Buscar

constitucionalidade e natureza jurídica da contribuição de iluminação pública

Prévia do material em texto

Nome: Mauricio da Costa 
Atividade 2 – Conceitos Iniciais 
Disserte sobre a constitucionalidade e natureza jurídica da contribuição de iluminação 
pública e, diante dos fundamentos apresentados, analise a possibilidade de instituição, pelos 
municípios, de uma contribuição para custeio do serviço de limpeza dos logradouros públicos, 
incluindo a natureza jurídica. 
________________________________________________________________________________ 
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CF/1988) dispõe que os 
Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição para custeio do serviço de iluminação 
pública: Conhecida como CIP- Contribuição de Iluminação Pública ou COSIP- Contribuição para o 
Custeio do Serviço de Iluminação Pública 
 “Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das 
respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 
150, I e III. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 39, de 2002) 
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de 
consumo de energia elétrica. 
 
DAS LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR 
 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, 
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
 
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; 
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação 
equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por 
eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou 
direitos; 
III - cobrar tributos: 
 
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver 
instituído ou aumentado; 
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou 
aumentou; 
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu 
ou aumentou, observado o disposto na alínea b; 
(...)” 
 
Da Constituição Federal de 1988, Artigo 145, temos: 
“Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes 
tributos: 
I - impostos; 
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de 
serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; 
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas” (CF/88)” 
 
Primeiramente, caberia uma avaliação preliminar se tal contribuição se trataria de um 
tributo ou uma contribuição não tributária. Conforme a Constituição Federal Art.145, incisos I a III as 
espécies de tributos, expressamente descritos, seriam os impostos, taxas e contribuições de melhoria 
decorrentes de obras públicas (Teoria Tripartite). 
A CIP NÃO poderia ser enquadrada como: 
1. IMPOSTO, pois seu fato gerador não seria vinculado a qualquer atividade estatal, conf. artigo 
16 do CTN, independeria da prestação do serviço de iluminação pública. 
 
CTN “Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação 
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.” 
 
2. TAXA, pois apesar de pressupor o exercício do poder de polícia ou a utilização de serviços 
públicos, tais serviços públicos deveriam ser específicos e divisíveis, conforme CF/1988 Art.145, 
II e CTN arts 77 e 79 incisos II e III, não é possível se destacar a Iluminação Pública em unidades 
autônomas (inciso II) nem tão pouco identificar o quanto de iluminação cada indivíduo recebeu 
(inciso III). 
CF/1988 - “Art. 145, II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, 
efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou 
postos a sua disposição;” 
CTN/1966 - “Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou 
pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o 
exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público 
específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. 
(...) 
Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: 
I - utilizados pelo contribuinte: 
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; 
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição 
mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento; 
II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de 
utilidade, ou de necessidades públicas; 
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos 
seus usuários.” 
O Supremo Tribunal Federal STF, em 2003, já se manifestou a esse respeito com a edição da 
Súmula n.º 670 que determina “o serviço de iluminação pública não pode ser remunerado 
mediante taxa”. Posteriormente, em 2015, tornou-se Súmula Vinculante nº 41 “O serviço 
de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.” 
 
 
3. CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA, pois conforme CF/1988 Art.145, inciso III e CTN/1966 Art. 81, 
essa contribuição decorreria de “obra pública” o que não é o caso da CIP. 
 
CTN, “Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito 
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer 
face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite 
total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar 
para cada imóvel beneficiado.” 
CF88, “Art. 145, inciso III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.” 
Dessa forma, a cobrança do serviço de iluminação pública, além de não se enquadrar 
entre as espécies de tributos, possui em sua característica principal a obrigação da contraprestação 
de um serviço efetivo, o que se assemelharia a uma taxa. 
CTN “Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da 
respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: 
I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei; 
II - a destinação legal do produto da sua arrecadação.” 
 
Conforme o artigo 4º do CTN, o Fato Gerador determinará a natureza jurídica do tributo, 
sendo irrelevantes a denominação, nome do tributo (inciso I) e a destinação do produto da 
arrecadação. Ainda assim, para determinação da natureza jurídica de um tributo, deve-se observar a 
Base de Cálculo além do Fato Gerador. 
Dessa forma, conforme CF88 art 149A, o Fato Gerador da CIP é o serviço de iluminação 
pública. 
A classificação como CONTRIBUIÇÃO, pela Constituição Federal (art.149), originalmente foi 
atribuída a 3 espécies: as SOCIAIS, as DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO e as DE INTERESSE 
DE CATEGORIAS PROFISSIONAIS E ECONÔMICAS, sendo que a outorga para instituição dessas 
contribuições foi conferida “exclusivamente” à União. Tendo em vista que tais contribuições possuem 
como destinatários um grupo determinado ou certo de beneficiários, e que a CIP tem como 
destinatária a coletividade, além da competência para instituí-la, conforme a Constituição Federal, 
ser dos municípios e DF, a CIP não poderia ser enquadrada em qualquer dessas modalidades de 
contribuição. 
CF1988, “Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de 
intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou 
econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto 
nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às 
contribuições a que alude o dispositivo. 
§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de 
seus servidores, para o custeio, em benefíciodestes, do regime previdenciário de que trata o 
art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos 
efetivos da União. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) 
(Vide Emenda Constitucional nº 103, de 2019)” 
“Art. 146. Cabe à lei complementar: 
(...) 
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente 
sobre: 
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos 
discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fato gerador, base de cálculo e 
contribuintes; 
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; 
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades 
cooperativas. 
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as ME e para as EPP, 
inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, 
das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere 
o art. 239. 
“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à 
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; 
(...) 
III - cobrar tributos: 
a) em relação a FG ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído 
ou aumentado; 
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou 
aumentou; 
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os 
instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea “b”” 
 
Ante a todo exposto, temos que a CIP se assemelha mais a um imposto disfarçado dada sua 
compulsoriedade, ter como destinatários a coletividade, a contraprestação de um serviço e 
destinação da receita ser vinculada. Dessa forma, diante da impossibilidade de classificação dentre 
as espécies tributárias típicas e da classificação dentre as subespécies de contribuições existentes, 
podemos concluir que a Emenda Constitucional nº 39/2002, que trouxe o “artigo 149-A” e com ele a 
permissão para instituição da CIP pelos municípios e DF foi uma inovação no Sistema Tributário 
Nacional criando uma nova espécie de contribuição. 
Quanto a instituição de uma contribuição para limpeza pública: 
Temos que, a referida “limpeza pública”, serviço desempenhado pelos garis, trata-se da 
limpeza das ruas, logradouros públicos, enfim de toda a cidade, beneficiando a coletividade, 
independente do pagamento de qualquer tributo, diferenciando-se da “coleta, remoção e 
tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis”. 
Sobre o assunto o STF, manifestou-se conforme Súmula Vinculante nº 19: 
“A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e 
tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo 145, 
II, da Constituição Federal.” 
CF/1988 - “Art. 145, II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, 
efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou 
postos a sua disposição;” 
 
Da mesma forma que a CIP-Contribuição para Iluminação Pública, o custeio da limpeza 
pública não poderia ser realizado por meio de TAXA, pois apesar de pressupor o exercício do poder 
de polícia ou a utilização de serviços públicos, tais serviços públicos deveriam ser específicos e 
divisíveis, conforme CF88 Art.145, II e CTN arts 77 e 79 incisos II e III, não é possível se destacar a 
limpeza pública em unidades autônomas (inciso II) nem tão pouco identificar o quanto de de limpeza 
cada indivíduo recebeu (inciso III). 
Pelos mesmos fundamentos apresentados para a iluminação pública, o custeio da limpeza 
pública não se enquadraria em qualquer das espécies tributárias típicas da CF/1988 art. 145, incisos 
I a III (impostos, taxas ou contribuição de melhoria decorrente de obra pública) ou em qualquer das 
subespécies das contribuições 1. sociais; 2. de intervenção no domínio econômico; ou 3. de 
interesse de categorias profissionais e econômicas (que somente poderiam ser instituídas 
exclusivamente pela União. 
CF/1988 “Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na 
forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o 
disposto no art. 150, I e III. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 39, de 2002) 
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de 
consumo de energia elétrica. 
 
O Artigo 149-A da Constituição Federal conferiu aos Municípios e Distrito Federal a 
competência para instituir a CONTRIBUIÇÃO, exclusiva até então da União, e especifica “de 
iluminação pública”, não autorizando os referidos Entes (Municípios e Distrito Federal) a instituir 
outra contribuição para custear qualquer outro serviço público como é o caso da Limpeza Pública. 
Dessa forma, em se tratando de um serviço público em que não pode ser individualizado o 
beneficiário da atividade, excetuando-se a Contribuição para Iluminação Pública (CF/1988 – Art.149-
A), tal serviço deverá ser custeado por meio da arrecadação dos impostos (receita não vinculada).

Continue navegando