 
desenvolvimento humano. A hospitalização nesse período deixará marcas positivas 
ou negativas até o fim de sua existência. Assim, “fica mais do que evidente a 
relevância e o papel da educação [...], na formação integral do indivíduo [...]” 
(BORGES, 2002, p. 3). Nesse sentido no próximo tópico salientaremos os sentidos, 
significados e benefícios da recreação hospitalar. 
 
 
3 HOSPITALIZAÇÃO E A RECREAÇÃO 
 
 
FIGURA 7 
 
FONTE: Doutores da alegria: o filme (2005). 
 
 
A maneira como a criança é tratada quando chega ao hospital irá ter reflexos 
na sua recuperação. Como ela foi recebida, como ela sentiu sua acolhida no 
complexo universo afetivo-social, onde ela irá ficar. Se a recepção foi boa, afetuosa, 
http://www.google.com.br/imgres?q=doutores+da+alegria+fotos&hl=pt-BR&biw=1360&bih=587&gbv=2&tbm=isch&tbnid=NW9HvbH3AujAzM:&imgrefurl=http://revista-enfermagem-atual.blogspot.com/2011/08/doutores-da-alegria-o-filme.html&docid=kJtTSaNt96mWFM&imgurl=http://4.bp.blogspot.com/-I9hwgjxvSiw/Tl8KFhKEyhI/AAAAAAAAAEs/j7oM-7i_A3Q/s1600/doutores1.jpg&w=450&h=382&ei=aRpOT-frFcnWtgfm1PmkCA&zoom
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 33 
alegre, segura, a visão da vida e da estadia será positiva. Se, pelo contrário, a 
recepção foi sem afeto e sem compreensão, a visão será negativa, logo as reações 
psicológicas não vão demorar a aparecer, barrando o desenvolvimento normal das 
relações interpessoais (BORGES, 2002). 
 
 
FIGURA 8 
 
FONTE: Doutores da alegria (2007). 
 
 
A receptividade positiva ou negativa estará diretamente ligada à recuperação 
da criança e do adolescente nos primeiros dias de internação, e, “é necessário uma 
boa acolhida, um afeto sincero e muita compreensão para suas atividades e seus 
limites. Devem-se oferecer atividades agradáveis e socializadoras. O afeto será a 
semente de uma vida escolar saudável” (BORGES, 2002, p.17-18). O autor ainda 
acrescenta que “quanto mais familiares são os lugares e pessoas tanto mais segura 
se sente a criança e mais livre a adaptar-se ao ambiente novo” (BORGES, 2002, p. 
4). 
Nesse sentido, a recreação hospitalar é a manifestação simbólica da 
infância, é o prazer do diferente dentro do hospital, entendo como Freire (2005) que 
é a ocasião para gastos totais (tempo, energia, engenho, destreza, alegria, 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 34 
imaginação, fonte de energia e divertimento). O hospital seria uma monotonia sem 
fim, se não fossem os momentos de recreação, pois, 
 
o tempo de brincar nunca passa, lembrando que o humano é sempre 
criança, e o futuro é o espaço de crescer, de ir adiante. As marcas da idade 
na pele do rosto não apagam o jovem que sempre teremos que ser. As 
tristezas contam suas histórias nas rugas da fronte, mas os risos continuam 
brincando nos vincos profundos ao redor dos olhos e da boca. Passando 
tanto tempo, as brincadeiras não nos abandonam. (FREIRE, 2005, p. 9). 
 
Hoje, existem várias formas de recreação hospitalar podemos citar, por 
exemplo: os jogos, a leitura como momento de recreação, leitura terapêutica, 
música-terapia, arteterapia, terapia assistida por animais, arte circense e não 
podemos nos esquecer das brinquedotecas. Mais que brincar e recrear, é um ato 
lúdico, que faz parte da nossa cultura, história. 
Para Behrens (2009, p. 16), “diante da necessidade de se continuar a 
escolarização do aluno hospitalizado, agrega-se a exigência da recreação dirigida, 
poiso brincar é atividade séria e essencial ao equilíbrio emocional e social do ser 
humano em todas as idades”. 
Krymicine e Cunha (2009, p, 176) dizem que quando trabalhamos com a 
recreação hospitalar “é necessário um olhar para além da enfermidade, 
considerando as potencialidades de cada criança e suas capacidades criadoras”. Já 
Behrens (2009, p. 147) escreve que, além disso, “a brincadeira auxilia na 
recuperação da saúde física e intervém no desenvolvimento intelectual” da criança e 
do adolescente. 
Krymicine e Cunha (2009), ainda acrescentam que é fundamental que 
qualquer profissional no ambiente hospitalar ou quando for desenvolver uma 
recreação hospitalar, tenha uma relação humanitária com a criança. Sempre levando 
em consideração seus aspectos afetivos e sociais que a veja como um ser repleto 
de capacidades, com alegrias, sonhos e esperanças. Não se deve olhá-la segundo a 
sua patologia, como se o corpo adoecido estivesse impedindo-a de colocar em 
prática suas potencialidades e negando-a o direito de ser simplesmente criança. 
É importante mostrarmos para ela que gostamos de estar ali, gostamos do 
trabalho que estamos desenvolvendo no hospital, que nos interessamos pela sua 
história, saúde e condição física. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 35 
As internações são desgastantes para qualquer pessoa, quando tratamos de 
crianças o processo é ainda mais complexo, pois ela é extraída da sua casa, do 
aconchego do seu lar, do seu convívio familiar, da sua escola, dos seus amigos, 
para um mundo adulto que antes não fazia parte do seu contexto. Viegas e 
Laranjeira (2010) acrescentam que: 
 
qualquer tratamento hospitalar está atrelado a procedimentos invasivos e 
tratamentos dolorosos -, surgem ansiedade, angústia, medo, mudança de 
comportamento com agressividade ou depressão, inapetência desinteresse 
e apatia. Nas internações repetidas ou prolongadas, aparecem sinais de 
carência afetiva [...] são comuns às sequelas emocionais. (VIEGAS e 
LARANJEIRA 2010, p. 393). 
 
A condição psicológica da família, dos profissionais que estão lhe 
atendendo, e, dos demais pacientes que estão ao seu redor, vai influenciar 
positivamente ou negativamente a qualidade de vida no período da internação. As 
autoras colaboram dizendo que: 
 
de forma geral, a hospitalização causa um impacto emocional na criança e 
em sua família, pois é uma experiência potencialmente traumática. O 
hospital leva a criança a confrontar-se com dois aspectos importantes: um 
ambiente estranho a sua realidade e um estado de desamparo, ao perceber 
sua fragilidade [...]. (KURASHIMA e SHIMODA, 2010, p. 89). 
 
 
FIGURA 9 
 
FONTE: Leito hospitalar do Hospital das Clínicas (2012). 
 
 
http://www.google.com.br/imgres?q=brinquedoteca+hospital+das+clinicas&hl=pt-BR&biw=1360&bih=587&gbv=2&tbm=isch&tbnid=6MIC92xkZ6ng-M:&imgrefurl=http://www.mcassab.com.br/acoes-socioambientais/brinquedotecas-lego-2&docid=-ENwqDT0Cwu2FM&imgurl=http://www.mcassab.com.br/img/galeria/2011/09/89.jpg&w=1024&h=768&ei=y31OT6PNH82_gAf6m4XHAg&zoom
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 36 
O caráter educativo da recreação hospitalar é mais que lúdico, é mais que 
brincar, a recreação hospitalar está relacionada ao direito de viver. Como dizem 
Venâncio e Costa (2005, p. 28) é o movimento no brincar é o brincar no movimento 
para eles “o brincar se desenvolve e se situa na origem de outras esferas da 
atividade humana”. 
Concordo com Viegas e Laranjeira (2010, p. 394) “que a fantasia continua 
presente por meio do brincar, do sorrir e da risada, do sonhar do fazer amigos”. Por 
esse motivo qualquer criança ou adolescente temporariamente enfermo não pode 
ser privado do direito de um atendimento humanizado, de ser educado, de se 
desenvolver e principalmente de brincar, jogar, recrear. 
 
 
FIGURA 10 
 
FONTE: Hospital Samaritano São Paulo (2009). 
 
 
Quando brincamos, jogamos tentamos compreender e controlar o mundo, 
compreender e interpretar a nós mesmos, trazendo significações às coisas por meio 
do processo gradual de simbolização, (VENÂNCIO e COSTA 2005). 
Para Ortiz (2005, p. 9) “o jogo está intimamente ligado à espécie humana. A 
atividade lúdica é tão antiga quanto à humanidade. O ser humano sempre jogou, em 
todas as circunstâncias e em todas as culturas”, historicamente, 
 
O jogo é um fenômeno antropológico que se deve considerar no estudo do 
ser humano. É uma constante em todas as civilizações, esteve sempre 
http://www.google.com.br/imgres?q=recrea%C3%A7%C3%A3o+hospitalar&start=187&hl=pt-BR&biw=1024&bih=686&gbv=2&tbm=isch&tbnid=vGDPGhl_OUxSSM:&imgrefurl=http://espacomedico.samaritano.org.br/Institucional/Instalacoes/Paginas/Pediatria.aspx&docid=jZ0k5I6Zhgmg6M&imgurl=http://espacomedico.samaritano.org.br/Institucional/Instalacoes/PublishingImages/pediatria.jpg&w=331&h=215&ei=cr9OT8_VO4bdggeLx4HKAg&zoom=
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 37 
unido à cultura dos povos, à sua história, ao mágico, ao sagrado, ao amor, à 
arte, à língua, à literatura, aos costumes, à guerra. O jogo serviu de vínculo 
entre os povos, é um facilitador da comunicação entre os seres humanos. 
(ORTIZ, 2005, p. 9). 
 
Conhecendo as potencialidades das recreações e dos jogos nos ambientes 
hospitalares “[...] os profissionais que convivem com estas crianças e adolescentes 
observam a melhoria e a mudança do estado de saúde quando ocupam o tempo 
ocioso com atividades pedagógicas dentro do hospital” (BEHRENS, 2009, p. 11). 
Para Nogueira (2010, p. 397), “toda criança hospitalizada tem um ponto em 
comum: querem todas estar lá fora, brincando, levando uma vida saudável”. 
 
 
FIGURA 11 
 
FONTE: Doutores da alegria (2007). 
 
 
Concordo com Ortiz (2005), quando escreve que se deve sim, estimular as 
atividades lúdicas como meio pedagógico que, junto com as outras atividades, como 
as artísticas e musicais ajudam a enriquecer a personalidade criadora, necessária 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 38 
para enfrentar os desafios da vida, principalmente no contexto hospitalar, 
seguramente, 
 
a palhaços e outras atividades como brinquedotecas, leituras, pinturas, etc., 
damos o nome de humanização. [...]. É com ela que buscamos falar das 
necessidades do momento [...], se você perguntar para um palhaço por que 
entrou para o hospital, ele dirá: “Porque a porta estava aberta”. (MASSETI, 
2010, p. 413). 
 
 
 
FIGURA 12 
 
FONTE: Doutores da alegria (2007). 
 
 
Com conhecimento de causa e efeito sobre atividades de recreação, jogos e 
lazer com o intuito de oferecer momentos de bem-estar e alegria, assim: “em 
setembro de 1991, nasceu Doutores da Alegria, a organização pioneira em levar 
alegria a crianças hospitalizadas, seus pais e profissionais da saúde, por meio da 
arte do palhaço em caráter profissional e contínuo”. Nogueira (2010, p. 399), eles 
são os: 
 
Doutores da Alegria uma organização da sociedade civil que tem por 
missão: promover a experiência da alegria como fator potencializador de 
relações saudáveis por meio da atuação profissional de palhaços junto a 
crianças hospitalizadas, seus pais e profissionais de saúde. E compartilhar 
a qualidade desse encontro com a sociedade por meio da produção de 
conhecimento, formação e criações artísticas. (NOGUEIRA, 2010, p. 399). 
 
http://www.google.com.br/imgres?q=doutores+da+alegria+em+a%C3%A7%C3%A3o&hl=pt-BR&biw=1360&bih=587&gbv=2&tbm=isch&tbnid=wwW-2QCSz_iztM:&imgrefurl=http://www.folhadaregiao.com.br/Materia.php?id=49838&docid=WCOBVT_COPXfQM&imgurl=http://www.folhadaregiao.com.br/imagens/FOTO2-49838-2005-11-13-11:51:00.jpg&w=214&h=303&ei=7jFOT7nzNYKutweDrImlCA&zoom
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 39 
Essa é a identidade da instituição pioneira no nosso país a desenvolver esse 
tipo de trabalho solidário, humanizado, fazendo a diferença no cotidiano diário de 
vários hospitais espalhados pelas diversas regiões de Norte a Sul. 
 
 
FIGURA 13 
 
 
FONTE: Doutores da alegria: o filme (2005).

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