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AN02FREV001/REV 4.0 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE RECREAÇÃO HOSPITALAR - RODA DE LEITURA COM LIVROS DE PANO PARA CRIANÇAS HOSPITALIZADAS Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 2 CURSO DE RECREAÇÃO HOSPITALAR MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 3 SUMÁRIO MÓDULO I 1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA SOBRE O TEMA 1.1 PSICOLOGIA HOSPITALAR 2 PEDAGOGIA HOSPITALAR 3 HOSPITALIZAÇÃO E A RECREAÇÃO MÓDULO II 4 BRINCANDO NO AMBIENTE HOSPITALAR 4.1 TRABALHADO COM RECREAÇÃO 5 CONDIÇÕES ADEQUADAS PARA A RECREAÇÃO HOSPITALAR 6 A RECREAÇÃO PROPRIAMENTE DESENVOLVIDA MÓDULO III 7 BRINCANDO NO AMBIENTE HOSPITALAR II 7.1 A LEITURA COMO MOMENTO DE RECREAÇÃO 7.2 COMO TRABALHAR COM RODAS DE LEITURA NO AMBIENTE HOSPITALAR MÓDULO IV 8 FAZENDO LIVROS DE PANO 9 ADMINISTRANDO O TEMPO DISPONÍVEL 10 PASSO A PASSO: CONFECCIONANDO LIVROS DE PANO COM AS CRIANÇAS NOS AMBIENTES HOSPITALARES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AN02FREV001/REV 4.0 4 MÓDULO I 1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA SOBRE O TEMA 1.1 PSICOLOGIA HOSPITALAR FIGURA 1 FONTE: Psicologia Hospitalar (2010). Começamos a ter escritos no Brasil sobre psicologia hospitalar a partir de 1980, pensando sempre no bem-estar dos pacientes sejam elas crianças, adolescentes, adultos ou idosos. Simonetti (2004, p. 29) tem como definição que: “a psicologia hospitalar é o campo de entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos em torno do adoecimento” e escreve que “o objetivo da psicologia hospitalar é a subjetividade, é ajudar o paciente a fazer a travessia da experiência do adoecimento”. Um exemplo simples mais de grande valia para o entendimento e direcionamento do assunto é o que salienta o escritor, quando colabora dizendo que: Em medicina, diagnóstico é o conhecimento da doença por meio de seus sintomas, enquanto na psicologia hospitalar o diagnóstico é o conhecimento http://www.google.com.br/imgres?q=PSICOLOGIA+HOSPITALAR&hl=pt-BR&biw=1360&bih=587&gbv=2&tbm=isch&tbnid=z02Sz19ar7OsaM:&imgrefurl=http://clinicasaovicente.com.br/pacientes/psicologia-hospitalar/&docid=vZ_xSRvq25yNoM&imgurl=http://saovicente.flashtogo.com/wp-content/uploads/2010/11/apoio1.jpg&w=590&h=339&ei=q0xOT988hIW2B6GezKUI&zoom AN02FREV001/REV 4.0 5 da situação existencial e subjetiva da pessoa adoentada em sua relação com a doença. (SIMONETTE, 2004, p. 33). A psicologia hospitalar surge não para curar a doença da pessoa hospitalizada, pois disso já cuida e, muito bem o faz a medicina, mas escutar a pessoa que está inserida no meio dessa doença, escutar a sua subjetividade porque no fim das contas a cura em si não elimina a subjetividade do sujeito, ou melhor, a subjetividade não tem cura como diz Simonette (2004). Nesse cenário existe a necessidade biológica e a necessidade psicológica, nesse caso o médico trabalha com coisas a fazer e o psicólogo trabalha com coisas a dizer (SIMONETTI, 2004). Ele também acrescenta que a: Cena hospitalar é rica em conflitos e o psicólogo hospitalar cada vez mais tem sido chamado a prestar seus serviços não ao paciente, mas aos médicos, enfermeiras, equipe administrativa e familiares por meio de programas de controle de estresse, cursos de relações humanas, etc. (SIMONETTE, 2004, p. 101). Por esses e outros motivos, mais tarde por volta de 1997 acontecia à fundação da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar (SBPH) que vinha fomentar e oportunizar discussões por meio de eventos, congressos e seminários, fóruns e pesquisa para essa área. Logo começaram a ser publicados na literatura acadêmica e em sites como o Scielo Brasil, o Portal de Periódicos Eletrônicos em Psicologia (PePSIC), Biblioteca Virtual em Saúde – Psicologia da União Latino Americana de Entidades de Psicologia (BVS-PSI ULAPSI), também nos congressos da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP), na Associação Brasileira de Editores Científicos de Psicologia (ABECIP), Biblioteca Nacional de publicações de livros do MEC, documentos, recomendações, artigos, entrevistas, textos sobre a psicologia hospitalar e a humanização do atendimento hospitalar, sobre: tratar a pessoa, e não a doença, foi um dos objetivos mais valiosos em psicologia hospitalar, e tal só é possível quando se conhece minimamente a vida da pessoa seus interesses, seus assuntos favoritos, seu trabalho, sua condição de vida, etc., e uma ótima maneira de se alcançar esse conhecimento é conversando de maneira descompromissada com o paciente. (SIMONETTI, 2004, p. 125). AN02FREV001/REV 4.0 6 Tão logo começaram a surgir publicações fomentando esses objetivos Inclusive artigos com vertentes que vão desde atenção especialmente voltada a esse público revelando ações e práticas que vão do atendimento mais humanizado até a recreação hospitalar para crianças que estão inseridas nesse universo. No cotidiano diário de um hospital deparamo-nos com um misto de várias pessoas, vários sentimentos e vários comportamentos. Temos casos em que as pessoas por motivos diversos se isolam ou se aproximam tentando lidar com esse cotidiano hospitalar cheio de agonia, medo, incerteza. Simonetti (2004) acrescenta que: adoecer é como entrar em órbita. A doença é um evento que se instala de forma tão central na vida da pessoa, que tudo o mais perde importância ou então passa a girar em torno dela, numa espécie de órbita que apresenta quatro posições principais: negação, revolta, depressão e enfrentamento. habitualmente, a pessoa entra na órbita da doença pela negação, depois se revolta, algum tempo depois entra em depressão e, por último, sem nenhum esforço e trabalho pessoal alcança a possibilidade de enfrentamento real. (SIMONETTI, 2004, p. 37). Às vezes compartilhar desse espaço faz com que as pessoas tenham que lidar com o incerto, com o duvidoso, e isso faz com que essas pessoas percam o equilíbrio psicológico e emocional. Por isso a psicologia hospitalar surge principalmente para humanizar e proporcionar bem-estar no ambiente hospitalar. Segundo Simonette (2004, p. 116) “o psicólogo hospitalar deseja que o paciente fale, porque acredita que falando ele simboliza seu sofrimento e dissolve sua angústia. A angústia não se resolve, se dissolve nas palavras”. Nesse cotidiano de negação, revolta, depressão e enfrentamento, todos se deparam com o sentimento da negação seja por parte do próprio paciente em não aceitar a sua própria condição, ou por parte da família em não aceitar quando lhe passada o veredicto da equipe médica, sobre a condição do seu ente querido, mas Simonetti (2004) esclarece que: para muitas pessoas, a única possibilidade imediata diante da doença é a negação. Quando alguém nega a doença, não o está fazendo de caso pensado, propositalmente, e muito menos para irritar a equipe médica ou os familiares. O paciente o faz porque naquele instante é o que ele pode fazer. Talvez logo adiante possa assumir outra posição diante da doença, mas por hora a negação é a arma que ele tem. Com isso queremos dizer que a negação deve ser respeitada, e não confrontada a qualquer custo nem a qualquer hora. (SIMONETTI, 2004, p. 39). AN02FREV001/REV 4.0 7 São por esses e outros motivos que o subjetivo conceitode bem-estar dentro do ambiente hospitalar é muito amplo e ao mesmo tempo muito restrito, pois ao mesmo tempo em que diz respeito a individualidade dos pacientes também está relacionado ao coletivo aos outros, como exemplo a equipe médica, aos familiares, aos outros pacientes, ao ambiente de internação, etc. Quando direcionamos nosso olhar as crianças o conceito de bem-estar hospitalar fica ainda mais complexo. Oliveira et al. (2010b) acrescenta que: o bem-estar subjetivo engloba três características principais, que são a subjetividade, ou seja, cada indivíduo conceitua o seu bem-estar dentro das suas próprias experiências; a presença de fatores positivos além de ausência de fatores negativos; e a ideia de que o bem-estar inclui uma medida global da vida. Na avaliação do bem-estar de crianças, torna-se fundamental considerar suas experiências subjetivas, mais do que as condições de vida. Assim sendo, o bem-estar, tal como a qualidade de vida, implica mais do que ausência de maus-tratos e déficits, mas também, força e qualidades positivas no contexto e na família da criança. (OLIVEIRA et al. 2010, p.1, apud DIENER 1984 e GASPAR 2006, grifo nosso). Assim Oliveira et al. (2010, p. 2010) acrescenta que é “nesse contexto, que surgem as estratégias de humanização como forma de melhorar o bem-estar de todos os agentes envolvidos no processo saúde-doença”. O principio máximo da humanização é a sensibilidade, no momento em que a criança e o adolescente estão com um misto de sentimento nesse momento difícil de suas vidas: tudo isso acontece por intermédio de intervenções bem orientadas por brinquedistas, psicólogos, educadores, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, enfermeiros, arteterapeutas, animadores culturais, psicomotricistas, artistas (palhaços, contadores de histórias, artistas plásticos, músicos) a fim de dar qualidade de vida ao paciente e sua família, com novas ideias e recursos. (FRIEDMA et al 1996; VIEGAS e CUNHA 2008 apud VIEGAS e LARANJEIRA 2010, p. 389). Para Paixão et. al. (2008, p. 3), com a internação pode existir a privação do conceito de bem-estar que atinge diretamente as crianças, ela escreve que “a permanência pode se tornar estressante, fazendo que haja um processo de regressão, sendo necessário, um ambiente que permita a continuidade do desenvolvimento infantil ainda que em um contexto restritivo como o hospitalar” Nesse sentido “preservar a saúde emocional da criança ou adolescente, por meio do brincar, jogar [...], nesses momentos da vida em que surgem a ansiedade a AN02FREV001/REV 4.0 8 angústia e a dor, causada pelo sofrimento”, Viegas e Laranjeira (2010, p, 389). Essas ações simples fazem com que o conceito de bem-estar tenha mais fatores positivos, tornando assim, ausentes os fatores negativos nas internações hospitalares. Entender o funcionamento e a rotina dos hospitais nos permite lidar melhor com esse ambiente de alegrias e tristezas constantes. Nesse campo oferecer apoio, um ombro amigo, carinho, atenção, às vezes, até ouvir desabafos dos pais, da equipe médica, dos outros pacientes, mas para que isso ocorra temos que estar seguros (as) e não se deixar abalar nos momentos de dificuldades, apesar de sermos pedagogos, recreadores, médicos, enfermeiros, psicólogos, palhaços temos que compreender como relata Moura (2010) que: não há como se proteger do sofrimento de uma criança, primeiro, porque sofrimento e morte não combinam com criança; segundo, porque são nossos amigos. Claro que não vamos chorar diante de uma situação dramática, desmanchar o palhaço e deixar a emoção vazar, porque, como ficará uma criança se um palhaço chora diante dela, lamentando seu estado de saúde? (MOURA, 2010, p. 409). Tudo isso faz nos lembrar de que “são almas voláteis ao fluxo do tempo e dos acontecimentos [...] faz acordar para nossa condição de humanos, na qual o tempo de existência está no presente!”, (MASETTI, 2010, p. 415). Assim a psicologia hospitalar vem como um acalanto para todos que estão dentro desse universo complexo: o ambiente hospitalar. Os quadros depressivos existem em todas as alas, atingem a todos desde a equipe médica, funcionários, os familiares próximos e até as crianças, mas cabe a todos os profissionais inseridos nesse contexto, principalmente aos psicólogos promover atitudes para diminuir esse sofrimento e reforçar que essa etapa é passageira... Nesse contexto muito tem se escrito e falado sobre a humanização hospitalar nos atendimentos, mas o que é um ambiente hospitalar humanizado? A partir de quando essa conscientização veio à tona? A partir de quando foram tomadas providências cabíveis para que essas ações se concretizassem? Quando buscamos uma definição concreta do que é um ambiente hospitalar humanizado reconhecemos que o tema tem diversas definições, vertentes históricas, filosóficas, sociológicas, religiosas, e assim a “complexidade de sua definição decorre da sua natureza subjetiva, visto que os aspectos que a compõem têm AN02FREV001/REV 4.0 9 caráter singular e sempre se referem a pessoas e, portanto, a um conjunto contraditório de necessidades”, Brasil (2001, p. 52). Paixão et. al. (2008), traduzem o que seria para elas esse ambiente e escrevem que: ambiente hospitalar humanizado é aquele que, em sua estrutura física, tecnológica, humana e administrativa, valoriza e respeita a pessoa humana, colocando-se a serviço dela, garantindo-lhe um atendimento de elevada qualidade. (PAIXÃO et. al., 2008, p. 4). Tem peso quando definirmos um atendimento de qualidade, não apenas para aqueles que estão à procura de atendimento ou tratamento, mas para todos os que estão envolvidos nesse ambiente, mais que uma qualidade “a humanização é entendida como valor, na medida em que resgata o respeito à vida humana. Abrange circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas presentes em todo relacionamento humano”, (BRASIL, 2001, p. 52). Para isso é necessário uma equipe médica saudável, bem formada, consciente da fragilidade das pessoas que lá estão inseridas. Conforme Brasil (2001, p. 5), então “é no processo de formação que se podem enraizar valores e atitudes de respeito à vida humana, indispensáveis à consolidação e à sustentação de uma nova cultura de atendimento à saúde”. Foi pensando nessa nova cultura de humanização do atendimento hospitalar que o Governo Federal a partir do Ministério da Saúde no ano 2000 reconheceu a importância do assunto e determinou que: é direito de todo cidadão receber um atendimento público de qualidade na área da saúde. Para garantir esse direito, é preciso empreender um esforço coletivo de melhoria do sistema de saúde no Brasil, uma ação com potencial para disseminar uma nova cultura de atendimento humanizado. (BRASIL, 2001, p. 5). No decorrer de toda nossa existência será impossível que em algum momento de nossas vidas não tenhamos contato diretamente ou indiretamente com o ambiente hospitalar, com certeza esse momento nos marcará positivamente ou negativamente para sempre. Como a maior parte da população frequenta a rede pública de atendimento a saúde, buscamos na literatura algo sobre a realidade de hospitais públicos e os livros apontam algumas ações positivas, mas também que: AN02FREV001/REV 4.0 10 o hospital impõe ao paciente uma série de agruras, além da angústia inerente ao adoecimento. Assiste nesse contexto, a condição desumana que a população, já bastante cansada de sofrer todas as formas possíveis de injustiças sociais tem de se submeter em busca do recebimento de um tratamento médico adequado. E, o mais grave, tudo passa a ser considerado normal. Os doentes são obrigados a aceitar como normal todas as formas de agressão com que se depara em busca da saúde de forma tão emaranhada quanto a outros profissionais atuantes na área da saúde, e muitas vezessem uma real consciência dessa realidade. (ANGERAMI, 1984 apud SIMONETTI, 2004, p. 37). De acordo com Brasil (2001), foi a partir das frequentes queixas de maus tratos dos que utilizam os hospitais do país inteiro que Excelentíssimo Ministro da Saúde naquela ocasião, que por coincidência também médico teve a iniciativa de: convidar profissionais da área de saúde mental para elaborar uma proposta de trabalho voltada à humanização dos serviços hospitalares públicos de saúde. Estes profissionais constituíram um Comitê Técnico que elaborou o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar, com o objetivo de promover uma mudança de cultura no atendimento de saúde no Brasil. (BRASIL, 2001, p. 9). Assim, conforme o documento foi escolhido dez hospitais com diversas realidades econômicas, socioculturais, porte, perfil e gestão diversa para que essa iniciativa se tornasse realidade. Foi a partir de discussões com as várias “instâncias da área da saúde, tais como secretarias estaduais e municipais de saúde, dirigentes de hospitais e universidades, representantes dos usuários, Conselhos de Saúde e Conselhos de Classe”, com a supervisão do Comitê Técnico que ações para um Projeto Piloto foram concretizadas, Brasil (2001, p. 9). Era anseio de todos e comum ao entendimento dos envolvidos que estava para acontecer uma mudança radical na forma como aconteciam os atendimentos, na valorização dos que estavam internados e “esta nova cultura refletiu o desejo, por parte das organizações e dos usuários, de um novo modo de ser e fazer nos serviços de saúde pautados no respeito à vida humana”, Brasil (2001, p. 11). Com relações humanas pautadas no respeito, na ética, na individualidade de cada paciente, foi assumido em 2 de junho de 2001 o compromisso de aplicação do “Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar, a ser implantado sob a coordenação da Secretaria de Assistência à Saúde com assessoria do Comitê Técnico de Humanização” Brasil (2001, p. 13). AN02FREV001/REV 4.0 11 De acordo com Brasil (2001) a partir da implantação nos dez primeiros hospitais logo se estabeleceu uma meta para a primeira fase do programa que era de mais 94 hospitais, desses escolhidos para participarem era cabível a possibilidade de escolha de mais três hospitais para a implantação dessa nova metodologia de atendimento humanizado. Já para a segunda fase estende-se o número para 450 hospitais com multiplicadores tentando alcançar vários estados do país. Para o programa e todos esses hospitais humanizar referia-se, portanto, à possibilidade de assumir uma postura ética de respeito ao outro, de acolhimento do desconhecido e de reconhecimento dos limites. [...] O ponto chave do trabalho de humanização está em fortalecer este comportamento ético de articular o cuidado técnico-científico, já construído, conhecido e dominado, com o cuidado que incorpora a necessidade de explorar e acolher o imprevisível, o incontrolável, o diferente e singular. Trata-se de um agir inspirado em uma disposição de acolher e de respeitar o outro como um ser autônomo e digno. É necessário repensar as práticas das instituições de saúde, buscando opções de diferentes formas de atendimento e de trabalho que preservem este posicionamento ético no contato pessoal e no desenvolvimento de competências relacionais. (BRASIL, 2001, p. 52). Essa responsabilidade social de humanização do ambiente hospitalar deve também favorecer condições as equipes de trabalhadores, sendo necessário “do ponto de vista do profissional oferecer a ele melhores condições de enfrentar o desgaste provocado pelo constante contato com a dor, com o sofrimento e com os limites e as dificuldades na realização de seu trabalho” Brasil (2001, p. 53). Conscientes das fragilidades de ambas as partes envolvidas nesse universo e os limites de cada situação de cada paciente. Nesse momento saber falar e saber ouvir é a dinâmica essencial da bandeira humanista dentro dos hospitais, assim: a influência subjetiva mútua que existe na relação entre o profissional e o usuário não deve ser negada nem subestimada. Ao contrário, humanizar significa considerá-la um eficiente instrumento de compreensão e manutenção da saúde do usuário e do profissional diante das exigências de seu trabalho. Humanizar é, portanto, alcançar benefícios mútuos para a saúde do usuário e do profissional. (BRASIL, 2001, p. 53). A rotina hospitalar, às vezes, não permite a formação de vínculo por conta da rotatividade de funcionários, mas isso não deve ser um impeditivo para oportunizar as relações humanizadas. Com a inserção dessa nova metodologia de atendimento houve mudanças culturais e sociais e como toda mudança ainda acarreta AN02FREV001/REV 4.0 12 sentimentos como medo, resistência, conflitos e confrontos que são naturais das relações humanas, também concordo que: é por demais conhecida de todos os que militam na área da saúde a noção de que os hospitais encontram-se entre as organizações mais complexas que existem. Complexidade esta que deriva não apenas dos desafios impostos pela organização do trabalho em si, da necessidade de harmonizar o processo com o produto final almejado (promoção de saúde e bem-estar), mas também das exigências da condução desse processo, que significa coordenar as ações específicas de cada parte envolvida no trabalho, dando a cada uma delas um sentido geral. (BRASIL, 2001, p. 43). Para Simonetti (2004, p. 18), assim como a humanização tem a função de melhorar o convívio de todos nessas inter-relações cotidianas do ambiente a “psicologia hospitalar define como objeto de trabalho não só a dor do paciente, mas também a angústia declarada da família, angústia disfarçada da equipe e a angústia geralmente negada dos médicos”. As inter-relações dentro desse universo, vivenciado por todos os envolvidos, são nesse momento para os pacientes, o que lhes está disponível para sua condição de socialização. Quando inserido nesse cotidiano, por mais que tenha as visitas, o paciente ficará temporariamente privado de contato com a maior parte dos seus amigos, companheiros de trabalho, faculdade, vizinhos, conhecidos, etc. Assim a que se esclarecer que no cotidiano diário de um hospital... o paciente estabelece então cinco relações fundamentais: com a família, com o médico, com a enfermagem e os outros técnicos, com a instituição e com o psicólogo. Essas relações são chamadas ‘transferências’ porque o adoecimento, como fenômeno regressivo leva a pessoa a estabelecer vínculos segundo modelos já experimentados [...]. (SIMONETTI, 2004, p. 94). Nesse sentido, todos eles fazem parte da subjetividade e da particularidade da psicologia hospitalar e a tentativa de humanização desse ambiente sempre cruzará com a objetividade da medicina científica. A partir do momento que se tem uma visão holística de todo esse universo, e o entendimento que o corpo físico não está dissociado do psíquico e “[...] aceitam que a doença é um fenômeno bastante complexo, comportando várias dimensões: biológica, psicológica e cultural”, tudo se tornará mais fácil (SIMONETTI, 2004, p. 15). Por esse misto de sentimentos, sensações e relações sociais, esse trabalho ao mesmo tempo honroso e importantíssimo, que é exercido por todos os AN02FREV001/REV 4.0 13 profissionais de saúde, merece muita atenção por parte dos gestores das unidades de saúde, mais do que uma boa remuneração essas pessoas precisam de constante apoio psicológico, emocional, pois como corrobora Simonetti (2004), que escreve que... suprindo os sintomas e eliminando as causas das doenças, ainda permanece a angústia, os traumas, as desilusões, os medos as consequências reais e imaginárias, ou seja, as marcas da doença. Mesmo no trabalho bem-sucedido de cura, muitas coisas ficam, resistem tanto no curador comono doente. (SIMONETTI, 2004, p. 20-21, grifo nosso). Estar em constante contato direto com o sofrimento pode nos deixar marcas profundas positivas ou negativas. Causar ou trazer sofrimento até para os que se dizem “os fortes dos fortes”. É justamente a eles que as atenções devem ser redobradas. O ambiente hospitalar é tão complexo com a eminência de morte constante seja ela no atendimento no pronto socorro, nos CTI, nas UTI que podem se esgotar, desgastar até os profissionais mais hábeis. Para Simonetti (2004), é evidente que cuidar de um paciente terminal gera muita angústia, frustração, irritação e desânimo, mas nada disso deve privar o paciente da presença reconfortante e asseguradora do médico, dos familiares e dos outros profissionais [...] que devem fazer um esforço no sentido de aprender a conviver com esses sentimentos negativos e resistir a tentação de evitar ou minimizar o contato com os pacientes terminais. (SIMONETTI, 2004, p. 141). Outra questão que merece atenção dentro do ambiente hospitalar é a comunicação (visual e corporal) e a linguagem. Seja na entrada administrativa do hospital quando os familiares estão nervosos preenchendo o prontuário do paciente, seja na comunicação direta com o médico, ou com a equipe de enfermagem. Às vezes mesmo sem pronunciarmos qualquer palavra nosso corpo fala por nós mesmos, por hora com uma comunicação positiva ou não, o que pode estreitar os relacionamentos, pois: a família quer a cura do paciente, mas deseja que isso seja uma certeza. Certeza essa que o médico nem sempre se encontra em condições de oferecer, despertando sentimentos ambivalentes nos familiares. Podem sentir raiva do médico por ele ser o portador de um diagnóstico pesado como o de câncer, e ao mesmo tempo sentir admiração e gratidão por ele ser capaz de conduzir o tratamento. Outras vezes a família, ansiosa por informações em relação ao estado do paciente, surge para o médico como AN02FREV001/REV 4.0 14 um estorvo. Muitos médicos não se dão conta de que a comunicação com a família do paciente não é algo que atrapalha seu trabalho, e sim algo que faz parte de seu trabalho. (SIMONETTI, 2004, p. 100). Nesse contexto, outro barril de pólvora são os leitos, nesses espaços as relações precisam se desenvolver com muita cautela e ser pautada sempre na humanização do atendimento hospitalar e na valorização da vida. Lá estão os pacientes, às vezes, em quartos coletivos, cada qual com seus acompanhantes, suas necessidades diferentes. A família também quer que o paciente seja bem tratado e não sinta dor, e é nesse campo que surgem as tão frequentes discussões com a enfermagem, que em razão de sua tarefa precisa realizar procedimentos muitas vezes dolorosos, ou que devido a má organização do serviço não dispõe de tempo adequado para prestar os cuidados com dedicação e paciência. A enfermagem é pressionada pelos dois lados encontra-se numa espécie de ‘sanduíche’ entre o médico, o paciente e seus familiares. É uma posição que implica muita responsabilidade e pouca autonomia. (SIMONETTI, 2004, p. 100). Mesmo com todos esses conflitos de interesse “toda a situação de adoecimento comporta uma possibilidade de esperança sempre; e quando efetivamente não a houver, o paciente haverá de inventá-la [...]” Simonetti (2004, p. 125). diz-se que o paciente foi desenganado quando ele se encontra fora das possibilidades terapêuticas oferecidas pela medicina, quando não há mais possibilidade de cura ou de mantê-lo vivo. É um momento terrível, tanto para o paciente como para os familiares e médicos [...]. (SIMONETTI, 2004, p. 130). É por esse motivo que “a fé ajuda as pessoas a atravessarem os momentos difíceis da vida, sendo a doença e a morte os maiores dentre eles. Assim na prática da psicologia hospitalar a fé raramente se opõe a ciência” Simonetti (2004, p. 133). Uma comunicação eficiente faz parte da humanização dentro dos hospitais, pois ajudará a diminuir esses conflitos. Saber compartilhar uma notícia dolorosa com o paciente é uma arte. Quanto mais simples o modo de dar a notícia, mais fácil é para o paciente ‘esquecê-la’ [...]” Simonetti (2004, p. 138). Concordo com Nigro (2004), quando escreve que a humanização do atendimento ao paciente internado, supõe acima de tudo o respeito por essa pessoa que está doente, pelos seus familiares que estão nessa mesma caminhada sempre AN02FREV001/REV 4.0 15 dividindo momentos de alegria e tristeza. Aos funcionários, médicos, enfermeiros, aos outros pacientes, o reconhecimento de que cada um dentro desse ambiente tem uma identidade, uma história, um lugar no mundo, e que todos precisam e devem ser escutados e atendidos nas suas queixas e necessidades individuais, sejam elas biológicas ou psicológicas. Minimizar situações de conflito e promover a humanização é um exercício profissional diário dentro dos hospitais. Não se deve manter um distanciamento da realidade social de cada paciente, pelo contrário, é importante esse reconhecimento para fortalecer vínculos afetivos. Por esse motivo, buscam-se cada vez mais profissionais com esses perfis para auxiliar e atuar nesse universo complexo: o hospital. Assim surgiu como veremos a seguir o fazer pedagógico relacionado ao trabalho em saúde. 2 PEDAGOGIA HOSPITALAR FIGURA 2 FONTE: Pedagogia hospitalar (2012). Não só todo o acontecimento tem sua história, como essa história é caracterizada por mudanças no decorrer dos tempos. Hoje o Ministério da educação em parceria com o Ministério da Saúde está promovendo o desenvolvimento intelectual das crianças e adolescentes internados de forma muito diferente de algumas décadas atrás. AN02FREV001/REV 4.0 16 Atualmente, na sociedade contemporânea o conhecimento assume posição central e nenhuma criança ou adolescente, deve ter privado o direito de ter acesso ao conhecimento, mesmo estando internado em leitos hospitalares. É reconhecido por todos, que o conhecimento hoje pode ser obtido de inúmeras formas e fontes, levando-se em consideração que as informações estão acessíveis em toda parte como (jornais, revistas, internet, computadores, celulares, classes hospitalares, brinquedotecas...) e não mais centrada somente na escola. Efetivamente começam a surgir indagações sobre o direito do acesso ao conhecimento, bem como o papel e a função da pedagogia hospitalar, esclarecemos que... o papel da educação no hospital e, com ela, o do professor, é propiciar a criança o conhecimento e a compreensão daquele espaço, ressignificando não somente a ele, como a própria criança, sua doença e suas relações nessa nova situação de vida. A escuta pedagógica surge, assim, como uma metodologia educativa própria do que chamamos pedagogia hospitalar. Seu objetivo é acolher a ansiedade e as dúvidas da criança hospitalizada, criar situações coletivas de reflexão sobre elas, construindo novos conhecimentos que contribuam para uma nova compreensão de sua existência, possibilitando a melhora do seu quadro clínico. (FREITAS 2005, p. 135 apud CASTRO 2009, p. 47). No ano de 1969 aparece sob forma de documento, legislação as primeiras indicações da pedagogia hospitalar, por meio do Decreto-Lei nº 1.044 - de 21 de outubro de 1969 – DOU DE 21/10/69. As orientações referidas sob forma de lei consideram... que a Constituição assegura a todos o direito à educação; CONSIDERANDO que as condições de saúde nem sempre permitem frequência do educando à escola, na proporção mínima exigida em lei, embora se encontrando o aluno em condições de aprendizagem; CONSIDERANDO que a legislação admite, de um lado, o regime excepcional de classes especiais, de outro, o da equivalência de cursos e estudos, bem como o da educação peculiar dos excepcionais; DECRETAM: Art. 1º São considerados merecedoresde tratamento excepcional os alunos de qualquer nível de ensino, portadores de afecções congênitas ou adquiridas, infecções, traumatismo ou outras condições mórbidas, determinando distúrbios agudos ou agudizados [...]. (BRASIL, 1969). No princípio todos os educandos que se encontravam nas condições citadas, tinham o direito a essas compensações, por conta do seu afastamento da instituição escolar, esse ocorreria pela... AN02FREV001/REV 4.0 17 a) incapacidade física relativa, incompatível com a frequência aos trabalhos escolares; desde que se verifique a conservação das condições intelectuais e emocionais necessárias para o prosseguimento da atividade escolar em novos moldes e; b) ocorrência isolada ou esporádica; c) duração que não ultrapasse o máximo ainda admissível, em cada caso, para a continuidade do processo pedagógico de aprendizado, atendendo a que tais características se verificam, entre outros, em casos de síndromes hemorrágicos (tais como a hemofilia), asma, cartide, pericardites, afecções osteoarticulares submetidas a correções ortopédicas, nefropatias agudas ou subagudas, afecções reumáticas, etc. (BRASIL, 1969, grifo nosso). Com o passar dos anos, não apenas os alunos portadores de afecções receberiam atendimentos excepcionais, mas todas as crianças hospitalizadas foram se beneficiando desse entendimento. Nos hospitais foi se compreendendo que todas as crianças e adolescentes têm o direito a classes hospitalares, brinquedotecas, videotecas, e esses espaços foram sendo disponibilizados pelos hospitais. FIGURA 3 FONTE: Damiani (2012). Ficou como dever dos governantes a aplicabilidade, observância da lei, é “o Poder Público que deve identificar todos os estabelecimentos hospitalares ou instituições similares que ofereçam atendimento educacional para crianças, jovens e adultos, visando orientá-los quanto às determinações legais” (BRASIL, 2002, p. 11). AN02FREV001/REV 4.0 18 “A pedagogia hospitalar busca levar a criança a compreender seu cotidiano hospitalar, de forma que esse conhecimento lhe traga certo conforto emocional, ajudando-a a interagir com o meio de forma mais participativa” Verdi, (2009, p. 168). Assim foi aparecendo às expressões que fazem parte do contexto da pedagogia hospitalar como brinquedotecas e classes hospitalares. É importante entendermos e diferenciarmos as classes hospitalares das brinquedotecas, pois... a defesa e a credibilidade no potencial da brinquedoteca levam a alertar os educadores e gestores dos hospitais que a sua instalação não isenta a instituição de oferecer a escolarização formal para o atendimento da escolarização hospitalar. Pois alguns gestores hospitalares podem acreditar que a criação de um local para brincar basta para a criança ou adolescente se entreter e aprender. (BEHRENS, 2009, p. 16). De acordo com Viegas e Laranjeira (2010, p, 389), “o termo brinquedoteca foi criado em 1981 pela pedagoga Nylse Helena Silva Cunha, com a primeira brinquedoteca do país na escola Indianápolis, em São Paulo”. Um dos principais objetivos das brinquedotecas é a humanização do atendimento hospitalar com uma função mais lúdica. Em 1984 foi fundada a Associação Brasileira de Brinquedotecas (ABBri). A associação fomenta a instalação de brinquedotecas, oferece curso para brinquedistas em todo pais. A brinquedoteca oferece inúmeras oportunidades lúdicas, por esse e por outros motivos o Excelentíssimo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva aprovou a Lei nº 11.104, de 21 de março de 2005 que, dispõe sobre a obrigatoriedade de instalação de brinquedotecas nas unidades de saúde que ofereçam atendimento pediátrico em regime de internação. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA faz saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º Os hospitais que ofereçam atendimento pediátrico contarão, obrigatoriamente, com brinquedotecas nas suas dependências. Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se a qualquer unidade de saúde que ofereça atendimento pediátrico em regime de internação. Art. 2º Considera-se brinquedoteca, para os efeitos desta Lei, o espaço provido de brinquedos e jogos educativos, destinado a estimular as crianças e seus acompanhantes a brincar. Art. 3º A inobservância do disposto no art. 1º desta Lei configura infração à legislação sanitária federal e sujeita seus infratores às penalidades previstas no inciso II do art. 10 da Lei no 6.437, de 20 de agosto de 1977. Art. 4º Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após a data de sua publicação. Brasília, 21 de março de 2005; 184º da Independência e 117º da República. (BRASIL, 2005). AN02FREV001/REV 4.0 19 Já as classes hospitalares estão previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, é coordenada pela Secretária de Educação Especial do MEC. São indicadas principalmente para as crianças que permaneceram longos períodos internados, como é o caso dos cânceres Infantis (Leucemias, Linfomas, Tumores do Sistema Nervoso, Tumores ósseos, Tumores do Cérebro, Tumores oculares, etc.), conforme a legislação deve promover o desenvolvimento psíquico e cognitivo e a manutenção da aprendizagem escolar. Art. 2º § 1º denomina-se classe hospitalar o atendimento pedagógico- educacional que ocorre em ambientes de tratamento de saúde, seja na circunstância de internação, como tradicionalmente conhecida, seja na circunstância do atendimento em hospital-dia ou hospital-semana ou em serviços de atenção integral à saúde mental. (BRASIL, 2010). Nesse contexto foi surgindo para o ambiente hospitalar outras diretrizes garantidas a partir da Constituição da República Federativa do Brasil, do Estatuto da Criança e do Adolescente, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias[...]. (BRASIL, 1988). Com esse foco Diretrizes, Leis, Decretos, Pareceres buscam atender uma clientela com necessidades atuais, exigindo dos gestores hospitalares juntamente com as Secretárias de Educação, novas atribuições para o atendimento pedagógico, dessas crianças e adolescentes que se encontram internados e que... na impossibilidade de frequência à escola, durante o período sob tratamento de saúde ou de assistência psicossocial, necessitam de formas alternativas de organização e oferta de ensino de modo a cumprir com os direitos à educação e à saúde, tal como definidos na Lei e demandados pelo direito à vida em sociedade. (BRASIL, 2002, p. 11). A pedagogia hospitalar é um tema recente na literatura acadêmica, em termos de legislação, foi de fundamental importância à aprovação da Resolução nº 41/1995 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), pensando e buscando o direito a qualidade de vida no momento da internação de crianças e adolescentes. AN02FREV001/REV 4.0 20 Para Krymicine e Cunha (2009, p. 179), “o trabalho do pedagogo em contexto hospitalar é algo recente, porém foi tornando-se fundamental à medida que foi conquistando seu espaço com seu trabalho e demonstrando resultados surpreendentes”. Com isso, o Ministério da Educação por meio da Secretaria de Educação Especial elaborou e aprovou um documento traçando objetivos com a intenção de estruturar as ações políticas de organização do sistema de atendimento educacional em ambientes hospitalares e domiciliares. (BRASIL, 2002). Kurashima e Shimoda (2010, p. 93), salientam que a partir dessas movimentações que “foi possível perceber um importante movimento da sociedade em prol da assistência prestada as crianças hospitalizadas, assegurandoque seu crescimento e desenvolvimento sejam preservados”, abaixo podemos observar que com a aprovação do CONADA as crianças e adolescentes são assumidos como sujeitos de direitos: Resolução n° 41/1995 CONANDA, Aprova em sua íntegra o texto oriundo da Sociedade Brasileira de Pediatria, relativo aos Direitos da Criança e do Adolescente hospitalizados. Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. Resolução nº 41 de 13 de outubro de 1995. O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, reunido em sua Vigésima Sétima Assembleia Ordinária e considerando o disposto no Art. 3º da lei 8.242, de 12 de outubro de 1991, resolve: I – Aprovar em sua íntegra o texto oriundo da Sociedade Brasileira de pediatria, relativo aos Direitos da Criança e do Adolescente hospitalizados, cujo teor anexa-se ao presente ato. II – Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação. Nelson Jobim Presidente do Conselho Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizados 1. Direito e proteção à vida e a saúde, com absoluta prioridade e sem qualquer forma de discriminação. 2. Direito a ser hospitalizado quando for necessária ao seu tratamento, sem distinção de classe social, condição econômica, raça ou crença religiosa. 3. Direito a não ser ou permanecer hospitalizado desnecessariamente por qualquer razão alheia ao melhor tratamento da sua enfermidade. 4. Direito a ser acompanhado por sua mãe, pai ou responsável, durante todo o período de sua hospitalização, bem como receber visitas. 5. Direito a não ser separado de sua mãe ao nascer. 6. Direito a receber aleitamento materno sem restrições. 7. Direito a não sentir dor, quando existam meios para evitá-la. 8. Direito a ter conhecimento adequado de sua enfermidade, dos cuidados terapêuticos e diagnósticos a serem utilizados, do prognóstico, respeitando sua fase cognitiva, além de receber amparo psicológico, quando se fizer necessário. AN02FREV001/REV 4.0 21 9. Direito a desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento do currículo escolar, durante sua permanência hospitalar. 10. Direito a que seus pais ou responsáveis participam ativamente do seu diagnóstico, tratamento e prognóstico, recebendo informações sobre os procedimentos a que será submetido. 11. Direito a receber apoio espiritual e religioso conforme prática de sua família. 12. Direito a não serem objeto de ensaio clínico, provas diagnósticas e terapêuticas, sem o consentimento informado de seus pais ou responsáveis e o seu próprio, quando tiver discernimento para tal. 13. Direito a receber todos os recursos terapêuticos disponíveis para a sua cura, reabilitação e ou prevenção secundária e terciária. 14. Direito a proteção contra qualquer forma de discriminação, negligência ou maus-tratos. 15. Direito ao respeito a sua integridade física, psíquica e moral. 16. Direito a preservação de sua imagem, identidade, autonomia de valores, dos espaços e objetos pessoais. 17. Direito a não ser utilizado pelos meios de comunicação, sem a expressa vontade de seus pais ou responsáveis, ou a sua própria vontade, resguardo-se a ética. 18. Direito a confidência dos seus dados clínicos, bem como Direito a tomar conhecimento dos mesmos, arquivados na Instituição, pelo prazo estipulado em lei. 19. Direito a ter seus direitos Constitucionais e os contidos no Estatuto da Criança e do Adolescente, respeitados pelos hospitais integralmente. 20. Direito a uma morte digna, junto a seus familiares, quando esgotados todos os recursos terapêuticos disponíveis. Diário Oficial da União, 17/10/95 - Seção I, p.163/9-16320 - Brasília - Distrito Federal. (BRASIL, 1995, grifo nosso). A partir desses direitos promulgados de proteção da vida, da saúde, do bem- estar, de ter garantido o seu desenvolvimento intelectual, de ter garantido o direito da recreação, que então a pedagogia hospitalar passa a ter notoriedade. Como qualquer Lei, foi indicada parcerias para o cumprimento da mesma, considerando a complexidade do atendimento pedagógico-educacional realizado em ambientes hospitalares e domiciliares, faz-se necessária uma ação conjunta dos Sistemas de Educação e de Saúde, Estaduais, Municipais e do Distrito Federal, na perspectiva de melhor estruturá-los. (BRASIL, 2002, p. 27). Não basta só resolver, decretar, aprovar leis, há de se oferecer condições para que a mesma seja efetivada. Essas ações interdisciplinares cada qual com seus objetivos sejam na saúde ou na educação deve primar para que o direito da criança e do adolescente seja efetivado e, “o acompanhamento deve considerar o cumprimento da legislação educacional, a execução da proposta pedagógica, o processo de melhoria AN02FREV001/REV 4.0 22 da qualidade dos serviços prestados, as ações previstas na proposta pedagógica, a qualidade dos espaços físicos [...]” (BRASIL, 2002, p. 19). Castro (2009) salienta que todas as crianças e adolescentes que permanecem mais de quinze dias internados ou que por ordem médica necessitam afastar-se da escola temporariamente por questões de imunidade, causadas por tratamentos, quimioterapia, radioterapia, transplantes têm o direito ao atendimento pedagógico hospitalar. Já Martins (2009) escreve que... independentemente de quantos dias a criança ficará hospitalizada, a ela deverá ser dado o direito da escolarização; o professor deverá se preparar para receber essa criança e ajudá-la, tanto no contexto educacional quanto em qualquer outra área que lhe compete. (MARTINS, 2009, p. 104). Já Menezes (2009, p. 29) assevera ainda que, não é qualquer profissional que pode atender pedagogicamente aos alunos hospitalizados, que “para atuar com [...] alunos hospitalizados, a docência só poderá ser ministrada por profissionais vinculados ao sistema de educação, em pleno exercício de suas funções e com sua formação continuada garantida”. Soares (2001 apud Kurashima e Shimoda, 2010, p. 91) “relata que um dos problemas existentes na hospitalização infantil deriva do descuido de aspectos psicológicos, pedagógicos e sociológicos envolvidos nessa situação” e para manter a qualidade dos serviços prestados, o atendimento pedagógico deverá ser orientado pelo processo de desenvolvimento e construção do conhecimento correspondentes à educação básica, exercido numa ação integrada com os serviços de saúde. A oferta curricular ou didático-pedagógica deverá ser flexibilizada, de forma que contribua com a promoção de saúde e ao melhor retorno e/ou continuidade dos estudos pelos educandos envolvidos. (BRASIL, 2002, p. 17). Para exercer essa função o pedagogo precisa ter conhecimentos teóricos sobre o ambiente hospitalar e condições mínimas para desenvolver o seu trabalho. Quando inseridos nesse contexto, entramos em um ambiente diferente do que estamos acostumados (a sala de aula), e nos hospitais existem regras muito específicas de permanência e movimentação que difere muito do qual atuamos, é importante nesse ambiente “conhecer as técnicas e terapias que dela fazem parte AN02FREV001/REV 4.0 23 ou as rotinas da enfermaria ou dos serviços ambulatoriais” (BRASIL, 2002, p. 21). Toda via é de responsabilidade dos gestores hospitalares o... assessoramento permanente ao professor, bem como inseri-lo na equipe de saúde que coordena o projeto terapêutico individual. O professor deve ter acesso aos prontuários dos usuários das ações e serviços de saúde sob atendimento pedagógico, seja para obter informações, seja para prestá-las do ponto de vista de sua intervenção e avaliação educacional. (BRASIL, 2002, p. 11). Temos que nos preparar psicologicamente para não nos assustarmos com esse ambiente, com os procedimentos da equipe médica, com as condições da internação da criança. A esse respeito Baldini (2010), relata que... ao final da primeira semana de internação,a maioria dos pais descreve sentimentos predominantes de preocupação, medo, tristeza e susto[...], relatam que ter a visão da criança coberta de equipamentos e tubos eram grande fonte de estresse. (BALDINI, 2010, p. 112). Se para os pais já é difícil imagine para nós, precisamos nos fortalecer emocionalmente para podermos lecionar, ensinar, ajudar essas crianças e adolescentes, nesse período temporário em que estiverem aos nossos cuidados. Dizemos temporário por que “o que acaba decidindo mesmo quanto tempo dura cada encontro são as condições clínicas do paciente: condições físicas para falar, procedimentos médicos e cuidados de enfermagem a serem realizados”. Simonetti (2004, p. 158), escreve que além desse exposto... as condições clínicas que exigem educação em classe hospitalar ou em atendimento pedagógico domiciliar são, principalmente, as dificuldades de locomoção; a imobilização parcial ou total; a imposição de horários para administração de medicamentos; os efeitos colaterais de determinados fármacos; as restrições alimentares; os procedimentos invasivos; o efeito de dores localizadas ou generalizadas e a indisposição geral decorrente de determinado quadro de adoecimento. (BRASIL, 2002, p. 18). Tudo isso será levado em consideração quando o pedagogo for realizar a elaboração do plano de aula individual de cada paciente das classes hospitalares. Sobre a regulamentação profissional e a atuação do pedagogo no ambiente hospitalar a legislação garante no título II, capítulo V, seção XIII que “deve ser assegurado ao professor de classe hospitalar o direito ao adicional de periculosidade AN02FREV001/REV 4.0 24 e de insalubridade, assim como ocorre com os profissionais de saúde conforme previsto na CLT e a Lei 6.514 (22/12/1977)”. (BRASIL, 2002, p. 18). Para Behrens (2009), os educadores do nosso país sabem que a legislação ajuda a propor o serviço dentro do hospital, mas que sua efetivação depende do engajamento das organizações, dos professores e do corpo clínico para garantir o direito a todos os estudantes que se encontram nesta situação. (BEHRENS, 2009, p. 12). Concordo com Verdi (2009) quando escreve que o pedagogo, que se compromete com suas funções e ações, pode desenvolver suas atividades em qualquer situação e circunstância, inclusive no ambiente hospitalar, por mais difícil e problemática que possa ser, pois a finalidade primeira da ação pedagógica continua sendo a mesma: educar. Como em qualquer sala de aula, nas classes hospitalares será sempre o “professor que irá coordenar a proposta pedagógica em classe hospitalar ou em atendimento pedagógico domiciliar deve conhecer a dinâmica e o funcionamento peculiar dessas modalidades”, (BRASIL, 2002, p. 19). O pedagogo pode trabalhar o currículo e os conteúdos didáticos com flexibilizações, para atender as necessidades especiais de cada aluno e, a partir do seu diagnóstico adotar qual o método de ensino avaliativo será mais eficiente. Conforme Brasil (2002, p. 22) o pedagogo deve ter livre acesso “a consulta ao prontuário e o registro de informações neste documento, pois também pertence ao desenvolvimento das competências deste professor” Para Krymicine e Cunha (2009, p, 176), “a Pedagogia Hospitalar propõe um trabalho, com atividades artísticas, literárias e pedagógicas ao enfermo, oportunizando a continuidade dos seus estudos de forma particular”, por conta do contexto em que estão inseridas e pela condição na qual se encontram. Com as restrições impostas pelo seu quadro clínico, pela privação do conviver social, o contato com família, amigos, escola, o brincar a criança e o adolescente ficam mais sensíveis, recluso e interpreta a internação como forma de punição. Para eles essa privação é vivenciada como se estivesse sendo penalizado, assim muitas vezes não interagem com os pedagogos, psicólogos, equipe médica, AN02FREV001/REV 4.0 25 nesse sentido o acesso ao prontuário e conhecimento do quadro clínico vai auxiliar o pedagogo na hora de escolher e propor o desenvolvimento das atividades. Campos (1995) salienta que quando se trata de crianças internadas, deve ser estabelecido um plano de aprendizagens e atividades individuais ou em grupo, sendo que brinquedos e atividades lúdicas permitirão a expressão dos seus sentimentos. Já Behrens (2009) sinaliza que a aprendizagem não pode ser mais essencial que a saúde da criança e do adolescente, por isso é preciso muita sensibilidade para desenvolver essa função. Trabalhar como pedagogo hospitalar é em princípio ser um profissional bem diferente do qual fomos formados para exercer a docência. A começar pelo ambiente que estamos acostumados (a sala de aula em escolas) a atuar. Concordamos com (BEHRENS, 2009), quando escreve que, [...] os educadores precisam ter preparo e entender o todo, para atuar com sucesso junto do aluno hospitalizado. Assim as propostas pedagógicas podem ajudar na atuação dos profissionais que desejam oferecer um cuidado baseado na sensibilidade, no carinho na confiança, mas principalmente, na humanização desta modalidade de ensino. (BEHRENS, 2009, p. 15). Em relação à docência no contexto hospitalar, quando a criança for internada por um período prolongado, precisa ser preparada pelos familiares, pedagogos, psicólogos, todos salientando que naquele momento vai receber um atendimento pedagógico personalizado e diferenciado no hospital pela sua condição de saúde. A partir da sua previsão de alta é necessário começar a trabalhar essa ruptura brusca de um atendimento pedagógico direcionado, focado, individualizado para o retorno a escola, ao ensino coletivo. No princípio da mudança será necessário adaptar novamente a criança ao ambiente escolar coletivo, com um acompanhamento psicológico e psicopedagógico. Por isso sempre que possível o pedagogo deve desenvolver atividades em grupos, pois essa mudança de situação é muito complexa para as crianças que estão na faixa etária pré-escolar, ou séries iniciais do ensino fundamental, pois quando retornam não conseguem compreender psicologicamente o “por que” da falta da exclusividade no seu atendimento pedagógico. AN02FREV001/REV 4.0 26 Psicologicamente as crianças ficam tão abaladas, ao ponto de quererem voltar ao hospital por conta dos diversos olhares direcionados apenas a elas, comportamento típico da infância, em que a criança quer ser sempre o centro das atenções e que é fácil ser trabalhado psicologicamente e pedagogicamente. Campos (1995), diz que vários são os instrumentos que podem ser utilizados no atendimento a essas crianças, com a intenção de ajudá-las a superar essa mudança brusca como: conversas informais, observações, pinturas, desenho, colagem, dramatizações das situações que estão vivendo, atividades de jogos em pequenos grupos, estórias, visita das crianças que se locomovem aos que não se locomovem, psicopedagogia individual e em grupos. O pedagogo em contato com a família, sempre irá os informando sobre o desenvolvimento intelectual da criança internada, falando dos progressos ou regressos que a criança está vivenciando, quais as condições de aprendizagem, quais métodos estão usando, como está desenvolvendo seus planos de aula. Esse feedback da real situação de desenvolvimento da criança vai fortalecer vínculos tão importantes para promover situações positivas de aprendizagem. O apoio e o contato com a família será sempre necessário, para nos indicar e informar como estava sendo o desenvolvimento dessa criança, quais são suas habilidades, suas dificuldades, pois quando a criança chega à classe hospitalar já existe todo um histórico escolar vivenciado e esses contatos são também fundamentais para o desenvolvimento das novas atividades. Somente a partir do conhecimento do período de internação é que desenvolveremos o planode ensino, fazendo sempre uma previsão do que será trabalho, pois em princípio, nunca sabemos quanto tempo teremos os alunos- pacientes nas classes hospitalares, tudo vai depender dos quadros de recuperações, de altas e infelizmente de óbitos. Para se ter ideia de período de internação, “no transplante de medula óssea [...] nessa unidade, durante cerca de três meses a criança permanece sem sair do quarto” (CAMPOS, 2009, p. 44). A autora ainda escreve que... em estados de stress ou depressão, o organismo perde a capacidade de reconhecer e anular células malignas mutantes que passam a se reproduzir livremente. Esse é um dos motivos pelos quais [...], é necessária ajuda psicológica para evitar que o estado emocional impeça de responder positivamente ao tratamento. (FREITAS 1980 apud CAMPOS 1995, p. 45). AN02FREV001/REV 4.0 27 Por esse motivo, trabalhar o estado emocional é uma das atividades constantes do psicólogo e do pedagogo hospitalar. Cientificamente já foi comprovado que nosso corpo começa a apresentar (doenças psicossomáticas) sintomas de forma intensa, quando há um desequilíbrio de emoções e sentimentos, “nesse sentido os pedagogos que atuam em classes hospitalares precisam de formação continuada para atender com competência a complexidade que envolve este atendimento pedagógico [...]” (BEHRENS, 2009, p.18). Com colaboração mútua nas ações (medicina - enfermagem - psicologia - pedagogia), se entrelaçam em atividades interdisciplinares para atenuar o sofrimento das crianças e adolescentes hospitalizados. Castro (2009) afirma que a equipe de enfermagem da unidade de cirurgia pediátrica relatava que antes da implantação da proposta de Programa de Escolarização Hospitalar (PEH), as crianças não aceitavam as medicações, recusavam fazer a higiene, tomar banho, alimentar-se e coletar exames, o grau de irritabilidade era alto, o choro constante, as queixas de dor permanentes e visíveis, e baixa autoestima, nesta unidade as crianças permanecem cerca de 12 horas em jejum devido o pré-operatório. (CASTRO, 2009, p. 47). Para Krymicine e Cunha (2009) existe um trabalho harmonioso entre esses múltiplos profissionais e cada uma tem valor inapreciável e com contribuições distintas, mais todos importantes e com muito valor neste processo, oferecendo estímulos diferentes para cura, recuperação e a retomada a vida social da criança e do adolescente. Assim como a medicina é responsável pelo corpo adoecido, a pedagogia hospitalar vai complementar aspectos que são fundamentais para o desenvolvimento da criança, e se fazem necessários para um atendimento integral e humanizado, dando continuidade aos estudos, criando atividades lúdicas e prazerosas e também outras intervenções pedagógicas pertinentes a nossa área de formação, também necessárias mesmo no contexto hospitalar (KRYMICINE e CUNHA, 2009). No Estado do Paraná ações muito bem-sucedidas vêm sendo concretizadas desde o ano de 2005. A rotina pedagógica dos pedagogos hospitalares nesse Estado é esclarecida por Castro (2009) que informa que... AN02FREV001/REV 4.0 28 os professores são responsáveis por uma unidade pediátrica [...] a rotina diária de trabalho se inicia-se com o reconhecimento do ambiente, avalia-se a clientela, suas condições físicas e emocionais. Após entrevista inicial com os pais e a criança, onde são levantados dados referentes à sua vida acadêmica e o motivo do tratamento, todas as atividades realizadas são encaminhadas a escola de origem com o parecer pedagógico, apontando as áreas do conhecimento trabalhadas. (CASTRO, 2009, p. 39). Castro (2009) também escreve que já em relação às aulas nas classes hospitalares, o Estado do Paraná dividiu em quatro modalidades de ensino considerando o tipo de patologia, a estrutura física disponível em cada unidade pediátrica e sempre as condições clínicas das crianças. Destacamos aqui para conhecimento essas quatro modalidades que retrata como é desenvolvido o trabalho pedagógico, que pode servir de exemplo para os outros Estados como: “a) Multisseriada – aplicada na cirurgia pediátrica, onde o professor utiliza um espaço na própria unidade como sala de aula, os alunos são organizados em grupos por série; são simultâneas Educação Infantil e Ensino Fundamental” Castro (2009, p. 40). FIGURA 4 FONTE: INCA (2004). Pedagogicamente não é diferente das salas multisseriadas da qual conhecemos e fomos formados para trabalhar, o que a distingue é o ambiente hospitalar e o quadro clínico dos alunos. Outra forma de trabalho é o: b) individual ou leito – aplicada na clínica pediátrica e serviços de emergência clínica. Nesses ambientes a estrutura física não comporta http://www.google.com.br/imgres?q=CLASSE+HOSPITALAR+DO+CENTRO+DO+CENTRO+DE+ONCOLOGIA+PEDIATRICA+15/07/2004&hl=pt-BR&biw=1360&bih=587&gbv=2&tbm=isch&tbnid=eShfk8P4pjJCcM:&imgrefurl=http://www.inca.gov.br/fotos/photobook_inca.asp?id=121&docid=E6kia_jdQ86L0M&imgurl=http://www.inca.gov.br/fotos/inca/405.jpg&w=500&h=375&ei=XllOT8ahEIb1ggeXiYCsAg&zoom AN02FREV001/REV 4.0 29 espaço para sala de aula. Os atendimentos são realizados na própria enfermaria, utilizando-se de pranchetas adaptadas para o trabalho no leito. (CASTRO, 2009, p. 40). FIGURA 5 FONTE: SAREH (2012). Com características próprias de pacientes hospitalares graves a modalidade de atendimento pedagógico isolado acontece com cuidados específicos pela gravidade do estado de saúde da criança. Esse atendimento pedagógico tem que ser individualizado e diferenciado, inclusive com ações de esterilizações para garantirmos a saúde da criança e a nossa. Observe abaixo como os profissionais do Estado do Paraná exercem suas funções nessa modalidade pedagógica, nesse caso: c) isolamento – este atendimento é realizado na infectopediatria (meningite, HIV, tuberculose) e no transplante de medula óssea. Nestes ambientes é necessária a paramentação do professor (máscaras, luvas e avental) e há a desinfecção a cada troca de quarto. É permitida a entrada somente de materiais escolares virgens que após a alta do aluno, deverão ser levados por ele ou descartados. Os materiais de apoio só poderão ser utilizados desde que a matéria-prima permita a desinfecção por álcool 70%. Na unidade de transplante de medula óssea, além desses cuidados, os livros didáticos e de literatura têm suas páginas plastificadas, e após cada utilização individual deverão passar pelo processo de desinfecção para serem reutilizados. (CASTRO, 2009, p. 40). http://www.google.com.br/imgres?q=CLASSE+HOSPITALAR&hl=pt-BR&biw=1360&bih=587&gbv=2&tbm=isch&tbnid=E27eUs6fC4cJJM:&imgrefurl=http://trasnformandovidas.blogspot.com/2011/04/o-pedagogo-em-espacos-nao-escolares.html&docid=hib8VQgZgWvyAM&imgurl=http://2.bp.blogspot.com/-JgAjqMZhwnI/TaH5MxGMPxI/AAAAAAAAKc4/Dav629YNL1I/s1600/whefwe.jpg&w=340&h=220&ei=vltOT5i6OZDqggeSsb3DAg&zoom=1&iact=rc&dur=375&sig=111381083490087743111&page=1&tbnh=104&tbnw=170&start=0&ndsp=22&ved=1t:429,r:1,s:0&tx=72&ty= AN02FREV001/REV 4.0 30 FIGURA 6 FONTE: INCA (2004) Já a classe hospitalar prevista na legislação, tem uma dinâmica normal e se aproxima da rotina escolar em todos os aspectos, mas não deixa de ter suas particularidades: o atendimento escolar a crianças e adolescentes que estão afastados da escola pelo seu quadro clínico. Continuamos salientando que essa é uma realidade do Estado do Paraná, observe a característica: d) classe hospitalar- ambulatório de hemato/onco pediatria e ambulatório de medula óssea. Ambos localizados em imóveis externos ao prédio central do hospital. Nesses são atendidas as crianças que se encontram impossibilitadas de frequentarem a escola devido à queda de imunidade, causada pelo pós-transplante ou longo tratamento quimioterápico. As aulassão diárias, a turma é relativamente fixa, o que torna o ambiente idêntico a sala de aula. São adotadas rotinas de horário de chegada, saída e horário do recreio, as salas possuem quadro negro e as atividades são expostas em murais. Em 2006, sem terem frequentado a escola de origem, dezessete crianças foram promovidas ao ano letivo subsequente em decorrência da oferta desta modalidade de ensino. (CASTRO, 2009, p. 41). Voltar a ter uma rotina escolar, após ficar muito tempo em tratamento, afastadas de casa, é muito positivo. Contribui para uma maior interação social, favorecendo curas. Nas classes hospitalares todos estão na mesma situação (tratamento de sua saúde), elas podem compartilhar suas dúvidas, seus desejos. A rotina pedagógica só é diferenciada, pois: muitas vezes é possível verificar os profissionais de saúde realizando o exame físico das crianças na sala de aula, sem as retirarem das suas http://www.google.com.br/imgres?q=CLASSE+HOSPITALAR+DO+CENTRO+DO+CENTRO+DE+ONCOLOGIA+PEDIATRICA+15/07/2004&hl=pt-BR&biw=1360&bih=587&gbv=2&tbm=isch&tbnid=nAVf2DgyRfm_FM:&imgrefurl=http://www.inca.gov.br/fotos/photobook_inca.asp?id=121&docid=E6kia_jdQ86L0M&imgurl=http://www.inca.gov.br/fotos/inca/406.jpg&w=500&h=375&ei=XllOT8ahEIb1ggeXiYCsAg&zoom AN02FREV001/REV 4.0 31 atividades escolares [...]. Durante as aulas são várias as intervenções da equipe de saúde [...] coleta de sangue e realização das medicações endovenosas (CASTRO, 2009, p. 48-49). Destacamos que grande parte da relevância social desse trabalho é também descrito por Fontana e Salamunes (2009) que relatam que: o trabalho realizado pelas professoras em cada unidade hospitalar revelou que, além de contribuir para a aprendizagem dos estudantes, tem o reconhecimento de familiares, de médicos e demais profissionais da saúde, os quais ressaltam a melhora do comportamento e saúde das crianças e adolescentes hospitalizados. (FONTANA e SALAMUNES, 2009, p. 58-59). As práticas adotadas pelo MEC e pelo SUS contribuem para um melhoramento das internações prolongadas, trazendo qualidade de vida para todas as crianças do país, com o intuito de enfrentar e amenizar os períodos longos e difíceis da doença. Aqui vimos que a pedagogia hospitalar faz parte da realidade de política social apoiada e fomentada pelo Governo Federal, comprovadamente traz benefícios inúmeros para as crianças e adolescentes, mas o assunto ainda é pouco publicado, pouco conhecido apesar de a primeira legislação datar mais de 40 anos. Uma maneira de fazer a prática pedagógica e o fazer pedagógico hospitalar ter uma visibilidade maior seriam inserir disciplinas específicas nas grades dos Cursos Superiores de Pedagogia. Hoje, somente há acesso a esses conteúdos, quem depois de formado, optar por fazer uma das poucas pós-graduações relacionadas à área. Então, podemos observar que existe uma distorção (legislação x ação), que precisa de uma reorganização do modelo atual. Como as legislações serão consolidadas se ainda existe pouco conhecimento e formação sobre a área? É necessário uma maior expansão e implementação das propostas políticas em todos os hospitais e não apenas nos grandes centros urbanos. É preciso um envolvimento maior dos gestores hospitalares e dos diferentes profissionais que atuam nos hospitais para realmente aplicar e garantir esse direito de cidadania que já foi reconhecido. Desde a década de 90, quem também vem abraçando e assumindo a causa, dando relevância, institucionalizando e concretizando as ações, são as inúmeras Associações, Fundações, ONG, Voluntários, oferecendo, às vezes, até anonimamente assistência, financiamento, logística, casas de apoio, etc. Sempre dando atenção integral as crianças, adolescentes e suas famílias, principalmente AN02FREV001/REV 4.0 32 aquelas que estão longe das suas cidades de origem, que às vezes passam meses e até anos em tratamentos longe de suas casas. Para Gomes e Pinheiro (2005), bandeira de luta erguida e repleta de valores que devem ser defendidos, e cujo conceito continua em construção pensando sempre nos valores a serem sustentados: a humanização do atendimento hospitalar. Que deve estar presente no encontro, na conversa, na atitude, reconhecendo além das demandas explícitas de saúde, as necessidades desses cidadãos, garantindo no que diz respeito à qualidade de sua saúde na internação. Sabemos que a infância é uma das fases mais importantes da vida para o desenvolvimento humano. A hospitalização nesse período deixará marcas positivas ou negativas até o fim de sua existência. Assim, “fica mais do que evidente a relevância e o papel da educação [...], na formação integral do indivíduo [...]” (BORGES, 2002, p. 3). Nesse sentido no próximo tópico salientaremos os sentidos, significados e benefícios da recreação hospitalar. 3 HOSPITALIZAÇÃO E A RECREAÇÃO FIGURA 7 FONTE: Doutores da alegria: o filme (2005). A maneira como a criança é tratada quando chega ao hospital irá ter reflexos na sua recuperação. Como ela foi recebida, como ela sentiu sua acolhida no complexo universo afetivo-social, onde ela irá ficar. Se a recepção foi boa, afetuosa, http://www.google.com.br/imgres?q=doutores+da+alegria+fotos&hl=pt-BR&biw=1360&bih=587&gbv=2&tbm=isch&tbnid=NW9HvbH3AujAzM:&imgrefurl=http://revista-enfermagem-atual.blogspot.com/2011/08/doutores-da-alegria-o-filme.html&docid=kJtTSaNt96mWFM&imgurl=http://4.bp.blogspot.com/-I9hwgjxvSiw/Tl8KFhKEyhI/AAAAAAAAAEs/j7oM-7i_A3Q/s1600/doutores1.jpg&w=450&h=382&ei=aRpOT-frFcnWtgfm1PmkCA&zoom AN02FREV001/REV 4.0 33 alegre, segura, a visão da vida e da estadia será positiva. Se, pelo contrário, a recepção foi sem afeto e sem compreensão, a visão será negativa, logo as reações psicológicas não vão demorar a aparecer, barrando o desenvolvimento normal das relações interpessoais (BORGES, 2002). FIGURA 8 FONTE: Doutores da alegria (2007). A receptividade positiva ou negativa estará diretamente ligada à recuperação da criança e do adolescente nos primeiros dias de internação, e, “é necessário uma boa acolhida, um afeto sincero e muita compreensão para suas atividades e seus limites. Devem-se oferecer atividades agradáveis e socializadoras. O afeto será a semente de uma vida escolar saudável” (BORGES, 2002, p.17-18). O autor ainda acrescenta que “quanto mais familiares são os lugares e pessoas tanto mais segura se sente a criança e mais livre a adaptar-se ao ambiente novo” (BORGES, 2002, p. 4). Nesse sentido, a recreação hospitalar é a manifestação simbólica da infância, é o prazer do diferente dentro do hospital, entendo como Freire (2005) que é a ocasião para gastos totais (tempo, energia, engenho, destreza, alegria, AN02FREV001/REV 4.0 34 imaginação, fonte de energia e divertimento). O hospital seria uma monotonia sem fim, se não fossem os momentos de recreação, pois, o tempo de brincar nunca passa, lembrando que o humano é sempre criança, e o futuro é o espaço de crescer, de ir adiante. As marcas da idade na pele do rosto não apagam o jovem que sempre teremos que ser. As tristezas contam suas histórias nas rugas da fronte, mas os risos continuam brincando nos vincos profundos ao redor dos olhos e da boca. Passando tanto tempo, as brincadeiras não nos abandonam. (FREIRE, 2005, p. 9). Hoje, existem várias formas de recreação hospitalar podemos citar, por exemplo: os jogos, a leitura como momento de recreação, leitura terapêutica, música-terapia, arteterapia, terapia assistida por animais, arte circense e não podemos nos esquecer das brinquedotecas. Mais que brincar e recrear, é um ato lúdico, que faz parte da nossa cultura, história. Para Behrens (2009, p. 16), “diante da necessidade de se continuar a escolarização do aluno hospitalizado, agrega-se a exigência da recreação dirigida, poiso brincar é atividade séria e essencial ao equilíbrio emocional e social do ser humano em todas as idades”. Krymicine e Cunha (2009, p, 176) dizem que quando trabalhamos com a recreação hospitalar “é necessário um olhar para além da enfermidade, considerando as potencialidades de cada criança e suas capacidades criadoras”. Já Behrens (2009, p. 147) escreve que, além disso, “a brincadeira auxilia na recuperação da saúde física e intervém no desenvolvimento intelectual” da criança e do adolescente. Krymicine e Cunha (2009), ainda acrescentam que é fundamental que qualquer profissional no ambiente hospitalar ou quando for desenvolver uma recreação hospitalar, tenha uma relação humanitária com a criança. Sempre levando em consideração seus aspectos afetivos e sociais que a veja como um ser repleto de capacidades, com alegrias, sonhos e esperanças. Não se deve olhá-la segundo a sua patologia, como se o corpo adoecido estivesse impedindo-a de colocar em prática suas potencialidades e negando-a o direito de ser simplesmente criança. É importante mostrarmos para ela que gostamos de estar ali, gostamos do trabalho que estamos desenvolvendo no hospital, que nos interessamos pela sua história, saúde e condição física. AN02FREV001/REV 4.0 35 As internações são desgastantes para qualquer pessoa, quando tratamos de crianças o processo é ainda mais complexo, pois ela é extraída da sua casa, do aconchego do seu lar, do seu convívio familiar, da sua escola, dos seus amigos, para um mundo adulto que antes não fazia parte do seu contexto. Viegas e Laranjeira (2010) acrescentam que: qualquer tratamento hospitalar está atrelado a procedimentos invasivos e tratamentos dolorosos -, surgem ansiedade, angústia, medo, mudança de comportamento com agressividade ou depressão, inapetência desinteresse e apatia. Nas internações repetidas ou prolongadas, aparecem sinais de carência afetiva [...] são comuns às sequelas emocionais. (VIEGAS e LARANJEIRA 2010, p. 393). A condição psicológica da família, dos profissionais que estão lhe atendendo, e, dos demais pacientes que estão ao seu redor, vai influenciar positivamente ou negativamente a qualidade de vida no período da internação. As autoras colaboram dizendo que: de forma geral, a hospitalização causa um impacto emocional na criança e em sua família, pois é uma experiência potencialmente traumática. O hospital leva a criança a confrontar-se com dois aspectos importantes: um ambiente estranho a sua realidade e um estado de desamparo, ao perceber sua fragilidade [...]. (KURASHIMA e SHIMODA, 2010, p. 89). FIGURA 9 FONTE: Leito hospitalar do Hospital das Clínicas (2012). http://www.google.com.br/imgres?q=brinquedoteca+hospital+das+clinicas&hl=pt-BR&biw=1360&bih=587&gbv=2&tbm=isch&tbnid=6MIC92xkZ6ng-M:&imgrefurl=http://www.mcassab.com.br/acoes-socioambientais/brinquedotecas-lego-2&docid=-ENwqDT0Cwu2FM&imgurl=http://www.mcassab.com.br/img/galeria/2011/09/89.jpg&w=1024&h=768&ei=y31OT6PNH82_gAf6m4XHAg&zoom AN02FREV001/REV 4.0 36 O caráter educativo da recreação hospitalar é mais que lúdico, é mais que brincar, a recreação hospitalar está relacionada ao direito de viver. Como dizem Venâncio e Costa (2005, p. 28) é o movimento no brincar é o brincar no movimento para eles “o brincar se desenvolve e se situa na origem de outras esferas da atividade humana”. Concordo com Viegas e Laranjeira (2010, p. 394) “que a fantasia continua presente por meio do brincar, do sorrir e da risada, do sonhar do fazer amigos”. Por esse motivo qualquer criança ou adolescente temporariamente enfermo não pode ser privado do direito de um atendimento humanizado, de ser educado, de se desenvolver e principalmente de brincar, jogar, recrear. FIGURA 10 FONTE: Hospital Samaritano São Paulo (2009). Quando brincamos, jogamos tentamos compreender e controlar o mundo, compreender e interpretar a nós mesmos, trazendo significações às coisas por meio do processo gradual de simbolização, (VENÂNCIO e COSTA 2005). Para Ortiz (2005, p. 9) “o jogo está intimamente ligado à espécie humana. A atividade lúdica é tão antiga quanto à humanidade. O ser humano sempre jogou, em todas as circunstâncias e em todas as culturas”, historicamente, O jogo é um fenômeno antropológico que se deve considerar no estudo do ser humano. É uma constante em todas as civilizações, esteve sempre http://www.google.com.br/imgres?q=recrea%C3%A7%C3%A3o+hospitalar&start=187&hl=pt-BR&biw=1024&bih=686&gbv=2&tbm=isch&tbnid=vGDPGhl_OUxSSM:&imgrefurl=http://espacomedico.samaritano.org.br/Institucional/Instalacoes/Paginas/Pediatria.aspx&docid=jZ0k5I6Zhgmg6M&imgurl=http://espacomedico.samaritano.org.br/Institucional/Instalacoes/PublishingImages/pediatria.jpg&w=331&h=215&ei=cr9OT8_VO4bdggeLx4HKAg&zoom= AN02FREV001/REV 4.0 37 unido à cultura dos povos, à sua história, ao mágico, ao sagrado, ao amor, à arte, à língua, à literatura, aos costumes, à guerra. O jogo serviu de vínculo entre os povos, é um facilitador da comunicação entre os seres humanos. (ORTIZ, 2005, p. 9). Conhecendo as potencialidades das recreações e dos jogos nos ambientes hospitalares “[...] os profissionais que convivem com estas crianças e adolescentes observam a melhoria e a mudança do estado de saúde quando ocupam o tempo ocioso com atividades pedagógicas dentro do hospital” (BEHRENS, 2009, p. 11). Para Nogueira (2010, p. 397), “toda criança hospitalizada tem um ponto em comum: querem todas estar lá fora, brincando, levando uma vida saudável”. FIGURA 11 FONTE: Doutores da alegria (2007). Concordo com Ortiz (2005), quando escreve que se deve sim, estimular as atividades lúdicas como meio pedagógico que, junto com as outras atividades, como as artísticas e musicais ajudam a enriquecer a personalidade criadora, necessária AN02FREV001/REV 4.0 38 para enfrentar os desafios da vida, principalmente no contexto hospitalar, seguramente, a palhaços e outras atividades como brinquedotecas, leituras, pinturas, etc., damos o nome de humanização. [...]. É com ela que buscamos falar das necessidades do momento [...], se você perguntar para um palhaço por que entrou para o hospital, ele dirá: “Porque a porta estava aberta”. (MASSETI, 2010, p. 413). FIGURA 12 FONTE: Doutores da alegria (2007). Com conhecimento de causa e efeito sobre atividades de recreação, jogos e lazer com o intuito de oferecer momentos de bem-estar e alegria, assim: “em setembro de 1991, nasceu Doutores da Alegria, a organização pioneira em levar alegria a crianças hospitalizadas, seus pais e profissionais da saúde, por meio da arte do palhaço em caráter profissional e contínuo”. Nogueira (2010, p. 399), eles são os: Doutores da Alegria uma organização da sociedade civil que tem por missão: promover a experiência da alegria como fator potencializador de relações saudáveis por meio da atuação profissional de palhaços junto a crianças hospitalizadas, seus pais e profissionais de saúde. E compartilhar a qualidade desse encontro com a sociedade por meio da produção de conhecimento, formação e criações artísticas. (NOGUEIRA, 2010, p. 399). http://www.google.com.br/imgres?q=doutores+da+alegria+em+a%C3%A7%C3%A3o&hl=pt-BR&biw=1360&bih=587&gbv=2&tbm=isch&tbnid=wwW-2QCSz_iztM:&imgrefurl=http://www.folhadaregiao.com.br/Materia.php?id=49838&docid=WCOBVT_COPXfQM&imgurl=http://www.folhadaregiao.com.br/imagens/FOTO2-49838-2005-11-13-11:51:00.jpg&w=214&h=303&ei=7jFOT7nzNYKutweDrImlCA&zoom AN02FREV001/REV 4.0 39 Essa é a identidade da instituição pioneira no nosso país a desenvolver esse tipo de trabalho solidário, humanizado, fazendo a diferença no cotidiano diário de vários hospitais espalhados pelas diversas regiões de Norte a Sul. FIGURA 13 FONTE: Doutores da alegria: o filme (2005).
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